quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Castelo de deputado está à venda em Minas Gerais




 

Do UOL, em Brasília Leonardo Costa/Estado de Minas/Folha Imagem






Castelo avaliado em R$ 25 milhões do ex-corregedor da Câmara e deputado federal Edmar Moreira (na época no DEM-MG, hoje no PR) no distrito de Carlos Alves, em São João Nepomuceno (MG). O parlamentar não declarou à Receita, nem à Justiça Eleitoral, o valor do imóvel, que foi descoberto em 2009. Na época, Edmar afirmou que a propriedade foi passada para seus filhos em 1993.

O castelo do deputado estadual Leonardo Moreira (PSDB-MG) está à venda. A propriedade fica na cidade de São João Nepomuceno (318 quilômetros de Belo Horizonte). O imóvel ficou conhecido quando o pai do parlamentar, o ex-deputado Edmar Moreira (PSDB), foi acusado de não ter declarado o castelo em sua prestação de contas na campanha eleitoral de 2006, alegando que o a fazenda estava em nome de seus filhos.


O corretor responsável pela negociação da fazenda confirmou ao UOL a intenção do deputado de se desfazer do imóvel rural. Ele não quis ser identificado pela reportagem.


O profissional afirmou que o proprietário não o autorizou informar o valor da propriedade, que estava avaliada na época do escândalo em cerca de R$ 25 milhões.


Os interessados na fazenda só podem visitar o castelo após apresentar uma "carta de intenções de compra" com o valor proposto. O documento deve conter firma reconhecida em cartório e só então será enviado ao deputado, que aí então vai avaliar se a oferta interessa e autorizar a visita ao local.
De acordo com o corretor, o imóvel rural tem atraído curiosos e investidores que pensam em montar ali um hotel.


O castelo tem 7.500 metros quadrados de área construída, e foi erguido entre 1982 e 1990. O conjunto arquitetônico tem pelo menos 36 suítes com closet e sistema individual de ar condicionado. Os banheiros são revestidos com mármore. Há heliporto na propriedade.



Anúncios disponíveis na internet informam que há "dez dependências para serviçais e garagem coberta" e complexo aquático com sauna, piscina aquecida, hidromassagem, vestiários e ampla área para convenções.  A fazenda tem 192 hectares com curral e gado leiteiro. Tem ainda "pista de eventos para animais com capacidade para até 8.000 pessoas".


A reportagem tentou entrar em contato com o deputado, mas ele não respondeu até a publicação desta notícia.

No primeiro dia de trabalho, dependente fuma crack


Em São Paulo
Reginaldo Castro

A primeira manhã da Operação Braços Abertos --conjunto de ações voltadas à redução de danos, que inclui fornecimento de habitação, alimentação, emprego e assistência médica para moradores da cracolândia, no centro de São Paulo-- deu mostras do tamanho do desafio que o programa da gestão Fernando Haddad (PT) deve enfrentar nos próximos meses.

Já com os uniformes do novo emprego, de varredor de praças, parte dos dependentes caminhou da rua Helvetia para o Largo Coração de Jesus, onde ainda há tráfico de drogas, e fumaram pedras de crack antes de trabalhar, nesta quinta-feira (16).
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'Favelinha' da Cracolândia de SP é retirada

 
Usuários de crack que aderiram ao programa De Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, começaram a fazer a limpeza da área conhecida como cracolândia, no centro de São Paulo. 
 
Eles recebem R$ 15 por dia de trabalho, três refeições diárias, hospedagem em hoteis conveniados e tratamento contra dependência química não-compulsório  
 
A reportagem contou oito atendidos pelo programa entre a multidão que ainda permanece ali. Poucos, em relação aos cerca de 300 dependentes que estão no programa.
 
A Operação Braços Abertos consiste em custear o aluguel de quartos para os ex-moradores da minifavela da Cracolândia, fornecer três refeições por dia, dar emprego na varrição de praças (com jornada de quatro horas diárias e salário de R$ 15 por dia) e manter acompanhamento médico para eles.

A secretária municipal de Assistência Social, Luciana Temer, diz que a prefeitura está preparada para "ser bombardeada" por críticas ao projeto, mas que a proposta é de longo prazo e é preciso persistência.

"É uma construção. É um programa da (secretaria) de Saúde. Todos os outros aspectos, de trabalho e assistência, são complementares", disse.

"Teve um grupo que até disse que precisava ir usar a droga, insistia. Não dá para impedir. Mas é importante eles voltarem para o trabalho e se manterem conectados", disse.

Haddad esteve lá na manhã desta quinta-feira. Ouviu perguntas dos atendidos. "É só até a Copa? Até quando vai durar?", questionou um deles. Haddad disse que o programa é feito "para dar certo" e não tem prazo de término.

Lei anticorrupção 'mudará o quadro', diz diretor da Transparência Brasil (Será? )




A lei anticorrupção que entra em vigor no final deste mês "mudará o quadro" no que diz respeito à punição dos corruptores, segundo o diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo.

Isto porque, atualmente, apenas as pessoas físicas podem ser responsabilizadas, enquanto que as empresas corruptoras não são punidas. A legislação sancionada pela presidente Dilma Rousseff é mais rígida com relação à responsabilização de pessoas jurídicas.

Na maioria dos grandes esquemas de corrupção, há empresas responsáveis pelo oferecimento de propinas e outras vantagens indevidas a servidores públicos.

Esta é uma prática que ocorreu, por exemplo, no cartel de trens e metrô e na máfia do ISS, ambos em São Paulo, segundo depoimentos e investigações. Apesar de reconhecer que a nova legislação oferece melhores condições para inibir a prática, Abramo diz que é preciso aguardar para saber se de fato ela trará resultados práticos. "Se vai ou não vai resultar em números, temos que ver no futuro".


Marcos Santos/Divulgação/USP
Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil
Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil

HIERARQUIA
 
Nesta semana, a CGU (Controladoria-Geral da União) divulgou um relatório que mostra que, em 2013, aumentou em quase 20% a quantidade de servidores expulsos do Executivo federal por atos ligados à corrupção.

O problema, para Abramo, é que, judicialmente, essas punições podem não resultar em nada. "O sistema judicial brasileiro é muito deficiente. Uma coisa é você punir administrativamente alguém porque descumpriu normas. (...) Mas o que acontece em muitos desses casos é que o cara entra na Justiça contra a decisão administrativa", disse. 

