segunda-feira, 23 de junho de 2014

Carvalho esteve com os black blocs várias vezes antes da Copa e até foi alvo de um rolo de papel higiênico. E reagiu “numa boa”. Então tá!




É claro que ainda voltarei a este assunto. Acabo de ler na Folha aquela que me parece ser a informação mais importante do ano: o ministro Gilberto Carvalho — sim, ele mesmo! — esteve com os black blocs. Confessou isso a Naturza Nery. 


Sim, o ministro Gilberto Carvalho queria fazer um acordo com os black blocs. Sim, enquanto os brasileiros eram vítimas da ação desses criminosos, Carvalho estava batendo um papinho com eles. Leiam. Comento mais tarde. O ministro também comenta a reação ao decreto bolivariano, o 8.243. Escreverei um texto específico a respeito.


Fica claro que houve várias reuniões. O ministro que se escandaliza porque Dilma foi xingada num estádio levou um rolo de papel higiênico na cara e reagiu “numa boa”. Então tá. Pouco antes de a Seleção Brasileira entrar em campo para enfrentar Camarões, esta potência do futebol mundial, segue uma confissão do Carvalho. * Esperava que a discussão do decreto de conselhos populares fosse trazer tanta polêmica?


Nem de longe. Até porque ele não muda nada a realidade de hoje. Apenas organiza aquilo que está acontecendo. É justamente esse clima de ódio que levou a uma interpretação açodada de chavismo. E me assusta muito a desinformação, uma distorção brutal. 

A participação popular está prevista na Constituição e tem feito bem para o país. Políticas como o SUS, Lei Maria da Penha, Prouni, ficha limpa. Este decreto não fere em nada o Poder Legislativo. Acho que vai ser um tiro no pé derrubar o decreto, pois vai na contramão das manifestações de junho. Espero que o Congresso, ao invés de gastar energia para votar contra, assuma papel de vanguarda de abrir um debate com a sociedade.


O sr. esteve no “ninho” ‘black bloc’? No esforço de diagnóstico, conseguimos um pouco antes da Copa, um contato em São Paulo com um grupo de pessoas que são partidários da tática ‘black bloc’.

Partiu de vocês? Foi, nós buscamos. Nós procuramos abrir o debate nas 12 sedes da Copa para aqueles que eram contra a Copa. E em muitas cidades a reação deles foi muito explícita ao mundial. Numa das reuniões, um menino jogou um rolo de papel higiênico e disse: isso aqui é o ingresso de vocês para a Copa.

Como o sr. reagiu? Na boa. Fiz que o gesto não existiu. Foi importante conversar com eles porque me dei conta que é uma filosofia que eu chamaria anárquica que tem a convicção de uma violência praticada pelo Estado através das omissões nos serviços públicos e denuncia muito a violência policial na periferia, com aquela história de que, na periferia, as balas não são de borracha, são metálicas e letais. 

É que a única forma de reagir contra essa violência é também com a violência, que eles dizem que não é contra pessoas, mas contra símbolos e objetivos. Por isso escolhem bancos e concessionárias de carros importantes. É uma velha tática de criar um foco e tentar atrair a atenção imaginando que vai atrair a simpatia, o apoio e o engajamento das pessoas. Essa é a tese.

O que vocês disseram a eles? Que essa tática os isola. Que essa tática em grande parte contribuiu para a desmobilização das manifestações. Então acho que eles estão completamente equivocados, e cabe a nós procurar mostrar esse equívoco.

O clima foi tenso? Muito tenso, mas não violento, respeitoso até. Porque havia um acordo de conversa. Para eles, o PSOL e o PSTU são conservadores, são à direita, e nós somos traidores, aqueles que enganam as pessoas com reformas que não vão trazer nenhuma mudança.

Houve algum acordo? Nenhum. Não tinha como dar acordo. Mas foi importante como aprofundamento do diagnóstico e mostrar que é possível conversar. As reações sempre muito iradas, adjetivadas.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma lançará o Minha Casa, Minha Vida 3, sua última cartada antes da campanha



Por Gabriel Castro, na VEJA.com. 

Ainda voltarei a esse assunto:

A presidente-candidata Dilma Rousseff lançará a poucos dias do início oficial da campanha eleitoral no país a terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida. A legislação eleitoral determinou o próximo dia 5 de julho como data da largada das campanhas. ”Quem não teve ainda acesso à casa própria pode ficar tranquilo: nós vamos lançar nacionalmente, ou no dia 1º ou no dia 2 de julho, o Minha Casa Minha Vida 3. Isso vai ser muito importante porque as pessoas que não tiveram acesso à casa própria vão ter a sua oportunidade”, afirmou Dilma, em Macapá, onde entregou 2.148 casas.


A intenção de lançar a terceira etapa para o Minha Casa, Minha Vida já era planejada desde o início do ano pelo governo, mas faltava a data de início do programa. O anúncio oficial deve ser a última grande cartada de Dilma antes de começar a campanha à reeleição. “Acabamos com o apagão habitacional que existia no Brasil”, disse ela.


A exemplo das eleições de 2010, o programa habitacional é uma das apostas do PT na campanha. Como a maior parte das obras fica a cargo da iniciativa privada, o governo investe relativamente pouco e obtém resultados significativos. 



A meta do Palácio do Planalto é contratar três milhões de imóveis na próxima etapa do Minha Casa, Minha Vida. Mas, como não será possível chegar perto desse número na atual gestão, a continuidade do programa vai ser usada por Dilma para pedir votos para pedir um segundo mandato. Até o fim de 2013, o Minha Casa, Minha Vida 2 tinha 2,2 milhões de imóveis contratados. A expectativa do governo era firmar mais 500.000 contratos até o fim deste ano.
Campanha

  Dilma aproveitou mais uma vez a cerimônia de entrega de moradias em Macapá para fazer campanha no Estado e afirmou que o Brasil “precisa atender às demandas das Regiões Norte e Nordeste”. 


”Só em água, esgoto e saneamento básico o investimento aqui é de 398 milhões de reais”, disse. A presidente afirmou que o governo também destinou 500 milhões de reais para a BR-156 e voltou a destacar a importância da construção da linha de transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus. “Essa linha traz consigo outro benefício que é a fibra ótica e, portanto, a banda larga, a inclusão digital e o acesso à internet”, afirmou.


