domingo, 3 de agosto de 2014

O lixo e o lixo moral


Uma lei de 1981 proibiu o encaminhamento de resíduos a locais inadequados. Em 1998, tal prática foi criminalizada. Em 2010 foi criada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que determina ações como a extinção dos lixões do país, além da implantação da reciclagem, reuso, compostagem, tratamento do lixo e coleta seletiva nos municípios, cujo prazo para seu cumprimento pelas prefeituras, de quatro anos, vence hoje, dia 2 de agosto de 2014. 


Pela lei, a partir deste domingo, as prefeituras com lixo a céu aberto podem responder por crime ambiental, com aplicação de multas de até R$ 50 milhões, além do risco de não receberem mais verbas do governo federal. Os prefeitos, por sua vez, correm o risco de perder o mandato.

Entretanto, apesar do despropósito do tempo que ela demorou para ser aplicada, se a legislação for cumprida à risca, somente 2.202 municípios brasileiros, de um total de 5.570, estabeleceram medidas para garantir a destinação adequada do lixo que não pode ser reciclado ou usado em compostagem. Outro absurdo.

Como se não bastasse, para completar a coleção de absurdos, um tal de Paulo Ziulkoski, presidente de uma tal de Confederação Nacional dos Municípios simplesmente declarou, irado que seus representados precisariam de R$ 70 bilhões e de mais prazo para cumprirem a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 


É muita cara de pau, porque a maioria dos municípios nem sequer cumpre a lei de 1981, e continua jogando lixo em qualquer lugar, que dirá terem reciclagem, reuso, compostagem, tratamento do lixo e coleta seletiva!

Ora, seu Paulo Ziulkoski, vá tomar no centro que é para não gastar as beiradas! Se 33 anos não foram suficientes para as prefeituras se enquadrarem, que prazo a mais o senhor quer? Um século? Quanto à grana, recomende aos seus confederados que se eles pararem de roubar e se usarem a cabeça para outra coisa que não seja para separar as orelhas, o lixo vai dar até lucro!

Completando: é inacreditável que sejam necessárias leis ameaçadoras para que a maioria esmagadora dos prefeitos - e políticos, em geral - cumpram o que de mais elementar há em termos administrativos.  É como se um ser humano civilizado não soubesse que lugar de fazer cocô é na privada!
Bando de canalhas!

3 comentários:

  1. (argento) ... pois é, que tal uma LIXOBRAS, já que a "iniciativa privada" está pouco (nada) se lixando? ... mas hein? ... (argento)



    1. (argento) ... :

      http://oglobo.globo.com/busca/?q=lixo+

      http://www.observadorpolitico.com.br/grupos/meioambiente/forum/topic/sacolas-plasticas

      https://www.youtube.com/watch?v=UCtKcZ_0pTM
  2. (argento) ... no campo da dualidade, o lixo é mau e bom, é mal e bem; ao mesmo tempo que polui, alimenta e emprega os Miseráveis que dele sobrevivem, adoecem e morrem nos aterros "sanitários", sem dar "trabalho" a governos e Estados ... faz prosperar os Negócios, vende remédios, ... , alimenta religiões, ... (argento)

Ministros fazem gazeta para engrossar claque da Dilma. E nós pagando...


Primeira fileira: Guido Mantega (segundo da direita para a esquerda), ao lado de Aloizio Mercadante
 
 
Segunda fileira: Guilherme Afif Domingos (quarto da direita para a esquerda)
Terceira fileira: Mauro Borges (terceiro da direita para a esquerda), ao lado de Clélio Campolina (Foto: José Paulo Lacerda/CNI)

Nesta quarta-feira, 30 de julho, não havia nenhum compromisso entre 15h30 e 17h nas agendas dos ministros Guido Mantega (Fazenda), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Guilherme Afif Domingos (Micro e Pequena Empresa), Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Clélio Campolina (Ciência e Tecnologia), Thomas Traumann (Comunicação Social) e Garibaldi Alves (Previdência Social). Uma anotação na agenda de Mauro Borges, por exemplo, avisou que o substituto de Fernando Pimentel se ocuparia de “despachos internos” das 14h às 19h. Guido Mantega seria absorvido por “reuniões internas” sem horário definido. A página incumbida de detalhar a movimentação de Garibaldi contém apenas três palavras: “Sem agenda informada”.

A foto acima revela o que os sete parceiros de primeiro escalão queriam esconder: todos se evadiram do local do emprego e mataram a tarde de trabalho para engrossar a plateia incumbida de aplaudir Dilma Rousseff no auditório da Confederação Nacional da Indústria, palco da sabatina que reuniu os três principais candidatos à eleição presidencial. Nenhum dos gazeteiros pretende devolver o dinheiro que vão receber sem trabalhar. 
 
 
Do Augusto Nunes
 
 

Um comentário:

(argento) ... pois é, acho que estou sendo roubado nos Impostos ... (argento)

O absurdo da circuncisão feminina

O SILÊNCIO DOS INOCENTES

Uma cultura pode morrer de sua própria covardia em defender as ideias que ela inventa e promove

O movimento Estado Islâmico (EI) controla uma parte consistente do território que pertencia previamente à Síria e ao Iraque (sei que "consistente" é vago, mas as cidades passam de mão em mão a cada dia). Nesse vasto território, o EI proclamou um califado, e seu líder, em 11 de julho, ordenou a mutilação genital de todas as mulheres entre 11 e 46 anos.

