domingo, 2 de novembro de 2014

Na gaveta Como o ministério público protegeu tucanos


2 de novembro de 2013
 
Estação da Noticia

PEDIDO - Informado da falta de cooperação, o ministro Cardozo determinou novo contato com o procurador

Claudio Dantas Sequeira e Alan Rodrigues, IstoÉ

 Apareceu um escândalo dentro do escândalo de corrupção em contratos de energia e transporte sobre trilhos de São Paulo que atinge em cheio os governos do PSDB. ISTOÉ descobriu que o procurador Rodrigo de Grandis engavetou desde 2010 não apenas um, como se divulgou inicialmente, mas oito ofícios do Ministério da Justiça com seguidos pedidos de cooperação feitos por autoridades suíças interessadas na apuração do caso Siemens-Alstom. Ao longo de três anos, De Grandis também foi contatado por e-mail, teve longas conversas telefônicas com autoridades em Brasília e solicitou remessas de documentos. 


Na semana passada, soube-se que, devido à falta de cooperação brasileira, o Ministério Público suíço decidiu arquivar a investigação contra três dos acusados de distribuir propina a políticos tucanos e funcionários públicos. Em sua única manifestação sobre o caso, De Grandis alegou que sempre cooperou e só teria deixado de responder a um pedido feito em 2011, que teria sido arquivado numa “pasta errada”. Mas sua versão parece difícil de ser sustentada em fatos.


Conhecido pelo vigor demonstrado em investigações sobre o ex-governador Paulo Maluf e também no caso Satiagraha, que colocou o banqueiro Daniel Dantas na prisão, desta vez o procurador federal, de 37 anos, não demonstrou a mesma energia. Para usar uma expressão que costuma definir a postura de autoridades que só contribuem para a impunidade de atos criminosos: ele sentou em cima do processo. No mês passado, um integrante do Ministério Público Federal de São Paulo chegou a denunciar a seus superiores que a conduta de De Grandis “paralisou” por dois anos e meio a apuração contra os caciques tucanos. As razões que o levaram a engavetar o caso agora serão alvo do procurador-geral, Rodrigo Janot, e da Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público, que abriu uma queixa disciplinar contra De Grandis.



Até o momento, as explicações do procurador carecem de consistência. Com boa vontade, sua teoria de “falha administrativa” poderia até caber para explicar um ofício perdido. Mas não faz sentido quando se sabe que foram oito os ofícios encaminhados, sem falar nas conversas por telefone e e-mails. O último dos ofícios, que chegou à mesa de Rodrigo De Grandis há apenas duas semanas, acusa o procurador de “nunca” ter dado retorno às comunicações feitas pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça, responsável pela interface em matéria judicial com outros países.


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A primeira solicitação oficial do MP suíço chegou ao Brasil em 15 de março de 2010 e, em 16 de abril, foi encaminhada à PGR e ao procurador federal pelo ofício nº 3365. As autoridades suíças queriam a quebra de sigilo bancário, o interrogatório, além de busca e apreensão nos escritórios de Romeu Pinto Júnior, Sabino Indelicato e outros suspeitos. Nada se fez. Em 18 de novembro, a Suíça fez o primeiro aditamento ao pedido de cooperação e novo ofício foi encaminhado ao MPF, em 1º de dezembro. Desta vez, o MP suíço pedia informações que poderiam alimentar sete processos em curso naquele país. Nada. Em 21 de fevereiro de 2011, os procuradores estrangeiros tentaram pela terceira vez. Queriam que fossem ouvidos, entre outros, o lobista Arthur Gomes Teixeira e João Roberto Zaniboni, ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
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Em março, as autoridades suíças cobraram retorno das demandas. De Grandis foi novamente acionado, mas não deu resposta. Em julho e novembro, foram encaminhados novos ofícios sobre os pedidos de cooperação da Suíça. Mais uma vez, o silêncio.


Depois de dois anos e meio, em 7 de agosto deste ano, já com o escândalo das propinas batendo à porta do Palácio dos Bandeirantes, o ministro José Eduardo Cardozo foi informado da falta de cooperação e determinou que se fizesse novo contato com o procurador.



Tudo em vão. Sem obter resposta, o MJ encaminhou outro ofício (6020/2013) ao MPF em 10 de outubro. E novamente outro (6280/2013) no dia 21, reiterando “extrema urgência e a importância do tema” e pedindo retorno em cinco dias. De Grandis solicitou novas remessas de documentos e finalmente respondeu na última quarta-feira 30. A resposta, porém, foi incompleta – apenas algumas oitivas.


O silêncio obsequioso do procurador inviabilizou diligências que poderiam ser essenciais para alimentar as investigações do propinoduto, tanto na Suíça como no Brasil, causando um prejuízo incalculável ao esclarecimento de um esquema de corrupção cuja dimensão total ainda não se conhece. Feitas no tempo certo, poderiam ter ajudado as autoridades a estabelecer, antecipadamente, a relação entre o esquema usado pela Alstom e o da Siemens para subornar políticos.



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ARQUIVADOS?


Teixeira, Zaniboni e Matarazzo (da esq. para a dir.): personagens centrais do escândalo do PSDB



Em agosto de 2012, após quatro anos de investigação, a Polícia Federal concluiu o primeiro inquérito sobre o caso Alstom. Sem acesso a dados bancários e fiscais da Suíça, conseguiu apenas reunir provas parciais para indiciar por corrupção passiva o vereador Andrea Matarazzo, que, em 1998, era secretário estadual de Energia no governo Mário Covas.


O inquérito foi para as mãos de De Grandis, que, passado mais de um ano, ainda não apresentou sua denúncia. Nos bastidores, o procurador reclamava a assessores que a peça policial era pouco fundamentada. Sob pressão, solicitou à Justiça Federal a quebra do sigilo de 11 acusados.



O promotor Silvio Marques, do MP estadual, e outros procuradores federais em São Paulo pediram em julho o compartilhamento das provas para aprofundarem a apuração. Os procuradores suíços, longe de arquivar os processos, também estão interessadíssimos em conseguir a cooperação brasileira.


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PARADO


Fachada do prédio do Ministério Público em São Paulo: investigações emperradas 

Na semana passada, ISTOÉ enviou ao gabinete de De Grandis uma lista com 20 perguntas. Nenhuma foi respondida. Por meio da assessoria de imprensa, o MPF alegou “sigilo das investigações” e disse que o procurador está de licença até 5 de dezembro para concluir um mestrado.


Especialista em direito penal e professor da Escola Superior do MP de São Paulo, De Grandis é considerado pelos colegas um sujeito de temperamento difícil e de poucos amigos. Entre eles, o ex-delegado Protógenes e o neoativista Pedro Abramovay, hoje antipetista de carteirinha após ser banido do governo.


Para o advogado Píer Paolo Bottini, ex-secretário da gestão Márcio Thomaz Bastos e professor de Rodrigo de Grandis num curso de pós-graduação, o procurador nunca usaria o cargo para fins políticos. “Conheço ele e não acredito que tenha qualquer direcionamento em sua atuação”, diz.



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O ex-ministro José Dirceu pensa diferente. Na semana passada, ele voltou a acusar De Grandis de agir politicamente ao quebrar seu sigilo telefônico para tentar envolvê-lo no caso MSI, o esquema de cartolagem do futebol paulista. Na Satiagraha, De Grandis e Protógenes se uniram contra Daniel Dantas, um velho aliado do PSDB e de Marcos Valério, que se aproximou do PT depois que Lula chegou ao poder em 2002.


A partir de 2008 o deputado estadual Roberto Felício (PT) encaminhou seis representações ao procurador. O deputado ainda alertou De Grandis sobre indícios de que Alstom e Siemens usavam as mesmas consultorias internacionais para lavagem de dinheiro e pagamentos de propinas e subornos a diversas autoridades no Brasil. Nenhuma foi concluída.

