domingo, 16 de fevereiro de 2014

A campanha mais podre de todos os tempos


Número 92, Fevereiro 2014     Rede Brasil Atual

Gabriel Priolli


Para o jornalista, preconceitos de classe estão aflorados e os meios de comunicação têm grande responsabilidade na radicalização do ambiente político 
 
por Vander Fornazieri publicado 16/02/2014 13:05
vander fornazieri/rba
Gabriel Priolli
A partir de 2003, todos os preconceitos de classe possíveis e imagináveis afloraram e se solidificaram contra o Lula
É difícil encontrar uma redação onde Gabriel Priolli não tenha trabalhado. TV, jornal, revista, ele passou pelas mais importantes, exercendo variadas funções, inclusive a de editor do Jornal Nacional, da Globo. 

Atuou na imprensa alternativa e foi peça importante na criação de campanhas e programas de TV históricos para o PT de mais de duas décadas atrás e, desde então, acumula experiência em 17 campanhas políticas para diversos partidos e candidatos. Hoje está à frente do blog Apriolli, no qual escreve sobre temas políticos e culturais do país.

Priolli começou como estagiário da TV Cultura, onde ficou até 1980, quando houve demissão em massa de jornalistas promovida pelo governador Paulo Maluf, empossado pelos militares em 1979. Amargou uns tempos de geladeira, às voltas com o preconceito dentro do meio jornalístico contra os profissionais de TV – “acusados” de não saber escrever. Meses depois conseguiu uma cobertura de férias na Folha de S. Paulo, e foi bem. Desmontou o preconceito e emplacou matéria de capa. 

Começou a fazer cobertura de TV para o caderno Ilustrada, que ninguém gostava de fazer. Mas era tudo o que ele queria. Era a possibilidade de se firmar escrevendo e refletindo sobre uma mídia que não tinha interlocução.

Aliás, segundo Priolli, o grosso do que se escreve sobre televisão, ainda hoje, é de um grau de estupidez abissal. “Você fica pasmo de ver a ignorância das pessoas em relação ao que é televisão. Existe a presunção de achar que ela é uma máquina de estupidificar feita por gente estúpida.”


Quais programas você mais acompanhava como crítico?

Cobria tudo. Assistia muito ao Chacrinha e vi o surgimento do Gugu, na época cotado para ser sucessor do Silvio Santos. Falei do papel de renovação e do debate de temas tabus das séries que a Globo começou a produzir, como Malu Mulher, Carga Pesada, Plantão de Polícia. 

Acompanhei a última novela da Janete Clair (1925-1983), Eu Prometo, que teve texto finalizado por Glória Perez. Peguei também toda a emergência do vídeo independente, um movimento importante para a televisão e para mim. Eram meus amigos na TVTudo, Olhar Eletrônico, TViva, Vídeo Verso.

Como aconteceu seu trabalho dentro do PT?

Lembro bem da primeira campanha do partido, em 1982, quando ele entrou com aquela linha obreira: “Trabalhador vota em trabalhador”. E em 1984 me aproximei da área de comunicação. Um grupo de colegas fez um programa muito criativo para a TV. 

Escrevi comentário na Folha, o que era incomum para a época. Acharam o texto pertinente e me convidaram para trabalhar. De repente, estava fazendo a campanha do Eduardo Suplicy para a prefeitura de São Paulo, em 1985, com o Carlito Maia e o Chico Malfitani. 

Foi aquela do “experimente Suplicy”. Em 1986 esse grupo rachou. Acabei ficando para fazer a campanha do Suplicy para o governo do estado. Foi horrorosa. As campanhas do PT sempre foram conturbadas. Eu acreditava numa linha mais orgânica, de afinidade entre a política e a comunicação. 

Mas acabou descolando completamente a ponto de botarem as campanhas nas mãos de publicitários. Depois de ter trabalhado os anos 1980 inteiros para o PT, como militante, vendo o partido admitir o ingresso de profissionais de linhas políticas até opostas para fazer suas campanhas, eu peguei minha experiência acumulada e fui trabalhar com comunicação política. Aprendi nesses 30 anos que a decisão de voto é essencialmente emocional.

As propagandas eleitorais estão niveladas?

Hoje todo mundo faz a mesma coisa, com diferenças de estilo aqui ou ali. Propaganda de direita no sentido clássico: escondem-se defeitos, mostram-se virtudes. Há basicamente um apelo emocional ao eleitor no sentido de sensibilizá-lo, de tocá-lo, para depois municiá-lo com argumentos racionais para sustentar, no debate político, a opção feita pelo coração. A propaganda não faz o eleitor concordar com as posições do candidato, mas gostar dele.
Como realizar um debate sério sobre reforma política sem tocar nos monopólios da comunicação? Que diabo de reforma política há de ser essa que não venha acompanhada, ou precedida, de novas regras para o setor?
Para onde vai o belicismo que se vê no cenário político?

Acho que este ano teremos a campanha mais podre de todos os tempos. O ano de 2010 bateu recordes de baixaria, mas vai ser café pequeno comparado ao que nos espera. É lamentável o que acontece e a responsabilidade da mídia é muito grande. 

Até o governo Lula (2003-2010), a imprensa mantinha uma vigilância crítica, mesmo porque, do ponto de vista de classe, os governos anteriores eram seus, defendiam seus interesses, inclusive os da ditadura. As críticas eram pontuais, na forma. Mas a partir do governo do PT, houve uma mudança total. 

Por mais que o governo fosse moderado, muito mais tendendo ao centro do que à esquerda, sempre disposto a flexibilizar e a fazer concessões, ainda assim há uma reação radical de não aceitá-lo. Todos os preconceitos de classe possíveis e imagináveis afloraram e se ­solidificaram contra o Lula. É porque é pobre. É porque é operário. 

É porque é nordestino. É porque não tem dedo… 

Isso contaminou a visão que se tinha do presidente?

Sim, e também a leitura do governo que se fazia. A mídia embarcou na onda neoconservadora internacional. Nos Estados Unidos, os veículos de direita, tipo Fox News, sustentaram que Barack Obama era socialista, marxista. Uma loucura sob qualquer aspecto. Imagina se um dia eles realmente tiverem um presidente de esquerda o que vão falar.

Foi nesse momento que se soltaram as rédeas dos analistas sem pudor nem limites, que no passado eram moderados?

Houve favorecimento e incentivo a esse tipo de gente e a essa conversão de comportamento. Todos os que fizeram, e continuam fazendo comentários de direita, foram e seguem sendo premiados. No lado oposto, o daqueles profissionais que tinham posições contrárias, houve repressão. Aconteceu um expurgo da esquerda nas redações e triagem ideológica nas novas contratações. 

Os jovens que foram ingressando têm majoritariamente pensamento conservador. Montou-se uma uniformidade ideo­lógica nas redações.

Se existia uma coisa rica na imprensa nos anos 1970, era exatamente a diversidade ideológica. Tinha a “direitaça”, gente ligada aos órgãos de repressão, e tinha gente que participou dos grupos armados de esquerda. Era um saco de gatos. 


Correntes democráticas, correntes revolucionárias. Isso era muito rico. Nunca tive, até o governo Lula, qualquer constrangimento dentro de qualquer redação por causa de posição política. Nunca dei atestado ideológico para quem quer que fosse. E ninguém queria saber se você era ou não petista ou tucano. 

Hoje está tudo mudado. Cheguei a ser censurado em artigos que me convidaram a escrever, ou porque não batiam com a posição patronal ou porque tocavam em assuntos tabu, como a regulação da mídia.

Você acredita que exista alguma chance de acontecer no Brasil o que se fez na Argentina, com a Lei de Meios?


Chance sim, mas depende de a presidenta querer levar esse debate adiante, de entender que não é possível fazer a reforma política que ela diz querer fazer sem antes enfrentar a regulação da mídia. Como é possível realizar um debate sério sobre reforma política sem tocar nos monopólios da comunicação? 