A mutilação genital consiste na ablação do clítoris e, em algumas tradições, de parte dos lábios da vagina. A operação geralmente é feita sem anestesia e sem condições de assepsia. Essa tortura com consequências potencialmente mortais garantiria que as mulheres não sintam (mais) prazer sexual, ou seja, como noticiaram as agências de imprensa (Folha de 25/07), evitaria "a expansão da libertinagem e da imoralidade" no sexo feminino.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a medida do califado pode atingir 4 milhões de mulheres.

Será como em julho de 1994, quando assistimos de longe, indignados e resignados, ao massacre de mais de meio milhão de pessoas da etnia tutsi, em Ruanda?

Será como em 1995 (de novo, em julho), quando assistimos ao massacre de Srebrenica, na Bósnia? Neste caso, um mês depois, o bombardeio dos sérvios-bósnios pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) colocou um fim à guerra da Bósnia. Foi tarde para os 8.000 de Srebrenica, mas foi ao menos isso.

Meus furores intervencionistas são raramente abstratos. Há intervenções impossíveis porque é dificílimo tomar partido, e outras que custariam mais vidas do que salvariam. Também me envergonha, na hora de me indignar, o fato de que os que se armariam e arriscariam sua vida seriam outros, mais jovens do que eu.

Mesmo assim, penso que o genocídio em Ruanda, em 1994, poderia ter sido evitado e que o bombardeio das posições dos sérvios-bósnios em 1995 poderia ter acontecido antes, evitando o massacre de Srebrenica.

No caso de Ruanda, foi dito mil vezes que o Ocidente deixou o horror acontecer porque o coração da África está longe, geográfica e culturalmente. Da mesma forma, foi dito que a Otan interveio na Bósnia por se tratar de um horror "em casa", na Europa.

Mas a intervenção na Bósnia tornou-se possível e "necessária" também por uma outra razão, um pouco mais complexa.

Na guerra da Bósnia, as grandes vítimas eram os bósnios muçulmanos, ameaçados de extermínio pelos sérvios-bósnios (ortodoxos). Atrás de qualquer consideração geopolítica, os membros europeus da Otan (sobretudo Alemanha, França e Inglaterra) podiam enxergar, no ódio dos sérvios-bósnios, uma caricatura do preconceito de suas populações contra os muçulmanos imigrantes.

Ou seja, talvez a gente seja especialmente motivado a intervir contra quem pratica horrores dos quais nós mesmos receamos ser capazes. É policiando os outros que a gente luta contra nossos próprios demônios.

Se a ordem do califado me indigna tanto é porque reconheço a sua estupidez: ela é a mesma que, apenas 200 anos atrás, levava psiquiatras europeus a cauterizar com ferro quente o clítoris de meninas que se masturbavam com uma frequência que pais e padres achavam excessiva.

Houve uma época (recente --e nem sei se acabou) em que o desejo feminino nos fazia horror, e a gente estava disposto a qualquer coisa para silenciá-lo. É esse passado que nos daria o direito de intervir.

Não se trata de querer abolir uma diversidade cultural. Certamente há mulheres, no califado, dispostas a ser mutiladas para continuar pertencendo plenamente à cultura na qual elas vivem. Mas o que acontecerá conosco se escutarmos os gritos das que não concordam e deixarmos que se esgotem, até que reine o silêncio dos inocentes sacrificados?

Em Veneza, no Teatro La Fenice, três semanas atrás, assisti a uma apresentação (única) de "Hotel Europa", de Bernard-Henri Lévy (publicado pela editora Marsilio numa edição bilíngue, com textos em italiano e francês). É o monólogo de um intelectual que, num hotel de Sarajevo, prepara uma conferência impossível sobre a Europa e seus valores. Lévy foi marcado pela sua presença na Bósnia durante os anos da guerra e acredita na necessidade moral de intervir nos horrores da casa dos outros.

Concordo ou não, tanto faz; de qualquer forma, saí da peça com a convicção de que uma cultura pode morrer de sua própria covardia em defender as ideias que ela inventa e promove. E nossa cultura é ameaçada por esse destino: ela tem, ao mesmo tempo, um repertório fantástico de ideias e uma grande timidez na hora defendê-las --até porque uma dessas ideias é que cada um deve ser livre de pensar como quer.

 
01 de agosto de 2014
Contardo Calligaris, Folha de SP

ECONOMIA VULNERÁVEL


O governo Dilma passou todos esses meses argumentando que a crise externa é quase a única responsável pelo baixíssimo desempenho da economia; Mas quando o FMI acentua a vulnerabilidade do Brasil à crise externa, o governo não gosta e desqualifica a conclusão

O governo Dilma passou todos esses meses argumentando que a crise externa é quase a única responsável pelo baixíssimo desempenho da economia. Mas quando o Fundo Monetário Internacional (FMI) acentua a vulnerabilidade do Brasil à crise externa, o governo não gosta e desqualifica a conclusão.

Pois terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não gostou de que o Fundo Monetário Internacional observasse em relatório que “o Brasil é moderadamente frágil e corre o risco de se deteriorar rapidamente em um cenário de acentuada e prolongada queda no preço das commodities”.

O que o FMI afirmou não é muito diferente do que a própria presidente Dilma disse no dia anterior. Ela rechaçou o argumento de que o baixo crescimento do PIB ao longo de seu mandato se deve a escolhas equivocadas de política econômica e o atribuiu, inteiramente, à crise externa. E mais, disse que o presidente Lula errou quando minimizou os efeitos internos da crise externa. Foi quando insistiu em que o efeito interno foi apenas “uma marolinha”.

