segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Os culpados somos nós!

PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA

CORREIO BRAZILIENSE - 21/12
A reeleição de Dilma, mostram as pesquisas, parece certa. Mas é bom lembrar que imprevistos acontecem. Como em junho, quando milhares de brasileiros saíram às ruas para cobrar mais decência de políticos e um país melhor. À época, blogueiros chapas-brancas de aluguel escracharam 1% dos eleitores que não comungava do Brasil maravilha. Estupefatos com a multidão nas ruas, logo tacharam de direitistas os manifestantes que bradavam contra a corrupção e pediam serviços públicos de boa qualidade. Pode um crime destes: querer decência na política?Pesquisas de opinião, à época, desorientaram o governo, a oposição, jornalistas, cientistas políticos. Enfim, todos. Ninguém nunca imaginou uma reação dessas por parte do brasileiro - esse sujeito tratado como otário por políticos inescrupulosos e que sempre engoliu em seco, impassível, toda a roubalheira possível e até inimaginável do dinheiro que paga de impostos. Como, de repente, do nada, esse turbilhão de gente acordava, vaiava Dilma num estádio lotado e dizia que não estava assim tão satisfeito com o Brasil maravilha?

Num primeiro momento, o que enlouqueceu os chapas-brancas é que os brasileiros que saíram às ruas vetaram a participação, nos protestos, de claques organizadas. Manifestantes de aluguel com bandeiras de partidos, de direita ou de esquerda, não eram bem recebidos. Cresceu, então, a infiltração dos black blocs. E a violência estúpida dos mascarados e da polícia nas passeatas acabou, para alívio dos corruptos de plantão, afastando os cidadãos comuns. Aí, tão surpreendente como surgiu, o movimento cívico desapareceu de cena.

A indignação expressada nos protestos também parece que sumiu das pesquisas de intenção de voto. Rapidamente, Dilma recuperou a popularidade - menos em Brasília - e segue rumo a uma reeleição tranquila. Nem o retrocesso na economia, a principal marca da atual presidente, como bem apontou Marina, parece abalar a perspectiva de vitória certa.
No Congresso, o conforto com a volta do conformismo da população é tão grande que, no apagar das luzes do ano legislativo, os deputados federais ainda tiveram o topete de aprovar para eles mesmos um mimo de R$ 16 milhões. É mais dinheiro que sai do nosso bolso e, em vez de servir para melhorar serviços públicos, vai bancar mordomias das excelências. E nem dá pra reclamar. Os culpados desse escracho somos nós mesmos. Ou não?

Depois acham ruim quando os moradores do Park Way reclamam do transtorno causado pelas obras do aeroporto!

Casa no Lago Sul fica alagada após chuva em Brasília

Moradores dizem que alagamento foi provocado por obras no aeroporto.
Inframerica disse que vai investigar se é responsável pelo transtorno.

Do G1 DF

Uma casa na QI 1 do Lago Sul, em Brasília, ficou alagada neste sábado (21) depois que uma enxurrada levou lama e água para dentro da residência. Segundo os moradores, o alagamento foi causado pelas obras no aeroporto, que fica próximo à casa.
"Alguma coisa está canalizando, de alguma forma, a água que está descendo aqui", disse o morador Jorge Soares.
O Consórcio Inframérica, que administra o aeroporto, informou que está investigando se é responsável pelos transtornos causados aos moradores.
Segundo a família, é a segunda vez em menos de 24 horas que os moradores têm que acionar limpar a casa. Neste sábado, foi preciso realizar um mutirão para limpar o ambiente com rodos. Do quintal até a sala, tudo estava alagado.

O PT será eterno enquanto durar o dinheiro dos outros


Se a presidente defende obras irregulares e não ouve nem meia vaia, está tudo dominado

O Brasil está atrapalhando o comitê eleitoral do PT no Palácio do Planalto. Mas isso não ficará assim não. A presidente do comitê, Dilma Rousseff, já reagiu falando grosso. Diante da recomendação para embargo de sete obras federais, por superfaturamento e outras fraudes, Dilma entrou de carrinho no Tribunal de Contas: “Acho um absurdo parar obra”. Se Dilma estivesse reformando sua casa, e os encarregados do serviço começassem a enfiar a mão na bolsa dela, não se sabe se ela também acharia absurdo parar a obra. Mas é totalmente diferente, porque o dinheiro público, como se sabe, não é de ninguém.

