terça-feira, 8 de abril de 2014

Juro alto afeta o negócio, mas inflação é pior

 

 

 

07/04/2014 | Economia      BLOG SINAL



Juro alto e um crescimento, ainda que modesto para alguns, dos negócios. Este é o cenário esperado por empresários ouvidos pelo Valor . Uma piora é considerada improvável e o clima de pessimismo é atribuído a “ruídos” do mercado financeiro.




Fabio Hering, presidente da fabricante e varejista de vestuário Hering, afirma disse que o primeiro trimestre foi “difícil para crescer, mas nada fora das perspectivas”.



Segundo ele, o ano de 2014 será “morno”, com “crescimento médio”. “O Brasil atravessa um período de volatilidade no comércio, no consumo”, disse.



O segundo semestre será mais forte para a Hering, pois terá maior impacto de lojas novas. A companhia prevê abrir 100 lojas neste ano (70 Hering Store e 30 Hering Kids). A Copa do Mundo no Brasil, segundo Hering, não é um impulsionador para o setor e é um fator de dúvidas, apesar de trazer movimento para o país.



Mesmo a alta dos juros, considerada inibidora do consumo e do crescimento das empresas, é necessária, na visão de Fabio Hering.



“A taxa de juros é instrumento de política macroeconômica da qual não se pode abrir mão.



Sou afetado negativamente pelo aumento da Selic, mas não controlar a inflação é muito pior do que uma taxa elevada”, afirmou.




A taxa básica de juros (Selic), elevada de 10,75% para 11% na quarta- feira, “por enquanto é suportável”, disse o fundador e presidente do conselho da CVC, Guilherme Paulus. “”A gente já conviveu com essa taxa de juros anos atrás”, disse o empresário. “C l a r o, é um freio para o crédito e o consumo, mas é difícil, para a pessoa que está planejando, deixar de viajar por causa de um aumento de 1% em 12 meses”, afirmou. 



O número de passageiros que viajam com a CVC cresce de 18% a 20% ao ano, segundo Paulus, e esse patamar de expansão deve ser mantido este ano. A CVC tem 815 lojas e pretende ter perto de 900 até o fim de 2014. Paulus é controlador da GJP Hotels & Resorts, e disse que até 2015 o número de hotéis da empresa passará de 13 para 19.



Apesar de vários setores estarem crescendo, Paulus diz que há, sim, pessimismo entre os empresários.



Ele criticou a lentidão no andamento do programa de concessões na área de infraestrutura e o baixo retorno dos serviços públicos, comparado ao nível dos tributos no país. Estas duas críticas, também feitas por outros empresários, são fontes de uma visão mais negativa sobre o futuro do país.



“Precisamos melhorar em muitos sentidos, principalmente em relação à nossa carga tributária, que precisa ser reformada. A arrecadação do governo é forte, mas não vemos os investimentos necessários sendo executados. Isso desaponta um pouco o empresário, que sempre quer mais”, diz Paulus.




Para o presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, os fundamentos da economia são “sólidos” e não há motivos para temores com o país. Para ele, é preciso estudar como aumentar a produtividade.



Marcelo Odebrecht, diretorpresidente da Odebrecht, avaliou como exagerados os prognósticos de instabilidade da economia e descontrole sobre as contas públicas.




“Da mesma maneira que há dez anos havia a percepção de que o Brasil era o melhor país domundo e nada de errado iria acontecer, hoje estamos vendo o contrário. O Brasil continua com os mesmos desafios e oportunidades de dez anos atrás. Do mesmo jeito que se exagerou para um lado agora está se exagerando para o outro”, disse Marcelo Odebrecht, que planeja investimentos de até R$ 40 bilhões nos próximos três anos.



Anderson Birman, presidente do conselho de administração da companhia de calçados Arezzo, considera necessário por parte do governo ouvir os diferentes grupos da população e investir mais em políticas de desenvolvimento, incluindo mais incentivos à educação e melhoria da segurança pública.



“Só uma mudança estrutural levará o país a um novo patamar de crescimento”, disse.




Os empresários participaram da Maratona PME 2014, evento voltado a pequenas e médiasempresas realizado pelo Valor na sexta-feira, em São Paulo.





Fonte: Valor Econômico

Economia Desoneração deixa conta bilionária para 2015

 

 

 

07/04/2014 | BLOG SINAL



A renúncia fiscal com a desoneração da folha de salários continuará a afetar a gestão fiscal em 2015, mesmo que o governo decida não prorrogar a vigência dessa medida. O governo não é claro sobre o tamanho da renúncia fiscal estimada para essa medida em 2014, mas os números divulgados indicam que ela pode deixar uma conta bilionária para ser compensada no próximo ano.