Que diabo de reforma política há de ser essa que não venha acompanhada, quem sabe precedida, de uma pactuação de regras para o setor? A gente vai levar adiante esse despudor completo de grupos econômicos utilizarem veículos de comunicação em campanhas descaradas? 

Para voltar a ter um mínimo de paz social e política, a gente deve ter padrões de moderação e ética. Isso tem de ser regulado e tem um projeto lá na gaveta da presidenta.

Houve ingenuidade do Lula em relação à mídia?


O Lula sempre teve a crença de que é possível ter debate, diálogo, negociar. Isso baseado na própria experiência dele. Antes de ser presidente, ele virou uma estrela mundial graças à forte exposição na imprensa. Pilotava rebeliões sindicais, era peça importante no xadrez político. Isso era do interesse da elite. 

E teve relações com os donos da mídia. Ele tinha uma visão, não posso dizer que era ingênua, mas equivocada, de que a partir de certo ponto as contradições de classe não seriam tão fortes a ponto de obstruir seu governo. 

Acho que hoje ele tem uma visão mais dura sobre essa possibilidade de diálogo franco e convivência democrática com a imprensa. A imprensa abdicou da postura democrática e conscientemente se partidarizou. 

Virou defensora de agremiações que defendem um ideário específico de classe. À medida que essas agremiações foram se desidratando politicamente em sucessivas derrotas eleitorais, ela passou a ter protagonismo e controle político da oposição. Hoje quem formula as políticas de oposição e as críticas é a imprensa. Os partidos apenas as sustentam e repercutem.

Mesmo assim as vitórias eleitorais, com exceção do ­estado de São Paulo, não acontecem. O povão não acompanha a grande imprensa?

Exatamente. Ao contrário do que pensa a elite brasileira, o povo vota sempre em quem acredita que defende seus interesses mais diretos e objetivos. Se há uma crítica que ainda se possa fazer ao voto popular é que é um voto pouco político. 

Mas a ideia do eleitor manipulado vai ficando para a história. O eleitor vota nos seus interesses e a mídia dialoga com o eleitor de uma forma muito estúpida. Não conversa com a mentalidade da grande massa. Ela dialoga consigo mesma, com seus pares, com seu ideário de classe média e de elite. 

São temas limitados, cheios de preconceito e que não ecoam. Há 60 anos eles acham que o tema da corrupção é central no debate político do país e que isso define eleição.
A política é um terreno em constante disputa. Não há espaço vazio. Em junho foi todo mundo para rua, os organizados e os desorganizados, direita e esquerda. A única coisa unitária entre esses grupos é que eles estavam no mesmo lugar na mesma hora. A mídia constrói o discurso para justificar ou combater alguma política ou ação.
Corrupção da qual eles fazem parte…

(risos) Nem vou entrar nessa discussão. É a ideia de que o mar de lama possa ter rentabilidade eleitoral. Porque eles ganharam com esse discurso com o Jânio Quadros (eleito presidente em 1960, renunciou no ano seguinte) e depois com o Collor (Fernando Collor de Mello, eleito em 1989, sofreu impeachment em 1992) acham que sempre funciona quando lhes interessa. 

Mas de repente temos uma situação política nova, com expansão de programas sociais, que o cidadão olha e pensa “antes não tinha, agora tem”. Foi o Lula. Aí entra a subjetividade do voto e o Lula tem identificação imediata com o povão.

Há, então, fragilidade na imprensa?

Não, essa é uma análise equivocada de esquerda. A mídia tem muita força. Tem capacidade de difusão, de diálogo, de atingir toda a população que a mídia alternativa não tem. Ela tem capacidade de influir numa série de temas, mas não tem controle nem comando. 

A mídia leva ideias para reflexão das pessoas­. Umas são admitidas, outras não. O descarte da maioria das ideias explica as derrotas que vem sofrendo. E porque não ganha nas urnas mantém posições radicais permanentes, o que provoca insatisfação progressiva em setores da elite, que vão se fascinando com saídas como a judicialização da política. 

Já que não conseguem ganhar o governo, desqualificam a política como um todo e tentam levar todos para a cadeia.

Da primeira eleição do Lula para cá, a internet cresceu e está no celular de todo mundo. Você acredita que ainda há espaço para o jornalismo impresso?

Se o jornal está impresso ou disponibilizado num portal tanto faz, é o mesmo jornal. O impresso está perdendo espaço, mas a instituição jornal está sólida na sua capacidade de influir no debate nacional. 
As empresas jornalísticas ainda não conseguiram se recuperar financeiramente da perda que tiveram com a mudança do seu modelo de negócio. 

Mas é questão de tempo. Pesquisas indicam que cerca de 90% do conteúdo que circula nas redes e é recirculado pelos usuários ainda é gerado pela imprensa tradicional.

Como se resolvem as limitações de conteúdo e alcance da mídia alternativa?

Não se resolve dentro do atual modelo. Reportagem precisa de duas coisas: acesso e dinheiro. Custa caro, é preciso que as pessoas se desloquem. O modelo atual de financiamento historicamente se apoia na publicidade. 

O conceito de mídia técnica, em que o dinheiro vai para os veículos de maior circulação porque o anunciante está interessado em ter exposição a mais gente, é baseado numa ideia falsa. O governo é um dos anunciantes que se iludem com esse argumento. O modelo não resiste a uma análise mínima. 

Há muito investimento publicitário que tem clara natureza política. Durante o governo Fernando Henrique, foi feito um estudo que classificou a Veja como “grande partido neoliberal” tamanho o fluxo de dinheiro carreado para a revista sustentar e difundir o ideário neoliberal. 

Havia um claro descolamento entre a quantidade de verbas publicitárias e a circulação do veículo. A mídia alternativa, de esquerda, que critica o capitalismo, não cabe nesse modelo. O capital vai financiar esse tipo de debate público? Não vai mesmo.

É um círculo cínico...

É hipócrita o argumento que de que a imprensa de esquerda é incompetente porque não consegue circular e falar com a massa, só fala com o guetinho, então não consegue financiamento publicitário privado e fica pedindo dinheiro para o governo. 

Nunca ela vai conseguir esse financiamento. A Revista do Brasil, por exemplo, tem uma circulação magnífica comparada à imprensa comercial, e certamente não tem por trás alguma grande empreiteira, não tem fila de anunciante pedindo espaço.

Ainda assim, o governo é hesitante em investir na mídia alternativa.

O governo não tem política clara de comunicação, pensada à luz do que significam esses três últimos governos dentro da experiência histórica brasileira, quais são seus alinhamentos, suas metas e sua efetiva base de sustentação.

Também não há política de comunicação pactuada com os segmentos da sociedade, dentro ou fora do PT, que lutam pela democratização da comunicação. Então, que tipo de comunicação o governo deve ter e quais as relações que ele deve estabelecer com o mercado de comunicação instituído? 

Está se seguindo  uma visão conservadora, atrasada, com base nos critérios da chamada mídia técnica, que eu reitero não serem sustentáveis. Há uma impossibilidade em termo, não há mídia puramente técnica. Toda mídia é política.

Mas houve alguns avanços.


Houve esforços durante o período Lula que levaram à fragmentação de parte da verba publicitária entre veículos menores. O que é classificado pela grande mídia como cooptação. Quer dizer, se você põe grana num grande veículo você está fazendo mídia técnica, se você põe num pequeno, está comprando.

Como está a TV pública no Brasil?

Essa só apanha. É agredida, prostituída e violentada o tempo todo. No Brasil há uma inversão de valores. Aqui o público não é aquilo que é de todos. Aqui o público é o que não é de ninguém. Isso vale tanto para o posto de saúde como para a TV. 

