sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O consumo é a nossa droga!

De trás não vem ninguém

Feranando Gabeira
 
Publicado em 06.12.2013
 
Nas estradas, comendo poeira, não tenho mais o tempo dos analistas profissionais. No passado líamos romances e ensaios nos intervalos do trabalho cotidiano. Soterrado por gadgets eletrônicos, baterias, pilhas alcalinas, plugs P2 e XRL, é preciso tempo também para ler os manuais. Sou um mané de manuais. Alegro-me com as descobertas, intrigo-me com a lógica e, às vezes, desespero-me com o tamanho das minúsculas letras. Os escritores de manuais têm futuro com a produção incessante de novos modelos, novas funções. Futuro bem mais promissor que o de um cronista de estrada perdido em temas que desafiam os manuais.

Há duas semanas, no Uruguai, concluí que, apesar das diferenças, havia algo semelhante ao que se passa no Brasil. Um interlocutor uruguaio me dizia: “O governo da esquerda é medíocre, mas a oposição não me entusiasma como alternativa”. As eleições, a julgar pelo momento, não devem alterar a balança do poder. Também em nosso país, de acordo com as pesquisas, muita gente que considera o governo medíocre não se entusiasma com a oposição como alternativa do poder.

O governo no Uruguai legalizou a maconha pelo caminho parlamentar. Evitou o plebiscito porque talvez saiba que a maioria é contra. No entanto, uma decisão tão polêmica não mudou em nada o favoritismo de Tabaré Vázquez, o candidato da esquerda.

Aqui, no Brasil, o resultado do júri do mensalão, e também a maneira como os condenados do PT reagiram ao serem presos, erguendo punhos de uma finada revolução bolchevique, deveriam desgastar o partido e o bloco no poder.

No entanto, o prestígio de Dilma Rousseff cresce, enquanto a oposição patina. Nas corridas de cavalos tínhamos uma frase para definir o quadro, quando um dos competidores se destacava: de trás não vem ninguém.

Essa zona de conforto é comum aos dois governos. Mas há diferenças no próprio exemplo: o governo uruguaio enfrenta a maioria com uma decisão que acredita ser uma continuidade histórica.

O país sempre esteve adiante em temas como casamento gay, prostituição, divórcio, aborto e, além disso, ainda no século 19, resolveu garantir educação obrigatória, gratuita e laica a todos os uruguaios.

São dois movimentos diferentes na mesma zona de conforto. A esquerda uruguaia desafia a maioria porque se crê dotada de uma tarefa histórica e dá um passo típico da vanguarda que aplica seu programa por achar, a despeito da opinião pública, que sabe o que é melhor para todos.

No Uruguai, o presidente José Mujica tem uma vida austera, anda de Fusca, recebe $ 1 mil de salário e daqui a pouco deixa o poder.

Aqui a zona de conforto é mais pé na terra, mais sensual e materialista: ocupar a máquina do Estado em todas as suas engrenagens, justificar a corrupção a ponto de romantizá-la e usar o dinheiro público para financiar um grupo escolhido de empresários. Aqui há bolsa para ricos e pobres, o consumo é a nossa droga.

Não leio apenas manuais na estrada. Escolho sempre o corredor, com todo o respeito pelos simpáticos vizinhos. Esta semana viajei com Simon Critchley nas mãos. para reler seu interessante O Livro dos Filósofos Mortos. Para ele, negamos o fato da morte mergulhando nos prazeres do esquecimento, da acumulação de dinheiro e bens materiais ou, então, numa promessa de imortalidade oferecida pelas religiões antigas e as do estilo New Age. Ou se busca a transitória consolação de um esquecimento momentâneo ou a miraculosa redenção depois da vida.

É um enredo tão poderoso que coloniza a própria política onde florescem as incursões em busca do tesouro e aventureiros religiosos. A política tem que ver com o consumo digno e alguns objetivos coincidentes com a religião. Mas não se resume nisso.

Ao analisar a morte de muitos filósofos, Critchley disse que por meio desse roteiro mórbido tentava encontrar o sentido e a possibilidade da felicidade. A política, ao lado do amor e da amizade, é uma das respostas para esse enigma. É duro vê-la desaparecer do horizonte envolta numa nuvem de resignação e fanatismo religioso e saber que não existe resposta nos manuais.

O ano que entra, com Copa do Mundo e eleições, é um desses anos em que o “nunca fomos tão felizes” do discurso oficial é posto contra a parede.

A oposição reclama que o governo é o único que tem visibilidade na mídia. De fato, não só visibilidade, mas instrumentos de poder, helicópteros para voar, enfim, uma campanha perfeita: não se gasta nada com o máximo de repercussão.

Mas há um aspecto que a oposição precisa compreender: a importância dos fatos. Se não surgem ações nem discursos em conexão com os fatos que interessam às pessoas, a imprensa não pode fazer nada.

Federalismo ou julgamento do mensalão? Em que planeta nós estamos? Nada contra o federalismo, mas é algo que preocupa governantes estaduais e está dentro da esfera política administrativa. O mensalão vivia nas conversas de rua, na rede.

É fundamental ter programas e fazer propostas para todos os setores num momento como este. Contudo um programa só ganha vida quando se conecta com o interesse das pessoas reais.
Assim não dá. Quem sabe no ano que vem?

Nunca me esquecerei de um homem da minha cidade conhecido como “Antônio me abraça”. Ele entrou numa casa de apostas que irradiava uma corrida de cavalos e disse sobre o tordilho que liderava a prova: “Só perde se quebrar a perna”. Pois quebrou.

Antônio dedicou os últimos anos de sua vida a obras de caridade e abandonou o ramo dos milagres. Não se pode contar com ele.

Se não houver uma disposição de se encontrar com a sociedade, a onda pode vir novamente em 2014, sem chance de inspirar a alternativa política. De tudo fica um pouco.

 Mas não precisa ser tão pouco.

Artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo em 06/12/2013

A alternativa socio ambiental.


De todos os picaretas

Fernando Gabeira
11.10.2013
 
O intenso fim de semana na política foi um dos temas do twitter. Dois candidatos da oposição uniram forças e foram muito comentados, perdendo apenas para temas como um quadro do Programa Raul Gil (SBT). As eleições presidenciais estão chegando e cada um, de acordo com suas limitações de tempo e restrições profissionais, tem a missão de fazer alguma coisa.

Individualmente, tentei fazer o PV e Marina Silva se entenderem e o partido ser o plano B caso a Rede não conseguisse registro no TSE, o que considerava altamente provável. Achava que o campo grosseiramente definido como socioambiental precisava apresentar-se como alternativa. Ele ainda é muito fraco. Dependia de uma união interna para disputar a simpatia do conjunto da oposição. Nos meus cálculos, o campo precisaria também rever alguns de seus dogmas para sair do gueto ecológico. Um é o de se fixar só na defesa de um Código Florestal abstrato, lutando contra ruralistas, que defendem outra abstração.

