quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Lula vai a Cuba contra efeito dominó da Venezuela

247 – O ex-presidente Lula está envolvido de corpo e alma, como é do seu estilo, na talvez mais difícil missão diplomática que já se impôs. Ele quer salvar o regime constitucional da Venezuela, chavista e à esquerda no quadro político global, especialmente na América do Sul.

Lula foi o principal articulador da nota do Mercosul em apoio ao governo do presidente Nicolás Maduro, numa decisão discutida com o presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, no Palácio Presidencial, em Motevideo, na segunda-feira 17.

Como noticiou 247, eles trataram de organizar a resistência da esquerda ao que consideram ser um possível rompimento constitucional a partir de numerosas manifestações de rua em todo o país. Temem que o recrudescimento da violência civil desperte apetites golpistas, como sempre acontece na dividida Venezuela.

Nesta segunda-feira 24, dando seguimento a seu roteiro de chefe da esquerda latino-americano e seu principal líder político, Lula aos Castro, Raúl e Fidel, em Cuba, avaliar todos os ricos para o regime socialista no caso de fim abrupto do chavismo. Qual seria a reação americana à ilha de Fidel? 

Alguma chance de crescimento repentino da oposição interna? Como compensar o governo de Raúl pela perda anunciada de milhões de barris de petróleo nas relações comerciais? E, por último mas não menos importante, o que a sabedoria dos Castro prevê como efeito para o Brasil em meio à crise do regime bolivariano.

A situação de Nicolás Maduro vai sendo duramente fustigada não apenas pela oposição, com seus comícios e manifestações de rua, mas também pela ação de grupos paramilitares que se dizem fiéis ao governo e ao chavismo. 

Em despacho de Caracas, Agência Reuters anota que presidente estaria perdendo o controle sobre a ação desses grupos de mascarados violentos. 

Foi com um tiro disparado de uma motocicleta, como é característica dessas falanges. Numa manifestação, a miss Turismo Genêsis Camona, de 22 anos, foi morta com um tiro disparado por um homem em uma motocicleta.

O governo prendeu o chefe dos manifestantes, Leopoldo Lopez. A Fiscalía, equivalente ao Ministério Público brasileiro, pode pedir a prisão dele pelo crime de organização da delinquência, o que poderia render pena de 10 anos de prisão.

Dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama manda recados. Ele disse que o governo Maduro "não está sabendo ouvir o povo da Venezuela", depois de três diplomatas expulsos do país sob acusação de conspiração.

A partir do encontro com Mujica, Lula fez chegar ao Mercosul o desejo de que uma nota de solidariedade ao "governo constitucional" da Venezuela fosse divulgada pelos países membros. 

O intento foi conseguido, mas a frustração de Lula, até aqui, é com a tímida, praticamente inexistente, reação oficial do governo brasileiros aos acontecimentos. Não se deu a conhecer nenhuma palavra do chanceler  ou uma nota do Palácio do Itamaraty, quanto mais do Palácio do Planalto ou da presidente Dilma Rousseff. Uma tuitada.

Não é a primeira vez que os Castro assistem a uma crise política na Venezuela. Eles são craques em avaliar possibilidades e efeitos, com informações frescas de dentro do regime, a partir do diálogo com o próprio Maduro. Com Hugo Chávez, porém, havia mais estabilidade, ainda que os tempos de seus governos tenha sido turbulentos.

O sucesso Maduro assumiu o governo em meio a denúncias de que teria perdido a eleição para Capriles, mas até mesmo pela solidariedade de país do subcontinente, tomou posse - e passou a fazer das suas. 

O ex-caminhoneiro que tem visões de Hugo Chávez semana sim semana não, acelerou nas trombadas que o antigo presidente gostava de dar com a mídia do país, considerada golpista pelo regime. 

Quinze dias atrás, Maduro, na prática, interrompeu o fornecimento de papel jornal, com brutal elevação de tarifas de importação. 

A provocação desaguou numa série de manifestações estudantis, reprimidas com violência pelas forças de segurança. Nesse meio, grupo paramilitares voltaram a se organizar, promovendo arruaças em suposta defesa do governo.

