sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Megaoperação da Polícia Civil desarticula PCC no DF



Até o momento, a polícia cumpriu 14 mandados de prisão, destes, 13 estavam presos, distribuídos em seis presídios, sendo quatro no DF, um em São Paulo e outro no Ceará
Lia Sahadi
lia.sahadi@jornaldebrasilia.com.br




Uma megaoperação da Polícia Civil acontece na manhã desta sexta-feira (7) no Distrito Federal e região metropolitana. A ação, intitulada Tabuleiro, desarticula grupo de uma grande facção criminosa, o PCC, que controla o tráfico de drogas na região de dentro das penitenciárias.

Até o momento, a Polícia cumpriu 14 mandados de prisão, dentre eles, 13 estavam presos, distribuídos em seis presídios, sendo quatro no DF, um em São Paulo e outro no Ceará. A ação visa a transferência deles para estabelecimentos federais de segurança máxima. Quatro continuam foragidos.

Investigação
A megaoperação foi iniciada nesta sexta-feira (7), quando os envolvidos no PCC do Distrito Federal foram identificados enquanto planejavam o resgate de um preso na Penitenciária de Santa Maria.
De acordo com a Polícia, os investigadores fizeram uma busca em nove endereços suspeitos acusados de guardar bens e informações da maior facção criminosa do país. Dentre os materiais apreendidos que foram encaminhados para o Departamento de Polícia Especializada, estão documentos, celulares e diversos registros do tráfico.

A facção está envolvida, segundo as investigações, em diversos crimes por todo o DF e Região Metropolitana. O grupo seria, inclusive, responsável pelo montante apreendido de 1.516kg de maconha, em agosto deste ano, pela Operação Tártaro da Polícia Civil. A corporação investiga se os criminosos tem algum envolvimentos nas explosões a caixas eletrônicos que vêm ocorrendo na região.

Qualquer informação sobre paradeiro dos foragidos, a polícia pede para entrar em contato por meio do 197.




Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

Desmatamento na Amazônia dispara em agosto e setembro



Agora é oficial: o desmatamento na Amazônia disparou em agosto e setembro. Foram devastados 1.626 km² de florestas, um crescimento de 122% sobre os mesmos dois meses de 2013.


O governo federal já conhecia esses dados antes do segundo turno da eleição presidencial, realizado no último dia 26. Adiou sua divulgação para não prejudicar a votação da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição. 


As análises mensais do sistema de alertas de desmatamento Deter estavam prontas pelo menos desde 14 de outubro no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). No dia 24, foram encaminhados pelo diretor do Inpe, Leonel Fernando Perondi, ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A Folha tentava obter esses dados do Inpe desde 20 de outubro. Eles estão sendo divulgados nesta sexta-feira (7), às 14h, em entrevista coletiva na sede do Ibama em Brasília.

Em agosto, foram desmatados 890,2 km², um salto de 208% sobre os 288,6 km² do mesmo mês de 2013. Em setembro foram 736 km², 66% mais que em setembro do ano passado. Nesse que é o primeiro bimestre do "ano fiscal" do desmatamento amazônico, a taxa de aumento combinada foi de 122%.

O governo federal sempre ressalva que o sistema Deter não foi criado para calcular áreas de desmatamento acumulado. Sua função é gerar informação de inteligência para orientar a fiscalização, pelo Ibama, de derrubadas ilegais.

O dado oficial, mais preciso e anualizado, sai de outro sistema, Prodes. Não há data marcada para a divulgação desse relatório anual (neste caso, para o intervalo entre agosto de 2013 e julho de 2014), o que normalmente ocorre em novembro ou dezembro.

No período anterior (2012-2013), a área total de corte raso apurada pelo Prodes havia sido de 5.891 km², com um aumento de 29% sobre 2011-2012.

De todo modo, o Deter também serve para detectar de modo precoce tendências preocupantes de aumento da destruição. Como agora.

O próprio Inpe informa na internet que a divulgação de seus relatórios é mensal de maio a outubro, quando há menos nuvens para atrapalhar o registro de imagens por satélites. Neste ano eleitoral, a regra foi quebrada nos dois meses anteriores à votação.

PSDB nega ter participado de acordo para CPI não convocar políticos


Petrolão
PSDB nega ter participado de ‘acordão’ da CPI

Publicado: 7 de novembro de 2014 às 12:21

Nota do PSDB, assinada pelo senador Aécio Neves, nega  que o partido tenha participado de acordo para CPI não convocar políticos
Nota do PSDB, assinada pelo senador Aécio Neves, nega que o partido tenha participado de acordo para CPI não convocar políticos


O PSDB divulgou na quinta-feira (6) nota oficial, assinada pelo senador Aécio Neves (MG), negando ter participado de qualquer tratativa para evitar investigações da CPI Mista da Petrobras.


No documento, Aécio, que é presidente do partido, diz que o PSDB lutou pela instalação da CPI Mista e agora tem de “ir a fundo na apuração do chamado ‘petrolão’ e na responsabilização de todos que cometeram eventuais crimes, independentemente da filiação partidária”.


A nota é uma resposta à decisão tomada na comissão de inquérito de não convocar por enquanto agentes políticos para prestar depoimento. Na última quarta-feira (5), o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que os líderes partidários chegaram a um acordo em virtude do tempo curto de trabalho e ”da falta de densidade das denúncias”, visto que os parlamentares ainda não tiveram acesso à delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa:

- Por conta do prazo exíguo, tivemos um acordo aceito por todos de que não trataríamos, neste momento, de convocações de ninguém da política, o que inclui tesoureiros de partidos, dirigentes e parlamentares. Não teríamos prazo hábil para fazer as convocações e ouvir a todos, então fizemos essa opção política – justificou.

Segundo ele, o caminho escolhido foi dar prioridade a todos aqueles que têm relação direta com o objeto de investigação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

– São pessoas com algum tipo de relação com Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef. Foi uma opção política – explicou.

No mesmo dia em que a CPI decidiu pela não convocação, o senador Aécio Neves discursou em Plenário defendendo o o aprofundamento das investigações e a punição dos envolvidos no caso.
Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef são acusados de operarem esquema bilionário de desvio de dinheiro público na Petrobras. Os dois fizeram acordo de delação premiada e colaboram com a Justiça na tentativa de reduzir suas penas.

A CPI Mista volta a se reunir na próxima terça-feira (11) para ouvir o gerente de Contratos da Petrobras, Edmar Diniz Figueiredo. Os parlamentares devem analisar também mais requerimentos pendentes de votação.

Veja a íntegra da nota do PSDB:

“O PSDB não pactua com qualquer tipo de acordo que impeça o avanço das investigações da CPMI da Petrobras.

Lutamos pela instalação da CPMI. Temos de ir a fundo na apuração do chamado ‘petrolão’ e na responsabilização de todos que cometeram eventuais crimes, independentemente da filiação partidária.

Essa é a posição inarredável do PSDB.

Brasília, 6 de novembro de 2014
Senador Aécio Neves
Presidente Nacional do PSDB”

A inflação sem disfarce - EDITORIAL O ESTADÃO


O ESTADO DE S.PAULO - 07/11


O aumento do custo de vida continua assombrando os consumidores, a alta de preços está muito acima da meta de 4,5% e finalmente o Banco Central (BC), embora controlado pelo governo, reconheceu a piora da situação e resolveu agir, aumentando os juros básicos de 11% para 11,25%. Passado o segundo turno da eleição, chegou a hora de cuidar um pouco mais claramente de alguns dos mais sérios problemas da economia, como o desastre das contas públicas e o repique inflacionário. A elevação dos juros foi decidida na semana passada, três dias depois de reeleita a presidente Dilma Rousseff. O reconhecimento do cenário mais feio apareceu, com suficiente clareza, ontem, quando foi divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável pelas diretrizes do crédito e pela ação anti-inflacionária.

Segundo a ata, o aperto monetário foi sacramentado porque o "balanço de riscos" ficou "menos favorável", as projeções de inflação para 2014 e 2015 foram revistas para cima e dentro de dois anos o aumento de preços ainda estará acima da meta. Os dirigentes do BC, membros do Copom, parecem ter desistido de esperar os famosos efeitos defasados do aumento anterior de juros, anunciado no fim de abril. A nova elevação da taxa básica, a Selic, neutraliza qualquer palavra otimista inserida nas atas anteriores. Houve clara contemporização, nos meses anteriores, embora economistas do mercado tivessem previsto no segundo trimestre o repique da alta de preços a partir de agosto.

