terça-feira, 24 de junho de 2014

Petrobras pagará R$ 15 bi por direito de explorar pré-sal sem licitação


Reuters


Governo contrata empresa para explorar excedente em 4 áreas.
Ações da empresa fecharam em queda de mais de 3% nesta terça (24).

Da Reuters
 
A decisão do governo federal de contratar sem licitação a Petrobras para explorar o óleo excedente em quatro áreas da chamada cessão onerosa, no pré-sal, deve levar a estatal a gastar R$ 15 bilhões em bônus e antecipações, de acordo com fato relevante divulgado pela empresa.

A cessão onerosa foi assinada com a Petrobras em 2010, no processo de capitalização da companhia, e garantiu a ela o direito a explorar 5 bilhões de barris nos campos de Búzios (antigo campo de Franco), Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi.
Nesta terça-feira (24), o governo decidiu contratar a estatal também sem licitação para explorar o que exceder esses 5 bilhões de barris nessas áreas.


A exploração será pelo sistema de partilha, por meio do qual a União recebe parte do óleo lucro, mesmo sistema assinado no contrato de campo de Libra, no RJ.


Pagamento
A companhia informou em fato relevante que deverá antecipar o pagamento de parte das receitas com o excedente em óleo, num total de R$ 13 bilhões. Deste total, R$ 2 bilhões serão desembolsados em 2015, R$ 3 bilhões em 2016, R$ 4 bilhões em 2017 e R$ 4 bilhões em 2018.


Além disso, a Petrobras pagará ainda em 2014, R$ 2 bilhões como bônus de assinatura do acordo.

A decisão foi tomada em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), com a participação da presidente Dilma Rousseff.


Ações
As ações da Petrobras fecharam em queda após o anúncio do acordo. Os papéis preferenciais da companhia fecharam com perdas de 3,61%, enquanto o Índice Bovespa avançou 0,13%.



O Itaú BBA afirmou que a notícia "confirmou seus piores medos" e que não há forma de a Petrobras antecipar a produção do volume previsto no acordo a menos que adie outros projetos em seu portfólio. "Em outras palavras, a Petrobras vai pagar R$ 15 bilhões ao governo em cinco anos para barris que serão produzidos no longo prazo", afirmou o Itaú BBA em nota a clientes.


"A diretoria da Petrobras, em reuniões com o mercado, disse que não esperava nenhum impacto no caixa da empresa por conta dessa reavaliação de reservas. Parece que não será assim", afirmou a Elite Corretora, em nota.


Novos volumes
O óleo excedente será retirado de quatro áreas previstas na cessão onerosa: Búzios (anteriormente conhecida como Franco), Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi.

Em setembro de 2010, a Petrobras fechou com o governo federal o pagamento de cerca de R$ 75 bilhões pelos 5 bilhões de barris iniciais do contrato de cessão onerosa, que incluiu um total de 7 áreas de exploração.


A estatal informou que os volumes adicionais ao contrato da cessão onerosa são de entre 6,5 bilhões e 10 bilhões de barris em Búzios, entre 2,5 bilhões e 4 bilhões de barris em Entorno de Iara, 300 milhões e 500 milhões de barris em Florim e entre 500 milhões e 700 milhões de barris em Nordeste de Tupi.

Administrar o tempo - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 24/06

A uma semana do prazo final para a definição das candidaturas para a eleição deste ano, quem soube administrar melhor o tempo de decisões, uma arte da política, levou vantagem na armação das coligações. No lado da oposição, o PSDB saiu na frente do PSB nesta primeira etapa da disputa, muito porque o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos perdeu tempo administrando sua relação com a Rede de Marina Silva.

A união com a ex-senadora pareceu, no primeiro momento, uma jogada de mestre de Campos para fortalecer a oposição, mas, com o passar do tempo, Marina mostrou-se mais isolacionista do que Campos se dispunha a ser. Marina levou o PSB a se colocar como oposição tanto ao PT quanto ao PSDB, na tentativa de marcar uma diferenciação entre as candidaturas de Campos e Aécio e quebrar a polarização dos dois principais concorrentes à Presidência.

A estratégia não funcionou, muito também porque Campos escolheu a posição dúbia de centrar suas críticas à presidente Dilma e preservar o ex-presidente Lula, o que retirou de sua candidatura a marca de oposicionista, deixando o PSDB de Aécio livre nessa raia.

A união implícita do PSB com o PSDB caracterizava a candidatura de Campos na área oposicionista, e o potencial apoio recíproco no segundo turno fortalecia ambas as candidaturas. Na análise dos tucanos, Campos piscou muito cedo ao se colocar também como oposição ao PSDB, e deixou crescer a impressão de que poderia ser um aliado em potencial do PT no segundo turno, devido à sua ligação com Lula.

O ex-presidente também ajudou a colocar Campos na defensiva ao dizer que ele não podia exagerar nas críticas, porque, até pouco tempo, estava no campo governista. Lula, como já fizera anteriormente com José Serra, deixou sempre claro que sua candidata era Dilma, retirando a chance de que petistas descontentes encontrassem na candidatura de Campos uma alternativa na área de influência petista.

O receio de ficar sem identidade diante do eleitor confirmou-se com a queda nas pesquisas. Por isso, nas últimas semanas, Campos voltou ao ponto de partida para fazer alianças pragmáticas, como as que fechou em SP, apoiando o governador Geraldo Alckmin, e no Rio, em apoio à candidatura de Lindbergh Farias, do PT, ao governo do estado, contra a opinião de Marina.

O que perdeu em coerência ganhou em apoio político em dois dos principais colégios eleitorais do país. Em Minas, é possível que acabe mesmo apoiando a candidatura tucana de Pimenta da Veiga, como era o plano original. Já Aécio Neves conseguiu o que era considerado impossível: unir o PSDB.

Por incrível que pareça, o PSDB hoje é o único partido na disputa unido em torno da candidatura do senador mineiro, inclusive a regional paulista do partido. A administração inteligente do tempo partidário deu frutos, com a adesão do PTB à candidatura nacional e o acordo com o DEM no Rio para apoiar a candidatura de Pezão, do PMDB, ao governo do estado.

Deixando as convenções para o último dia do prazo oficial, Aécio ganhou tempo para negociar apoios e ainda espera duas novas defecções no bloco governista. A adesão do PSD, que seria a cereja no bolo com a indicação de Henrique Meirelles para a vice-presidência na sua chapa, parece difícil de se concretizar, mas é possível que o PP se decida pela neutralidade, o que tiraria alguns minutos da propaganda de Dilma.

A presidente, por sua vez, tem como seu grande apoio Lula, que traz com ele a expectativa de poder que mantém unida a maioria dos partidos da base aliada. Mas, se não reverter a situação de declínio em que se encontra nas pesquisas, mesmo estando à frente da disputa, pode ser simplesmente abandonada por seus aliados durante a campanha eleitoral.