Nas informações complementares ao Projeto de Lei do Orçamento de 2014, o governo estimou uma renúncia fiscal com a desoneração dos salários de R$ 24 bilhões para este ano, número que não foi oficialmente revisado no decreto de reprogramação financeira de fevereiro, quando o valor de compensação à Previdência foi reestimado de R$ 17 bilhões para R$ 11 bilhões este ano. Entretanto, parte dessa verba (54% ou R$ 5,9 bilhões) ainda refere-se à compensação de 2013. 


Depois de acertar as contas do ano passado, sobrarão R$ 5,1 bilhões correspondentes a 2014. Se a conta deste ano chegar mesmo aos R$ 24 bilhões estimados quando o orçamento foi feito, sobraria uma conta de R$ 19 bilhões para ser acertada em 2015.



Como o dinheiro sai do Tesouro e entra na Previdência, ele não impacta o superávit primário. Ele compromete, porém, parte da receita do ano que vem, reduzindo o montante que poderia ser direcionado para outros gastos públicos.

O valor de R$ 24 bilhões para 2014 pode parecer exagerado diante da renúncia de R$ 13,2 bilhões estimada pela Receita Federal para 2013. Os valores do primeiro bimestre, contudo, mostram crescimento expressivo. Foram R$ 3,5 bilhões, bem acima do R$ 1,6 bilhão do início de 2012.




Com base na renúncia de R$ 2 bilhões estimada pela Receita Federal para fevereiro, o economista José Roberto Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), calcula que o valor do ano pode chegar perto de R$ 27 bilhões. Fevereiro, lembra ele, é o primeiro mês em que o cálculo envolve todos os 56 setores beneficiados e a medida continuará em vigor para esse grupo até o fim do ano.



A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) também tem batido na tecla de que os valores estão subestimados. A associação fez a conta de 2013 e estima que o governo federal abriu mão de R$ 19,1 bilhões, mais que os R$ 13,2 bilhões relatados pela Receita Federal no ano passado.



Nas informações complementares ao Projeto de Lei do Orçamento de 2014, o governo estimou uma renúncia fiscal com a desoneração dos salários de R$ 24 bilhões para este ano, número que não foi oficialmente revisado no decreto de reprogramação financeira de fevereiro, quando o valor de compensação à Previdência foi reestimado de R$ 17 bilhões para R$ 11 bilhões este ano. 


Entretanto, parte dessa verba (54% ou R$ 5,9 bilhões) ainda refere-se à compensação de 2013. Depois de acertar as contas do ano passado, sobrarão R$ 5,1 bilhões correspondentes a 2014. Se a conta deste ano chegar mesmo aos R$ 24 bilhões estimados quando o orçamento foi feito, sobraria uma conta de R$ 19 bilhões para ser acertada em 2015.



Como o dinheiro sai do Tesouro e entra na Previdência, ele não impacta o superávit primário. Ele compromete, porém, parte da receita do ano que vem, reduzindo o montante que poderia ser direcionado para outros gastos públicos.

O valor de R$ 24 bilhões para 2014 pode parecer exagerado diante da renúncia de R$ 13,2 bilhões estimada pela Receita Federal para 2013. Os valores do primeiro bimestre, contudo, mostram crescimento expressivo. Foram R$ 3,5 bilhões, bem acima do R$ 1,6 bilhão do início de 2012.




Com base na renúncia de R$ 2 bilhões estimada pela Receita Federal para fevereiro, o economista José Roberto Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), calcula que o valor do ano pode chegar perto de R$ 27 bilhões. Fevereiro, lembra ele, é o primeiro mês em que o cálculo envolve todos os 56 setores beneficiados e a medida continuará em vigor para esse grupo até o fim do ano.




A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) também tem batido na tecla de que os valores estão subestimados. A associação fez a conta de 2013 e estima que o governo federal abriu mão de R$ 19,1 bilhões, mais que os R$ 13,2 bilhões relatados pela Receita Federal no ano passado.


No relatório de avaliação de receitas e despesas primárias do primeiro bimestre, o governo explicou que reduziu o valor estimado de compensação à Previdência para R$ 11 bilhões em função da revisão da estimativa do impacto das desonerações a partir da execução observada a partir de agosto de 2013 . 



Além disso, ponderou que as despesas com benefícios previdenciários foram reduzidas devido à atualização dos parâmetros econômicos e incorporação dos dados de 2013 e de janeiro de 2014, cujo valores ficaram inferiores à projeção feita com os parâmetros disponíveis quando o orçamento foi feito. O governo, porém, não apresentou nova estimativa de renúncia anual em substituição aos R$ 24 bilhões informados no projeto do Orçamento de 2014.


No decreto bimestral, os valores de compensação referentes a janeiro e fevereiro deste ano (a serem remetidos em junho e julho à Previdência) foram estimados em R$ 912 milhões, cada. A Receita Federal, contudo, registrou valores maiores de renúncia para os dois meses: R$ 1,5 bilhão em janeiro e R$ 2,038 bilhões em fevereiro.