Mas como as pessoas precisam mais de posto de saúde do que de televisão, a TV pública sofre. Embora esteja definido constitucionalmente um modelo de TV tripartite (comercial, pública e estatal), ele não é implementado. Existe um lobby privado que encontrou um discurso confortável que associa qualquer iniciativa a favor da mídia pública à ideia de censura. O governo simplesmente não enfrenta essa discussão.

A TV Cultura tem sido um caso à parte?

A mídia pública, financiada com dinheiro público, estatal inclusive, pertence a todos e não é simplesmente o contraditório da mídia privada. É a mídia de toda a sociedade. Seu compromisso é com a pluralidade. Tem de ter todo mundo, para que eles debatam e você tenha uma visão mais enriquecida. 

A mídia estatal também deveria ter esse compromisso, embora seja natural que ela tenha a mentalidade do grupo que está à frente do Estado. A gente tem algumas tentativas de fazer TV de qualidade,  equilibrada, que pena com a falta de recursos. 

Por outro lado, temos a instrumentalização descarada de meios públicos para fins políticos partidários. Isso fica mais clamoroso aqui em São Paulo com a TV Cultura, principalmente se a compararmos com o que ela foi há alguns anos. O governante olha para a televisão pública e pensa: “Se eu tenho de pôr dinheiro eu quero usar”.

Você voltou a trabalhar na TV Cultura, por alguns dias, em 2010. Sua saída foi pedido do Serra?

Acho que nem precisou. Estava tão disseminada a ideia de que a Cultura é instrumento de governo, que veicula apenas o que lhe interessa, que a reação a uma pauta sobre aumento do preço dos pedágios veio da Secretaria dos Transportes, da assessoria de comunicação: “Como vocês pautam um assunto desses?”. 

Pra mim, argumentaram que houve quebra de confiança. Eu havia pautado um assunto sensível sem comunicar à direção da fundação. Como diretor de Jornalismo eu ignorava que pauta sobre pedágio fosse sensível à direção da casa. Poderia o ser ao governo do estado e particularmente ao seu candidato. Posso afirmar que minha demissão foi um ato de censura. Tem assuntos que não podem ser tratados na TV Cultura. Isso eu acho inaceitável. 

A TV pública não pertence ao governo. O governo tem de pagar a conta e não pertence a ele. Quem manda é a sociedade, por meio de um conselho. Mas qual é a pluralidade que esse conselho tem se é composto por pessoas invariavelmente ligadas à linha de pensamento do grupo que governa o estado? Então vale somente a vontade do governador. 

Só é presidente da TV Cultura quem o governador admite que seja. Tanto que, em 50 anos de existência da emissora, nunca houve uma disputa de chapa para a direção. 

Como é no governo federal?

Na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) está se tentando, a duras penas, um processo mais democrático, com um conselho mais plural, que tem participação mais crítica. O presidente ainda é indicado pelo governo, mas ele já avança no caminho de uma democratização maior. 

Mas estamos muito longe de um modelo de TV pública onde a sociedade, de fato, dê as regras.

Mas esse debate não existe.

Não, não existe. Na mídia privada ele é vetado. Nas vezes em que aparece é enviesado. Se a TV é de um governo amigo, é um debate de cultura, educação. Se é de um governo inimigo, é tentativa de fazer propaganda.


O que você assiste na TV aberta?

Assisto futebol e novela. Às vezes assisto ao telejornal para saber como estão desinformando um assunto específico. Existe uma partidarização evidente do noticiário. Não dá para dizer que seja uma coisa nova, mas nunca se fez isso nessa escala e desfaçatez.

A cobertura do que acontece na rua é justa?

A tecnologia empoderou o cidadão de meios técnicos para fazer a circulação de informação. A cobertura do que acontece nas manifestações de rua vem da própria rua. 

Se você pegar os relatos, fotos e vídeos colocados na internet você tem uma leitura muito mais rica do que a representação fornecida pela imprensa formal. A possibilidade de equilíbrio informativo hoje é dada pela internet. A grande imprensa não fala mais sozinha. Tudo que ela diz é contraditado num grau inédito.

A mídia tenta pautar os movimentos?

Sim, mas quando ela não tentou, ainda mais agora que ela tem um partido? A política é um terreno em constante disputa. Não há espaço vazio. 

Em junho foi todo mundo para rua, os organizados e os desorganizados, direita e esquerda. A única coisa unitária entre esses grupos é que eles estavam no mesmo lugar na mesma hora. 

A mídia constrói o discurso para justificar ou combater alguma política ou ação.

As pesquisas que confundem os animais

  Diário do Poder


Pedro Valls Feu Rosa 


Publicado: 16 de fevereiro de 2014 às 22:07



Chico Kafka da Silva é um hipocondríaco fanático, daqueles que se acham muito doentes e passam o dia todo lendo pesquisas sobre saúde. Ele leu uma do “Medical College” da Georgia (EUA) dizendo que cachorros e gatos reduzem o risco de alergias.

Como seria de se esperar, Chico foi correndo a uma loja comprar dois gatos e dois cachorros, com os quais esperava curar suas alergias. 

E lá vinha ele de volta, feliz com seus animais, quando resolver parar em uma banca de jornais e comprar a revista “Epidemiology”. 

Abriu-a e descobriu uma outra pesquisa, também norte-americana, concluindo que “as crianças que tinham um animal de estimação em casa foram mais propensas a desenvolver asma”. 

Horrorizado, Chico voltou correndo à loja e devolveu a bicharada que havia adquirido.

Mas eis que, no dia seguinte, ele leu em um jornal os resultados de uma pesquisa feita pelo “Melbourne Institute of Applied Economic and Social Research”, da Austrália, segundo os quais ter um animal de estimação torna as pessoas mais saudáveis.


E lá foi o Chico comprar de volta os dois gatos e os dois cachorros que havia devolvido na véspera. 


Ao chegar em casa, já com os animais, ele leu na Internet uma outra pesquisa, norte-americana, no sentido de que “o pelo, a saliva, as patas, as fezes e a urina de gatos e cachorros abrigam diversos microorganismos capazes de provocar doenças”, reduzindo a vida das pessoas que com eles convivem. E agora? 

Como proceder?

Sob intenso “stress” e sem saber o que fazer, Chico voltou à banca de jornais e comprou outras revistas sobre saúde para aconselhar-se. 

E foi assim que ele leu o título de uma interessante reportagem: “Estressado? Converse com seu animal de estimação”. 

A notícia era referente a uma nova pesquisa, feita pela Universidade de Nova York (EUA), segundo a qual “gastar algum tempo com animais é mais efetivo para a redução do “stress” que falar de seus problemas com amigos ou parceiros”. 

Em verdade, constatou-se que, dentre 240 casais pesquisados, aqueles que discutiam seus problemas com animais domésticos ficaram muito menos “estressados” (não se esclareceu o nível do “stress” a que ficaram submetidos os cachorros e gatos após ouvirem tantos problemas de seus donos).

Assim, lá foi o Chico conversar com os dois gatos e os dois cachorros que havia comprado sobre se animais domésticos faziam bem ou mal à saúde. 


Enquanto conversava com eles, Chico lembrou-se de uma famosa frase: “no semblante do animal que não fala há todo um discurso que só um espírito sábio é capaz de entender”.  

Porém, como ele não tinha um espírito sábio, não compreendeu o discurso dos seus animais e continuou confuso!
 

E a coisa piorou no dia seguinte, quando ele leu nos jornais os resultados de uma ampla pesquisa, realizada na Escócia, segundo a qual “os maus hábitos alimentares e o sedentarismo dos donos afetam a saúde dos seus animais”. 

Segundo os pesquisadores britânicos, os animais cujos donos não tinham boa saúde apresentaram um sensível aumento de doenças cardíacas e diabetes. Agora já não eram mais os animais influenciando a saúde do Chico, e sim o contrário!