O Brasil é sim uma economia relativamente vulnerável. Tanto é vulnerável que está hoje mal na foto, atolada num avanço do PIB insignificante, inflação que vai chegando aos 7,0% ao ano, um rombo externo crescente e um câmbio relativamente achatado e estável apenas porque o Banco Central vem despejando US$ 80 bilhões em seis meses para sustentar a cotação do dólar.

Quando o FMI diz que o Brasil está mais vulnerável, não está dizendo coisa muito diferente do que tem sido dito também pelas agências de classificação de risco quando apontam para uma perda de qualidade dos títulos da dívida brasileira.

A discordância cabível diz respeito à razão dessa vulnerabilidade. E, aí sim, vemos que as opções de política econômica adotadas nos últimos anos é que minaram a capacidade de resistência da economia do Brasil à crise.

A fragilidade e a enorme perda de capacidade de competição da indústria brasileira são consequência do mesmo fenômeno. Assim, num cenário de forte queda dos preços das commodities que derrube as exportações e aumente o rombo nas contas externas, não é possível esperar que a indústria compense eventual enfraquecimento das receitas de moeda estrangeira obtidas com essas exportações de produtos primários.

Quando o governo não gosta de uma análise, parte logo para a desqualificação, como se feita por quem não entende, por um sub do sub. No caso do relatório do FMI, Mantega preferiu dizer que é conclusão de um trabalho não assumido pela direção do FMI.

Repete-se aqui o mesmo tratamento dado pelo governo à avaliação feita por um analista do Banco Santander que apenas avisou aos investidores de que uma melhora da presidente Dilma nas pesquisas de intenção de voto tenderia a produzir desvalorização dos ativos brasileiros, principalmente das ações.

O governo parece descobrir tardiamente que a desarrumação da economia é um tema que começa a ser usado eleitoralmente pela oposição. No entanto, em vez de blindar a economia brasileira com políticas consistentes ou de tomar decisões que revertam o baixo nível de confiança, o governo prefere negar a desarrumação e desqualificar quem as denuncia.
 
01 de agosto de 2014
Celso Ming, O Estadão

O DINHEIRO E A INFORMAÇÃO



Qualquer analista diria que um segundo mandato da presidente Dilma não seria bom para o investidor comum

Jornalistas, pelo menos aqui no sistema Globo, não podem recomendar investimentos financeiros. Jornalistas e comentaristas de economia não podem nem ter ações de qualquer empresa, pela ética e pela prática. O profissional pode ser isento, mas as aparências contam aqui. O público terá todo o direito de desconfiar do comentário, se souber que um comentarista está vendendo ou comprando ações de uma estatal.

É a mesma coisa com os jornalistas de gastronomia. Não podem aceitar uma boca-livre e depois comentar sobre aquele restaurante.

Já houve muita fraude e muito comportamento errado entre jornalistas, aqui e lá fora. Como prevenir? Uma hipótese seria impor severa regulamentação legal para o trabalho dos jornalistas — uma péssima saída porque levaria fatalmente a uma severa restrição à liberdade de imprensa. O princípio maior é que a imprensa tem de ser livre. Se é boa ou não, isso depende da sociedade, do público que vai consumir ou não esta ou aquela publicação.

Por isso, veículos sérios adotam códigos de ética. O controle interno é o melhor. Com o tempo, o público reconhece o caráter do veículo. Distingue entre o chapa-branca e o isento, entre o oportunista e o sério, entre o que quer fazer dinheiro a qualquer custo e o que quer fazer dinheiro com o jornalismo sério.

Sim, claro, o jornalismo sério se equivoca não raras vezes. Mas volta ao assunto, reconhece, refaz. Tinha que ter alguma vantagem isso de ter de produzir notícia todos os dias...

Resumindo, jornalistas podem tratar de qualquer tema, podem dizer que uma empresa vai bem — e mostrar os dados — ou que um setor vai mal, mas não devem dizer “compre isto”, “venda sua casa e aplique em juros”, coisas assim.

É diferente a situação dos analistas de investimentos. O cliente de um banco precisa de orientações específicas.

Analista de investimento é uma profissão. “Broker” também. Para montar um grupo de investidores e formar, por exemplo, um clube de ações, o sujeito precisa de licença e autorização da Comissão de Valores Mobiliários. Idem para recomendar aplicações.

A regulamentação, aqui e lá fora, também resulta de equívocos e malfeitos cometidos ao longo do tempo. O mais comum era — e pode ser — o banco indicar investimentos que serão ruins para o investidor e bons para o banco. Imagine que o banco, na sua Tesouraria, comprou ações da Petrobras e quer se livrar delas. Se sair por aí dizendo que os papéis da estatal vão subir e, para ajudar um pouco, colocar um “laranja” para comprar lotes desses papéis e forçar uma valorização inicial, trata-se de um grande roubo.

Tem lei e regulamentação para tentar administrar o conflito de interesses que pode haver entre o cliente/investidor, o banco e o dono do banco.

Por isso, o setor do banco que se relaciona com os clientes, informando e sugerindo aplicações, tem que ser independente. Deve ser assim num mercado sério. O Brasil tem melhorado nesse aspecto, com regulamentações e prática. Uma delas é a ampla publicidade: analistas de investimentos vêm a público todos os dias com seus relatórios. Recomendam compra ou venda de ações, indicam qual o preço alvo. Os relatórios vão para os clientes e frequentemente são distribuídos para a imprensa. Como fazem as consultorias nacionais ou estrangeiras.