Meia hora antes da divulgação da ata, o acerto dessa previsão foi confirmado, mais uma vez, com a publicação de novos dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Índice Geral de Preços (IGP) de outubro subiu 0,59%. Havia aumentado apenas 0,02% em setembro, ainda freado por seu componente de maior peso, o Índice de Preços por Atacado (IPA). Mas a alta dos preços ao consumidor, já com forte repique desde agosto, chegou a 0,43% no mês passado, a 5,38% no ano e a 6,84% em 12 meses.

A aceleração dos aumentos nos últimos meses, segundo a ata, é explicável "em parte" por dois processos de ajuste - o "realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais" e o dos preços administrados em relação aos livres. Em outras palavras, os preços internos têm sido afetados pela valorização do dólar e, além disso, o governo tem sido forçado a soltar as tarifas de eletricidade, represadas desde o ano passado. A liberação dos preços administrados continuará em breve, com aumento dos preços dos combustíveis. Também falta a correção das tarifas de transporte urbano, congeladas há mais de um ano em algumas grandes cidades.

A presidente Dilma Rousseff recorreu ao controle desses preços para maquiar a taxa de inflação. Nem assim conseguiu evitar a disparada dos índices, tanto daqueles oficiais quanto daqueles calculados por entidades independentes.

O número usado como referência para a fixação da meta, o IPCA, tem estado e deve continuar ainda por algum tempo em torno do limite da margem de tolerância, de 6,5% em 12 meses. A liberação dos preços represados - já iniciada, no caso das tarifas de eletricidade - complicará o quadro neste fim de ano e durante boa parte de 2015. Os dirigentes do BC obviamente sabem disso. Eles têm vários motivos para prometer uma política monetária "especialmente vigilante". Essa promessa já havia sido publicada, mas o compromisso desta vez foi reforçado com o acréscimo do advérbio "especialmente". Novas altas de juros poderão vir sem surpresa.

Fatores conhecidos de inflação, como a expansão do crédito, o descompasso entre o consumo e a oferta de bens e serviços, além de aumentos salariais maiores que os ganhos de produtividade, aparecem de novo na ata. Mais uma vez os dirigentes do BC proclamam, diplomaticamente, sua expectativa de ajuste gradual das contas públicas. Não negam, no entanto, o efeito inflacionário da gastança do governo. Em suma, ainda sobra combustível para aumentos - e continuará, enquanto a política for parecida com a dos últimos quatro anos.
 
 

Ver para crer - MERVAL PEREIRA O GLOBO - 07/11




A presidente Dilma saiu ontem da propaganda eleitoral e caiu na realidade, admitindo que a inflação não está sob controle e que é preciso fazer corte nas despesas. Desceu do palanque para enfrentar a dura tarefa que tem pela frente antes mesmo de iniciar seu segundo mandato, que só não começará com cara de envelhecido se ela fizer um salto triplo carpado e apresentar uma novidade para a condução da economia.

Dilma saiu do palanque fisicamente, admitindo em público o que já ficara evidente pelas medidas represadas que liberou assim que as urnas se fecharam. Ontem, saiu o aumento da gasolina, ainda em nível menor do que o necessário. Antes, já haviam sido anunciados aumentos nas tarifas de energia de até 54% em alguns estados, e dados ruins da economia foram finalmente divulgados.

Confirmou-se o que era dito à boca pequena: a desigualdade voltou a crescer depois de dez anos, por culpa da alta da inflação e do crescimento baixo dos últimos quatro anos.

O veto a Henrique Meirelles ou coisa do gênero para a Fazenda explicita o verdadeiro dilema de Dilma: a presidente reeleita não gostaria de colocar na Fazenda alguém que ela não possa demitir sem criar uma convulsão nos mercados financeiros. Seria refém de um ministro, assim como, aliás, Lula foi de Meirelles no Banco Central.

No final do segundo mandato, quando se sentiu em condições de tirá-lo do Banco Central, Lula chegou a conversar com o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, mas foi atropelado pelo grau de investimento que o país recebeu das agências internacionais, e teve que recuar.

A situação é simples: ninguém acredita quando a presidente Dilma diz que vai fazer o dever de casa, e que sempre há onde cortar, porque simplesmente ela se recusa a tocar no tamanho do Ministério, ou seja, do Estado.
Ao dizer que não agirá como "aquela maluquice do choque de gestão da oposição", Dilma Rousseff reduz o impacto positivo que sua primeira frase poderia causar, pois todo mundo sabe que não haverá medida indolor para recolocar a economia no lugar.

A presidente Dilma parece querer se livrar da canga que o PT quer lhe colocar, mas não tem muito para onde ir. Apareceram em seu socorro dois aliados de polos distintos: o governador Cid Gomes quer formar um partido de esquerda para apoiar o segundo governo Dilma, e o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab oferece-lhe o PSD pela direita, mas no meio deles está o PMDB, cada vez mais arredio.

Não apenas pela péssima relação que tem com o PT, mas, sobretudo, devido à tendência majoritária de se afastar de um governo que já começou com cara de velho e que pode se desgastar à medida que os problemas econômicos ficarem evidentes.

O tamanho do desgaste poderá ser medido pela força que o deputado Eduardo Cunha demonstrar na sua caminhada rumo à presidência da Câmara, contra a vontade do Palácio do Planalto e contra um acordo tácito com o PT de divisão de poderes no Congresso, que parece já ter ido pelo ralo.

O PT, diante das novas dificuldades, resolveu dobrar sua aposta em um governo mais à esquerda, e reivindica maior participação nos ministérios e órgãos públicos, como se o aparelhamento do Estado já não fosse uma realidade. Dilma se desvencilha de suas pregações radicais afirmando que na Presidência da República não representa o PT, mas os brasileiros. Será preciso ver para crer.

E agora,Dilma? - CARLOS EDUARDO SOARES GONÇALVES

 

 

VALOR ECONÔMICO - 07/11


Aqui, um caminho de oito pontos para por a economia nos eixos (mais alguns para o entorno político). 

Cara Dilma Roussef, presidenta reeleita. Há um montão de pedras no caminho. Por isso, rogo que leia com atenção este texto. Para o bem de todos nós, brasileiros que vemos com preocupação tanto a derrocada da economia advinda das escolhas feitas pelo governo nos últimos três anos como a cizânia que essa campanha criou na sociedade civil.

Na política, a coisa vai se complicar.

Primeiro, temos um Congresso mais fragmentado, o que, naturalmente, dificulta a costura de acordos, aumenta os custos das barganhas, gera procrastinação e inação. Segundo, dado que a campanha do PT foi virulenta acima da média, o mais provável é que a oposição, fortalecida pelas urnas, jogue um jogo diferente do praticado nos últimos 12 anos. O modus operandi, creio, vai caminhar na direção do "quanto pior melhor", até porque ser propositivo não gerou a vitória nas urnas, foi ineficiente politicamente.

Finalmente, o líder natural da oposição, o senhor Aécio Neves, agora não precisa se preocupar mais com retaliações do governo federal sobre seu Estado natal, está mais livre para atacar e vai, ao que tudo indica, tornar-se mais feroz no Senado, ao lado de outros nomes de peso.

Mais relevante do que tudo isso, talvez seja a inevitável eclosão do petrolão em 2015. As investigações que se seguirão às delações premiadas podem até não levar a um processo de impedimento da presidenta, mas fragilizarão sobremaneira a capacidade do governo de arregimentar apoio para qualquer coisa. Como diz um amigo meu, vai ser um "segura peruca" daqueles em Brasília. O caminho é bem pedregoso.

Palavras não trazem mudança. Vestidinho branco não pacifica a sociedade dividida. A senhora precisa agir, e logo. Na política, iniciar um novo modo de governar. O apoio ao governo tem que ser programático, o que inclui, sim, concessão de cargos. Mas dê o exemplo e comece a desmontar a lógica que ganhou raízes institucionais com o mensalão do Lula, a lógica do apoio em troca de dinheiro vivo perambulando em cuecas e malas. E ouça as críticas da oposição, até porque ela representa metade do país, e muito mais da metade do PIB. Ah, sim, e não tente alijar o Congresso. Isso é errado e vai lhe trazer problemas seríssimos.

Proposta de reforma política, algo extremamente complexo, precisa ser discutida lá, não lançada no colo da sociedade civil. A sociedade civil escolhe um Congresso justamente para que se encarregue desses temas mais especializados, multifacetados.

Na economia, tem muito o que consertar, mas muito mesmo. E seu discurso inicial foi ruim, no domingo da eleição.

A senhora sinalizou que vai dobrar a aposta nos incentivos localizados. Mas isso foi o que a senhora fez por quatro anos e o crescimento da economia foi a zero. Com inflação de 6,5%. Desculpe- me avisar assim tão diretamente, mas, para que o Brasil volte a crescer, a senhora precisará cometer estelionato eleitoral, como Lula sabiamente fez em 2003, aliás, se recusando a implementar as doideiras que havia prometido por 20 anos, e pondo técnicos competentes para cuidar do gerenciamento do dia a dia da economia.