Foi quando, diante de tantas pesquisas feitas por tantas instituições reconhecidamente sérias, e após conversar com seus gatos e cachorros, que Chico Kafka da Silva chegou a uma conclusão: os animais ficariam em sua casa, porém longe dela, pois eles fariam mal à saúde dele, apesar de ajudá-la, e ele teria que permanecer saudável para não prejudicá-los.

Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo

PM e bombeiros têm proposta de aumento


PM tartaruga 
 
Reajuste incidirá sobre auxílios e será incorporado em 3 anos, até 2016
Publicado: 15 de fevereiro de 2014 às 9:49 
 
aumento
A reunião ocorreu até a madrugada

Uma proposta de reajuste salarial, que atingirá aumento total de 22%, foi apresentada já na madrugada deste sábado (15) às associações da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, na Casa de Governo, onde estavam reunidos o governador Agnelo Queiroz, secretários de áreas estratégicas do GDF e representantes de entidades das corporações.

O acordo oferecido pelo GDF prevê um primeiro acréscimo, em julho de 2014, de R$ 200 no auxílio-alimentação, que passará de R$ 650 para R$ 850.

Os demais aumentos incidirão no auxílio-moradia, reajustado ao longo de três anos, sempre em setembro, a partir de 2014. O menor reajuste será de R$ 365 e o maior, de R$ 1,2 mil, por ano, dependendo da tabela remuneratória de cada corporação. Com isso, o teto desse auxílio, que não era atualizado desde 2002, pode chegar a R$ 3,6 mil até 2016.

Eu apresentei uma proposta, resultado de um grande esforço feito exclusivamente pelo Governo do Distrito Federal, com nossos recursos, que resgata nossa Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros e, de fato, corrige várias distorções”, ressaltou Agnelo Queiroz.

Segundo o governador, os reajustes serão feitos por meio de decreto, assinado apenas após o recebimento da resposta positiva das categorias. “A proteção à vida é a coisa mais importante. Essa é uma proposta que fortalece as nossas instituições”, reforçou.

Também participaram da reunião o vice-governador, Tadeu Filippelli, os comandantes-gerais da Polícia Militar, Anderson de Moura, e do Corpo de Bombeiros, Júlio César dos Santos; o chefe da Casa Militar, coronel Rogério Leão; e os secretários de Segurança Pública, Sandro Avelar; de Administração Pública, Wilmar Lacerda; de Governo, Gustavo Ponce, entre outras autoridades.

Agora, a proposta do GDF será levada aos policiais militares em assembleia marcada para esta segunda-feira (17).

Cariocas exigem do governo a despoluição da Baía de Guanabara

Manifestantes na Baia de Guanabara denunciam poluição 

Publicado: 16 de fevereiro de 2014 às 22:29  Portal Diário do Poder
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O protesto foi veemente, mas marcado pelo bom humor do carioca

Condutores de cerca de 80 embarcações como lanchas, traineiras, caiaques, canoas havaianas e barcos a vela, participaram hoje (16), no Rio, de uma manifestação pelo saneamento da Baia de Guanabara. A maior parte partiu do Iate Clube, na Enseada de Botafogo. 

Outros saíram da Marina da Glória, locais na zona sul da cidade. Depois todos se concentraram na altura do Monumento Estácio de Sá, tendo como fundo um dos mais conhecidos cartões-postais do Rio, o Pão de Açúcar.

A manifestação chamada de “Revoada do Saneamento” foi organizada pela Rede Meu Rio, pelo Instituto Trata Brasil, pelo Iate Clube do Rio de Janeiro e Clube Guanabara. Todas as embarcações estavam com uma fita preta simbolizando o luto pelas condições da Baia de Guanabara.

Dentro de uma das embarcações, o biólogo Mário Moscatelli, utilizou um megafone para criticar a falta de condições de saneamento do local.

A baia não é lata de lixo. A Baia de Guanabara é nossa. Chega de lixo, chega de esgoto. Chega de enrolação. Chega de projeto que não dá em nada. Alô, presidente Dilma. Alô, governador. Alô, secretário. Estamos passando vergonha internacional”, disse.

Para o americano Lenny que mora no Rio há dez anos e preferiu se identificar apenas por Bud, como é chamado pelos amigos, os governantes têm que tomar providências. Ele estava caminhando na orla e fez questão de colocar, no braço, a fita preta, que estava sendo distribuída pela Meu Rio, em frente ao Monumento Estácio de Sá.

“Quero as coisas mais limpas. Tem pouca coisa feita. Quem tem que se manifestar são os governantes. Não pode ser uma voz no vento”, explicou.

Lucia Alves, que é massoterapeuta e casada com o americano, disse que as águas da baia são um perigo para a população. “Como a gente pode viver em um estado desse, com uma água nestas condições. A gente traz criança e como ela pode mergulhar ainda mais com o calor que está”, contou acrescentando que concordou em colocar a faixa preta no braço em protesto.

A publicitária sergipana Luana de Oliveira, que está visitando o Rio pela primeira vez, também participou da campanha e aceitou usar a fita simbolizando o luto pela Baia. “O Rio é tão lindo. Imagine ele lindo e limpo. A manifestação tem que acontecer, porque para haver mudanças tem que ter manifestação”, destacou.

O ato faz parte da campanha “Verão do Saneamento”, organizada por voluntários da Rede Meu Rio desde novembro e que seguirá até o fim de março, para chamar a atenção de moradores e turistas do Rio.

Segundo a Rede Meu Rio, a cidade tem índices de oferta de água, coleta e tratamento de esgoto incompatíveis com as necessidades da população. De acordo com a Rede Meu Rio, o ato teve também o objetivo de chamar a atenção para o descaso da Companhia Estadual de Águas e Esgotos com o saneamento da cidade e consequente poluição da baía.

Reguffe e Cristovam estão condenados a engolir o PDT

RENATO RIELLA

O senador Cristovam Buarque e o deputado federal Reguffe são os dois principais símbolos da moralidade no Congresso Nacional. Por coincidência, ambos de Brasília e do PDT.

Todos dois passam o tempo com discursos vazios, recheados de boas intenções. Mas dão sempre exemplos pessoais de racionalidade no uso dos recursos públicos.

Contudo, o nível de realização de cada um é baixíssimo. Quanto contraste!

Se Cristovam e Reguffe tivessem realizado esforço conjunto por uma reforma partidária estariam, aí sim, realizando uma grande obra parlamentar.

Mas não arregimentaram apoios em torno das suas respeitáveis personalidades brasileiros para defender a mudança radical no quadro de partidos do Brasil e na legislação que rege essas siglas políticas.

O resultado é que o senador e o deputado federal que simbolizam a ética na política vivem dentro de uma ratoeira chamada PDT e sob o cabresto de um político sem votos chamado Carlos Lupi, dono do partido em termos nacionais.

Não adianta Reguffe admitir que será candidato a governador. Não adianta Cristovam emitir brados dizendo que não vai subir no palanque do governador Agnelo Queiroz. Os dois terão seus destinos traçados pela direção do partido, que domina o Ministério do Trabalho e quase certamente estará ao lado da presidente Dilma Rousseff na eleição de outubro.

Um dos mais influentes dirigentes nacionais do PDT me explicou o que vai acontecer. Segundo ele, o partido não está disposto a aceitar que Reguffe se candidate a governador ou a senador, inclusive porque esse hoje deputado, pouco depois da eleição, deve migrar para o novo partido Rede, que a ex-senadora Marina Silva vai criar.

Por que investir num candidato que pulará o muro depois da eleição?

PDT QUER REGUFFE COMO
CANDIDATO A DEPUTADO


O PDT aceita lançar Reguffe como candidato a deputado federal. Isso porque, nos cálculos do partido, os votos de Reguffe poderão ajudar a eleger um outro candidato, desprovido de votos, graças a essa barbaridade chamada de voto proporcional, Aí, sim, se Reguffe mudar de partido, deixará uma cadeira assegurada na Câmara Federal para o grupelho do Lupi.