Ou melhor: não era de ninguém, na época dos populistas amadores. Agora, com o populismo profissional se encaminhando para 16 anos no poder – mais tempo que o primeiro reinado de Getúlio Vargas –, o dinheiro público tem dono: é do PT. E as obras fraudadas não podem parar, porque fazem parte da campanha para a renovação do esquema em 2014.

Dilma será reeleita, e elegerá com Lula o governador de São Paulo, porque o plano não tem erro: derramar dinheiro aos quatro ventos.

País rico é país perdulário (com o chapéu alheio, claro). Seria perigoso se o eleitorado notasse o golpe, mas esse perigo está afastado. Se uma presidente da República defende de peito aberto obras irregulares e não ouve nem meia vaia, está tudo dominado. Nessas horas, o comitê do Planalto acende uma vela aos manifestantes brasileiros, esses revolucionários que entopem as ruas e não enxergam nada. Viva a revolução!

A tropa da gastança está em campo, afinada. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, deu uma pausa em sua rotina maçante e resolveu dar um palpite sobre política econômica. Defendeu que a meta de superavit primário – um dos fundamentos da estabilidade econômica – só seja cumprida nos momentos felizes. Se o Brasil estiver crescendo bem, ok; se estiver patinando (como agora), o governo fica liberado de fazer essa economia azeda e neoliberal. Não é perfeito? Assim, a grande gestora do Planalto fica liberada para prosseguir com sua gestão desastrosa, sem precisar parar de torrar o dinheiro do contribuinte – uma injustiça, a menos de um ano da eleição.
 
No embalo dessa orquestra exuberante, o Brasil acaba de bater mais um recorde: deficit primário de R$ 9 bilhões em setembro 
Essa orquestra petista, com sua sinfonia de palpites aleatórios sobre política econômica, soa como música para os ouvidos dos investidores – que cansaram de botar dinheiro em mercados seguros e confiáveis e estão à procura de ambientes bagunçados e carnavalescos, muito mais emocionantes. Um dia o pitaco vem da Casa Civil, no outro vem do Ministério do Desenvolvimento, aí o ministro da Fazenda solta sua língua presa para contradizer o Banco Central, que fica na dúvida se segue os gritos de Dilma ou se faz política monetária. É um ambiente animado, e não dá para entender por que os investimentos no país estão minguando. Deve ser falta de ginga dos investidores(rs...)
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No embalo dessa orquestra exuberante, o Brasil acaba de bater mais um recorde: deficit primário de R$ 9 bilhões em setembro. Deficit primário significa que, sem contar o pagamento de juros de suas dívidas, o país gastou mais do que arrecadou. E a arrecadação no Brasil, como se sabe, é monumental, com sua carga tributária obscena. A ordenha dos cofres públicos vai muito bem, obrigado. E, sabendo que a taxa de investimento é uma das mais baixas entre os emergentes, chega-se à constatação cristalina: as riquezas do país sustentam a formidável máquina de Dilma, seus 40 ministérios e seu arsenal de caridades. Essa é a fórmula infalível para que a permanência do PT no poder seja eterna enquanto dure o dinheiro dos outros.

E vem a divulgação mandrake da inflação pelo IBGE, anunciando um índice “dentro da meta” até outubro, quando na verdade está fora da meta (dos últimos 12 meses, a que importa). A inflação é o principal subproduto da fórmula, mas o Brasil só ligará o nome à pessoa quando a vaca estiver dando consultoria fantasma no brejo.
Relaxe e leia um livro essencial: “O livro politicamente incorreto da esquerda e do socialismo”, de Kevin Williamson. Você entenderá com quantas bandeiras bonitas se construiu a maior mentira da humanidade.
Fonte: Época, 28/11/2013

Queda da poupança e piora do setor externo

Um modelo fadado ao fracasso, sustentando apenas pelo consumo, sempre acaba mostrando “vazamentos” quando observados os indicadores das contas nacionais e do setor externo com mais atenção.

Tem-se o debate em torno dos excessos de consumo sobre a disponibilidade de renda doméstica, gerando baixa poupança doméstica, complementada então pela externa. Isto acaba se refletindo em aumento do déficit em conta corrente, na chamada poupança externa positiva.

Desde 2010, observa-se a perda de força da chamada poupança doméstica e o aumento da externa. 

 Lembremos que a doméstica é a soma da privada, em torno de 18,7% do PIB no período entre 2000 e 2013, com a “despoupança pública”, em torno de 2,4% no mesmo período.