As loucuras do Agnulo:JURONG

2 de novembro de 2014   Estação da Noticia


O mirabolante Projeto Brasília 2060 em xeque

 

Flávia Maia, Correio Braziliense




Sete mil páginas na gaveta e R$ 12 milhões de verba pública desperdiçados. Esse deve ser o saldo da contratação da Consultoria Jurong, de Cingapura, pelo governo Agnelo Queiroz (PT). Embora a equipe de transição do futuro governo de Rodrigo Rollemberg (PSB) fale em analisar o estudo, o discurso preliminar é de que o plano apresentado pelos asiáticos tem lacunas e não reserva melhorias para Brasília. “Estivemos na apresentação do projeto, e a primeira impressão, que não é definitiva, é a de que ele não acrescentou nada. É uma colagem malfeita de ideias e de projetos já existentes”, adiantou Hélio Doyle, coordenador da transição.


A desconfiança com o denominado Projeto Brasília 2060, elaborado pela consultora de Cingapura, vem desde 2012, ano em que Agnelo voltou de uma missão na Ásia e, três meses depois, assinou o contrato com a Jurong (veja Cronologia). Houve dispensa de licitação, sob a alegação de que o projeto era singular e precisava de um órgão com a capacidade técnica e profissional como a da Jurong. O resultado foi o rompimento de Rollemberg com o governo petista local no mesmo ano. Na ocasião, o secretário de Assuntos Internacionais, Odilon Frazão, ligado ao PSB, se mostrou contrário à posição do partido e continuou com Agnelo.


Vinte dias depois da assinatura do contrato, em 2012, Cristovam Buarque (PDT) e Rollemberg discursaram no plenário do Senado sobre a suposta falta de transparência do contrato assinado pelo GDF e pela escolha de uma empresa estrangeira sem licitação e sem consulta de profissionais brasileiros. Rollemberg afirmou que pediu ao GDF cópia do contrato e, duas semanas depois, não tinha recebido. “O que tem esse contrato? Por que, muito rapidamente, um governo que se diz transparente não o encaminha imediatamente?”, questionou, à época.


À frente de toda a relação com a Jurong, Odilon Frazão chegou a procurar os senadores Cristovam e Rollemberg. “Fui explicar que o plano não era urbanístico para o Plano Piloto, era econômico, e que essa proposta era importante para o futuro de Brasília. O setor público não vai conseguir absorver a mão de obra que não para de crescer. Não é vontade ideológica, mas necessidade”, aponta.


O resultado do trabalho da Jurong foi apresentado em julho do ano passado pelo governo Agnelo. Com o projeto elaborado, uma das principais críticas da equipe de Rollemberg ao planejamento da consultoria é a de que o plano não deixa claro como e quem financiará as obras. Ele apenas aponta que custará R$ 235 bilhões até 2060.


Pela proposta apresentada, o plano de desenvolvimento na capital ocorreria por meio de quatro eixos: a construção de uma cidade aeroportuária em Planaltina; a instalação de um polo logístico entre Samambaia e Recanto das Emas; a ampliação do Polo JK, em Santa Maria; e a execução de um Centro Financeiro Internacional, próximo a São Sebastião. “Foi um projeto caro, que poderia ter sido mais barato e feito por pessoas de Brasília. Além disso, não traz respostas como, por exemplo, como será o financiamento”, afirma Hélio Doyle.


Fora da campanha
Embora polêmica, a contratação da Jurong não virou tema na corrida ao Palácio do Buriti. Os adversários de Agnelo pouco questionaram o assunto, e o próprio governador evitou falar da consultoria temendo os ataques. Parte disso se deve ao fato de que o PSB fazia parte do governo na época. A contratação da Jurong foi feita pela Terracap e, antes da assinatura, houve uma consulta ao conselho da empresa pública. Um dos nove conselheiros era Marcos Dantas, presidente do PSB-DF, e a aprovação do documento ocorreu enquanto ele estava na Terracap. Um mês depois do anúncio do contrato, Dantas pediu para deixar o conselho.


Caso permanecesse no Governo do Distrito Federal, Agnelo pretendia realizar audiências públicas, regular as demandas, captar investimentos e, só então, começar a fase da execução. Odilon Frazão ainda defende a importância do projeto. “Há uma crítica no Brasil de que não existe planejamento. Agora, temos um projeto próprio. Descobrimos o que o investidor quer, por isso, o estudo. Não adianta criar zonas econômicas por decreto, temos de saber as vocações locais e desenvolvê-las”, argumentou o secretário de Assuntos Internacionais.


Entre os principais críticos do projeto, representantes do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF ainda abordam com cautela a consultoria da Jurong. “A gente continua entendendo que esse projeto precisa ser mais debatido. Até hoje, o GDF não fez ampla divulgação do trabalho. Não temos nem como emitir opinião porque não sabemos com profundidade do que se trata”, afirmou Alberto de Faria, presidente da entidade. “Mas estamos abertos para ver o projeto e auxiliar nos debates com o próximo governo sobre temas importantes para a cidade, como o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico (PPCub)”, complementa.


Planejamento
A Jurong Consultants é uma empresa estatal de Cingapura. Foi responsável por fazer o planejamento dos últimos 30 anos no país. No Brasil, ela foi contratada no governo de Aécio Neves para fazer o projeto de desenvolvimento do corredor Belo Horizonte-Confins. O valor do contrato assinado chegou a R$ 19 milhões.


Custo
O valor do contrato com a Jurong alcançou US$ 4,25 milhões. Com a variação cambial e os 27% de impostos cobrados pela Receita Federal, a cifra final chegou a R$ 12 milhões.


Cronologia


2012
19 de julho — Agnelo Queiroz visita a Jurong Consultants, em Cingapura, durante missão na Ásia. A viagem começou nos Emirados Árabes e passou por Xangai, na China.

3 de outubro — O governador, por meio da Terracap, assina o contrato com a Jurong para a consultoria elaborar o Projeto Brasília 2060.

11 de outubro — O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal envia ofício ao GDF e pede esclarecimentos sobre a contratação da Jurong para elaborar planejamento estratégico e urbano.

22 de outubro — O Instituto dos Arquitetos do Brasil no DF escreve carta com críticas à contratação da consultoria de Cingapura. Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) vão à tribuna do Senado para criticar a falta de transparência do contrato assinado pelo governo Agnelo. O pedestista ressalta o fato de o GDF ter celebrado contrato com um país declarado paraíso fiscal pela Receita Federal.

29 de novembro — Nove executivos e analistas da Jurong Consultants visitam a Companhia de Planejamento do DF.

2013
12 de abril — A Jurong entrega a primeira parte do relatório para o GDF.

2014
27 de junho — O projeto elaborado pela Jurong é apresentado ao GDF.

Desmatamento Pesquisador relaciona seca com o desmatamento na Amazônia


1 de novembro de 2014
Estação da Noticia

 O Globo
O cientista Antônio Pereira Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), lançou anteontem o estudo “O Futuro Climático da Amazônia”, no qual relaciona a seca no Sudeste ao desmatamento.
Qual a relação entre a Floresta Amazônica e o clima do Sudeste?
O Sudeste fica numa faixa onde há desertos no resto do mundo: o Atacama, na América do Sul, e o Kalahari, na África. Por que não temos deserto? Por causa dos rios voadores, correntes de umidade que vêm da Amazônia e provocam chuvas no Sudeste. O problema é que arrebentamos a cabeceira desses rios aéreos.


Só o desmatamento ajuda a explicar a seca?
A situação é gravíssima. O problema não é só em São Paulo ou no Espírito Santo. É mundial. É o aquecimento global, é o desmatamento, tudo junto. Nos últimos 40 anos, a Amazônia perdeu, com corte raso e degradação, o equivalente a 184 milhões de campos de futebol. O sistema ambiental está em crise, e o custo de não resolver essa crise é altíssimo, é a nossa vida.