Entre o fogo dos paramilitares encapuzados e as multidões de oposicionistas que estão nas ruas, Nicolás Maduro não tem para onde correr neste momento. Se perder o controle do exército, ele precisará de muita solidariedade internacional para se manter no poder sem a convocação de eleições ou concessões do tipo uma assembleia nacional constituinte. 

O momento, no entanto, é tão conturbado, que nenhum diálogo é possível agora.

Será que Lula pode salvar a Venezuela do caos e evitar um efeito dominó sobre a esquerda da América Latina?


Estudante brasileira será julgada por participar de protestos na Venezuela


Leandra Felipe - Correspondente da Agência Brasil/EBC

A estudante brasileira Emiliane Coimbra, 21 anos, residente da cidade de Puerto Ayacucho, estado do Amazonas, Venezuela, será julgada pela justiça venezuelana, acusada de participação em protestos na cidade. 

Ela chegou a ser detida na última terça-feira (19) por 24 horas. Emiliane foi presa, porque segurava cartazes com frases de protesto contra o governo, a escassez de alimentos e a violência.

A estudante contou com exclusividade à Agência Brasil que quando foi presa, estava sozinha com os cartazes, em frente à loja de seu irmão, porque os amigos haviam saído de perto dela.

"Nós ainda não estávamos na rua protestando, mas os soldados chegaram e me viram com os cartazes na mão. Eles me questionaram, disseram que eu estava indo contra a ordem pública e incitando a violência", contou.

Emiliane disse que vários alunos do colégio em que estuda estavam protestando, e ela resolveu participar. 

Os cartazes que os amigos confeccionaram tinham as frases: "Abaixo, Maduro; abaixo a escassez e abaixo a violência". A estudante contou que foi interrogada, e também o irmão dela.

"Como uma estrangeira participa de um ato como esse?", perguntou um guarda. "Eu disse que ia participar porque estávamos em uma caminhada, e queria ir junto", disse.

A jovem foi levada para a 52ª Brigada de Infantaria de Selva, e passou a noite no local. Ela foi atendida pelo serviço consular do Brasil, mas os soldados receberam a ordem de mantê-la detida para uma audiência, realizada ontem (19).

"Depois fiquei sabendo que meus amigos queriam protestar, em frente à brigada, mas minha mãe chorou e pediu para eles não irem, porque poderia piorar a situação. 

Então, no dia seguinte eu fui levada para o tribunal, e lá um advogado público e dois advogados do consulado [do vice-consulado brasileiro na cidade] participaram", lembra.

Ainda assustada, ela recorda que sentiu medo, porque antes da audiência ficou numa sala fechada. "Parecia um calabouço, e eu chorei muito", lembrou-se.

Após a audiência, ela foi posta em liberdade, sob custodia tutelar. Ela não pode, portanto, deixar a cidade, e deve se apresentar periodicamente ao tribunal, enquanto o julgamento final não ocorrer.

Emiliane disse que resolveu protestar pelas dificuldades que está vivendo no país. "Moramos aqui há 15 anos. 

Mas está faltando tudo por aqui, pior do que mostram em Caracas. Não se acha sabonete para comprar, não se acha comida. Faz tempo que eu não tomo leite, porque não chega aqui", queixou-se.

A estudante também reclama da violência. "Aqui tem muitos assaltos, entram dentro da casa da gente. Já assaltaram minha casa assim", relata.

Mas a estudante foi orientada a não protestar mais. "O consulado mesmo me explicou, porque sou estrangeira. Eu até pedi desculpas lá no tribunal", comenta.

O defensor público Richard Díaz Urbina, que acompanha o caso, disse que a jovem não cometeu crime, e que não estava "infringindo a ordem" pelo fato de ter cartazes de protesto. 

"Mas, arbitrariamente, o entendimento da polícia agora é que manifestar-se é um ato delitivo", explicou.

O vice-cônsul brasileiro na cidade, Antônio Bezerra, também conversou com a Agência Brasil. Ele disse que o consulado forneceu dois advogados para acompanhá-la, e que ela está recebendo o acompanhamento devido, mas não é possível saber ainda se Emiliane será condenada.

"Ela não é venezuelana, mas reside aqui, e será julgada pela justiça comum. Os advogados vão tentar mostrar que não há necessidade de uma pena, mas ainda há risco de prisão, e até mesmo de deportação", concluiu.

