quarta-feira, 15 de abril de 2015

Os índios e o golpe na Constituição Por que você deve ler essa coluna “apesar” da palavra índio


    Os índios vão ocupar Brasília nesta semana. Ao escrever a palavra “índio”, perco uma parte dos meus leitores. É uma associação imediata: “Índio? Não me interessa. Índio é longe, índio é chato, índio não me diz respeito”. E, pronto, clique fatal, página seguinte. Bem, para quem ainda está aqui, uma informação: mais de mil lideranças indígenas ocupam Brasília de 13 a 16 de abril em nome dos seus direitos, mas também em nome dos direitos de todos os brasileiros. Há um golpe contra a Constituição em curso no Congresso Nacional. Para ser consumado, é preciso exatamente o seu desinteresse.


    Guarde essa sigla e esse número: PEC 215. Quando se fala em PEC 215, só a sigla e o número já afastam as pessoas, porque neles estão embutidos toda uma carga de burocracia e um processo legislativo do qual a maioria da população se sente apartada. Os parlamentares que querem aprová-la contam com esse afastamento, porque a desinformação da maioria sobre o que de fato está em jogo é o que pode garantir a aprovação da PEC 215.



     Se durante séculos a palavra escrita foi um instrumento de dominação das elites sobre o povo, hoje é essa linguagem, é essa terminologia, que nos faz analfabetos e nos mantém à margem do centro do poder onde nosso destino é decidido. É preciso vencer essa barreira e se apropriar dos códigos para participar do debate que muda a vida de todos. A alienação, desta vez, tem um preço impagável.


    O que é uma PEC? PEC é uma Proposta de Emenda à Constituição. Um instrumento para, em tese, aprimorar a Constituição de 1988. O que essa PEC, a 215, pretende, em resumo, é transferir do Executivo para o Congresso o poder de demarcar terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação. Só que o resumo, como a gente sabe, nunca explica muita coisa. O direito ao território ancestral é uma garantia fundamental da Constituição porque a terra é parte essencial da vida dos índios. Sem ela, condena-se povos inteiros à morte física (genocídio) e cultural (etnocídio). Isso explica por que, em 2012, um grupo de Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul pediu, numa carta aos brancos, que fossem declarados mortos. Preferiam ser extintos a ser expulsos mais uma vez:


    “Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais”.



    Sem a terra de seus ancestrais, um índio não é. Não existe. Os Guarani Kaiowá, uma das etnias em situação mais dramática do Brasil e possivelmente do mundo, testemunham o suicídio de um adolescente a cada seis dias, em geral enforcado num pé de árvore, por falta de perspectiva de viver com dignidade no território dos seus antepassados. Por isso esse grupo afirmou que preferia morrer a ser expulso, mais uma vez, porque pelo menos homens, mulheres e crianças morreriam juntos, já que os indígenas se conjugam no plural, e morreriam no lugar ao qual pertencem.

     

    O pacote maligno


    Esses parlamentares não querem aprimorar a Constituição, mas dar um golpe nela
    O poder de demarcar terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação é atribuído ao Executivo pela Constituição não por acaso, como se fosse um jogo de dados, em que a sorte determina o resultado e tanto faz. Foi atribuído por critérios claros, estudados em profundidade, com o objetivo de reconhecer direitos e proteger o interesse de todos os brasileiros.


    É o Executivo que tem a estrutura e as condições técnicas para cumprir o rito necessário à demarcação, desde equipes capacitadas para fazer os estudos de comprovação da ocupação tradicional até a resolução de conflitos e a eventual necessidade de indenizações. Da mesma forma, é bastante óbvio que a criação de áreas de preservação são parte estratégica da política social e ambiental de qualquer governo.



    Quando os parlamentares tentam tirar o poder de demarcação do Executivo para entregá-lo a eles próprios, o que estão tentando fazer não é aprimorar a Constituição, mas dar um golpe nela. Na prática, a PEC 215 é apenas a pior entre as várias estratégias em curso para acabar com os avanços da Constituição no que diz respeito à preservação do meio ambiente e aos povos indígenas, aos quilombolas e aos ribeirinhos agroextrativistas que o protegem.



    Na prática, se a PEC 215 for aprovada, o mais provável é a paralisação do processo de demarcação de terras indígenas e quilombolas, assim como a paralisação da criação de unidades de conservação. É nesse ponto que a PEC 215 passa a ameaçar também o direito fundamental de todos os brasileiros a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e, por extensão, ameaçar o direito à vida.


    A PEC 215, a qual espertamente foram sendo juntados vários penduricalhos perigosos, tornou-se uma espécie de pacote maligno. Ela também pretende determinar que apenas os povos indígenas que estavam “fisicamente” em suas terras na promulgação da Constituição de 1988 teriam direito a elas.



    Assim, todos aqueles que foram arrancados de suas terras tanto por grileiros quanto pelos projetos de ocupação promovidos pelo Estado, seriam agora expulsos em definitivo. A proposta aqui é legalizar o crime, já que os índios tirados de suas terras pela força lá atrás seriam “culpados” por não estarem nelas, perdendo-as para sempre. Parece coisa de maluco, mas é isso que se defende. Ao investigar os crimes da ditadura, a Comissão Nacional da Verdade constatou que, em apenas dez etnias, 8.350 índios foram assassinados.



    A reparação por meio da demarcação e da recuperação ambiental de suas terras foram consideradas medidas mínimas e indispensáveis para a restauração da justiça.



    Se a PEC 215 passar, por um lado não se demarca mais terras indígenas, por outro, é retirada a proteção daquelas que já estavam garantidas



    Mas há algo ainda pior na PEC 215. Ela pretende abrir exceções ao usufruto exclusivo dos povos indígenas, como arrendamentos a não índios, permanência de núcleos urbanos e propriedades rurais, construção de rodovias, ferrovias e hidrovias. Busca também revisar os processos de demarcação em andamento, assim como impedir a ampliação de terras já demarcadas. Há ainda o risco de a PEC 215 abrir espaço, se aprovada, para que as terras já asseguradas sofram modificações segundo os novos critérios. Para entender: se a PEC 215 passar, o que pode acontecer é que, por um lado, não há demarcação de novas terras; por outro, é retirada a proteção daquelas que já estavam garantidas.