O Brasil precisa urgentemente do seguinte. Primeiro, extirpar as leis de conteúdo nacional, que danificam a produtividade da economia e forçam a sociedade a pagar mais caro pelos bens finais consumidos. Segundo, gradativamente, acabar com o esquema de subsídios setoriais implementados pelo hipertrofiado BNDES. Isso gera direcionamento forçado da poupança da economia para quem tem o privilégio de ter acesso facilitado aos cofres dessa instituição. Não estou falando em corrupção ou favoritismos creditícios com base em amizades, mas de má alocação de crédito com base em critérios que não os de mercado, que objetivam outras coisas - lícitas, mas erradas - como a formação de campeões nacionais.

Terceiro, precisamos de uma reforma tributária, com ênfase em diminuição de custos de transação, simplificação de procedimentos, unificação de tarifas em torno de um imposto de valor agregado nacional. E precisamos reverter as desonerações setoriais, que geraram forte queda no superávit primário e, até onde a vista consegue alcançar, nenhuma melhora no desempenho da economia. Por fim, no front fiscal, o governo precisa parar de tentar maquiar as coisas. Isso pega muito mal, e ninguém sai ludibriado pelas prestidigitações do senhor Arno. O que esses passes de mágica geram é perda de confiança. A confiança está nos porões, presa, quer sair, mas não encontra ânimo. Não à toa, não por conta de elites maldosas.

Ela precisa ver a luz do sol; transparência é o nome do jogo.

Quarto, mais abertura comercial, menos proteção, menos viés ideológico na agenda internacional. O Brasil precisa se inserir nas cadeias globais de produção, precisa competir internacionalmente.

Isso, como mostra ampla evidência empírica, aumenta a produtividade da economia, nos deixa mais ricos, nos ajuda a produzir mais com menos insumos. Como a senhora pode fazer aqui? Comece com um cronograma de redução das tarifas de importação. Pode ser gradual, mas precisa ser implementado. E vá com vigor atrás de acordos comerciais com Europa e EUA. Esqueça os vizinhos bolivarianos, que estão se afundando e querem nos puxar para o buraco junto com eles.

Quinto, a produtividade do setor público precisa crescer. Em saúde e educação, principalmente, mas também nos outros bens públicos. Como? Com mais meritocracia. Precisamos de uma reforma administrativa que imponha remuneração variável ao setor público, como funciona na maior parte das empresas do setor privado.

Seus correligionários não vão gostar, mas os brasileiros agradecem. E a senhora é presidente dos brasileiros, não dos seus correligionários.

Sexto, avante com as concessões via leilões sem fixação prévia de rentabilidade.

A carência de investimento em infraestrutura é ominosa. Do portão da fábrica para fora, a coisa é negra. Isso, claro, afeta os outros investimentos, em máquinas e plantas.

Estudos empíricos sugerem que há efetiva relação de causalidade correndo de melhoras na infraestrutura para mais investimento em máquinas e equipamentos.

Sétimo, e hiperimportante, precisamos melhorar o ambiente de negócios por essas bandas. Recuperar dívidas e, principalmente, abrir e fechar negócios precisa ser algo muito mais ágil e célere. Isso facilita o surgimento de novas empresas e o fechamento das ineficientes. São as novas empresas, a propósito, que aumentam a taxa de inovação na economia.

Oitavo, a inflação está alta. Agora que acabou a competição eleitoral, é hora de reconhecer isso com humildade.

Isso significa que os juros estão baixos para o momento atual, e que o Banco Central precisa elevar os juros, senhor Tombini. Não muito, certamente, dado que não devemos estar muito longe da taxa de juro neutra da economia. Eu diria que Selic a 13% por um tempo ancoraria as expectativas hoje desancoradas.

Seguindo esse caminho - todos os oito itens - receberemos um aumento na nossa nota de classificação de risco em 2015. Se fizermos metade, manteremos a classificação atual. Se a lista for amassada e jogada na lata do lixo, vamos ser rebaixados, o câmbio vai dar uma fumada e a bolsa vai ladeira abaixo. O país irá ladeira abaixo, e os mais pobres sofrerão (os mais ricos também perdem, mas estão em melhores condições de segurar a bronca).

Suspeito que as pessoas não vão acreditar que a senhora implementará essa agenda. E elas não acreditarem é ruim, pois expectativas melhores ajudariam o crescimento antes mesmo de toda essa lista ser implantada.

Tem uma saída, contudo. É só a senhora chamar pessoas que sejam independentes, que pensem o oposto do que a senhora defendeu nos últimos quatro anos, para comandar a economia. Nomes não faltam, tem o H, tem o L, tem o A, tem o O, tem o T.

Com algum desses, a economia vai voltar a respirar. Tenha coragem e humildade.

Vamos lá, ajude o Brasil a retomar o caminho do qual se desviou.

Pobreza e inflação - MÍRIAM LEITÃO



O GLOBO - 07/11


O Banco Central admitiu que a inflação está subindo, há mais pressões vindas de diversas áreas: câmbio, preços administrados, alimentação. O Ipea, enfim, fez a conta e registrou um aumento do percentual de miseráveis. Há quem acredite, ainda hoje, pasmem, que combater a inflação é preocupação de neoliberal e reduzir a pobreza é objetivo dos bons, os progressistas.

Não existe combate à pobreza e à miséria sem redução da inflação. Eu gostaria, queridos leitores, de não ter que dizer obviedades como a dessa frase acima, mas o debate eleitoral fez sair do armário os que simplificam o mundo entre "nós e eles", como se estivessem em confronto os defensores dos pobres e os amigos dos banqueiros.

O Brasil fez uma caminhada tão longa por uma moeda estável e, como jornalista, vi com orgulho o avanço do entendimento do aspecto mais perverso da inflação: ela tira capacidade de compra de quem tem menos renda. Há quem, dentro do governo, professe convicções ultrapassadas de que política monetária e política social pertencem a mundos diferentes. Há quem proclame no governo, diante de todos os dados contrários, que a miséria está caindo e que o ganho é "extraordinário", mesmo estando num ambiente de recessão e inflação crescente. Em ambiente assim, não há progresso que se mantenha.

Ganho social de forma permanente depende de inflação baixa. Só assim a renda é preservada, as políticas públicas de combate à pobreza são sustentáveis, e o país pode crescer de forma constante. A ata do Copom de ontem alerta mais uma vez que quando a inflação está persistentemente alta perde-se o horizonte para investimentos e consumo.

Resta ao Banco Central explicar por que ficou parado, vendo a inflação subir, enquanto estávamos em período eleitoral, e mudou a avaliação agora. Talvez um dia ele explique. No texto de ontem, ele se esforçou para mostrar que, desde a ultima reunião, houve um aumento do risco, subiu a inflação média, a taxa acumulada em 12 meses, a taxa de câmbio e o processo de realinhamento dos preços administrados. Tudo ficou um pouco pior, é verdade. Mesmo que hoje se divulgue um IPCA um pouco melhor sobre o mês anterior, o fato é que o ambiente está propício a reajustes porque durante todo o primeiro mandato de Dilma ficou a dúvida sobre que grau de autonomia tinha o Banco Central para fazer seu trabalho e buscar suas metas.

Essa mesma dúvida perseguirá o próximo ministro da Fazenda, venha o nome de onde vier. O que é preciso é o governo entender a ligação direta entre o combate à inflação e a política social como duas partes do mesmo progresso.

A pobreza e a extrema pobreza caíram ao longo do tempo pela vitória sobre a hiperinflação. O percentual de pobres e miseráveis começou a cair no Plano Real e essa queda avançou com politicas sociais que a estabilização tornou possíveis. A taxa de juros é remédio amargo, com efeitos colaterais pesados, mas tem que ser usada principalmente se o controle dos gastos não é feito. Se o BC tiver a ajuda da política fiscal, usará menos esse remédio. Se o Banco Central tiver autonomia, terá mais credibilidade e a dose poderá ser menor.

A ideia de que BC autônomo e política monetária vigilante aumentam o lucro dos banqueiros é uma enorme bobagem. Os bancos ganham em qualquer situação, basta ver os seus gordos lucros. A política econômica tem que buscar um ambiente em que os investidores possam empreender com segurança e a inflação não destrua a renda dos mais pobres.