Ele diz ainda que outro problema é que há uma dificuldade maior para responsabilizar ocupantes de cargos de alto escalão, que são os responsáveis pelos maiores casos de corrupção. 

"Os indivíduos nos cargos mais altos da hierarquia, incluindo os políticos, mas não exclusivamente eles, são crescentemente mais difíceis de punir. Por vários motivos. Primeiro que são menos idiotas. Erram menos. Depois porque têm muitos recursos de defesa, seja judicial ou mesmo administrativo", afirmou. 

PUNIÇÃO
 
Abramo diz, no entanto, que a punição não é a maneira de combater este tipo de crime. "É evidente que tem que punir. Mas não é assim que se combate a corrupção. Corrupção se combate prevenindo", afirmou.

Ele disse que é preciso mudar as circunstâncias que levam o indivíduo a cometer atos de corrupção. "Porque que aconteceu [o caso de corrupção]? Por tal motivo. Muda o motivo. Punir não resolve, porque você pune o cara, substitui o sujeito. O novo cara que vem encontra as mesmas circunstâncias e vai repetir o ato, porque a cinccunstância não mudou."




Com medo dos 'rolezões' de sem-teto, dois shoppings de SP fecham as portas



Com medo dos 'rolezões' marcados por sem-teto para a tarde de hoje, dois shoppings de São Paulo resolveram fechar as portas.

O shopping Campo Limpo e o Jardim Sul, ambos na zona sul da cidade, encerraram suas atividades por volta das 17h, pouco antes da chegada de manifestantes ligados ao sem-teto. O horário normal de funcionamento dos dois shoppings é as 22h.

O Campo Limpo havia conseguido na Justiça uma liminar (decisão provisória) contra o evento.

Mesmo após a concessão da liminar, o centro comercial fechou as portas por volta das 16h30 incluindo a entrada principal. A segurança também foi reforçada no shopping. Há muitos vigias guardando as entradas e foram colocados comunicados sobre a decisão da Justiça.

Os sem-teto também pretendiam fazer um "rolezão" no shopping Jardim Sul nesta quinta-feira, mas o local também fechou as portas por volta das 17h. O Tribunal de Justiça, porém, afirmou não ter informações se o local acionou a Justiça para impedir o evento, assim como o shopping Campo Limpo.

"É um absurdo a gente ter de pagar pelos baderneiros", disse Sidney Vieria. Com a filha de colo, ele tentou deixar o shopping Campo Limpo pela saída que liga ao metrô, mas foi impedido pela segurança, que pediu que ele utilizasse outra porta. 

A liminar concedida hoje ao shopping Campo Limpo aponta que "embora [os shoppings] sejam locais abertos ao público, são empreendimentos privados (...) Não se trata de 'via pública', não se constituindo em local próprio e apropriado ao exercício do direito de liberdade de reunião e manifestação".

O juiz Alexandre David Malfatti, da 7ª Vara Cível, determina ainda que sejam comunicados da decisão com urgência, ao comando da Polícia Militar do Estado e ao Corpo de Bombeiros e determinou pena de multa diária no valor de R$ 5.000 caso a decisão seja descumprida. 

Apesar disso, por volta das 17h20, já havia em torno de 300 pessoas na estação Campo Limpo, onde os participantes do "rolezão' pretendiam se concentrar antes de ir ao shopping. Entre as pessoas, há muitos que se dizem frequentadores do centro comercial e outros que nunca foram ao local. A PM acompanha a concentração do outro lado da rua.

Em nota, o MTST afirmou que manterá as mobilizações previstas para os Shoppings Jardim Sul e Campo Limpo. "Não fomos notificados de qualquer proibição judicial, apesar do que saiu na imprensa", disse a nota. 

"É lamentável, caso se confirme a informação, que o judiciário se preste ao papel de proibir o direito de ir e vir e livre manifestação previstos na Constituição Federal. As ações estão mantidas e ocorrerão, com ou sem autorização judicial", acrescenta o movimento.

Pedofilia: "uma vergonha que faz da igreja alvo de escárnio".

16/1/2014 às 14h51

ONU cobra ações do Vaticano para combater a pedofilia na igreja

Durante muitos anos, abusos de religiosos católicos foram acobertados por seus superiores

AFP

O Comitê da ONU para os Direitos da Infância pediu nesta quinta-feira (16) à Igreja Católica que atue com maior resolução contra os abusos sexuais de menores, um enorme escândalo que a Santa Sé é acusada de ter tentado abafar.

"O exemplo que a Santa Sé precisa dar deve assentar um precedente. Tem de marcar um novo enfoque", afirmou Sara Oviedo, integrante da equipe de investigação deste comitê das Nações Unidas.

A investigadora fez seus comentários em uma audiência na qual, pela primeira vez, uma delegação do Vaticano prestou explicações aos especialistas do Comitê para os Direitos da Infância admitindo os abusos cometidos por religiosos católicos contra menores.

Sara denunciou que, na gestão dos escândalos de pedofilia por parte da Igreja Católica, "se deu preferência aos interesses do clero".

— A Santa Sé não estabeleceu nenhum mecanismo para investigar os acusados de realizar abusos sexuais, nem tampouco para processá-los.

Sara também criticou as medidas tomadas pelo Vaticano em relação aos autores de abusos sexuais contra crianças. Segundo ela, "as punições aplicadas nunca parecem refletir a gravidade" dos fatos.

"Sabemos que ocorreram avanços", reconheceu, perguntando, no entanto, se as crianças "têm a possibilidade de serem ouvidas, sobretudo quando se trata de vítimas".

A ONU também pediu à delegação vaticana mais informações sobre os membros e os objetivos da comissão criada pela Santa Sé em dezembro para a proteção dos menores.

Por mais de uma década, a Igreja Católica se viu atingida por uma série de escândalos de abusos sexuais cometidos por religiosos contra menores, que começou na Irlanda e se estendeu para Alemanha, Estados Unidos e vários países latino-americanos, como México.

Os abusos foram frequentemente acobertados pelos superiores dos autores, que, em muitos casos, os transferiram a outras paróquias, em vez de denunciá-los à polícia.

Papa: vergonha da igreja

O Vaticano, que começou tomando a palavra na sessão desta quinta-feira, defendeu sua gestão ante a ONU, ressaltando uma política de luta contra a pedofilia "articulada em diversos níveis".