    As mãos por trás do golpe

    Este é um mundo perfeito para quem? Para mim, para você? Acredito que não. Mas é para alguns. Sempre é para alguns. Basta ver quem está no comando da comissão da PEC 215 para entender. Toda a coordenação é da chamada “bancada ruralista”. Mas é importante compreender de que ruralistas estamos falando, para não reforçar uma falsa oposição com os produtores rurais do Brasil, com aqueles que de fato têm interesse em colocar o alimento na mesa dos brasileiros. Um mundo sem terras indígenas e sem unidades de conservação seria bom para quem produz alimentos para o país?



    Me parece que não. Produtores rurais inteligentes e com espírito público, sejam eles pequenos ou grandes, sabem que precisam de água para produzir. Se precisam de água pra produzir, precisam de floresta em pé. Se precisam de floresta em pé, precisam de terras indígenas e de áreas de conservação.



    Então, se este mundo não é bom nem para mim nem para você nem para quem produz alimentos, para quem este mundo é bom? Sempre é possível ter uma pista seguindo o dinheiro. No caso, o dinheiro do financiamento das campanhas. Segundo o Portal de Políticas Socioambientais, em análise feita a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo menos 20 dos quase 50 deputados da comissão especial que analisa a PEC 215 foram financiados por grandes empresas do agronegócio, de mineração e de energia, por empreiteiras, por madeireiras e por bancos. Alguns destes parlamentares receberam, sozinhos, mais de um milhão de reais de empresas ligadas a esses segmentos.



    Este é um capítulo importante para compreender os porquês. Tanto as terras indígenas quanto as unidades de conservação são terras públicas. Aos povos indígenas cabe o usufruto dessas terras. As unidades de conservação são parques e florestas nacionais, estações ecológicas, reservas extrativistas ou biológicas, refúgios da vida silvestre etc, que pertencem a todos nós e que são criadas para impedir a exploração predatória e proteger a biodiversidade, estratégica para o desenvolvimento sustentável.
    O objetivo é transformar terras públicas e protegidas em terras privadas para a exploração e o lucro de poucos


    Como então colocar a mão nessas terras públicas e protegidas (ou que ainda deverão ser protegidas), terras que são patrimônio de todos os brasileiros, para que elas possam se tornar privadas, para a exploração e o lucro de poucos? Desprotegendo essas terras. E como fazer isso? Dando um golpe na Constituição. Mas como dar um golpe na Constituição? Travestindo esse golpe de legalidade pelo processo legislativo. Junta-se a isso um governo fragilizado, com baixa aprovação popular e pouco apoio até mesmo entre suas bases, e o Congresso mais conservador desde a redemocratização. Pronto, estão dadas as condições para o crime.


    Se depois o Supremo Tribunal Federal considerar inconstitucional a emenda, anos já se passaram e tanto a privatização do que é público quanto a devastação de biomas como a floresta amazônica e o Cerrado já se tornaram fatos consumados. E o Brasil, como se sabe, é o país do fato consumado. Basta acompanhar a trajetória de Belo Monte, que entre ilegalidades constantemente denunciadas, várias ações movidas pelo Ministério Público Federal e a suspeita de pagamento de propinas pelas empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, vira fato consumado à beira do Xingu. Quando finalmente chegar ao Supremo, já será tarde demais.

     

     

    Os índios, esses estrangeiros nativos


    A conversão do público para o privado, em benefício dos grandes interesses particulares de exploração da terra e dos recursos naturais do Brasil, é o que está na mesa nesse jogo de gente bem grande. Cabe à população brasileira se informar e participar do debate, se concluir que este não é o projeto de país que deseja. Por causa dos povos indígenas, dos quilombolas, dos ribeirinhos? Me parece que seria motivo mais do que suficiente. Sobre os índios, em especial, aqueles que têm grandes interesses nas riquezas das terras que ocupam, costumam espalhar preconceitos como o de que seriam “entraves ao desenvolvimento” e o de que não seriam índios “de verdade”. Mas entraves a qual desenvolvimento e ao desenvolvimento para quem? E o que seria essa categoria, “um índio de verdade”?


    Vale a pena examinar os preconceitos de perto, para perceber que eles não param em pé depois de um confronto mínimo com a realidade. Para começar, não existe “o” índio, mas uma enorme diversidade na forma como cada um dos 242 povos indígenas listados pelo Instituto Socioambiental dá sentidos ao que chamamos de mundo e se vê dentro do mundo – ou dos mundos. O Brasil lidera o ranking dos 17 países mais megadiversos, em grande parte por causa dos povos indígenas.



    Por países megadiversos compreende-se aqueles que concentram a maior parte da biodiversidade do mundo e, portanto, da sua preservação depende o planeta inteiro. Essa é maior riqueza do Brasil, mas a ganância de poucos e a ignorância de muitos a ameaça e destrói, colocando em risco a vida de todos.


    No atual Congresso não há nenhum representante indígena


    Os povos indígenas, guardiões da biodiversidade, são silenciados também pela simplificação, às vezes apenas burra, em geral mal intencionada, de fazê-los parecerem um só, chapados como “entraves ao desenvolvimento”. Estima-se que havia mais de mil povos indígenas quando os europeus desembarcaram no Brasil. Hoje, parte dos parlamentares do atual Congresso não mede esforços para completar o genocídio iniciado 500 anos atrás.


    Quando a Constituição assegurou os direitos dos povos indígenas, em 1988, não criou direitos novos, apenas reconheceu direitos pré-existentes, já que eles estavam aqui antes de qualquer europeu. Legalmente, não se trata de “dar” terra aos povos indígenas, mas apenas de demarcar a terra que sempre foi deles. Nesse processo, de responsabilidade do Executivo, é preciso indenizar aqueles fazendeiros e agricultores que possuem títulos legais de propriedade (e o “legais” aqui deve ser bem sublinhado), dados pelos governos nos tantos projetos de ocupação, gente que não têm a menor culpa de ter sido despachada com suas famílias para território indígena. Pela Constituição, o Estado tinha um prazo de cinco anos para demarcar as terras indígenas. Como sabemos, passaram-se mais de 25 anos e dezenas delas ainda não foram demarcadas.