O que fazer?
Primeiro, tomar conhecimento do tamanho do problema. Depois, precisamos replantar nossas florestas. O terceiro ponto é envolver os governos, os empresários e as elites, que têm uma procrastinação criminosa.

Goldman e Graziano não me representam. Representam a Oposição que renasceu com Aécio? Certamente não!


domingo, 2 de novembro de 2014



São de uma completa falta de sintonia com a sociedade as declarações de Alberto Goldman e Xico Graziano contra as manifestações de rua ocorridas no dia de ontem. Os dois não têm delegação popular e representatividade para desqualificar dezenas de milhares de pessoas que foram às ruas. Não falam pela Oposição, muito menos pelo eleitor do PSDB.


Não concordam com algumas teses defendidas pelos manifestantes? Têm direito. Mas não podem colocar todos os opositores no mesmo saco para desqualificar este movimento espontâneo surgido depois que as urnas foram abertas. A Oposição nunca teve o suporte de gente na rua e isso indica que o discurso do PSDB mobilizou as pessoas. Os dois infelizes tucanos deveriam ouvir Ronaldo Caiado, eleito senador pelo DEM, em sua entrevista dada para a revista Veja:

Nós temos que fazer oposição aqui no plenário da Câmara ou do Senado com preparo, com grandes debates, desmistificando o governo. Mas isso é insuficiente. Nós não podemos perder esse momento de afloramento das pessoas espontaneamente foram para as ruas e espontaneamente declararam apoio ao Aécio Neves. O apoio era a uma ideia. Essa ideia hoje anti-PT é uma ideia real no Brasil. 

Nós não podemos desativar o processo político nesses quatro anos, senão, não sobreviveremos em 2018. Nossa militância tem de tomar conhecimento da necessidade de estar na discussão político-eleitoral e buscar adesão à tese em que o Brasil pode ter outro modelo de governo: um governo aberto para outros países desenvolvidos do mundo, não ficar com essa política rasteira de Bolívia, Venezuela, Argentina, porque isso só faz deteriorar a nossa imagem. 

Nesse processo de quatro anos nós não podemos tirar o pé do acelerador. Nós temos que criar uma militância que tenha um preparo intelectual para debater. Não vai ter essa anestesia de hoje até a eleição. A oposição não vai renascer em 2018 às vésperas da eleição.


Obviamente, ninguém tem o direito de cobrar de Aécio Neves que ele agasalhe um pedido de impeachment de Dilma, mas qualquer brasileiro pode exigir  que ele clame por investigações transparentes e completas dos crimes cometidos na Petrobras e do uso da máquina pública pelo PT e pela presidente da República na campanha eleitoral, que podem, sim, levar ao processo de impeachment.

Ninguém tem o direito de exigir que Aécio Neves declare, peremptoriamente, que houve fraude nas eleições sem que provas concretas e incontestáveis sejam apresentadas, mas é importante, sim, que ele cobre respostas em nome do seu eleitorado, como vem fazendo o PSDB ao pedir auditoria no processo de contabilização dos votos da eleição presidencial.

As manifestações dos tucanos Alberto Goldman e Xico Graziano foram precipitadas e desrespeitosas em relação ao sentimento de justa revolta dos brasileiros que votaram em Aécio Neves. Dão munição para um processo de desqualificação das manifestações de ontem, comandado pelo PT com o auxílio de grande parte da Imprensa.

Que este pensamento não comprometa a solidariedade e apoio que Aécio Neves deve prestar aos manifestantes, que exercem um direito democrático e expressam a indignação dos brasileiros diante de tanta corrupção e do crescente aparelhamento da máquina pública. É o que se espera de um líder que teve 51 milhões de votos. Que oriente os seus eleitores, mas que jamais os desrespeite como os dois infelizes tucanos desrespeitaram.

DUROU POUCO O SONHO DE DILMA


Carlos Chagas
Publicado: 1 de novembro de 2014 às 0:00 - Atualizado às 1:28

A primeira semana depois da eleição, apesar das derrotas de Dilma no Congresso, ou por causa delas, revela que nada vai mudar em termos de relacionamento do governo com sua base parlamentar. 


Traduzindo: a lambança continuará. Os partidos que apoiam a presidente demonstraram pretender conservar fatias de poder, ministérios e sinecuras, para continuar votando com o palácio do Planalto. 


Como sinal de que não estão brincando, infringiram significativas derrotas ao governo, da rejeição da proposta do plebiscito para a reforma política à não aprovação do decreto que cria os conselhos populares e, de tabela, a convocação do ministro Edison Lobão à Comissão de Agricultura. Mais a sedimentação da candidatura de Eduardo Cunha a presidente da Câmara.



Durou pouco o sonho de mudanças. Será assim ou pior caso a presidente não se comprometa a fatiar o novo ministério entre PMDB, PR, PDT, PTB e penduricalhos menores. Exatamente como aconteceu nos últimos quatro anos, apesar da desmoralização e do desgaste que essa operação de compra a venda causa ao governo. Sem falar na geração da ineficiência administrativa e nas suspeitas de corrupção.


Em suma, uma semana bastou para que a presidente caísse na real e mandasse avisar seus aliados de que nada vai mudar e que eles continuarão sócios privilegiados, se garantirem maioria para os projetos e interesses oficiais no Congresso.


Sendo assim podemos esperar para breve a designação de novos ministros e altos funcionários saídos da mesma fonte geradora de escândalos e ineficácia de sempre, os seus partidos. 


Dilma caiu na armadilha disposta à sua frente quando da primeira posse. Se agora tentou libertar-se, foi apenas durante o discurso de agradecimentos pela reeleição, na noite de domingo. Logo percebeu sua condição de prisioneira das mesmas forças parlamentares que envergonham as instituições nacionais. Submeteu-se.


TROCANDO PARA PIOR
No Senado, dá pena verificar que não voltarão Inácio Arruda, Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos, Francisco Dornelles, Eduardo Suplicy e outros. Acresce que na próxima Legislatura estarão no exercício dos mandatos nada menos do que 21 suplentes, tendo em vista a eleição dos titulares para governador, entre outros motivos.

FHC chama ‘diálogo’ de Dilma de ‘manipulação’


Josias de Souza


“Depois de uma campanha de infâmias, fica difícil crer que o diálogo proposto não seja manipulação”, disse Fernando Henrique Cardoso sobre a conciliação proposta por Dilma Rousseff há uma semana, no discurso em que celebrou sua reeleição. Para o ex-presidente tucano, a autora da proposta precisa demonstrar que merece crédito.


Em artigo reproduzido neste domingo em vários jornais do país, o ex-presidente tucano anotou:

“Diante do apelo ao diálogo da candidata eleita devemos responder com desconfiança: primeiro mostre que não será leniente com a corrupção. Deixe que os mais poderosos e próximos (ministros, aliados ou grandes líderes) respondam pelas acusações. Que se os julgue, antes de condenar, mas que não se obstruam os procedimentos investigatórios e legais (Lula tentou postergar a decisão do STF sobre o mensalão o quanto pôde)…


”FHC deseja ainda que Dilma explique qual o modelo de reforma política que deseja. “Que se debata, sim, na sociedade civil e no Congresso, mas que se explicite o que ela entende por reforma política.”


No mais, não considera razoável sentar à mesa antes que a presidente reeleita “tome as medidas econômicas para vermos em que rumo irá o seu governo.”


Já no título do artigo FHC leva o pé atrás: “Diálogo ou imposturas?” Ignorando o pedido de “auditoria” do resultado das urnas que o PSDB protocolou na Justiça Eleitoral, o presidente de honra do partido deu o braço a torcer: “Em uma de democracia não cabe às oposições, como ao povo em geral, senão aceitar o resultado das urnas.”