A maioria deles entra dividido na campanha, mesmo os que oficialmente apoiam sua reeleição, até o PT, que tem em Lula seu candidato natural. O PMDB já tem dissidências abertas em vários estados. A maioria do PSD está em coligação com o PSDB nos estados, e somente a garantia pessoal do criador do partido, o ex-prefeito Gilberto Kassab, mantém o apoio oficial à reeleição de Dilma. O PP, mesmo que dê o tempo de propaganda ao PT, continuará dividido.

O que os une é a expectativa de vitória, que, mais que nunca, Lula mantém viva no banco de reservas, como principal cabo eleitoral de Dilma, ou, em último caso, como muitos ainda sonham, esperança de gol nos minutos finais do jogo, como Messi fez com a Argentina.

Abre o olho, Dilma! - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 24/06

BRASÍLIA - Em plena Copa, Dilma toma uma bola nas costas atrás da outra. A convenção do PT foi driblada pela deserção do PTB e depois por uma jogada bem ensaiada de Aécio com Cabral e Pezão no Rio. O "Aezão" agora é orgânico.

Assim, Dilma divide seus palanques no Rio com Aécio, que lhe roubou o PMDB, e com Eduardo Campos, que lhe subtraiu uma fatia da campanha do petista Lindbergh Farias.

Ela não vai repetir o passeio de 2010 no Rio e em Minas e vai ter de suar a camisa em São Paulo. Confirmam-se as dificuldades da petista no "Triângulo das Bermudas", ou "grupo da morte", com cerca de 40% dos votos nacionais.

Isso reforça a sensação de fragilidade que vai se generalizando ou, como disse o lulista Gilberto Carvalho, "a coisa desceu, vai gotejando". Na dúvida, basta olhar os aliados do PT e ver para onde eles vão.

O PTB escancarou sua posição e o PMDB se mexe sorrateiramente rumo à oposição. Garantiu a Vice-Presidência para Michel Temer, mas liberou os pemedebistas para fazer o que bem entenderem nos Estados. Muitos deles estão entendendo que o mais conveniente é partir para outra.

Além do Rio, isso se reflete em outros Estados chaves, como Bahia e Rio Grande do Sul. E quer dizer muita coisa, principalmente a irritação com a vocação hegemônica do PT e a falta de confiança nas chances de vitória de Dilma.

Com esses dois argumentos, líderes do PSD pressionam Gilberto Kassab para que o partido opte pela neutralidade. Ele parece irredutível, mas perdeu o rumo sem a vaga de vice de Alckmin e foi à convenção do PT rapidinho, só a tempo de ser vaiado.

À Folha Gilberto Carvalho fez um diagnóstico realista sobre o clima negativo, que Lula quer enfrentar com a "adrenalina" da militância. Tempo de TV ajuda, mas não resolve, e marketing é científico, não faz milagres. Aliás, o slogan é reconhecimento das dificuldades: Dilma candidata das "mudanças"? Não cola.

Soberba e populismo - EDITORIAL O ESTADÃO


O ESTADO DE S.PAULO - 24/06

Há uma característica peculiar no DNA do PT que tem dificultado a articulação de alianças em torno da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição: a soberba. A arrogância do comando lulopetista, que posa de monopolista da virtude e despreza os aliados porque age por puro fisiologismo, tem sido responsável por importantes reveses nesta pré-campanha eleitoral. O mais recente é a decisão do PMDB fluminense de apoiar a candidatura de Aécio Neves à Presidência em dobradinha com a do governador Luis Fernando Pezão à reeleição.

A dissidência do PMDB fluminense não se enquadra exatamente na galeria dos episódios louváveis que honram a política brasileira. É pura e simplesmente o desdobramento do toma lá dá cá que o PT não inventou, mas empenhou-se diligentemente em aperfeiçoar ao longo de quase 12 anos no poder. Desde a eleição ao governo estadual do peemedebista Sérgio Cabral em 2006, coerente com a orientação da direção nacional do partido, o PMDB fluminense e o governador em particular posicionaram-se com armas e bagagens no séquito de Luiz Inácio Lula da Silva. A ligação entre Lula e Cabral parecia tão sólida que este chegou a sonhar, em 2010, em ser o vice de Dilma Rousseff. Teve de se contentar com a candidatura à reeleição.

Mas a decepção definitiva de Cabral veio quando, em vez de honrar a aliança apoiando o candidato dele à própria sucessão, o PT optou por aceitar o fato consumado da candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Estado, até porque a popularidade de Cabral caíra vertiginosamente, contaminando a de Pezão. Agora, Cabral e o PMDB fluminense dão o troco. Oficialmente, Pezão e Cabral continuarão apoiando Dilma. Mas a poderosa máquina política do PMDB fluminense vai trabalhar por Aécio Neves.

Às más notícias no plano das alianças eleitorais a soberba lulopetista parece disposta a responder com mais do mesmo, a julgar por tudo que foi proclamado na convenção nacional que confirmou a candidatura de Dilma à reeleição. A começar pelo fato de que a presidente está agora oficialmente enquadrada, pela proverbial imodéstia de Lula, na condição subalterna de "criatura" do Grande Chefe.

A insatisfação generalizada dos brasileiros com a qualidade dos serviços públicos se manifesta vigorosamente nas ruas. Mas Lula, Dilma e o PT se gabam de terem inventado um novo país, criando uma nova realidade nacional de desenvolvimento econômico e conquistas sociais. Estariam plenamente credenciados, portanto, a se lançarem à campanha eleitoral com o apelo à continuidade das fantásticas realizações com que mudaram para melhor a face do País. Mas como não podem ignorar que os brasileiros não estão lá muito satisfeitos com o que veem e, principalmente, sentem, é melhor ir de "mudança". Aliás, "mais mudança", porque, afinal, o estoque de promessas não cumpridas está longe de se esgotar.

O pior é que as principais novidades das "mudanças" apontam na direção do retrocesso. Apesar de terem repudiado o "ódio" revelado pela "elite branca" contra Dilma no lamentável episódio da abertura da Copa do Mundo, o discurso petista continuará focado no estímulo à cizânia nacional, à divisão dos brasileiros entre "nós" e "eles", agora com uma pegada mais "esquerdista" que procurará dar destaque à necessidade do "controle social da mídia" e de uma reforma política destinada não a aperfeiçoar o sistema democrático a serviço de uma sociedade pluralista, mas a consolidar a hegemonia da nomenklatura petista. Não é outro o objetivo do decreto que, a pretexto de "regulamentar o texto constitucional", pretende aparelhar a estrutura do Poder Central com "conselhos populares" manipulados pelo Planalto.