NADA DE CAVIAR, VAMOS FALAR DO SOCIALISMO CLASSE-MÉDIA


Discordo de Rodrigo Constantino quanto à iguaria que serve de exemplo aos nossos socialistas. Explico o porquê.

socialista gap2 Nada de caviar, vamos falar do Socialismo Classe Média
 
A classe-média não é odiada por ninguém, a não ser por (parte de) si própria. E todos esses odiadores são socialistas – essa regra, como sói quando o levantamento é realizado pelo DataEu, jamais falha.
 
 Já falei sobre isso aqui e aqui. E também expliquei o porquê de o povo não ser de esquerda. Quem não leu, dê uma olhadinha.
 
Sigamos.
 
Discordo de Rodrigo Constantino, que recentemente lançou o livro “A Esquerda Caviar” (sucesso editorial, para desespero justamente dos esquerdistas). Não apostaria minhas fichas nessa coisa de ovas de esturjão – no máximo, naquela mistureba fake usando sagu salgado. Nossa esquerda é menos aquela iguaria e mais este acepipe-gambiarra.
 
E digo isso exclusivamente porque os socialistas, salvo exceções raríssimas, são pessoas de classe-média. Também em grande maioria, pessoas brancas e majoritariamente com sobrenomes europeus. É muito verdadeira aquela piada segundo a qual socialista se chama Sacchetto, Chevallier ou Blonovski, nunca Severino Cimento.
 
Os raros esquerdistas realmente ricos são, invariavelmente, figuras que muito mais se valem da ideologia para ganhar dinheiro que qualquer outra coisa (não que estejam errados, haja vista a quantidade de idiotas disponíveis nesse pormenor, a ponto de doarem milhões em vaquinhas pra criminosos condenados). Esses talvez até sejam “caviar”, mas são casos excepcionais. Falo aqui da turma majoritária: a esquerda “sagu salgado”.
 
São os que riem do pessoal que paga uma fortuna por um iPhone, mas tomam chope de dez reais ou drinques caríssimos feitos com refrigerante de segunda nos “botecos descolados”, nos quais, usando camisas “retrô” caríssimas de times obscuros, fazem piada dos que torram uma grana em algo só por ser “gourmet”. São aquilo que odeiam.
 
E quase todos cursaram alguma faculdade de humanas, nem sempre em universidades públicas, “militando” em geral nas redes sociais, centros acadêmicos e botecos da Bela Vista ou Vila Madalena (no Rio, posso chutar, ficariam na Lapa). 
 
Não são, de fato, pessoas ricas, mas definitivamente (de novo, salvo exceções bem raras) tiveram MUITAS oportunidades, muito mais que qualquer pobre.
 
Mas por que odeiam a classe média, já que ninguém consegue ter raiva dela? Os pobres querem chegar a esse patamar e os ricos, ora, por que diabos vão ter ódio? A própria classe média, vale lembrar, em sua maioria tem muito (e justo) orgulho de si própria, já que quase todos chegaram lá e ali se mantêm por conta de muito esforço e sacrifício.
 
Fica difícil explicar, especialmente porque nossos socialistas tem raiva da classe à qual pertencem. Seria algo como aquele comportamento adolescente, por meio do qual o jovenzinho de 16 anos tem raiva extrema justamente daquilo de que faz parte (a própria família)? Essa tese faz algum sentido, haja vista que o esquerdismo em quase todos os casos é curado ao longo do amadurecimento. Mas seria arriscar no campo da psicanálise, coisa que não conheço bem.
 
Fato é que nossa esquerda não é caviar. Está longe disso. E essa constatação não se faz no campo estético (até poderia ser), mas no social. Nossos socialistas levam aquelas vidinhas tacanhas e repletas de rotinas, exatamente o que dizem odiar nos que pertencem à classe média – e, de forma equivocada, pensam ser “o outro”, “o inimigo”.
 
Na verdade, são eles próprios. No fundo, odeiam a si próprios. Dessa forma, sugiro um pouco mais de leveza para encarar o mundo e boa dose de paz de espírito para seguir com a vida, porque o “ódio do espelho” é coisa séria e exige meditação; em determinados casos, tratamento mais profundo.
 