Ora, é evidente que a política tem a ver com a economia. As políticas do governo Dilma provocaram enorme desvalorização das ações da Petrobras, o caso mais forte. Questionada sobre isso, a presidente já argumentou que as estatais não trabalham para especuladores — e colocou assim no mesmo saco os grandes especuladores, os trabalhadores que colocaram seu FGTS na estatal e o investidor comum que simplesmente pensava em juntar algumas economias.

Tudo considerado, qualquer analista diria que um segundo mandato da presidente Dilma não seria bom para o investidor comum. Mesmo admitindo que a atual gestão da Petrobras pode trazer resultados a longo prazo, o fato é que, no momento, a companhia não coloca o lucro e o interesse do investidor minoritário como objetivo central.

Foi o que disse o pobre ou a pobre analista do Santander. E é o que estão dizendo todos, repetindo, todos os demais analistas há muito tempo. Normal.

Ruim foi a reação do governo, escolhendo um alvo fácil para se declarar vítima de terrorismo, em vez de contestar os dados. Ameaçou assim a liberdade de informação.

Pior foi a reação da direção do banco, que pediu desculpas ao governo e demitiu o(a) analista. Disse que ele(a) fizera coisa errada. Quer dizer que o certo é comprar ações quando aumentarem as chances de Dilma? Os clientes do banco foram enganados nos últimos relatórios ou estão sendo enganados agora?

E o dono do banco, Dom Emilio Botin, defendeu o seu negócio. O governo é regulador e muito bom cliente. Uma ordem, e governos, prefeituras e entidades públicas podem fechar contas com o Santander. Resumo: prevaleceram o ataque à liberdade de informação e de fazer negócios; e o interesse do banqueiro.

 
01 de agosto de 2014
Carlos Alberto Sardenberg, O Globo

BLOG Lorotas políticas e verdades efêmeras

Mortos em Gaza e no Brasil

20140731-175248-64368167.jpgBLOG  VESPEIRO

VESPEIRO--Indústria automobilística: a grande trapaça


2 de agosto de 2014 
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O desastre que vem vindo por aí no setor automobilístico – o “berço” da formação política e do aprendizado das noções básicas do jogo econômico de ninguém menos que Lula, “o intuitivo”, em pessoa – é de proporções assustadoras.


É nele que se entrecruzam, anabolizando-se mutuamente, todos os erros, todos os vícios e todas as falcatruas do PT cujos efeitos estão prestes a surgir nus e crus, em todos os seus 500 tons, todos de cinza, diante dos olhos da Nação.


A coisa vem rápido e vem forte como mostra este primeiro tropeço depois de esgotado o efeito dos anabolizantes que vinham mantendo em pé esse boneco de vento, de 36,3% de queda nas vendas de um ano para o outro.


A verdade dolorida é que não ha surpresa nenhuma nisso, especialmente para as supostas “vítimas” do “engodo”. E isto porque as montadoras internacionais que compõem a lista das que entulharam este país com a absurda quantidade de 25 fábricas de automóveis e caminhões prontas ou quase prontas para produzir – e literalmente todas as existentes no mundo estão nessa lista – nunca se enganaram, por um minuto que fosse, sobre as reais condições do Brasil com os seus mundialmente famosos handicaps em materia de custo e qualidade de mão de obra, oferta de infraestrutura e seguranca juridica para trabalhar, de se transformar num polo mundial competitivo de exportação de produtos automotivos.


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Nem quem tenha reais condições de se-lo, alias, tem quaquer coisa que chegue perto desse numero de fábricas.


O que teria acontecido então? O que teria desviado o olhar dos mais antigos, calejados e experimentados macacos velhos da indústria automobilística mundial dessas irremovíveis realidades brasileiras, para fazê-los vir enterrar tanto dinheiro bom em terreno tão obviamente incapaz de absorvê-lo e multiplica-lo com vantagens competitivas reais?


Nada, é a resposta simples e direta.


Eles vieram para cá porque foram entre convidados e forçados a montar – com o nosso dinheiro e não o deles, evidentemente – as suas fábricas em território brasileiro embolsando lucros polpudos antes mesmo da produção do primeiro automóvel. 


Eles foram os atores coadjuvantes da pantomima eleitoreira iniciada em Brasília mas docemente coadjuvada por governos estaduais e municipais pelo Brasil afora sequiosos de votos de eleitores mal alertados para a falcatrua por uma imprensa em crise aguda de liderança e de identidade que ajudou a compor a tempestade perfeita em que o Brasil está prestes a se conflagrar.



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O primeiro lance da armação foi erguer uma barreira de 30% contra a importação de automóveis de marcas sem fábricas no Brasil exatamente no período agudo da crise mundial em que as “medidas anticíclicas” de Lula subsidiando o consumo com dinheiro do Tesouro Nacional repassado a juros menores que os que custava para tomá-los à “nova classe media”, faziam o Brasil parecer o ultimo rincão do planeta onde “em se oferecendo o que quer que seja à praça, vende-se”.


Junto com essa barreira veio a oferta de generosos aportes do BNDES a quem se dispusesse a abrir uma fábrica de sua marca por aqui.


Como os impostos estaduais e municipais pesam muito na composição do preço de um automóvel, estados e municípios acoplaram-se à corrida, disputando a peso de ouro o destino final dos candidatos arrastados pelas ofertas federais. Dezenas de bilhões em impostos futuros que financiariam a educação, a saúde e a segurança públicas nos Estados e nos municípios, foram oferecidos em condições de pai para filho até aos fabricantes de carros de luxo pouquíssimo consumidos no Brasil até então. 


