terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O ESTADO É CÚMPLICE



          Artigos - Desarmamento 
Cúmplice de cada homicídio, de cada estupro, de cada roubo e de cada furto que ocorre hoje no Brasil.

Há quase 20 anos impera no Brasil a ideologia infundada de que a criminalidade e a violência são fruto da desigualdade social e da pobreza. 
 
Algo como se todo pobre fosse impelido ao crime, enquanto os abonados, embora malvados capitalistas, se distanciam dos atos criminais. 
 
Os adeptos desse pensamento apenas esquecem, propositalmente ou não, de que cometer um crime é e sempre será uma escolha individual e consciente, independente da classe social.
A diferença entre ricos e pobres é que, os primeiros, quando decidem cometer crimes, escolhem o estelionato, as falcatruas, a corrupção, a gestão fraudulenta, as licitações forjadas e, não raramente, acabam na política. 
 
Os pobres, por pura falta de outros instrumentos ou acessos, “metem o canhão na cintura” e vão para a rua assaltar. Todos eles, porém, são criminosos e caberia ao poder público, ao “Deus-Estado”, fazer valer a lei e puni-los indistintamente, na proporção de seus delitos. 
  Sabemos, todavia, que isso não acontece nem para pobres, muito menos para os ricos, ainda mais se estes fizerem parte da estrutura do status quo. E então a ideia da determinação do meio social vai, comodamente, sendo aceita, favorecendo, pela falta de combate, a expansão vertiginosa da violência criminal.
  A sociedade, em seus mais diversos segmentos, parece apática, sem esboçar reação.
A segurança privada, embora seja o setor que mais se beneficia financeiramente do caos que se instala no Brasil, não tem autorização para efetivamente contribuir para a segurança dos cidadãos de forma mais geral, não podendo tomar o espaço abandonado pelo poder público. 
  O próprio “Deus-Estado”, que tudo sabe e vê, já cuidou de eliminar o risco de concorrência ao seu temerário monopólio da força. Prova disto é que, no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), emitido pelo governo federal, há a previsão para que toda a segurança privada armada seja banida do Brasil. Melhor não fazer muito barulho.
O cidadão, coitado, se viu nos últimos anos convidado a entregar suas armas e sua vida na mão inepta do Estado, através das fracassadas campanhas de recolhimento de armas. Chamado à urna, disse não ao desarmamento, com o que esperava estar garantindo o direito de possuir legalmente uma arma para sua defesa. 
  Mais uma vez foi traído, seu voto feito de papel higiênico e, mais uma vez, o Estado disse: “eu não deixo você ter uma arma, isso é para a sua própria segurança”, mesmo que o caminho para a segurança seja ir preso ou morrer, com a leniência oficial, nas mãos de um facínora qualquer.
Estamos em ano eleitoral, o que tende a reacender esperanças. Será? Duvido muito. O mais previsível é que o partido que se encontra no poder, e competentemente aparelhou a máquina pública como não se via desde a Alemanha nazista, continue onde está.
As alternativas não trazem mudança ao cenário. Os candidatos que até agora apareceram de modo mais consistente se mostram apenas mais do mesmo. 
  Eduardo Campos e Marina Silva apresentaram recentemente um “pré-plano” de governo, com uma breve alusão à segurança pública. 
 
A proposta foi bem resumida na crítica contundente do pesquisador Fabricio Rebelo: no campo da segurança pública, uma enorme decepção. Em meio a uma catastrófica situação de crise de criminalidade homicida, os utópicos pré-candidatos vêm com a balela de ‘cultura de paz’ e ‘reconciliação’ entre periferia e bairros centrais.” E lá vem a repetição da tese da “guerra” entre ricos e pobres.
Já Aécio Neves, o mais importante, pelo menos até agora, pré-candidato, há alguns meses flertou fortemente com mais restrições à liberdade individual, ao afirmar que o problema do desarmamento foi que ele desarmou pouco. É a ideologia contra os fatos, esta, sim, uma guerra em que a razão vem perdendo.
Por isso afirmo que não há, realmente, muito o que esperar. E além de afirmar, faço aqui uma acusação: o Estado é cúmplice! Cúmplice de cada homicídio, de cada estupro, de cada roubo e de cada furto que ocorre hoje no Brasil. 
 
Em que me pauto para afirmar isso? Ora, quem tem o instrumental e chama para si o monopólio da segurança pública, ao não tomar as medidas necessárias para impedi-los, é cúmplice, no mínimo, por omissão!

25 de fevereiro de 2014

Bene Barbosa é especialista em segurança pública e presidente do Movimento Viva Brasil

MINISTÉRIO PÚBLICO VAI INVESTIGAR REGALIAS AOS MENSALEIROS PRESOS EM BRASÍLIA


 



 



O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios vai abrir procedimento para investigar a concessão de regalias aos réus do mensalão em dois presídios em Brasília.
 

A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), vinculada ao governo petista do DF e responsável pela administração dos presídios, será convidada a prestar esclarecimentos sobre visitas especiais no Centro de Internamento e Reeducação (CIR), onde está o ex-ministro José Dirceu, e sobre uma suposta proteção ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que passa as noites no Centro de Progressão Penitenciária (CPP). 

As duas situações foram reveladas pelo GLOBO, nas edições de sábado e domingo.

 
 
As seis promotoras de Justiça que atuam na área de execuções penais estudam a melhor forma de estabelecer um maior controle dos atos da Sesipe, que fornece poucas informações a respeito da rotina carcerária, especialmente nos casos dos réus do mensalão. 

O certo é que será aberto procedimento de investigação. As promotoras vão pedir diligências e solicitar informações à Sesipe.

 
 
LIVRE ACESSO

 
 
No CIR, dentro do complexo da Papuda, parlamentares continuam tendo acesso aos réus do mensalão fora das regras definidas para todos os presos. 

Servidores do sistema prisional relatam que deputados têm acesso às celas sem se identificar, usando coletes da Polícia Civil, junto com a escolta policial ou até dentro do carro de dirigentes do sistema.