O aumento do número de miseráveis admitido pelo Ipea, depois das eleições, precisa ser entendido. Quem tem renda mensal de mais de R$ 70 não é mais considerado miserável por essa arbitrária linha. Claro que há muito tempo tinha que ter sido revisto esse ponto que divide o grupo dos pobres do grupo dos extremamente pobres. Uma família de quatro pessoas com renda total de R$ 300 continua na miséria, diga o que disserem as linhas governamentais feitas sob encomenda para engordar as estatísticas dos "retirados da miséria" que compõem as propagandas do governo.

Se o governo quiser mesmo desarmar os palanques deve começar a reconhecer que desinformou quando fez uma divisão de mundo que revoga o progresso recente do Brasil. A melhor política de proteção dos pobres é a que mantém a inflação baixa.
 

Samy Adghirni e a sem-vergonhice em prol do bolivarianismo


Uma mídia que não se envergonha de usar recursos como os de Adghirni já nos ajuda a demonstrar o que é morar em um país vivenciando fases intermediárias do bolivarianismo.

Se olharmos a estratégia de guerra dizendo para “bater onde dói”, há um ponto que incomoda muito os bolivarianos: chamá-los pelo nome e explicar ao povo o que isso significa.
Observem as reações deles: sempre começam a se explicar, ficando na defensiva. Eles não fazem o mesmo se os chamamos de comunistas, pois o senso comum percebe isso como muito fora da realidade.
Como disse um leitor, “bolivariano” está mais próximo dessa geração, enquanto “comunismo” fica aparentemente na História, nos livros. Hoje em dia, até mesmo Vladimir Putin quer parecer democrático, por isso é fácil para eles ridicularizarem o rótulo “comunista”. Mas se olhamos para Argentina, Venezuela, Bolívia e Cuba, veremos o bolivarianismo fervilhar e fazer estragos nas sociedades.
Exatamente por isso, essa gente vai tentar truques cada vez mais grotescos para escapar deste rótulo.
Samy Adghirni é o substituto de Vladimir Safatle no UOL, O petista está de férias. Daí arrumaram outro tão embusteiro quanto.
Seu primeiro texto no portal é “Venezuelização?”. Algumas pessoas me falaram: “E aí, Luciano, como responder esse texto?”.
A resposta é conhecer os estratagemas do oponente. Arthur Schopenhauer fez um ótimo trabalho ao escrever sua Dialética Erística, na qual o alemão fez um mapeamento de 38 embustes usados para se vencer um debate sem ter razão.
O primeiro dessa lista é a ampliação indevida, que é exatamente o recurso usado por Adghirni em todo o texto. Essencialmente, exagera-se a afirmação de um oponente para além dos limites naturais da afirmação. O picareta passa a refutar essa versão exagerada, fingindo ter refutado a afirmação original”. É uma especialização da falácia do espantalho.
O truque de Adghirni é só isso e nada mais.
Enquanto todos sabem o que significa o bolivarianismo,  ele diz que se não existe tamanho nível de sucesso em sua implementação, conforme no país de Maduro, então não temos bolivarianismo de forma alguma.
Duvidam?
Então vamos desconstruir o conteúdo de Adghirni:
Antipetistas alardeiam a ideia de que a reeleição de Dilma Rousseff abre caminho para o Brasil se tornar uma Venezuela. Isso é improvável. Apesar dos arroubos retóricos, Lula e Dilma nunca emularam o chavismo.
Aqui ele já entra em contradição consigo próprio ao reconhecer que os antipetistas dizem “que a reeleição de Dilma Rousseff  abre caminho para o Brasil se tornar uma Venezuela”. Mas em seguida, diz que “Lula e Dilma nunca emularam o chavismo”.
Muita calma nesta hora! A segunda afirmação só seria válida se a primeira falasse de antipetistas dizendo “que a reeleição de Dilma Rousseff consolida o processo bolivariano no mesmo estágio da Venezuela atual”. Mas ninguém afirmou isso. Como ele mesmo disse, a afirmação criticada é um alerta em relação ao início do projeto bolivariano, não em relação à sua conclusão definitiva, o que não ocorre nem na Argentina ainda.
Note que já no primeiro parágrafo comprova-se que ele exagerou a afirmação do oponente para fingir ter refutado a afirmação original.
Hugo Chávez trabalhou desde sua chegada ao poder, em 1999, para pulverizar tudo o que existia antes dele. A Venezuela mudou de Constituição e de nome, tornando-se república bolivariana. O PT nunca foi revolucionário, embora Lula defenda uma constituinte para reforma política.
A constituinte para reforma política, como qualquer pessoa intelectualmente honesta sabe, é um pretexto para uma assembleia constituinte. Ou seja, o projeto é exatamente o mesmo. E, obviamente, sabemos que não é preciso de assembleias constituintes para se fazer reforma política.
Quanto a dizer que “O PT nunca foi revolucionário”, faltou só ele combinar o jogo com o próprio partido, que lançou uma resolução política 100% bolivariana.
A diferença é que Chávez trabalhou desde sua chegada ao poder, em 1999, para pulverizar tudo o que existia antes dele. O PT apenas está tentando isso, sem conseguir o mesmo resultado.
O petismo permeia órgãos federais, mas nada se compara ao aparelhamento à venezuelana. Chávez fechou o cerco à oposição até sufocar os que tentaram um golpe de Estado contra ele.
Não se compara? Nem mesmo quando vemos os Correios usando o horário de trabalho para fazer campanha política? E que tal o governo usando o cadastro de beneficiários do Minha Casa Minha Vida para fazer terrorismo eleitoral? Quem Adghirni quer enganar?
O desajeitado Nicolás Maduro herdou essa bomba relógio institucional. Acuado por protestos neste ano, recorreu a bandos armados irregulares, os “coletivos”, para esmagá-los. Saldo: 42 mortos. Bem diferente de junho de 2013.
Coitado de Maduro, não? É um “desajeitado”. Mas quem está na prisão é Leopoldo Lopez. Esse é outro truque de dissimulação de Adghirni: tratar monstros dissimulados como “coitados desajeitados”.
É claro que não é tão fácil para o governo petista fuzilar oponentes. Temos uma mídia livre… ainda. Coisa contra a qual o PT luta o tempo todo.
Lula passou os dois mandatos construindo pontes –com a classe média, com o empresariado e com velhos rivais. Falta a Dilma essa veia conciliadora, mas ela manteve o arcabouço republicano e evita guerrear a oposição.
Estamos notando como Dilma evita “guerrear a oposição”. Chamando-os de “golpistas” e usando artigos financiados pelo governo para difamar opositores. Adghirni é comediante.
Dilma, aliás, reflete a institucionalidade brasileira. Apesar de sua força política, Lula resistiu à tentação de atropelar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato consecutivo. Chávez não teve esses pudores. Enquanto o chavismo governa por decreto, o Planalto continua refém do Congresso.
Mas por que esse sujeito acha que o PT quer assembleia constituinte? Sim, eu sei que ele não acha nada do que está escrevendo. É puro cinismo mesmo.
Aliás, qual é o nome da presidente que escreveu o decreto 8243? Aha…
Se a economia brasileira preocupa, a do vizinho está em vias de colapso, com inflação a 63%, reservas minguantes e desabastecimento geral. Mercados temem um default no pagamento dos títulos da dívida venezuelana.
Como sempre, a ampliação indevida. É assim: se um vampiro bebeu todo o sangue de uma vítima, mas apenas 1 litro de outra, esta última não foi vítima de um vampiro. É um estupro contínuo da lógica.
Lula e Dilma não só deram continuidade a políticas econômicas dos governos anteriores como rejeitaram o modelo venezuelano de controle cambial, expropriação e subsídios em larga escala.
É que um está em fase inicial do processo e precisa construir alianças, e o outro em fase final do processo, e não precisa se aliar com um PMDB da vida por exemplo.
No Brasil, acusações de corrupção são investigadas e passíveis de cadeia. Na Venezuela, é impensável ver presos governistas do nível equivalente a José Dirceu e José Genoino.
Mas já vemos coação violentíssima dos governistas contra brasileiros como Joaquim Barbosa e Sérgio Moro. E sabemos que a condenação de Dirceu e Genoino mexeu com o brio dos petistas, por isso estão mais assanhados que de costume em prol da censura de mídia e dos decretos para coletivos não-eleitos.
O quarto mandato petista está sujeito a retrocessos. Menções à regulamentação da mídia não condizem com o que vem sendo demonstrado.
Hahahaha….
Menção à “regulamentação de mídia”? Os caras fazem congressos (como a Confecom) desde 2010, falam intensamente do assunto desde 2003, financiam com dinheiro público uma legião de blogs chapa branca que só pedem “Ley de Medios já” o dia inteiro, gastam os tubos organizando ONG’s como Barão de Itararé e Coletivo Intervozes, e o tal do Adghirni vem falar em “menções à regulamentação da mídia”? É realmente o nível dos vídeos do Porta dos Fundos que postei ontem.
Por ora, o que está mesmo dando ao Brasil ares de Venezuela não são os políticos nem o apertado placar presidencial, mas a banalização do ódio, propalada principalmente pelo eleitorado inconformado.
Pronto!
Como todo bolivariano, basta acusar o oponente de ódio quando este estiver denunciando violação à liberdade de expressão, aparelhamento estatal e a corrupção.
A sociedade se deixou dominar pela intolerância. Redes sociais transbordam de aberração. A deslegitimação do “outro” já gera violência física. Sinais de um país dilacerado entre metades surdas e irreconciliáveis. O maior risco de Venezuelização vem de nós mesmos.
No final, temos a chantagem emocional de sempre.
Com um cinismo aterrador, ele parte para o ataque xingando de “intolerante” e “aberração” todos aqueles que denunciarem o comportamento petista, a campanha de esgoto, as técnicas de deslegitimação do “outro” (ou “desconstrução”) e todas as tentativas de golpe.
Uma mídia que não se envergonha de usar recursos como os de Adghirni já nos ajuda a demonstrar o que é morar em um país vivenciando fases intermediárias do bolivarianismo.
Você vai tolerar picaretagens deste tipo de gente contra você?