E assim, dezenas de prefeitos do Brasil, ao lado do pai de todos os pobres, puderam afirmar ao seu eleitorado que estavam disputando uma fábrica de automóveis, com toda a sua extensa cadeia produtiva, para tirar o seu município de uma vez para sempre da idade da pedra, no país emergente “mais procurado pelos investidores internacionais” num mundo em decadência.

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Porque não aceitar tais mimos se, para os fabricantes internacionais de automóveis de todos os continentes, a conta final parecia ainda mais generosa que a que sustentou por anos o dito “cinema nacional” com subsidios de tal monta que diretores e produtores lucravam tão ricamente antes do filme ficar pronto que ninguém se preocupava, depois, em vende-lo ao publico, etapa que se tornava dispensável ao bom fechamento da conta econômica do “empreendimento”?


Para coroar esse brilhante conjunto de políticas, a crescente prevalência do Itamaraty marcoaureliano na definição de todas as formas de relacionamento internacional do Brasil, inclusive os comerciais, houve por bem amarrar-nos exclusivamente aos falidos “parceiros comerciais” bolivario-brickianos a que hoje estamos circunscritos.


E eis aí o Brasil, esgotado o efeito anabolizante das sucessivas injeções na veia de isenções de IPI e outras promoções para empurrar as coisas além do outubro eleitoral, com suas 25 fábricas de automóveis e caminhões cuja cadeia produtiva, na presente fase de sucateamento geral da indústria nacional pesam, segundo alguns economistas, mais de 25% do PIB industrial, com a Argentina inadimplente, ex-maior compradora dos automóveis brasileiros, o lumpen bolivariano, a África do Sul e a Rússia embargada de Putin como seus únicos parceiros comerciais.



Pra começar a ficar ruim, vai ter de melhorar muito…
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Aécio: País poderá retomar crescimento sustentável





O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, rebateu neste domingo, 3, a estratégia que vem sendo utilizada pela presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), sua adversária nesta corrida presidencial, de taxar a oposição de pessimista.


Após caminhada no centro de São José dos Campos, Aécio disse que pessoalmente é otimista com relação à potencialidade do País e em resgatar a capacidade de crescimento da economia e do desenvolvimento da sociedade brasileira. 


 "Contudo, a incapacidade do atual governo para sinalizar um cenário melhor para o futuro é a razão do pessimismo não apenas da oposição, mas dos empresários e de vários setores da economia, basta olhar os índices da FGV."

 Segundo o tucano, o discurso da oposição não pode ser classificado de pessimista, simplesmente porque reflete, no seu entender, a realidade que o País vive atualmente. "O governo petista fracassou na gestão do Estado, o Brasil é hoje um cemitério de obras paradas e eles (PT) fracassaram não apenas na economia, mas na educação, saúde e outras áreas essenciais. Vivemos um quadro de estagflação e crescimento econômico pífio. Além disso, falta decência, eficiência e ousadia aos inquilinos que estão hoje no poder (governo petista)", argumentou.


Para o candidato do PSDB, "o atual governo, pela incapacidade gerencial, pela incompreensão da verdade do mundo, pelo aparelhamento absurdo da máquina pública, permitiu que o Brasil viva hoje um cenário preocupante, que se reflete nos investimentos". 


E destacou que todos aguardam o que vai acontecer nas eleições para saber o que irão fazer. E previu que sua eventual vitória nas urnas vai criar um ambiente adequado, com regras claras, marcos regulatórios compreensíveis e simplificação do sistema tributário para que o País possa, a partir de 2015, retomar um ciclo de crescimento sustentável por um longo período. "Cada vez mais eu me convenço de que isso é possível", frisou.


Aécio visitou neste domingo o Mercado Municipal da cidade, situada no Vale do Paraíba, ao lado de correligionários tucanos, como o governador do Estado e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin, o candidato ao Senado José Serra e o suplente José Aníbal, o vice em sua chapa, senador Aloysio Nunes Ferreira, o ex-governador Alberto Goldman, e líderes locais, como o ex-prefeito e deputado federal Emanuel Ferreira. 


No mercadão, o presidenciável tucano comeu pastel e um pão de queijo. Indagado sobre a qualidade da iguaria mineira, disse que estava muito bom, "no padrão mineiro." Cerca de 100 pessoas participaram da visita, que durou cerca de meia hora. Após essa agenda, as lideranças tucanas foram para o diretório da sigla na cidade, onde concederam entrevistas e fizeram breves discursos aos militantes.



Fonte: Estadao Conteudo

Posição em temas tabu pesa para atrair voto evangélico



Quando o bispo Edir Macedo inaugurou, na noite quinta-feira, 31, o seu Templo de Salomão, tinha entre os seus dez mil espectadores a presidente Dilma Rousseff (PT). O voto evangélico representa cerca de um quinto do eleitorado brasileiro. A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), a que pertence o templo, é considerada "mais dilmista".
 
 A competição por este eleitorado mais conservador fez com que Aécio Neves (PSDB) se reunisse com pastores no início de julho em um encontro que, a princípio, não foi divulgado. Eduardo Campos (PSB) também mantém conversas com lideranças evangélicas. 


A favor do pernambucano contam seu histórico católico e a figura de bom pai e marido - ressaltada por várias lideranças evangélicas - e sua vice, Marina Silva, ligada à Assembleia de Deus. "Para os meus eleitores e para uma boa parte dos evangélicos, o testemunho de família pesa na hora de escolher o candidato. Mas muitas vezes na política não se pode escolher o ideal, mas o possível", afirma um parlamentar da bancada evangélica.