Minha proposta, em primeiro lugar, é introduzir o elemento científico para definir quanto de uma área deve ser preservado e quantos metros da margem de um rio serão resguardados para protegê-lo.

No caso específico dos rios, considerava que a discussão em Brasília era muito limitada e deveria contar com os comitês de bacia, que conhecem o tema e trabalham diariamente com ele. 

Isso no caso de comitês de bacia que trabalham e venceram a etapa do faz de conta.

O mais importante para fortalecer o campo socioambiental seria reconhecer a importância da alimentação num planeta que brevemente chegará aos 9 bilhões de habitantes.

Posso discorrer muito tempo sobre a importância política desse tema, mas a Primavera Árabe e revoltas em países africanos revelam como ele pode desestabilizar governos incapazes, momentaneamente, de financiar alimentos a preços acessíveis.

Dentro dessa visão planetária, não tem sentido hostilizar o agronegócio, mas sim dialogar com ele e levá-lo, quando possível, a uma convergência com as propostas de sustentabilidade.

No meu caso particular, aprendi muito sobre a realidade agrícola discutindo com ex-ministro Alysson Paulinelli, ou sobre a produção de carne ouvindo o também ex-ministro Pratini de Moraes. Não tenho medo de ser chamado de velho conciliador, desde que acrescentem o adjetivo curioso. Colocar o tema dos alimentos numa projeção ecológica não só aumenta a credibilidade da proposta, como indica pé no chão, contato com a dura realidade cotidiana.

Meus esforços para reaproximar Marina e o PV foram em vão e as razões do fracasso não cabem numa análise política. Talvez num outro suporte, um romance psicológico, conseguisse explicar o que aconteceu. Os dois lados estavam irredutíveis.

Por baixo desse esforço havia outra divergência: a necessidade de um plano B. A realidade tem desmentido minha análise de que o plano B é tão importante quanto uma capa de chuva em Bruxelas. A insistência em não tê-lo significa confiar em certos resultados que podem falhar. Não me parece oportunista um candidato a presidente que tenha planos B. Em caso de vitória, terá de se acostumar com eles.

Com os rumos da oposição já traçados, mais a escolha de reduzir candidaturas, e não ampliar o leque, como pedia minha análise, só me resta agora tentar contribuir de outra maneira, dentro de minhas limitações. Uma forma de contribuir com uma alternativa para o Brasil foi ler 1.200 páginas dos debates da chamada esquerda democrática e produzir uma síntese para a Fundação Astrojildo Pereira, do PPS.

Quando os atores são tão imprevisíveis, é importante concentrar-se no roteiro. Apesar do apelo eleitoral, não basta condenar o PT e conseguir com isso um vínculo de simpatia em escala nacional. É preciso dizer como seria o Brasil pós-PT.

De que forma impulsionar o crescimento econômico, como estabelecer políticas institucionais mais respeitosas, como se situar no mundo sem arroubos bolivarianos – há muitas coisas que precisam ser definidas com clareza.

O senso comum nos garante que acompanhando e participando da política podemos transformá-la.

Mas o universo político brasileiro move-se com tanta independência e autonomia que parece uma galáxia distante. O balcão de negócios está instalado com toda a franqueza. Deputados vendem emendas, votos e, agora, o próprio mandato aos partidos em competição por bancadas numerosas.

O governo do PT contempla isso tudo com a maior tranquilidade porque acha que, no fundo, a desagregação vai ajudá-lo a permanecer no poder, sua obsessão. 

Não importa se seu reino se transformou num pântano, o importante é sentar na cadeira presidencial, distribuir cargos, verbas, enfim, o combustível que move essa sórdida engrenagem. Os marqueteiros ensinam o caminho do coração popular. Basta reservar para a propaganda uma boa parte dos recursos.

Espionado freneticamente pelos americanos, salvo pelos médicos cubanos e marchando triunfalmente para o topo da economia mundial, apesar do pessimismo dos próprios economistas, o PT vai construindo sua fantástica narrativa.

Tudo pode acontecer num país imprevisível, onde os presidentes nem se preocupam mais em fazer sentido. As respostas desconexas de Dilma são apenas a continuidade hesitante da sólida ignorância de Lula, que sonhava com uma Terra quadrada para atenuar a poluição e com um mundo mais justo onde as mães não nascessem analfabetas.

Tudo isso com penteado produzido por um cabeleireiro japonês, que deve prestar também seus serviços à Coreia do Norte, a julgar pelo estilo de Kim Jong-un.

Parece ironia, mas se a oposição deixar também de fazer sentido, seja por uma tardia descoberta dos encantos da literatura ou pela recusa a analisar friamente os problemas nacionais, aí, então, estaremos perdidos. 

Só nos restará escolher entre o bom humor dos comediantes e o mau humor dos manifestantes, mas até neste caso um tipo de síntese conciliatória é desejável. Um bom exercício seria completar a frase: Brasil, um país de todos…

Artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo em 11/10/2013

A tentativa é de empurrar com a barriga, manter as coisas como estão, permanecer no poder, às vezes até debochando das críticas das ruas.

2014 está rolando - Fernando Gabeira

No fim do ano recebi um envelope laminado cheio de bolinhas de isopor e um cartão de Antônio Bernardo: "2014 vai rolar". E como! - pensei.

Aproveitando os feriados, revi um livro de Octavio Paz, Os Privilégios da Vista. Ele menciona os calendários lunares e solares dos antigos povos da América Central. Alguns dias ficavam de fora. Eram os dias vazios, como os definiu Paz. Não é o caso de 2014, quando temos uma conjunção de Copa do Mundo e eleições. A Copa é realizada de quatro em quatro em quatro anos, mas agora será no Brasil Nas eleições de que participei traçávamos uma linha rígida: a campanha começava quando a Copa terminava. Agora essa linha se dissolveu. As eleições podem invadir o espaço da Copa e esta, certamente, invadirá o espaço das eleições.

Independente de grandes manifestações, o Brasil merecia um grande debate, pois é uma eleição que potencialmente pode definir rumos. A maioria, quer mudança. Mas isso não quer dizer nada, pois as eleições podem consagrar o mesmo bloco de partidos que está no poder. O desejo de mudança vai perseguir o próximo vencedor. Ele, naturalmente, pode resistir, argumentando que venceu.

O Brasil fez a Copa para projetar uma imagem de crescimento e pujança que hoje está desfocada não só pelo medíocre crescimento, como pela precariedade de infaestrutura e serviços públicos, revelada pelas manifestações de junho. As vezes, para simplificar o que vejo hoje no País, socorro-me da teoria do cobertor curto: você puxa para o consumo, esfria o investimento, divulga a Copa, mas os jornais falam das chuvas intensas, dos desabrigados e das imutáveis áreas de risco nas cidades brasileiras. E assim segue: você faz um cinturão de segurança, ocupando favelas com forças de paz, mas esfria na zona norte, nas áreas metropolitanas, para onde fogem muitos bandidos.