http://lucianoayan.com/

O dilema de Dilma Rousseff


Mídia SEM Máscara


Está posto o dilema para Dilma Rousseff, que é saber o que fazer com a questão da economia. O ministro Guido Mantega está demissionário e se arrasta no cargo feito um morto-vivo. Quem conhece os meandros do poder sabe que um ministro da Fazenda fraco é meio caminho andado para o desastre, sobretudo numa hora que decisões difíceis precisam ser tomadas. É ele quem tem que dizer “não” aos demais ministros, em nome da presidente.

Por que Guido Mantega ainda não foi substituído? Quem segura o ministro é o próprio Lula, é a sua cota pessoal. Só sairá quando o ex-presidente assim decidir. Será na escolha do nome que ficarão claros os caminhos que Dilma Rousseff escolheu. Um nome igual ou à esquerda do atual ministro significará a ampliação da política supostamente desenvolvimentista, a mesma que desarrumou as contas públicas e desalinhou os preços relativos. Um nome mais conservador significará a sinalização de que a inflação, de fato, será combatida.


O problema é que a crença reinante no PT, mesmo depois de doze anos exercendo o poder, é que a chamada teoria econômica convencional está errada. Mudar essa crença não é tarefa de um dia. Um ministro da Fazenda que entre cortando gastos e aumentando juros é tudo que o PT abomina. Se depender de suas lideranças isso não acontecerá.

Mas o fato é que a inflação está subindo, o câmbio depreciando, os preços estão desalinhados e o ministro está demissionário. A escolha terá que ser feita. Ao escolher o novo ministro os rumos do futuro serão imediatamente clareados. Se, por exemplo, vier o Henrique Meirelles, teremos uma gestão sob a economia convencional. Se vier um Arno Augustin, teremos a persistência do desenvolvimentismo.

É bom que se diga que a chamada economia convencional é a única que fornece ferramental compatível com o combate aos problemas da crise econômica. Ela “sabe” que a lei da escassez existe e que o Estado não cria riquezas, quando muito a distribui, não sem antes dilapidar boa parte do que se arrecada com impostos. As leis econômicas são naturais e não sujeitas ao controle de nenhum governo. Ou se as respeita, ou não. O que Dilma Rousseff fez nos últimos anos foi simplesmente ignorar as leis econômicas.

O desenvolvimentismo pretende ser a teoria alternativa para inspirar governantes. Sua raiz esquerdista é evidente e ela parte da crença de que tudo é vontade política (incluindo a escassez) e que a emissão de moeda para “desenvolver” a economia não é um problema em si. Toda vez que os governantes brasileiros entraram nessa barca furada levaram o país à crise econômica. É precisamente essa a origem dos problemas econômicos atuais, que Dilma Rousseff, enquanto presidente da República, quis pôr o pé no acelerador do desenvolvimento. Envidou todos os esforços para isso.

O que conseguiu? Apenas fazer retornar a inflação, que se aproxima dos dois dígitos, e reduzir o crescimento do produto. De quebra, ressuscitou o fantasma dos déficits na balança comercial, com os quais o país quebrará de novo. Pior, administra o câmbio, queimando as preciosas reservas internacionais, impedindo o ajuste natural via sistema de preços. Essa política está entrando em colapso.

O meu ponto é que não apenas o nome para o Ministério da Fazenda está em jogo, mas toda uma crença política que é defendida ferrenhamente pelos integrantes do PT, mesmo que alguns deles saibam que a crença é errada e puramente ideológica. O desenvolvimentismo empobrece e desorganiza a economia, aprofundando as injustiças sociais. A ortodoxia econômica é que pode refazer as bases para a retomada do desenvolvimento e da melhoria da distribuição de renda. Simples assim.

Quem viver verá.

Saímos às ruas, de cara limpa!




mbl
Paulo Batista, Bene Barbosa, Hermes Rodrigues Nery, Kim Patroca Kataguiri e Paulo Eduardo Martins integram o Movimento Brasil Livre, que saiu às ruas, em ato pró-impeachment da presidente Dilma Roussef, em São Paulo, em 1º de novembro.

Os que saíram às ruas em 1º de novembro, na primeira manifestação pró-impeachment, catalizaram, de imediato, o sentimento geral do povo, ao que pode ter sido o maior embuste de toda nossa história.


Desde o começo do ano, em diversas partes do país, onde estive, sempre fazia questão de perguntar às pessoas mais simples, no dia-a-a-dia: "E então, o que vai dar?" Quase todos me respondiam: "A que está aí não dá mais para continuar. Mas não sei não. Acho que vão aprontar!" E insistia: "Mas ganha mesmo?" E ouvia como resposta: "Você confia nestas urnas eletrônicas? Quem era o Haddad? Aguém conhecia o Haddad em São Paulo? E o Lula foi lá, e disse: Vai ser este, e pronto. E foi. E aí, alguém questionou? Sei, não. Enquanto o voto for só eletrônico, eles levam todas. Os disquetes vem prontos, são manipulados! Percam ou ganhem a Copa. Eles levam todas", foi o que me disse um dos mais exaltados.


Impressionou-me como o povo estava, sim, informado de muitas coisas (talvez seja o efeito das redes sociais, hoje tão temidas pelo PT?), pois ainda no dia do fatídico jogo do Brasil x Alemanha, antes mesmo do Brasil ter sido massacrado pelo 7x1, enquanto esperava para ser atendido para cortar o cabelo, no Branco, alguém comentou comigo lá: "você viu a movimentação no Brasil nesses dias? Vladimir Putin, o presidente da China, Fidel Castro, Brics, tudo junto. Aí tem coisa! Com tudo isso, sei não, eles vão aprontar e fazer ela ganhar!" Enquanto todos ficaram atônitos com o 7x1, quase ninguém percebeu essas movimentações.

Por que Lula dissera que o PT faria o diabo para ganhar as eleições? O fato é que uma sequência de acontecimentos deram uma dimensão trevosa a tudo isso. Até hoje, na boca do povo, o acidente que matou o presidenciável Eduardo Campos, no dia 13 de agosto, às 13 horas, com temperatura de 13º, na cidade com DDD 13, foi algo realmente intrigante.


E nunca uma campanha eleitoral foi marcada com tanta violência, com truculência por parte do PT, e uma performance de Dilma Roussef que expos ao País, em diversas vezes, seu despreparo, incompetência, a dificuldade em completar um raciocínio apenas (monitorada pelo ponto eletrônico), sem carisma, sem desenvoltura, sem as características mínimas para quem deve exercer uma liderança política; agindo como um robô, um títere não apenas de Lula, mas do Foro de São Paulo. Ficou evidente, especialmente nos últimos dias do segundo turno, com as denúncias explosivas do doleiro Alberto Youssef, dizendo que Lula e Dilma Roussef sabiam do esquema do Petrolão, tudo isso e muito mais, reforçou o sentimento geral do povo brasileiro por mudança. "Não. Ela não nos representa, mas sim nos envergonha!", me disse um taxista.

Muitos que votaram em Aécio Neves afirmaram que foi mesmo por falta de opção, por antipetismo, quando ainda o decreto 8243 (cuja derrubada seria o primeiro ato da Câmara dos Deputados após as eleições), sinalizava claramente os propósitos bolivarianos do PT.