Além da vida pessoal, a posição sobre temas como descriminalização do aborto e união homoafetiva são fundamentais para a declaração de apoio. Um interlocutor duvida que algum dos principais postulantes ao cargo se posicione favoravelmente aos temas durante a campanha. "Se o fizer, é porque despreza nosso apoio", disse.


Segundo o professor de Ciências da Religião Dario Rivera, a IURD acompanha tradicionalmente o candidato que considera ter mais chances de vitória - ainda que o apoio a Dilma seja menos explícito neste pleito. 


Mas a petista deverá enfrentar uma rejeição forte de outras igrejas. O movimento anti-PT é liderado pelo pastor Silas Malafaia, presidente do Conselho de Pastores do Brasil. "O PT procura os evangélicos de quatro em quatro anos. Entre as eleições, eles são contra tudo que é de valor para os evangélicos. Estamos ficando mais espertos. Não adianta querer carregar pastor no colo", afirmou ao Broadcast Político.


Os principais adversários de Dilma, Campos e Aécio, também não devem conseguir conquistar o apoio dos evangélicos antipetistas no primeiro turno. Malafaia defende uma união em torno do candidato do PSC, Pastor Everaldo. "Acredito que ele pode ter entre 7% e 10% e ser um fator muito interessante no segundo turno", afirma. Para Dario Rivera, o discurso de que "irmão vota em irmão" pode se tornar forte e atrair voto da maioria pentecostal, principalmente na Assembleia de Deus.


A Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, liderada pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, é o principal grupo evangélico que ainda não definiu apoio para o pleito deste ano. Apesar de representar cerca de 60% dos fiéis, o grupo é considerado menos centralizado do que a ala que apoiará Everaldo. Em 2010, a entidade aderiu à candidatura do tucano José Serra


Questionado se não seria natural um apoio ao candidato do PSC, um pastor ligado à Convenção Geral lembrou que um presidente da República "não é um ministro da igreja". "Ele tem de administrar toda a nação, terá que ter algumas qualidades inerentes ao cargo, alguma desenvoltura, vai representar a nação brasileira. Não gostaríamos de ter uma pessoa por ser apenas evangélico, pastor". Apesar de não garantir o apoio, o nome do Pastor Everaldo ainda não foi descartado.


Fonte: Estadão Conteúdo Jornal de Brasilia

Pássaro migra anualmente do Ártico à Antártida


A andorinha-do-mar-ártica pesa em média 100g


Um estudo publicado nesta segunda-feira sugere que o pássaro sterna paradisaea, conhecido como andorinha-do-mar-ártica, migra anualmente da Groenlândia até a Antártida, cobrindo uma distância de mais de 70 mil km, no que pode ser a maior migração anual conhecida. 

A pesquisa, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of América, fez um cálculo para afirmar que as aves, que pesam cerca de 100g, percorrem, em média, o equivalente a três vezes a distância ida e volta da Terra à Lua durante seus 34 anos de vida

O grupo de cientistas, liderados por Carsten Egevang, do Instituto de Recursos Naturais da Groenlândia, usou mecanismos de rastreamento acoplados às aves.

As andorinhas colocam seus ovos na Groenlândia, mas deixam a região ártica durante o inverno, buscando águas mais quentes da Antártida, durante o verão no hemisfério sul.

Detalhes

O resultado dos estudos sugere ainda que as aves não voam imediatamente rumo ao sul, mas passam um mês "abastecendo-se" de alimentos no Atlântico norte.

Os pássaros então seguem rumo à costa africana, quando, na altura de Cabo Verde, ocorre uma divisão.

Um grupo segue margeando o continente e outro cruza o oceano e viaja em direção à Antartida pela América do Sul.

Na volta, os pássaros não seguem pela rota mais curta, mas fazem desvios de milhares de kms para aproveitarem-se de correntes marítimas e poupar energia.

“O estudo proporcionou uma informação muito detalhada sobre o comportamento migratório das aves ao longo de um ano, quando normalmente é muito difícil seguir o fluxo com tanta exatidão”, disse Egevang.

Beija-flor é 'mais eficiente' que helicóptero



Atualizado em  1 de agosto, 2014 - 09:40 (Brasília) 12:40 GMT


A engenharia ainda não conseguiu se igualar à natureza quando o assunto é voar, segundo um estudo que compara colibris a helicópteros.

Os pesquisadores afirmam que as "melhores" espécies dos passarinhos são 20% mais eficientes que um dos mais avançados micro-helicópteros do mundo.
A comparação leva em conta a energia usada por ambos para se manter em voo.

Quando se comparam helicópteros à média dos beija-flores, a tecnologia consegue empatar.

O estudo, coordenado pelo professor David Lentink, da universidade de Stanford, na Califórnia, foi publicado na revista especializada Interface da Royal Society Journal britânica.

Arrasto

Uma das maiores dificuldades do estudo foi medir a energia despendida pelos passarinhos ao flutuar no ar.

"Imagine um pássaro de 4g: as forças são mínimas", ele afirmou à BBC.

"O resultado disso é que o arrasto nas asas de um beija-flor nunca foi medido com precisão."

O arrasto é a força contrária à força criada pelo bater das asas dos colibris.

Lentink e sua equipe tentaram verificar se as asas do beija-flor são mais eficientes – ou seja, se aplicam menos energia para superar a força do arrasto – do que as lâminas da hélice de um helicóptero de dimensões parecidas.