  O deputado distrital Chico Vigilante, líder do PT na Câmara Legislativa do DF, contou ao GLOBO que entra na Papuda “a qualquer momento”.

 
 
VICE-DIRETOR DEMITIDO

Já no CPP, fora da Papuda e destinado a presos que têm autorização de trabalho externo, o vice-diretor Emerson Bernardes perdeu o cargo depois de tentar coibir regalias a Delúbio. 

Ele foi demitido por ter ordenado que o ex-tesoureiro retirasse a barba e por ter proibido que o carro da CUT — onde Delúbio trabalha — estacionasse no pátio interno. 

Além disso, registrou ocorrência sobre uma conversa entre o petista e o presidente do Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias do DF, Leandro Vieira, num fim de semana.


25 de fevereiro de 2014


Vinicius Sassine
O Globo

Violência na sarjeta - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 25/02

Sem truculência, polícia precisa encontrar maneiras de conter atos de vandalismo, o que ajudaria a preservar apoio às manifestações


A pesquisa Datafolha publicada ontem registra de forma eloquente o desgaste que as manifestações sofrem desde junho, quando chegaram a atrair cerca de 1 milhão de pessoas em 25 capitais do país.

Naquela época, nada menos que 81% dos brasileiros diziam apoiar os protestos, e apenas 15% se declaravam contrários a eles. Não parecia haver dúvidas, para uma parcela maciça da população, quanto ao caráter auspicioso das marchas.

Passados oito meses, contudo, parte significativa daquela esperança se esvaiu, decerto abalada pela violência que passou a acompanhar os atos. A rejeição às passeatas saltou para 42%, enquanto a aprovação despencou para 52%.

Trata-se de mais uma faceta deletéria do vandalismo. Além dos danos diretos que provoca ao setor público e privado, a arruaça contamina o espírito das ruas, prejudicando uma saudável demonstração de inconformismo.

Ao demandar maior zelo com os recursos públicos e melhoria nos serviços oferecidos pelo Estado, os protestos já obtiveram vitórias notáveis, em acréscimo ao próprio despertar do sistema político.

É sintoma desse novo ânimo crítico que o chamado país do futebol veja diminuir de modo expressivo o apoio à realização da Copa do Mundo no Brasil --para o que as manifestações, somadas ao acompanhamento sistemático sobre custos e legados feito pela imprensa, certamente contribuíram.

Diante desses dados, aqueles que defendem o quebra-quebra deveriam se perguntar a quem tal comportamento condenável aproveita. Por retirar respaldo das marchas, a resposta soa evidente: aos que nunca quiseram dar ouvidos às justas reclamações populares.

Assegurar o transcurso pacífico das passeatas, portanto, é um desiderato democrático --e não o seu contrário, como alguns têm procurado sustentar. Deveria ser igualmente óbvio que medidas adotadas com esse propósito não podem violar o direito de manifestação; antes, devem garanti-lo.

 
Enquanto se discutem iniciativas legislativas nesse sentido, a Polícia Militar de São Paulo mostrou, no sábado, que há muito a avançar no campo tático. Agentes desarmados e treinados em artes marciais isolaram participantes de um ato contra a Copa e lideraram a detenção de mais de 200 pessoas.

Para o comando da PM, a operação foi um sucesso. De fato, na comparação com eventos anteriores, foi menor o número de confrontos, feridos e depredações.

Houve, por outro lado, inegáveis arbitrariedades. Inúmeras pessoas sem conexão com o vandalismo foram cercadas, e entre elas estavam diversos jornalistas --o que indica o tamanho da inépcia policial.

O caminho que separa um plano bem-intencionado de sua execução muitas vezes é tortuoso. À população não interessa nem a truculência nem a omissão durante os protestos, mas nenhuma estratégia de contenção será adequada se fizer da intimidação uma regra.

O ilusionismo da presidente - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 25/02

Quando a presidente Dilma Rousseff, impressionada - para não dizer assustada - com as grandes manifestações de junho do ano passado, cujo alvo principal eram as graves deficiências do transporte urbano, anunciou um ambicioso programa de obras para melhorar esse setor, qualquer observador atento pôde perceber que ela estava prometendo mais do que poderia realizar. Nesse programa, as considerações de ordem política e eleitoral primavam claramente sobre as de ordem técnica e administrativa.

Tudo isso está sendo confirmado por levantamento do estado em que se encontram os projetos, como mostra reportagem do jornal Valor. O resultado é decepcionante. Menos de 20% dos projetos de transporte urbano em cidades médias e grandes que contam com apoio financeiro do governo federal estão sendo executados ou foram concluídos. Em números absolutos, a situação aparece com maior nitidez: de 229 projetos, só 47, em 14 municípios, têm obras em andamento. Concluídos e com obras inauguradas, apenas 6. Os demais nem saíram do papel - estão em fase de licitação ou não passaram ainda pela de estudos de viabilidade técnica e econômica.

Ao tentar justificar o atraso das obras desse programa, comparando-o com o que está em execução na área de saneamento básico, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, acabou se complicando. Lembrou ela que em 2007, quando o governo federal se dispôs a destinar recursos para obras de abastecimento de água e tratamento de esgotos de Estados e municípios, um grande número destes não conseguiu realizar os estudos técnicos exigidos para tal.

No caso dos pequenos municípios e mesmo no de Estados mais pobres, isto era perfeitamente previsível, pois é notório que lhes faltam condições mínimas para isso. Mas o governo demorou a perceber que nesses casos a exigência de projetos de boa qualidade técnica era irrealista. Aos poucos ele está conseguindo suprir essa falha, com o oferecimento de assistência àqueles Estados e municípios.

De acordo com a ministra, hoje 60% dos projetos de saneamento básico candidatos a receber financiamento federal já se enquadram nas exigências do governo.

O mesmo deve ocorrer com o transporte urbano, segundo a ministra, pois também nesse caso o governo vai financiar a realização dos estudos necessários para a elaboração de projetos tecnicamente viáveis por parte de municípios e Estados que não se sentem em condições de cumprir sozinhos essa tarefa. Esta é uma das principais razões para o fraquíssimo desempenho do programa. Ora, se o governo sabia que essa era a realidade a ser enfrentada pelas obras de transporte urbano, com base na experiência recente do saneamento básico, só a vontade de cortejar a opinião pública, majoritariamente simpática às manifestações de junho, parece explicar o lançamento daquele programa com tanto estardalhaço.