Com isto, a poupança doméstica acaba em torno de 16,5% do PIB, em muito, gerada pela perda de força da do setor privado.

Isto acaba acarretando na piora do setor externo, com o déficit em conta corrente próximo a 3,6% do PIB – estava em 2,7% em 2010.

O pior é que isto vem ocorrendo em decorrência do aumento do consumo e não dos investimentos. Estes recuaram 2,1 pontos percentuais, a 18,1% do PIB, como visto na tabela a seguir.

Isto nos leva a acreditar que o modelo está errado, não sendo sustentável no longo prazo. Observando a tabela abaixo, a poupança doméstica passou de 17,5% do PIB para 14,4% e a externa (déficit em conta corrente) de 2,7% para 3,7%. 

Para o final deste ano, as projeções indicam um déficit em torno de US$ 76 bilhões e em 2014 é possível algum recuo.
 
Analisando as contas externas, seu desempenho recente merece uma atenção maior. Com as reservas cambiais em patamar confortável (US$ 376 bilhões), este desequilíbrio externo atual, resultante dos excessos domésticos, até pode ser considerado administrável no curto prazo, mas e no longo? 

Se mantidas as condições atuais, de excessos de consumo doméstico, perda de forma da poupança doméstica e deterioração externa contínua, chegará um momento em que os investidores começaram a apostar contra a política econômica doméstica, tornando nossa moeda ainda mais volátil do que atualmente.

Neste ponto, o BACEN terá que agir mais fortemente na venda de divisas, o que pode, em algum momento, resultar no uso destas reservas.

Pelos indicadores externos de outubro divulgados, o que se observa é que, se nada for feito, este desfecho acabará inevitável.

O déficit em conta corrente foi a US$ 7,1 bilhões, acumulando no ano US$ 67,5 bilhões e em 12 meses, em US$ 82,2 bilhões, 3,67% do PIB, acima do registrado em setembro no mesmo critério de apuração (3,59%).

Este saldo ficou bem acima do registrado no mesmo período de 2012 US$ 54,2 bilhões.

Um fato preocupante é que o saldo do balanço de pagamentos também acabou negativo no ano, em US$ 2,2 bilhões, bem pior do que em 2012 quando foi positivo em US$ 23,4 bilhões, sinal de que o déficit não foi coberto pelo ingresso de capitais externos, com destaque para os investimentos externos diretos. Estes, no mês, fecharam em US$ 5,3 bilhões, somando US$ 49,1 bilhões no ano, insuficientes para financiar o rombo de US$ 67 bilhões. Em 12 meses, fecharam em US$ 59,1 bilhões, 2,64% do PIB, aumentando a necessidade de financiamento externo, conforme gráfico ao fim. Modelos estimam que a situação pode se tornar realmente preocupante se as reservas começarem a ser queimadas e o rombo externo passar de 4% do PIB.

Vejamos, portanto, porque as contas externas vêm piorando. A conta de serviços registrou déficit de US$ 4,9 bilhões em outubro 69% do déficit total, com forte pressão das despesas com viagens (US$ 1,8 bilhão, +15,9% sobre o mesmo mês de 2012); despesas com transportes (+17,4%), serviços de computação (43,4%), despesas com aluguel (22,9%) e royalties e licenças (17,9%). Isto nos leva a concluir, que a classe média segue viajando e as importações continuam pressionando as contas externas.

Cenário

Para o final deste ano, as projeções indicam um déficit em torno de US$ 76 bilhões e em 2014 é possível algum recuo, dado que cresceremos no mesmo ritmo deste ano, a produção doméstica de petróleo deve aumentar, assim como a balança comercial deve melhorar.

Distritais gastaram meio milhão só com gasolina!!!

Mais de meio milhão de reais foram gastos pelos distritais com gasolina o total, aumento de despesas com verbas indenizatórias alcançou 17,5% entre 2012 e 2013

Almiro Marcos

Publicação: 21/12/2013 08:45




Os gastos dos deputados distritais com verba indenizatória aumentaram 17,55% entre outubro de 2012 e outubro deste ano. Foram mais de R$ 450 mil de acréscimo à conta de recursos que saem dos cofres públicos, passando de R$ 2,610 milhões no ano passado para R$ 3,068 milhões em 2013. Somente com combustíveis, foram torrados mais de R$ 500 mil, que dariam para percorrer 1,6 milhão de quilômetros em um carro de passeio com média de consumo de 10 quilômetros por litro. A distância é correspondente a 41,5 voltas ao redor da circunferência da Terra. As despesas podem ficar ainda mais salgadas no ano que vem, caso a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) decida repassar para a situação local o reajuste de 7,76% concedido esta semana a deputados federais para a Cota de Atividades Parlamentares, correspondente federal à verba paga aos distritais.