    Como também sabemos, a ilegalidade faz mal ao país: os conflitos de terra que se espalham pelo Brasil, semeando cadáveres, são resultado da demora em cumprir a Constituição, sobre a qual a bancada ruralista tenta agora dar um golpe. Vale lembrar ainda que os direitos fundamentais são colocados na Constituição também para que a maioria de ocasião não possa ameaçá-los em nome de seus interesses. A importância dessa proteção fica mais clara se prestarmos atenção à atual composição do Congresso: há dezenas de ruralistas e nenhum indígena.


    No capítulo “mentiras & manipulações” sobre os povos indígenas há pelo menos três linhas de não pensamento bastante populares no Congresso e fora dele. Há os “atrasadistas”, gente que estudou e que coleciona diplomas, mas prefere ignorar a Antropologia e pensadores da estatura de Claude Lévi-Strauss, para considerar que os índios são “atrasados”. Para estes, existe uma cadeia evolutiva única e inescapável entre a pedra lascada e o Ipad. Não conseguem – ou não querem – ter a amplidão mínima de pensamento para compreender a multiplicidade de escolhas e de caminhos possíveis para a trajetória de um povo. Tampouco alcançam perceber que são essas as diferenças que formam a riqueza da experiência humana. E, claro, preferem se “esquecer” do que o tipo de “progresso” que defendem causou ao planeta.


    O ápice da evolução: de “índio falso” a “pobre legítimo”


    A segunda linha de não pensamento é a dos “fiscais de autenticidade”. Quando a classificação dos índios como “atrasados” e “entraves ao desenvolvimento” falha, trata-se então de dizer que, sim, os índios têm direitos, mas só os “de verdade”. Haveria então os não legítimos, aqueles que falam português, usam celular e gostam de assistir à TV ou andar de carro. Nessa lógica abaixo da linha da estupidez, os brasileiros que falam inglês, vão à Disney, preferem rock ao samba e ultimamente andam gostando de torcer por times europeus de futebol, também poderiam ser considerados falsos brasileiros e perder todos os seus direitos. Nessa altura da história humana e com tanto conhecimento produzido era de se esperar um pouco mais de sofisticação na compreensão daquilo que faz de alguém o que é.


    Quando as duas mentiras anteriores são desmascaradas, aparecem os “bons samaritanos” para salvar a Pátria – deles. Estes acham que quem gosta de mato é antropólogo e ambientalista e que o sonho dos indígenas, o sonho mesmo, no “íntimo do seu intrínseco”, é viver em nossas maravilhosas favelas e periferias, com esgoto serpenteando na porta e polícia dando tiro nas escadarias, à custa de Bolsa Família e cesta básica. Este seria o ápice da evolução: de “índio falso” a “pobre brasileiro legítimo”. Quem, afinal, poderia resistir a tal progresso na vida?


    Um golpe na Constituição aqui e acolá e estes bons samaritanos chegam ao ponto ótimo: ajudam os índios que não conseguiram matar a virar pobres e, pronto, para que terra para índio, se já não existe índio? A ignorância só perde para a má fé. Mas é com preconceitos como estes, espertamente disseminados e manipulados, que se tenta transformar os indígenas numa espécie de estrangeiros nativos, como se os “de fora” fossem aqueles que sempre estiveram dentro. Essa xenofobia invertida seria apenas nonsense, não fosse totalmente perversa, a serviço de objetivos bem determinados.

    Aderir ou pensar?


    Há muita terra para pouco índio? Não. Como costuma dizer o socioambientalista Márcio Santilli, “há muita terra para pouco fazendeiro”. Segundo o Censo de 2010 do IBGE, há 517 mil índios aldeados em menos de 107  milhões de hectares de terras indígenas, o equivalente a 12,5% do território brasileiro. E onde estão essas terras? Mais de 98% delas estão na Amazônia Legal – e menos de 2% fora de lá. Já os 46 mil maiores proprietários de terras, segundo o Censo Agropecuário do IBGE, exploram uma área maior do que essa: mais de 144 milhões de hectares.


    Sobre a realidade da concentração fundiária no país, que continua a crescer, o Cadastro de Imóveis Rurais do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) mostra que as 130 mil grandes propriedades rurais particulares concentram quase 50% de toda a área privada cadastrada no Incra. Já os quase quatro milhões de minifúndios equivalem, somados, a um quinto disso: 10% da área total registrada. Em entrevista ao jornal O Globo, o pesquisador Ariovaldo Umbelino de Oliveira, coordenador do Atlas da Terra, afirmou que quase 176 milhões de hectares são improdutivos no Brasil. Prestar atenção nos números já é um começo para pensar, em vez de simplesmente aderir.


    Muita terra para pouco índio? Não. Muita terra para pouco fazendeiro


    Falta espaço para a produção de alimentos no país? Tudo indica que não. Num país com essa quantidade de terras destinada à agropecuária e com essa concentração de terras na mão de poucos, afirmar que o problema do desenvolvimento são os povos indígenas só não é mais ridículo do que Kátia Abreu, a latifundiária que diz não existir mais latifúndio no Brasil e hoje ministra da Agricultura, afirmar que “o problema é que os índios saíram da floresta e passaram a descer na área de produção”.


    Os índios, esses invasores do mundo alheio. Mas é assim que a história vai sendo distorcida ao ser contada para a população.



    Então, sim, respeitar os direitos dos povos indígenas já seria um motivo suficiente para lutar contra a PEC 215. Mas a PEC 215 não ameaça apenas os povos indígenas e as populações tradicionais. Ela ameaça a vida de todos os brasileiros. E por quê? Porque se temos floresta em pé é por causa dos povos indígenas e das populações tradicionais, são eles a pedra no caminho de um tipo de exploração que, depois de consumada, lucros privatizados na mão de poucos, deixa para nós todos o custo da devastação. E agora, nos estados da região sudeste, nós finalmente compreendemos, com o colapso da água, qual é o custo da devastação.



    Nós finalmente começamos a compreender o quanto corroemos a nossa vida cotidiana ao destruir as florestas e ao contaminar os rios. Não é mais algo subjetivo, uma abstração, mas algo bem concreto. Não é mais um futuro distante, é aqui e é agora. Não são mais os nossos netos, mas os nossos filhos que sofrerão e já sofrem com esse planeta mastigado. Assim como nós mesmos. E só está começando.