Os fatos vão estar sempre por aí, mostrando que há alguma coisa errada na maneira como gastamos o dinheiro público. Apenas 28% das verbas para prevenção de enchentes foram gastos, enquanto nos estádios de futebol o ritmo de gastos já não se limita às obras, mas alcança os reparos do que foi feito de errado, como se viu no Maracanã e, agora, no Mané Garrincha. Não bastasse tudo isso, no final do ano Renan Calheiros usou um avião da FAB para fazer transplante capilar no Recife.

Se andassem um pouco na rua, teriam ideia de como essas coisas repercutem. E ainda dizem que ouviram a voz das ruas. As tensões levantadas pelo movimento de 2013 não foram resolvidas. Isso não significa que teremos de novo grandes demonstrações. A tentativa é de empurrar com a barriga, manter as coisas como estão, permanecer no poder, às vezes até debochando das críticas das ruas.

Li na biografia de Vargas escrita por Lira Neto que alguns de seus auxiliares tentavam levá-lo a mudanças, argumentando que era preciso fazer como os atores que se renovam, lançar novas peças, atrações, senão o teatro fica vazio. O desejo de mudança que existe agora é também um certo cansaço com essa longa experiência do PT e seus aliados no governo. Ela não é capaz de indicar novos rumos. Claro que sua hegemonia eleitoral não será ameaçada se os desejos de mudança não forem canalizados pelos oponentes.

A singularidade desta eleição com Copa do Mundo no Brasil pode trazer para o processo um interesse maior da imprensa internacional. O Brasil viverá dias intensos sob os olhares de muita gente. Tanto como no ano passado, os brasileiros no exterior certamente vão usar o momento para expressar suas expectativas sobre o País, ampliando a exposição nacional.

Assisti a alguns debates na TV e os analistas sempre mencionavam,por prudência, a imprevisibilidade. 2014 vai rolar, como diz o cartão. Mas para onde, de que jeito, com que convulsões ou espasmos? O nível de imprevisibilidade justifica-se pela presença desses elementos esparsos que de repente se podem reconfigurar de uma forma nova - Copa, eleição presidencial, desejo de mudança, esgotamento de um modelo econômico, perda de credibilidade do processo político. Caso não se combinem no sentido da mudança, isso quer dizer apenas que a mudança, sobretudo a ditada pela realidade econômica, foi adiada, ultrapassou o calendário de 2014.

Não apenas o ajuste econômico, mas algum tipo de renovação política sería menos doloroso se conversado antes, no momento eleitoral. Caso o processo eleitoral passe por cima desse desejo de mudança, aí, sim, o próximo presidente pode viver anos interessantes, no sentido que os chineses dão ao termo.

Esse é um dos enigmas deste imprevisível 2014. Certamente há muitos outros e só poderemos desvendá-los com o tempo.

O ano apenas começou a rolar. Ainda uso palavras do ano " passado e, como diz o poeta T. S. Elliot, palavras do ano passado pertencem à linguagem do ano passado e as palavras de um novo ano esperam outra voz. Isso predispõe à abertura ao imprevisível. Mas um olhar mais largo aos acontecimentos que preocuparam no final do ano mostra que eram previsíveis.

As inundações no Espírito Santo podem ser compreendidas por meio do minucioso livro de Warren Dean A Ferro e Fogo. Augusto Ruschi denunciou o processo de derrubada das matas e assoreamento dos rios. Num momento em que o Espírito Santo tinha 500 serrarias, os desmatadores levaram seu know-how para ã Amazônia.

Estive no presídio de Pedrinhas após um motim com mortes. Alguns presos foram decapitados. Anotamos uma série de problemas que precisavam ser resolvidos para atenuar a violência ali. Até audiências na Assembleia fizemos para mobilizar os atores locais. Pedrinhas de novo, motim de novo. Cabeças cortadas. Tanta discussão científica sobre se é possível viajar para o passado, encontrar uma curva fechada que nos jogue para trás no tempo. 
E isso é tão frequente no Maranhão... Alguém precisa dizer isso a Stephen Hawking, que dedica parte de seu livro Minha Breve História à hipótese de uma viagem no tempo.

Fernando Gabeira é jornalista
Fonte: O Estado de S. Paulo

Quem porá a biodiversidade no centro das nossas políticas?( De certo não a SEDHAB e a Terracap!!!)

Clima, alimentação, saúde e biodiversidade

03 de janeiro de 2014 | 2h 04

Washington Novaes* - O Estado de S.Paulo
 
Tem sido muito farto, nas últimas semanas, o noticiário sobre vários temas que se inter-relacionam - perdas em várias áreas com mudanças climáticas, inclusive na biodiversidade; valor dessa biodiversidade na alimentação humana, na saúde e em outros setores; perdas de safras brasileiras por causa de "pragas" novas e antigas.

Parece estar começando uma discussão que pode ser muito importante e proveitosa para todas as áreas, especialmente neste momento em que várias instituições mostram também que o uso e o consumo de produtos alimentícios e matérias-primas estão afetando toda a Terra, já que em oito meses de um ano consumimos o que ela pode prover em todo o ano - além de reduzirmos a capacidade de retenção de dióxido de carbono, que passa a acumular-se na atmosfera e a acentuar mudanças do clima.

Mais de uma vez, ao longo de 2013, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ressaltou em seus pronunciamentos o valor das florestas, que abrigam mais de metade das espécies terrestres de animais, principalmente insetos, e plantas.  

Pesquisa do Nature Climate Change mostrou (Instituto Carbono Brasil, 13/5/2013) que o clima pode levar à extinção de 57% das plantas; 34% dos animais conhecidos sofrerão com perdas de seus hábitats - só 4% se beneficiariam com temperaturas mais altas. A Amazônia será uma das áreas mais atingidas.

Os problemas no Brasil são muitos, segundo o Livro Vermelho da Flora Brasileira, editado pelo Centro Nacional de Conservação da Flora, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro;

2.118 de 4.617 espécies estudadas estão ameaçadas pela perda e degradação de hábitats, pela expansão de monoculturas extensivas e pelas queimadas, principalmente no Cerrado (já afetado em 50% de sua área por incêndios e desmatamentos; e que já perdeu grande parte de seu estoque de água no subsolo, que alimenta todas as grandes bacias nacionais).

( Precisamos informar a SEDHAB e a Terracap.Mas será que os "predadores" vão desistir do lucro decorrente do aniquilamento de nossas areas verdes?)