Afonso, do Ibre, pondera que fevereiro foi o primeiro mês com todos os 56 setores desonerados e que, como todos permanecerão beneficiados até o fim do ano, pode-se esperar valor semelhante por mais dez meses e um valor maior para a parcela relativa ao décimo terceiro salário, quando não existe um recolhimento sobre o faturamento que possa atenuar a parcela devida ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS). Somados esses valores à renúncia do bimestre, chega-se ao total de R$ 27 bilhões.



Para Felipe Salto, economista da Tendências Consultoria, o nível de renúncia estimado para fevereiro não deve ser mantido até o fim do ano porque o ritmo da atividade tende a arrefecer. 


O crescimento da massa salarial, pondera ele, já vem sendo menor e ele determina a base de comparação para o cálculo. Uma perspectiva menor de aumento na arrecadação também implica em renúncia tributária menor , diz Salto. No ano de 2013, argumenta, os valores mensais não foram lineares.



Em 2013, a Receita Federal estimou (nos relatórios de arrecadação) que a renúncia fiscal chegou a R$ 13,2 bilhões. O Tesouro, por sua vez, informou que repassou R$ 9,2 bilhões para a Previdência, valor que incluía uma parcela (R$ 1,9 bilhão relativa a 2012).Pela lei que criou a desoneração, a arrecadação perdida pela Previdência com a troca da contribuição patronal ao RGPS pela alíquota sobre o faturamento deve ser integralmente compensada pelo Tesouro, pagamento que pode ser feito com atraso de quatro meses, segundo o decreto que regulamentou essa movimentação de contas.




Entidades, sindicalistas e economistas envolvidos no debate da desoneração concordam que o atraso não é o maior problema. A questão, ponderam, é que os valores de renúncia fiscal estão sendo subestimados pelo governo.



Para José Roberto Afonso, a discussão é de transparência porque a sociedade precisa saber, de fato, qual o custo e o benefício dessa medida. Ele não considera o repasse que ficará para 2015 como uma herança e a maior ou menor remessa à Previdência não o incomoda porque no Brasil ela foi universalizada e qualquer buraco que houver vai ser compensado pelo Tesouro, seja qual for sua origem.




A questão é que o custo da desoneração é maior do que se fala , argumenta ele, referindo-se aos valores de 2013 e 2014 e o risco que o governo decida prorrogar essa medida para 2015. Do ponto de vista fiscal, observa, o impacto acontece uma vez e é dado pelo valor não arrecadado. Este ano, pode chegar a R$ 27 bilhões pelas suas contas. Por isso, ele insiste na transparência dos dados.




Para os sindicalistas, o problema é outro. Ao projetar valores menores, o compromisso de compensação diminui e o repasse menor aumenta o déficit da Previdência Social. Com isso, crescem as críticas e demandas por redução dos benefícios, observa o vice-presidente de Assuntos Fiscais da Anfip, Vanderley Maçaneiro.



Entre 2012 e 2013, o Ministério da Previdência Social informou que o déficit da Previdência cresceu 14,8% em termos reais e alcançou R$ 51,2 bilhões, aumento de R$ 6,6 bilhões. Se nos dois anos a compensação tivesse sido integral (mesmo pela estimativa oficial), o déficit teria crescido 6%, ou cerca de R$ 2,6 bilhões.



Sérgio Luiz Leite, presidente da Federação dos Trabalhadores Químicos e Farmacêuticos do Estado de São Paulo e representante da Força Sindical na comissão tripartite criada pela lei para acompanhar a desoneração da folha, faz coro à preocupação da Anfip. 


Ele defende a desoneração, acha que é uma medida válida, mas deveria ter sido acompanhada de alguma contrapartida a favor dos trabalhadores. Quando começam a faltar recursos, a corda arrebenta no lado mais fraco e vêm as discussões para reduzir benefícios , diz ele, listando o debate para rever as regras do seguro-desemprego.



Procurado, o Ministério da Fazenda não explicou os cálculos de renúncia e a diferença entre os dados da Receita Federal e do Tesouro Nacional e também não comentou a possibilidade dos mesmos estarem subestimados, seja para 2013, seja para 2014.



Fonte: Valor Econômico

Para Dilma, crise na Petrobrás é fruto da disputa eleitoral

 

 

 

08/04/2014 | Política          BLOG SINAL




Leonencio Nossa



Em Minas, presidente afirma em discurso que “é muito normal uso de todos os instrumentos possíveis para desgastar governo” durante a pré-campanha 




A presidente Dilma Rousseff disse ontem que as suspeitas que envolvem negócios da Pe­trobrás são uma tentativa de atingir sua campanha à reeleição. Em Contagem, na região metropolitana de Belo Hori­zonte, a presidente disse que a estratégia de desgastar o go­verno é usual no período pré- eleitoral e citou a campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 




“E muito usual em período de pré-campanha no Brasil, co­mo é o de agora, e os períodos de campanha que haja a utiliza­ção de todos os instrumentos possíveis para desgastar esse ou aquele governo”, afirmou. “Nós temos experiência disso, porque nós já enfrentamos isso em 2006, na reeleição do Lula, e em 2010, na minha eleição.” 