Beija-flor
Imagens em câmera lenta ajudaram os cientistas a calcular a eficiência do pássaro
A comparação foi feita com um micro-helicóptero avançado, o Black Hornet, que pesa 16g e é usado por militares britânicos em operações de vigilância no Afeganistão.

Para realizar as medições em laboratório, os cientistas usaram asas de espécimes de colibri mantidos em museus.

Girador de asa

As asas, avulsas, foram conectadas a um equipamento chamado girador de asa. Desta forma, a equipe foi capaz de medir exatamente quanta energia precisa ser aplicada no bater de asas para levantar o peso do pássaro.

Colaboradores do professor Lentink na universidade de British Columbia, no Canadá, registraram o voo de beija-flores selvagens para medir os movimentos exatos de suas asas – que batem até 80 vezes por segundo.

"Ao combinarmos o movimento das asas com o arrasto (medido em laboratório), pudemos calcular a energia aerodinâmica que os músculos do beija-flor precisam gerar para sustentar o voo parado", afirmou Lentink.

Uma espécie norte-americana de colibri, o Calypte anna, foi o campeão, flutuando com muito mais eficiência do que o helicóptero. 

"Isso prova que se formos capazes de projetar asas melhor, podemos construir helicópteros que voam parados com tanta eficiência, se não mais, quanto colibris", disse o especialista.

Ele concluiu ainda que em diversas áreas relativas ao voo, a tecnologia não chega nem perto da natureza.

"Mas, se nos concentrarmos só na eficiência aerodinâmica, estamos mais perto do que nunca."

Pesquisadores desenvolvem tela de tablet que corrige problema de visão


BBC

Atualizado em  31 de julho, 2014 - 08:35 (Brasília) 11:35 GMT

Simulação mostra como tela poderia corrigir imagem para quem tem problemas de vista. Crédito: MIt Media Lab
Simulação mostra efeito de tela na definição de imagem
 
Engenheiros desenvolveram um protótipo de tela de tablet que corrige problemas de visão.

O sistema utiliza um software para alterar a luz a partir de cada pixel da tela, com base no grau de óculos da pessoa.
Os pesquisadores também adicionaram um pequeno filtro pinhole, como o de uma câmara escura, para melhorar a nitidez da imagem

A pesquisa será apresentada na conferência internacional de computação gráfica SIGGRAPH, em Vancouver, em agosto.

A equipe diz que a tecnologia poderia ajudar milhões de pessoas que precisam de lentes corretivas para usar seus dispositivos digitais.


Cerca de uma em cada três pessoas no Reino Unido sofre de miopia. Nos EUA são cerca de 40%, enquanto na Ásia mais de metade da população tem problemas de visão.
Nos últimos anos, vários projetos tentaram usar telas de computador para corrigir dificuldades de vista.

Os autores deste último estudo dizem que seu protótipo oferece "significativamente maior contraste e resolução se comparado com soluções anteriores."

Siga a luz

A equipe da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveu um algoritmo que leva em conta o problema específico do usuário para ajustar a intensidade de cada ponto de luz emanado de cada pixel em uma imagem.

O protótipo usou um iPod com um filtro pinhole preso à tela. Para ver as imagens, os pesquisadores usaram uma câmera reflex monobjetiva digital (DSLR) que foi programada para simular uma pessoa com hipermetropia.
Protótipo de tela que permite corrigir problemas de visão. Credito: MIT Media Lab
Protótipo de tela com filtro que corrige problemas de visão

As imagens alteradas do iPod apareceram nítidas e claras para a câmera, mostrando que o protótipo foi eficaz em corrigir este problema de vista.

"A importância deste projeto é que, em vez de depender de ótica para corrigir sua visão, usamos a computação", disse o principal autor da pesquisa, Fu-Chung Huang. "Esta é uma classe muito diferente de correção e é não intrusiva."

A equipe de pesquisadores acredita que sua ideia, quando aperfeiçoada, poderá beneficiar pessoas que sofrem de problemas de visão mais difíceis de tratar.

"Nós agora vivemos em um mundo onde as telas são onipresentes", disse o coordenador do projeto na Universidade da Califórnia, professor Brian Barsky.

"As pessoas com problemas graves têm, muitas vezes, irregularidades na forma da córnea, e esta forma irregular dificulta que elas usem lentes de contato", ele afirmou.
"Em alguns casos, isso pode ser um impedimento para que exerçam alguns trabalhos, porque muitos trabalhadores precisam olhar para uma tela como parte de seu trabalho. Esta pesquisa poderia transformar suas vidas."

Embora a pesquisa esteja em estágio inicial, os engenheiros por trás do projeto acreditam que a tecnologia tenha um grande potencial na área de correções visuais.
Eles vislumbram telas que possam ser vistas ao mesmo tempo, com nitidez, por múltiplos usuários com diferentes problemas de visão.

"No longo prazo, nós acreditamos que telas flexíveis permitam múltiplos usos: imagem de exibição 3D sem vidro, tela com imagem 2D corrigida, e além."

Templo evangélico reforça caldeirão religioso no leste de São Paulo




Da BBC Brasil, em São Paulo
Atualizado em  1 de agosto, 2014 - 15:53 (Brasília) 18:53 GMT


Uma freira e uma muçulmana coberta dos pés à cabeça por um véu se cruzam em uma faixa de pedestres na avenida Celso Garcia, no Brás, onde começa a zona leste de São Paulo. Diante delas está o Templo de Salomão, obra de 100 mil metros quadrados levantada pela neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus - construção quatro vezes maior que o Santuário de Aparecida do Norte.