O embaixador do Vaticano na ONU em Genebra, Silvano Tomasi, lembrou que a Santa Sé ratificou a Convenção de Direitos da Criança em 1990, e seus protocolos — um deles relativo à pornografia infantil — em 2000.

Também afirmou, sem fornecer mais detalhes, que a Santa Sé formulou uma série de diretrizes sobre o tema para facilitar o trabalho das paróquias. Estas, além disso, desenvolveram recomendações para evitar os abusos, disse o representante, citando a Carta de Proteção de Crianças e Jovens adotada pela Igreja Católica americana em 2005.

Tomasi também ressaltou que, legalmente, a Santa Sé é responsável apenas pela aplicação da convenção da ONU no território da Cidade do Vaticano, onde vivem 36 crianças, uma posição muito criticada pelas associações de vítimas.

Um argumento utilizado nesta quinta-feira, em declarações à Rádio Vaticano, pelo porta-voz Federico Lombardi.

O porta-voz explicou que, embora a Santa Sé seja parte da convenção, "a Igreja Católica, enquanto comunidade de fiéis católicos dispersos no mundo, não é parte dela de nenhuma maneira, e seus membros estão sujeitos às legislações dos Estados nos quais vivem e trabalham".

— Os abusos sexuais na Irlanda, ou os cometidos no seio do movimento dos Legionários de Cristo, foram casos nos quais os países onde ocorreram são competentes juridicamente.

Em dezembro, a Santa Sé se recusou a responder ao questionário enviado em julho pelo comitê da ONU sobre dados das 4.000 investigações eclesiásticas atualmente analisadas pela Congregação para a Doutrina da Fé.

Lombardi justificou na Rádio Vaticano esta falta de cooperação, alegando que estas investigações têm como base o direito canônico, "muito diferente das leis civis dos Estados".

O Vaticano afirmou que continua recebendo cerca de 600 denúncias contra sacerdotes todos os anos, muitas delas sobre incidentes cometidos nas décadas de 1960, 1970 e 1980.

No mesmo dia da audiência da ONU envolvendo a igreja, o papa Francisco criticou os vários escândalos de pedofilia, "uma vergonha que faz da igreja alvo de escárnio".

"Se estamos envergonhados? São tantos escândalos que não quero mencionar individualmente, mas todo mundo conhece!", exclamou Francisco durante a missa da manhã na residência de Santa Marta, em uma clara alusão aos crimes de pedofilia, mas também à corrupção por parte de padres católicos nos cinco continentes.

"Esses escândalos, alguns que nos fizeram pagar tanto dinheiro: e é assim que devemos fazer...", acrescentou, citando implicitamente a indenização paga às vítimas desses crimes por algumas dioceses, especialmente americanas.

— [Estes escândalos são] a vergonha da igreja. Mas temos vergonha desses sacerdotes, bispos, leigos? Essas pessoas não têm uma ligação com Deus. Tinham apenas uma posição na igreja, uma posição de poder.





Como se sabe, o PT se especializou na arte de mentir para a coletividade – e depois descobriu que não precisava de especialização nenhuma, porque o Brasil engole qualquer mentira tosca.

Guerra psicológica, fraude real 

Guilherme Fiuza

A virada do ano mostrou que é uma injustiça manter os mensaleiros presos. Ao apagar de 2013 e ao raiar de 2014, o Brasil mostrou que aprova a picaretagem como forma de governo. Não é justo, portanto, em se legitimando os picaretas de hoje, manter os picaretas de ontem encarcerados, sendo todos correligionários. Basta de desigualdade. Liberdade para todos.

A picaretagem inaugural do governo popular em 2014 teve como porta-voz o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Como se sabe, o PT se especializou na arte de mentir para a coletividade – e depois descobriu que não precisava de especialização nenhuma, porque o Brasil engole qualquer mentira tosca.

Por isso é que Lula diz que o mensalão era caixa dois de campanha e não se desmoraliza perante a opinião pública.

Está provado que o mensalão foi roubo de dinheiro público cometido pelo PT, e está provado que mentir no Brasil não tem o menor problema. Com essa jurisprudência, o ministro da Fazenda não tem por que não se espalhar.

Guido Mantega anunciou, triunfante, que o governo cumpriu a meta de superavit primário em 2013. 0 ministro disse que o resultado oficial sairia no fim de janeiro, mas ele decidira antecipar a divulgação para “acalmar os nervosinhos”.

Assim é o PT hoje: como as mentiras colam facilmente, elas passaram a vir acompanhadas de zombaria. O governo cumpriu a meta de superavit depois de reduzi-la em R$ 35 bilhões – de R$ 108 bilhões para R$ 73 bilhões.  

Se fizesse isso com pensão alimentar, o ministro estaria preso.

Como já foi dito neste espaço, o Brasil é mulher de malandro. É lesado pelo bando e continua votando nele. Devendo-se ressalvar que mesmo uma mulher de malandro não aceitaria este trato: o malandro paga só dois terços da pensão porque ele mesmo resolveu encolhê-la em um terço. É o tipo da malandragem que só cola no matrimônio petista com o eleitorado masoquista.

Que repelente contra investidores poderia ser mais eficiente do que um governo que mente a céu aberto sobre suas contas? 
O superavit para acalmar os nervosinhos tem outros truques espertos. Mais alguns bilhões de reais em despesas de 2013 serão contabilizados pelo governo popular depois da virada do ano.

Malandragem de playground. Fora a contabilidade criativa no Tesouro Nacional – hoje devidamente aparelhado pelos companheiros -, expediente picareta já notado e repudiado mundo afora, mas tolerado Brasil adentro.

É com esse arsenal de trampolinagens que os companheiros desviam o dinheiro público para a propaganda política e a rede de facilitações populistas. Por que só os mensaleiros têm de pagar?

O anúncio esperto do ministro da Fazenda foi feito poucos dias depois de um pronunciamento da presidente da República em cadeia nacional – o pronunciamento “de fim de ano” de Dilma Rousseff. 

Como um país que se diz diferente da Venezuela chavista tolera um “pronunciamento de fim de ano” da presidente em rede obrigatória de rádio e TV?

Onde está o senso crítico e a vergonha na cara dos brasileiros para repudiar essa praga do comício oficial em tudo quanto é data comemorativa? Onde estão os manifestantes nervosinhos, a oposição, a OAB, as ONGs da cidadania e todas essas vozes estridentes que vivem panfletando bondades cívicas por aí?