Este é o quadro. Pode mudar, por um mistério qualquer, se o PDT nacional brigar com Dilma. Será que brigará?

Caso contrário, só resta a Cristovam e Reguffe, a partir do próximo ano, lutarem por uma reforma partidária que moralize essas entidades.

Aqui pra nós, o Brasil tem 30 partidos e qualquer pessoa de boa consciência não consegue optar por nenhum deles. Todos têm administração suspeita e centralizada. Não defendem nenhuma bandeira. Impedem a ascensão de gente valiosa dos diversos meios sociais. E administram grana de porte, sem dar satisfação a ninguém.

Infelizmente, Reguffe e Cristovam não tiveram forças para lutar contra isso. Agora pagarão um preço azedo.

Interesse na eleição do DF só mesmo depois da copa

RENATO RIELLA

As pesquisas indicam que os nomes mais valorizados pelos eleitores na eleição de governador do DF são quatro, todos com difícil viabilização.

O mais forte em todas as pesquisas é Joaquim Roriz, com potencial de até 30% em aceitação popular. Se for candidato, certamente estará no segundo turno.

Mas temos de considerar que existe chance quase zero de se ver Roriz disputando novamente eleição em Brasília. Por um lado, existe a questão de saúde. 

Ele precisaria fazer transplante de rim para sair do tormento pelo qual passa, ao sofrer sessões diárias de hemodiálise.

Além disso, Roriz está condenado (junto com seu ex-secretário de Comunicação Social, Weligton Moraes), por juiz do DF, em função de contratação irregular de agência de publicidade. 

Presume-se que este processo seja julgado por colegiado ainda este ano, o que tornaria o ex-governador inelegível, de acordo com a Lei da Ficha Limpa.

Roriz tem ainda outra ameaça. Alega-se que, tendo renunciado ao Senado em 2007, fugindo de processo de cassação no Conselho de Ética, seria inelegível – também por causa da Lei da Ficha Limpa.

ARRUDA TEM UM CAMINHÃO E
MAIS UMA CAÇAMBA DE PROCESSOS


Outro que aparece destacado em pesquisas (bem abaixo do Roriz) é o famigerado ex-governador José Roberto Arruda. Este é tão perigosamente convincente, que enorme quantidade de gente acredita na sua volta como homem forte da política no DF. O povo não se emenda!

Arruda tem cerca de 20 processos nas costas, podendo fechar este ciclo judicial, dentro de alguns anos, com cerca de 100 anos de condenação – e mais a obrigação de devolver ao governo mais de R$ 100 milhões. Mesmo assim não baixa a bola.

O processo mais maduro contra Arruda é o do Painel do Senado, no qual ele já foi condenado em primeira instância a cinco anos de prisão. Se dançar em segunda instância, ficará inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Mas há tantos outros, que um destes estourará antes da campanha eleitoral.

O terceiro nome forte das pesquisas é Reguffe. Este, mesmo se conseguir ser escolhido candidato a governador pelo PDT, terá dificuldade para se fazer conhecer fora do círculo onde hoje é forte.  

Para a chamada periferia, formada por cidades de populações mais carentes, o discurso da ética não tem efeito.

O quarto político nas pesquisas é a deputada distrital Eliane Pedrosa, que já foi secretária de Serviços Sociais. Nessa condição, fez um amplo mailing de pessoas carentes, muito útil em campanha eleitoral. 

Ela tem o partido PPS como grande limitador. Na verdade, de forma contraditória, sendo uma autêntica representante da direita, com reconhecidos interesses empresariais no DF, Eliana logo entrou no PPS, o antigo Partidão, Partido Comunista Brasileiro. 

Nada mais incoerente.

QUEM DEVE MESMO
SER CANDIDATO?


Há quatro nomes que despontam como candidatos a governador, todos “ostentando” nas pesquisas atuais percentuais abaixo dos 10%, na média.

O mais óbvio é o governador Agnelo Queiroz. Blogs insistem que o PT vai trocar ele por outro nome (quem? Magela? Bergue? Arlete? Wasny?) 

Não dá para acreditar mais em mudança. O candidato tende a ser mesmo Agnelo, que vai tentar sair lá de baixo nas pesquisas para tentar ocupar posição num dificílimo segundo turno.

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB) é um candidato a governador praticamente garantido

Como ele tem mais quatro anos de mandato no Senado, pode arriscar sem perder nada. Além disso, o governador do seu partido, Eduardo Campos, candidato a presidente, precisa de um palanque em Brasília. 

Rollemberg está escalado para disputar a eleição, mas ainda não acordou para a necessidade de ocupar espaço. 

Hoje a população nem sabe direito que ele será candidato e nem conhece suas propostas (na verdade, talvez conheça a proposta discutível de se eleger administrador regional no DF).

Toninho do PSOL mais uma vez deve ser candidato. Ele é marido da ex-deputada Maninha. Esta, se aceitasse ser candidata a governadora, teria muito mais chance. 

Maninha é conhecida, exerceu mandatos importantes no DF e tem postura eleitoral mais agressiva. Num possível debate em TV, essa ex-deputada quase certamente seria a melhor entre todos os candidatos e poderia dar trabalho aos concorrentes. Mas parece que teremos mesmo o Toninho, de novo.

A quarta opção na disputa do governo vem do PSDB. Meu palpite é de que o candidato a presidente, Aécio Neves, vai escolher o deputado Luiz Pitiman para concorrer como candidato a governador. 

No entanto, o também deputado federal Izalci Lucas está na disputa interna do partido, assim como o ex-secretário de Obras do Arruda, Márcio Machado. 

Se for Pitiman, vai dar trabalho, pois é um trator em matéria de campanha eleitoral. O PT já percebeu isso e começou a bater no Pitiman antes da hora, pois ele ainda aparece discretamente nas pesquisas.

O certo é que não existe entusiasmo popular em relação aos candidatos a governador. 

Quem sabe depois da Copa! 

SERÁ QUE MANCHETE EM FRANCÊS VENDE JORNAL?

RENATO RIELLA

Há muito tempo atrás, dei manchete que esgotou completamente a tiragem do Correio Braziliense nas bancas: “Acharam Pedrinho”. (Dias depois, soube-se que foi alarme falso de um delegado do Paraná). A responsável pela venda de jornais era Dona Alina, que no dia seguinte me deu a maior bronca por não ter mandado aumentar o número de jornais à venda nas bancas. Surreal!


Lendo a edição de hoje do Correio, vejo que primeira página (e manchete) já não é estratégico para vender exemplares. Isso porque encontro na capa do jornal uma jogada genial: a manchete e a primeira página estão totalmente em francês. Internamente, explica-se: foi um projeto de marketing da Air France, que está lançando o voo direto Brasília-Paris.

Presume-se que uma pequeníssima parcela da população brasiliense (0,1%?) leia em francês. Como o Correio deve ter recebido uma grana preta da Air France, compreende-se a decisão.

Só gostaria de saber se isso, de alguma forma, afetou as vendas dominicais. Ou manchete em português/brasileiro não vende mais nada?

Se estivesse editando a primeira página do Correio deste domingo destacaria o debate interminável sobre a operação-tartaruga da Polícia Militar. Mas não dá para explicar assunto tão complicado em francês (se bem que, nem em português).

A CABEÇA DO POLICIAL


JAIME SAUTCHUK

Desde o início do mês de agosto de 2013, em apenas um de seus campos de atividade (o carcerário), a Polícia Militar do Distrito Federal perdeu três de seus membros, por suicídio. A estatística é elástica se observarmos os outros ramos da PM e as demais polícias, em especial a Civil e a Federal, mas este caso chama mais a atenção pela constância.

Quase todos os suicidas da PM tiram suas vidas com as próprias armas que usam como ferramentas do ofício. Mas há registros de ocorrências em outros formatos, como enforcamento, envenenamento e saltos de alturas. Em todos os casos, porém, a causa apontada é a psicológica, em momentos de stress, de esgotamento nervoso.