Entre as espécies ameaçadas estão numerosas com alto valor medicinal, inclusive no Brasil - como o barbatimão, com propriedade cicatrizantes; a arnica, eficaz no tratamento de traumatismos e contusões; a pata-de-vaca, com propriedades diuréticas e eficaz em casos de diabetes e obesidade; a gabiroba (ou gueroba), útil em diarreias e afecções no sistema urinário; o araticum (marolo), para cólicas menstruais; a catuaba, afrodisíaca, ansiolítica, antibacteriana, expectorante.

Outra área de muita discussão tem sido a da possibilidade de uma dieta de insetos reduzir os problemas que o mundo enfrenta com a fome e a miséria. Insetos constituem mais de 50% dos organismos vivos. 

 E 1.900 espécies já são consumidas por humanos, informa a FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Eco21, maio de 2013). Com dois quilos de alimentos insetos produzem um quilo de carne, enquanto bovinos precisam de oito quilos de alimentos para gerar um quilo de carne para humanos - além de insetos gerarem muito menos metano e outros gases (um boi gera 58 quilos de metano por ano, segundo a Embrapa Meio Ambiente; com mais de 200 milhões de bovinos, só aí o Brasil gera 1,6 milhão de toneladas anuais de metano).( Não riam.Na Malásia e na Tailandia insetos fritos são misturados ao macarrão).

Quatro áreas no Brasil, no Alto Rio Negro e no Javari - duas delas, terras indígenas -, são consideradas excepcionalmente valiosas para a conservação da biodiversidade, diz a revista Science (no geral, as terras indígenas são apontadas pelos cientistas como o melhor caminho para essa preservação).

E na Amazônia foram identificadas 15 novas espécies em áreas como essas, no ano passado. Outros cientistas, da Universidade de Aberdeen, afirmam (mercadoetico, 19/2/2013) que plantas afetadas por problemas são capazes de alertar, por meio de fungos do solo, outras plantas para que estas ativem genes que as protejam.

Muitas são capazes de prever a chegada de ventanias e tempestades (Agência Fapesp, novembro de 2013) - e podem ajudar a acionar programas preventivos (que são raros no Brasil).

Também têm estado muito presentes, nos últimos tempos, notícias como as de programas e políticas de valorização da mandioca.

Em meio a elas, jornais publicaram a informação de que nossa campeã mundial de natação, Poliana Okimoto, chegou a esse destaque depois de, com o auxílio de uma nutricionista, substituir por mandioca e derivados boa parte de sua dieta alimentar. Fez lembrar o cientista Paulo de Tarso Alvim, para quem, "se a mandioca fosse norte-americana, o mundo todo estaria comendo mandioca flakes e tapioca puffs". Porque a mandioca é a espécie mais adaptada a solos brasileiros, não precisa nem de fertilizantes nem de agrotóxicos.

E por aí se chega ao noticiário de que parte das consideráveis perdas que estão ocorrendo na agricultura brasileira de exportação se deve à remoção dos defensivos naturais do solo, após a implantação de monoculturas extensivas e uso intensivo de agrotóxicos - consumo em que o Brasil é o líder no mundo. Desprotegido das suas defesas naturais, o solo torna-se muito vulnerável - essa seria uma das causas de termos no momento tantas "epidemias de pragas", como a que assola as culturas do algodão, e que podem espalhar-se mais.

Com tantas notícias na área de insetos, é inevitável que volte à memória a sentença do respeitado biólogo Edward Wilson de que as formigas dominarão a Terra: elas já são quatrilhões e se reproduzem em velocidade muitas vezes maior que a do ser humano.

Também fazem lembrar um catedrático de estruturas de concreto que apontava para um cupinzeiro no Jardim Botânico de São Paulo e dizia: "Essa é uma construção sustentável; ali vivem dezenas de milhares de cupins, em absoluta ordem, trafegando dentro e fora na busca de alimentos e seu armazenamento em câmaras subterrâneas, dotadas de orifícios para liberação de gases da decomposição" - que eles abrem e fecham conforme a temperatura.

Quem porá a biodiversidade no centro das nossas políticas?
*Washington Novaes é jornalista.

Saldo comercial do Brasil é o mais baixo em 13 anos

3 de janeiro de 2014
O Estado de S. Paulo

Manchete: Saldo comercial do Brasil é o mais baixo em 13 anos

‘Exportações contábeis’ de plataformas de petróleo da Petrobrás evitaram resultado negativo nas contas

A balança comercial brasileira registrou US$ 239,6 bilhões em importações em 2013, o maior valor desde que o governo começou a compilar esses dados, em 1993.


O superávit comercial do País caiu 87% entre 2012 e 2013, fechando o ano em US$ 2,561 bilhões, o menor em 13 anos. O superávit só foi atingido em dezembro, quando as exportações superaram as importações em US$ 2,6 bilhões. 

Entre janeiro e novembro, a balança registrou déficit, o que não ocorria desde o ano 2000. Boa parte do resultado de 2013 deve-se à “contabilidade criativa”. 

No segmento de petróleo e derivados foram registradas importações de US$ 4,5 bilhões, mas que efetivamente ocorreram no ano anterior. 

Às importações que não existiram em 2013 foram somadas “exportações contábeis” de US$ 7,73 bilhões relativas a sete plataformas para extração de petróleo da Petrobrás. Essas palataformas nunca saíram do país.

Guerra Fantasma.

Blog do Noblat. 3 de janeiro de 2014

Guerra fantasma, por Sandro Vaia

Para um político no poder não existe nada mais aprazível do que um inimigo. Ele dá conforto, segurança e aconchego. Por isso, muitas vezes, quando ele não existe de verdade, trata-se de inventá-lo.

Há uma condição para que isso dê certo, claro: é preciso que ao agitar o espantalho do inimigo - de preferência que seja inexistente e não ofereça perigo - o governante deve ter a convicção absoluta de que detém o monopólio das virtudes e das boas intenções.

Às vezes acontecem algumas exasperações, como no caso do ditador argentino general Leopoldo Galtieri, subitamente entusiasmado por multidões exaltadas como as que nas praças de touros tonificam seu herói com gritos de olé. (Sem falar, no caso específico, em algumas doses extras de estimulantes alcóolicos).

O excesso de entusiasmo com o “inimigo externo” levou ao desastre das Malvinas, que – é ocioso relembrar – custou a vida de mais de 600 jovens argentinos.

Mas não é desses casos extremos que vamos tratar aqui.

Mais modestamente, a presidente da República em sua prolixa mensagem de fim de ano – o 17º pronunciamento na TV desde que assumiu – referiu-se às críticas ao seu governo como “guerra psicológica”.

A Lei de Segurança Nacional de 1978 falava de “guerra psicológica adversa” (o que não deixa de ser uma curiosa redundância semântica, pois presume-se que toda guerra seja adversa a alguém ), e não se sabe bem porque a presidente foi desenterrar essa concepção esguiana, bastante em desuso nas democracias modernas.