E todo esse conteúdo "popular" se derramará na campanha petista, embalado pela demagogia dos chavões populistas que durante a convenção de sábado Dilma leu no teleponto: "Recolhamos as pedras que atiram contra nós e vamos transformá-las em tijolos para fazer mais casas do Minha Casa, Minha Vida. Vamos recolher os xingamentos, os impropérios e as grosserias e transformá-los em versos de canções de esperança no futuro do Brasil".

A soberba afasta aliados. A demagogia populista nem sempre atrai eleitores.

A herança para 2015 - EDITORIAL O ESTADÃO



O ESTADO DE S.PAULO - 24/06


Quem vencer a eleição presidencial no fim do ano terá de pensar, com urgência, em como carregar a desastrosa herança econômica deixada pelo atual governo. Se for reeleita, a presidente Dilma Rousseff precisará mudar muito mais do que prometeu no discurso de lançamento de sua candidatura. A parte mais visível da herança está indicada nas projeções de inflação alta, crescimento baixo e contas externas ainda em mau estado formuladas por economistas de uma centena de instituições financeiras e consultorias. Essas projeções são coletadas semanalmente pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus.

Na pesquisa divulgada ontem, a inflação estimada para 2014 continuou em 6,46%, muito perto do limite de tolerância, 6,50%, mas o número previsto para o próximo ano subiu ligeiramente, de 6,08% para 6,10%. A variação pode parecer pequena, mas está longe de ser insignificante. Na mesma sondagem, a alta projetada para os preços administrados chegou a 7%. Na semana anterior, a taxa estimada era 6,85%. Quatro semanas antes, 6,50%.

A mensagem contida nesses números parece muito clara. Economistas do mercado continuam prevendo um forte ajuste, em 2015, dos preços e tarifas contidos politicamente. Esse grupo inclui preços de combustíveis e tarifas de energia elétrica e de transporte público.

Parte desses valores tem sido corrigida neste ano, mas em proporção insuficiente para eliminar o atraso.

Com a correção, a defasagem poderá até desaparecer. Dificilmente serão compensadas, no entanto, as perdas acumuladas pelas empresas prestadoras de serviços e pela Petrobrás, vítima habitual do controle político dos preços de combustíveis.

O primeiro ano de um mandato - novo ou renovado - é em geral o mais propício, politicamente, para medidas duras na área econômica. Mas o governo terá de ser muito mais severo e ambicioso do que tem sido há muito anos. Se quiser, de fato, conduzir a inflação à meta, 4,5%, terá de cuidar mais seriamente das contas públicas, cortar a gastança e ser muito mais seletivo na concessão de benefícios fiscais.

Os incentivos concedidos a partir da crise de 2008 foram inúteis para estimular o crescimento geral ou perderam eficácia muito rapidamente. As contas nacionais deixam pouca ou nenhuma dúvida quanto a isso. Não há, portanto, como defender tecnicamente a manutenção dessa estratégia.

O governo deveria saber disso, mas prorrogou na semana passada parte dos incentivos. Reafirmou, assim, a disposição de continuar trabalhando com remendos tributários, em vez de batalhar por uma efetiva reforma do sistema. Para mudar de rumo, as autoridades terão de mostrar coragem, afastar-se do populismo e exibir imaginação e competência.

Quanto mais séria a política fiscal, menos o BC precisará elevar os juros para conter os preços. De todo modo, uma política monetária menos sujeita a interferências da cúpula governamental poderá ser mais eficaz. Quanto maior a credibilidade do BC, maior tende a ser o efeito de suas ações. Isso tem sido comprovado pela experiência internacional.

As projeções do mercado indicam, também, uma piora das expectativas de crescimento. O quadro geral inclui, além da inflação elevada neste e no próximo ano, estimativas menores de expansão econômica. Em uma semana a previsão para 2014 caiu de 1,24% para 1,16%. Para 2015, a redução foi de 1,73% para 1,60%, mesmo sem a expectativa de ações muito mais duras contra a inflação.

Para a produção industrial neste ano, a mudança foi de um crescimento de 0,51%, abaixo de medíocre, para uma contração de 0,14%. Para 2015, a expansão prevista aumentou de 2,25% para 2,30%, um número ainda muito ruim e explicável, pelo menos em parte, pela base de comparação muito baixa.

O quadro se completa com um desempenho fraco no comércio exterior, com superávits previstos de US$ 2 bilhões neste ano e US$ 10 bilhões no próximo. São resultados muito baixos para as necessidades do País, por causa do déficit estrutural em serviços e rendas.

Depois da Copa - VINICIUS TORRES FREIRE


FOLHA DE SP - 24/06

País toma anestesia local, não geral, faz festa com o futebol, mas o eleitor continua insatisfeito


A BRISA ALEGRE da Copa até agora festiva dissipou os miasmas que deixavam o clima pesado até faz muito pouco: 12 dias. Mas os maus humores terão escorrido para o ralo? O que será quando a Copa acabar, o que, esperamos, ocorrerá com vitória em 13 de julho?

A anestesia futebolística não foi geral, mas local. Os insatisfeitos com governo, política e economia ganharam adesões, dizem as pesquisas. Mas até para militantes é difícil viver em tensão permanente. A maioria de nós parece ter resolvido fazer um pouco de festa; não mudou de opinião.

Nos últimos meses, falamos muito de política e governo por meio de símbolos tais como a Copa ou, entre minorias, na guerra "ideológica" desencadeada por questões que foram dos rolezinhos aos insultos contra Dilma Rousseff.

Pouco antes, foi comum se tratar de insatisfações diversas, quando não adversárias, por meio da crítica genérica dos "políticos", de um Estado distante, que não oferece serviços públicos, quando não é apenas fonte de opressão física.

No rescaldo de um ano de revolta, os partidos e candidatos maiores apareceram mais desprestigiados que de costume, vide a quantidade de "votos de protesto" (nulo, branco, nem aí etc).

Findo o show da Copa, começa sem mais o show da eleição. Se a insatisfação de fundo continuar, contra governos e políticos em geral, quais contornos terá? Ainda haverá "rua"? Militantes, como os sem-teto e os do passe livre, em São Paulo, não vão submergir sem mais. Difícil é, a princípio, imaginar que o combustível das manifestações não tenha diminuído desde junho do ano passado e depois da Copa.

Os fatores de irritação mais difusa, cotidiana, não desapareceram, pelo contrário. Ainda que o mau humor econômico tenha sido exagerado em abril e maio, a economia real declina de fato e mais do que o esperado, inclusive no emprego. A mais recente previsão dos economistas privados estima que o PIB deve crescer menos que 1,2%, quase estagnação.

Há chance razoável de notícias simbolicamente ruins em julho e agosto (não serão boas de modo algum, mas devem soar ainda pior): inflação talvez acima do teto da meta, PIB zero, demissões em indústrias visíveis, com sindicatos fortes. Haverá algum motivo e muita oportunidade para o acirramento de ânimos políticos.