Com tudo isso, a ameaça de que fariam o diabo para o PT vencer, se concretizou com o resultado duvidoso das urnas. O pleito de 26 de outubro tornou-se um conto kafkiano,em que muitos experimentaram um sentimento pior do que o 7x1. Foi um baque. O pouco de auto-estima elevada no final do segundo turno, foi por água abaixo. Estava confirmado o que o Foro de São Paulo havia declarado em sua última assembléia: utilizariam a democracia como método revolucionário. Os que saíram às ruas em 1º de novembro, na primeira manifestação pró-impeachment, catalizaram, de imediato, o sentimento geral do povo, ao que pode ter sido o maior embuste de toda nossa história.

Há tempos que especialistas e técnicos vem alertando da vulnerabilidade do sistema das urnas eletrônicas, nada confiável, não adotado em outros países, a não ser os manipulados pelo Foro de São Paulo. Dalmo Accorsini, por exemplo, denuncia que a empresa SMARTMATIC "com vínculos comprovados com o governo de Cuba e Venezuela, operou abertamente nas eleições brasileiras", favorecendo assim o PT. O fato é que o Brasil ficou, no dia da eleição do segundo turno, das 17h às 20h, em suspense, refém de apenas 23 técnicos privilegiados para operarem na apuração, sem nenhuma transparência, até que o ministro Toffoli anunciou a toda a Nação de que tudo continuava como antes: Dilma Roussef ficaria no comando do País por mais quatro anos. A maioria não acreditou no que estava acontecendo.

Feito o comunicado, as denúncias de fraudes nas urnas eletrônicas pipocaram por toda a parte, De cara, a palavra "impeachment" foi a que mais circulou nas redes sociais, acompanhadas de inúmeros casos de irregularidade, em todas as partes do País. Denúncias de multiplicidade de títulos eleitorais, chegando a casos de um único eleitor possuir 32 títulos eleitorais; o próprio TSE identificou 2.467 pessoas com títulos eleitorais duplicados e situações vergonhosas com as do Correio que fez atualização cadastral de funcionários, exigindo o preenchimento do título de eleitor, seção eleitoral e cidade de votação, como noticiado no site do PSDB.


Na Rondônia, por exemplo, delegados disseram que só aparecia o número 13 em urna de Porto Velho, onde mais de 20 pessoas se queixaram de falha na urna de votação. Houve ainda casos de eleitores que não conseguiram votar ao descobrirem que outras pessoas votaram no seu lugar, quase todas em diversas partes, são unânimes de que com o "paper track" (papelzinho da contraprova), é possível conferir com segurança a totalidade dos votos, recurso este utilizado nos países desenvolvidos. Se o TSE tivesse mesmo compromisso com a lisura e a transparência, como tanto apregoa, adotaria o "paper track". Mas por que faz questão de manter as coisas do jeito que estão, e ainda ameaçar quem ousar questioná-lo?

O impacto do embuste eleitoreiro, do escândalo do Petrolão e da confirmação dos propósitos do Foro de São Paulo de que utilizará a democracia como método revolucionário, chocou a muitos, que agora sabem dos desafios que temos pela frente. A imprensa, de modo sórdido e vergonhoso, não titubeou em por em prática as conhecidas táticas da conspiração do silêncio (pouco noticiar as reações ao grande engodo) ou distorcer os fatos, desqualificando, ridicularizando e hostilizando os que vem questionando as mobilizações.

Mas fomos os primeiros a sair às ruas, de cara limpa, sem máscaras, para dizer que estamos dispostos a lutar por um Brasil livre, verdadeiramente democrático e unido. Sabemos das sombras espessas que tomaram conta, das forças que agrilhoaram o Brasil, e de que não nos faltará a coragem e a determinação para lutar pelo bem do nosso País, pelo bem de todos os brasileiros.


A nossa Nação foi ultrajada por este que poderá ter sido o maior embuste da nossa história. Há um clamor geral pela verdade, pela justiça e pela liberdade! Foi o que eu disse a todos na primeira manifestação pró-impeachment de Dilma Roussef, na avenida Paulista em frente ao MASP: "Este clamor que vem do coração de todos vocês... em favor do Brasil unido!"




Hermes Rodrigues Nery é coordenador do Movimento Legislação e Vida.
E-mail: hrneryprovida@gmail.com

Governo comunista da Venezuela assina acordo com o ...MST!!

   Como Maduro irá treinar o MST e seguidores, para a luta, na Implantação da Ditadura Comunista no Brasil.

A queda do Muro, o Foro de São Paulo e a América Latina

  Mídia Sem Máscara

Não se sabe, e talvez jamais se saiba, quantos milhões de dólares do Estado venezuelano o tenente-coronel Hugo Chávez pôs nas mãos de Lula da Silva e Marco Aurélio Garcia, sua mão direita e homem encarregado da Conexão São Paulo-Caracas, para ganhar a presidência do Brasil em 2003.


Chávez cumpria com obediência um compromisso selado com Fidel Castro, seu pai putativo: montar o ex-sindicalista metalúrgico de proveniência trotskista na presidência da primeira potência sul-americana e desde lá estender a mancha do castro-chavismo por toda a região.


A julgar pelos milhares de milhões de dólares anuais e os mais de 100 mil barris de petróleo diários oferecidos a Cuba desde então, a mão com que se auxiliou o PT para entrar no poder pela porta grande há de haver sido extremamente generosa.


Tanto, como para que Chávez aparecesse intempestivamente quando lhe dava na telha e nas ocasiões mais inoportunas por Brasília para ver como cresciam os lucros de seu investimento político. Passar a vê-lo em funções, mesmo que rompesse o protocolo e perturbasse o Itamaraty, era um direito adquirido.


Anos depois, “as maletas” carregadas com milhões de dólares contantes e soantes da PDVSA se fariam emblemáticas na América Latina, pelo menos uma deles contendo US$ 800 mil, descoberto em um incômodo incidente aduaneiro bonaerense, enquanto corria a campanha presidencial de Cristina Fernández.


Jamais soube-se nem se saberá quanto foi o montante total investido pela estatal venezuelana na eleição e re-eleições dos Kirchner. E nas de todos os restantes presidentes matriculados no Foro paulista. Do que não nos esquecemos é dos 5 milhões de dólares que lhe entregou para resolver seus problemas financeiros. Foram devolvidos?

Depois da peixeirada que o tenente-coronel venezuelano encaixou em dezembro de 1998 à inerme e desorientada Quarta República, transcorreram exatamente quatro anos para que Lula se fizesse com o governo do Brasil e cinco meses mais para que Néstor Kirchner o conseguisse na Argentina.


Conquistadas as jóias da coroa - Venezuela, Brasil e Argentina - o resto foi costurar e cantar. Embora nos casos de Evo Morales na Bolívia devessem transcorrer outros três anos, quatro para o de Rafael Correa no Equador e incontáveis turbulências castrenses, golpes de Estado, derrocamentos vários - na Argentina se fizeram e desfizeram governos em horas - e outros acidentes devidos à porfia com que Fidel Castro, Lula e o Foro de São Paulo haviam decidido: a nova estratégia ordenava entrar no poder pela porta larga de processos eleitorais, com plena legitimidade de origem para depois, se davam-se as mesmas condições que na Venezuela, passear pela ilegitimidade de desempenho, esvaziar as instituições democráticas de todo o conteúdo vinculante e convertê-las em carrancas de um novo estabelecimento, como na Venezuela: fundar repúblicas socialistas e bolivarianas.

Uma década depois e rompidas todas as travas convencionais, o ex-guerrilheiro tupamaro Pepe Mujica se montaria no Poder no Uruguai, a ex-guerrilheira Dilma Rousseff sucederia Lula no Brasil por dois mandatos consecutivos mais e a militante socialista clandestina Michele Bachelet, criada na RDA, voltaria ao Poder do Estado chileno livre dos compromissos e ataduras da velha Concertación Democrática, após o projeto de reviver a velha Unidade Popular, desta vez segundo o ansiado sonho de Luis Corvalán, o ex-secretário-geral do Partido Comunista do Chile: com o centro da Democracia Cristã acoplado ao carro da esquerda marxista. O desiderato. Em vinte e dois anos, de 1992 a 2014, a faina parecia completa: a América Latina descansava nos braços do ancião havanero. Seu Deus ex machina: Hugo Chávez.

Foi um investimento sistemático, tenaz e sem fissuras do castro-chavismo para se fazer com o controle da região sem um só disparo, sem derramar uma gota de sangue, sem perturbar a ordem institucional e as boas consciências do democratismo imperante no ocidente.


Ao extremo de coroar a andadura com o controle absoluto da OEA, nas mãos do militante socialista José Miguel Insulza, e de todos os organismos regionais. A quadratura do círculo. Por um suspiro a dominação da América Latina não acabou sem hiatos: México e Peru se salvaram, por enquanto, por décimos de pontos. Continuam na mira.