Pois bem: no comício oficial e obrigatório de Réveillon, Dilma Rousseff denunciou – eles continuam denunciando – a existência de uma “guerra psicológica” para afugentar investimentos e desestabilizar a economia nacional. É muita modéstia do PT achar que alguém pode desestabilizar a economia melhor do que eles.

Que repelente contra investidores poderia ser mais eficiente do que um governo que mente a céu aberto sobre suas contas?

Que fabrica superavit e esconde dívida?

Que atropela a meta de inflação e tenta mascará-la amarrando preços de tarifas, que ninguém sabe quando e como serão liberados?

Que faz declarações ideológicas sobre a política monetária e cambial do Banco Central, ora baixando os juros no grito, ora jogando impostos na lua para tentar conter a fuga de dólares?

Qualquer guerra psicológica dos inimigos da pátria seria brincadeira de criança perto da lambança real dos amigos da onça.

Não é justo que a turma do valerioduto assista a essa orgia de trás das grades.

Pelo grau de tolerância do Brasil 2014, Dirceu, Delúbio, João Paulo Cunha (o Mandela brasileiro) e companhia são uns injustiçados.
Fonte: Época

IBRAM/TERRACAP/SEDHAB destroem a natureza na surdina.



Associação Park Way Residencial
SMPW Quadra 25 Conjunto 01 Lote 2B-CEP 71.745.501
parkwayresidencial@yahoo.com.br




Oficio PWR 87/2014                         Brasília, 16 de janeiro de 2014.


Ao IBRAM


A Associação Park Way Residencial vem, por intermédio deste Ofício, manifestar sua indignação com a pouca divulgação que foi dada pelo IBRAM à convocação dos moradores do Park Way para a Audiência Publica de apresentação e discussão do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA referente ao licenciamento ambiental do empreendimento denominado Setor Habitacional Park Way (apesar do nome trata-se de regularizar as ocupações irregulares instaladas nas areas de proteção permanente  do Park Way!(N.R.)

O convite, SMJ, foi publicado apenas no Diário Oficial, durante a época de recesso natalino, e só foi divulgado no site da Administração Regional do Park Way três dias antes do evento, por insistência de uma moradora do Park Way que tem o hábito de ler o DO.

Além disso, o material "colocado à disposição dos interessados" no site da TERRACAP é praticamente impossível de ser acessado pelo publico comum por exigir um sistema operacional sofisticado computorizado que poucos moradores do Park Way possuem.

Ademais, o horário marcado para a Audiência Pública -14 horas- bem como o fato de ter sido escolhido um dia da semana –quinta feira- parecem confirmar a impressão inicial de estar havendo por parte do IBRAM/TERRACAP/SEDHAB uma intenção proposital de dificultar o comparecimento dos moradores (que tem horário de trabalho a cumprir) à Audiência Pública.

Como é do conhecimento de Vossa Senhoria, a grande maioria dos moradores do Park Way é CONTRA essa iniciativa da TERRACAP/SEDHAB/IBRAM de regularizar as ocupações irregulares localizadas nas areas verdes do Park Way pelo fato das mesmas estarem  situdas em areas de  proteção permanente, sem respeitar sequer os 30 metros de afastamento dos córregos exigidos por lei.

Tendo em vista o que precede, considero apropriada a anulação dessa Audiência Publica e a convocação de outra, em horário e dia de semana mais apropriados, bem como a divulgação de amplo material sobre o assunto e que esse material seja elaborado de forma que o torne accessível e facilmente compreendido pelo publico do Park Way.

Reitero o pedido dessa Associação de moradores no sentido de que o IBRAM evite programar iniciativas-- sobretudo aquelas com potencial de extensa degradação ambiental- de forma tão pouco transparente.


Atenciosamente,


Flavia Ribeiro da Luz
Associação Park Way Residencial

Atuação do governo em 2013 pode ser resumida em "desastrosa".

Atuação do governo em 2013 pode ser resumida em "desastrosa", diz Schwartsman


Ex-diretor do BC não vê nenhum avanço, com o governo relutante em até mesmo admitir os seus erros (Divulgação/Bovespa)
 
SÃO PAULO - Insatisfeito com o governo petista, Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e um dos principais nomes, voltou a tecer críticas em relação a economia brasileira. Desta vez, o economista foi entrevistado pelo jornalista Wagner Vargas, do Instituto Millenium - um dos principais think tanks liberais do Brasil.

 Schwartsman afirmou que o governo Dilma foi "desastroso" em sua condução econômica: crescimento fraco, inflação alta e sem nenhuma perspectiva de melhoras. Pior ainda, ele não vê nenhum avanço, com o governo relutante em até mesmo admitir os seus erros - especialmente em ano eleitoral.

Eleição esta que não deverá trazer resultados - nenhuma reforma estrutural -, já que a expectativa de Schwartsman é que Dilma seja reeleita e continue com a política classificada como desastrosa. Com a reeleição garantida, a expectativa de Schwartsman é que Dilma pouco faça para mudar as suas políticas no futuro próximo.

Confira a íntegra da entrevista:

Wagner Vargas: Apesar de abaixo do esperado, o Brasil apresentou aumento da atividade econômica em 2013; atingiu a meta de superávit primário e o BC retomou a alta de juros e a inflação não fechou no teto. Qual sua avaliação de como a política econômica foi conduzida no ano passado?

Alexandre Schwartsman: Continuou desastrosa, não tem outra palavra isso. O país cresceu mais que no ano retrasado. Mas, em 2012, ele cresceu 1%, e ter crescido mais do que isso no ano passado, não chega a ser um mérito extraordinário. De qualquer forma, estamos falando de um ritmo de crescimento na casa de 2%, que também não é um valor que a gente possa se orgulhar. A inflação caiu, mas a gente sabe como: controle muito forte da taxa dos chamados preços administrados. Os preços ainda estão subindo forte, as medidas de núcleo de inflação não desaceleraram - pelo contrário, elas vieram acelerando - nem crescimento, nem inflação foram muito bons. E, francamente, a meta de primário, do jeito que foi cumprida, era melhor que não fosse. Se fosse para resumir em uma palavra a atuação do governo ano passado, seria esta: desastrosa.

WV: Houve evolução? Falta fazer algo mais específico?