Na verdade, como faz parte de qualquer jogo democrático com regras medianamente estabelecidas e em pleno funcionamento, o que existe, tanto por parte da oposição (que, supõe-se, viva para isso), alguns economistas e parte da imprensa, são críticas pontuais e específicas aos fatores que, na visão deles, impedem o pleno crescimento do potencial do país.

Aí, então, fala-se das dificuldades do balanço de pagamentos, da queda do saldo da balança comercial, das dificuldades para obter um superávit primário minimamente confiável, das idas e vindas das privatizações (apelidadas, vá lá, de concessões), o aumento da carga tributária – enfim, enumeram-se fatos de domínio público que até as pedras da rua estão cansadas de conhecer.

Chamar isso de “guerra psicológica” é pouco mais do que um exagero. Delfim Netto, o socialista fabiano convertido ao lulo-petismo, vive falando nos perigos da “tempestade perfeita”, e com isso ele pretende apenas alertar o governo para o qual torce declaradamente de que há algumas coisas que precisam ser consertadas.

A afirmação da presidente deve ter chocado seus ouvidos sensíveis, pois ele era o ministro do crescer-para-depois-distribuir quando a “guerra psicológica” foi inventada pelo governo a que servia. Pragmático como sempre, disse ao Estadão de quarta que, como a possibilidade de reeleição dela supera os 50%, “o jeito é usar a Dilma”.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez e "Armênio Guedes, Sereno Guerreito da Liberdade"(editora Barcarolla). E.mail: svaia@uol.com.br

Carnaval e Copa podem afetar crescimento do Brasil em 2014

 17/12/2013

Carnaval e Copa podem afetar crescimento do Brasil em 2014

Calendário poderá ser mais um empecilho para uma economia que já está patinando, dizem alguns líderes empresariais e economistas

Tânia Rêgo/ABr
Torcedores no estádio do Maracanã, na Copa das Confederações
Torcedores no estádio do Maracanã, na Copa das Confederações: previsão de crescimetno do país para 2014 é de meros 2%

São Paulo/Rio de Janeiro - Um bem-humorado "Calendário Brasileiro de 2014" que está circulando no Facebook faz piada ao dizer que, com a Copa do Mundo de futebol, o Carnaval caindo num dia do ano bem mais tarde do que o normal, outros feriados e uma eleição presidencial, trabalhar de fato no país só será possível durante três meses do ano.

Mas algumas pessoas não estão achando graça.

O calendário incomum poderá de fato causar dados expressivos à produtividade e ser mais um empecilho para uma economia que já está patinando, dizem alguns líderes empresariais e economistas.

"Ouço muita gente dizer que 2014 será um ano perdido. Isso é absurdo, mas se as pessoas acreditarem, imagino que se tornará verdade", disse Paulo Motta, presidente de um sindicato de lojistas no Estado da Bahia.

No pior cenário previsto, o "efeito calendário" poderia tirar até 0,3 ponto percentual do Produto Interno Bruto do Brasil no ano que vem, afirmou o economista André Perfeito, da Gradual Investimento, em São Paulo.

Outros economistas consultados pela Reuters disseram pensar que quaisquer danos serão bem menores, enquanto alguns afirmam que é simplesmente muito difícil avaliar os efeitos.

O que está claro é que, diante da previsão de crescimento do Brasil de apenas 2,3 por cento este ano e meros 2 por cento em 2014, mesmo um pequeno abalo à produção é má notícia.

Os problemas começam cedo.

Tradicionalmente, a temporada brasileira das férias de verão se estende do Natal até janeiro e mais além. Embora algum trabalho continue sendo feito, é difícil agendar reuniões e muitos brasileiros dizem, em parte como piada, que o ano só começa de fato depois que o Carnaval termina.

Liberdade de expressão-A última fronteira.

Liberdade de expressão – A última fronteira

Dizem que a revolução armada só é legítima, quando o Estado constrange o último bastião de defesa dos direitos individuais, a liberdade de expressão, principal e derradeira arma para conter o arbítrio e a tirania do governo.

O sistema político com o qual fomos brindados, uma miscigenação de socialismo e fascismo, que alguns, por desfaçatez ou ignorância, teimam em chamar de capitalismo, estabelece que nada que tenha importância na vida das pessoas, e o que não tem importância também, pode ser pensado, combinado, criado, produzido, melhorado, alterado, trocado, vendido ou descartado, sem que o Estado regule, taxe, autorize ou impeça.

Nossa vida já não nos pertence, somos vigiados, monitorados e estimulados, pela força de coerção do Estado, a fazer o que seus integrantes permitem ou desejam.

Cada dia mais, agirmos com racionalidade, sermos produtivos, vivermos com independência e desfrutarmos com liberdade aquilo que nos pertence, transforma-nos em foras da lei.

A lei, pervertida de seu significado original, passa a ter cunho positivista, antinatural, trata-nos como se fôssemos autômatos idiotas, peças de engrenagem compondo uma gigantesca máquina desenhada pelo Estado.

A lei não tem tido mais serventia para afastar, do âmago da sociedade, a violência, a iniciação do uso da força, o cometimento de fraudes ou rompimento de contratos. Pelo contrário, é através das leis, através da máquina legiferante e policialesca do Estado, que a iniciação do uso da força, do cometimento de fraudes e do rompimento de contratos, tem ocorrido.

Nunca antes como agora, isso é um fato. A estrutura governamental, que deveria agir para proteger a vida, a liberdade e a propriedade dos cidadãos honestos de nossa sociedade, é a primeira e mais poderosa instituição a violá-las.

A estrutura governamental, que deveria agir para proteger a vida, a liberdade e a propriedade dos cidadãos honestos de nossa sociedade, é a primeira e mais poderosa instituição a violá-las.
 
Aqueles que infestam os gabinetes do poder com este propósito malevolente, que tem usado a lei e a ordem para instaurar um sistema corporativo, corrupto e mafioso, especializado em conchavos, financiados por métodos extorsivos de venda de facilidades, querem que suas vítimas se resignem, assistindo a tragédia que assola o país, caladas.

Esses, que lá estão a reinar, sabem que seu reinado acaba e que para lá retornarem, necessitarão angariar fundos para concorrer novamente. Mas como amealhar recursos das próprias vítimas? Que dificuldade terão para vender seus projetos de país, quando todo mundo já sabe que no seu estoque só existem projetos de poder.

Quando não conseguem mais obter algo através do convencimento e da boa vontade alheia, recorrem ao que todo bandido faz, querem usar a força, ou a fraude, para abastecerem-se.
É esse o interesse de quem está no poder, para tentar estabelecer o financiamento público de campanhas eleitorais.