Dilma disse ainda que determinou que seja publicado o edital de construção do terminal do aeroporto de Macapá, com a melhoria de pistas e pátio. “Com isso, vamos ampliar a capacidade do aeroporto dos atuais 900 mil passageiros para 4,5 milhões de passageiros”, afirmou. 


A presidente destacou a importância da parceria com a prefeitura de Macapá para obras de mobilidade urbana e disse que ao todo R$ 132 milhões foram destinados para a construção de 15 quilômetros de corredores de ônibus, dezesseis terminais, além da reforma dos já existentes. “Construímos também 93 ciclovias”, completou.


Em seu discurso, Dilma disse também que o governo tem investido bastante em saúde e educação, pois são “áreas fundamentais na vida das pessoas”. “Colocamos aqui recursos para trinta creches, sendo dez na capital”, afirmou. A presidente disse ainda que o Amapá “deu um show” de inscrições do Pronatec. “Proporcionalmente, o Amapá tem um dos melhores desempenhos. Temos 66 mil amapaenses fazendo, ou que já fizeram, cursos de formação profissional”, destacou.


Ela aproveitou ainda para defender o programa Mais Médicos na região. “O Mais Médicos aqui também está sendo um sucesso. Os dezesseis municípios que solicitaram receberam 126 médicos, de um total de 127. Esse único que falta chega até o final do mês e aí vamos chegar a 100%”, explicou. “Tenho certeza de que fizemos muito e tenho uma certeza ainda maior de que temos muito ainda por fazer.”


Por Reinaldo Azevedo

Marco Civil da Internet entra em vigor e estabelece direitos e deveres

Após aprovação na Câmara dos Deputados e no Senado, a lei foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff e publicada no dia 24 de abril


Agência Brasil

Publicação: 23/06/2014 09:18 

 

Começam a valer nesta segunda-feira (23/6) as novas regras para o uso da internet no Brasil. A Lei 12.965/14, conhecida como Marco Civil da Internet, é uma espécie de constituição do setor, que estabelece os direitos e deveres de usuários e de provedores de internet no país. Após aprovação na Câmara dos Deputados e no Senado, a lei foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff e publicada no dia 24 de abril, com prazo de 60 dias para entrada em vigor.

Vários pontos da lei vão precisar de regulamentação. Em entrevista logo após a sanção da lei, a presidenta disse que tudo será discutido com a sociedade.

Para os usuários, uma das principais novidades será a neutralidade de rede, ou seja, a garantia de que o tráfego terá a mesma qualidade e velocidade, independentemente do tipo de navegação. O usuário não poderá ter sua velocidade reduzida de acordo com o uso e as empresas não podem, por exemplo, diminuir a velocidade de conexão para dificultar o uso de produtos de empresas concorrentes.

Outro direito dos usuários é relacionado à privacidade. Segundo a nova lei, informações pessoais e registros de acesso só poderão ser vendidos se o usuário autorizar expressamente a operação comercial. Atualmente, os dados são coletados e vendidos pelas empresas, que têm acesso a detalhes sobres as preferências e opções dos internautas.

 
 
Outra mudança: atualmente, as redes sociais podem tirar do ar fotos ou vídeos que usem imagens de obras protegidas por direito autoral ou que contrariam regras das empresas. Com o marco civil, as empresas não podem retirar conteúdo sem determinação judicial, a não ser em casos de nudez ou de atos sexuais de caráter privado. O provedor não pode ser responsabilizado por conteúdo ofensivo postado em seu serviço pelos usuários. O objetivo é garantir a liberdade de expressão dos usuários e impedir a censura.

O Marco Civil também determina que os registros de conexão dos usuários sejam guardados pelos provedores durante um ano, sob total sigilo e em ambiente seguro. A lei também garante a não suspensão da conexão à internet, salvo por débito, e a manutenção da qualidade contratada da conexão à internet.

“O Brasil saiu na frente de vários países dando exemplo de como regulamentar essas decisões de maneira equilibrada entre os vários interesses e potos de vista sobre essa questão”, diz Nejm, diretor da SaferNet Brasil, organização não governamental (ONG) que atua na pesquisa e prevenção de crimes da internet.

Apesar de destacar todos os pontos positivos da norma, Nejm ressalta que o grande desafio, a partir de agora, fazer com que lei não fique só no papel. “Ainda tem uma lacuna importante na estrutura das policias especializadas, a carência de infraestrutura é grande”, destaca.

Hoje, segundo levantamento da SaferNet, só o Distrito Federal e os estados de Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco e Mato Grosso do Sul tem delegacias especializadas.
 
 “Na Polícia Federal, a estrutura também é precária para a demanda. Falta estrutura para oferecer ao cidadão um atendimento adequado”, diz Nejm. A morosidade da Justiça também preocupa já que, segundo a ONG, com exceção de casos de nudez, julgamentos de processos por calúnia e difamação, por exemplo, pode demorar anos.

“Em um dia de exposição, o dano é imensurável e o tempo de resposta na Justiça não é tão rápido. O dano sempre é maior que a reparação”, acrescentou.

Para reduzir o número de crimes na internet, a SaferNet Brasil aposta na prevenção. A novidade neste sentido é que o Artigo 26 do Marco Civil, de forma inédita no Brasil, estabelece que é dever do Estado promover a educação para o uso seguro e responsável da internet em todos os níveis de ensino.

”Para nós, isso é muito importante. Mais que a questão de segurança, queremos discutir a cidadania digital: ética, direitos humanos, respeito por direitos e deveres, e não falar só sobre perigos na internet”, concluiu. A ONG preparou vasto material sobre o assunto que pode ser acessado gratuitamente e usado por escolas.

Manifestantes anticopa e torcedores se misturam em Copacabana, no Rio

Policiamento foi reforçado ao longo da Avenida Atlântica, inclusive com agentes da Força Nacional

Agência Brasil
 
Publicação: 23/06/2014 16:12 Correio Braziliense



Duas manifestações anticopa e contrárias à política de segurança do governo do Rio ocorrem na orla de Copacabana, em meio aos milhares de torcedores que chegam à praia para acompanhar, na Fifa Fan Fest, o jogo do Brasil contra Camarões. A partida começa às 17h.