O governo decerto vai contra-atacar. Vai lançar o Minha Casa, Minha Vida fase 3 ainda em julho. Vai trombetear para o público menos informado e pobre os programas sociais que patrocinou, muito extensos, goste-se ou não deles.

Para o eleitorado minoritário mais dado à política-politiqueira, haverá mais motivos para decepção ou nojo, dada a barafunda de alianças cruzadas entre partidos. A oposição federal alia-se regionalmente a aliados nacionais do governo, entre outras indignidades. Pequenos e provincianos, os candidatos maiores não se dão conta do tamanho da repulsa que realimentam.

Não há motivos para acreditar que a fervura baixe. Está mais difícil de saber como tal desgosto vai se expressar. Em ano de eleição nacional, era de esperar que partidos maiores dessem sentido às revoltas mais comuns, ao menos. Só que não. Ainda, ao menos.
 

Tiroteio a esmo - DORA KRAMER


O ESTADÃO - 24/06

A julgar pelos discursos dos três oradores que importavam na convenção nacional do PT - considerando que Michel Temer estava ali por honra da firma -, Rui Falcão, Luiz Inácio da Silva e Dilma Rousseff, por ordem de entrada em cena, o partido ainda não chegou a um acordo sobre qual a abordagem mais eficaz junto ao eleitor de 2014.

Cada qual foi numa direção diferente, não raro dizendo uma coisa em oposição a outra. Um exemplo: Falcão, o presidente do partido, avaliou que essa será a eleição mais difícil que o PT já enfrentou e pregou a guerra contra a oposição "homofóbica, odienta e fundamentalista".

Lula, o presidente de honra, afirmou que é preciso parar de dizer que a eleição será difícil; Dilma, presidente da República, pregou uma campanha "da paz", sem rancor. Eram três personagens encarnando três papéis diversos no palco. Sim, são pessoas diferentes, mas do roteiro de um partido que procura um mesmo objetivo espera-se ao menos unidade de pensamento. Não foi o que se viu no último sábado.

Rui Falcão entrou para, como se dizia antigamente, botar fogo na roupa, fazer do ressentimento um motor do entusiasmo genuinamente inexistente pela candidata. O que faltava de ardor por Dilma sobrava no clamor do grito "mídia fascista, sensacionalista", quando Falcão apontou os meios de comunicação como "arautos do mau humor que levam o negativismo para dentro da casa do povo".

Pode-se argumentar que o objetivo era mobilizar a militância. Dois problemas nesse argumento. Primeiro, o pequeno número de militantes ali presentes, devido à opção de fazer uma convenção em recinto acanhado, com a finalidade principal de produzir cenas para o programa de TV. Não seria dali que sairiam hordas de guerreiros.

Segundo problema: as propostas apresentadas como palavras de ordem para a militância são de fato palavras ao vento - por inexequíveis -, e a direção partidária sabe disso. Falou-se no plebiscito para a reforma política por meio de Constituinte exclusiva, marcando até data, 7 de setembro próximo - sugestão já devidamente morta e enterrada.

Voltou-se a falar na "democratização dos meios de comunicação", sabendo-se que tal proposta não tem aceitação entre nenhum dos partidos com representação no Congresso além do PT. Ou seja, convidou-se a militância a enxugar gelo.

Em seguida, falou Lula. Uma apoteose. Ali se viu quem o partido queria realmente como candidato, a quem o PT segue e venera. Foi o Lula de sempre, das metáforas, da quase lógica, da mistura de alhos com bugalhos, das mistificações, mas um exímio animador de auditórios.

Ao fim e ao cabo ficou a impressão de que vai jogar na tese de que inventou o Brasil Maravilha e que a ele os brasileiros devem toda sua gratidão. Além de dizer que a eleição não será assim tão difícil, mas "sui generis", avisou aos adversários "que se preparem", pois o PT se elegeu primeiro por quatro anos, depois por mais quatro e mais quatro, "e pode ficar no poder até a metade do século 21". Deve ter um plano e, pelo jeito, passa pela máquina do Estado.

Para encerrar a convenção, a presidente Dilma. Em ritmo de anticlímax, com um discurso cansativo que provocou dispersão na plateia e visível tédio em petistas sentados às duas mesas montadas no palco. Contrariando o tom dos antecessores e a própria personalidade, acenou com a "paz". Por uma hora enumerou seus feitos naquele conhecido tom maçante. "Produção de conteúdo para o horário eleitoral", justificava a assessoria. Mas, se aborreceu os correligionários ao ponto de enrolarem suas bandeiras, deixarem o recinto para lanchar ou comprar na lojinha do PT nas salas ao lado e os que ficaram preferirem conversar, esse conteúdo é capaz de não entusiasmar muito o eleitorado.

Ao contrário, porém, do "jingle" da campanha, "Coração valente", um forrozinho bom que só.
 
 

PSB reabriu negociação com o PSDB em Minas

Josias de Souza

Divulgação 


O PSB de Eduardo Campos reabriu em Minas Gerais a negociação com o PSDB de Aécio Neves. Cogita abandonar a ideia de lançar um candidato próprio ao governo mineiro, reativando o acordo que previa o apoio à coligação encabeçada pelo tucano Pimenta da Veiga, ex-ministro das Comunicações de FHC. A decisão deve sair até sexta-feira (28).


Em articulação que traz as digitais de Aécio, o entendimento pode ultrapassar as fronteiras de Minas. Restabelecendo-se as relações, o PSDB pode apoiar a candidatura à reeleição do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, do PSB. Nessa hipótese, o tucanato interromperia o diálogo com Paulo Hartung, que disputará o governo capixaba pelo PMDB.


A parceria mineira de PSB e PSDB já havia sido acertada entre Aécio e Campos. Combinara-se que um apoiaria o candidato do outro nos seus respectivos Estados. O tucanato cumpriu o combinado, ingressando na canoa de Paulo Câmara, o candidato do PSB ao governo de Pernambuco. Mas Campos, sob influência de sua vice, Marina Silva, optara por desenvolver um projeto próprio na terra de Aécio.


Sobreveio, porém, uma queda de braço entre PSB e Rede. A legenda de Campos queria lançar o deputado federal Julio Delgado. O movimento liderado por Marina preferia o professor e ambientalista Apolo Heringer. 


Principal liderança do PSB no Estado, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, não desejava nenhum dos dois.


Eleito e reeleito com o apoio de Aécio, Lacerda sinalizara em privado que não romperia os laços que o unem ao PSDB. Ergueram-se barricadas também na Assembléia Legislativa mineira. Ali, a bancada do PSB integra o bloco de apoio aos governos tucanos desde o primeiro mandato de Aécio, inaugurado em 2003.