Este 9 de novembro se comemora vinte e cinco anos da queda do Muro de Berlim, antecedente direto da implosão da União Soviética e o desaparecimento do bloco “por trás da cortina de ferro”. Ambos eventos - a queda do Muro com suas conseqüências histórico-universais e a expansão do castro-chavismo na América Latina -, embora pareçam absolutamente desvinculados, estão ligados em grau superlativo.

O desaparecimento da União Soviética em 1991 e do subsídio que a mantinha com vida desde o começo mesmo da revolução produziu efeitos devastadores em Cuba, dando início ao chamado “período especial”. Pela primeira vez em seus trinta e dois anos de história, a Cuba revolucionária via-se compelida a viver por seus próprios meios, para o qual jamais esteve nem está capacitada. Ou vive da caridade alheia ou desfalece.

Uma brutal redução do PIB da ordem de 36% só nos primeiros anos do período, carências de petróleo e alimentos essenciais, proliferam de enfermidades devidas à má nutrição, entre elas uma insólita e medieval epidemia de cegueira, e um desaforado esforço por realizar reformas que permitissem a simples sobrevivência. Atenuadas em parte graças à abertura aos investimentos turísticos europeus, particularmente espanhóis, reforçados mediante a ação de uma indústria ancestral cubana dos tempos da grande frota espanhola: a prostituição como fonte de divisas.

É quando Fidel Castro volta-se uma vez mais para a América Latina e funda, em 1990, conjuntamente com Lula da Silva, o chamado Foro de São Paulo, um espécie de Internacional Latino-americana marxista que reúne todos os partidos de esquerda e extrema esquerda, movimentos guerrilheiros e ONG contestadoras da região, para coordenar esforços após um segundo grande embate pela conquista da América Latina e a expansão do castrismo, embora sob as renovadas formas de uma estratégia combinada, pacífica, eleitoreira e suficientemente versátil e flexível para adequá-la às circunstâncias específicas de cada país.

As graves penúrias do período especial, a obstinação e a infinita paciência de Castro se conjugaram para uma grande vitória estratégica. Como lhe sucedeu durante toda sua vida, a sorte o acompanhou no intento.
Encontrando primeiro a compreensão e o auxílio de três reconhecidos líderes democráticos - Felipe González, Carlos Andrés Pérez e Cesar Gaviria -, erradamente convencidos de que era possível reintegrar Castro e seu regime totalitário ao seio das democracias latino-americanas e à OEA, e dando de cara, depois, com um comandante golpista no qual viu de imediato o prospecto capaz de se apoderar da Venezuela e endossar-lhe o petróleo venezuelano, arma que se caísse em suas mãos - como afirmou pessoalmente a Regis Debray e sua esposa venezuelana Elizabeth Burgos durante a segunda metade dos sessenta em Havana: “seria capaz de se fazer com o domínio do mundo”.

Essa relação, estabelecida com Hugo Chávez pouco depois de ser libertado do cárcere pelo presidente Rafael Caldera, no curso do ano de 1995, tornaria realidade o modelo de que se serviria o Foro de São Paulo para conquistar uns e outros: promover graves crises dos sistemas de dominação, derrocar governos constituídos, conquistar os governos mediante processos eleitorais - fraudulentos, enganadores ou intervindos desde o executivo - e pôr em prática o virtual saque da institucionalidade democrática, lá onde, como na Venezuela, fosse possível. Populismo, estatismo e clientelismo, as clássicas armas do caciquismo conservador latino-americano do passado, convertidas nas novas armas da ingerência marxista na região.

Longe de garantir a paz perpétua perseguida por Kant ou de haver posto fim à história, como pretendeu Fukuyama, a queda do Muro, a implosão do bloco soviético e o desaparecimento da bi-polaridade característica do período da Guerra Fria aberto após o fim da Segunda Guerra Mundial, mais se assemelha ao último suspiro de Nietzsche que à pastoral utopia hegeliano-marxista do Manifesto Comunista.

A rigor, a derrota infringida aos soviéticos pelo governo Reagan com sua Guerra nas Estrelas, enquanto cresciam as demandas por melhoras sociais e econômicas de seus cidadãos e a crise alcançava contornos exponenciais, desarticulou-se a gendarmeria mundial da qual ambas super-potências se ocuparam entre 1945 e 1990. Tanto no nível europeu - a OTAN e o Pacto de Varsóvia - como no nível mundial. A China reduziu sua intervenção ao plano econômico, convertendo-se na primeira potência emergente mundial, os Estados Unidos reduziram drasticamente sua capacidade de intervenção policial nos conflitos internacionais, a Europa está praticamente marginalizada da resolução dos grande conflitos, enquanto desaparecem os marcos e diques de contenção dos conflitos sociais, raciais e religiosos que atormentam o ocidente.

A ameaça de instabilidade crescente representada pelo Estado Islâmico, tanto para o próprio mundo árabe como para o resto do mundo, assim como o freio que o crescimento global sofre, estabelecem interrogações de complexa e muito difícil resposta. Evidentemente, esta situação de indefinições e conflitos mundiais manietam os Estados Unidos a respeito de sua vigilância sobre o quintal e deixam o terreno livre para a atividade das pretensões neo-coloniais do Foro de São Paulo. Que soube compreender e antecipar os conflitos do Oriente Médio e selar alianças que, no caso da Venezuela, chegam ao extremo de servir de plataforma de expansão a ingerência do talibanismo islâmico na região. Ao mesmo tempo em que dê ponte para a penetração do capitalismo chinês, hoje praticamente dono do petróleo venezuelano, e em vias de um expansivo crescimento de sua influência econômica sobre todo o hemisfério.

Existem razoáveis perspectivas de êxito para a recuperação plena, no curto e médio prazo, das democracias liberais na América Latina? Esta espécie de crise de re-ordenamento e mudanças de paradigmas que se adverte em países tradicionalmente estabilizados, como o Chile, poderia chegar a fraturar seu próprio sistema político como os do Peru, Colombia, México e América Central?

Até agora, são perguntas sem respostas. Advertem-nos sobre um panorama sombrio.

Tradução: Graça Salgueiro

7 itens de uma agenda republicana para destruir o projeto de ditadura perfeita do PT

itensdeagenda
O dia 3 de novembro de 2014 fica marcado para a história como o anúncio de uma tentativa de golpe totalitário por parte do PT. A confissão veio por meio de uma resolução lançada pelo próprio partido. Portanto, não é ninguém falando do PT, mas o próprio partido confessando suas intenções ao público.


Joice Hasselmann, da TVeja, dá um resumo perfeito da proposta petista:
O mais importante é que esse tipo de confissão não é novidade para quem estuda o bolivarianismo. Que tal relembrarmos a fórmula padrão?



No que constitui-se o bolivarianismo? A fórmula é simples:

1. O estado controla a economia no máximo quanto possível (aqui é o socialismo padrão)
2. Ao mesmo tempo, o governo controla a mídia e implementa os sovietes, mas tudo com fachada de democracia, ao contrário do que ocorre na China e na Coréia do Norte (esta é a inovação)
3. Por causa da censura, é possível esconder a crise por algum tempo, o que vai levar ao colapso do sistema
4. Os sovietes ajudam o governo a implementar medidas como se fosse uma ditadura padrão, o que permite conter as revoltas em fases de colapso
Agora é só reler a resolução do PT e comparar com esses objetivos. Não sou eu que estou dizendo nada. São eles próprios.

Não há mais dúvidas de que o PT representa a maior ameaça totalitária para todos nós adeptos da liberdade e da democracia.

De acordo com a guerra de posição, é essencial derrubar as posições mais importantes  para o nosso oponente. Logo, se o PT quer a ditadura perfeita, a luta para destruir os itens de agenda petista que sustentariam todas as propostas ditatoriais configura a melhor estratégia.

Aqui vão os 7 itens que, juntos, salvariam o Brasil de uma ditadura bolivariana:

1. Luta contra a censura de mídia através de ardis bolivarianos
O PT não pára de falar nisso. E mesmo com o Brasil quebrado, quando a prioridade deveria ser arrumar a economia, eles não tem pudor de dizer: “nada é mais é mais importante que regular a mídia”. Que preocupação com o sofrimento do povo, não? E este blog tem avisado que esse seria o principal projeto deles até mesmo antes da primeira eleição de Dilma.

Recentemente vimos a retaliação contra a revista Veja, assim como o uso de verbas estatais para financiar a BLOSTA (blogosfera estatal). E, como não poderia deixar de ser, assistimos o governo atacar a mídia sempre que ela mostra os casos de corrupção. É impossível que você não os tenha visto usar o termo “mídia golpista”. Por que esta é a linha de fundo para eles?