O policiamento foi reforçado ao longo da Avenida Atlântica, inclusive com agentes da Força Nacional. Os manifestantes seguram faixas e cartazes lembrando os nomes de vítimas mortas em ações policiais, como o pedreiro Amarildo de Souza, a auxiliar de serviços gerais Claudia Silva e o dançarino Douglas Rafael Pereira, o DG.


O morador de rua Rafael Braga – preso no ano passado durante os protestos – também foi lembrado. Ele era o único manifestante que continuava preso, acusado de portar explosivos, embora a defesa aleguasse que o rapaz levava apenas material de limpeza. Segundo a ativista Mariangela Carvalho, da Frente Independente Popular (FIP), ele ganhou a liberdade provisória na última semana.

Enquanto os manifestantes seguem pela Avenida Atlântica, gritando frases como "O lucro da Fifa é surreal, aqui no Brasil não fica um real", e "Da Copa, eu abro mão, eu quero mais dinheiro para saúde e educação", e batendo tambor, os turistas parecem não se intimidar e param para bater fotos. 
 
 
Para eles, foram confeccionados cartazes e panfletos em inglês, com o título Why shout there won't be a World Cup – Porque gritamos não vai ter Copa, em tradução livre.

Após saída do PTB, Planalto tenta conter debandada de aliados de Dilma

PP, PR e PSD ainda sofrem assédio para pularem no barco dos candidatos de oposição Aécio Neves e Eduardo Campos
 
 Correio Braziliense

 
Publicação: 23/06/2014 06:00 

Reunião de Dilma Rousseff com líderes da base aliada, no início do governo: o Planalto teme perder o apoio de três partidos (Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press - 2/3/11)
Reunião de Dilma Rousseff com líderes da base aliada, no início do governo: o Planalto teme perder o apoio de três partidos


Três partidos, totalizando quase oito minutos de propaganda eleitoral diária de rádio e televisão, decidirão, até o dia 30 deste mês, se apoiarão a reeleição da presidente Dilma Rousseff. 



PP e PSD têm convenções partidárias marcadas para esta quarta-feira, dia 25. O PR decidiu transferir a decisão para a reunião da Executiva Nacional, em 30 de junho — algo que poderá acontecer também com o PSD, se o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, decidir por um tempo maior para pensar o futuro da legenda.

A princípio, todos eles devem coligar-se com Dilma. Mas essa também era a expectativa em relação ao PTB, até os petebistas mudarem de ideia e decidirem apoiar a candidatura de Aécio Neves (MG) ao Palácio do Planalto, transferindo para o senador mineiro um minuto e 16 segundos diários de propaganda eleitoral.



 “O PTB fez a mesma coisa que nós fizemos. Reunimos o partido com a presidente Dilma Rousseff e prometemos apoio à ela. E olha que nem servimos comes e bebes no encontro”, ironizou um dos articuladores políticos do PSD.


Durante a convenção nacional do PT que homologou a candidatura de Dilma Rousseff, no último sábado, Kassab foi vaiado toda vez que teve seu nome anunciado pelo cerimonial. Os tucanos não acham que isso possa influenciar na decisão. 



Até porque, segundo aliados de Kassab, um gesto mais forte para atrair o PSD não foi dado pelo PSDB de São Paulo: o governador Geraldo Alckmin decidiu por fechar uma coligação com o PSB na vice, preterindo o próprio Kassab. “Se Kassab fosse vice em São Paulo, ele puxaria o PSDB para o colo de Aécio Neves”, admitiu uma pessoa próxima.

Dos cinco estados onde o PSD é mais forte — São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná —, só o diretório baiano é petista. Cariocas, mineiros e paranaenses são aecistas e São Paulo vai seguir o que Kassab decidir. 


Mas esta é a unidade da Federação que conta com 25% dos votos na convenção, o que a torna fundamental no placar final. “Por enquanto, nada indica que o apoio à reeleição da presidente Dilma seja rejeitado. 



Mas, se Kassab sugerir, por exemplo, o adiamento da definição para o dia 30, dando mais tempo até mesmo para que as negociações em São Paulo se definam, duvido que alguém recuse a proposta”, sugeriu um integrante da cúpula pessedista.

Às vésperas do jogo do Brasil, New York Times exalta as belezas da capital

 Até a pipoca vendida em frente a Catedral foi citada na reportagem
 
23/06/2014 11:33  Correio Braziliense
 ( Carlos Vieira/CB/D.A Press)

O jornal norte-americano New York Times publicou neste domingo (22/6) uma reportagem sobre a capital federal que é palco da última partida do Brasil no Grupo A, contra Camarões. 



Brasília é comparada com outras grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, que, segundo a publicação, estão longe de serem associadas à palavra 'ordem', estampada na bandeira. 


"Para uma pessoa que vem de fora e tenha visitado as casas noturnas com infusão de samba do Rio de Janeiro, a selva amazônica ou São Paulo, com suas favelas e trânsito intenso, 'ordem' não é o que vem à mente", destacou.



Para o repórter do NYT David Waldstein, o turista que conhece Brasília se surpreende com a organização da cidade. "Em um país conhecido por seu talento para a improvisação, Brasília está em contraste chocante, uma cidade tão ordeira, é difícil acreditar que é realmente no Brasil".

A peculiaridade da cidade sem montanhas e sem esquinas inspirou o escritor e correspondente sueco no Brasil Henrik Jönsson Brandão a escrever um livro Fantasy Island – The Brave New Heart of Brazil, que explora a história e a cultura de Brasília. "Você não encontra samba, não vê uma esquina para tomar cerveja. Eles não têm sequer favelas na cidade central", disse Brandão.

A arquitetura de Oscar Niemeyer não foi esquecida. Até a pipoca vendida em frente a Catedral foi citada na reportagem. O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha foi lembrado pelo orçamento extrapolado e pela imponência, "é enorme do lado de fora e quase aconchegante por dentro".