Rachado, o PSB de Minas e seus “hóspedes” da Rede realizaram no último sábado uma convenção tumultuada. Que decidiu não decidir. Transferiu-se para as Executiva estadual a tarefa de dissolver a encrenca. Conduz o processo o próprio Julio Delgado, que preside o diretório mineiro do PSB. No momento, discute-se a melhor maneira de reencaixar os candidatos a deputado do PSB na coligação proporcional capitaneada pelo PSDB.


Se vingar, o acordo representará mais uma derrota de Marina Silva. Enrolada na bandeira da “nova política”, a vice de Eduardo Campos defendia a construção de palanques estaduais próprios, num modelo em que a prática se ajustaria ao discurso. A tese de Marina já havia naufragado em São Paulo, onde o PSB se coligou com o tucano Geraldo Alckmin.


Malograra também no Rio, um Estado em que a legenda de Campos esvaziou a opção Miro Teixeira (Pros), para associar-se à candidatura petista de Lindbergh Farias. Fracassara, de resto, em praças como o Paraná, onde o PSB renovou uma antiga aliança firmada com o governador tucano Beto Richa, candidato à reeleição. 



Por último, a pregação de Marina volta a fazer água em Minas Gerais. Ela já avisou: nos Estados em que as alianças do PSB destoarem dos seus objetivos, a Rede balançará por conta própria.

Sarney durou tanto que se tornou ‘inaposentável’





Josias de Souza



Há José Sarney e existe “José Sarney”. Há o personagem e existe tudo o que está implícito quando se diz “Sarney”, como em “Sarney apoiou Lula e apoia Dilma” ou “Sarney não gostou da última reforma ministerial”. Em cena há quase seis décadas, “Sarney” é uma entidade além da biografia. Virou coletivo. Imagina-se majestático. Mas é pejorativo.


Quando Sarney, aos 34 anos, ainda sem aspas, assumiu o governo maranhense, sua posse foi documentada no filme Maranhão 66, de Glauber Rocha e Fernando Duarte. Ele discursou em praça pública, diante de uma multidão que, eufórica, recepcionara-o com um coro glorificador: Sarney!, Sarney!, Sarney!, Sarney!


“O Maranhão não suportava mais nem queria o contraste de suas terras férteis, de seus vales úmidos, de seus babaçuais ondulantes, de suas fabulosas riquezas potenciais com a miséria, com a angústia, com a fome, com o desespero”, enumerou o novo governador.


“O Maranhão não quer a desonestidade no governo, a corrupção nas rapartições… O Maranhão não quer a violência como instrumento de política, para banir direitos os mais sagrados… O Maranhão não quer a miséria, a fome e o analfabetismo, as mais altas taxas de mortalidade infantil.”


Corta para 2014, dia 23 de junho, uma segunda-feira. Aos 84 anos, já adornado pelas aspas, “Sarney” foi com Dilma Rousseff entregar chaves do Minha Casa, Minha Vida a beneficiários do Amapá, Estado que o mantém no Senado há mais de duas décadas. 


O coro da multidão era outro: Fora Sarney!, fora Sarney!, fora Sarney!, fora Sarney!.
Aquele Sarney que prometia, na alvorada de sua carreira, inaugurar uma nova era a partir do Maranhão, chega ao ocaso de sua existência na pele de outro “Sarney”. Oligarca de mostruário, símbolo do arcaico, convive com o risco de ser derrotado em nova corrida para o Senado.


Ainda sob o impacto das vaias do Amapá, que soaram em cinco momentos da solenidade de entrega de casas, Sarney mandou dizer que não irá mais às urnas. “Entendo que é chegada a hora de parar um pouco com esse ritmo de vida pública que consumiu quase 60 anos de minha vida e afastou-me muito do convívio familiar”, ele declarou, por meio de nota.


A novidade escalou as manchetes na forma de uma aposentadoria. Impossível. Sarney durou tanto que, depois de ter virado “Sarney”,  tornou-se, por assim dizer, um organismo ‘inaposentável’. Ainda que Sarney, o personagem, vista pijamas, “Sarney”, a entidade, continuará surtindo seus efeitos sobre a vida nacional.


Aposentado, Sarney cuidará para que “Sarney” não descuide de sua missão. Que é a de servir de inspiração para todos os políticos que sonham com a transposição do atraso de suas almas regionais para dentro das instituições federais. Iniciado com a chegada das caravelas, esse plano de institucionalizar o atraso está em execução permanente.



Nas últimas décadas, ao mesmo tempo em que Sarney se empenhava para transformar o Brasil num Maranhão hipertrofiado, “Sarney” foi ficando vago. É o apoiador dos generais da ditadura, mas também é a mão estendida para Tancredo Neves. 


É o indesejável que as bactérias tornaram inevitável ao atacar o organismo do eleito, mas é o primeiro presidente desde Juscelino a cumprir integralmente o mandato, com as instituições e a imprensa funcionando.



Inquilino impensável do Planalto, “Sarney” foi o vice mais versa que a República já conheceu. Produzido pelo acaso, chegou ao final do governo tão execrado que não teve como patrocinar um candidato à sua própria sucessão. Seu aval cairia sobre qualquer candidatura como uma sentença de morte.


O processo de reabilitação de “Sarney” em vida foi deflagrado pelo sucessor, Fernando Collor, que conseguiu a façanha de realizar um governo ainda pior. Mais tarde, Lula forneceria uma biografia nova a “Sarney”. Fez isso ao procurá-lo para pedir apoio, em 2002, depois de tê-lo xingado de “ladrão” durante anos.


Quatro vezes presidente do Senado, “Sarney” protagonizou o escândalo dos atos secretos. Secretamente, deu emprego a uma sobrinha de sua mulher que morava em Campo Grande, forneceu contracheque a uma sobrinha do genro que residia em Barcelona, alçou à folha do Estado um personagem (“Secreta”) que trabalhava como mordomo na casa da filha Roseana Sarney…


Convidado pelos jornalistas a analisar o comportamento do aliado, Lula tratou-o com distinção: “Sarney não pode ser tratado como se fosse uma pessoa comum.” De fato, se há algo de que “Sarney” não pode ser acusado é de ser comum. Difícil saber agora o que os livros dirão de “Sarney” quando puderem falar dele sem os ruídos da conjuntura. Vai à posteridade o “Sarney” incomum ou o Sarney ordinário?


Quando olha para o espelho, “Sarney” enxerga o brasileiro mais extraordinário que Sarney já conheceu. Nos modos, um sujeito cordial. Nas artes, a imortalidade da Academia Brasileira de Letras. Na política, a presidência de um “estadista” que soube completar a transição sem descuidar da “liturgia do cargo”.


Quando olhar para o Maranhão e verificar o sucesso que “Sarney” obteve sendo Sarney a vida inteira —do império estadual de comunicação até as edificações batizadas com os nomes de toda a família— a posteridade haverá de reconhecer: “Sarney” é a personificação de um Brasil em que a vida dos governantes sempre melhora. Mesmo quando piora a vida dos governados.