Mas FHC acha que faltou método a Dilma. E acha que a oposição tem de levar os lábios ao trombone. “…Não se pode aceitar passivamente que a ‘desconstrução’ do adversário, a propaganda negativa à custa de calúnias e deturpações de fatos, seja instrumento da luta democrática.


Foi o que aconteceu, primeiro com Marina Silva, em seguida com Aécio Neves. O vale-tudo na política não é compatível com a legitimidade democrática do voto.”
Antes da campanha eleitoral, FHC costumava dizer que Dilma exercia a Presidência com mais distinção do que Lula.

Tomado pelos termos do artigo, parece considerar que a disputa eleitoral igualou-os por baixo: “Não me refiro à língua solta de Lula, que diz o que quer quando lhe convém, mas ao fato de a própria presidenta e sua campanha terem endossado” a tática da pancadaria.


Sumido há uma semana, Aécio Neves voltará à cena num ato político marcado para quarta-feira, num auditório do Congresso Nacional. No seu texto, FHC como que sugeriu o timbre do discurso do correligionário: “É bom retomar logo a ofensiva na agenda e nos debates políticos”, escreveu. Disponível aqui, o artigo de FHC vai reproduzido abaixo:
Diálogo ou novas imposturas?
Em uma democracia não cabe às oposições, como ao povo em geral, senão aceitar o resultado das urnas. Mas nem por isso devemos calar sobre o como se conseguiu vencer, nem sobre o porque se perdeu.


Os resultados eleitorais mostram que aprovação ao atual governo apenas roçou um pouco acima da metade dos votos. Ainda que a vitória se desse por 80% ou 90% deles, embora o respeito à decisão devesse ser idêntico ao que se tem hoje com a escassa maioria obtida pelo lulopetismo, nem por isso os críticos deveriam calar-se.


É bom retomar logo a ofensiva na agenda e nos debates políticos.


Para começar, não se pode aceitar passivamente que a “desconstrução” do adversário, a propaganda negativa à custa de calúnias e deturpações de fatos, seja instrumento da luta democrática.


Foi o que aconteceu, primeiro com Marina Silva, em seguida com Aécio Neves. O vale tudo na politica não é compatível com a legitimidade democrática do voto. Marina, de lutadora popular e mulher de visão e princípios, foi transformada em porta-bandeira do capital financeiro, o que não é somente falso, mas inescrupuloso.


Aécio, que milita há trinta anos na política, governou Minas duas vezes com excelente aprovação popular, presidiu a Câmara e é senador, foi reduzido a playboy, farrista contumaz e “candidato dos ricos”.


Até eu, que nem candidato era, fui sistematicamente atacado pelo PT, como se tivesse “quebrado” o Brasil três vezes (quando como ministro da Fazenda ajudei o país a sair da moratória), como se tivesse deixado a Presidência com a economia corroída pela inflação (como se não fôssemos eu e minha equipe os autores do Plano Real que a reduziu de 900% ao ano para um dígito), como se os 12% de inflação em 2002 fossem responsabilidade de meu governo (quando se deveram ao temor de eventuais desmandos de Lula e do PT).


Não me refiro à língua solta de Lula, que diz o que quer quando lhe convém, mas ao fato de a própria presidenta e sua campanha terem endossado que o PSDB arruinou o Banco do Brasil e a Caixa, quando os repôs em sadias condições de funcionamento.


E assim por diante, num rosário de mentiras e distorções, insinuando terem sido postos em baixo do tapete vários “escândalos”, como o “da pasta rosa” ou o “do Sivam”, ou “da compra de votos” da emenda da reeleição etc., factoides construídos com matéria falsa, levantada pelo PT, submetida a CPIs, investigações várias e julgamentos que deram em nada por falta de veracidade nas acusações.


Mas isso não é o mais grave. Mais grave ainda é ver a reeleita colocando-se como campeã da moralidade pública. Entretanto, não respondeu à pergunta de Aécio Neves sobre se era ou não solidária com seus companheiros que estão presos na Papuda.


Calou ainda diante da afirmação feita no processo sobre o petrolão de que o tesoureiro do PT, senhor Vaccari, era quem recolhia propinas para seu partido.


Havendo suspeitas, vá lá que não se condene antes do julgamento, mas até prova do contrário deve-se afastar o indiciado, como fez Itamar Franco com um ministro e eu fiz com auxiliares, inocentados depois, no caso Sivam. Então por que manter o tesoureiro do PT no conselho de Itaipu?
Pior. A propaganda incentivada pela liderança maior do PT inventou uma batalha dos “pobres contra os ricos”. Eu não sabia que metade do eleitorado brasileiro, que votou em Aécio, é composta por ricos…


É difícil acreditar na boa fé do argumento quando se sabe que 70% dos eleitores do candidato do PSDB, segundo o Datafolha, compunham-se de pessoas que ganham até três salários mínimos. A propaganda falaciosa, no caso, não está defendendo uma classe da exploração de outra, mas enganando uma parte do eleitorado em benefício dos seus autores.


Isso não é política de esquerda nem de direita, é má-fé política para a manutenção do poder a qualquer custo. Igual embuste foi a insinuação de que a oposição é “contra os nordestinos”, como se não houvesse nordestinos líderes do PSDB, assim como eleitores do partido no Nordeste.


Também houve erros da oposição. Quem está na oposição precisa bradar suas razões e persistir na convicção, apontar os defeitos do adversário até que o eleitorado aceite sua visão.


Para isso precisa organizar-se melhor e enraizar-se nos movimentos da sociedade. Felizmente desta vez Aécio Neves foi firme na defesa de seus pontos de vista e, sem perder a compostura, retrucou os adversários à altura, firmando-se como um verdadeiro líder.

Diante do apelo ao diálogo da candidata eleita devemos responder com desconfiança: primeiro mostre que não será leniente com a corrupção.


Deixe que os mais poderosos e próximos (ministros, aliados ou grandes líderes) respondam pelas acusações. Que se os julgue, antes de condenar, mas que não se obstruam os procedimentos investigatórios e legais (Lula tentou postergar a decisão do STF sobre o mensalão o quanto pôde).

Que primeiro a reeleita se comprometa com o tipo de reforma política que deseja e esclareça melhor o sentido da “consulta popular” a que se refere (plebiscito ou referendo?). Que se debata, sim, na sociedade civil e no Congresso, mas que se explicite o que ela entende por reforma política.

Do mesmo modo, que tome as medidas econômicas para vermos em que rumo irá o seu governo.


Só se pode confiar em quem demonstra com fatos a sinceridade de seus propósitos. Depois de uma campanha de infâmias, fica difícil crer que o diálogo proposto não seja manipulação. Só o tempo poderá restabelecer a confiança, se houver mudança real de comportamento.

A confiança é como um vaso de cristal, uma pequena rachadura danifica a peça inteira.

Eduardo do Cunha propõe parceria aos oposicionistas na Câmara: ‘Fora PT’


UOL Blog do Josias

Josias de Souza


Longe dos refletores, Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara, procurou os congêneres da bancada da oposição para pedir apoio à sua pretensão de tornar-se o próximo presidente da Câmara. De acordo com o relato de seus interlocutores, o deputado irá à sorte dos votos no plenário enrolado em três bandeiras:

1. Fora PT: Eduardo Cunha apresenta-se como candidato favorito a impedir que um petista se apodere da cadeira de presidente da Câmara na legislatura que se inicia em fevereiro de 2015.

2. Independência: desafeto de Dilma Rousseff, o líder do partido do vice-presidente Michel Temer sinaliza que comandará a Câmara como um magistrado parcial. Nas bolas divididas entre Planalto e Câmara, decidirá sempre em favor do Legislativo.

3. Respeito às minorias: afirma, de resto: nas ocasiões em que a maioria governista ameaçar com o trator, proverá à minoria oposicionista a proteção dos escudos do regimento interno e da Constituição.