Militares cassados pela ditadura divulgam carta aberta à presidente Dilma

Caminhada reuniu militares cassados das três Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica)

 

Agência Brasil
 

Publicação: 23/06/2014 16:56 Correio Braziliense

 

Os militares cassados pela ditadura fizeram nesta segunda-feira (23/6) uma caminhada pela orla de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, aproveitando os festejos da Copa, para divulgar uma carta aberta à presidenta Dilma Rousseff denunciando a perseguição que os atuais comandantes fazem contra os anistiados políticos e, também, o descumprimento da Lei 10.559/2002, conhecida como Lei de Anistia.

O coordenador do movimento, advogado José Bezerra, disse à Agência Brasil que “quando os militares anistiados morrem, os generais de plantão negam os benefícios às filhas, dizendo que eles não são mais militares. São anistiados políticos”.

A carta será encaminhada à presidenta da República após a Copa do Mundo. José Bezerra reiterou que os militares vítimas do golpe militar de 1964 continuam sofrendo até os dias atuais. “O Estatuto dos Militares vem sendo desrespeitado em sua totalidade”. Citou o exemplo do major-brigadeiro do ar, Rui Barbosa Moreira Lima, cassado no dia 9 de abril de 1964, por ter sido considerado seguidor do deputado Leonel Brizola e do antropólogo Darcy Ribeiro. Moreira Lima era comandante da Base Aérea de Santa Cruz.


“Por essa razão, (esses militares) foram tratados como subversivos, perderam seus empregos e nada receberam. Alguns chegaram a ser anistiados no governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002. Porém, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou suas anistias e suspendeu seus planos de saúde. Hoje, muitos deles, já idosos, morrem na miséria e no abandono, simplesmente por terem se negado a fazer parte do golpe militar e a trair a Constituição e o presidente eleito, João Goulart”, disse. Para ele, o recado foi dado.

A caminhada reuniu militares cassados das três Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica). José Bezerra representa as associações de militares anistiados da Aeronáutica nos estados do Rio de Janeiro, da Paraíba, do Ceará, de Pernambuco e da Bahia. Ele também foi cassado pela ditadura quando servia na Base Aérea do Galeão. Na época, Bezerra era cabo da Aeronáutica.

PROTESTO Manifestantes queimam réplica da Taça da Fifa, em Brasília


Recorde: Público do Brasil e Camarões é o maior da Copa em Brasília


A partida recebeu 69.112 torcedores no Estádio Mané Garrincha





  23/06/2014 18:54


AFP


O público presente no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha para acompanhar a vitória do Brasil sobre Camarões foi de 69.112, de acordo com informações da Fifa. O embate, que confirmou a classificação da Seleção às oitavas de final, marcou o maior público da capital nos jogos da Copa do Mundo.

O primeiro jogo (Suíça x Equador), realizado em 15 de junho, registrou público de 68.351. O embate entre Costa do Marfim e Colômbia, em 19 de junho, recebeu 68.748 pessoas.

Príncipe Harry assiste à partida entre Brasil e Camarões no Mané Garrincha

 23/06/2014 19:05 
 
 
O príncipe Harry, quarto na linha da sucessão ao trono do Reino Unido assistiu à partida entre Brasil e Camarões, no Estádio Nacional Mané Garrincha nesta segunda-feira (23/6), em Brasília. Ele acompanhou o jogo ao lado do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
@CopaGov_DF/Reprodução


O herdeiro do trono britânico visitou na manhã de hoje uma das unidades do hospital da Rede Sarah Kubitschek, centro de referência em tratamentos de reabilitação. Harry também remou no Lago Paranoá junto com um instrutor e um paciente do hospital.
Daniel Ferreira/CB/D.A Press

Neymar vence Camarões com gol 100, e Brasil pegará Chile nas oitavas



Atacante compensa atuação irregular da Seleção, vira artilheiro da Copa, vê fim do jejum de Fred, brilho de Fernandinho e desenha caminho do hexa


G1



Neymar Mecânico, Carrossel do Neymar, Neymáquina, Tiki-Neymar-Taka... Há times que entraram para a história por seus estilos de jogo. Essa Seleção poderá entrar para a história por ter Neymar. Até onde o Brasil chegará na Copa do Mundo? Até onde Neymar permitir. E daqui para frente, contra adversários mais poderosos, exigir que o garoto leve um país nas costas é demais até para sua genialidade.


Diante de Camarões e um público de 69.112 no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, Neymar foi suficiente. Ele venceu os africanos por 4 a 1. Sozinho? Não. Luiz Gustavo se fez gigante, Felipão ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho, Fred voltou a marcar... Mas na hora da dificuldade, do sofrimento, foi o menino das mechas louras quem resolveu.


Neymar segundo gol Brasil x Camarões (Foto: Getty Images)Neymar faz biquinho e comemora gol sobre Camarões 
O Chile, no sábado, no Mineirão, em Belo Horizonte, a partir de 13h (de Brasília), será um adversário bem mais difícil. Neymar vai precisar de companhia mais qualificada, que parece ter se desenhado no segundo tempo com mais bola no chão, um meio mais participativo e Fred confiante. E a torcida vai precisar se lembrar das palavras de David Luiz: saber sofrer.
Os dois gols de Neymar o colocaram na liderança da artilharia da Copa, com quatro, e na quinta posição da tabela de goleadores brasileiros, com 35, atrás de Pelé (77), Zico (66), Ronaldo (62) e Romário (55). E à frente de Rivaldo (34) e Ronaldinho (33). Mais que isso, ele sambou, driblou, passou de primeira, tocou sem olhar... Há quem se incomode com excessos de elogios ao garoto. Se for seu caso, peço perdão, mas sugiro que nem continue lendo.


Só Neymar salva


O futebol é uma maluquice. Aos dois minutos, a Seleção era a melhor do mundo, lembrava a de 70, jogava por música. Aos 30, era uma porcaria que seria eliminada por Chile ou Holanda nas oitavas. Nem 8 nem 80. O início impressionou, com infiltrações e a zaga camaronesa impedindo gol de Paulinho, mas o resto preocupou.