É louvável que o governo tenha procurado compreender o recado das ruas, como disse a presidente, e dar-lhe uma resposta. É o que se esperava dele. Mas pelo visto, mais de olho na sua tentativa de se reeleger do que atenta à realidade, a presidente escolheu o caminho errado - o da promessa insensata, para produzir boa impressão e iludir a opinião pública. Prometeu o que não podia entregar.

Dilma Rousseff, que se pretende uma boa administradora - qualidade que seu padrinho, o ex-presidente Lula, sempre lhe atribuiu -, deveria saber que obras de infraestrutura, como as de transporte urbano, não se fazem da noite para o dia, a toque de caixa. Além de grandes investimentos e estudos técnicos - para os quais, como se viu, boa parte dos interessados não está preparada -, elas demandam tempo. Isto salta aos olhos.

O certo teria sido, então, expor com franqueza essa realidade para a população que sofre com a precariedade do transporte urbano, principalmente a das grandes cidades, e propor um programa com etapas bem definidas para sua melhoria. Em vez disso, ela preferiu o caminho fácil do ilusionismo. E o resultado já começa a aparecer - o pífio desempenho de seu tão decantado programa.
 
 

Encanemos os fascistas d’antanho, mas cuidemos dos fascistas de hoje. Arnaldo Jabor


Arnaldo Jabor  O Globo


Qual o nosso ideal de hoje?

Antes de 1964, achávamos tudo fácil de realizar; agora temos liberdade, mas não podemos fazer quase nada

De vez em quando eu falo sobre a ditadura militar e me sinto um dinossauro, pois a “dita” aconteceu há 50 anos. Porém, nestas últimas semanas se falou muito daqueles tristes dias militares, pela aproximação de seu aniversário. 

Ela voltou como a lembrança de um pesadelo ou para nos alertar sobre os perigos para a democracia, agora que temos um país conflagrado por paralisia ideológica e por incompetência generalizada. Antes de 1964, na Guerra Fria, no terceiro-mundismo, achávamos tudo fácil de realizar — nosso desejo bastava, mesmo que a utopia fosse impossível. Achávamos que poderíamos tudo; só não tínhamos liberdade. Hoje temos liberdade, mas não podemos fazer quase nada.

A injustiça e a boçalidade nos governaram por 21 anos. Foram espantosos a ingenuidade e o despreparo que embalaram o golpe naquela época. Nossa inocência política não imaginava quem seriam os inimigos. 

E, diante dos lutadores românticos, uma outra realidade aflorou, sinistra: os inimigos eram os rosários entre os dedos, os elefantes de louça, os bibelôs sem gosto, as famílias de classe média marchando. Das crendices ressurgia um Brasil puído, gasto, inatual, que sempre esteve ali e que achávamos obsoleto. O golpe de 64 despertou o Brasil medíocre.

Acordamos de um sonho para um pesadelo. O país mudou em 24 horas. E depois de 1968, jovens idealistas piraram, enquanto multidões de yuppies brotaram do falso “milagre”, enchendo o rabo de dinheiro, adotando o cinismo frio que hoje virou até uma “qualidade” executiva.

Tínhamos horror ao mundo real: um presidente anão que parecia um ET verde oliva, a cara de boçal do Costa e Silva, as gargalhadas de Yolanda, o rosto de vampiro deprimido de Médici, a estátua ereta e autoritária do Geisel e os culhões de Figueiredo, fazendo ginástica de sunguinha para o povo ver. Tudo nos dava horror, tínhamos de fechar os olhos.

E, como a política virou crime, cultivamos utopias pessoais, sexuais, místicas, drogadas. 

O espírito hippie não chegou aqui com flores e amor, mas com balas e porrada. 

A contracultura sem flores, o perigo de morte geraram ao menos uns sete anos de horror. Esse era o espírito do tempo. Do rosto sério e reflexivo dos guerrilheiros, passamos ao sorriso alvar meio bobo dos desbundados.

Não penso em uma anormalidade que nos assolou, mas sim na terrível “normalidade” a que nos adaptamos.

A ditadura acabou, voltou a democracia, somos todos livres e, no entanto, qual é a loucura de hoje?

Durante a ditadura, todos éramos o bem. O mal eram os milicos. Acabou a dita, e as “vítimas” (dela) pilharam o Estado

O futuro virou uma promessa de aperfeiçoamento de produtos, com uma velocidade que faz do presente um arcaísmo, uma espécie de passado “ao vivo” em decomposição. Temos hoje de lutar por quê? Qual o nosso ideal de hoje?

A ditadura nos trouxe o desencanto. Ela nos fez conscientes de nossa pequenez, da importância das mesquinhas coisas da vida. 

Depois da ditadura, passamos a desejar uma liberdade vagabunda, para nada, para rebolar o rabo nas revistas, uma liberdade “fetichizada”, transformada em produto de mercado. Ganhamos o mercado da liberdade.

O fracasso, a derrota, ganhou uma beleza nova — a beleza da desistência, a nobreza da vitimização.

Aqui no Brasil, temos a brutal resistência do atraso, do Mesmo. Estamos nos acostumando a isso. Pior que a violência é habituar-nos com ela. 

O mal ficou banalizado, e o bem, um luxo, quase um hobby. A desesperança parece-nos maturidade, do pessimismo estamos chegando a um fatalismo que passou a ser o lugar da sabedoria: “ah... é assim mesmo... não dá para fazer nada mesmo”. Ou então um otimismo reativo: o Brasil jamais afundará. 

Sem dúvida, mas poderá ficar cada vez mais disfuncional e irreversível. Depois das reformas de FHC, tudo o que estava pronto para decolar voltou atrás pela ignorância regressista do PT.

Hoje, vivemos na expectativa de que algo acontecerá, num tempo onde nada se soluciona. Vivemos uma cilada histórica, quando ninguém sabe como governar um país; o despreparo continua, com governantes de “esquerda” pensando com os mesmos parâmetros de 50 anos atrás. 