A tática de atrelar o caso envolvendo a estatal à disputa eleitoral foi definida por Dil­ma numa conversa na semana passada com Lula, segundo interlocutores do Planalto. Da­qui para frente, a presidente, sem se alongar em explicações técnicas, reforçará o discurso de que as suspeitas fazem par­te do jogo eleitoral da oposi­ção. Dilma prometeu não re­cuar na “disputa política”. 



“Podem ter certeza que o meu governo continuará governando, mantendo o seu caráter republicano, mas nós não ire­mos recuar um milímetro da disputa política quando ela aparecer”, afirmou. 




Na solenidade em Contagem a presidente distribuiu verbas, máquinas e caminhões a prefei­tos de Minas Gerais. Nos even­tos públicos e fechados na cida­de e em Belo Horizonte durante todo o dia de ontem, Dilma este­ve sempre acompanhada do ex- ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel, pré-candidato do PT ao governo mineiro. 



Pimentel esteve também no almoço oferecido à presidente por Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro do governo Lula. 

Em janeiro, Walfrido se livrou do processo do mensalão minei­ro – esquema de arrecadação ile­gal de recursos para a campa­nha à reeleição do então gover­nador de Minas, Eduardo Azere­do (PSDB), em 1998, segundo denúncia do Ministério Público Federal – após a Justiça decre­tar prescrição dos crimes de pe­culato e formação de quadrilha. 



Dilma discursou no fim do dia em Contagem, diante de 151 pre­feitos que ganharam patrolas e caçambas. 


A presidente anun­ciou a liberação de uma parcela de R$ 1,5 bilhão de recursos para custeio das prefeituras brasilei­ras. Escolhido pelo Planalto para falar na cerimônia, o prefeito de Joaíma, Donizete Lemos (PT), falou abertamente em campa­nha e pediu apoio para a petista. 

“Companheiros, não tenham medo de apoiar a presidente Dilma. O Brasil de 12 anos para cá tem essa transformação”, disse. Em seguida, simpatizantes do go­verno e militantes que completa­vam a plateia cantaram em coro: “olê, olê, olá, Dilma, Dilma”. 



• Pronta para o embate 


“Podem ter certeza que meu governo continuará governando, mas não vamos recuar um milímetro da disputa política quando ela aparecer” Dilma Rousseff PRESIDENTE DA REPÚBLICA 


Governo tenta adiar reunião sobre CPI 



• Em nova manobra para atra­sar o início das investigações so­bre a Petrobrás no Congresso, aliados da presidente Dilma Rousseff tentam adiar para ama­nhã a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado marcada para analisar, hoje, a abrangência da CPI. 

Nomeado ontem relator da questão, o senador Romero Jucá (PMDB- RR) indicou que vai abraçar a mis­são, mas alegou que não deve conseguir dar um parecer a tem­po. Em resposta ao governo, a oposição apresentará hoje um mandado de segurança no Supre­mo Tribunal Federal para que a investigação tenha apenas a esta­tal como foco. / DÉBORA ÁLVARES



Fonte: O Estado de S.Paulo

Artigo A crueldade da tabela do Imposto de Renda

 

 

 

 

08/04/2014 | Correio Braziliense



CLÁUDIO DAMASCENO – Presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional)



Pouco antes da virada de 2013, o contribuinte foi lembrado de que a tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física seria mais uma vez corrigida abaixo da inflação oficial, medida pelo IPCA. Nada menos que 4,5% contra 5,91%, segundo a divulgação do IBGE feita em 10 de janeiro. O resumo da ópera é que o cidadão que está longe do topo da pirâmide salarial sustenta a comédia de erros que se tornou a tributação brasileira.




O Sindifisco Nacional, como faz desde sempre, protesta e se indigna contra o reiterado ataque ao bolso do assalariado. Vejam a injustiça da situação: quem ganha R$ 1.787,77 já é descontado em 7,5% na fonte, condição que muitas vezes anula um reajuste de vencimentos entre os trabalhadores de mais baixa renda – ou mesmo uma melhoria proporcionada pelo salário mínimo. O desapontamento em ser tungado é proporcional à satisfação inicial de sentir uma folga maior no bolso.



Vimos insistindo que a defasagem de 61,42% na tabela do IRPF, ante a inflação oficial, apenas aprofunda a desigualdade social – o editorial de 6 de março do Correio lembrou isso. O Sindifisco coletou os dados de 1996 a 2013 e chegou a conclusões que em momento algum foram desmentidas pelas autoridades incumbidas de formular a política tributária. 