O Brasil não teve calma, não teve inteligência para passear no frágil sistema de marcação de Camarões, não teve meio-campo, mas teve Neymar. E bastou. Com a enorme contribuição do gigante Luiz Gustavo, justiça seja feita. 


O volante roubou a bola e cruzou para o craque. No centésimo jogo do Brasil em Copas, Neymar fez o centésimo gol da Copa no Brasil. Sintonia: Brasil, Copa, Neymar... Que assim seja!


neymar segundo gol brasil x camarões (Foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm)Neymar brilha diante da massa amarela: Seleção depende dele 
Mas Nyom, que já havia empurrado Neymar em direção aos fotógrafos, passou por Daniel Alves e empurrou a bola para Matip empatar. A Seleção jogava mal. 

Vivia dos lançamentos de David Luiz, enquanto Paulinho, que deveria buscar a bola e armar o jogo, se omitia da função.

Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, o Brasil tem Neymar. Em nova bola interceptada no campo de ataque, agora por Marcelo, o camisa 10 cortou para o meio e bateu no contrapé de Itandje, que tentou adivinhar a trajetória do chute. Alívio.
Bem-vindo, Fernandinho!


Não é exagero. Em quatro minutos, Fernandinho fez mais do que Paulinho nos 225 do Brasil na Copa. A substituição no intervalo ajudou o Brasil a encurralar Camarões nos primeiros minutos. O volante, candidatíssimo a ser novo titular, deixou Hulk na cara do gol. 

Não foi a primeira nem a última vez que o “incrível” se viu nessa situação e não soube aproveitar.


Em seguida, abriu para Marcelo, daí para Fred e caixa! Don Fredón, de bigode e tudo, finalmente "pegou" e fez o primeiro dele no Mundial. O comentarista de arbitragem da TV Globo, Arnaldo Cezar Coelho, disse que o centroavante estava atrás da linha da bola no cruzamento de David Luiz, ou seja, em posição legal.

Fred e Neymar Brasil x Camarões (Foto: Reuters) 
Fred comemora gol com Neymar: camisa 9, enfim, desencanta na Copa do Mundo 
Ramires no lugar de Hulk e Willian no lugar de... Neymar. Oscar sairia, mas um pisão na perna do craque mudou os planos de Felipão. Melhor mesmo. 

Coloquem-no numa redoma, levem-no nos braços e não deixem, em hipótese alguma, que ele leve o segundo amarelo. O artilheiro, Luiz Gustavo, Thiago Silva e Ramires terão de suportar mais dois jogos sem serem advertidos: até as quartas de final.


Fernandinho e Ramires gol Brasil x Camarões (Foto: Reuters)Ramires e Fernandinho comemoram quarto gol: reservas ajudam a decidir o jogo 
O México abriu 3 a 0 na Croácia, na Arena Castelão, e precisaria de mais um para roubar a liderança brasileira. Sofreu um, não marcou, e Fernandinho ampliou em Brasília. O caminho do hexa está trilhado: Mineirão, dia 28, Castelão, dia 4, Mineirão, dia 8, e Maracanã, dia 13 de julho. 


Mais quatro jogos para que o Maracanazo, o Uruguai, Ghiggia e 1950 virem um capítulo difícil de uma história com final feliz.

Pela Copa, torcedor pinta prédio inteiro de verde e amarelo em Bangladesh



Atualizado em  23 de junho, 2014 
 
 
 
Bangladesh nunca jogou uma Copa do Mundo. Sua seleção ocupa apenas a 167ª posição no ranking mundial. Mesmo assim o país vira uma grande festa durante o campeonato.


BBC
O prédio verde e amarelo de Tutul fica em Daca


A população de Bangladesh é grande fã de futebol e se divide basicamente entre torcer para a Argentina e para o Brasil.

Mas Joynal Abedin Tutul leva seu amor pela seleção brasileira ao extremo.

Na última Copa do Mundo, ele pintou dois galpões de verde-amarelo.

Dessa vez porém, ele se superou – cobriu das cores do Brasil um prédio inteiro que acaba de construir na capital do país, Daca.

Federação ganesa é acusada de ter aceitado ceder seleção para jogos manipulados

Atualizado em  23 de junho, 2014 - 15:30 (Brasília) 18:30 GMT


Presidente da confederação de futebol de Gana ameaça processar jornal britânico

O presidente da Associação de Futebol de Gana, Kwesi Nyantakyi, disse que quer processar o jornal britânico Daily Telegraph após a acusação de que ele teria concordado com a realização de partidas da seleção que viriam a ter seus resultados manipulados.

As acusações ocorreram após uma investigação realizada pelo jornal e por um programa do canal de televisão britânico Channel 4.


Nyantakyi disse ao serviço mundial da BBC que "o conteúdo da publicação não é totalmente verdadeiro".


A investigação com repórteres disfarçados identificou duas pessoas - um agente licenciado da Fifa e um representante de um clube de Gana - que disseram ser possível manipular jogos amistosos envolvendo a seleção nacional, que atualmente disputa a Copa do Mundo.


A reportagem afirma que Nyantakyi teria concordado para que Gana jogasse as duas partidas após a Copa do Mundo.



Bandeira de Gana (Getty)
Presidente da confederação de futebol de Gana está sob suspeita após denúncia
A associação ganesa de futebol pediu à polícia que investigue as acusações. 


Nyantakyi disse à BBC ter enviado uma resposta de sete páginas ao jornal e à emissora britânica e que também está analisando tomar medidas legais contra o programa Dispatches, do Channel 4. 

"Eu não concordei com nenhum acordo de manipulação de resultados envolvendo a Associação de Futebol de Gana", disse ele.

"Eu recebi um esboço de contrato que eu indiquei não ter lido ao agente deles, e eu também tive algumas questões em relação a ele [contrato], então é prematuro dizer que a associação é culpada".

Nenhuma das acusações envolve jogos da Copa.

Quando a notícia da investigação foi revelada, no domingo, a associação divulgou um comunicado informando ter pedido à polícia que investigasse duas pessoas.