Ao perder uma eleição para governador da Califórnia, nos Estados Unidos, Richard Nixon convocou a imprensa para informar que deixaria a vida pública. “Vocês não terão mais Richard Nixon para chutar”, disse. O morubixaba do PMDB também se julga injustiçado pela imprensa. Mas não pode ecoar Nixon. Ainda que Sarney se aposente, sempre haverá um “Sarney” para ser chutado. Com muita justiça.

Caixa de Pandora: Arruda processa juiz na véspera de ser julgado


O juiz Álvaro Ciarlini negou provimento a três tentativas da defesa de Arruda de empurrar ações com a barriga, o que irritou o ex-governador.
 
Às vésperas do julgamento de um dos seus recursos, no Tribunal de Justiça do DF, nesta quarta (25), o ex-governador José Roberto Arruda adotou uma estratégia arriscada para quem está prestes a se tornar inelegível pelos rigores da Lei Ficha Limpa: processar juízes. Ele interpôs várias ações, interpretadas como maneira de protelar as ações em que é réu. Ou tentar desqualificar aqueles que o têm condenado...
 
O principal alvo de Arruda é o juiz da 2ª Vara da Fazenda, em Brasília, Álvaro Ciarlini. Como foi condenado, quer afastar o juiz dos processos.
 
Álvaro Ciarlini negou provimento a três tentativas da defesa de Arruda de empurrar ações com a barriga, o que irritou o ex-governador.
 
O prazo para registro das candidatura começa em 5 de julho, por isso, se condenado antes desse prazo, Arruda ficará inelegível. 


Fonte: Coluna Cláudio Humberto / Redação - 23/06/2014 -BLOG do SOMBRA

Educação: Escolas sem quadras de esporte.


Área para a prática de esportes coletivos está ausente em sete de cada 10 estabelecimentos educacionais públicos de ensinos fundamental e médio no Brasil. Professores e alunos improvisam em pátios, estacionamentos e descampados. ...







































No país da Copa do Mundo, arrebatado atualmente pelo espetáculo do futebol rolando em casa, a estrutura para a prática de esportes nas escolas está longe de ser campeã. 


Dados levantados a pedido do Correio pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), mostram que praticamente sete em cada 10 colégios públicos de ensino fundamental e médio no Brasil não têm quadras poliesportivas. 


Em 40% do estabelecimentos que contam com esse espaço, o local carece de cobertura. Resta a alunos e professores improvisar aulas tão importantes no aspecto físico, social e mental.
 
“Há um ganho cardiorrespiratório e biológico muito grande com as atividades na escola, especialmente se esse aluno não tem acesso à prática esportiva supervisionada em outros espaços. Sem falar na questão psicológica e social, já que o esporte no contexto educacional trabalha também conceitos como a lealdade, a ética, a não discriminação, a competitividade respeitosa”, destaca Daniel Cantanhede Behmoiras, coordenador do curso de educação física da Universidade de Brasília (UnB). 


De acordo com ele, que tem experiência de sete anos lecionando em escolas públicas do Distrito Federal, ter um local adequado para o incentivo ao esporte nos colégios é fundamental. “Respeita a saúde do professor e dos estudantes.”
 
Apesar das vantagens evidentes de se ter um espaço apropriado para os esportes coletivos nas escolas, a proporção de estabelecimentos educacionais com quadras subiu apenas cinco pontos percentuais entre 2010 e 2013 no país — de 28,5% para 33,4%.      


A maioria permanece obrigada a ministrar as aulas em pátios, estacionamentos ou descampados. De tão precária a situação, o governo federal anunciou que financiaria a construção de quadras esportivas por meio da segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). A meta informada foi criar 6.116 quadras cobertas e cobrir 4 mil já existentes até 2014. 
 
No entanto, de 2011 a 2013, ano mais atualizado da base de dados do Inep, o número de escolas com quadras esportivas cobertas subiu 3.428 unidades. O MEC, por meio de nota, menciona que mais de 10 mil projetos, de 2011 para cá, foram aprovados, para construção ou cobertura de quadras. 


A pasta, no entanto, não detalha quantos já saíram do papel, além de ressaltar que a obra, propriamente dita, é de responsabilidade dos estados e municípios que recebem recursos federais. Os repasses são feitos por meio de convênios firmados com a União, que tem o dever de fiscalizar a aplicação dos recursos. 
 
Orçamento
A dificuldade de levar adiante essas parcerias também explica, em parte, a execução pífia de ações do governo federal de incentivo ao esporte voltadas à criança e ao adolescente. 


Caso do programa Esporte e Grandes Eventos Esportivos, que recebeu neste ano R$ 1,1 bilhão para aplicar. Do montante, só R$ 205 milhões foram investidos até agora, o correspondente a 16% do valor autorizado. Vale destacar que, desse total, 84% são de restos a pagar, ou seja, vêm de orçamentos de anos anteriores desembolsados pela União em 2014. 
 
Para Cleomar Manhas, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos, os dados mostram uma execução lenta do programa. “Principalmente porque a maior parte do valor pago vem dos restos a pagar. Ou seja, o orçamento deste ano está parado, a execução está quase nada”, destaca Clemar. 


Ela ressalva, entretanto, que não dá para “jogar a culpa” apenas na União. “Parte dessas ações é feita por meio de convênio, então, os estados e os municípios também colaboram para esse atraso, para essa situação.”
 
Entre as 10 ações que compõem o programa em questão, a que reúne maior volume de recursos — R$ 687 milhões — é destinada à implantação e à modernização de infraestrutura para esporte educacional, recreativo e de lazer. Do montante, só R$ 52,8 milhões foram pagos (7% do autorizado). 


No caso dos R$ 100 milhões previstos para implantação de centros de iniciação ao esporte, nenhum centavo foi aplicado até agora. A ação que prevê apoio a projetos de esporte, inclusão social e legado social tem R$ 179 milhões autorizados, mas só pagou R$ 11 milhões.
 

Fonte: Por RENATA MARIZ - Correio Braziliense - 24/06/2014 -BLOG do SOMBRA

Dilma insistiu para que eu fosse candidato, diz Sarney

O senador José Sarney (PMDB) disse nesta terça-feira, 24, que tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o PT insistiram para que ele se candidatasse. 


Em entrevista ao programa Luiz Melo Entrevista, da rádio Diário FM de Macapá, Sarney disse "não ter dúvidas" de que contaria com o apoio da presidente caso decidisse continuar na vida pública. "A presidente Dilma insistiu muito comigo para que continuasse, para que eu fosse candidato, foi muito enfática nesse sentido. Ela procurou o presidente do PT para falar nesse sentido", disse Sarney.

Senador pelo Amapá, Sarney disse que a decisão de se aposentar e não concorrer à reeleição, anunciada formalmente ontem a aliados, deveu-se exclusivamente à sua idade e à condição de saúde dele e da esposa. 