Uma das mais impressionantes: em 1996, o assalariado que recebia até nove salários mínimos (em valores de hoje, R$ 6.516) estava isento de descontar o IR na fonte; atualmente, o teto de isenção não alcança 2,5 mínimos (R$ 1.810).



Isso deixa claro que a recuperação do piso salarial vem sendo corroída pelo achatamento da faixa de isenção, ao longo desses 17 anos. Para homens públicos que fizeram da (justíssima) recuperação do mínimo uma bandeira eleitoral, é estranho que se calem ante a catástrofe.



Por acreditar que somente com o engajamento da sociedade se conseguem mudanças expressivas, o Sindifisco lançou, em maio passado, a campanha Imposto Justo. Uma das suas vertentes é exatamente uma proposta de recuperação da tabela do IRPF, já materializada no Projeto de Lei nº 6.094/13, em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. 


Para adesão popular, há o site www.impostojusto.org.br, no qual se podem obter cálculos e constatar maldades jogadas no colo do cidadão. (Tal como o fato de que, se fosse aplicada à tabela do IRPF a fórmula que propomos, o limite de isenção subiria para confortáveis R$ 2.754,95.)



“Ah, mas uma correção dessa magnitude provocaria queda na arrecadação federal” – dirão os “nervosinhos” (para lembrar expressão utilizada recentemente pelo ministro Guido Mantega) das finanças governamentais. De forma alguma. 

A suposta perda seria compensada pela taxação de lucros e dividendos obtidos por acionistas e empresários. Como o que o Sindifisco preconiza é justiça, não “justiçamento” fiscal, sugerimos quatro faixas de contribuição: quem fatura até R$ 60 mil/ano estaria isento; entre R$ 60 mil e R$ 120 mil/ano, 5%; de R$ 120 mil a R$ 240 mil/ano, 10%; acima de R$ 240 mil/ano, 15%. 

(Lembremos que a tributação de lucros e dividendos existia até 1996. Somente por conta da Lei nº 9.249/95 passaram a ser isentos. Quer dizer: não estamos inventando coisa alguma.)



Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF), em 10 de março, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aponta que o PL nº 6.094/13 é uma alternativa concreta para a recomposição da tabela do IRPF. 


A Adin reforça uma posição clara do Sindifisco Nacional: não se pode mais permitir (e aceitar, e calar) que a carga das contribuições seja aumentada ano a ano com base no bem-estar das famílias, reduzindo-lhes a capacidade de consumir ou de poupar.



Ou você realmente acredita que o assalariado que é descontado na fonte em 7,5%, a partir de pouco mais de R$ 1,7 mil, consegue guardar algum dinheiro para o futuro? Ou consumir sem trocas como “sai o lazer, entra a reforma da casa”? O máximo que o trabalhador consegue é a sensação de que melhorias salariais não valem a pena.



Fonte: Correio Braziliense

Vamos brigar por agua e comida?




Correio Braziliense 8.04.2014



TASSO AZEVEDO - Consultor para Floresta e Clima, foi diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro


O alerta não veio de uma ONG ou de ativistas socioambientais, mas do presidente do Banco Mundial, o coreano-americano Jim Yong Kim: se não conseguirmos mudar nossa atitude em relação às mudanças climáticas, em menos de uma década o mundo estará imerso em conflitos relacionados ao acesso à água e a alimentos. 


Com essa frase, Jim Yong fez espécie de resumo do resumo da segunda parte do 5º Relatório de Avaliação sobre as mudanças climáticas Globais, produzido e divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC), na última semana de março, em Yokohama, no Japão. 


O foco do trabalho: impactos, vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas


Se a primeira parte do relatório demonstrava que o aquecimento global sem precedentes é um fato e as emissões de gases de efeito estufa são a principal causa, a segunda mostra que as alterações do clima provocadas por esse aquecimento (aumento do nível do mar, acidez dos oceanos e redução da extensão e da espessura do gelo nos polos) já estão causando impactos significativos na vida das pessoas e no ambiente natural, tais como perda de produção agrícola, aceleração da extinção e deslocamento de espécies, ampliação de danos à infraestrutura e à economia, por extremos de chuva e seca. 


O painel de cientistas alerta ainda para o fato de os impactos se agravarem, intensificarem e ampliarem nas próximas décadas, caso não tenhamos sucesso em reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa


O relatório, com mais de 2 mil páginas, é recheado de exemplos de impactos relacionados a extremos climáticos recentes, como ondas de calor, secas, enchentes, ciclones, incêndios florestais, que revelam a vulnerabilidade e exposição de muitos ecossistemas e da instraestrutura humana para lidar com a variabilidade climática atual. 


Nas últimas décadas, as mudanças climáticas causaram impactos nos sistemas naturais e aos humanos em todos os continentes e em todos os oceanos. Em muitas regiões, mudanças na precipitação e no derretimento da neve e do gelo estão alterando o sistema hidrológico, afetando a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos. 