Quem tem feito, quem tem imposto as leis em nosso país, deseja, cada vez mais, controlar nossas vidas, confiscar nossas propriedades, restringir oposições. E agora, querem se manter lá para sempre, sem ter sequer que se dar ao trabalho de angariar recursos para concorrer.

Mais um pouco, acabarão inclusive com a necessidade de elegerem-se, permanecerão no poder pela força. Ninguém os tirará de lá sem uma rebelião.

Essa tentativa é mais do que um ilegítimo desejo político, é um atentado criminoso contra a sociedade e os direitos de cada indivíduo que a compõe.

Em uma democracia representativa como a nossa, um dos canais de expressão da vontade dos indivíduos, ou grupos de indivíduos, para influenciar a construção das leis que mexem com as nossas vidas como mencionei anteriormente, é a participação cívica através da política partidária.

Tal participação pode se dar de três formas, a candidatura, o voto ou o financiamento de campanha. Esses são os três meios que possuímos para expressar nossas opiniões e nossas vontades.

Concorrer a cargo público, eleger seu candidato de preferência e financiar os partidos políticos que representam seus interesses, são direitos inalienáveis do cidadão, seja individualmente ou associado aos que compartilham dos mesmos ideais.

A associação de indivíduos com as mesmas opiniões ou vontades é legítima. Clubes, sindicatos, igrejas, empresas podem juntar seus recursos, para financiar os partidos e os candidatos que lhe são afins.

Cercear qualquer uma das três manifestações, sem que haja qualquer ilegalidade objetivamente identificada, é um ato que atenta contra o Estado de Direito, contra os direitos individuais, contra a representatividade legítima, que se espera seja preservada em uma república que pretende ser livre, democrática e justa.

Já é evidente que antes de pretenderem coibir a corrupção, o lobby e o corporativismo, doenças agravadas pelo estatismo desvairado que vivemos, os apoiadores do financiamento público de campanhas eleitorais, querem impedir os particulares de se manifestar contra seus projetos de poder eterno, de poder ilimitado, buscando os recursos que o eleitorado lhes nega, pela própria incapacidade deles de gerarem soluções verdadeiras, para extorquir do pagador de impostos, sofrido e cansado, os recursos que lhes manterão no governo.

Defendo a revolução armada? Claro que não! Defendo uma república constitucional que estabeleça limites claros e intransponíveis aos usurpadores dos direitos individuais, esses que vivem parasitando e mendigando os outros, para locupletarem-se eternamente.

Lembro que numa sociedade governada pelo voto da maioria, as minorias, principalmente as que criam, produzem e poupam, têm mais a perder. Logo, possuem o legítimo direito de se defender contra a espoliação, qualquer tipo de espoliação.

Afinal, somente tem direito sobre algo quem o possui. Ninguém tem direito sobre o que quer.
A inversão desta lógica natural, metafísica, é que faz as sociedades livres e prósperas enveredarem pelos tortuosos caminhos da tirania e do empobrecimento.

A porta para esse caminho, fecha-se a nossas costas quando perdemos a nossa liberdade de expressão, objetivo óbvio dos que se alojam no poder para nos tirar o que temos, satisfazendo assim os seus quereres.

Instituto Milenium

Os impactos dos fogos de artificio sobre o meio ambiente


 

Os impactos dos fogos de artíficio sobre o meio ambiente


(*) Vininha F. Carvalho


Sessenta e três anos depois da assinatura da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, o mundo necessita de uma nova declaração universal,
desta vez de obrigações humanas, tanto dos indivíduos quanto dos
estados, a fim de deter a progressiva deterioração do ambiente de nosso
planeta.

Quando mencionamos uma sociedade muito pouco ecológica, falamos de um
sistema capaz de destruir recursos naturais, sem se preocupar com a
enorme biodiversidade nele existente. Vivemos no século XX um verdadeiro
período de destruição em massa de animais e viveremos neste século XXI
outro ciclo de destruição em massa agora de seres humanos, se algo não
for feito para mudar nosso padrão de relacionamento com o meio ambiente.

Enquanto o homem não aprender a preservar o que é bom e necessário para
sua própria vida, será muito difícil haver, de uma forma eficaz, a
efetuação em massa da conservação de bens coletivos. É válido lembrar
que coletivo não deveria ser encarado como sendo somente a natureza, mas
também o meio urbano, que é coletivo a todos, afinal, somos nós quem o
construímos e modificamos.

Na vida, só existem processos. Os seres e objetos são apenas a parte
aparente desses processos. E todos eles (os processos), além de não
terem origem, não tem fim (vêm do infinito e vão para o infinito, em
constante movimento e transformação). Os seres que surgiram na água (as
primeiras formas de vida na Terra teriam surgido na água) evoluíram para
os peixes, plantas aquáticas etc. Os que experimentaram a vida fora da
água evoluíram para os répteis, batráquios, anfíbios etc. Os que se
adaptaram à vida fora da água evoluíram, no mesmo atrito com a natureza,
só que muito mais hostil, para as formas que aí estão, das aves aos
mamíferos, incluindo a espécie humana.

Tais processos duram bilhões de anos, acontecem no atrito constante
entre a espécie e a natureza, pela sua sobrevivência, e que garante a
evolução. Toda matéria orgânica, para poder sobreviver, precisa
reconhecer e entender a mensagem da mãe natureza, do contrário
sucumbe diante das suas reações. Não há nenhuma matéria orgânica viva,
no planeta, que não tenha um mínimo de entendimento de sua realidade
ecoambiental. Até mesmo o mais primário dos vegetais dispõe de grau
mínimo de entendimento , do contrário não teria se adaptado e já teria
desaparecido, como aconteceu com várias formas de vida.

Talvez seu cachorro corra até a porta quando você está para chegar em
casa. Perceba com antecedência a aproximação de uma tempestade e fique
desesperado quando ocorre a queima de fogos de artifício. Este
“entendimento”, que pode ser considerado por alguns como sexto
sentido , precisa ser devidamente pesquisado e compreendido pela humanidade.

As pessoas são muito manipuladas pelo interesse econômico e não
conseguem enxergar as coisas claramente. Vemos nos dias atuais,
discursos bonitos em prol da preservação ambiental,que não saem do
papel.Precisamos por em prática um novo modelo de desenvolvimento,
abarcando um nova postura, onde haja a preocupação com a biodiversidade,
incluindo aqui, obviamente, o ser humano.

As mortes em massa de animais nos Estados Unidos na virada do ano
detonaram uma onda de especulação sobre as causas dos episódios.

Primeiro, 3 mil pássaros negros caíram do céu na pequena cidade de Bibi,
no Arkansas. Todos os pássaros apresentavam hemorragias, além disto foi
registrada a morte de 100 mil peixes no rio Arkansas. Mais ao sul, no
Estado da Louisianna, outros 500 passarinhos caíram dos céus. Alguns
apresentam asas e espinhas quebradas. A análise dos profissionais
competentes descartou sinais de infecções ou de doença contagiosa.