"Gostaríamos de dizer que a associação não assinou o contrato pois esperávamos pela resposta do comitê legal e que os dois senhores não fizeram ofertas corruptas à associação ou seus representantes".

A entidade disse que o assunto foi levado à Fifa e à Confederação de Futebol Africano.

Na Copa do Mundo, Gana empatou com a Alemanha e perdeu para os Estados Unidos, mas ainda pode se classificar no grupo G se vencer Portugal, no dia 26 de junho.

RSF classifica como "preocupante" a crescente tensão entre governo e jornalistas

Redação Portal IMPRENSA | 23/06/2014 14:30
 



O artigo assinado por Alberto Cantalice, vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, que faz uma lista de profissionais da imprensa chamados de "pitbulls da mídia", chamou a atenção da ONG Repórteres Sem Fronteira. A organização classificou como "preocupante" a "crescente tensão" entre o governo e jornalistas de oposição no Brasil após o início da Copa do Mundo.

"É preocupante que essas graves acusações contra jornalistas venham de um cargo tão alto dentro do PT", disse Camille Soulier, responsável pela seção Américas da RSF. "Não ignoramos o contexto polarizado da mídia, que pode exagerar o descontentamento geral. No entanto, as dificuldades sentidas pelo PT não justificam o recurso à propaganda de Estado", continua.

A ONG lembrou ainda que já foram registrados 18 casos de prisão ou violência contra jornalistas no País desde o início da Copa do Mundo da Fifa. "As acusações foram feitas num momento de inquietação social e protestos de rua contra os gastos do governo com o Mundial. Jornalistas são alvos frequentes quando a polícia tenta dispersar manifestantes", citou a RSF.

Leia também

The Guardian: Porque o futebol merece mais do que o presidente tóxico da Fifa


Esportes  THE Guardian


Segundo autor, Copa no Brasil não consegue disfarçar a podridão de Blatter



O jornal inglês The Guardian publicou uma matéria opinativa neste domingo (22) criticando a Fifa e o presidente Sepp Blatter, além de destacar a insatisfação brasileira com a realização da Copa do Mundo no país. 


O autor lembra que quando o Brasil  foi premiado com a Copa do Mundo e com as Olimpíadas, todos queriam "um pedaço da torta brasileira", mas que agora, com a falência de serviços públicos e forte corrupção, a Copa virou foco da desilusão da classe média ascendente. Segundo ele, a presença da Fifa se tornou uma constante irritante, o que pôde ser notado nas manifestações com cartazes dizendo "Fuck Off Fifa" (Fifa, vá embora).


O texto defende que os fãs de futebol ao redor do mundo estão esgotados com a Fifa, que demanda que os países que buscam receber os torneios passem por uma legislação específica. O jornalista também afirma que a Fifa insiste em intermináveis privilégios para seus representantes e patrocinadores. 


Ele chama a atenção, ainda, para as denúncias de corrupção na Copa do Qatar e diz que o poder de Blatter depende unicamente na estrutura hierárquica da organização.

Sem salto alto---Merval Pereira 22.6.2014





 A convenção do PT que aclamou a presidente Dilma como sua candidata à reeleição trouxe a boa notícia de que o partido, fora algumas poucas exceções, decidiu não incorporar a política do ódio às elites à sua estratégia eleitoral, como sugerira o ministro Gilberto Carvalho em uma extemporânea entrevista a blogueiros chapa-branca.

 

Carvalho parecia fora do tom oficial, mas estava apenas alertando que o caminho escolhido estava errado, já que reconhecer os problemas é a primeira coisa a fazer para tentar superá-los. 


O próprio presidente Lula, com uma modéstia que não é de seu feitio, ontem comparou a candidatura de Dilma à seleção da Costa Rica, que vem fazendo furor na Copa do Mundo ao derrotar seguidamente o Uruguai e a Itália e classificar-se antecipadamente no chamado “Grupo da Morte”.

 

Como a presidente Dilma continua liderando as pesquisas de opinião, embora em decadência na avaliação do eleitorado, aceitar que ela já não é a favorita deve ter custado muito a Lula e ao PT. 


Também o ministro Gilberto Carvalho deu declarações no mesmo sentido, admitindo que é preciso reverter o quadro eleitoral, embora ele ainda seja favorável à candidata do PT: “Vocês não tenham dúvida de uma coisa, eu tenho convicção, quando a campanha eleitoral começar e nós pudermos mostrar o nosso projeto... nós vamos reverter esse processo", disse ele.

 

É legítimo supor que sua direção sabe exatamente para que lado o vento está soprando, justamente esse vento de mudanças que o principal candidato oposicionista, o tucano Aécio Neves, anuncia que se transformará em um tsunami que varrerá o PT do poder.

 

As mais recentes pesquisas eleitorais mostram uma série de visões negativas sobre todos os aspectos do governo Dilma, que aponta para novas quedas de popularidade à medida que o tempo passa. Aos que pensam em reverter esse quadro apenas com a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o ex-presidente Lula fez uma advertência: não é só com propaganda bem feita que se vencerá a eleição, mas mostrando os resultados dos 12 anos de governo do PT em comparação com os governos anteriores, especialmente do PSDB.

 

Fora a obsessão por Fernando Henrique Cardoso, que beira o ridículo – ontem se referiu ao ex-presidente tucano como “ele”, sem pronunciar o nome – Lula deu algumas pistas interessantes sobre a eleição presidencial que se avizinha. O “nós” contra “eles” continua sendo a tática, mas ao que tudo indica, pelo menos nesse começo de campanha, a comparação será feita com dados e números, não com agressões.

 

Será uma tarefa difícil tentar convencer os cerca de 70% dos eleitores que querem mudanças sem a presidente Dilma que ela está capacitada a liderar esse processo de renovação, mas o slogan da campanha já mostra essa disposição: “Muda mais, Brasil”.

 

Pode ser um tiro no próprio pé se não convencerem os eleitores de que o país pode mudar com mais quatro anos com o PT no governo. Mas não há dúvida de que a presidente Dilma começou bem a campanha apresentando um “Plano de Transformação Nacional”, tentando jogar para frente o debate eleitoral.
 