AS: Acredito que há algumas. O governo deu muita cabeçada, apesar da condução da política macro que não teve evolução nenhuma e sim um retrocesso. O governo não pretende admitir seus erros, é muito claro que eles pretendem continuar neste curso. Já na questão das concessões, há uma melhora. Algo que começou muito torto e não está exatamente do jeito ideal. Mas, aparentemente, foram aprendendo ao longo do caminho, foram errando muito, agora estão errando menos. Porque não tem alternativa, tentaram fazer um leilão do jeito que eles queriam e foi um fracasso; no leilão seguinte já começaram a mudar um pouco, estão tabelando menos retorno, não é o ideal, mas temos que reconhecer que houve uma evolução na base da cabeçada mas, independentemente da origem, é bom que tenha uma evolução.

WV: Para o governo não há mudança da matriz macroeconômica (tripé), operando "estritamente dentro dos preceitos de meta de inflação, câmbio flutuante". Mas, o senhor e muitos analistas apontam o contrário, essencialmente, em relação à responsabilidade fiscal e à inflação, o que fez a presidente resgatar uma expressão da ditadura militar: "guerra psicológica". Por que tanta disparidade nas visões?

AS: O governo tem um legado político que ele quer defender e não vai admitir a verdade. A verdade é que ele abandonou o Tripé econômico [responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação]. Se ele não abandonou, está fazendo alguma coisa muito errada, porque a meta fiscal não foi atingida, a meta de inflação não foi atingida e o câmbio não flutua. Esta conversa de 'o tripé está mantido’ é da boca para fora. Rigorosamente, não guarda nenhuma relação como que se observa concretamente no campo da política econômica. Em relação ao câmbio, de alguma forma administrado, não totalmente, o Banco Central tem estado muito ativo, basta lembrar o quanto vendeu de Swap no ano passado, o quanto ele prometeu de vender na primeira metade deste ano.

O Banco Central em tempos atrás tentava trazer o câmbio para cima, agora está tentando trazê-lo para baixo. O primário [superávit], ninguém sabe o que é, se está na meta, o que de fato está acontecendo, porque a meta, em si, muda e a execução é um truque contábil em cima do outro. E a inflação está aí para todo mundo ver. O BC projeta, oficialmente, a inflação acima da meta até 2015. Não entregou em 2011, em 2012, em 2013 e não vai entregar a meta em 2014 e em 2015. Se o BC está perseguindo a meta, ele está fazendo alguma coisa muito errada, porque cinco anos para alcançá-la, não tem desculpa. Esta conversa de manutenção do tripé é uma conversinha para boi dormir. Na prática, temos um arranjo de política econômica bem diferente.

WV: Segundo o Ministro da Fazenda, os dados do superávit primário foram antecipados para acalmar os ânimos do mercado ou os "nervosinhos". No entanto, para fechar as contas, o governo tem se valido de estratégias classificadas ironicamente como "criativas". De que forma isso ocorre e como elas afetam a credibilidade, ainda que as metas tenham sido cumpridas?

AS: Não adianta, o governo tenta disfarçar com certas estratégias, mas, de uma forma ou de outra, há um conjunto de analistas do setor privado da imprensa que consegue perceber as manobras: 'fizemos 75 bilhões’, eles percebem que não fizeram. É "criativo" porque sempre aparece alguma coisa nova. Em 2012, de repente, apareceu uma receita do Fundo Soberano que salvou as contas, um dinheiro que, na verdade, não existe, tínhamos que saber como ele foi depositado. Ano passado, tivemos as receitas não recorrentes, especificamente o leilão do campo de Libra. Você faz o leilão apenas uma vez, não vai obter sempre a receita de R$ 15 bilhões, que foi ligada a isso. Houve uma receita de renegociação tributária, o Refis, de R$ 20 bilhões, que também não vai se repetir.

É como se uma família estivesse vendendo suas joias e contabilizando-as como renda familiar, o que não é verdadeiro, já que você tem um conjunto finito de joias da família. Além disso, os restos a pagar que aumentaram em 2013 e 2014, despesas que foram reconhecidas em 2013, mas que só serão quitadas em 2014. Desta forma, eles melhoram as contas de 2013 à custa de piorá-las em 2014 e, muito provavelmente, será feito o mesmo neste ano, é uma bicicleta. Este tipo de coisa eu não acho sustentável. Quando olhamos para a parte sustentável do que tem sido o superávit do governo, são números muito baixos, inferior a 1% do PIB. Certamente, há uma deterioração séria em relação à política fiscal do país.

WV: Mesmo contabilizando o aluguel de plataformas de petróleo (na maior parte, para a Petrobras) como exportação (US$ 7,736 bi), o Brasil registrou um saldo de US$ 2,561 bilhões, menor resultado desde 2000, quando houve um déficit de US$ 731 milhões. A que esse resultado se atribui essencialmente e até que ponto isso é culpa do contexto externo?

AS: O contexto externo, obviamente, não é tão bom quanto foi há alguns anos. Agora, vamos falar a verdade, 2013 foi melhor do que 2012 para o mundo como um todo. Jogar a culpa da balança comercial na ideia de que o mundo cresceu pouco, não é adequado. Apesar de baixo, ele cresceu mais do que em 2012. Então, se vê que tem algo de errado com este tipo de explicação. Uma série de países que, basicamente, exportam o mesmo tipo de coisas que o Brasil, commodities, estão observando o mesmo tipo de piora na balança de pagamentos que foi observada aqui. Mas, o problema do Brasil é muito simples. Estamos com uma economia que, de alguma forma, está restrita pelo lado da oferta, com uma taxa de desemprego baixa, crescimento baixo, então, não tem muito mais gente para entregar, crescimento baixo de produtividade. Você não consegue colocar mais gente para trabalhar e as pessoas que estão ativas no mercado não conseguem produzir o tanto que você precisa.

O governo dá estímulos à demanda, ao consumo, por meio de crédito, BNDES, gasto público, faz a demanda crescer, mas não consegue produzir. Consumir sem produzir, de alguma forma, isso precisa ser suprido. E isso acaba vindo do setor externo, importações maiores e exportações menores. Em última análise, aí está o motivo de termos piorado o desempenho. Uma economia que está operando próxima de seu potencial, entre outras coisas, como carência de infraestrutura. Tudo isso, explica o baixo crescimento da produtividade e o governo não percebeu isso ou, se percebeu, não tem adotado políticas que são condizentes com este tipo de cenário. O diagnóstico deste tipo de aceleração, de acordo com o governo, é que se trata de um problema de demanda. O meu diagnóstico e de um conjunto grande de economistas aponta que é um problema de oferta, a produção. É o mesmo que dar um antibiótico para alguém que não está com uma infecção, mas com uma doença autoimune, os resultados esperados não serão obtidos e isso que está acontecendo atualmente no Brasil.