Democracia é a palavra do momento. Nunca se falou tanto em democracia como ultimamente. Fala-se tanto nela talvez por medo de que ela se transfigure, se deforme. Fazem-se grandes denúncias do passado, para que não esqueçamos os horrores. É importante punir e lembrar, sem dúvida.

Mas democracia não pode ser definida apenas por ausência de ditadura, pelo que ela “não” é ou “não” foi. Nossa democracia está em dificultosa construção, frágil, difícil de entender por um país que já começou excludente e em que a República nasceu de um golpe militar. 

Mas não adianta apenas buscar os inimigos que a destruíram no passado, quem torturou, quem matou.

É importante pegar os que sobraram das iniquidades cometidas, mas temos de pegar principalmente os inimigos da democracia de hoje, os que querem acabar com a liberdade de expressão, os que arrasam o país pela corrupção sistemática e pela busca voraz do poder pelo poder. 

Quem quer acabar com a democracia hoje, a exemplo dos fascistas da Venezuela, dos fascioperonistas da Argentina ou do Equador, são compatriotas loucos e mal informados, aqui. 

Baudrillard escreveu uma frase que tenho citado e que resume a loucura bolivariana que nos ameaça: “O comunismo hoje desintegrado tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo inteiro, não através da ideologia nem do seu modelo de funcionamento, mas através do seu modelo de desfuncionamento e da desestruturação brutal.”

O mal aqui está nos pequenos psicopatas que, quietinhos, nos roem a vida. Aqui o grande canalha serve para camuflar os pequenos (que são os grandes) canalhas. O mal do Brasil não está na infinita crueldade dos torturadores ou das elites sangrentas; está mais na sua cordialidade. O mal nos engana, no Brasil. Aqui, o perigo é o Bem.

Isso é que nos ameaça e interessa e não mais as ossadas do Araguaia. Encanemos os fascistas d’antanho, mas cuidemos dos fascistas de hoje.


Nos 20 anos do Plano Real, FHC diz que o Brasil precisa de “ventos novos”

 
25/02/2014


Com o presidenciável Aécio Neves, FHC chega ao Senado para a sessão solene comemorando os 20 anos do Plano Real (Foto: Pedro Franá / Futura Press / Folhapress)
Com o presidenciável Aécio Neves e cercado por jornalistas, o ex-presidente FHC chega ao Senado para a sessão solene comemorando os 20 anos do Plano Real


FHC: BRASIL PRECISA DE “VENTOS NOVOS”

Ex-presidente participou de sessão em homenagem aos vinte anos do Plano Real e afirmou que há desgaste do grupo que está no poder

Por Gabriel Castro, de Brasília, para o site de VEJA

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira que há “fadiga de material” no governo Dilma Rousseff e que o país precisa de “ventos novos”. 

O tucano, que compareceu a uma sessão em homenagem aos vinte anos do Plano Real no Senado, evitou fazer críticas diretas aos petistas, mas afirmou que as mudanças no poder são naturais.

Fernando Henrique foi acompanhado todo o tempo pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), a quem citou como “um bom candidato” à Presidência. 

 “Eleição depende muito do momento e da força que o candidato demonstra. O que ele tem de dizer ao país é isso: eu tenho um caminho, o caminho é esse”, afirmou o ex-presidente, que prosseguiu:

– Eu acho que, a partir de certo momento, há uma fadiga de material. Eu sofri isso. E agora tem essa fadiga. De novo, o mesmo? O Brasil é um país novo. Precisa de aeração, de ventos novos.

O ex-presidente disse que a permanência de um mesmo grupo no poder cria um desgaste natural, e que o PT chegou a essa etapa:

Eu não fico jogando pedra nos meus sucessores. Eles fazem o que podem, dentro de circunstâncias. Mas chegou a hora em que tem que mudar. Eu acho que agora estamos chegando numa hora de mudança.

O Plano Real e momentos de tensão

Fernando Henrique afirmou que a implementação do Real teve momentos de tensão e criou resistências dentro do próprio governo. O então ministro da Fazenda chegou a entregar o cargo [ao presidente Itamar Franco]. 

 “Eu cheguei até a pedir demissão na véspera, porque havia muita resistência de ministros que não entendiam o processo. Mas o presidente Itamar foi firme”, disse o tucano.

O ex-presidente também afirmou que a economia brasileira precisa de novos ajustes:

– O Brasil está num compasso um pouco diferente do compasso do mundo. Tem que ajustar de novo. Mas vamos ser otimistas.

Em seu discurso na tribuna do Senado, FHC – que recebeu da Casa a medalha Ulysses Guimarães – pediu uma reforma política e administrativa. “Não dá mais. Ter trinta partidos e 39 ministérios é a receita para a paralisação da administração”, afirmou.

O tucano também criticou a postura dúbia do PT sobre as privatizações – que, na gestão da presidente Dilma Rousseff, são chamadas de “concessões”.

– O que eu fiz com a telefonia não foi concessão? É a mesma coisa. Por que ter medo de dizer as coisas? Por que não dizer a verdade?.

Aécio: “Governos do PT levaram o Brasil à desesperança”


Em sessão solene para comemorar os 20 anos do Real, pré-candidato tucano à Presidência diz que estabilidade da moeda está ameaçada e que hiperinflação ocupa o presente e ronda o futuro do Brasil


PSDB
Aécio aumenta tom de ataques a Dilma e ao PT: "O Brasil precisa derrotar nas urnas a mentira e os pactos de conveniência"

Carol Oliveira
 
Com um plenário lotado de tucanos, o Congresso Nacional comemorou, nesta terça-feira (25), os 20 anos do lançamento do Plano Real. A realização da sessão solene, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e outros idealizadores do plano, foi sugerida pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG).  

Pré-candidato à Presidência da República, Aécio deu tom eleitoral ao seu discurso, que durou quase dez minutos. 

O senador defendeu conquistas do governo FHC e fez duras críticas ao governo Dilma. Afirmou que a gestão petista representa um risco à estabilidade do Real e ameaça trazer de volta a hiperinflação.