    Lutar democraticamente para barrar a PEC 215 não é uma atitude altruísta, não é um esforço para respeitar os direitos indígenas, não é algo que fazemos porque somos pessoas bacanas, gente do bem. Barrar a PEC 215 é atender ao nosso instinto de sobrevivência num mundo em que as mudanças climáticas são possivelmente o maior desafio da história humana nesse planeta, que é o único que temos e que destruímos. Se o golpe à Constituição for consumado, o meio ambiente no Brasil perderá boa parte das barreiras que ainda impedem a devastação, reunindo condições e abrindo espaço para a aceleração da corrosão da vida.



    Há muita atenção da imprensa e da população sobre os protestos nas ruas do Brasil. O curioso é que, quando são os índios que ocupam o espaço público, apesar de todo o seu colorido, de sua fascinante diversidade, eles correm o risco de tornar-se automaticamente invisíveis. Sua dor, sua morte e sua palavra parecem não existir – ou existir apenas no diminutivo. O olhar dos não índios os atravessa. Desta vez, ainda que por instinto de sobrevivência, seria conveniente enxergá-los.



    Mas, claro, sempre podemos concluir que o melhor para todos nós é viver cercado de cimento, fumaça e rios de cocô.



    Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas. Site: descontecimentos.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter: @brumelianebrum

    “Nos últimos 20 anos, homicídios no Brasil superam os da guerra no Vietnã”. Violência no Brasil é considerada uma crise endêmica

    Turista espanhol morre durante um assalto em Salvador

    Dois homens foram atingidos a tiros dentro do carro alugado na região de Itapuã

    A vítima fatal, de 37 anos, havia chegado ao Brasil no mesmo dia para passear



    Um turista espanhol foi morto, e outro ficou ferido por tiros nesta segunda-feira numa tentativa de roubo de carro em Salvador, na Bahia. A vítima fatal, Hugo Calavia, de 37 anos, viajava como turista por vários países da América Latina. Tinha chegado no mesmo dia ao Brasil, vindo do Equador, segundo o jornal O Globo. O homem ferido, que continua no hospital, é Alberto Aroz, de 36 anos, que trabalha numa empresa de engenharia em Salvador, segundo a Agência Efe.


    Os amigos estavam dentro de um carro alugado no estacionamento de um bar na região de Itapuã quando dois homens atiraram contra eles. Um dos tiros atingiu Calavia na cabeça e o matou na hora, segundo fontes da investigação citadas pela Efe. Já Aroz foi ferido no tórax e no pé. Os assaltantes levaram o carro, um Ford EcoSport preto.


    O crime faz lembrar de outro, ocorrido em 2012 em São Paulo, quando o carro em que estava um dos filhos de Alberto Ruiz-Gallardón, então ministro da Justiça da Espanha, foi assaltado num dos bairros mais exclusivos da cidade. José Ruiz-Gallardón, de 26 anos, conseguiu escapar do carro depois que os assaltantes atiraram no peito de seu amigo, o italiano Tommaso Lotto, de 27 anos, que morreu poucas horas depois.


    Mais de 112.000 pessoas morreram de forma violenta no Brasil em 2012, segundo os dados mais recentes do Mapa da Violência 2014. Desses, 56.300 foram vítimas de homicídios. Desde 2002, no Estado da Bahia triplicaram esses casos.



    Segundo outro relatório, o Anuário de Segurança Pública (que usa dados de 2013), a cada 10 minutos uma pessoa é assassinada no Brasil. Em 2013, 53.600 pessoas morreram vitimadas por crimes violentos. A taxa de homicídios (26,6 por 100.000 habitantes) é muito menor que a de Honduras (90,4) e a da Venezuela (53,7), mas o relatório chama a situação no Brasil de “crise endêmica”.

    Crime hediondo também é roubar da Educação, Saúde, Segurança e Transporte. Mais grave ainda das crianças. Deram para roubar até o dinheiro da merenda de crianças matriculadas em creches




    Deram para roubar até o dinheiro da merenda de crianças matriculadas em creches 

     

    Deveria existir ética para tudo, até mesmo para o roubo. 

    Na cadeia não existe uma ética particular quando ali os presos se recusam a conviver com estupradores? A mesma coisa não se passa também em áreas pobres das grandes cidades dominadas pelo tráfico de drogas? Estuprador não tem vez.



     
    E então? É condenável, mas quase não choca ninguém, a prática do pagamento contra a lei de altos salários no serviço público.  



    Em Niterói, por exemplo, descobriu-se que cinco funcionários da prefeitura, somente em novembro último, receberam R$ 307.04,00. Revoltante? É. Mas no país onde um presidente já se elegeu combatendo os salários escandalosos dos marajás, acaba saindo na urina.



     
    Esse presidente – você sabe de quem falo – depois foi deposto acusado de corrupção. O que dá vontade de pegar em armas é quando vem à luz episódios como o que acaba de acontecer em São Gonçalo, interior do Rio. Foi desarticulada uma quadrilha suspeita de desviar recursos públicos destinados à alimentação de crianças matriculadas em oito creches conveniadas com a prefeitura.



     

    Cerca de R$ 5,2 milhões foram desviados do município e mais de 700 crianças saíram prejudicadas.  Quer dizer: estão roubando até merenda escolar. E não de escolas, mas de creches. 


     Ouso imaginar que nem traficante do Morro do Alemão seria capaz de fazer uma coisa dessas.


     
    Roubalheira existe por toda parte. Mas se o mau exemplo vem de cima e a impunidade quase sempre vence, ela se alastra e se enraíza fortemente.  Pelo que se anda vendo nos protestos de ruas, os brasileiros, afinal, parecem ter despertado para isso. 



     

    Por: Ricardo Noblat - Blog do Noblat

     

    Mais um petista preso por corrupção - como de hábito o bandido preso faz parte da direção do PT = Perda Total = é tesoureiro


    Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é preso em São Paulo

     

    Detido será levado a Curitiba, em uma nova fase da operação Lava-Jato, informou a Polícia Federal  

     

    O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso nesta quarta-feira na 12 ª fase da Operação Lava-Jato.