WV: Mas é possível mensurar o quanto foi responsabilidade da gestão?

AS: A responsabilidade é total, o diagnóstico está errado, as políticas estão erradas. Não fomos nós que fizemos e propusemos as políticas erradas, foi o governo. Se ele adota políticas equivocadas e como consequência disso o país cresce pouco, a culpa, certamente, é de quem está conduzindo a política econômica. Por isso, eu vejo a condução da política econômica como desastrosa.

WV: Em 2013, o dólar subiu 15%, o Brasil registrou maior saída de dólares dos últimos 11 anos e o Fed anunciou corte de US$ 10 bilhões nas compras mensais de títulos para US$ 75 bilhões e afirmou que deve realizar mais cortes e isso impacta no real. Como o BC deve atuar no câmbio neste cenário? E, de fato, houve, no ano passado, "fuga de capitais"?

AS: Fuga de capitais não, obviamente o fluxo de recursos é negativo e não foi pouca coisa, mas é um processo natural. A perspectiva de aperto da política monetária nos EUA tem seu efeito. Em alguma medida, o fundamento estimula as pessoas a arremeterem, mas afirmar que está ocorrendo uma fuga de capitais no sentido clássico, seria, talvez, um pouco de exagero. Porém, não acredito que atuação do Banco Central tem sido correta, não. O BC justifica sua intervenção, afirmando que está tentando evitar volatilidade na taxa de câmbio. Não é verdade.

WV: Mas não tem funcionado?

AS: Ele tem conseguido segurar a taxa de câmbio. Mas vale lembrar que, em setembro, ela chegou a R$ 2,45. O BC vendeu um caminhão de dólar para manter a taxa abaixo de R$ 2,40. Está projetando vender outro caminhão, agora menor, para também segurar o câmbio. Isso não me parece uma medida destinada a reduzir volatilidade, mas sim para impedir a depreciação cambial, e eu acho isso equivocado, porque temos observado uma mudança de ciclo relevante na política monetária dos EUA e já começa a discussão sobre até que ponto isso vai acontecer em outros lugares do mundo. Redução no ritmo de investimentos monetário, o Fed já decidiu isso. Ainda não vai ser o momento de subida de taxa de juros lá. O cenário seria para lá de 2015. Mas os países desenvolvidos estão voltando a crescer e, à medida que isso acontece, eles vão precisando de menos estímulo monetário e os governos vão reduzindo isso. O que significa diretamente o fortalecimento do dólar, da libra. Em relação à União Europeia, acho que está longe disso, daqui a uns dois ou três anos, talvez. Se essas moedas estão se fortalecendo, o natural seria que o real se depreciasse, não se deve lutar contra isso.

WV: Mas por que que o BC luta contra isso?

AS: Porque ele "perdeu a mão" da inflação chegando muito perto do teto da meta, então, qualquer depreciação da moeda ameaça a inflação. É, na verdade, o pau que nasce torto. A inflação está torta e tentam corrigi-la, não pela política monetária, mas pela política fiscal, também via câmbio, via controle de preços etc. Troca o pé da dança, trocou o pé esquerdo, trocou o direito, troca pelo esquerdo e assim por diante. Mas este pé trocado é que tem levado esta política macroeconômica confusa.

WV: Você citou esta questão de estarmos com "o pé trocado" em algumas áreas. Um ministro da Fazenda presidindo o Conselho da Petrobras pode causar um conflito de interesses entre instituições, já que o reajuste no combustível, vital para melhorias no caixa da empresa, tem impacto inflacionário. Como uma situação destas pode ser evitada? Isso impacta na credibilidade das instituições do país?

AS: Certamente, tem ocorrido problema. Todo mundo sabe da defasagem de preços da Petrobras. Por conta do controle de preços de combustível, a companhia está sangrando caixa, ela está comprando petróleo e derivados a preços maiores do que ela pode vender aqui dentro, uma política ruinosa para a empresa. Agora, o presidente do Conselho da empresa é o Ministro da Fazenda que está com a inflação perto do teto da meta, então, a governança de maneira geral não é boa. Acho que este arranjo está se tornando complicado do ponto de vista da governança. Algo que poderia ser resolvido, se o BC cuidasse da inflação e ela seria problema do BC, não da Fazenda. A Petrobras tem que se comportar como uma empresa privada, então, subiu o preço do insumo, se sobe o preço do produto, como uma empresa em qualquer lugar. Subiu o preço do trigo, o pão fica mais caro, caiu o preço do trigo, o pão fica mais barato, não deveria ser diferente disso.

WV: O que esperar de 2014? Qual a possibilidade de que sejam feitas reformas estruturais sérias em um ano eleitoral (que dificulta a subida da Selic) atípico como este de Copa do Mundo?

AS: Possibilidade zero, não tem a menor chance disto acontecer. Não pela dinâmica política interna. Ok, tem a Copa do Mundo, tem eleição, mas o ponto é que a população não dá a mínima para isso. A preocupação do governo é ganhar a eleição e ele não vai ganhá-la com uma reforma previdenciária ou falando de reforma tributária, um tema árido que ninguém entende. Redução de impostos não é um tema político, ainda, no Brasil. O governo não tem os incentivos políticos para fazer isso nem convicção.

WV: Mas há incentivo político para o governo?

AS: Manter o status quo, se o povo estiver consumindo, mesmo que seja importando, está feliz. O PIB, vamos falar a verdade, é uma abstração, tem importância política na semana seguinte que sai o número baixo. Mas, no dia a dia das pessoas, é algo muito distante da realidade delas. Não é o que interessa. Em hipótese alguma, vai haver mudança de rumo ou adoção de reformas que possam levar a um crescimento mais rápido, como: mais produtividade, concorrência, maior abertura comercial, redução e simplificação de impostos, racionalização de gastos. Tudo isso é muito bonito, mas não dá voto para ninguém, então, não vai acontecer.

WV: Qual seria a "herança econômica" para o governo que assume em 2015?