O Brasil precisa de mudanças. Precisa derrotar nas urnas a mentira e os pactos de conveniência. Precisamos recuperar a confiança nas instituições e resgatar a perspectiva de prosperidade. Se fizemos isso uma vez, quando era praticamente impossível, precisamos fazer de novo”, discursou.

Aécio ressaltou que o PT foi contra a aprovação do plano econômico, que permitiu a estabilização da moeda e o controle da inflação, lançado ainda no governo Itamar Franco. “Nós o aprovamos sob a raivosa oposição do Partido dos Trabalhadores”, afirmou. Na época da criação da nova moeda, Fernando Henrique era o ministro da Fazenda.

A política econômica de Dilma também foi o principal alvo do discurso do tucano. Na tribuna, Aécio disse que o governo do PT trouxe de volta “monstros” que rondavam a vida dos brasileiros até o início dos anos 1990. “O Real inaugurou uma jornada em direção à estabilidade econômica. Agora a hiperinflação ocupa o nosso presente e ronda nosso futuro”.

O pré-candidato do PSDB ao Planalto levou ao plenário dados negativos da economia na gestão Dilma. Segundo o senador, o Brasil é hoje um dos países que menos crescem na América Latina. “Em 2012, o Brasil só cresceu mais que El Salvador. Em 2013, só venceu o Paraguai. Em 2014, a previsão é de que só deve crescer mais que a Venezuela. A verdade é que os 12 anos de governo do PT levaram o Brasil a estar mergulhado em desesperança, até a estabilidade da moeda está ameaçada”.


Policiais federais fazem (nova) paralisação por reajuste salarial



Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal, eles fazem hoje e amanhã paralisação de suas atividades por 48 horas
 
Agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal em Brasília fizeram na manhã de hoje (25) o funeral simbólico da segurança pública, em protesto por melhores salários e condições de trabalho. 

Durante o ato, que reuniu cerca de 80 policiais, eles deram a volta no Ministério da Justiça, na Esplanada dos Ministérios, com um carro funerário, duas coroas de flores e um caixão e terminaram o ato na rampa de entrada do edifício onde fizeram o enterro simbólico.
 
Policiais federais de todas as unidades da federação, segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal, Flávio Werneck, fazem hoje e amanhã paralisação de suas atividades por 48 horas. 

Estimamos que 3 a 4 mil policiais federais vão protestar hoje. Temos de 6 a 7 mil policiais na ativa”, disse.

O sindicato informa que 30% do efetivo vai trabalhar normalmente. 

Serviços como a emissão de passaporte estão funcionando. Apenas as investigações estão paralisadas. “Há um apagão na segurança pública. Nosso efetivo está de luto, insatisfeito, sucateado, mas vai atender à população”, disse Werneck.

Segundo o sindicato, o sucateamento da categoria levou a uma queda no número de pessoas indiciadas pela Polícia Federal. Entre 2010 e 2013, houve uma queda de 60%, de acordo com a entidade.

Entre as reivindicações dos policiais está a reestruturação da carreira e a recomposição salarial. 

Segundo Werneck, a categoria está há oito anos sem aumento salarial e pede um reajuste de 38%.

O Ministério do Planejamento informou que ofereceu 15,8% de reajuste, proposta que não foi aceita pela categoria. Segundo a pasta, não há margem fiscal e financeira para conceder o reajuste pedido neste momento, mas as negociações continuam abertas. 

“Rejeitamos o reajuste por não atender às nossas principais reivindicações”, disse Werneck.

Fonte: Agência Brasil

Mulheres se sentem atraídas por homens "machões" durante período fértil

Comportamento VEJA




Para pesquisadores, essa pode ser uma consequência da evolução, quando mulheres procuravam homens com melhores genes para se reproduzir


Comportamento: essas mesmas características, porém, não são as tipicamente procuradas para relacionamentos longos
Comportamento: essas mesmas características, porém, não são as tipicamente procuradas para relacionamentos longos (Thinkstock)
 
Um novo estudo mostrou que as mulheres mudam suas preferências quanto ao tipo de homem pelo qual se sentem atraídas dependendo do período do mês. 

De acordo com a pesquisa, devido a uma consequência da evolução, elas tendem a preferir homens com características físicas notoriamente masculinas durante o período de ovulação. O artigo foi publicado nesta segunda-feira, no periódico Psychological Bulletin.


CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Do Women’s Mate Preferences Change Across the Ovulatory Cycle? A Meta-Analytic Review.

Onde foi divulgada: periódico Psychological Bulletin

Quem fez: Kelly Gildersleeve, Martie G. Haselton e Melissa R. Fales

Instituição: Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos

Resultado: Analisando diversos estudos anteriores, os pesquisadores concluíram que as mulheres tendem a preferir parceiros com características físicas mais masculinas durante seu período fértil, como uma consequência da evolução.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, revisaram 50 estudos realizados sobre o assunto e concluíram que o sexo feminino evoluiu para preferir parceiros com comportamento dominante, certo tipo físico e facial e um determinado odor corporal. Essas mesmas características, porém, não são as procuradas para relacionamentos longos.

Uma das hipóteses é que essa mudança de preferência seria uma adaptação evolutiva, que guiaria o interesse reprodutivo de nossos ancestrais, muito antes que a medicina moderna, as melhorias na alimentação e no saneamento básico reduzissem as taxas de mortalidade infantil. 

"Segundo essa teoria, as mulheres que buscavam essas características nos parceiros tinham mais chances de transmitir bons genes para seus filhos, aumentando suas chances de sobrevivência  e sucesso reprodutivo", explica Kelly Gildersleeve, doutoranda em psicologia e uma das autoras do estudo.

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A química do amor

Beijos são "teste" para escolher o parceiro, diz estudo


Olfato apurado – Das características que influenciam a preferência feminina durante a ovulação, a resposta aos odores corporais masculinos parecem ser a evidência mais sólida, de acordo com os autores.