Um exercício: leiam, de forma impessoal, suas próprias timelines nas redes sociais e vejam se não são a cara daqueles comentaristas de portal (às vezes, com sinal trocado; noutras, nem isso). Pois é. Vocês são iguais e ocupam a mesma mesa no almoço de domingo – tanto que muitos reclamam de familiares que seriam como os odiados comentadores de notícias. Vale indagar: adivinha o que eles pensam de vocês?
 
Socchettos, Sinclaviers, Annesteins, Menigjians, vocês não são proletários (estes, aliás, discordam de vocês em quase tudo, estando muito mais próximos daqueles que vocês odeiam, seja a comentarista da TV ou os comentaristas de portal). Desta feita, deixem de birrinha supostamente ideológica e façam as pazes consigo, perdoem e aceitem seus pais. Cresçam um pouco.
 
Alguns aí já passaram da idade, né?
ps. Anos atrás, um grande pensador de classe média (hoje milionário) já falava algo parecido, então nada de brigar comigo.

20 de fevereiro de 2014
Gravatai Merengue  Lorotas políticas e verdades efêmeras

LUXO E GASTANÇA FICA PARA DEPOIS DA ELEIÇÃO


Opinião pública obriga Dilma a calçar as sandálias da humildade.
A suíte de Dilma na viagem anterior à Roma.
 
Pouco menos de um ano após viagem à Itália para missa inaugural do papa Francisco, a presidente Dilma Rousseff retorna à capital italiana e, dessa vez, ficará instalada na embaixada brasileira em Roma, em palácio localizado no centro histórico da cidade. O compromisso presidencial é a posse de mais um  cardeal brasileiro.
 
No ano passado, a visita de Dilma ganhou repercussão pela despesa com a instalação da comitiva: 51 quartos de hotel foram ocupados por um custo de 125,99 mil euros (R$ 324 mil). 
 
Outros 64,6 mil euros foram desembolsados para aluguel de veículos. 
 
Na ocasião, a assessoria da Presidência afirmou que Dilma preferia hotéis por facilitar a rotina de trabalho. Naquele momento, a representação brasileira em Roma estava sem embaixador –outro motivo apontado para a escolha.
 
"Toda discussão de gastos de hospedagem são de natureza confidencial. (...) Lembro que todos os gastos de qualquer autoridade são auditados pelo Tribunal de Contas [da União]. São naturalmente objeto de um processo de supervisão, auditoria, etc", disse o embaixador Carlos Antonio Paranhos,em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (20). O diplomata foi o escalado para detalhar a agenda da presidente em viagem ao exterior.
 
Recentemente, Dilma promoveu um festerê em Lisboa, em escala antes de embarcar para Cuba, onde presenteou Raul Castro com o Porto de Mariel, financiado a fundo perdido pelo BNDES. 
 
A mudança de hábitos da presidente é resultado da pressão da opinião pública.
 
20 de fevereiro de 2014
 
Lorotas políticas e verdades efêmeras
 

O PAC DA ILHA DA FANTASIA --Editorial O Estado de S.Paulo


Foi mais um espetáculo digno da Ilha da Fantasia, também conhecida como Brasília, capital do menos dinâmico dos países emergentes. 
O Brasil cresceu no ano passado mais que em 2012 e deverá crescer ainda mais neste ano, proclamou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao apresentar com sua colega do Planejamento, Miriam Belchior, mais um balanço triunfal do PAC 2, a segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento. 
Em 2012 a economia brasileira cresceu apenas 1% e o desempenho no ano passado, tudo indica, ficou longe de brilhante, mas o ministro dispensou esses detalhes
Em seu mundo, muito diferente e muito distante dessas ninharias, os problemas do Brasil vieram todos de fora, na pior fase da crise global. 
E agora? Com a recuperação dos Estados Unidos e do mundo rico, problemas continuarão sendo importados, porque os estímulos monetários americanos serão reduzidos e os mercados financeiros serão afetados. Em resumo, ruim com crise, ruim sem crise.
 
Mas o País conseguirá atravessar essa fase sem grandes danos, graças à solidez das contas públicas e à sua saúde econômica, garantiu o ministro da Fazenda. 
Ninguém sabe ainda quanto cresceu no ano passado o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. As estimativas mais otimistas são próximas de 2,3%. Para este ano, a última projeção do mercado financeiro é um resultado pior, de 1,79%. Talvez os dois ministros tenham tido a esperança de criar, com seu alegre dueto, um pouco mais de otimismo entre os economistas do mercado e, especialmente, entre os avaliadores de risco de crédito, ultimamente mal-humorados em relação ao País.
 