A sociedade está habituada a ver no ou na policial motivo de certo resguardo. Na mídia, eles são vistos nos espaços adequados, sempre ligados à violência, como executores de ações de força ou até no papel de vítimas do crime organizado, como em casos que têm sido alardeados, quase sempre de forma nebulosa. A pessoa que está por detrás da farda quase não é notada.

Não se trata de aliviar a barra, de pedir clemência para tantos atos truculentos e de abuso de autoridade que se vê com frequência. São, contudo, seres humanos, grande parte dos quais de boa índole, honestos, que sonham fazer de sua atividade um instrumento de justiça, de paz social. Esses são os que padecem, não concordam com o sistema em vigor e vão ao desespero.

CONTINGENTE DE 15 MIL PESSOAS

A PM do DF tem um contingente de cerca de 15 mil pessoas, nos postos de soldado a coronel. Atualmente, o acesso é por concurso público e é exigida a formação escolar de nível superior, sem falar na aptidão física. O treinamento específico, dos bombeiros aos pelotões de choque, é dado pela própria corporação, que mantém centros inclusive para preparar o agente carcerário.

Este se depara com uma realidade bastante diferenciada. Não vai fiscalizar trânsito, apagar incêndios, prender bandidos ou controlar manifestações. A ele cabe lidar com gente que já está trancafiada, seja por determinação policial, provisória, seja por decisão judicial. Vigiar o dia a dia, fazer transferências ou mesmo conter rebeliões são suas tarefas mais rotineiras.

E ali estão os problemas.

A própria superlotação dos presídios e as condições em que vivem os presos já são motivos de angústias. Mas o drama cresce em volume quando o agente vai averiguar o perfil dos encarcerados, quem são eles, por que estão ali. Grande parte são ladrões de galinhas, presos e condenados por razões que mereceriam penas mais brandas, fora das prisões. Os grandes é que estão fora, em liberdade. Na tentativa de entender, advêm os dramas dos policiais.

Os quartéis, em geral, têm estrutura para o preparo físico da tropa e, no caso do DF, é bastante fácil o acesso a atendimento de saúde, no que se refere aos cuidados com o corpo. Quando a moléstia se envereda para o campo psicológico, no entanto, a questão fica complicada e os cuidados são bastante precários, ou limitados.

Nessa área, a PM mantém um atendimento rudimentar, quase ambulatorial, para cuidados emergenciais. E algum atendimento continuado em um de seus hospitais. Mas não há um tratamento sistemático. O paciente é colocado em funções que não exijam o porte de arma, por exemplo, e vai buscar amparo no sistema de saúde, fora da caserna. Por isso, clínicas psiquiátricas do DF, públicas e privadas, estão cheias deles, custeadas por planos de saúde.

O retorno ao trabalho pode ser lento, por etapas, e muitas vezes nem ocorre. Muitos, porém, dão cabo da vida antes de serem tratados. E assim o problema vai sendo levado, ou contornado. E suas raízes parecem intocadas.

(Artigo de agosto/2013, considerado ainda atualizado)

Black bloc de SP vai radicalizar na Copa

Os adeptos da tática não descartam nem mesmo ataques contra delegações de times estrangeiros

 
Mesmo após o uso de um rojão causar a morte do cinegrafista Santiago Andrade em um protesto no Rio, os adeptos da tática black bloc, em São Paulo, prometem radicalizar durante as manifestações contra a Copa do Mundo e não descartam nem mesmo ataques contra delegações de times estrangeiros.

"Nossa tática nunca foi ferir civis, mas, se não formos ouvidos, a gente vai dar susto em gringo. Não queremos machucar, mas se for preciso ‘tacar’ (coquetel) molotov em ônibus de delegação ou em hotel em que as seleções vão ficar, a gente vai fazer", disse, em entrevista ao Estado, o estudante Pedro (nome fictício), adepto da tática em São Paulo.

Segundo ele, as ações são discutidas pelos black blocs, que estão organizados no que chamam de células - pequenos grupos de até 30 pessoas que participam dos protestos juntos. "A gente evita falar pelo Facebook. Essas estratégias combinamos pessoalmente ou pelo Whatsapp. Para te dar essa entrevista, eu tive de consultar os outros adeptos", contou.

Em São Paulo, são pelo menos dez células. "No total, devem ser uns 300 participantes que são realmente ativos, mas, na Copa, tenho certeza de que o número será maior. Acho que vão ser mais de mil", afirma.

De acordo com o manifestante, o objetivo é mostrar para os estrangeiros que o País não tem segurança e fazê-los desistir de ficar no Brasil. "Se uma seleção sentir que há risco de vida, eles vão querer continuar aqui? Não somos contra a Copa do Mundo nem contra o futebol. 

A nossa luta é por uma educação e uma saúde melhores", afirmou o jovem, morador de Itaquera, na zona leste.

Ele disse que a morte do cinegrafista da Band foi uma fatalidade e que os responsáveis pela ação não são black blocs.

Pedro revelou ainda que, embora os adeptos da tática não tenham reuniões periódicas nem uma liderança, eles estão se preparando juntos para os protestos contra a Copa, até mesmo com treinamento físico. 

"Todo mundo deve se preparar porque a Polícia Militar vai vir em peso. A gente está se preparando com treinos de artes marciais como Krav Magá, Jiu-jítsu e Muay Thai", disse.
O próximo grande ato contra a Copa está programado para o sábado, dia 22, em várias cidades do País. Pelo Facebook, mais de 10 mil pessoas já confirmaram presença na manifestação da capital paulista.

Diversidade. Ao contrário das manifestações de junho, que tiveram como principal articulador o Movimento Passe Livre (MPL), os protestos contra a Copa não têm um único organizador e reúnem os mais diversos movimentos sociais, desde militantes da área da saúde até os chamados hackerativistas, como os integrantes do Anonymous. Esses grupos formaram o coletivo Se Não Tiver Direitos Não Vai Ter Copa.

Para I.G., integrante do movimento Contra Copa 2014 que divulga os atos nas redes sociais, os atuais protestos agrupam muitos manifestantes de junho que se sentiram "abandonados" após o MPL conseguir a redução da tarifa de ônibus em várias cidades do País.

"Me senti órfão do MPL porque eles abandonaram as ruas. Foi assim que outros protestos horizontais foram aparecendo e começou a se criar grupos de afinidade. Os protestos agora são horizontais, populares e sem interferência de partidos e sindicatos", disse.

Os manifestantes contra a Copa prometem atuar em várias frentes, até mesmo fora das ruas. "O que posso dizer é que vamos apoiar os protestos de rua com ações virtuais que ainda não podem ser ditas", afirmou um integrante do Anonymous. A invasão de páginas oficiais está prevista. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Fonte: Agencia Estado Jornal de Brasilia

Nos jornais: governo vai repassar para tarifa custo extra com energia no verão (e outras noticias relevantes).


Governo já decidiu que vai dividir com a população o custo extra das usinas termelétricas, que estão sendo acionadas além do previsto neste início de ano por causa da seca atípica que reduziu o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, destaca a Folha de S. Paulo


Folha de S. Paulo Congresso em Foco


Governo vai repassar para tarifa custo extra com energia no verão

O governo já decidiu que vai dividir com a população o custo extra das usinas termelétricas, que estão sendo acionadas além do previsto neste início de ano por causa da seca atípica que reduziu o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas.

O percentual que cada parte terá de assumir ainda está em estudo. A ideia inicial, segundo a Folha apurou com um assessor presidencial, era dividir “metade, metade”.

Como os gastos extras estão ficando maiores, o Tesouro Nacional pode arcar com uma parcela um pouco mais elevada, reduzindo o peso que será transferido para a tarifa dos consumidores.