Em alguns dos estudos específicos de odor realizados até agora — confirmados na revisão —, os pesquisadores pediram que as mulheres cheirassem camisetas que tinham sido utilizadas por homens com diversos níveis de simetria corporal e facial — considerados pontos fortes do ponto de vista genético. 

Os resultados mostraram que as mulheres preferiram  o cheiro dos homens mais simétricos quando estavam no período mais fértil de seu ciclo menstrual. 

Enquanto a mudança de preferências sexuais nas mulheres é debatida, no reino animal esse tipo de comportamento já foi documentado em diversos bichos, de ratos a orangotangos. Fêmeas de chimpanzés, por exemplo, preferem ter relações sexuais com machos diferentes quando estão na fase fértil e quando não estão.

"Até a década passada, nós aceitávamos a noção de que a sexualidade humana feminina era radicalmente diferente das outras espécies e não era influenciada pelos hormônios ligados à reprodução, como nos outros animais. Então surgiram estudos que desafiaram o conhecimento tradicional", diz Martie Haselton, professora de psicologia e estudos da comunicação na universidade.

Como a ciência explica o amor, o sexo e a traição


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O que é o amor?

Esqueça todo o romantismo, Shakespeare e Vinícius de Moraes. O amor pode até bater lá pelas bandas do coração, mas ele é resultado de complexas reações químicas que acontecem no cérebro — e nada mais são do que resultado do processo evolutivo humano. 

Para economizar a gastança de energia e tempo usados no processo da corte, fomos selecionados para concentrar nossa atenção em uma só pessoa — e, assim, criar com sucesso nossos descendentes. 

Nesse processo estão envolvidos, basicamente, três neurotransmissores: a dopamina, a norepinefrina e a serotonina, todos produzidos por áreas ligadas ao sistema de recompensa e prazer do cérebro. 

As mãos tremem e o coração e a respiração aceleram quando o ser amado está por perto? Não acuse o cupido. Estão em ação a dopamina e a norepinefrina, substânctias que levam à alegria excessiva, à falta de sono e o sentimento de que o amado é único, e de que é quase impossível compará-lo com alguém. 

Já aquela compulsão e obsessão pelo parceiro são causadas por baixos níveis de serotonina

Dilma diz que jornalistas é que tentam intrigá-la com Lula. Então conto uma coisinha à presidente…Reinaldo Azevedo


Reinaldo Azevedo



25/02/2014
às 3:52


A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta, em Bruxelas, que é inútil a imprensa brasileira tentar criar uma conflito entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Será que os jornalistas andam mesmo fazendo esse tipo de fuxico?

Antes fosse assim, não é? Seria melhor para a presidente Dilma e, em certa medida, para o país. É evidente que a imprensa brasileira tem mais o que fazer do que se dedicar a fuxico que possa indispor o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual mandatária da nação. 

Para a má sorte da presidente, quem anda investindo no conflito são os muitos braços que Lula mantém na Presidência da República.

Lula tem recebido, como sabem, uma verdadeira romaria de empresários e políticos para ouvir reclamações sobre o governo. 

E, o que é pior para Dilma, tem concordado com os interlocutores. A presidente, é claro!, não pode admitir isso de público, então, para todos os efeitos, a culpa recai sobre os ombros largos dos jornalistas.

Nesta quarta, em Bruxelas, na Bélgica, disse a presidente aos repórteres, segundo informa a Folha: 

 “Eu acho que vocês podem de todas as formas criar qualquer conflito, barulho ou ruído entre mim e o presidente Lula, que vocês não vão conseguir. Eu e o presidente Lula não temos divergências, a não ser as normais”.

Dilma sabe que não é assim. E os jornalistas também sabem que estão cansados de ouvir lulistas e dilmistas reclamando uns dos outros, embora ninguém se atreva a dar a cara a tapa. Nos bastidores, a presidente é a mais furiosa com o clima de fofoca permanente.

Querem um exemplo? Pois não! No domingo, a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil, a CNA, e a Confederação Nacional da Indústria, a CNI, ofereceram um jantar a Dilma lá em Bruxelas, no Hotel Steigenberger. 

Ela foi àquele país participar da reunião de cúpula Brasil-União Europeia. Os empresários estavam justamente incitando a presidente a fechar um acordo com os europeus. Se possível, no âmbito do Mercosul; se não, que o nosso país desse início a uma negociação bilateral.

O encontro foi cordial. Uma influente coluna de política no Brasil, no entanto, publicou nesta segunda que tanto CNI como CNA estão mobilizadas em favor da volta de Lula. É apenas mentira.

E aqui cumpre lembrar algumas coisas. O Mercosul é uma desgraça para nós. Impede o Brasil de fazer acordos com outros países porque ou todo mundo topa, ou ninguém faz. “Todo mundo” quem? Os membros que compõem o bloco: Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai, que, por enquanto, está suspenso.

Estão em curso no mundo 354 acordos bilaterais, metade deles firmada de 2003 a esta data. O Brasil assinou só três e mantém apenas um: com Israel. Os outros dois, com a Palestina, calculem vocês, e com o Egito, não deram certo. 

Os EUA estabeleceram nada menos de 14 e estão prestes a fechar um pacto gigante com a União Europeia, que participa de 32, que pode nos empurrar para a periferia do mundo. A China, com a importância que assumiu no planeta, já assinou 15.

Lula não é o pai do Mercosul, mas está na origem da política comercial caduca vigente, que condena o país ao atraso. Os empresários da indústria e do agronegócio estavam pedindo a Dilma, no domingo, que mude o rumo dessa prosa. No Brasil, no entanto, a notícia que circulou é que estão reivindicando a volta do ex-presidente.

Então encerro agora com um recado direto a Dilma: sabe, presidente, quem plantou a falsa informação? Não foram os jornalistas, não, mas petistas ligados ao sr. Luiz Inácio Lula da Silva. É o que se chama “fogo amigo”.