Certamente será questionada sobre sua capacitação para transformar o país se nos últimos quatro anos não conseguiu fazer a economia se desenvolver. A desculpa dada no discurso de ontem de que ela e Lula herdaram uma herança maldita difícil de ser superada é uma desculpa esfarrapada que certamente será contestada pelos adversários de oposição.

 

Mas começar a campanha sem salto alto e consciente de que esta será uma disputa presidencial mais difícil e dura que qualquer outra já travada pelo partido, como admitiram vários dirigentes petistas, mostra que o partido está em estado de alerta e disposto a enfrentar as dificuldades, o que exige uma militância aguerrida nas ruas.



 

A questão é que essa militância já não tem mais aquela alma que a distinguia da dos demais partidos, assim como o PT transformou-se em mais um na geleia geral partidária brasileira. Porém o PT é de longe o partido mais bem equipado para a disputa eleitoral, dada sua estrutura e organização nacionais e o dinheiro que vem arrecadando ao longo dos anos em que está no poder,


 

Merval Pereira 21.6.2014 10h16m
 


 Os últimos dias para a definição das coligações partidárias estão produzindo um quadro esquizofrênico de alianças que tem na união do PSB com o PT no Rio de Janeiro seu melhor exemplo. 


Um candidato petista regional tendo o apoio de um candidato de oposição a nível nacional é uma mistura explosiva. Houve até quem pensasse num primeiro momento que a coligação seria um sinal de que há nos bastidores uma reaproximação entre Eduardo Campos e o PT, já que Lula, e não Dilma, é o fiador da candidatura de Lindbergh ao governo do Rio.
 


Mas essa teoria da conspiração esbarra no acordo feito pelo mesmo Eduardo Campos em São Paulo, apoiando Geraldo Alckmin do PSDB. Não é à toa que o Rio de Janeiro é o palco de alianças heterodoxas, como a que já existe na informalidade entre o PMDB e o PSDB.
Essa união, aliás, só não se oficializa por que o DEM insiste na candidatura de Cesar Maia, mais por respeito à história do ex-prefeito do que por uma estratégia eleitoral. 



A união com o PT do Rio terá pouca importância para o PSB, ao contrário da coligação armada em São Paulo, que dará o lugar de vice do governador Geraldo Alckmin ao partido, com o potencial de vir a governar o Estado caso Alckmin se reeleja e ao final do mandato se desincompatibilize para disputar outro cargo.

 

No Rio, o candidato ao Senado será o deputado federal Romário, que com a desistência de Jandira Feghali passa a ser o favorito para a vaga, numa disputa acirrada com o ex-governador Sérgio Cabral, que pode até mesmo desistir da candidatura devido a esse quadro novo que se desenha.


 

Em nenhum dos dois casos, no entanto, o número 40 do partido poderá aparecer na propaganda de rádio e televisão, o que garante a primazia para a presidente Dilma no Rio e para Aécio Neves em São Paulo. Como ninguém que está nesse jogo é ingênuo é possível que exista um movimento do PSB para interpretar a legislação eleitoral de maneira mais flexível, permitindo que a coligação estadual apoie outro candidato a presidente que não o oficial.
 


Mesmo que isso não ocorra formalmente, veremos uma série de combinações paralelas juntando o candidato do PSB Eduardo Campos ao governador Geraldo Alckmin do PSDB e ao candidato do PT Lindbergh Farias. Assim como no Rio a chapa apelidada de Aezão (Aécio Neves e Pezão) já é uma realidade local.
 

Mesmo que seja verdade que Aécio Neves apoia desde o primeiro momento a adesão do PSB à coligação do PSDB em São Paulo, não há dúvida de que essa adesão é uma questão delicada na geopolítica paulista, fundamental para todos os candidatos.

 

Esse movimento deve fortalecer, por exemplo, a candidatura a vice de um representante paulista do PSDB para ser o coordenador da campanha nacional junto à campanha estadual. O senador Aloisio Nunes Ferreira seria o nome mais indicado, por ser do grupo de José Serra e ligado ao governador Alckmin.


A situação era melhor para o candidato tucano quando havia um entendimento melhor entre ele e o candidato do PSB, um acordo tácito de apoio mútuo. Existe a possibilidade, porém, de que esse relacionamento mais próximo volte a interessar a Eduardo Campos, e há informações de que ele estaria propondo novamente acordos regionais mais amplos, apoiando o candidato tucano em Minas em troca de um acordo no Espirito Santo, onde o governador do PSB Renato Casagrande tenta a reeleição.



 

Se Campos realmente estiver disposto a refazer as pontes em direção ao PSDB, estará se distanciando de sua vice Marina Silva, que perdeu a disputa em São Paulo e também no Rio, pois defendia a candidatura própria nos três principais colégios eleitorais do país, inclusive em Minas, onde a tese ainda prevalece.

 

A verdade é que esses acordos firmados à última hora refletem a política nossa de todos os dias, onde o programático cede lugar ao pragmático. Às vezes com certos exageros, como frisou o deputado Alfredo Sirkis do PSB ao anunciar que abre mão de se candidatar nas próximas eleições para não participar do que chamou de uma “suruba” partidária.

Augusto Nunes No vídeo, o ex-presidente que odeia doutores e livros confessa: ‘Eu sou muito preguiçoso. É uma questão de hábito’

Augusto Nunes

Atualizado às 11h30


O almoço que precedeu a convenção nacional do PT deve ter sido bastante animado, sugere a frase em que Lula acusou a imprensa independente de fazer o que anda fazendo o orador há 40 anos: “A mídia golpeia, falseia, manipula, distorce, censura e suprime fatos”. O palanque ambulante quis caricaturar jornalistas que insistem em ver as coisas como as coisas são. Acabou desenhando um autorretrato.

E a sobremesa foi longe, informa o trecho da discurseira em que Lula reincidiu na celebração da ignorância. “Esse país foi a vida inteira governado por doutores, engenheiros e intelectuais, mas eu não vou citar nomes porque ele vai pensar que eu estou falando dele”, recitou. (“Ele”, claro, é FHC, que está para Lula como a kriptonita para o Super-Homem). “Por que, então, essa gente não resolveu o problema da educação no Brasil?”