Foi o  que constatou a autópsia realizada pelo Instituto Nacional de
Veterinária (SVA, em sua sigla em sueco) em cinco aves.

Dezenas de pássaros,também, foram encontrados mortos nas ruas da
localidade sueca de Falköping. Veterinários estão agora a analisar a
causa da morte das gralhas-de-nuca-cinzenta, mas assinalam a existência
de um espectáculo de fogo de artificio, próximo do local onde os
pássaros foram encontrados.


As autoridades dizem que o tempo frio, as dificuldades em encontrar
comida e um possível susto devido ao fogo de artificio podem ter causado
stress nos pássaros que morreram. Nos últimos dias seguintes têm sido
frequentes as notícias acerca de morte massiva de pássaros.


Os biólogos estão a investigar a causa da morte dos pássaros no
Arkansas. Cientistas acreditam que o estresse causado por fogos de
artifício do Ano-Novo pode ter causado a morte dos pássaros
.

As dezenas  de pássaros que apareceram mortos nas ruas da cidade sueca de Falköping
morreram devido a hemorragias internas provocadas por “trauma físico
extremo”,
informaram na quinta-feira,(6/1), as autoridades do país nórdico.

No Brasil, técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), órgão ligado
à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, do Centro de Estudos do Mar da
Universidade Federal do Paraná (CEM-UFPR) verificaram que na
segunda-feira (3/1), milhares de peixes apareceram mortos no local. Os
técnicos aguardam o resultado do laudo para confirmar o motivo da
mortandade dos animais. Entretanto, segundo informação do capitão Edson
Oliveira, coordenador regional no Litoral da Defesa Civil, ao que tudo
indica os peixes não estão mais morrendo.

Comemorações com fogos de artifício são traumáticas para os animais,
cuja audição é mais acurada que a humana e segundo pesquisas são capazes
de pressentir eventos sísmicos importantes.


Devido a ocorrencia dos  fogos de artíficio, os cães latem em desespero e, até, enforcam-se nas
correntes
.

O gatos têm taquicardia, salivação, tremores, medo de morrer,
e escondem-se em locais minúsculos, alguns fogem para nunca mais serem
encontrados.

Há animais que, pelo trauma, mudam de temperamento.

Em nome de uma comemoração da chegada do Ano Novo, em nome da paz, o ser
humano atrita com a natureza, que emite sua resposta implacável.


No Brasil, a passagem de ano era considerada como uma uma festa de cunho
religioso e frequentada por moradores de Copacabana e devotos. Desde
meados da década de 80 do século passado com a sofisticação, adesão dos
hotéis da orla da praia de Copacabana e o apoio das autoridades, o
Reveillon de Copacabana transformou-se num dos principais eventos de
final de ano do mundo, recebendo mais de 2 milhões de pessoas que juntos
celebram o novo ano e a paz.

Neste réveillon a queima de fogos no Rio de Janeirodurou mais de 20
minutos. Muitas outras cidades brasileiras , também, promoveram este
tipo de evento. Os shows da virada de ano ao redor do mundo, foram
marcados com a queima de fogos de artifício em Sydney ( Australia),
Tokyo( Japão),(Ahmedabad) India, Times Square(Nova Iorque), (Hong Kong)
China, Petersburg( Russia) , Edimburgo ( Escocia) , Karachi (Paquistão),
Londres ( Pasquitão), entre outros.

(...)

O tema da paz é parte inerente essencial da luta por um outro mundo
possível, justo, humano e pacífico, coincidência ou não , é preciso
aprofundar os estudos referentes aos impactos dos fogos de artifício no
meio ambiente.

A morte vinda dos céus , representada pelos pássaros e no
outro extremo, a morte dos peixes , pode ser um alerta sobre a
incidência dos terremotos, que estão sendo registrados com maior
freqüência no primeiro trimestre do ano novo.

O Brasil conta com tudo para ser o pioneiro de uma civilização
ecologicamente sustentável, dispensando este tipo de comemoração que
envolve os fogos de artifício, tão perigosa para a natureza, vamos dar
nosso bom exemplo, enquanto é tempo!

(*) Vininha F. Carvalho – jornalista, economista, administradora de
empresas, ambientalista. Presidente da Fundação Animal Livre (
www.animalivre.org.br)

Cursar uma faculdade pode significar desperdicio de tempo e de dinheiro?

Cursos superiores podem ser 'desperdício' no Brasil, diz estudioso

Atualizado em  9 de outubro, 2013 - 18:41 (Brasília) 21:41 GMT

Diploma (Foto BBC)
Diploma dá a jovens acesso a empregos que pagam melhor, mas qualidade dos cursos é duvidosa
Embora tenham proliferado no Brasil nos últimos anos, muitos cursos superiores acabam não formando profissionais de qualidade, por isso, podem até acabar sendo um desperdício para a sociedade, de acordo com um especialista ouvido pela BBC Brasil.
Para Tristan MacCowan, professor de Educação e Desenvolvimento da Universidade de Londres, que há pelo menos uma década estuda a evolução do sistema educacional brasileiro, alguns desses cursos "não aumentam a capacidade de inovação da economia, não impulsionam sua produtividade e acabam ajudando a perpetuar uma situação de desigualdade, já que continua a ser vedado à população de baixa renda o acesso a cursos de maior prestígio e qualidade".
Aos poucos, segundo o especialista, estaria sendo consolidado no sistema de ensino superior brasileiro uma espécie de sistema "dual", no qual os cursos e universidades mais disputados - públicos e privados - continuariam a receber principalmente estudantes da elite, enquanto boa parte da população de baixa renda acabaria em faculdades de segunda classe, "nas quais a experiência de aprendizagem seria bem diferente".

"Em muitas das instituições de ensino superior acessíveis a essas classes não há estímulos para que os estudantes busquem conhecimento fora das salas de aula, nem oportunidades de pesquisa ou chances para eles expandirem sua experiência universitária", diz o especialista.
"Muitos acabam sendo mais uma extensão do ensino básico e fundamental do que uma faculdade ou universidade propriamente ditas."

Segundo a última pesquisa do Instituto Paulo Montenegro (IPM), vinculado ao Ibope, divulgada no ano passado, quatro em cada dez estudantes do ensino superior no Brasil não são "plenamente alfabetizados" - ou seja, não conseguem interpretar um texto, gráficos ou tabelas, nem fazer contas matemáticas um pouco mais complexas - por exemplo, envolvendo porcentagens.

"O problema é que o domínio da linguagem e da matemática são ferramentas básicas para que se possa avançar na aprendizagem de conteúdos mais complexos", diz Ana Lúcia Lima, diretora do Instituto.