O templo, uma réplica do que foi destruído em Jerusalém há mais de 2 mil anos, foi inaugurado nesta quinta-feira. Teve a presença da presidente Dilma Rousseff e em meio a polêmicas pelo fato de o prédio não ter uma licença definitiva da prefeitura. A enorme construção coroa a forte mistura religiosa nas regiões do Brás e do Pari.

Em um raio de cerca de 4 km, a BBC Brasil encontrou mais de 20 igrejas católicas e ortodoxas, templos evangélicos de diferentes denominações, centros religiosos afro-brasileiros, mesquitas e seguidores do espiritismo.

Parte dessa mistura se explica pela forte tradição operária e imigrante da região, que em séculos passados atraiu italianos, portugueses e libaneses e hoje recebe fluxos de bolivianos, peruanos e africanos de diversas nacionalidades.
"Historicamente, há uma relação entre diversidade religiosa e imigração", explica Jacqueline Moraes Teixeira, doutoranda em antropologia social na USP e estudiosa da Igreja Universal e seu impacto nessa região paulistana.
No início do século 20, vieram as igrejas católicas, catedrais ortodoxas e mesquitas. No final do século, com a expansão das igrejas evangélicas, sobretudo as pentecostais, os templos começaram a pipocar por ali.

"Houve uma expansão de denominações religiosas na região, sobretudo na avenida Celso Garcia. Da década de 90 para cá, muitas transformaram seus espaços em centros de referência ou templos-sede."

No Brás, templos antigos, como a catedral ortodoxa, se misturam às novas construções evangélicas


É o caso da Assembleia de Deus, cujo templo na avenida é o maior desta igreja do Brasil, e do próprio Templo de Salomão, obra suntuosa feita com pedras trazidas de Israel e com um impacto significativo na região do Brás.

Filas

Nos arredores, lojas começam a vender roupas evangélicas, bíblias temáticas do templo e suvenires. Na lateral, um restaurante a quilo foi rebatizado de Skina do Templo. No caixa, são vendidas réplicas da construção.


"A gente está no melhor ponto. Nosso público aumentou 70%. Aos domingos, quando haverá duas missas, teremos um público estimado de 20 mil pessoas", diz Dirceu Souza, sócio do local.


Comerciantes e residentes mais antigos, porém, reclamam da alta do preço dos aluguéis e do trânsito intenso, provocado pelas milhares de pessoas vindas em caravana e fazendo fila para conhecer o espaço evangélico.


Maria de Jesus, funcionária de uma loja de tecidos (outro ramo tradicional na região), diz que o aluguel do espaço quase dobrou, sem que as vendas tenham subido junto.
Alguns quarteirões adiante, na catedral ortodoxa São Pedro, construída pela comunidade grega na década de 50, a funcionária Neide Makris, 64, conta que a relação com o Templo de Salomão não tem grandes sobressaltos. Mas o bairro mudou.


"Para nossa igreja, não mudou nada. Deus é um só, tanto para nós quanto para eles. Mas os arredores estão bem movimentados, trânsito o dia todo, fila nos restaurantes...", diz à BBC Brasil.


Mesquita do Pari recebe imigrantes de diferentes nacionalidades

Ponto de encontro

Opinião semelhante tem Leandro Tonelli, secretário paroquial da centenária igreja católica localizada bem diante do Templo de Salomão. "Para nós, é indiferente. As pessoas buscam vida (em um templo religioso), não buscam paredes", diz ele, explicando que a igreja virou um ponto de referência da comunidade católica hispânica da região. Ali, são celebradas duas missas em espanhol por semana.


"O Brás é um bairro de transição e de passagem, não de moradia", opina Tonelli, sobre a vocação religiosa do bairro. "Os templos viraram um espaço de encontro."


Na mesquita do Pari, ali perto, esse ponto de encontro é entre muçulmanos mais tradicionais, como libaneses e sírios, e outros vindos de Paquistão, Marrocos ou Bangladesh, conta o xeique Rodrigo Oliveira Rodrigues.


O contato com as demais religiões do bairro ocorre apenas informalmente, diz ele. "Formalmente, não tivemos a oportunidade de visitar ou sermos visitados, mas nossos corações estão abertos, antes de nossas portas", afirma.


Para Teixeira, da USP, o Brás virou "point" religioso também por ser um bairro de ligação entre o centro da cidade e a povoada zona leste.


Templo de Salomão mudou a cara do comércio da região


"Estar no bairro é garantir visibilidade e estar acessível à população", diz ela.
Edin Sued Abumanssur, professor de teologia da PUC-SP, explica que ali se formou um "cluster" de atividade mercantil, assim como outras áreas da cidade se especializaram na venda de móveis, roupas de noivas ou eletrônicos, por exemplo.

"No espaço de um quilômetro, a Celso Garcia concentra um sem número de ofertas de serviços religiosos. Ali está se formando um 'cluster' desse tipo de serviço. O que explica isso, não sei dizer. O maior problema para as igrejas evangélicas, atualmente, é encontrar um diferencial de mercado. Cada uma delas tende a produzir um serviço exclusivo para se destacar em meio à pasteurização das ofertas. Talvez o que o Templo de Salomão signifique seja apenas isso."

Diante do templo, o aposentado Sebastião Bispo, 80, se diverte dançando uma música funk tocada em alto volume em seu radinho de pilha. Espírita cardecista, ele diz que achou bonita a nova construção. "Deu emprego para o pessoal, eles estão no direito deles. Mas não se esqueça que fachada de igreja não salva ninguém", opinou.