Na Câmara Legislativa, o mês de maior gasto com combustíveis e lubrificantes foi em março, com R$ 79.215  (Iano Andrade/Cb/DA Press)
Na Câmara Legislativa, o mês de maior gasto com combustíveis e lubrificantes foi em março, com R$ 79.215


Conforme a média de quilômetros rodados em 2013, cada deputado poderia andar quase 7 mil quilômetros por mês, o que significa mais do que a distância de um ponto extremo ao outro do Brasil. Para se ter ideia, são 5,5 mil quilômetros entre o Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul, ao município de Oiapoque, no Amapá. Até outubro, o mês de maior gasto no ano foi março, com R$ 415.033, sendo R$ 79.215 apenas em combustíveis e lubrificantes — que podem corresponder a até 40% do total de recursos disponíveis da verba indenizatória (veja Quadro). A segunda maior despesa com gasolina foi no menor mês do ano: fevereiro, que teve 28 dias em 2013. Em pleno carnaval, a festa foi tamanha que foram utilizados R$ 61.882 de dinheiro público para que os distritais e seus assessores circulassem pelo DF (o gasto total do mês foi de R$ 333.969).


A principal justificativa dos deputados para tanto dinheiro dispensado com combustíveis é que a atividade parlamentar é feita próxima das bases eleitorais. No entanto, a desculpa não é bem aceita pela sociedade e nem por especialistas. Para o pesquisador Leandro Rodrigues, doutor em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), como o Distrito Federal é uma unidade da federação cujo território é compacto, não tem força a tese de que é necessário gastar tanto dinheiro com gasolina. “É preciso ter um controle maior nos gastos públicos, e os deputados precisam dar exemplo, já que são os responsáveis pela fiscalização das despesas do Executivo”, opina.


Gasto distrital com combustível é suficiente para dar 32 voltas na Terra (!!!)


Helena Mader
Publicação: 19/08/2013 06:15 Atualização: 19/08/2013 14:29



Em tempos de pressão popular por austeridade nos gastos públicos e pelo enxugamento da máquina, os deputados distritais bateram recorde de despesas com verba indenizatória. Os 24 parlamentares gastaram R$ 1,88 milhão com essas cotas de janeiro a junho deste ano, 27% a mais do que no mesmo período de 2012 — o maior valor semestral já registrado.

A divulgação da atividade parlamentar e a compra de combustível estão entre as despesas preferidas dos distritais. Para se promover com o eleitorado, eles investiram R$ 658,8 mil. Já com os R$ 327,3 mil pagos a postos de combustíveis no primeiro semestre, é possível rodar 1,3 milhão de quilômetros — o equivalente a 32 vezes a circunferência do planeta Terra.

O balanço de contratação de consultoria jurídica esconde casos de repasses a escritórios de advocacia para causas particulares. É o caso do deputado Washington Mesquita (PSD), que pagou sua defesa em ações de interesse pessoal com a verba da Câmara Legislativa.

O recordista no ranking de gastos da cota no semestre foi o deputado Benedito Domingos (PP). Na última quinta-feira, a Mesa Diretora decidiu encaminhar um processo contra o distrital à Corregedoria da Casa. Depois de ser condenado por improbidade administrativa em primeira instância pelo Tribunal de Justiça do DF, ele foi alvo de uma representação popular — posteriormente acatada pela Mesa Diretora. De janeiro a junho, Benedito usou R$ 117 mil. Esse valor é bem próximo ao teto de despesas de cada gabinete, de R$ 20.042 por mês. Em nota, o parlamentar afirmou que a verba indenizatória é usada “a serviço do mandato, dentro do permitido pela Câmara Legislativa”.

Os R$ 327,3 mil gastos com combustível equivalem a 109 mil litros de gasolina — média de 4,5 mil litros por parlamentar entre janeiro e junho. Com o volume, cada distrital teria rodado 54 mil quilômetros no semestre ou 9 mil quilômetros por mês. É como se cada deputado fizesse uma viagem de ida e volta do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS), mensalmente.

Mulher de Malandro 2014


Mulher de malandro decidirá eleição.