"Não teve outra, nenhuma interferência se não essa. Ficar cumprindo pela metade minhas obrigações não é do meu feitio", disse, ao lembrar problemas de saúde que o levaram a se ausentar no Senado no ano passado e lembrando também que sua mulher passou por três cirurgias.


Sarney ressaltou que não decidiu pela aposentadoria por falta de capital político ou por medo de perder as eleições em outubro.


 "Tenho pesquisas na minha mão que me dão uma situação muito confortável, uma delas com 50,6% de preferência do eleitorado, portanto não tenho nenhuma dúvida de que não tem problema nenhum de eleição. O problema é que realmente com 84 anos, com a minha idade, a minha mulher doente, precisando do meu apoio principalmente agora, neste momento que nós estamos já bastante idosos, eu não posso deixar de ter presente esse fato."

O senador citou o seu "prestígio" em âmbito nacional e mencionou seu papel na Presidência, que ocupou de 1985 a 1990, quando "ajudou o país" no momento da transição democrática. "Tenho o meu prestígio e não deixo de ter até eu morrer", disse Sarney durante a entrevista.

Ele afirmou ainda que, mesmo afastado da vida pública, pretende se colocar "a serviço" do Amapá, Estado que disse estar em seu coração e no qual conquistou "carinho" e "respeito" dos eleitores. "Todo prestígio que tenho e parcela de liderança nacional vai ser colocada a serviço do Amapá como sempre foi", afirmou. Sarney citou ainda avanços do Estado, ao longo de seu mandato como senador, em especial em obras de infraestrutura.

Fonte: Estadão Conteúdo  Jornal de Brasília


Lei da Ficha Limpa pode impedir candidatura de mais de 6 mil



A lista foi entregue pelo presidente do TCU, destacando que as irregularidades apontadas podem levar à inelegibilidade

 
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Antonio Dias Toffoli, recebeu hoje (24) uma lista com 6,6 mil nomes de gestores públicos que tiveram contas julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU). 


A lista foi entregue pelo presidente do TCU, ministro Augusto Nardes, destacando que as irregularidades apontadas podem levar à inelegibilidade.

A lista não é declaração de inelegibilidade mas, segundo Nardes, tem sido usada como principal recurso para os tribunais eleitorais negarem o registro de candidatos, com base na Lei da Ficha Limpa.


“Além do fato de ficar oito anos fora das eleições, eles têm [de pagar] as multas que nós temos aplicado. 


Há casos de gestores que têm que assumir a responsabilidade com seu patrimônio pessoal, além de funcionários públicos que são demitidos, como há centenas de casos recentes”, disse o ministro.


As pessoas que constam da lista podem sofrer impugnação de eventuais candidaturas por iniciativa do juiz eleitoral, ou solicitadas por partidos políticos, Ministério Público Eleitoral, coligações ou candidatos.

Entre os citados na relação do tribunal estão funcionários públicos que ocupam cargos de menor responsabilidade, até ministros e governadores. Eles poderão ter os nomes excluídos da lista caso consigam decisão judicial ou liminar nesse sentido. 

A impugnação das candidaturas depende, em última instância, da Justiça Eleitoral.


A unidade federativa com mais nomes listados é o Distrito Federal, que tem 729 gestores apontados como responsáveis por contas irregulares. Em seguida está o Maranhão, com 513 nomes e São Paulo, com 485. Roraima é o estado com menos gestores apontados na lista, com 97 nomes.


Os relacionados na lista do TCU cometeram as chamadas irregularidades insanáveis nos últimos oito anos, e tiveram negados todos os recursos possíveis no âmbito do Tribunal de Contas da União. O pagamento do débito ou da multa imposta como punição pelo TCU não implica retirada do nome do gestor da lista.

É dever dos tribunais de contas encaminharem as listas até o dia 5 de julho do ano eleitoral à Justiça Eleitoral. Os tribunais nos estados também estão fazendo isso e têm recebido orientação do TCU para disponibilizarem os nomes dos gestores citados na internet. 

Liberada para o público, a relação será constantemente atualizada até fim do ano. Dessa forma, pessoas citadas que conseguirem liminares na Justiça podem ter os nomes retirados e outras, cujos recursos forem se esgotando, poderão ser acrescidas.

Fonte: Agência Brasil  Jornal de Brasília

Com discurso de mudança, PSB lança Campos ao Planalto

Com a presença de aproximadamente 1,2 mil militantes em Brasília, Campos e sua vice, a ex-senadora Marina Silva, farão discursos com um enfoque: a mudança

 
Com o slogan de campanha "Coragem para mudar", o PSB lançará no próximo sábado, 28, a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República. 

Com a presença de aproximadamente 1,2 mil militantes em Brasília, Campos e sua vice, a ex-senadora Marina Silva, farão discursos com um enfoque: a mudança. "Os discursos terão o tom da mudança, de um partido de oposição que quer mudar (o País)", destacou o coordenador da campanha, Carlos Siqueira.


A palavra de ordem, segundo o coordenador, é assumir um discurso forte de oposição ao governo Dilma Rousseff, ressaltando que as mudanças dos últimos anos foram insuficientes para o País continuar crescendo.


"Será um tom claramente oposicionista", reforçou Siqueira.

No entanto, Campos evitará em seu discurso o confronto pessoal, principalmente com o ex-aliado e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


"Tem que dizer o que foi feito (nos últimos anos) e o que ainda pode ser feito. Isso é mais forte do que falar em pessoas", afirmou o coordenador.

A cúpula da campanha se reuniu nesta tarde na capital federal para fazer os últimos acertos da convenção. Em dia de jogo da seleção brasileira, ficou acertado que o evento de lançamento será curto, com discursos apenas dos representantes dos partidos aliados, do candidato e de sua vice.

Além do slogan, será apresentado um filme sobre a trajetória da candidatura e o jingle oficial da campanha que, segundo os pessebistas, é de fácil memorização. "É um jingle que tem boa pegada, é fácil de cantar", resumiu Siqueira.

Fonte: Estadão Conteúdo  Jornal de Brasília


Lateral de Camarões já falou que não liga para futebol e só joga pela grana



Do UOL, em São Paulo

Camarões x Croácia

Achille Weboc separa a briga entre os próprios companheiros de Camarões, Benjamin Moukandjo (esq.) e Benoit Assou-Ekotto Leia mais REUTERS/Murad Sezer

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A honestidade é considerada uma das maiores virtudes, mas, em excesso, é capaz de trazer problemas. Polêmicas não faltam na carreira do lateral camaronês Benoit Assou-Ekotto, que ficou conhecido nesta Copa após agredir com uma cabeçada o companheiro de equipe Moukandjo na partida de sua seleção diante da Croácia.