A mensagem teria sido mais convincente se tivessem apresentado uma boa meta fiscal para este ano - de tamanho razoável e com detalhes críveis de execução orçamentária -, mas o assunto foi evitado. Nem sequer, segundo o ministro da Fazenda, se havia resolvido como cuidar do aumento de custo da energia elétrica, um provável fato de aumento do gasto do Tesouro nos próximos meses.
 
Mantega e Belchior preferiram concentrar-se na enumeração dos avanços do PAC. Mas, como em todos os balanços anteriores, a retórica oficial foi muito mais impressionante que os detalhes da execução. Segundo o relatório, foram investidos no programa R$ 773,4 bilhões entre 2011 e 2013. Esse valor corresponde a 76,1% do total previsto para aplicação até o fim de 2014. Segundo a ministra do Planejamento, a execução está adiantada, porque essa porcentagem é superior à do período transcorrido (75%). Mas o quadro é muito menos bonito quando visto mais de perto.
 
Mais uma vez a maior fatia do dinheiro foi destinada ao setor habitacional. Foram destinados ao programa Minha Casa, Minha Vida R$ 328,1 bilhões. Isso corresponde a 42,42% dos R$ 773,4 bilhões empregados até o fim de 2013. O PAC, portanto, continua sendo principalmente um grande programa de construção habitacional - uma atividade com reflexos na manutenção do emprego a curto prazo, mas com efeito muito limitado na eliminação dos principais obstáculos ao crescimento, como as deficiências no setor de transporte e na área de energia.
 
Mas o detalhe fica um pouco mais feio quando se decompõe o valor registrado como investimento em habitação. A maior parte desse dinheiro, R$ 253,8 bilhões, corresponde a financiamentos. Falta esclarecer quanto desse valor foi efetivamente destinado a habitações novas.
 
No eixo de transportes, um dos mais importantes para a política de desenvolvimento econômico, foram aplicados R$ 43,8 bilhões, destinados a 3.080 quilômetros de rodovias concluídos em todo o País. 
O relatório registra obras em andamento em 6.915 quilômetros de estradas. A soma das duas parcelas - a concluída e aquela ainda em execução - dá 9.995 quilômetros. 
Só se terminou, portanto, uma fração correspondente a 30,81% das obras iniciadas no setor rodoviário. Isto é apenas mais um dos muitos pormenores feios do balanço. 
O conjunto reforça uma velha suspeita, renovada a cada balanço: mais que um nome de fantasia, Programa de Aceleração do Crescimento é um nome fantasioso. Não é programa nem acelera crescimento nenhum.

20 de fevereiro de 2014
Editorial O Estado de S.Paulo


Lorotas políticas e verdades efêmeras

FICHA LIMPA PODE BARRAR 16 DEPUTADOS E UM SENADOR


É o que mostra levantamento inédito da ONG Transparência Brasil. Em 2014, lei será aplicada pela primeira vez nas eleições de âmbito estadual e federal
 

 



Congresso Nacional: pela primeira vez, a Lei da Ficha Limpa vai ter efeito sobre a disputa na Câmara e Senado, que aprovaram o texto em 2010 (Dida Sampaio/Agência Estado)
 
Dezessete dos 594 atuais parlamentares podem ficar de fora das eleições de 2014 por força da Lei da Ficha Limpa. É o que mostra levantamento inédito da ONG Transparência Brasil. São dezesseis deputados e um senador condenados em segunda instância por improbidade administrativa, compra de votos ou abuso de poder econômico ou político. 

 O PSD tem quatro parlamentares enquadrados; o PMDB, três; PSDB, PP e Pros, dois; PT, PSB, PSC e PRP têm um cada.
 
A Ficha Limpa é uma das poucas leis nascidas da iniciativa popular. O projeto foi enviado ao Congresso em 2009 e aprovado logo em 2010. 


 O Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, anulou a aplicação da lei na eleição daquele ano, adiando seus efeitos para a disputa municipal de 2012. A corrida de 2014 será, portanto, a primeira de âmbito estadual e federal na vigência da lei.
 