    A informação foi confirmada pela Justiça Federal do Paraná. A Polícia Federal convocou para às 10h, em Curitiba, uma entrevista coletiva para anunciar os detalhes da prisão. O PT também confirmou a detenção de seu tesoureiro. Vaccari foi preso em sua casa em São Paulo e será levado ainda nesta quarta-feira à superintendência da PF em Curitiba.
    Mais um bandido petista preso

    Na semana passada, em depoimento à CPI da Petrobras, o ex-tesoureiro do PT deu respostas evasivas e repetidas para defender a legalidade das doações eleitorais recebidas pelo PT e negou ter tratado sobre finanças do PT com o doleiro Alberto Youssef e ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Os dois são delatores da Operação Lava-Jato e o acusam de ter recebido recursos decorrente de propinas pagas por empreiteiras contratadas pela Petrobras.

     
    Estão sendo cumpridos um mandado de prisão temporária, um de preventiva, um de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento, e outro de busca e apreensão. Todos os mandados serão cumpridos em São Paulo.  A Operação Lava -ato foi deflagrada pela PF em março e 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.  


    A última fase da operação foi deflagrada na última sexta-feira e prendeu sete pessoas. Entre elas três ex-deputados federais: André Vargas, Luiz Argôlo (SDD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE).



    Fonte: O Globo 


    87% são a favor da redução da maioridade penal, revela pesquisa DataFolha


    Datafolha: 87% são a favor da redução da maioridade penal

     

    É o maior percentual já registrado pelo instituto desde a primeira pesquisa sobre o tema, em 2003

     

    Pesquisa Datafolha realizada na semana passada e divulgada nesta quarta-feira no jornal "Folha de S.Paulo" revela que 87% dos entrevistados são a favor da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Entre os favoráveis, a maioria - 74% - defende a redução para qualquer crime. E 26% acham que a redução deve valer apenas para determinados delitos.

     
    É o maior percentual já registrado pelo Datafolha desde a primeira pesquisa realizada sobre o tema, em 2003, e também em um segundo levantamento em 2006, quando 84% foram favoráveis à redução da idade. Entre os entrevistados 11% são contrários à mudança, indiferentes, 1%, e não souberam responder, 1%. Para 45%, 16 e 17 anos são a idade mínima para uma pessoa ir para a cadeia. Já 28% acham que a idade mínima é entre 13 e 15 anos. E 12% apontam de 18 a 21 anos. Outros 11% citam até 12 anos.
     
     
    A maior aprovação à proposta de reduzir a maioridade está nas regiões Centro-Oeste 
    (93%) e Norte (91%), enquanto a maior rejeição está entre os que têm ensino superior (23%) e os que têm renda de mais de dez salários mínimos (25%). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.


    Joaquim Levy admite queda do PIB em 2015 = médico vai operar paciente, mas sabe que ele não resistirá



    Levy admite retração do PIB neste ano

    O ministro evitou dar números, mas disse que o ministério incorporou a expectativa de retração do PIB às previsões oficiais

    O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu hoje (14) que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) em 2015 deve encerrar o ano com variação negativa.  
     
     
     
    Ele evitou dar números, mas disse que o ministério incorporou a expectativa de retração do PIB às previsões oficiais.  “Hoje, o mercado tem essa avaliação [de que o PIB vai cair em 2015]. Nos nossos documentos, usamos as informações do mercado. Essa tradição a gente adotou”, disse Levy ao deixar o Ministério da Fazenda.


     
    O ministro também comentou o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), que projetou em 1% a queda do PIB brasileiro este ano. Segundo ele, o ponto mais importante do documento não são projeções para a atividade econômica, mas o apoio às medidas de ajuste fiscal postas em prática neste ano.  
     
     
    “O FMI tem algumas avaliações. Acho que, em particular, chamou atenção a importância de o Brasil concluir o mais rápido possível o programa do ajuste fiscal, até para a gente voltar a crescer. É uma mensagem bastante consistente dessa estratégia da presidente Dilma de acertar as coisas agora e a gente ter base para fazer a retomada do crescimento, inclusive da agricultura”, afirmou Levy, que saiu do prédio acompanhado da ministra da Agricultura, Kátia Abreu.
    Fonte: Agência Brasil 
     
    BLOG PRONTIDÃO TOTAL

    Propriedade privada em perigo!!!Dilma indica o preferido do MST para o STF.


    quarta-feira, 15 de abril de 2015




    Se a lei não mudar, ela ainda poderá escolher o preferido do MTST, o da CUT, o do Jean Wyllys, o das abortistas, o da esquadrilha da fumaça… Aí é só importar o Nicolás Maduro!




     
    Vamos dizer tudo para aborrecer um monte de gente? Vamos.  


    O Brasil cobra de nós essa clareza. A presidente Dilma Rousseff indicou mesmo o nome do jurista Luiz Edson Fachin para a vaga aberta no Supremo. Ele tem de ser agora sabatinado pelo Senado. Se acontecer, e deve acontecer, o que se deu das outras vezes, trata-se de mera formalidade, e um Poder da República deixa de exercer a sua prerrogativa, alheio aos destinos do Judiciário e aos interesses do país.



    Só para que vocês saibam: o Planalto usou táticas de despiste. Dilma fez essa escolha há mais de um mês.



     Outros nomes que andaram frequentando a lista eram puro jogo de cena. Nem os candidatos sabiam que estavam sendo enganados. 

    E isso é uma informação, não um chute. 


    Fachin pode chegar lá e fazer um belo trabalho? Até pode. Se acontecer, farei o óbvio: vou elogiá-lo aqui. Militância política, contexto e circunstâncias, no entanto, nos levam a ficar com um pé atrás. Vamos ver.


    Fachin é o candidato de João Pedro Stedile — sim, eu estou me referindo ao chefão do MST.  

    O próprio Lula pensou em indicar o professor em 2010, com a vaga aberta com a aposentadoria de Eros Grau. Desistiu depois de uma conversa com ele. Considerou-o, na linguagem sindical, “basista demais”. Traduzo: deixava-se levar excessivamente pelo alarido dos movimentos de esquerda.