A tendência é que essa parcela seja repassada para a conta somente em 2015, afirmou reservadamente um auxiliar da presidente Dilma, lembrando que o custo das térmicas usadas em 2013 ainda não foi transferido.

Quando o Tesouro assumiu a despesa de 2013, foi determinado que os gastos seriam repassados gradualmente para as tarifas, em até cinco anos.

Até o momento, o governo definiu apenas que o consumidor deve arcar com um aumento de 4,6% em 2014.

O objetivo é evitar aumentos elevados de energia neste ano para não gerar um desgaste político para Dilma, que transformou a redução nas tarifas em bandeira eleitoral.

Por outro lado, a equipe econômica tenta, ao mesmo tempo, encaixar a despesa extra nas contas oficiais de 2014 e definir um corte em outras despesas que garanta uma meta fiscal crível.

Estados planejam investir o dobro em ano de eleição

Os governos estaduais turbinaram os planos de investimento neste ano eleitoral.

Juntos, os 27 governadores planejam investir R$ 90 bilhões, o dobro do que foi gasto em média nos outros três anos de seus mandatos (2011, 2012 e 2013).

Previstos nos Orçamentos, os investimentos serão direcionados ao planejamento e à execução de obras. Via de regra, representam as principais promessas dos governadores e, por isso, constituem as despesas de maior visibilidade eleitoral.

Em 2013, segundo levantamento da Folha nos Orçamentos de 26 Estados e do DF, os governos já avançaram significativamente: gastaram R$ 55 bilhões em investimentos, 45% acima dos R$ 38 bilhões despendidos em 2011.

Mas nem tudo que está previsto no Orçamento para 2014 deverá sair do papel.

No ano passado, os Estados planejavam investir R$ 79 bilhões, mas só gastaram de fato 70% desse montante.

Caso esse índice de execução se mantenha, os investimentos devem atingir R$ 63 bilhões neste ano –ainda assim, um recorde desde 2011.

Financiamento sustenta elevação de gastos

O aumento dos investimentos na maioria dos Estados vem sendo sustentado por financiamentos que se intensificaram a partir de 2012, ano de eleição municipal.

Na comparação com o início do mandato, os 27 governadores administram hoje uma dívida 25% maior, próxima da casa dos R$ 600 bilhões.

Para os governos, que se queixam de terem um “cobertor curto” (pouca receita para muitas obrigações na esfera estadual), essa é a principal forma de fazer os investimentos saírem do papel.

“A arrecadação brasileira está muito concentrada na União. Os Estados, todos eles, têm dificuldades imensas em fazer investimento”, argumenta o secretário da Fazenda do Estado de Goiás, José Paveira Rocha.

Ação contra Azeredo por mensalão tucano exclui caso da Cemig

Ao pedir 22 anos de prisão para o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), a Procuradoria-Geral da República não levou em conta o suposto desvio de R$ 1,67 milhão (R$ 4,4 milhões em valores corrigidos).

O dinheiro, segundo a Polícia Federal e a própria Procuradoria, foi desviado de um contrato de publicidade da estatal mineira de energia para financiar a reeleição de Azeredo ao governo de Minas em 1998.

Relatório da PF dedicou 25 páginas para detalhar o que considera ser a simulação de uma campanha educativa pela Cemig (Companha Energética de Minas Gerais), por meio da SMP&B –uma das agências do empresário Marcos Valério.

Segundo a PF, além da irregularidade na seleção da agência, o valor repassado pela Cemig à SMP&B foi exatamente o mesmo reproduzido na lista da movimentação financeira da campanha. 

Para a polícia, “o esquema foi utilizado para desviar recursos públicos em benefício do comitê eleitoral” de Azeredo.

Congressistas do PT ajudam a pagar multa do mensalão

Obrigados a destinar mensalmente 20% do salário líquido de R$ 26,7 mil ao partido, congressistas do PT disseram também ter contribuído em massa para ajudar a pagar as multas aplicadas aos quatro integrantes da sigla condenados e presos no processo do mensalão.

A Folha ouviu 22 deputados e senadores petistas e encontrou 16 que declararam depósitos de até R$ 5 mil aos condenados ou a intenção de ainda colaborar, além de seis que disseram que não doaram e que nem vão doar.

O ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares foram os primeiros a ter sites de arrecadação, conseguindo arrecadar mais de R$ 1,7 milhão, o que possibilitou cobrir também a multa do ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha.

Os três foram condenados pelo Supremo a pagar, ao todo, R$ 1,5 milhão.

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu teve seu site lançado na semana que passou –sua multa é de R$ 971 mil– e até o início da noite de ontem havia arrecadado pouco mais de R$ 301 mil.

“Nossos companheiros precisam de apoio financeiro. Já contribuo com o PT a vida toda, uma contribuição a mais, outra a menos, não vai fazer diferença”, afirmou a deputada Benedita da Silva (RJ), que declarou à reportagem o maior valor doado –R$ 2.500 a Genoino e R$ 2.500 a Delúbio.

Pré-candidata, Gleisi enfrenta protestos em universidade do PR

Pré-candidata ao governo do Paraná, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) enfrentou protestos em seu primeiro evento público no Estado após deixar a Casa Civil. O ato ocorreu anteontem durante uma aula magna na Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Enquanto a ex-ministra falava com jornalistas, um grupo de estudantes surgiu com cartazes e gritos contra a realização da Copa do Mundo. “Eu quero mais dinheiro para saúde e educação. Da Copa eu abro mão”, diziam.

Os cartazes tinham mensagens contra o agronegócio e a “criminalização dos movimentos sociais”, e a favor demarcação das terras indígenas.

Gleisi não respondeu aos manifestantes. Eles permaneceram no auditório durante toda a palestra. Cerca de 500 pessoas acompanhavam o evento.

Governo do DF propõe aumento de benefícios para PMs e Bombeiros

Pressionado há meses por policiais militares e bombeiros, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), apresentou ontem uma proposta de reajuste dos benefícios pagos à categoria.
 
No entanto, a reestruturação da carreira e o reajuste salarial, principais reivindicações, foram deixadas de lado.

O governo propôs um reajuste na tabela do auxílio-moradia ao longo de três anos, começando em setembro. Dependendo da remuneração do policial, ele poderá receber de R$ 365 a R$ 1,2 mil por ano.

O teto do benefício, que não era reajustado desde 2002, poderá chegar a R$ 3,6 mil até o ano de 2016.

O Globo 

PMDB pode abandonar PT nos estados

A quatro meses da convenção nacional que deve sacramentar a aliança do PMDB com o PT para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, a relação entre os dois partidos enfrenta problemas em dois terços das 27 unidades da federação. 

Em alguns casos, como em Pernambuco, Bahia e Acre, o rompimento já vem de longa data e não causa surpresa. O problema é a profusão de estados em que os peemedebistas veem seu futuro em risco pela dita “ganância” do PT. 

A maioria dos dirigentes do PMDB ainda considera improvável que a aliança nacional não se confirme, mas mesmo os mais próximos aliados de Dilma já consideram possível que boa parte dos candidatos do partido nos estados abandonem a campanha da presidente.

O caso do Rio é exemplar. Após sete anos de aliança, PMDB e PT estão em guerra aberta e a direção peemedebista estadual trabalha para que prefeitos e deputados do partido não auxiliem na campanha de Dilma. 

Esse cenário corre o risco de se repetir nos outros estados onde os dois partidos se enfrentarão, como no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Piauí. 

Em São Paulo também haverá disputa entre os dois partidos, mas tanto Paulo Skaf (PMDB) quanto Alexandre Padilha (PT) têm o partido do tucano Geraldo Alckmin como alvo.

Diante da crise, o vice-presidente Michel Temer, num gesto exagerado, chegou a afirmar no twitter há duas semanas que caso a maioria dos diretórios estaduais do PMDB não seja contemplada pela aliança sua indicação à vice pode ser abandonada:

— Para mim, isso (o partido) está acima de projeto pessoal (a vice) e farei todo esforço para manter a aliança, mas o que o partido decidir, eu acato.