'De mentira'

A opinião de um ex-professor de arquitetura sobre a qualidade dos alunos e do ensino na faculdade em que ele deu aula por cinco anos dá a medida dos desafios que envolvem a expansão do acesso à universidade no Brasil: "Esses cursos dão a muitos jovens uma chance de conseguir empregos que pagam um pouco melhor, mas quem vive o dia-a-dia de algumas dessas faculdades privadas sabe que classificá-los como ‘curso superior’ é uma grande mentira", diz ele.

O ex-professor, de São Paulo, conta que alguns de seus alunos chegavam a sala de aula sem saber fazer uma equação de primeiro grau ou escrever um texto "que fizesse sentido" - e boa parte do trabalho do corpo docente da instituição era tentar suprir as carências de um ensino básico e fundamental deficiente.
""Esses cursos dão a muitos jovens uma chance de conseguir empregos que pagam um pouco melhor, mas quem vive o dia-a-dia de algumas dessas faculdades privadas sabe que classificá-los como ‘curso superior’ é uma grande mentira."
Ex-professor universitário

"Havia alguns alunos bons e muitos problemáticos - e os professores eram pressionados a aprovar a maior parte dos matriculados mesmo que seu aproveitamento do curso fosse mínimo", diz ele.

Desde 2001, o número de instituições de ensino superior no país passou de 1.004 para cerca de 2,5 mil e a quantidade de matrículas mais que dobrou, chegando a 6,7 milhões no ano passado, segundo dados da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

O relato do ex-professor, porém, não chega a ser uma surpresa para Tristan MacCowan.

"Não há como negar que o Brasil fez avanços significativos na expansão do acesso ao ensino superior - e isso é positivo - mas essa expansão precisava ser acompanhada de um controle sobre a qualidade das novas instituições e um desenvolvimento significativo dos mecanismos de regulação e supervisão do setor, o que parece não ter ocorrido", acredita MacCowan.

Segundo o especialista, na comparação com outros países, o caso brasileiro se destaca justamente pela falta de rigidez de sua regulamentação. "Chama a atenção a facilidade com a qual grupos privados que visam o lucro podem abrir instituições de ensino no país, por exemplo, - o que implica em riscos significativos", alerta.

O governo tem feito um esforço para ampliar a oferta em universidades públicas, principalmente no interior do país, mas 74,6% dos estudantes ainda estão matriculados em instituições privadas, segundo a última Pnad, que registrou um aumento de 1,4 pontos nesse porcentual de 2011 para 2012.

ProUNI

Segundo especialistas, a expansão da educação superior no Brasil na última década foi o resultado de dois processos combinados.

De um lado, em um cenário de maior crescimento e menor desemprego, muitos jovens da classe C se sentiram estimulados a estudar mais que seus pais para ampliar suas oportunidades no mercado de trabaho e perspectivas de rendimento.Também aumentou a quantidade de famílias com recursos para investir em educação - o que ampliou a demanda por cursos e serviços nessa área.
Simultaneamente, foram adotadas uma série de políticas públicas para garantir que tal demanda fosse atendida.

Desde 2007, o Governo Federal procurou ampliar a oferta de vagas na rede pública via Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e universidades federais começaram a adotar sistemas de cotas raciais ou para alunos de escolas públicas.

Para as instituições privadas, o maior estímulo foi o Programa Universidade para Todos (ProUNI), que tem financiado, com bolsas parciais ou integrais, milhares de estudantes de baixa renda em cursos superiores por todo o país.

Com tais impulsos, o ensino superior privado tornou-se um dos segmentos mais promissores da economia brasileira. Em 2012, empresas do setor estiveram entre as que mais se valorizaram na Bovespa e não demorou muito para que se estabelecesse uma dinâmica de formação de megagrupos para atender o filão.


Por todo o país, novas faculdades têm recebido jovens que recebem bolsa do governo ou trabalham de dia para pagar os cursos que frequentam à noite.

"Temos pela frente um grande desafio para expandir a qualidade desses cursos e da formação básica dos estudantes que chegam a suas salas de aula", diz Lima. "Isso é essencial para evitar que a escolaridade dos brasileiros avance apenas no papel."

Nível das escolas no Brasil passa ‘de desastroso a muito ruim‘, diz ‘Economist’

Escola na floresta Amazônica
Brasil ficou em 53º lugar entre 65 países no último ranking do Pisa

Em edição publicada nesta quinta-feira, a revista britânica The Economist diz que dados recém-divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a educação brasileira teve “ganhos sólidos” na última década. 

Ainda assim, a revista afirma que “o progresso recente meramente elevou o nível das escolas de desastroso para muito ruim”.

A Economist se referia à divulgação, na última terça-feira, do 4º Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que mediu o nível da educação em 65 países. O Brasil ficou na 53º colocação, tendo obtido 412 pontos em leitura, 386 em matemática e 405 pontos em ciência.
O desempenho do país em cada uma das três áreas foi, em média, 20 pontos superior ao registrado no último teste, em 2006. O resultado fez com que a OCDE considerasse que o caso brasileiro revelava “lições encorajadoras”.

Em entrevista à Economist, a pesquisadora Barbara Bruns, do Banco Mundial, cita entre os motivos para a melhoria o sistema brasileiro de avaliação escolar, criado há 15 anos.

“De um ponto de partida em que não havia nenhuma informação sobre o aprendizado do estudante, as duas (últimas) presidências construíram um dos sistemas de medição de resultados educacionais mais impressionantes do mundo”, disse ela.

Apesar do avanço, a revista diz que dois terços dos jovens de 15 anos são incapazes de fazer qualquer coisa além de aritmética básica.

“Mesmo escolas privadas e pagas são medíocres. Seus pupilos vêm das casas mais ricas, mas eles se tornam jovens de 15 anos que não se saem melhor que um adolescente médio da OCDE”, afirma a publicação.

Segundo a Economist, uma das razões para a má qualidade do ensino é o desperdício de dinheiro. “Como os professores se aposentam com salários integrais após 25 anos para mulheres e 30 para homens, até a metade dos orçamentos da escola vai para as aposentadorias”, diz a revista. 

A publicação afirma ainda que, exceto em poucos locais, professores podem faltar em 40 dos 200 dias escolares sem ter o salário descontado.

A Economist diz que o país estabeleceu a meta de alcançar a média da OCDE na próxima década, mas alerta que, “no ritmo atual, chegará só até a metade do caminho”. 

A solução, aponta a revista, é propagar iniciativas como a da cidade do Rio (que combate a falta de professores dando pagando bônus às escolas que atingirem metas) e a do Estado de São Paulo (que criou plano de carreira a professores que vão bem em testes de conhecimento).

“Se o Brasil alcançar a nota, será porque conseguiu espalhar essas práticas inovadoras por todos os cantos”, conclui a revista.

BBC Brasil