    Há uma semana, escrevi aqui que o coração de Dilma pulsava por Fachin. Destaquei naquele texto um artigo pavoroso que ele escreveu para o site Consultor Jurídico. Num dado momento, afirma ele: “Se o conselho que se dava aos juízes antigos da Itália era ‘não use a testa, use o texto’, hoje a máxima pode ser reinventada para ‘use a testa, não esquecendo do texto e seu contexto’”. 

    É ruim.  

    Se alguém invade a minha propriedade, por exemplo, da qual sou dono legítimo, o texto — que ou está em primeiro lugar ou se abre a chance para o arbítrio diz que o invasor tem de sair.  



    Segundo Fachin, um juiz deve, claro, levar isso em conta, mas, em primeiro lugar, ele tem de usar a “testa” isto é, a opinião idiossincrática que, originalmente, independe do texto — para, só então, voltar-se ao que está escrito. E isso ainda não será o bastante. Haverá que ver também o contexto. 


    Mais: Fachin se mostra excessivamente preocupado em criticar o juiz do “Estado Liberal” — sim, ele fala do liberalismo propriamente, com o sotaque de quem considera tratar-se de uma etapa superada da história da humanidade.


    De resto, como lembrei num post de ontem, Fachin se transformou também no candidato de Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo, mas enfrentava a resistência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que agora se comprometeu a trabalhar em favor do seu nome no Senado. Cumpre-me, então, lembrar:


    1. Renan foi denunciado ao Supremo por Roberto Gurgel, então procurador-geral da República, em 2013, por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso. A investigação deriva de 2007. Ele é acusado de ter comprado notas frias para provar que tinha renda para arcar com a pensão de um filho que teve fora do casamento.


    2. O relator do caso no Supremo é o ministro Lewandowski, que, até agora, não se pronunciou sobre o caso.  Nem aceitou nem rejeitou a denúncia. E Lewandowski é aquele que passou a fazer lobby escancarado em favor de Fachin.


    3. Quando ministros chegam à presidência do Supremo, costumam deixar casos dessa natureza. Lewandowski manteve com ele o de Renan.

    4. O que estou inferindo? Estou apenas dizendo que assim são as coisas.


    Caso o indicado de Dilma seja aprovado pelo Senado e se torne ministro do Supremo, a ponta esquerda do tribunal deixa de ser ocupada por Roberto Barroso. 


    A toga rubra passa para os ombros de Fachin. Se a lei não mudar, Dilma tem mais cinco indicações para fazer até o fim de seu mandato, se ela chegar lá.  


    Huuummm… 

    Ainda falta indicar o preferido de Guilherme Boulos, do MTST; 

    o de Vagner de Freitas, presidente da CUT;  

    o de Jean Wyllys, do movimento LGBTXYZ,  
    o de alguma líder aborteira ensandecida e

    o dos “coletivos”, como eles se denominam, em favor da descriminação das drogas. 




     
    Aí é só importar o Nicolás Maduro…

    Pode ser inútil, mas digo mesmo assim: que os senadores tenham juízo. Depois não adianta ficar choramingando quando o Supremo decidir legislar. Sabem como é…



    O ativismo judicial costuma ser fruto do passivismo legislativo, entendem?

     É aquele papo de côncavo e convexo…

     



    Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo



    Quando o Estado (PT) quer dinheiro, tira do seu salário, da sua poupança!!!!!


    Para você que NÃO SABE qual é o dinheiro que está sendo roubado pelos POLÍTICOS deste país nas últimas décadas.

    Para você que NÃO SABE, que FINGE NÃO SABER, ou que é hipócrita e leviano o suficiente para tentar ESCONDER A VERDADE dos fatos.

    Para você que tenta de forma INFRUTÍFERA mascarar a realidade, afirmamos que é O SEU, o MEU, o NOSSO DINHEIRO que esses canalhas, velhacos, embusteiros, bandidos e vagabundos estão roubando.

    Não acredita?
    Então assistam a esse vídeo e saiba DE ONDE vem o dinheiro que os governantes usam para COMPRAR OS VOTOS dos miseráveis.


     GRUPO PCERJ

    Meirelles tenta comprar silêncio da mídia no caso da Friboi

    quarta-feira, 15 de abril de 2015


    É por estas e outras que estou no boicote aos produtos FRIBOI, SEARA, SWIFT, MASSALEVE, VIGOR e DORIANA (as outras marcas eu nem conheço)

    Tribuna da Internet

                             Meirelles paga caro para ocultar os “malfeitos” do grupo Friboi


    Carlos Newton
    É impressionante a bilionária campanha publicitária que o grupo JBS, maior exportador de carne bovina do mundo e dono da marca Friboi, vem fazendo na imprensa escrita e na televisão, inserindo anúncios em espaços e horários nobres e pagando cachês altíssimos a artistas “globais” consagrados como Tony Ramos, Fátima Bernardes e Roberto Carlos, que inclusive é vegetariano há décadas.

    O grupo JBS, de Goiás, pertence aos irmãos Batista e era comandado por José Batista Júnior, que conseguiu apoio do BNDES a partir do primeiro governo Lula e alçou o frigorífico JBS-Friboi ao topo do mercado de carnes do país e do mundo.

    Em março de 2012, preocupados com a crescente responsabilidade causada pela expansão dos negócios, os irmãos Batista chamaram o conterrâneo Henrique Meirelles para assumir a presidência do Conselho de Administração da J&F, holding que controla empresas e marcas famosas como JBS Friboi, Banco Original, Swift, Doriana, MassaLeve, Lebon, Pilgrim’s, Seara, Vigor, Rigamonti, Fiesta e Flora. Uma das missões de Meirelles era traçar a estratégia mundial do grupo, para não perder mercado.

    Menos de um ano depois, surpreendentemente José Batista Júnior deixou de ser o principal sócio da holding J&F, tendo vendido sua participação para os irmãos Joesley e Wesley, que tiveram de manter Meirelles à frente do Conselho, porque hoje a credibilidade do grupo está diretamente associada à atuação do ex-presidente do Banco Central e do BankBoston, que está cada vez mais rico e se tornou também acionista do Itaú.