Antes composta por PSDB, DEM e PPS, a infantaria oposicionista ganhou o reforço do PSB e do Solidariedade. Numa primeira rodada de conversas, decidiram costurar uma estratégia conjunta. Analisam a viabilidade de uma candidatura própria. Como Plano B, a maioria prefere Eduardo Cunha a qualquer nome do PT.

Afora o flerte com os antagonistas de Dilma, Eduardo Cunha articula a formação de um bloco de legendas governistas para isolar o PT. Faz isso com o respaldo da unanimidade da bancada do PMDB, que o reconduziu à liderança na última quarta-feira.

Ao farejar a movimentação do pseudoaliado, o Planalto decidiu tratá-lo como adversário. Porém, numa conversa com Temer, Dilma disse que, antes de decidir o que fazer, seria conveniente verificar como se comportarão os partidos.


Auxiliares da presidente consideram adequado também saber quem sobreviverá às delações do petrolão. O problema é que, se demorar muito para levar o seu fubá, o Planalto arrisca-se a encontrar Eduardo Cunha voltando com o bolo -ou com o bololô.

França tem protestos violentos após morte de ambientalista

02/11/2014 07h50 - Atualizado em 02/11/2014 07h50


Protestos ocorreram em Nantes e Toulouse.
Rémi Fraisse morreu em confronto com a polícia.

Da France Presse

Violentos episódios eclodiram na França, no sábado (1), durante manifestações em Nantes (oeste) e Toulouse (sudoeste), após a morte seis dias atrás do jovem ambientalista Rémi Fraisse em um confronto com a polícia.


Protestos ocorreram em Nantes e Toulouse (Foto: Georges Gobet/AFP)Protestos ocorreram em Nantes (foto) e Toulouse 
 
 
Cerca de 20 pessoas foram detidas nas duas cidades, onde os choques deixaram vários feridos e continuavam no início da noite.


O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, condenou duramente a escalada "deliberada", que ele classificou de "insulto à memória de Rémi Fraisse".


As duas manifestações reuniram cerca de 600 pessoas, segundo a polícia. Convocados por movimentos radicais e anticapitalistas, os atos foram organizados 'contra a violência policial' para denunciar a morte do jovem militante de 21 anos, que chocou o país.


Rémi Fraisse foi morto durante confrontos com forças da ordem no último fim de semana, no canteiro de obras de um polêmico projeto de barragem, em Sivens, no sudoeste do país. A obra foi suspensa.


Essa morte é a primeira a ocorrer em uma manifestação reprimida pela polícia na França metropolitana desde 1986. A investigação apontou que o rapaz morreu vítima da explosão de uma granada ofensiva lançada pelos gendarmes.


Pelo menos cinco manifestantes foram feridos, de acordo com jornalistas da AFP no local. A prefeitura informou que dois homens das forças policiais também ficaram feridos, um deles atingido por uma garrafa de ácido. Até o fim da tarde, 16 pessoas haviam sido detidas.


Já em Toulouse, pelo menos oito pessoas foram presas, segundo a prefeitura, acrescentando que há 'um ferido leve' entre os 300 policiais e gendarmes mobilizados para acompanhar o protesto.


Atos em memória de Rémi Fraisse foram realizados em outras cidades francesas, como Lille (norte), Bordeaux (sudoeste) e Montpellier (sul).

Extrema direita pede dissolução do Congresso e nova eleição na França


Agencia EFE 02/11/2014 11h06 - Atualizado em 02/11/2014 11h06


'Já não há presidente na França', diz Marine Le Pen.
Para ela, desemprego é o problema central da França.

Da Agência Efe
O líder do partido de extrema direita francês Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, pediu neste domingo (2) a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de novas eleições legislativas por causa do grande distanciamento entre o povo e o Executivo.


Em entrevista publicada hoje pelo jornal "Journal do Dimanche", Le Pen acusa o presidente François Hollande de continuar "pela ladeira que o (ex-presidente) Nicolas Sarkozy conduziu o país, levando à derrubada econômica e social".



'Já não há presidente na França', diz Marine Le Pen (Foto: Philippe Huguen/AFP) 
 
'Já não há presidente na França', diz Marine Le Pen 
 
 
"Já não há presidente na França", critica, antes de garantir que não teme nem candidatos conservadores ou socialistas nas futuras eleições presidenciais, afirmando que qualquer um deles defenderia a União Europeia no pleito.


A política nacionalista - que aparece como favorita para avançar a um eventual segundo turno na França - prevê o rompimento com o "extremismo ultraliberal" recuperando a moeda nacional, privilegiando as empresas francesas e elevando os impostos de importação contra a concorrência desleal.


Segundo Le Pen, o desemprego é o problema central da França, agravado pela grande presença de imigrantes no país.


"A globalização e o islamismo são os dois grandes totalitarismos do século XXI", diz o líder da FN, defendendo a luta contra essas duas questões.


Dentro da FN existe o debate sobre uma possível mudança de nome do partido, mas Le Pen descarta que essa seja uma estratégia para acabar com a demonização do grupo político. A alteração seria para contemplar novos objetivos.


Além disso, ele nega que seu pai e fundador da FN, Jean Marie Le Pen, faça oposição interna contra ele, já que ambos compartilham das mesmas ideias de identidade, liberdade e soberania francesa.


Uma pesquisa publicada hoje pelo mesmo jornal mostra que os franceses consideram Le Pen como o principal oposicionista da direita, com 60% das intenções de voto, muito à frente de Sarkozy, escolhido por 24% dos entrevistados.

Futuro do PSB é incerto, avaliam especialistas

Abalado pela morte trágica do seu principal líder, Eduardo Campos, o PSB foi provavelmente o partido que mais sentiu as turbulências da campanha eleitoral de 2014 e é também a legenda cujo futuro é mais difícil prever. Neste momento, como afirma seu presidente nacional Carlos Siqueira, o caminho do PSB é o de uma "oposição de esquerda". 
 
 
"Os eleitores nos colocaram na oposição e assim vamos nos manter", disse o presidente nacional do PSB ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. "Neste primeiro momento, eles não têm muita alternativa a não ser se colocar dessa forma", avalia o cientista político do Insper e colunista do jornal O Estadão de São Paulo Carlos Melo ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado. "A retórica tem que ser oposicionista, mas ao longo do ano que vem muita coisa pode acontecer".


Para Melo, desde o momento em que Campos deixou a base de apoio ao governo de Dilma Rousseff (PT), em 2013, esse caminho já se configurava. Com a morte do candidato, o PSB teve de tomar decisões rápidas e acabou sendo levado a apoiar Aécio Neves (PSDB) depois da derrota de Marina Silva no primeiro turno. Isso empurrou o partido ainda mais para o campo oposto do PT, apesar de ter estado próximo do partido de Lula desde 1989.



O PSB passou de seis para três governadores, mas conseguiu crescer a bancada no Congresso Nacional: foi de 24 para 34 deputados federais e de quatro para sete senadores. "O partido cresceu, mas tem um problema sério de direção. Há uma parte ligada ao ex-presidente Roberto Amaral e lideranças no Norte e Nordeste que são petistas, e tem a parte paulista, ligada a Márcio França, e a ala pernambucana que são próximas ao PSDB", lembra Melo.


 Para ele, o partido pode até ficar próximo de outros na oposição a Dilma, como PPS e PSDB, mas corre risco de perder parlamentares que, por terem um alinhamento mais à esquerda, podem sentir que não estão mais ideologicamente representados e optar por trocar de legenda - o que é permitido pela legislação eleitoral.


"Mesmo para especialistas, está muito difícil de prever o que vai acontecer com o PSB, só se tiver uma bola de cristal."



O cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marco Antonio Carvalho Teixeira também disse considerar incerto o futuro da legenda, especialmente pelo drama da falta de liderança desde a morte de Campos. "Restou um partido sem liderança nacional. A grande aposta deles não existe mais."