AS: Em 2015, muito provavelmente, o governo vai ser reeleito. Para que ele vai mudar o rumo daquilo que o elegeu? A não ser que ocorra alguma pressão externa, alguma crise. Eu não vejo um cenário de crise que leve a uma alteração da política econômica neste sentido. Estamos presos a esta política econômica, estamos casados com esta política por um período bastante longo. O cenário de 2014 deve ser crescimento ruim, parecido ao que foi no ano passado, na casa de 2%, talvez, um pouco mais. Inflação ainda alta, balança de pagamento pressionada.

Basicamente, o triunfo da mediocridade, a mediocridade impera no Brasil. Se você se reelege assim, para que balançar o barco?

WV: Partindo para o campo das ideias, qual a importância dos think thanks, como o Instituto Millenium, o Instituto Liberal? O senhor acredita que o "ataque" no campo das ideias seja eficaz para fortalecer o arcabouço institucional e a formulação de políticas econômicas mais prósperas e responsáveis?

AS: É importante, mas, vamos falar a verdade, o público para isso ainda é bem reduzido. 
Pouquíssimas pessoas estão interessadas neste tipo de coisa -- a população, em geral, mesmo os experts em economia. É importante divulgar a mensagem e, talvez, em alguns anos a gente consiga mudar este estado de coisas, mas, hoje, a ressonância do que a gente fala é muito baixa.

A população não está preocupada com isso, não é uma mensagem que, hoje, tenha a ressonância necessária, quem sabe daqui a um tempo mude. É importante que tenha os think thanks, mas temos que ter em mente que, por conta da história política do Brasil, da nossa formação econômica, a mensagem liberal em momento algum teve muito espaço no país e acho que ainda vai demorar muito tempo para isso acontecer, mas não é para desistir, é para ter em mente que não vamos mudar este jogo tão já.
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Entre investimento e renúncia, governo coloca R$ 750 mi em estádios da Copa.



Aiuri Rebello Do UOL, em Brasília


O governo federal coloca nas 12 arenas que recebem jogos da Copa do Mundo -- que começa dia 12 de junho no Brasil --, nos CTs (Centros de Treinamento) das seleções, nos campos de treino oficiais da Fifa nas cidades-sede e em reforma de estádios no geral pelo menos R$ 750 milhões durante a preparação para o Mundial, ao contrário do que afirmou a presidente Dilma Rousseff em Cadeia Nacional de Rádio e Televisão durante as manifestações que aconteceram em todo o país durante a

Copa das Confederações, em junho do ano passado.

Na ocasião, a presidente disse em discurso oficial que não havia dinheiro federal aplicado na preparação de estádios para a Copa, somente empréstimos feitos pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

Levantamento feito pela reportagem com ajuda da Associação Contas Abertas e informações do Ministério do Esporte mostram que, apenas de investimento direto nos 83 CTs presentes no catálogo oficial da Fifa oferecidos como bases para as seleções da Copa e em outros estádios e campos de futebol excluídos da lista antes da versão consolidada, o governo federal gasta pelo menos R$ 233 milhões. Destes, R$ 149 milhões em locais que não serão usados na Copa, como mostrou o UOL Esporte na semana passada.


Ao incluirmos nessa conta a renúncia fiscal do Recopa -- programa especial da União que prevê uma série de isenções de impostos às empreiteiras para a construção dos estádios da Copa --, estimada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) em R$ 329 milhões, e os R$ 189 milhões que o BNDES deixará de ganhar com os juros reduzidos cobrados nos empréstimos aos consórcios e governos estaduais para construção dos estádios do Mundial de futebol (também nas estimativas do TCU em 2013), chegamos ao valor de pelo menos R$ 750 milhões investidos em estádios e campos de futebol para a Copa.


Se ainda considerarmos que a Terracap, empresa estatal do Distrito Federal por meio da qual o governo do DF construiu o estádio Mané Garrincha em Brasília, é 49% de propriedade da União, a conta sobe ainda mais, conforme revelou o UOL Esporte em junho do ano passado. Em valores atualizados a arena, a mais cara do Mundial, está em R$ 1,7 bilhão, de acordo com dados do TC-DFT (Tribunal de Contas do Distrito Federal e Territórios) -- R$ 1,4 bilhão já gastos e outros R$ 300 milhões em obras complementares e no entorno que ainda não foram iniciadas.
Todo o valor é pago pela Terracap. Assim quase metade desta quantia, ou cerca de R$ 850 milhões, seria de responsabilidade do governo federal. Somado com os R$ 750 milhões já calculados, chega-se ao valor de R$ 1,6 bilhão de dinheiro do Tesouro Nacional investido em estádios e campos de futebol no ciclo de preparação para o Mundial da Fifa.

Comparação

Em 2013, o Ministério do Esporte separou um orçamento de R$ 183 milhões -- não inteiramente executado e com repasses atrasados, conforme mostrou o UOL Esporte -- para o Programa Bolsa-Atleta, que concede ajuda financeira para que atletas profissionais em modalidades olímpicas possam treinar. Foram 5.691 atletas beneficiados no ano passado, com bolsas que vão até R$ 3.100. Para 2014, o Bolsa-Atleta tem reservados no orçamento federal R$ 181 milhões. Com apenas os R$ 233 milhões que o governo federal gasta diretamente em CTs e campos de futebol Brasil afora, seria possível atender pelo menos mais 7.200 atletas com as bolsas em média, mais que o dobro da quantidade atual.

Daria também para construir 70 Centros de Iniciação ao Esporte iguais aos anunciados pelo ministro Aldo Rebelo em dezembro do ano passado. Os centros, que serão construídos em 263 cidades do Brasil, tem um custo entre R$ 3 milhões e R$ 3,6 milhões por unidade. Os locais possuem ginásios e quadras poliesportivos, além de equipamentos esportivos específicos para 13 modalidades olímpicas: atletismo, basquete, boxe, handebol, judô, lutas, tênis de mesa, taekwondo, vôlei, esgrima, ginástica rítmica, badminton e levantamento de peso.

Seis modalidades paraolímpicas (esgrima de cadeira de rodas, judô , halterofilismo, tênis de mesa, vôlei sentado e goalball) além do futebol de salão também poderão ser praticadas nos centros, de acordo com o Ministério do Esporte. Apenas em 2013, o governo federal gastou ou empenhou no mínimo R$ 99 milhões com os CTs da Fifa -- ou mais da metade do valor orçado para o Programa Bolsa-Atleta.