    CAMPANHA BILIONÁRIA
    No comando da holding J&F, Meirelles determinou o lançamento da espalhafatosa campanha publicitária, que começou no início do ano passado e parece não ter mais fim, para satisfação dos barões da mídia impressa e televisionadaO objetivo da propaganda em massa não é comercial; pelo contrário, tem apenas a finalidade de amansar a grande mídia, para desestimular reportagens investigativas que possam revelar as entranhas desse surpreendente sucesso empresarial movido pela generosidade do BNDES, que na gestão petista emprestou à JBS R$ 2,5 bilhões (diretamente ou por meio de outros bancos) e comprou R$ 8,5 bilhões em ações do grupo, que equivalem a 24,6% de seu capital.

    Além de atuar no controle da mídia, Meirelles também transformou a holding J&F na maior patrocinadora da política nacional. Oportuna reportagem de Leandro Prazeres, no site UOL, revela que o generoso grupo já doou a candidatos e partidos cerca de 18,5% de tudo o que tomou emprestado do BNDES entre 2005 e 2014, com PT, PMDB e PSDB aparecendo como os mais beneficiados.

    Desde 2006, o grupo já figurava como um dos maiores doadores de campanhas políticas do Brasil. Meirelles só fez aumentar o cachê. Em 2010, por exemplo, o JBS ficou em terceiro lugar, com R$ 63 milhões. Mas em 2014, sob comando dele, o grupo passou a ser o maior doador, com R$ 366,8 milhões em patrocínio eleitoral, seguido da construtora Odebrecht , que doou R$ 111 milhões, e do Bradesco, com cerca de R$ 100 milhões.

    O repórter Leandro Prazeres mostrou que o comprometimento da J&F com doações a políticos é tão grande que, somente para a eleição de 2014, a empresa doou 39,56% de todo o seu lucro líquido registrado em 2013, que foi de R$ 926,9 milhões. É como se, a cada R$ 100 de lucro, a JBS doasse R$ 39,5 para os caixas de campanhas de partidos e candidatos. Da mesma forma, a Odebrecht, segunda colocada no ranking de doações neste ano, doou 22% de seu lucro líquido em 2013, que foi de R$ 490,7 milhões.

    É generosidade demais, motivando justificadas suspeitas de sonegações e graves irregularidades contábeis. Como se sabe, o lucro líquido é a diferença entre o que a empresa faturou e os seus custos operacionais (salários, tributos, impostos etc).

    E a conclusão é óbvia – a J&F comprou a grande imprensa, mas esqueceu a internet, e o surgimento de um escândalo será inevitável. 

    Prisão de Vaccari desmonta discurso mentiroso do PT e coloca o partido na berlinda, diz líder do PPS

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    joao_vaccari_09Ventania política – Deputado federal pelo PPS do Paraná e líder do partido na Câmara, Rubens Bueno afirmou, nesta quarta-feira (15), que a prisão do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, desmantela totalmente o discurso do Partido dos Trabalhadores de que todas as doações recebidas para campanhas eleitorais, especialmente da presidente Dilma Rousseff, foram legais e registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


    Na opinião do parlamentar, as investigações da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, podem também atingir administrativamente a legenda, já que existe a suspeita de recebimento de dinheiro de empresas estrangeiras.


    “Caiu por terra o argumento que o PT continuava mantendo e que foi apresentado até a semana passada durante o depoimento de Vaccari na CPI da Petrobras. A prisão do tesoureiro desmantela essa versão. Representa o PT na cadeia. Prisão preventiva é assunto sério e sinaliza que solto ele poderia atrapalhar as investigações e apagar os rastros da roubalheira comandada pelo PT não só na Petrobras, mas em outros setores do governo”, afirmou Rubens Bueno.


    Além de Vaccari Neto, também foi presa a sua cunhada Marice Correa de Lima, acusada de receber propina e fazer parte do esquema de desvios de recursos da Petrobras. Já a esposa do tesoureiro do PT, Giselda Rousie de Lima, foi levada coercitivamente à sede da Polícia Federal, em Curitiba, para prestar depoimento.


    Registro do PT na berlinda
    O líder do PPS lembrou ainda que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão investigando o repasse de recursos de empresas estrangeiras para o PT. Empresas essas que prestavam serviços para a Petrobras e, de acordo com diversas delações e depoimentos de executivos, tinham de pagar propina ao PT e a partidos aliados.


    A revelação do recebimento de recursos de empresas estrangeiras pelo PT foi feita pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco Filho em depoimento à Justiça nos termos do acordo de delação premiada. Segundo ele, o Partido dos Trabalhadores recebeu entre 150 e 200 milhões de dólares em propinas de empresas como a holandesa SBM Offshore e a Keppel Fels, de Singapura.


    E agora, na última semana, surge uma nova informação. Uma gravação apresentada às autoridades brasileiras pelo ex-diretor da SBM Offshore Jonathan Taylor sugere que a propina paga pela empresa holandesa para fazer negócios com a Petrobras pode ter atingido 5% em alguns casos.



    A gravação, segundo o jornal Folha de S. Paulo, faz parte do pacote de documentos que Taylor entregou à Controladoria-Geral da União (CGU) durante a campanha eleitoral do ano passado e registra uma reunião ocorrida na sede da empresa holandesa em 2012.


    A PF e o MPF estão próximos de desvendar com exatidão o rastro desse dinheiro. Se ficar realmente comprovado que esses recursos foram parar no caixa do PT, o partido pode deixar de existir.


    Financiamento externo é proibido por lei
    O financiamento externo é vedado pela Lei Orgânica dos Partidos Políticos e a penalidade pela inobservância da proibição é o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido. O artigo 17 da Constituição também prevê a proibição do “recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes”.


    “Atentem só para a irresponsabilidade do senhor Vaccari. Vejam o poder que o PT concedeu ao tesoureiro do partido. Um poder que, exercido de maneira atabalhoada, pode fazer com que o próprio PT deixe de existir. Parece que nada aprenderam com o caso do mensalão, com as estripulias de Delúbio Soares”, alertou o deputado Rubens Bueno.


    Para o líder do PPS, não se trata, portanto, de piada de salão. “Creio que os militantes do PT precisam estar atentos. Não é justo que milhares de filiados, de pessoas que lutam por um ideal, sejam prejudicadas por uma cúpula, por uma dúzia de dirigentes que ‘fazem o diabo’, como admitiu a própria presidente Dilma, para se manter no poder”, reforçou.