 Teixeira explica que o PSB há décadas servia como uma linha auxiliar do PT. Com o amadurecimento de Campos, alçou o voo solo, mas não podia imaginar que perderia essa figura central, que era ainda jovem.


 "Para ser uma terceira via de fato, o partido precisa de liderança e é disso que o PSB carece. O grande risco nesse momento é voltar a ser apenas coadjuvante. Se for oposição, ser linha auxiliar do PSDB, se voltar a ser governo, se firmar como linha auxiliar do PT."


Teixeira avalia que o PSB ficou em uma situação peculiar, cresceu num projeto bastante calculado por Eduardo Campos, e agora, sem essa liderança central, é uma legenda média para grande, mas com configuração de partido pequeno. "O PSB é um grande partido, com vocação de nanico", disse sobre a contradição.
O cientista político da FGV avalia que os quadros mais promissores do PSB hoje, como Márcio França em São Paulo, Paulo Câmara e Geraldo Júlio em Pernambuco e Ricardo Coutinho na Paraíba, são lideranças estaduais.


Talvez o mais promissor para um quadro nacional seja o governador eleito do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. "Rollemberg ganhou projeção, mas é preciso dar tempo. Ele é o que teria maior potencial pelo lugar estratégico em que se tornou governador e pelo momento do DF, que, pode-se dizer, vive uma fase de 'terra arrasada' em termos de liderança política", disse Teixeira sobre os escândalos que envolveram os ex-governadores José Roberto Arruda e Joaquim Roriz.



Teixeira lembra também que o filho de Eduardo Campos, João, é um quadro promissor, mesmo que no médio ou longo prazo, já que ele tem 20 anos. "Se em 2016 ele se eleger o vereador mais votado em Recife, por exemplo, ele já ganha projeção", afirmou.


Para ele, investir na construção de uma liderança nacional é o caminho mais seguro para o PSB. "Trazer de fora pode ser um grande risco. Lembremos no que deu com o Garotinho." Depois de aceitar a filiação do ex-governador do Rio Anthony Garotinho em 2000, o PSB lançou a candidatura presidencial dele em 2002. Garotinho acabou não chegando ao segundo turno da disputa, saiu para o PMDB e agora está no PR.


Fusão com o PPS
Processo que começa a ser discutido mais intensamente, em grande parte por esforço do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, a fusão não é consenso dentro do PSB. Há integrantes do partido que a defendem, como forma de expandir a legenda e dar uma cara mais clara de oposição. Outros têm receio de que possa ser a desculpa que alguns integrantes, mais alinhados com o PT, procuram para desertar. "Não sei se o PPS seria uma opção muito agregadora para o PSB. Será que agrega atrair Freire, que nem se elegeu deputado em São Paulo?", ponderou Carlos Melo do Insper.



Marco Antonio Carvalho Teixeira acredita que a fusão era mais provável com Eduardo Campos vivo que após a sua morte. "Hoje a fusão com o PPS seria um jogo de soma zero para o PSB, não vejo vantagem."


O PPS elegeu 10 deputados federais. Em 2010, havia elegido 12, mas a bancada já havia minguado a 7 até antes das eleições. O presidente nacional do partido, Roberto Freire, que vinha de seis mandatos consecutivos na Câmara, não conseguiu se reeleger.


O PPS não tem representação no Senado, mas assumirá uma cadeira. José Antônio Medeiros é suplente de Pedro Taques (PDT), que foi eleito governador do Mato Grosso.

Fonte: Estadão Conteúdo Jornal de Brasilia

 Comentários



Jaqueline Vieira

Para mim 03 partidos políticos seria o ideal hoje se cria partidos de aproveitadores tem tantos e não tem nada.
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PGR denuncia Maluf ao Supremo por falsidade ideológica



O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) por falsidade ideológica, em razão de irregularidades na prestação de contas da campanha de 2010.



Após Maluf ter as contas rejeitadas pela Justiça Eleitoral, o caso chegou ao Supremo - o inquérito foi aberto no início de 2013 - para investigar se Maluf cometeu crime de "caixa 2" na campanha.


De acordo com a PGR, Maluf teve R$ 168,5 mil de despesas de campanha pagas por empresa pertencente à sua família, a Eucatex. O valor, não declarado, foi usado para custeio de material de campanha. "As notas fiscais indicam, sem sombra de dúvidas, que as despesas pagas pela Eucatex SA custearam a confecção de material de campanha de Paulo Maluf", escreveu Janot, ao denunciar Maluf ao Supremo na última terça-feira, 28.


Com a denúncia, o Ministério Público formaliza a acusação do deputado perante o STF. Cabe à Corte decidir a partir daí se abre uma ação penal contra o deputado e o torna réu no caso, que está sob relatoria do ministro Luiz Fux.


Janot aponta que Maluf, "além de ser o principal beneficiado" dos valores gastos pela empresa em sua campanha, "tinha plena consciência" do que estava sendo praticado e cita que a Eucatex foi utilizada por Maluf para outros "esquemas delitivos".


"A alegação de ignorância quanto a um suposto desconhecimento das despesas não tem verossimilhança, uma vez que a Eucatex SA, sabidamente, é uma empresa de propriedade da família do primeiro denunciado (Maluf), pessoa jurídica também utilizada por ele em outros esquemas delitivos que está envolvido, para remessa ilegal de capitais ao exterior, notadamente recursos públicos desviados da Prefeitura de São Paulo", apontou.


Além de Maluf, o PGR denunciou um dos responsáveis financeiros pela campanha, que teria agido em "conluio" com o deputado, auxiliando o político a apresentar prestação de conta eleitoral "ideologicamente falsa" ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Ao mesmo tempo, Janot pediu a extinção da punibilidade do coordenador de campanha de Maluf, Jordi Shiota, que morreu em abril.


Barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa, Maluf foi escolhido por mais de 250 mil eleitores no pleito deste ano para continuar na Câmara na próxima Legislatura. Os votos do deputado, contudo, são considerados nulos e só serão validados caso a Justiça libere sua candidatura. Ele espera a análise de um recurso no TSE e pode ir ainda ao Supremo Tribunal Federal para tentar computar os votos.
Procurada, a defesa do deputado não retornou as ligações feitas pela reportagem.

Fonte: Estadão Conteúdo  Jornal de Brasília

Imprensa Golpista 12 – Jornalistas petistas cobrem protesto anti-PT


Milhares de pessoas foram às ruas de São Paulo hoje, menos de uma semana após o resultado da eleição presidencial, protestar contra a escalada da corrupção e autoritarismo petista. Convocados por líderes diversos na internet, sem apoio de nenhum partido político ou entidade de classe, o protesto fechou a Avenida Paulista.


E o que fizeram a Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, os dois maiores jornais do estado? Enviaram petistas para cobrir o ocorrido. Como resultado, ambos desqualificaram as pessoas presentes e procuraram uma forma de ridicularizar: afirmaram que os manifestantes pediam a volta da ditadura militar.


A coisa foi tão porca e combinada que não conseguiram uma foto sequer em que localizassem cartazes assim e tanto a reportagem da Folha quanto a do Estadão conversaram com o mesmo manifestante. E o mais interessante: os dois jornalistas, além de petistas, são muito próximos. Vejam a seguir.


Gustavo Uribe, da Folha de São Paulo - (cliquem para conhecer suas contas no Twitter e Facebook)


GustavoUribe_FolhadeSP
Gustavo Uribe, petista enviado pela Folha para cobrir evento contra crimes do PT

Gustavo Uribe pode ter várias competências, de onde partem suas atribuições na Folha de São Paulo. O certo é que o jornalista é especialista na editoria “esculachar quem não vota no PT”. Vejam algumas reportagens dele:

26/10 – “Vitória de Dilma é recebida com lágrimas na sede do PSDB em São Paulo“. A reportagem que consagrou a foto de uma militante tucana chorando tem a assinatura de Gustavo Uribe. Quem diria que membros de um partido que perdeu por tão pouco receberiam com tristeza uma derrota eleitoral, não é mesmo?