Por Reinaldo Azevedo

Absurdo!Só 6% dos jovens brasileiros fazem curso profissionalizante


25/02/2014 - 13:50

Formação




Dado é de pesquisa da CNI. Nas nações desenvolvidas, taxa é de 35%


Apenas 6% dos jovens de 16 a 24 anos estão matriculados em cursos profissionalizantes
Apenas 6% dos jovens de 16 a 24 anos estão matriculados em cursos profissionalizantes 




Apenas 6% dos jovens com idades entre 16 e 24 anos estão matriculados em cursos de educação profissional, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O dado, divulgado nesta terça-feira, faz parte de pesquisa encomendada pelo grupo ao Ibope, que ouviu 2.002 pessoas em 143 municípios.

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O Brasil fica muito abaixo da média registrada em outros países. Nas 34 nações mais desenvolvidas, a porcentagem de matriculados no ensino técnico é de 35%, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A pesquisa do Ibope considerou tanto os estudantes que cursam o ensino médio integrado ao técnico quanto aqueles que fazem apenas o ensino profissional. Segundo os dados, 44% da população entre 16 e 24 anos estuda, sendo a maioria no ensino superior (18%) e, em seguida, médio (15%).

A pesquisa mostra ainda que um em cada quatro brasileiros de todas as idades já fez curso profissionalizante. As principais razões para que a maioria (75%) da população nunca tenha feito esse tipo de formação são falta de tempo para estudar (40%), falta de recursos para pagar (26%) e falta de interesse (22%).

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Apesar da baixa procura, os cursos técnicos são apontados pelos entrevistados como uma porta de entrada no mercado de trabalho. Entre os que optaram pela formação profissional, 61% já trabalharam na área do curso, o que indica que os conhecimentos adquiridos têm aplicabilidade no mercado de trabalho.


"Historicamente a educação profissional não foi prioridade na agenda politica do país. Na nossa sociedade, o sistema educacional era todo voltado para uma lógica academicista, como se todos os jovens fossem para a universidade. Isso está mudando", explica o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi.

Entre os entrevistados, 90% acreditam que quem tem formação técnica tem mais chances de encontrar trabalho do que quem não possui tal graduação; 82% concordam que os profissionais com certificado de qualificação profissional têm salários maiores.


Segundo a CNI, os resultados do estudo servirão de base para definir a oferta de vagas do Senai, que responde por 43% da oferta de cursos técnicos no país, seguido da rede privada (37%) e da rede pública (20%).

Para Lucchesi, apesar do crescimento do número de estudantes do ensino superior no Brasil, 80% dos jovens ainda terminam o ensino básico sem condições ou interesse em seguir para a universidade. 


"Eles precisam ter um caminho para ingressar no mercado de trabalho com uma profissão. A educação profissional vai ao encontro desse anseio, como, aliás, é feito nos países desenvolvidos."

Em política o que vale é a versão, não o fato- O Globo

Política

Fatos e versões

Merval Pereira, O Globo

Como definiu o político mineiro Gustavo Capanema, em política o que vale é a versão, não o fato.

Pode-se dizer das críticas ao governo Dilma atribuídas ao ex-presidente Lula que, “se non è vero, è ben trovato”. A análise, por exemplo, de que a presidente está “bem na foto” com a população, mas divorciada dos políticos e dos empresários, é a mais pura verdade.

Tanto que ela continua sendo a preferida dos eleitores, que têm a ideia de que seu governo é melhor que o de Lula pelo menos em um ponto, a corrupção. Mas a situação econômica medíocre pode afetar o bolso do cidadão comum ainda antes de ele depositar o voto na urna.

É inegável que o ambiente político está em polvorosa, e a maioria dos aliados, incluindo aí o PT, preferia que Lula fosse o candidato. É corrente em Brasília que a base aliada preferiria vencer com o governador Eduardo Campos ou com o senador Aécio Neves a vencer com Dilma Rousseff. O que garante ao governo, por enquanto, o apoio político são as pesquisas eleitorais que anunciam a possibilidade de vitória no primeiro turno.

Poucos são, no entanto, os que levam as pesquisas a sério nesse ponto, pois nem Lula, que é Lula, conseguiu vencer as eleições que ganhou no primeiro turno. Embora favorita, a presidente Dilma enfrentará dois candidatos fortes em suas respectivas regiões, que costumavam dar a vitória ao PT.

Em outras regiões do país onde a votação em Dilma foi notável — Maranhão, Amazonas, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro —, hoje a situação já não é tão favorável, com a base aliada em convulsão e a oposição recuperando terreno.

Em 2010, quando Dilma foi apresentada aos brasileiros pelo então presidente Lula, o candidato do PSDB José Serra liderou as pesquisas com índices em torno de 40% até maio daquele ano. Lançados os candidatos oficialmente em junho e iniciada a propaganda eleitoral em julho, os papéis logo se inverteram.

Desta vez, os dois candidatos de oposição é que serão revelados ao eleitorado a partir do final da Copa do Mundo, e têm muito campo para crescer. É claro que sempre há o risco de, conhecendo-os melhor, o eleitorado se convencer de que Dilma é mesmo a melhor candidata, mas não tem sido essa a tendência do eleitorado.

Sempre que se instala o contraditório na televisão, mesmo que o governo tenha mais tempo de propaganda que cada candidato individualmente, como é o caso agora, a oposição cresce, pois terá, em conjunto, mais tempo para as críticas e para rebater os feitos governistas.

A preocupação atribuída a Lula tem razão de ser. Se não mudar a maneira de administrar a economia, e nada indica que o fará, não há notícia boa para a presidente Dilma até a abertura das urnas. E várias ameaças terão que ser superadas, algumas delas inadministráveis, como a questão da energia.

O governo está literalmente nas mãos de Deus, dependendo das águas de março, a mesma situação em que se encontrou o governo de Fernando Henrique Cardoso em 2001. Com o agravante de que hoje existem termoelétricas em funcionamento, o que não existia, pelo menos nessa quantidade, naquela época.

É certo que a presidente Dilma terá que lidar com a tensão dentro da base aliada até a convenção de junho, quando deve ser definida como a candidata à reeleição. A partir daí, embora seja legalmente possível, é pouco provável uma substituição de candidatura. Seria uma operação de guerra tão dramática que, mesmo com a volta de Lula, a derrota ficaria mais perto só com a necessidade de admissão de que sua invenção não deu certo.