    Viagens da cunhada
    Ao falar sobre a cunhada de Vaccari, o deputado Rubens Bueno disse que sua prisão já era esperada. “A senhora Marice esteve, em 2013, no Panamá. Por coincidência, ou não, no mesmo país o mensaleiro e ex-ministro petista José Dirceu montou uma filial da sua empresa, a JD Consultoria, que é investigada na operação Lava Jato.


    É também no Panamá a sede da empresa que é dona do hotel em Brasília que ofereceu emprego, com um salário de R$ 20 mil, para José Dirceu, que na época cumpria pena na penitenciária da Papuda. Esse caso ainda terá muitos desdobramentos. Isso me lembra a velha história de passar o chapéu e, no caso da cunhada de Vaccari, tudo indica que o chapéu é Panamá”, finalizou o líder do PPS.

    Contra tudo que está aí

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    (*) Carlos Brickmann –
    carlos_brickmann_16Sabe por que Aécio Neves não foi à manifestação de domingo, e por isso foi vaiado? Porque não é bobo: sabe que, se fosse, seria vaiado ao vivo. A manifestação foi contra Dilma, contra o PT, contra a ladroeira; mas também, e especialmente, contra tudo que está aí. Isso inclui juízes e parlamentares que não perdem oportunidade de buscar mais vantagens; e inclui, com destaque, a oposição que não se opõe, e que, quando está no Governo, também se lambuza nas lambanças.


    E há motivos para esta aversão a tudo isso que está aí. Fala-se em cortes de investimentos, o desemprego avança, os juros explodem, mas os gastos do Governo em cartões corporativos continuam crescendo – e são secretos. Sobem salários e vantagens de parlamentares e juízes. Pede-se economia de água nos Estados em que há estiagem; a Sabesp, empresa de saneamento básico do Governo paulista, reclama da queda de rentabilidade que atrapalha novos investimentos, mas o bônus dos diretores foi confirmado. Uma graninha extra é sempre útil.


    Resultado: pesquisa feita na manifestação pela Universidade Federal de São Paulo mostra que 76% não confiam em Aécio (22,6% confiam). Serra? Havia 75,4% contra, 23,8% a favor. Bolsonaro? Nem 20% o acham confiável. E, lembremos, não havia petistas, dilmistas ou lulistas na manifestação.


    Eram todos contra eles – e o resultado, para a oposição, foi ruim assim mesmo. O antipetista mais bem avaliado foi Geraldo Alckmin, com 29% (nem um terço!) Mas proporção quase igual, 28%, não confia nele.


    É preciso escutar direito a voz das ruas.


    Contra isso 1
    No primeiro trimestre, o Governo Federal gastou R$ 9 milhões (em que? Segredo!) com cartões corporativos. Só a Presidência torrou R$ 2,8 milhões. E, na conta, ainda faltam parcelas: só 24 dos 39 ministérios informaram as despesas.


    Contra isso 2
    Com a seca em São Paulo, o Governo estadual ofereceu descontos a quem economizasse água, e a Sabesp teve de executar obras de emergência. Com isso, seus lucros caíram 53% em 2014. Sem recursos, a Sabesp reduziu investimentos em esgotos e pediu que o aumento de tarifas atingisse 13,8%.


    Mas os bônus são sagrados: sete diretores receberam, no total, R$ 504 mil, conforme relatório da empresa. É o prêmio pelo desempenho que tiveram no ano passado (e que levou, já em 2015, à troca de presidente, tão bons tinham sido os resultados anteriores).


    Contra isso 3
    Não, não estamos falando do empréstimo de pai para filha, com linha de crédito do BNDES, a juros inferiores a 5% ao ano e com alguns anos de carência, concedido pelo Banco do Brasil a Val Marchiore, ex-participante do programa Mulheres Ricas. Falar desse empréstimo poderia parecer inveja (e seria).


    Falemos dos financiamentos do BNDES à Odebrecht e à Embraer, que recebem a maior parte do crédito do BNDES a negócios internacionais (81% dos US$ 12,29 bilhões emprestados entre 2009 e o primeiro trimestre de 2014). A Embraer, OK: vende aviões financiados, mas garante o pagamento ao BNDES se o comprador falhar. O próprio avião é uma garantia, já que o BNDES pode retomá-lo por falta de pagamento. Mas a exportação de serviços é diferente: se o comprador final não pagar, o rombo fica com o banco.
    O Tesouro é bonzinho, paga.


    Contra o financiador
    O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, deve depor amanhã na Comissão de Infraestrutura do Senado. Se até lá o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, continuar chateado com o Governo, Coutinho terá de enfrentar um dia difícil. Vão perguntar-lhe até como os gastos do BNDES passaram de R$ 47,1 bilhões em 2005 para R$ 190,4 bilhões em 2013. E há números em abundância, apurados pelo jornalista Eduardo Militão, da excelente publicação Congresso em Foco, para embasar o interrogatório.
    As coisas só ficarão mais tranquilas para o presidente do BNDES se o presidente do Senado tiver recuperado o bom humor.


    O ministro contra tudo
    E que não se use contra os críticos do Governo aquela profunda argumentação de costume: coxinhas, fascistas, reaças, elite branca paulista de olhos azuis e batedores de panelas importadas Le Creuset. Quem fala sobre o Governo de Dilma Rousseff é um de seus ministros, Roberto Mangabeira Unger (que também foi ministro do Lula), e ocupa a Secretaria de Assuntos Estratégicos.


    Segundo Mangabeira Unger, a política econômica dos últimos anos “foi um keynesianismo vulgar”, que “adiou o dia da conta e do castigo”, e agravou os problemas do país. Keynesianismo é a doutrina econômica do inglês John Maynard Keynes, que considera possível e desejável estimular o crescimento pela ação estatal. “Precisamos de um ajuste”, completou o ministro de Assuntos Estratégicos, “que subordine o keynesianismo vulgar ao imperativo do realismo fiscal”.


    Contra a maioria
    A maioria dos participantes das manifestações quer o impeachment de Dilma. Há motivos legais (expostos em dois pareceres jurídicos, de Ives Gandra Martins e Miguel Reale Jr.). Mas não haverá impeachment, a menos que a situação política mude.
    O PMDB prefere, confortavelmente, mandar por baixo do pano.


    (*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.