'Legado para a população'

O Ministério do Esporte afirma por meio de sua assessoria de imprensa que não é verdadeira a conclusão tirada pela reportagem. "É missão do Ministério do Esporte fomentar a prática esportiva e aprimorar os equipamentos públicos esportivos em todo o território nacional", diz a nota enviada ao UOL Esporte. " Por isso foram destinados recursos aos locais candidatos a Centros de Treinamento de Seleções. São equipamentos públicos, em especial em localidades que não são sedes do Mundial, e que ficarão de legado para a população, dentro do conceito de nacionalização dos benefícios da Copa do Mundo. Não são, portanto, estádios para a Copa".

Sobre a renúncia fiscal do Recopa e os juros favoráveis do BNDES às construtoras dos estádios, o governo afirma que é papel dele oferecer condições favoráveis pois trata-se de um banco de fomento à economia, e "isenções fiscais e financiamento não podem ser considerados gastos, porque alavancam geração de empregos e desenvolvimento econômico e social, com consequente aumento na arrecadação. Inúmeros segmentos produtivos, em todo o país, são beneficiados". De acordo com a Matriz de Responsabilidades do governo, os 12 estádios da Copa estão com um custo total estimado em R$ 8 bilhões. Destes, R$ 3,9 bilhões financiados pelo BNDES.

"O governo federal reafirma que não há recursos do Orçamento da União na construção ou reforma das 12 arenas da Copa do Mundo, como declarou a presidenta da República, Dilma Rousseff, em pronunciamento feito no ano passado", termina o Ministério do Esporte.
RR ganha R$ 99 mi para reformar estádio para ser CT durante a Copa mas seleções deixam local de fora

Uma obra de reforma e ampliação do estádio Flamarion Vasconcelos, na cidade de Boa Vista, capital de Roraima, está sendo executada pelo governo estadual com recursos do governo federal a um custo previsto de R$ 100 milhões. Este é o valor estimado para transformar o Canarinho, como é conhecido o estádio com capacidade para 8.000 pessoas construído em 1975, em uma arena moderna para 10 mil pessoas e enquadrada nos padrões de qualidade da Fifa, para que o estádio possa concorrer a ser sede de treino e aclimatação de uma das 31 seleções que virão disputar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

"A Davos só vai quem procura promoção pessoal".

Simpatias em Davos para o azar não crescer - MARCO ANTONIO ROCHA

O Estado de S.Paulo - 16/01

No último artigo escrito para esta página (19/12/2013), sugeri que o maior desafio que a presidente Dilma Rousseff tem pela frente talvez não se resuma em ser reeleita, e, sim, na obrigação de bem conduzir o Brasil a partir de 2015. Esse desafio tem grande probabilidade de tornar sua reeleição uma vitória de Pirro e de levar o seu segundo mandato ao desastre. O pior é que uma boa parte do que possa dissipar o nevoeiro da economia e da política, no horizonte pós-eleitoral, depende mais da sorte do que da presidente e da equipe do governo.

Dilma parece ter percebido que a sorte precisa lhe sorrir - como sorriu em 2008 para o seu antecessor e padrinho - e decidiu embarcar para Davos, na Suíça, na semana que vem, à frente de luzida equipe de governo.

O Fórum Econômico de Davos tornou-se, ao longo de anos, o maior palco de exibição, de negociação, de consultas ou de simples auscultação da nata do capitalismo privado mundial e da nata dos administradores de políticas públicas dos governos mais poderosos. No seu tempo, Lula estimulou, do Brasil, a realização de um outro fórum, no mesmo local, um fórum de desenvolvimento social, arrebanhando lideranças de "movimentos" os mais diversos. É difícil de saber exatamente o que de proveitoso resultou daquilo, mas, aparentemente, nada.

A presidente Rousseff nunca se importou com Davos nem compareceu nos três conclaves realizados durante o seu mandato. Ao que parece, estava mais empenhada e preocupada com a extinção da miséria do que com a promoção da riqueza. Mandava representantes. Um deles, o eminente ministro Antonio Patriota, tentou justificar a ausência de Dilma dizendo que "a Davos só vai quem procura promoção pessoal".

Supomos, então, que neste "4.º Davos" do seu mandato ela tenha resolvido "procurar promoção pessoal". Tanto assim que o sr. Antonio Patriota não vai - provavelmente para não fazer sombra.

Mas, longe de apenas promoção pessoal, o que ela vai procurar é promoção para o seu governo, seus ministros e para o Brasil em geral. Em resumo, vai dizer para os ouvidos capitalistas do mundo ali reunidos aquilo que Stephen Zweig dizia nos anos 30: que "o Brasil é o país do futuro!". Vai procurar provar que é um grande equívoco a desconfiança em relação ao Brasil e seu futuro, que tem tido espaço na imprensa e em muitos ambientes de negócios internacionais - inversamente ao que aconteceu no segundo mandato de Lula, quando o Brasil chegou a ser quase um xodó dos fazedores de dinheiro em proveito próprio -, e que aqui é que realmente pode estar o novo eldorado capitalista, e não na China ou nos países árabes.

Como uma Branca de Neve de vermelho, levará consigo alguns dos mais sábios dos seus anões, que tentarão convencer os "nervosinhos" e "pessimistas" do mundo inteiro de que as incongruências e inconsistências de política econômica interna, nos resultados fiscais, monetários, creditícios e fiscais - causadores de pressões inflacionárias, insegurança entre investidores e incertezas na população -, são apenas naturais e "parte do processo".

Ao Mestre, por exemplo, caberia explicar que "contabilidade criativa" é um novo olhar sobre a realidade, e esta é muito saudável. Ao Feliz incumbiria falar do perfeito estado do Tesouro; ao Soneca, dos rumos do PAC; ao Dunga, dos transportes. Branca de Neve dirá que não teme o Lobo Mau.
A missão é da maior importância, pois, no SMD (Segundo Mandato Dilma), a economia brasileira precisa retomar uma taxa de crescimento decente e sair deste brejo do PIB do PMD (Primeiro Mandato Dilma). A retomada exige forte aporte de investidores privados internacionais, já que os nacionais estão curtos de grana e do superávit primário do governo pouco se espera, pois só existe na "contabilidade criativa".

Erva-de-bicho, guiné, arruda-macho, espada-de-são-jorge, tudo fervido em 3 litros d'água. E muita fé.