Juntamente com o fracasso do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, as duas escolhas são uma péssima referência para Lula. O sofrimento de Dilma é semelhante ao do governador Eduardo Campos, que vê Marina sempre à sua frente nas pesquisas. A diferença fundamental é que quem controla o PSB é Campos, e quem controla o PT é Lula.

Agnulo? UMA COISA É CERTA: AGNELO É O CANDIDATO DO PT

RENATO RIELLA

Agora parece que não tem recuo: o PT de Brasília reuniu-se no último sábado e decidiu que Agnelo Queiroz será mesmo candidato a reeleição.

Os jornais indicam que o PMDB está prestes a fazer a mesma coisa, fechando a coligação com o PT e mantendo Tadeu Filippelli como vice.

Por mais que o atual Governo do DF esteja mal nas avaliações feitas em pesquisas diversas, a chapa Agnelo-Filippelli é competitiva, pois os prováveis candidatos a governador pelos outros partidos encontram dificuldade para se impor nas pesquisas.

O senador Rodrigo Rollemberg é o mais visível dos prováveis candidatos, pois se apresenta como nome do PSB desde o ano passado, sem contestação.

Toninho do Psol deve vir de novo como candidato a governador.

No PSDB, acredito que o nome mais viável é o do deputado Pitiman, mas o partido demora para se decidir e permanecem as pré-candidaturas do deputado Izalci e do empresário Márcio Machado.

Reguffe dificilmente será lançado candidato a governador pelo complicado partido PDT.

Eliana Pedrosa, no PPS (o antigo Partidão), encontra dificuldade de impor uma candidatura a governadora.

Roriz e Arruda são possíveis candidatos a governador somente para aquele eleitorado que ainda acredita em Papai Noel.

Liliane Roriz, no PRTB, é uma incógnita.

São esses os principais nomes na mesa. 

Está tudo muito indefinido e a maioria dos eleitores, nas pesquisas divulgadas, prefere se decidir depois da Copa do Mundo. 

ARTIGO: Defasagem entre tecnologias e a educação-- José Pastore


JOSÉ PASTORE

Ao escrever sobre os computadores que pensam e corrigem erros, no artigo publicado em 11/2/2014, pensei ter chegado ao topo dos avanços tecnológicos. Ledo engano. As leituras sobre o assunto mostram um horizonte infinito. 

O estoque de inovações que estão prontas ou quase prontas para ser lançadas é enorme e cobre todas as áreas do saber. Na agricultura, por exemplo, fala-se seriamente em fazendas verticais, nas quais legumes e hortaliças serão cultivados de modo intensivo em prédios próximos das cidades, economizando terra, transporte e mão de obra. 

Os engenheiros, em parceria com os neurocientistas, estão inventando a transmissão de imagens diretamente ao cérebro, sem passar pela vista, acelerando a captação de conhecimentos.

As máquinas de tradução e interpretação simultâneas e as que decifram manuscritos já estão no mercado, substituindo tradutores e intérpretes.

A lista de inovações é imensa. Todas têm enormes implicações para o trabalho humano. São as “tecnologias disruptivas”, que, ao contrário das tecnologias evolutivas, exigem habilidades inexistentes. É isso mesmo. Dentro de dez anos, a maior parte dos seres humanos vai trabalhar com técnicas que ainda não foram inventadas. 

A disseminação da computação e da informática porá em risco 47% dos empregos americanos (Carl B. Frey e Michael A. Osborne, The future of employment: how susceptible are jobs to computerisation, University of Oxford, 2013). 

Na Finlândia, são 36% (Mika Pajarinen e Petri Rouvinen, Computerization threatens one third of Finnish Employment, Etla Brief n.º 22, 2014), porque naquele país o sistema de ensino é melhor do que nos Estados Unidos. Nos dois casos, os seres humanos terão de passar por reciclagem e readaptação profissionais.

Eles só conseguirão acompanhar a evolução tecnológica se tiverem bom senso, lógica de raciocínio, capacidade de transformar informações em conhecimentos, se souberem trabalhar em grupo; numa palavra, se tiverem flexibilidade mental, o que depende de uma educação de boa qualidade.

OPÇÃO DOS CURSOS A DISTÂNCIA

Havendo flexibilidade, os trabalhadores conseguirão se ajustar, tirando proveito inclusive das novas formas de aprendizagem, como a oferecida pela enorme quantidade de cursos a distância viabilizados pela internet. 

Não há dúvida. Essa modalidade de ensino constitui uma poderosa resposta para ajudar a superar as deficiências atuais. Mas, repito, ela será aproveitada apenas por quem passou por uma boa escola nos níveis fundamental e médio.

Aqui reside o angustiante gargalo do Brasil. O ensino nesses níveis é precário sob qualquer ângulo. Vejam o caso dos professores. Temos 1,5 milhão de professores nos ensinos fundamental e médio. A grande maioria se formou em escolas de má qualidade. Não se pode esperar a formação de bons alunos de professores limitados. 

Dados recentes indicam que, apesar de a maioria dos docentes ter acesso à internet em casa, só 2% utilizam o computador na sua profissão. Não é para menos: nas escolas públicas, 90% dos computadores estão na secretaria, e não na sala de aula.

Há mais uma agravante. Do atual contingente de 1,5 milhão de professores, 600 mil vão se aposentar nos próximos anos sem perspectiva de serem substituídos por colegas de melhor qualidade, em vista do crônico desinteresse pela carreira do magistério.

Como diz João de Oliveira, esse quadro deveria pôr o País em estado de alerta máximo, exigindo que o governo e a sociedade agissem imediatamente para garantir a formação de uma geração que tenha a necessária flexibilidade mental para se ajustar aos novos métodos de trabalhar (João B. A. Oliveira, O Brasil em alerta máximo, Valor, 18/2/2014). 

Estou com ele. É isso o que temos de exigir dos candidatos que se aprontam para vender promessas nas próximas eleições. Não se pode combater o progresso tecnológico. Temos de vencer com ele. 

*José Pastore é professor da FEA-USP, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomércio-SP e membro da Academia Paulista de Letras.