Várias espécies terrestres, aquáticas e marinhas alteraram sua distribuição geográfica, rotas migratórias, calendário biológico, abundância e até mesmo sua interação com outras espécies, em resposta às mudanças do clima. Os fitoplanctons, por exemplo, têm se deslocado cerda de 400km por década em busca de águas mais frias. 


As principais culturas agrícolas estão sendo impactadas. Os ganhos anuais de produtividade caíram de 2% para 1% nas últimas duas décadas. Para algumas culturas, como a do milho, a produtividade já está caindo. 


A avaliação dos riscos dos impactos futuros derivados das mudanças climáticas é a parte mais complexa do relatório. 


O risco de impacto é resultado da interação de três fatores principais: a ameaça em questão (aumento do nível do mar, seca severa etc.), o grau de exposição do ambiente ou da população (proximidade ao local da ameaça) e o grau de vulnerabilidade (acesso a infraestrutura disponível para enfrentar períodos de seca). 


A exposição e a vulnerabilidade não podem ser alteradas ao longo do tempo, de acordo com as condições econômicas e sociais, decisões de investimento e até como consequência de conflitos. Embora os impactos das mudanças climáticas se distribuam por todos os continentes e oceanos, são justamente as populações mais pobres e menos desenvolvidas as mais vulneráveis. 


A falta de infraestrutura, conhecimento e investimentos para prever, monitorar, adaptar-se e reagir aos eventos climáticos extremos e suas consequências coloca em risco as vidas de milhões de pessoas no planeta, espremidas entre duas opções: adaptar-se ou mudar-se para outra região. 


O 5º Relatório do IPCC é a mais extensa, completa e profunda revisão do estado da ciência do clima já produzido. Deve ser revisto e considerado pelos tomadores de decisão nos setores público e privado, para se estabelecer ações para mitigar as emissões e adaptar atividades, negócios, infraestrutura e todos os aspectos de nossa vida. 


O relatório é categórico ao afirmar que a forma mais efetiva de reduzir os riscos é evitar o aquecimento, ou, em outras palavras, reduzir as emissões de gases de efeito estufa


Ainda que tenhamos sucesso em reduzir drasticamente as emissões, teremos riscos importantes de impacto derivados das emissões históricas acumuladas e, portanto, é preciso gerenciar esses riscos a aumentar a resiliência dos ambientes e da sociedade.

Piada do Juquinha....

domingo, 17 de novembro de 2013

 

 

 

Ninhada petista 

 

 

Juquinha estudava em uma escola pública. Um dia chegou todo contente na escola, e a Diretora, vendo a alegria do menino, logo perguntou:

- Juquinha porque toda essa alegria?

- É que minha cachorrinha teve oito cachorrinhos e todos são do PT, respondeu Juquinha.

A Diretora, eufórica com a história, disse:

- Que legal, Juquinha. Na próxima semana seremos visitados pela presidenta e ela vai ficar contente em saber disso. Vamos fazer o seguinte: quando Dilma estiver aqui, você vai até ela e conta, combinado Juquinha?

Na outra semana a presidenta visita a escola e conforme o combinado, Juquinha se aproxima e fala:

- Presidenta, a senhora sabia que minha cachorrinha ganhou oito cachorrinhos e quatro são do PT?

A Diretora, espantada, antes que Dilma falasse alguma coisa, pergunta:

- Mas Juquinha, você não me disse dito que os oito eram do PT?

E Juquinha:


- Eram sim, Diretora, mas é que quatro já abriram os olhinhos!

A pergunta que não cala “Como faço pra me filiar ao PT?”


Paulo Ávila ‏@pauloavila2008g 3 h
A pergunta que não cala “Como faço pra me filiar ao PT?”
Retweetado por Jose de Abreu


Já que o Zé diz que tem tanta gente querendo se filiar ao PT depois da prisão dos “heróis”, peguei uma cópia da proposta de adesão e publico aqui para dar uma mãozinha:


Um comentário:

Segundo o nanojornalista P.H.Amorim, “PT se cansou da ‘Solidariedade Silenciosa’ da Dilma”


Tomei um Plasil na veia para não vomitar ao reproduzir esse troço que o P.H.Amorim escreveu no seu blog e que se assemelha, vagamente, a um texto, muito embora Reinaldo Azevedo discorde, dizendo que o que o nanorepórter comete é “esguicho de pato”, presumo que pelas frases soltas e desconectadas, separadas por incontáveis parágrafos.

Além do “estilo” duvidoso, tampouco o referido blogueiro estatal prima pela correção gramatical propriamente dita - o excesso de parágrafos já é um erro -, coisa fácil de notar.

Mas o papo não é esse e sim a revolta da militância petralha com a omissão de Dilma no caso das prisões dos criminosos do mensalão - já que quem cala consente - o que prova que eu estava certo ao dizer que o poste teve uma crise de bom senso, quando disse, entre outras coisas, que “ser a presidente da República significa (...) prevenir e combater a corrupção”, ignorando solenemente os “mártires” da bandalheira.