Eis o óbvio: com a mídia censurada os casos de corrupção são mais facilmente escondidos, bem como os verdadeiros índices econômicos. Para ditadores querendo esconder seus fracassos e curtir muito às custas do estado, é claro que censurar a mídia se torna a prioridade zero.

Não se esqueça de uma regra una: todos os países que censuram a mídia afundam em termos econômicos e civilizacionais. O motivo é óbvio: a “auditoria” de um governo depende de uma imprensa livre.

2. Luta contra o uso de coletivos não-eleitos para acabar com a soberania do eleitor
Foi a partir do voto que o cidadão brasileiro elegeu um Congresso não tão amigável às propostas totalitárias do PT. Mas, como Joice Hasselmann corretamente lembrou, “construção de hegemonia” é uma das prioridades bolivarianas. Com a hegemonia, o pensamento dissidente não é tolerado. Além de censurar a mídia, uma das formas de se construir a hegemonia é através do uso de coletivos não-eleitos do PT, ou melhor, os sovietes. Basicamente, esses grupos unidos, que não representam sequer 5% da população brasileira, são usados para que o governo finja falar com “a sociedade civil” ou até “o povo”. Mesmo que você não tenha eleito nenhum membro desses grupelhos, que se locupletam de verbas estatais para fazer pressão sobre o Congresso. Ora, se esses conselhos aparelhados pelo governo passam a “dirigir” as ações do Congresso, então seu voto não vale mais nada. (Tome cuidado não apenas com o Decreto 8243, como também com as tentativas de projetos similares a serem tentadas pelo PT e suas linhas auxiliares)


3. Luta contra a Assembléia Constituinte (que o PT diz ser por “reforma política”)
O que todos os ditadores mal intencionados fazem? Mexer na Constituição a fim de obter plenos poderes. Isso só pode ocorrer via Assembléia Constituinte. É exatamente por esse motivo que o governo diz que a “reforma política” só pode ocorrer via Assembléia Constituinte. O que eles não te contam é que uma vez iniciada essa assembléia, seus membros possuem plenos poderes para redigir uma nova Carta Magna. Agora uma pergunta: por que uma reforma política só poderia ocorrer por “assembléia constituinte”? A própria estipulação da reeleição não precisou de Assembléia Constituinte. É claro que é golpe.


4. Luta contra a unificação das polícias
Está bem óbvio para que serve essa iniciativa, não? Dilma pode até tentar te enrolar dizendo que isso dará “maior coordenação às ações policiais”, mas toda coordenação é possível entre entidades separadas. Leis protegendo o indivíduo de excessos policiais são independentes de uma estrutura hierárquica única. Vamos ser claros: assim como a Gestapo servia a um projeto de poder, a unificação das polícias serve para facilitar o uso de toda a estrutura de coerção estatal em prol de um projeto ditatorial. Como sempre fizeram marxistas, nazistas e fascistas.


5. Luta contra o aparelhamento estatal como base de um projeto de poder
É inevitável que um governante eleja pessoas de sua confiança para determinados cargos. É um debate urgente o estabelecimento de critérios para evitar “apadrinhados” em posições estratégicas. Mas nem é disso que estamos falando. Falamos de um outro nível em termos de aparelhamento estatal, onde todo o estado é colocado em prol de um projeto de poder. Como visualizamos isso na prática? Os exemplos são intermináveis.

Como no caso do uso dos Correios para distribuir correspondência sem chancela do PT, e, ao mesmo tempo, esconder correspondências da campanha de Aécio.


Ou o uso do cadastro dos beneficiários do Minha Casa Minha Vida para envio de e-mails com terrorismo psicológico em época de eleição.

Os diretores e gerentes de alto escalão das estatais são nomeados com base nos quadros do partido. O aparelhamento estatal na escala petista é definitivamente o uso do estado em prol do partido, não mais do povo. Devemos também ser vigilantes com os juízes escolhidos pelo PT para o STF e TSE. Tudo faz parte do projeto de aparelhamento estatal.


6. Luta contra o saqueamento do estado em nível stalinista
O principal discurso do PT sobre a corrupção é baseado em dizer que “todos fazem igual”. Nada pode ser mais falso. Com o PT a corrupção no governo chegou aos níveis stalinistas, onde definitivamente se perde a vergonha. As delações e provas de casos como Mensalão e Petrolão provam que não há paralelos com a corrupção petista, se olharmos governos anteriores. Mas daí é só olhar como vivem pessoas como Fidel Castro, Nicolas Maduro e Cristina Kirchner que tudo se explica. Todos vivem com sultões. Com certeza, bobos eles não são.


7. Luta contra violação da soberania nacional devido ao Foro de São Paulo
Se a censura de mídia é a linha de fundo para o governo petista, a base de tudo está aqui: o Foro de São Paulo. Todos os países bolivarianos pertencem à essa organização. Há teses dizendo que o PT deveria ser fechado por estar subordinado a uma organização estrangeira, mas até mesmo as atas do Foro não demonstram qualquer tipo de subordinação formal. Então não vou por esse caminho. Mas é um fato que todos os países cujos partidos integram o Foro estão alinhados e seguem o modelo bolivariano. Uma exceção é Cuba, que já ultrapassou o limite do bolivarianismo, baseado em dissimulação para estabelecer uma ditadura, já que os castristas nunca esconderam serem uma ditadura tradicional. Mesmo assim, Cuba é parte do Foro. A Venezuela caminha a largos passos para se tornar uma Cuba. É por causa de alinhamento com essa escória da liderança política latina que o Brasil envia tanto dinheiro para Uruguai e Cuba, por exemplo. Nada disso atende aos interesses do povo brasileiro, mas aos interesses de gente como Castro e Mujica. É claramente uma violação da soberania nacional, além do uso de nosso dinheiro de impostos para aumentar o poderio de nações que chegam a enviar seus ministros ao Brasil para treinar coletivos não-eleitos do PT em ações de guerrilha. Este é o caso de Elias Jauá Milano, vice-presidente e ministro do Poder Popular para Comunas e Movimentos Sociais da Venezuela, que assinou várias parcerias com o MST.


Aí as consequências são óbvias. A Venezuela está se tornando Cuba, a Argenta está se tornando Venezuela, e o Brasil está se tornando Argentina. Para depois se tornar Venezuela. Este é o continuum do processo bolivariano.

Agora vejam um resumo: imagine o PT sem conseguir censurar a mídia, reformar a Constituição, ter uma Gestapo, usar coletivos não-eleitos para impor hegemonia de pensamento e pressão sobre o Congresso, aparelhar o estado, saquear nossas riquezas e fazer parcerias com países bolivarianos que já destruíram suas economias e conquistas civilizacionais. Sem esses pontos, o PT não consegue implantar sua ditadura perfeita.

E aí, e somente aí, terá finalmente que trabalhar de verdade para corrigir seus desastres econômicos, já que não terá uma mídia adestrada e censurada para esconder seus fracassos. Será obrigado a aturar a oposição, pois não terá uma polícia unificada para perseguir opositores. Terá que aturar o Congresso abrindo CPI’s, pois os coletivos não-eleitos do partido não podem exigir que esses deputados e senadores se submetam à vontade de grupelhos do governo.

E daí por diante.

Pode-se questionar: “Luciano, e a questão do impeachment de Dilma?”. Esses são os itens 5 e 6. Em caso de provas contundentes dos casos do Petrolão, pode-se pensar em impeachment. Mas a agenda não é impeachment da Dilma, mas a investigação dos escândalos de corrupção em um nível stalinista. Claro que diante das provas documentais de Youssef que podem aparecer vale pensar em impeachment. Outra questão possível: “E a anulação das eleições?”. Bem, ao que parece o PSDB tem a oportunidade agora de auditar as eleições. Se surgirem provas incontestáveis, isso pode se tornar um caso, mas por enquanto não há motivos para impugnar eleições. Ademais, isso não é prioridade. E os gatos pingados que “pedem intervenção militar”? Já falei suficientemente sobre isso em outros textos, mas cabe ressaltar: não faz sentido uma proposta republicana pedir ação ditatorial. Deixemos os militaristas ficarem no mesmo espectro politico que os bolivarianos. Uma agenda republicana deve se opor à intervenção militar.

Esses 7 itens para uma luta poderiam constituir uma proposta republicana indo além de pensamentos de direita e esquerda. É a luta de pessoas que não aceitam escravidão, barbárie e  tirania. E, por suas prioridades, atingiriam o PT aonde mais dói para eles: o seu projeto de ditadura perfeita.