FICHA POR FICHA

Dezessete parlamentares podem ser enquadrados na Lei da Ficha Limpa em 2014, segundo a ONG Transparência Brasil. 

Confira abaixo e clique nos nomes para conhecer as pendências judiciais de cada um:
 
 
Senado
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
 

 Câmara
Silas Câmara (PSD-AM) 
Marcos Montes (PSD-MG) 
Junji Abe (PSD-SP) 
Moreira Mendes (PSD-RO) 
Edinho Araújo (PMDB-SP) 
Fernando Jordão (PMDB-RJ) 
Silas Brasileiro (PMDB-MG) 
Paulo Maluf (PP-SP) 
João Pizzolatti (PP-SC) 
Zé Vieira (Pros-MA) 
Marcio Junqueira (Pros-RR)
 Newton Lima (PT-SP) 
Emanuel Fernandes (PSDB-SP) 
Abelardo Camarinha (PSB-SP) 
Antônia Lúcia (PSC-AC) 
Chico das Verduras (PRP-RR)
 
O texto prevê catorze hipóteses para afastar das urnas políticos com a ficha suja. A inelegibilidade, no entanto, não é decretada automaticamente. Para a aplicação da lei nos casos de improbidade administrativa, por exemplo, é necessário comprovar que houve prejuízo para os cofres públicos e enriquecimento ilícito. 


Cabe à Justiça Eleitoral decidir caso a caso - foram 3.366 recursos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na eleição de 2012, de um total de 7.781 processos relacionados ao registro de candidaturas, segundo balanço divulgado em janeiro pela Corte.
 
 
Alguns dos nomes que aparecem no levantamento da Transparência Brasil já tiveram problemas com a Lei da Ficha Limpa quatro anos atrás. 

É o caso de Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), o único senador da lista, e do deputado João Pizzolatti (PP-SC)

Eleitos em 2010, os dois foram barrados pela Justiça Eleitoral e só tomaram posse após o STF decidir que a norma, mesmo aprovada, não valeria para a corrida eleitoral de 2010.
 
 
O deputado Paulo Maluf (PP-SP) também teve a candidatura impugnada em 2010, mas no mesmo ano conseguiu reverter sentença condenatória e se livrou da punição antes mesmo que o STF adiasse os efeitos da lei para 2012. 

Em 2013, porém, em nova derrota na Justiça, Maluf foi condenado por improbidade administrativa e superfaturamento de obras.
 
 
A Lei da Ficha Limpa ameaça dezessete parlamentares este ano, mas isso não significa que os demais 577 estejam quites com a Justiça, lembra o diretor-executivo da Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo. 

Na verdade, como mostra levantamento do projeto Excelências, da Transparência Brasil, recentemente relançado, com apoio de VEJA, quase a metade do Congresso (54,8% dos deputados e 46,9% dos senadores) está enrolada na Justiça ou nos tribunais de contas. 

 A grande maioria dos processos, contudo, se arrasta nos tribunais, sem definição. "É uma invasão de gente com problemas na Justiça", diz Abramo. 

"A política tem de ser protegida dessas pessoas".
20 de fevereiro de 2014 


Lorotas Políticas e Verdades Efêmeras

*ESTRATÉGIAS PARA MANIPULAR E MANTER O POVO ALIENADO*

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014




    

     Foi publicado esta semana no site do radialista Valter Vieira um texto mostrando estratégias para manipular e manter o povo alienado. Algumas das técnicas são milenares, mas ainda hoje utilizadas pelos governantes para manter o povo longe dos verdadeiros problemas sociais, atendo-se apenas a futilidades. Pão e Circo, já receitavam os romanos. O que quer dizer que, tendo alimentação e distração, o povo fica calmo e não se interessa por temas de real importância como política. Não por acaso o Big Brother faz tanto sucesso no Brasil, enquanto em outros países não passou do primeiro ano de exibição.
 


            Criar problemas para depois oferecer soluções, é outra forma eficaz de manter o povo alienado. São os casuísmos ou factóides, como a violência desembestada, criados de tal forma que o povo aceite as soluções que lhes serão apresentadas. Toque de recolher, lei marcial, invasão de privacidade, entre outras medidas de controle da população, que são aceitas como “um mal necessário”. Os bandidos permanecem soltos e armados, e os cidadãos enjaulados e indefesos. 