28/10 – “Para ‘musa da derrota’, seu sonho de país foi adiado” – Não bastasse a exposição irônica na reportagem anterior, Gustavo voltou para pisotear a militante. Usou “musa da derrota” no título, caracterizou-a como “rica” (“mora no Morumbi, bairro nobre da capital, onde Aécio 86,5% dos votos válidos“);


12/08 – “Erro no Facebook associa ‘Picolé de Chuchu’ a perfil oficial de Alckmin” - A “situação inusitada” ocorrida em uma rede social, e que durou poucas horas, foi destacada pelo jornalista. Nesta época já estava bem claro que dificilmente Alckmin não se reelegeria no primeiro turno mas não custa nada tirar uma casquinha né?

Em suas contas nas redes sociais, Gustavo está sempre ao lado do PT. Por exemplo, quando se criou uma página de humor contra José Serra, ele divulgou. Quando Rachel Sheherazade era o maior problema do país para quem era petista, ele seguiu a manada e publicou o seguinte post:

Militante em suas reportagens, Gustavo Uribe condena Rachel - que é paga para dar opinião

Militante em suas reportagens, Gustavo Uribe condena Rachel – que é paga para dar opinião
Vejam os termos usados por ele em um post no twitter:

Gustavo Uribe vê a luta de classes: manos vs coxinhas. Ele é o quê?
Gustavo Uribe vê a luta de classes:

manos vs coxinhas. Ele é o quê?
Ricardo Chapola, do Estado de São Paulo – (cliquem para ver seus perfis no Twitter e Facebook)
Enviado do Estadão, Ricardo Chapola não conseguiu trazer uma foto de manifestantes pedindo intervenção militar
Enviado do Estadão, Ricardo Chapola não conseguiu trazer uma foto de manifestantes pedindo intervenção militar


Enquanto seu amigo da Folha tem um viés mais cômico dos não-petistas, Ricardo tem em seu histórico uma reportagem com intuito de destacar tudo aquilo que os desabone de forma mais direta ao destacar anônimos e irrelevantes que xingaram o nordeste em redes sociais após a vitória de Dilma em 2010 (aqui). 


 Vale lembrar que quando o PT perde em São Paulo são dirigidas várias ofensas aos paulistas não por manés de redes sociais mas artistas, jornalistas e autoridades petistas (leiam “A esquerda abomina e xinga São Paulo“). E isto nunca ganha reportagem na imprensa golpista.


Assim como Gustavo Uribe, Chapola também foi à sede do PSDB cobrir o acompanhamento da apuração dos votos. Assim como Gustavo Uribe, Ricardo Chapola conversou com a mesma militante “aos prantos” e o mesmo empresário Erik Sanchez. A reportagem está aqui.
Trabalhando em empresas concorrentes, Gustavo Uribe e Ricardo Chapola entrevistam coincidentemente a mesma pessoa em duas ocasiões
Trabalhando em empresas concorrentes, Gustavo Uribe e Ricardo Chapola entrevistam coincidentemente a mesma pessoa em duas ocasiões. Sempre em reportagens que ridicularizam quem é contra o PT.
Ricardo Chapola possui um blog de crônicas no Estadão. 


Um passeio pelos títulos das mais recentes postagens dão bem o tom de suas preferências partidárias. Dar opinião em uma coluna própria não é nenhum problema, estranho é o jornal, sabendo de suas preferências, enviá-lo para uma reportagem que obviamente as contraria. Vejam alguns posts do blog dele:


- “MIS” – Post ridicularizando pessoas que reclamaram de uma instalação do MIS;
- “Ciclofaixa” – Subtítlo  “Alvo de críticas aqui, digna de elogios acolá”;
- “Água Santa” – O trecho abaixo, de um diálogo entre São Pedro e São Paulo sobre a falta de chuvas:
São Pedro engasgou-se enquanto bebia, dando um salto para frente ao ouvir o amigo. Recomposto, levantou a voz:


 - E daí? Já votei mesmo na Dilma, qual o problema? E por causa disso deixei quem não votou sem água? Dê uma olhada sobre seu muro, veja seus vizinhos. Santa Catarina me ligou agradecendo pela chuva. Conspirar a esse ponto, Paulo?


- Você votou na Dilma? Não acredito! E no segundo turno, vai de quê? Aécio, né? – questionou, certo de que o amigo tinha revisto conceitos.
- Dilma de novo, óbvio – disse Pedro, convicto.

- Você é louco. A mulher acabando com o País, trucidando a economia, enterrando a principal empresa do País. Não vê a barbaridade?
- Vejo, mas ainda assim prefiro deixar como está.
Após a eleição, vejam a chamada para uma crônica dele, como se pedisse pelo fim dos embates políticos – ou seja, que ninguém mais fale mal do PT.
Chapola_petistapedepaz
O curioso é que Chapola foi entusiasta dos protestos de junho, ao menos enquanto estes eram comandados pela extrema-esquerda. Esse tweet espirituoso comprova o ânimo dele então:
Chapola_Chuchu
Ricardo Chapola e Gustavo Uribe
Não foi apenas a preferência política que fez com que Ricardo Chapola e Gustavo Uribe fizessem reportagens parecidas e citando o mesmo personagem dos protestos. Os dois são amigos, ou trabalharam juntos. Vejam os tweets abaixo:
Chapola_uribe1 Chapola_Uribe2 Chapola_Uribe3
Chapola_Uribe4
Chapola_uribe5


10 comentários para “Imprensa Golpista 12 – Jornalistas petistas cobrem protesto anti-PT”

  1. mauro praça
    Ué, mas na Casper Líbero estudar é gratis ou ele é mais dos milhares de esquerdas caviar desta amada nação petralha.
    Pagou pra se formar e pousa de onguista.
    Se liga.

  2. Pablo Sandoval
    Outro:
    Guilherme Balza (UOL)
    FB: https://www.facebook.com/guilhermebalza.correanetto (pelas postagens, os coxinhas são mais perigosos que os terroristas do ISIS)
    Matérias:
    http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/10/16/irma-coordenou-orgao-que-fiscalizava-publicidade-para-radios-de-aecio.htm
    http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/10/22/em-ato-pro-aecio-militantes-xingam-dilma-e-gritam-viva-a-pm.htm
    http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/10/29/deputado-defende-que-beneficiario-do-bolsa-familia-seja-proibido-de-votar.htm
    Aliás, o arquivo pré-2012 desse sujeito é cheio de reportagens contra a prefeitura. Adivinha quantas ele escreveu nos últimos dois anos?

  3. Selva
    Esses jornalistas petistas estão loucos para que Dilma casse as concessões das tv , feche jornais e revistas e dar a eles ,como outras republiquetas cucarachas fazem. O leitor que compra jornal faria um bem parar de comprar,e parar de assistir TV ,há muito não assisto ,e não compro jornais ,me informo pela internet com os jornalistas que não tentam me manipular .

  4. lucia maria lebre
    Uribe é daqueles que se encaixam no exemplo de cinismo puro. Na realidade é um VENDIDO!
    Ta mamando à custa dos outros, ta bom!

  5. Lucas Vítor Sena
    Pena que a imprensa hoje seja toda esquerdista. Se não é toda, pelo menos tem um viés. Percebo bem isso nas redações de Manaus. Já vi 3 pessoas de esquerda empregadas em jornais daqui, só que eu sei. De direita, pouquíssimos, quase nada. Infelizmente, é a verdade.

  6. Luiz Giaconi
    Fui colega do Uribe na Cásper Libero, de 2007 até 2010. Sempre foi um esquerdoso retinto. No face ou no orkut ostentava orgulhosamente uma foto com um painel da Michelle Bachelet. Na época da faculdade, ia pra Paulista protestar contra a visita oficial do W. Bush (2007, acho). Típico esquerdistinha que infesta nossas faculdades de jornalismo. O que ele fala sobre política tem tanta isenção quanto um posto do Conversa Afiada.