ELEIÇÕES 2014

Mulher de malandro decidirá eleição

Dilma vence no primeiro turno. É o que dizem todos os institutos de pesquisa. Ou seja: o eleitorado brasileiro concorre ao troféu mulher de malandro 2014

Por Guilherme Fiuza 
O Brasil está fazendo tudo certo para se tornar, em 2014, um país pior. Segundo uma pesquisa Datafolha, 66% dos brasileiros querem mudanças no governo. É um dado novo e expressivo. Parece mostrar que a população enfim percebeu como é governada, descobriu o engodo administrativo que avacalha as contas públicas brasileiras. E como o Brasil quer mudar esse estado de coisas? Elegendo Dilma Rousseff no primeiro turno. É o que dizem o Datafolha e todos os institutos de pesquisa. Ou seja: o eleitorado brasileiro concorre ao troféu mulher de malandro 2014.
E esse eleitorado que quer mudanças no governo tem uma carta na manga. É um não candidato, mas que, se entrar no páreo, torna-se o único nome nacional capaz de derrotar Dilma: Lula. Como se vê, o Brasil quer mudar mesmo.
Esse fenômeno tem uma explicação muito simples, que os cientistas políticos negam desesperadamente, numa espécie de otimismo avestruz. O fenômeno se chama chavismo. E ele, e só ele, que explica o paradoxo da insatisfação com o governo versus apoio eleitoral ao governo. A colossal propaganda populista do petismo conseguiu dissociar nome e pessoa, conseguiu inventar o binômio do crioulo doido – administração desastrosa e governantes bonzinhos. E a culpa não é dos parasitas do PT. Eles estão no papel deles. Fazem o que sabem fazer: parasitar. A culpa é do povo. Resta apenas escolher qual a parte pior do povo: a que não enxerga ou a que faz vista grossa.
Recentemente, Dilma declarou que o IBGE faria a revisão do PIB de 2012, para cima. Antecipou que o índice de crescimento do ano passado passaria de 0,9% para 1,5% – um aumento expressivo e surpreendente. A notícia repercutiu forte, apesar do mal-estar com o fato de a presidente da República ter vazado uma informação do IBGE, uma falta grave na política de sigilo dos dados do instituto. Teoricamente, Dilma nem poderia saber daquele índice – justamente para que não haja tráfico político de estatísticas. Mas o mal-estar seria duplo.
Não bastasse o vazamento, o informante dela estava mal informado. A revisão do PIB foi de 0,9% para 1%, quase nula. Os chavistas venezuelanos e argentinos são mais eficazes na manipulação dos índices que seus governos destroem.
Esses 66% de brasileiros que sentem a inflação morder seus calcanhares não notam nada disso. Deveriam estar olhando para o outro lado quando o governo bateu cabeça em público, para o mundo inteiro ver, discutindo a melhor forma de abafar os preços dos combustíveis – para mascarar a inflação febril dos preços livres, encostando em 10% ao ano. É um imenso contingente de brasileiros divididos entre os que não veem e os que fingem que não veem a demagogia tarifária arrebentando a Petrobras e as elétricas. Assim é o chavismo: a realidade é o que o governo bonzinho diz.
Dizem que haverá nova série de manifestações durante a Copa do Mundo. Entre as pautas dos protestos estará, provavelmente, o reajuste das passagens de ônibus – porque a mentira bondosa da manutenção dos preços das passagens não poderá durar mais muito tempo. E aí já se sabe, pelo nível de esclarecimento dessa geração de manifestantes e seus amigos black blocs, que teremos mais um capítulo da já famosa Primavera Burra brasileira: quebradeira geral e risco zero para os amigos de José Dirceu que comandam o carnaval no Planalto.
O Brasil não se importou de ver um Ministro da Educação panfletário e negligente usando o cargo para virar prefeito de São Paulo. Não se importa de ver um ministro da Saúde em comício permanente para ganhar o governo do Estado de São Paulo – segundo Lula, seu mentor, para tirar “os conservadores” do poder. Eles usarão para sempre a bandeira de revolucionários oprimidos, mesmo já sendo os donos quase absolutos do aparelho de Estado. Enquanto colar, está valendo – e o mensaleiro Delúbio poderá se autodenominar preso político, sem que isso seja uma piada. O Brasil não se importa que o ministro da Justiça, aquele que gritou contra o regime fechado para os mensaleiros, remeta ao Ministério Público um relatório pirata incriminando adversários políticos.
Quem acha que isso não é chavismo que vote em Dilma pela mudança. Basta de conservadorismo.