Água mole em pedra dura é também um método eficaz de se fazer o povo aceitar as medidas que os governantes pretendem tomar. Para tanto, basta ir aplicando gradativamente as mudanças sociais sem que provoque uma reação imediata por parte da população. Privatizações, precariedade dos serviços públicos, desemprego em massa, salários aviltantes, são algumas destas medidas.

 

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado.

 


Fazer uso do aspecto emocional é a expressão psicossocial do poder para por fim ao sentido crítico dos indivíduos. A utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamento. Foi o que os militares fizeram na Argentina, quando declararam guerra à Inglaterra por causa das ilhas Malvinas, mexendo com o patriotismo exacerbado dos “hermanos”.

 

Manter o público na ignorância e na mediocridade, incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores”. O público deve achar que é moda o fato de ser idiota, vulgar e inculto.

 

Não por acaso Hitler só permitia que as crianças judias aprendessem a contar apenas até 10. E ainda tem quem ache o máximo o fato de que tivemos por oito anos um presidente semianalfabeto, que não gostava de ler e ainda se vangloriava disso.


Autor: Cristóvam Aguiar        
 Cristovamaguiar2.blogspot.com.

O CARISMA DE LULA






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A liderança carismática depende da crença na existência de capacidades extraordinárias ou sobrenaturais. Max Weber define carisma como certa qualidade de um indivíduo (personalidade), em virtude da qual é diferenciado das pessoas comuns e tratado como dotado de qualidades sobrenaturais, sobre-humanas ou, pelo menos, excepcionais . Destaca que é essencial que o indivíduo carismático seja reconhecido ou percebido como detentor destes atributos: Este reconhecimento é objeto de completa devoção pessoal, decorrente do entusiasmo ou do desespero e da esperança.

Descrevamos o contexto de nossa análise do carisma de Lula. O Estado brasileiro conserva características patrimonialistas, a sociedade está em processo de ruptura com o tradicionalismo (pelo efeito do caráter revolucionário do carisma) e o povo é naturalmente religioso.

Procuremos discernir as condições que tornaram possível a aparição deste chefe político divinizado brasileiro e os sentimentos religiosos e políticos que o impulsionaram ao poder (e o mantêm, embora como sujeito oculto). Um líder sindical, dotado de carisma político, conduziu greves operárias contra o regime militar, tendo sido preso na época. Nasceu, assim, o herói Lula. Até aqui, nossa narrativa descreve um sindicalista que, em seguida, se transforma em líder de um partido político social democrata.

Neste ponto de nossa análise, intervém uma mutação simbólica de grande relevância histórica. O povo, em seu modo de pensar, experimentou uma conversão interna e investiu (projetou) o líder com atributos messiânicos. Na fé popular começou a encarnar o salvador, o homem enviado por Deus - mito que existiu desde sempre.

Como isto foi possível? A explicação é que o herói proletário se apropriou da opção preferencial pelos pobres e passou a interpretar um carisma semelhante ao profético. Deus não elege um pernambucano de Caetés todo ano para presidente da República. Não elege um metalúrgico todo ano para presidente (discurso de Lula, 25/01/05). ...Antes era tudo do jeito que o diabo gostava. Agora é tudo do jeito que Deus gosta (20/03/08). Favoreceu-se de uma herança cultural arcaica, submersa no inconsciente.

E qual foi a dádiva principal para assegurar o bem-estar daqueles que se entregaram com uma fé cega ao herói doravante divinizado? Foi o auxílio do governo através do programa Bolsa Família. As estatísticas oficiais contabilizam que aproximadamente 50 milhões de pessoas - ou seja, 25% da população brasileira - são beneficiadas pelo Bolsa Família.

A pergunta, inevitável, é a seguinte: se o líder carismático pedir o voto a estes beneficiários do Bolsa Família para um(a) político(a) indicado(a) por ele, não é lógico supor que estarão na obrigação de corresponder? Chegamos, assim, à inescapável conclusão que a estratégia de Lula está no centro do jogo político brasileiro. Trata-se da principal variável a influir no desfecho das lutas políticas eleitorais e possui forte componente irracional, porque alicerçado em crenças afetivas de fundo messiânico.

17 de fevereiro de 2014
Fernando Flora, O Globo