Tomem, no mínimo, um Engov antes e leiam sobre a indignação da caterva:

Fonte do PT comentou com o ansioso blogueiro que a militância do Partido está “inquieta” e “revoltada” com a omissão do Governo Dilma diante do que se passa com Genoino, Dirceu e Delúbio.

A posição reiterada do zé Cardozo é o que se chama de “solidariedade clandestina”.

Diz aos companheiros de partido que está solidário, que evitará o show da Globo, que acompanha apreensivo os acontecimentos.

E cai fora para não se queimar.

Dirigentes do PT receberam informes detalhados do constrangimento da Presidenta Dilma quando Renato Rabelo, presidente do PC do B, na frente dela, denunciou o caráter inquisitorial do Supremo.

Foi visível a olho nu.

Como também irritou aquela twittada da Presidenta contra a “corrupção” em plena crise que podia levar o Genoino à morte.

(A notícia desta madrugada de domingo para segunda é que a situação de Genoino continua a preocupar, mas a vida não está em risco. Grave é ser preso como um meliante, quando tem direito a dormir fora da cadeia. E a saúde exige.)

O Diretório Nacional do PT se reúne na manhã desta segunda-feira, em São Paulo.

Era uma reunião prevista, mas se reveste de nova dramaticidade com os acontecimentos do fim de semana.

A pressão debaixo (sic) para cima no PT se tornou, neste momento, muito forte e é possível que a liderança seja obrigada a atender à demanda da base e soltar um documento duro, que denuncie as arbitrariedades de Joaquim Barbosa.

Mas, como se sabe, se depender da maioria dos petistas de São Paulo – como o cripto tucano (sic) Eduardo Suplicy – é possível que a reunião acabe por ratificar essa postura de “clandestina” solidariedade.

Diz a fonte: “a situação na militância é de comoção com o que fizeram com o Genoino”.

E o PT vai pressionar o Lula para defender o Genoino ?, perguntou o ansioso blogueiro.

A fonte preferiu calar-se.


Paulo Henrique Amorim

Impressionante! De unha encravada a gonorreia pré-agônica, a maconha cura tudo!



Renato Cinco, vereador do Rio pelo PSOL e Marcelo Yuka, músico, assinam hoje um artigo no Globo fazendo apologia à maconha como maravilha curativa.

Leiam uma parte. Depois comento:

Questão de saúde

O uso medicinal da maconha não é uma descoberta da ciência moderna. A cannabis aparece como medicamento no Pen-Ts’ao Ching, considerada a primeira farmacopeia conhecida do mundo, em 2.723 a.C. 
 
Nela é descrito o efeito analgésico, anticonvulsivante e tranquilizante desta erva.

No fim do século XIX a articulação proibicionista de setores puritanos dos Estados Unidos iniciou um processo de demonização do uso da maconha. A ação resultou nas primeiras leis proibicionistas na década de 30 do século 20.

Em 1961, a Convenção Única de Entorpecentes da ONU classificou a maconha na lista de drogas mais perigosas e sem nenhum valor medicinal. Mesmo com a limitação para realização de estudos, a comunidade científica conseguiu publicar pesquisas apontando o sucesso de tratamento com a maconha em doenças como câncer, Aids e glaucoma.

Nas doenças citadas acima, a maconha tem como principal função aliviar dores e desconfortos causados pela enfermidade. Para pacientes com câncer, seu uso contribui para amenizar as dores e náuseas da quimioterapia. No caso da Aids o efeito mais importante é o de estimular o apetite. No tratamento do glaucoma, o THC, princípio ativo da cannabis, ajuda a controlar a pressão intraocular. (...)”

Tá certo! Faz de conta que eu acredito que a maconha é uma panaceia, um remédio milagroso que cura de unha encravada até gonorreia pré-agônica, mas será que Renato Cinco e Marcelo Yuka estão fazendo esse esforço todo catando informações no Google porque precisam ser “medicados” ou porque estão realmente preocupados com a saúde dos brasileiros?

Além de tudo, os caras têm o desplante de dizer o tratamento com a maconha é um sucesso em doenças como a Aids. E sabem por quê? Porque ela estimula o apetite... larica braba! E só.

E quanto às reações adversas da maconha - que eles “esqueceram” de mencionar - como os efeitos sobre a inteligência, a memória, as funções respiratórias? E os transtornos mentais, como a esquizofrenia, a psicose, o transtorno de despersonalização e a depressão?

E a irreversibilidade dos danos neurológicos (inteligência, atenção e memória) resultantes do uso persistente da maconha antes dos 18 anos de idade?

De mais a mais, já existe uma quantidade de remédios mais que suficiente, que são muito mais eficazes que a canabis para toda e qualquer moléstia.