Se não resolveram o problema por inteiro, os presidentes que sabiam ler e escrever ao menos evitaram que a rede de ensino público se transformasse na imensa usina de analfabetos funcionais inaugurada pelos inventores do Brasil Maravilha. E nenhum deles precisou fantasiar-se de doutor honoris causa para esconder o cérebro baldio, filho da vadiagem intelectual confessada por Lula no vídeo de 31 segundos.

Numa noite de 1981, intrigado com meia dúzia de citações declamadas pelo entrevistado do programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, o teatrólogo Flávio Rangel resolveu desvendar o enigma. “Você não está estudando nada? Você sente necessidade de estudar?”, pergunta Rangel ao líder metalúrgico que no ano anterior fundara o PT.

Daqui a muitas décadas, quando este estranho início de século for apenas um asterisco nos livros de História do Brasil, multidões de visitantes continuarão a aglomerar-se diante do vídeo exposto no Museu da Era da Mediocridade, assombrados com o que diz um futuro presidente da República.

A resposta se compõe de cinco frases. Nas quatro primeiras, Lula sucumbe a um surto de sinceridade:

“Primeiro, eu acho que eu sou muito preguiçoso. Até pra ler eu sou preguiçoso. Eu não gosto de ler, eu tenho preguiça de ler. Pelo hábito, isso é questão de hábito. Tem companheiro que passa um dia lendo um livro. Eu não consigo”.

A confissão do preguiçoso sem cura é interrompida pela quinta e última frase, que denuncia um feroz inimigo da verdade:

Eu tô com um livro pra ler, aquele, “1964, A Conquista do Estado”, e faz três meses que eu tô na página 300″.

A cara de quem está contando outra mentira confirma que, se é que abrira o livro, não havia chegado a 300 linhas. Passados mais de 30 anos, Lula não lê nem 30 palavras.

Eleição virou uma Bolsa de Valores sem valores


Josias de Souza


Arte/UOLO noticiário de política, hoje veiculado na editoria de polícia, deveria ser transferido para a seção de economia. O derretimento gradual de Dilma Rousseff imprimiu à sucessão presidencial uma lógica de Bolsa de Valores, cuja principal característica é a absoluta falta de valores… éticos.

No Brasil, como se sabe, os partidos são empreendimentos 100% financiados pelo déficit público. Por isso, a grossa maioria prefere investir no conglomerado governamental. As legendas adotam uma prática comum no mundo empresarial: a terceirização. Sob Lula, atingiu-se a perfeição.

Os partidos confiaram os afazeres da Presidência da República a uma lenda do operariado nacional, reservando-se o direito de cobrar resultado$. Com fachada de esquerda, o Planalto resultou em ótimos negócios. A aparência asséptica do ex-PT proporcionou excelente merchandising. Repetiu-se a fórmula com Dilma. O PT já não era o mesmo. Mas os negócios iam bem.

No primeiro ano de sua gestão, Dilma tornou-se uma ameça ao lucro. Recém-eleita, ela foi assaltada (ops!) pelo pior tipo de ilusão que um presidente pode ter: a ilusão de que preside. Governando com a vassoura, simulou a higienização da Esplanada. Mas, enquadrada por Lula, o presidente emérito, Dilma deu meia-volta. E os negócios voltaram a fluir.

Súbito, os consumidores passaram a emitir sinais de irascibilidade. Num instante em que os institutos de pesquisa acomodam o desejo de mudança em patamares superiores a 70%, os partidos acionaram seus radares. Avessos ao risco, decidiram diversificar os investimentos.

Dono das antenas mais aguçadas, o PMDB aplicou 59% de sua convenção em Dilma, mantendo do lado dela Michel Temer. Poucas vezes, porém, um vice foi tão versa. A favor de tudo e contra qualquer coisa, o PMDB ficou livre para contrair novos matrimônios nos Estados. Em política, você sabe, matrimônio é outro nome para patrimônio.

Depois reposicionar sua carteira de ações em várias praças —aplicou a Bahia na apólice de Aécio Neves e o Rio Grande do Sul no título de Eduardo Campos, por exemplo— a corretora do PMDB atingiu o ápice da sofisticação na sua filial do Rio de Janeiro. Ali, após simular a recompra dos títulos de Dilma, o cacique Sérgio Cabral, qual um especulador de mercado, investiu numa nova sociedade: Aezão.

Em troca da cessão do tempo de propaganda do PSDB no rádio e na tevê para Luiz Pezão, seu candidato a governador, Cabral retirou-se da corrida ao Senado, entregou a vaga a um aliado do tucanato —o ‘demo’ Cesar Maia—, e liberou as engrenagens do PMDB fluminense para rodar por Aécio.

Cabral fez tudo isso em reação a outro ataque especulativo: isolado, o candidato a governador do PT, Lindbergh Farias, associou-se ao PSB de Eduardo Campos, adquirindo uma blue chip: a candidatura ao Senado do craque Romário. Até o ex-tucano Edaurdo Paes, hoje prefeito carioca pelo PMDB, espantou-se. “Isso é um bacanal eleitoral”, disse.

Os especialistas em Bolsa costumam dizer que não convém a nenhum investidor colocar todos os ovos num mesmo cesto. Alheio ao conselho, o PTB do presidiário Roberto Jefferson migrou 100% de suas posições de Dilma para Aécio. O PR do mensaleiro preso Valdemar Costa Neto ficou tentado a fazer o mesmo. Mas parece ter desistido.

Compostas por operadores de fino faro, algumas legendas governistas tremem como se receassem que o derretimento de Dilma caminhe para um completo meltdown —termo adotado pelo economês na década de 90, para descrever a situação terminal de uma economia quando já não havia nada a ser feito além de correr, para não derreter junto.

Enquanto os deuses do mercado eleitoral tomam suas decisões, resta ao contribuinte, que não costuma jogar sua sorte em ações e cujos conhecimentos de Bolsa só vão até o Bolsa Família, lamentar que o futuro do país continue nas mãos de uma dezena de operadores de mesa de câmbio partidário. A única saída talvez seja fundar um partido. Ou uma Igreja, que às vezes dá no mesmo.