Campanha para pagar multa do ex-ministro José Dirceu já arrecadou R$ 301 mil

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu já conseguiu arrecadar R$ 301.481,28 para pagar multa imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

 O valor foi divulgado pela internet através do blog do político e corresponde ao total contabilizado até as 20 horas de sexta-feira. Dirceu foi condenado no mensalão a dez anos e dez meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha e deve pagar multa de R$ 971.128,92. 

O ex-ministro cumpre desde novembro pena na Penitenciária da Papuda, em Brasília, em regime semiaberto.

A campanha “Eu apoio Zé Dirceu” foi lançada na quarta-feira pelo grupo “Amigos do Zé”. A página criada para a ‘vaquinha’ está no blog do ex-ministro e funciona nos mesmos moldes das criadas para arrecadar fundos para José Genoino e Delúbio Soares. 

Segundo informações publicadas na página, 1.335 comprovantes de doações foram registrados até a noite de ontem.

Suplicy diz que Mendes critica sem provas ao falar de doações para PT

Do Irã, onde está em visita oficial, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse, por meio de carta, que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, deveria ter mais reserva ao falar sobre a arrecadação de recursos para pagar as multas dos condenados no processo do mensalão.

Em carta enviada ao ministro do STF, Suplicy afirma que o ministro fez críticas, sem apresentar qualquer prova, à regularidade das doações a José Genoino, Delúbio Soares, José Dirceu, e João Paulo Cunha.

“Passa-me o sentimento de que não julgou com base exclusivamente na razão. Isso não é bom para o papel que o Supremo Tribunal Federal (STF) desempenha na Organização dos Poderes da República”, afirmou Suplicy na carta ao ministro.

Elétricas: meio bilhão de lucro sem aderir a governo

Um ano após o governo federal ter antecipado a renovação das concessões das geradoras de energia elétrica com redução de até 70% em suas receitas para forçar um preço menor na conta de luz, dados demonstram que as três empresas que não aderiram ao plano — coincidentemente três estatais de governos do PSDB, Cemig (MG, foto abaixo), Cesp (SP) e Copel (PR) — foram as que mais se beneficiaram.

Sem a renovação, as empresas ficaram com energia disponível no mercado livre, que está pagando R$ 822,83 o megawatt-hora (MWh). Especialistas frisam, porém, que o ganho pode ser provisório e havia risco na decisão das companhias.

Ainda assim, o Credit Suisse estima que o lucro somado das três empresas pode ser incrementado em R$ 517 milhões, caso o preço da energia continue no patamar de R$ 800 no mercado livre neste mês. O cenário já considera uma queda de 5% na geração de energia hidrelétrica.

O Estado de S. Paulo

Fundo Partidário pagou diárias de Campos no carnaval

Prestação de contas do PSB em análise no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que o partido pagou R$ 14,6 mil para seu presidente nacional, o governador de Pernambuco e pré- candidato à Presidência Eduardo Campos, se hospedar durante o carnaval de 2012 no Rio, quando assistiu ao desfile das escolas de samba com a mulher e os filhos.

Os seis dias no Hotel Ceasar Park, na Praia de Ipanema, foram pagos com recursos públicos do Fundo Partidário, que, por lei, só pode ser usado para custeio de atividades relacionadas à manutenção do partido.

Conforme nota fiscal apresentada pelo PSB no processo, em análise pela Coordenadoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias (Coepa), a hospedagem de 17 a 23 de fevereiro daquele ano foi num apartamento padrão luxo, de frente para o mar. 

Durante a temporada, no entanto, o partido não divulgou nenhuma agenda partidária dele ou de outros filiados na capital do samba. 

O Estado ouviu três dirigentes do partido à época, que, reservadamente, disseram não ter ocorrido eventos ou reuniões no período do carnaval.

Nos primeiros três dias da hospedagem, o governador não estava no Rio, mas em Pernambuco. Participou de eventos de carnaval em Recife, Olinda e Bezerros, como registrou sua agenda oficial, divulgada pelo governo.

No dia 20, após o almoço, embarcou para a capital fluminense, onde assistiu, com a mulher, Renata, os filhos e uma comitiva de integrantes de seu governo, ao desfile da Unidos da Tijuca.

A escola homenageava o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, com apoio do governo pernambucano. 

Campos ficou no camarote com a mulher, enquanto os filhos desfilaram. Até a data do check-out, não houve mais agenda oficial pelo governo. O PSB não registrou nenhum compromisso partidário no Rio, segundo sua página oficial.

Governador faz ‘contatos políticos’ em feriados, diz sigla

O PSB argumentou, em nota, que não interrompe seu funcionamento “em época nenhuma do ano”. “Aliás, o presidente Eduardo Campos até aproveita fins de semana e feriados, inclusive de carnaval, para participar de reuniões e realizar contatos políticos cuja divulgação é feita no momento estrategicamente mais conveniente”, explicou.

O PSB sustentou que só cobre “despesas realizadas por dirigentes e militantes em atividades relacionadas com o funcionamento do partido.” 

Porém, não respondeu a reiterados questionamentos do Estado para detalhar quais foram os compromissos dessa natureza cumpridos por Campos no carnaval carioca de 2012. 

Também não informou se, além do governador e sua mulher, outras pessoas ficaram no quarto nos seis dias reservados pelo PSB.

O governo de Pernambuco não respondeu a e-mail enviado na quarta-feira e a telefonemas do Estado para a assessoria de imprensa. Questionado pessoalmente na sexta-feira, na saída de um evento em Brasília, Campos disse que só se pronunciaria por meio da nota enviada pelo PSB.

O deputado federal Márcio França (SP), tesoureiro do partido, disse não se recordar da nota fiscal, mas explicou que, em períodos de carnaval, os hotéis costumam locar quartos apenas por temporadas, não reservando diárias únicas. Para o carnaval de 2014, segundo o Ceasar Park, não há essa restrição.

PSDB põe Plano Real na campanha de Aécio

O PSDB vai promover dia 25 de fevereiro, no Congresso, uma sessão solene para comemorar os 20 anos do Plano Real e dar seguimento à estratégia do senador Aécio Neves (MG) de resgatar em sua campanha as realizações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

A data foi escolhida a dedo. No dia 28 de fevereiro completam-se 20 anos da entrada em vigor da Unidade Real de Valor (URV), a unidade de referência monetária que foi o ponto de partida do Plano Real e começou o processo de estabilização da moeda. 

O sucesso do plano criou as bases políticas para que o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso saísse candidato e vencesse as eleições presidenciais de 1994.

O PSDB quer reunir no evento figuras tidas como fundamentais na implantação da nova moeda. A maior parte delas estará ao lado de Aécio na campanha – como o economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, que ainda não confirmou presença. Mas Fernando Henrique confirmou e deverá sentar-se à mesa do Senado como convidado de honra.

‘Empresário ficar fazendo beicinho não dá’

Acostumado a entrar em polêmicas para defender o governo, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), diz que os problemas de relacionamento do Palácio do Planalto com os empresários podem ser resolvidos com conversa. “Empresário ficar fazendo beicinho não dá”, afirma.

A declaração de Bernardo é uma resposta à entrevista do presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Pedro Passos, publicada no último domingo pelo Estado. Na opinião de Passos, a confiança dos empresários no governo acabou.

“Precisamos fazer uma boa DR com os empresários”, argumenta o ministro, numa referência à sigla que significa “discutir a relação”.

Para Bernardo, a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff vai ser dura. “É Aécio que vai salvar nossa economia?”, provoca ele, ao ironizar o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB ao Planalto. 

Os beliscões reservados ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), são mais leves. “Os investimentos lá são do governo federal. Mas é um cara que trabalha, né?”