Muito antes do golpe dirigido ao colega de equipe, Ekotto – ou Benni, como é conhecido pelos torcedores do Tottenham, clube que defende desde de 2006 (passou a última temporada emprestado ao Queens Park Rangers) – ganhou fama na Inglaterra por seu comportamento fora de campo. 


O lateral costuma causar estrago com as palavras, sendo brutalmente honesto ao expor opiniões e verdades de forma incomum para um jogador de futebol.


Amor à camisa, atletas que beijam o escudo de seus clubes ou se dizem torcedores desde que eram crianças são coisas que Ekotto despreza. Em várias entrevistas a veículos de mídia britânicos em 2010, admitiu, sem nenhuma cerimônia, que joga futebol apenas por dinheiro.


"Se eu jogo bola com meus amigos, posso amar futebol. Mas por que vim para a Inglaterra, sem conhecer ninguém e sem falar inglês? É um emprego" disse. "Não sei porque todos mentem. Quando você aceita um emprego, é pelo dinheiro. Todo jogador é assim. E se você beija a camisa, diz que é um sonho, e sai seis meses depois? Não entendo quem fica chocado quando digo que jogo por dinheiro. Futebol não é minha paixão", disse ao jornal The Guardian.


Assim como sua paixão por futebol, seus amigos de verdade estão fora do futebol. Benni não tem nenhum pudor em admitir que não tem amigos de verdade no trabalho, e ainda vai além: não acredita em amizades no futebol.


"Chego ao CT às 10h30 e começo a ser profissional. Termino às 13h, e não jogo mais futebol. Sou como um turista em Londres: eu ando pela cidade, eu como", contou. "Não tenho problema com ninguém, mas não tenho o telefone de jogadores. Não ligo para meus companheiros de time. Não acredito em amizades no futebol".


A honestidade na relação fria e profissional com o futebol não é a única posição polêmica de Ekotto. Filho de um pai camaronês, o lateral esquerdo nasceu e cresceu na França, mas optou por atuar por Camarões. A resposta é bem direta.


"Não tenho nenhum sentimento pela seleção francesa. Não existe" disse. "A França, em seu coração, tem um problema, e tem sido incapaz, ou simplesmente desinteressada em adotar os filhos de suas ex-colônias. É difícil aceitar, e é essa a base de tudo o que é disfuncional na sociedade francesa", explicou.


E para a cabeçada em Moukandjo, qual seria a explicação? Problemas pessoais? 

Frustração pela eliminação no Mundial, ou algum xingamento do companheiro? É bem mais simples, até chocante, mas o lateral conta sem meias palavras, um episódio comum em qualquer pelada.



EFE/EPA/JEON HEON-KYUN


"Começou no primeiro jogo, contra o México. O Moukandjo tentou driblar dois jogadores, perdeu a bola e eu disse que deveria ter passado para mim. Ele concordou", explica. "A mesma coisa aconteceu no jogo contra a Croácia. Tudo bem, todo mundo pode errar. Mas eu fui reclamar e ele me mandou sair do pé dele. Não podia aceitar a reação dele, se estivesse 0 a 0, não teria acontecido", disse ao jornal francês L'Equipe.


A vida de Ekotto, entretanto, não é feita só de polêmicas. O jogador faz questão de manter os pés no chão, e viver como um cidadão inglês comum. Em sua garagem, possui cinco carros de luxo, mas, quando dirige, utiliza um pequeno veículo do modelo Smart. Normalmente, anda de metrô – possui o cartão, espécie de Bilhete Único inglês.


A outros projetos, direciona a paixão que não sente pelo futebol: é embaixador da ONU contra a pobreza na África, mantém uma equipe Sub-12 para crianças carentes na Inglaterra e pretende, ao se aposentar, ser presidente de uma organização de caridade no seu país de origem.


Por tudo isso, Ekotto, mesmo sabendo que sua participação na Copa de 2014 se encerra após a partida, será profissional e estará em campo contra o Brasil nesta segunda. Depois, a vida segue, no Tottenham, no metrô de Londres, e nos projetos de caridade. O próprio jogador, afinal, disse ao site Goal.com em 2011 que "existem coisas mais importantes do que chutar uma bola".

Porto Alegre abre novos espaços para reunir argentinos que invadiram cidade





Da EFE, em Porto Alegre
UOL

A prefeitura de Porto Alegre e o governo do Rio Grande do Sul anunciaram nesta terça-feira a abertura de um novo espaço para camping e de um local para a concentração de torcedores para atender aos pelo menos 80 mil turistas argentinos que devem chegar na cidade até amanhã.
 
Com a cidade já invadida por cerca de 30 mil argentinos, Porto Alegre pode chegar a abrigar até 100 mil torcedores procedentes do país vizinho até quarta-feira, quando a seleção nacional jogará contra a Nigéria sua última partida pela fase de grupos da Copa do Mundo.
 
As autoridades esperavam inicialmente a vinda de 60 mil argentinos para o jogo de amanhã, mas nos últimos dias, com o país já classificado para as oitavas de final e com a chegada em massa de turistas do país vizinho, as projeções dobraram.
 
Porto Alegre se transformou em um formigueiro de argentinos, onde a língua mais ouvida nas ruas é o espanhol, e se tornou impossível caminhar sem se deparar com pessoas vestindo a camisa alviceleste ou carregando a bandeira do país vizinho.
 

Diante dessa "invasão", a prefeitura do Porto Alegre anunciou também a instalação de um telão próximo da Fan Fest, nas margens do rio Guaíba.

 
O objetivo é permitir que os torcedores tenham uma alternativa a Fan Fest, que tem capacidade máxima de 20 mil pessoas, e evitar que não aconteçam aglomerações incontroláveis na hora da partida.

 
Segundo as estatísticas da Fifa, apenas 18 mil estrangeiros têm ingressos para a partida de amanhã no estádio Beira-Rio, e milhares de argentinos terão de ver o jogo pela televisão.
 


A Polícia Rodoviária Federal informou hoje que apenas 10% dos argentinos que atravessaram a fronteira nos últimos dias tinham ingressos.

 
Porto Alegre é a cidade sede mais próxima da Argentina. A distância entre a capital gaúcha e Buenos Aires é de 1.300 quilômetros por estrada e de apenas uma hora de avião.

 
Para atender a invasão argentina, o governo estadual anunciou ainda que disponibilizou o Parque Harmonia para servir como novo espaço de camping para os argentinos que chegarem à cidade.

 
Os turistas sem hotel podiam acampar apenas em Viamão, cidade na região metropolitana da capital, o que fez muitos turistas buscarem alternativas.

 
Foram ainda anunciadas medidas extraordinárias para impedir que pessoas sem ingressos tentem forçar a entrada no Beira-Rio, como alguns chilenos e os próprios argentinos fizeram no Maracanã

 
As ruas próximas ao estádio serão bloqueadas por barreiras policiais e só poderão ser acessadas por torcedores que possuam ingresso ou pessoas com credenciais.