Mas nada disso é o ponto, porque cada um é dono do seu corpo e faz dele o que quiser. Esse é o argumento mais forte que tem à disposição quem pugna pela liberação da maconha e não usar essa dissimulação ridícula do seu uso como medicamento quando todo mundo sabe que o que essa gente quer mesmo é se empapuçar de fumo.

Diga-se de passagem, Renato Cinco, como vereador, em vez de querer legislar em causa própria e em matérias tão irrelevantes, deveria esquecer um pouco seu fuminho e tomar um chá de vergonha na cara para aprender a respeitar os contribuintes - seus patrões -, cuidando do que realmente deve ser cuidado, e não ficar gastando tempo e dinheiro fazendo apologia a uma droga fedorenta.
 
 

Luiz Felipe Pondé: Putin contra o sexo dos anjos



A comunidade europeia, essa reunião de países cheios de gente mimada, anda querendo discutir se é certo tratar uma criança quando é pequena de menino ou menina. O debate, é evidente, é coisa de gente riquinha que acaba levando a sério delírios da chamada teoria de gênero, essa invenção de professores desocupados com problemas de identidade sexual.

De fato, desse jeito, parece que a Europa ocidental acabou mesmo. As escolas europeias, se essa ideia idiota passar, vão virar um antro de “autoritarismo de gênero”.

Nesse sentido, Putin talvez esteja fazendo um favor aos europeus, lembrando a eles que existe um mundo de preocupações reais, e não os debates idiotas sobre se meninos são meninos e meninas são meninas ou se tudo isso é uma invenção humana como o “croissant”.

Nesse cenário, cabe bem o Obama, que, sendo um presidente pop das redes sociais, deve ter mandando um WhatsApp para o Putin protestando contra a anexação da Crimeia pelos russos, coisa que o russos têm todo o direito de fazer e que a maioria esmagadora da população da Crimeia deseja.

Imagino que Obama, cuja única competência é ser o primeiro presidente negro dos EUA (uma grande coisa, sem dúvida), deve ter posto na sua página do “Face” grandes bravatas dizendo que ia fazer isso e aquilo e colocar o Putin no seu lugar. Na verdade, quem colocou quem aqui no “seu lugar”? O Putin é que colocou a série toda de líderes ocidentais nos seus lugares, porque estes, viciados em discutir como a vida é uma “agência de direitos chiques”, enquanto comem queijos e vinhos, se esqueceram de que a vida é o que acontece quando você está ocupado delirando com seus sonhos de Branca de Neve.

Putin é um choque de realidade na sociedade fútil em que se transformou a Europa ocidental, banhada em “direitos” que custam muito caro.

Voltando à discussão sobre o sexo das crianças. Chocante é como muitos psicólogos, contaminados pela ideia de que construímos sujeitos socialmente, se deixam levar por essa bobagem do tamanho de um bonde cheio de bobos. O fato de que existam gays e lésbicas, e que estes tenham, sim, direito de viver como todo mundo, não implica o direito de teóricos autoritários começarem a legislar sobre a sexualidade de um monte de crianças “avant la lettre”.

Imagino que, se essa lei pegar, o número de crianças com problemas de identidade no futuro da Europa será enorme; mas tudo bem, porque o Estado de bem-estar social (esse personagem de um conto de fadas) vai garantir terapia para todo mundo. Levar um debate desses a sério beira as raias da pura e simples irresponsabilidade moral.

Voltando à Rússia. Desde, no mínimo, o século 19 (vemos isso, por exemplo, nos debates na imprensa russa, debates esses do qual fez parte gente de peso como Dostoiévski, Turguêniev e Tolstói), a Rússia se vê como uma nação que deve cuidar de si mesma para não se transformar no fantasma de si mesma que virou a Europa, bêbada com o que alguns filósofos e similares inventaram para combater o tédio.

Um amigo meu, discutindo esse projeto de lei estúpido, fez uma bela analogia. Sabemos que Francis Bacon, entre outros (o louquinho do Giordano Bruno também fez essa crítica, mas a usou para seus delírios metafísicos inócuos), criticou duramente o que se convencionou chamar em história da filosofia de “baixa escolástica”.

A escolástica foi um tipo de prática filosófica muito comum na Idade Média, que buscava racionalizar todo o conhecimento a partir de enunciados lógicos sistemáticos que supostamente esgotariam a totalidade da realidade, inclusive a metafísica. Grandes figuras desse período, como Tomás de Aquino, foram escolásticos.

A “baixa escolástica” é a marca da decadência da escolástica, que por sua vez representou a decadência da Europa medieval e metafísica pré-científica e burguesa.

Os escolásticos decadentes, para Bacon, discutiam coisas como “quando um homem puxa um burro, é ele quem puxa ou a corda?”. Ou: “Teriam os anjos sexo?”.

Estamos quase lá: os europeus se preparam para discutir se as crianças têm sexo. A Europa precisa muito de Putin.