    • Saulo Roston
      Matou a pau, amigo – conheci o foca também, num evento e, o que ainda me deu esperança num provável jornalismo sério, é o fato dele ser ridícularizado, mesmo que pelas costas, por um bocado de outros jornalistas.

Métodos dos movimentos sociais – Um caso

Reaçonaria

Há muitas vezes em que trazer um exemplo específico é a melhor forma de explicar como se dão fenômenos complexos. A questão das bicicletas na capital paulista, alçada a grande tema, é bastante útil para se entender o modo de ação dos movimentos sociais e políticos atuais. Comecemos com uma comparação rápida…


O que há mais em São Paulo, pessoas que usam motocicletas ou bicicletas? Pessoas que vão ao trabalho em motocicletas ou em bicicletas? Pessoas que usam motocicleta ou bicicleta como ferramenta de trabalho? Indo até para a o utilitarismo econômico, o que é mais importante para a cidade, espaço para motocicletas (transporte de documentos, exames, entregas, alimentos, pessoas) ou bicicletas? Mais de 400 motociclistas morrem em acidentes na capital paulista por ano, boa parte deles em serviço (1). De 2005 para 2013 diminuiu 2/3 o número de ciclistas mortos em acidentes de trânsito na capital, enquanto o número de motociclistas mortos aumentou 15% (link).
Motoboys_Acidentes
De 2005 para 2013, apenas motociclistas tiveram mais mortos no trânsito de São Paulo


E no entanto, ciclofaixas e ciclistas agora são os grandes temas da cidade, não os motoboys ou faixas exclusivas para motociclistas. Todos têm de manifestar opinião e tudo é urgente quando o tema é bicicletas. Alguns usuários publicaram em redes sociais que tiveram pneus furados por tachinhas e bastou para que de repente a imprensa e todos notassem a gravidade dos crimes contra o patrimônio, fazem reportagens sobre as tachinhas, geram-se artigos indignados contra os monstros desumanos responsáveis pela suposta ação.


O primeiro passo para se chegar a esta doxa é criar o sentimento de urgência: tratam como questão de vida ou morte ter ciclovias e todos usando bike. É a criação de uma escatologia (*) não-religiosa através da promoção do sentimento de crise. “Nunca antes na história…”. E funciona: as pessoas não se mobilizam ou agrupam para causas que não são prioritárias, que não são calamitosas, que não aparentam a iminência do caos. Quantos dedicariam com toda força sua falsidade para organizar um movimento para, sei lá, que as salas de cinema em sua cidade tenham mais opções de filmes legendados? Aliás, quando há mobiliações para temas que não sejam úteis à narrativa  esquerdista (conflituosa, separatista, geradora de ódio), são facilmente ridicularizadas como fúteis, tais como o Cansei,  Impostômetro, piadas com quem reclama de qualidade de serviços que poucos têm acesso(“classe média sofre”).


Outro passo fundamental é tratar as pessoas do grupo de interesse, os “associados”, como um povo escolhido. São especiais, virtuosos, representantes do bem e portanto incontestáveis. Precisam de mais atenção e cuidados extras – oras, estão nos livrando do mal. São os mensageiros do superior. Estão conectados com o que há de melhor, a própria divindade (uma divindade obviamente humana pois Deus está morto). Neste cenário, seus protestos e atitudes evocam imagens de sacrifício, superação e devoção.


Os dois passos citados aqui têm muito do que se viu na história do fortalecimento e vitória de grandes movimentos sociais se entendermos como tais não apenas estas vulgaridades atuais, mas quaisquer movimentos organizados de grandes grupos humanos, mesmo que apolíticos. Já a efetivação e sucesso disso hoje só é possível graças a técnicas mais recentemente consagradas: aquilo que hoje chamamos de marketing. 


Não se cria o sentimento de urgência fajuta sem uma grande eficiência marketeira e mentirosa. Só se eleva um grupo a tal status de superioridade e infalibilidade ressaltando aquelas virtudes que são mais assimiláveis ao grande público, ao mesmo tempo em que se esconde tudo aquilo que possa ser ponto fraco diante da opinião pública. 


Assim, a construção de ciclovias/ciclofaixas privilegia um grupo restrito mas parece afetar a todos: estão melhorando o ar, sentindo o pulsar da cidade, humanizando as ruas, blablabla. 



Está claro que os mais beneficiados por isto estão em regiões nobres da cidade e, portanto, não se trata de uma política para beneficiar os mais pobres ou os trabalhadores das regiões afastadas, logo neste caso está proibido usar a “carta da luta de classes” nos debates e reportagens.


 Jamais se verá um levantamento que compare a renda dos motoboys citados como exemplo aqui no começo e os dos cicloativistas, muito menos se mostrará que as favelas não estão ganhando vias para bicicletas, mas principalmente bairros comerciais – diriam de elite se fossem medidas de governos não-progressistas! 


Denunciar alguém do grupo mobilizado ou apontar falhas naquilo que os beneficia não é apenas apontar erros, é estar do lado dos inimigos imaginários deles. No caso dos ciclistas, criticá-los é ser um carrocrata, dono de SUV, queimador de diesel, poluidor dos ares e atropelador de santos.
motoboys-protestoOutra característica importante para o fortalecimento desses movimentos é ter uma pauta constante. Para que a luta dure para sempre e não tenha a força diminuída por conquistas obtidas é necessário buscar objetivos intangíveis. 


No primeiro momento a luta foi para ter mais ciclofaixas, depois se comemorará o crescimento no número de usuários destes espaços, ainda que este número seja pífio em relação ao total de deslocamento dos moradores da cidade e ignorando que tal se deu quase que como uma imposição e adaptação à mudança. Adiante se lutará por ainda mais ciclofaixas, que deverão evoluir para ciclovias, vagões exclusivos e privilegiados no transporte coletivo. 


Com mais pessoas usando bicicletas, os acidentes aumentarão e obviamente a culpa será dos outros, dos atrasados, jamais da falta de educação ou erros dos ciclistas, nem mesmo a proporção acidentados/usuários será notada. Hoje estão a planejar o financiamento para aquisição de bicicletas! Roubos de bicicletas serão noticiados. 


O que se quer não são espaços para o grupo limitado de usuários aptos a usar bicicletas em seu cotidiano, mas coisas abstratas como melhorar a vida na cidade, humanizar o espaço urbano, sentir a cidade, criar alternativas… Nada disso se consegue com milhares de quilômetros de ciclofaixas. 


E daí que isto aumentará o trânsito, prejudicando assim a vida de outros tantos milhões em detrimento duma minoria de privilegiados? Apenas citar a piora no trânsito de automotores já será digno de desqualificação.


Este post é só um esboço explicativo com algumas características marcantes dessa nova forma de fazer política por grupos de pressão minoritários que conseguem se impôr à maioria. 


Obviamente, entender os movimentos sociais hoje em dia requer mais tempo e mostrar outros detalhes adaptados a pautas diferentes desta do cicloativismo, aqui ilustrado pela comparação com a quase inexistente pauta dos motociclistas. Importa, para finalizar, ressaltar que o que foi aqui demonstrado pode ser adaptado a muitos outros movimentos políticos de destaque atualmente, inclusive alguns que não são propriamente manipulados pela esquerda. 


Perceber o uso desses métodos ajudará bastante a diferenciar movimentos legítimos, honestos e verdadeiramente bem-intencionados de seitas de oportunistas e ególatras. Após notar o avanço eficiente dessas atitudes e seu uso político,  podemos então falar de algo mais importante e grave que é a ameaça que os movimentos sociais impõem à democracia representativa direta como a conhecemos hoje. Mas isso é tema para um outro dia…