segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Sobre mobilidade urbana e um desenvolvimento voltado às necessidades humanas




A conversa, hoje cedo, na padaria onde sempre tomo um cafezinho, foi a retirada de dois ônibus aqui da região. Os dois faziam um trajeto fundamental para quem presta serviço na vizinhança – e não são poucas pessoas – deixando-as na Central do Brasil. Todos os dias, por volta das 17h, era comum ver uma fila se formar no ponto final. Os veículos saíam lotados e chegavam lotados por volta das 7h, 8h da manhã. Assim mesmo, foram extintos.

Em conversa com um técnico da Prefeitura encarregado de informar a população sobre as mudanças urbanas na “Cidade Olímpica”, fiquei sabendo que uma das ideias é desafogar as ruas pequenas do incômodo de terem que abrigar carros enormes. Nesse caso, a mudança foi a seguinte: em vez de duas linhas de ônibus, a mesma ruazinha pequena está sendo utilizada por uma linha de ônibus. Se, para o trânsito local e para os moradores, é uma troca quase irrelevante, com certeza para quem usava os ônibus como transporte de casa para o trabalho, não é. A única opção que esses trabalhadores, prestadores de serviço, têm de agora em diante para chegar aqui, é andar pouco mais de um quilômetro desde onde fica o último ponto da linha que vem da Central do Brasil.

Alguém lembrou, na conversa da padaria, que andar faz bem. Concordo plenamente. Tenho como hábito de saúde fazer uma longa caminhada diária, subindo e descendo ruas, de cerca de uma hora. Com roupa adequada, calçado adequado, sabendo que depois disso posso chegar em casa, tomar um banho, beber água e começar o dia de trabalho. Isso é bem diferente do que a rotina de muitos trabalhadores que moram bem longe e que, para chegarem aqui por volta de 8h,  precisam começar a “viagem” às 6h ou antes. Depois de um trem lotado e de outra baldeação, ter que encarar um quilômetro a pé, muitas vezes com bolsa pesada e sapato não apropriado... eu não chamaria de exercício ideal.

Ampliamos, assim, a reflexão sobre mobilidade urbana para um motivo importante: o bem-estar da população que precisa de transporte público. Não só a lógica de quem quer fugir dos engarrafamentos.

A mobilidade urbana é um dos seis estudos que o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) , em parceria com o governo brasileiro, está disponibilizando em seu site  com recomendações para implementação de políticas públicas. A ideia é que esses documentos tenham um papel importante na preparação da Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), que acontece daqui a sete meses, em Quito, no Equador. No pano de fundo, o desejo de que tais estudos possam ser úteis para a redução das desigualdades e para a promoção de um desenvolvimento urbano sustentável.

Na primeira parte, o texto faz críticas ao uso indiscriminado do solo e à expansão urbana sem planejamento. São dois fatores que têm efeitos diretos sobre a eficiência do transporte público. Numa cidade baseada na horizontalização, e São Paulo é um exemplo dado pelos pesquisadores, esse formato prejudica o acesso dos sistemas coletivos de transporte. É necessário ter aglomeração de demanda, dizem eles, para que as empresas de ônibus ou do Metrô ou de trens tenham lucro e queiram continuar fornecendo o serviço. A questão é: o que elas consideram lucro suficiente?

“Cidades pouco densas não conseguem sustentar sistemas de alta capacidade; e redes de baixa capacidade precisariam de vários transbordos para acessos específicos. Assim, em uma cidade pouco densa, o sistema de transporte coletivo é pouco eficiente, logo, existirá uma preferência por viagens individuais que irão saturar o trânsito nas zonas centrais”, diz o texto do estudo.

A questão é que as cidades crescem por conta do desenvolvimento econômico, o que torna as viagens mais longas e aumenta a necessidade de mais viagens.

“A formação de novas localizações para o trabalho, estudo, serviços e lazer, bem como o aumento no número de dependentes ou o crescimento da renda impulsionam a geração de mais viagens. A necessidade de mais tempo para cumprir todos os compromissos sociais e econômicos de uma família, que nesse tipo de urbanização se encontram mais distantes, é, em parte, respondida com o uso do automóvel como meio de transporte”, diz o estudo.

O resultado é que, segundo pesquisa feita em 2010 pelo Banco Mundial, nos últimos 20 anos, a média do número de veículos por  mil habitantes cresceu 6% nas nações membros da OCDE (os mais ricos, entre eles Noruega, França e Dinamarca). Já os indicadores de motorização do Brasil, China, Índia e Rússia cresceram em 89%, 213%, 50% e 34% respectivamente para o mesmo período, de 2003 e 2009. A cidade do Rio de Janeiro, no mesmo período, teve crescimento populacional de apenas 5%, enquanto o de automóveis foi de aproximadamente 50 %.

“O fenômeno é ainda mais preocupante, no Rio, se for adicionado o crescimento da frota de motocicletas (300% em 20 anos), que tem sido importante alternativa ao automóvel para enfrentar o congestionamento diário”, relata o texto.

Alguns dados indicam uma forte tendência de aumento do número de automóveis justamente nas camadas sociais de mais baixa renda, que precisam de transporte público. Em Bogotá, segundo o estudo, mesmo com a implementação do sistema Bus Rapid Transit (BRT), em 2000 a taxa de motorização aumentou, o que revelava a necessidade de políticas voltadas para pautar o uso do automóvel.

Como acontece com frequência em nosso tempo, que Milton Santos gostava de definir como “Um mundo confuso e confusamente percebido”, há várias maneiras de se ver e refletir sobre a mobilidade urbana. Se, por um lado, o baixo preço dos automóveis e dos combustíveis tem propiciado às pessoas de menor renda comprar um veículo para se locomover, por outro lado isso vem criando o caos urbano de que tanto nos queixamos. Sem falar na questão de absoluta relevância que é a poluição pelos gases de efeito estufa que geram as mudanças climáticas. Pensar em diminuir a compra de automóveis pode trazer também consequências econômicas que ninguém quer, como o desemprego e a consequente falta de renda.

O trabalho de quem se propõe a administrar uma cidade, portanto, somente no quesito mobilidade urbana já exige uma tremenda concentração, por exemplo, para planejar e organizar uma rede de transportes públicos coletivos que tenha capacidade para se articular com o desenvolvimento local. É o quesito número um  na lista de sugestões proposta no estudo que servirá de base para a Conferência de Quito em setembro. Há outras tantas, e cada uma dela vem acompanhada por reflexões bem detalhadas.

A questão central, no entanto, foge um pouco. Porque se estamos falando sobre o ir e vir de pessoas, é importante que elas sejam levadas em conta. No livro “Desenvolvimento à Escala Humana”, escrito por Manfred A. Max-Neef, Antonio Elizalde e Martin Hopenhayn, da coleção  Sociedade e Meio Ambiente edita pela Universidade Regional de Blumenau, os autores lembram que o desenvolvimento precisa ser orientado para a satisfação das necessidades humanas, o que “exige uma nova maneira de interpretar a realidade”.

No topo das sugestões dos três autores – um economista, um sociólogo e o outro filósofo, todos chilenos – está o de que aqueles que são escolhidos para implantar as políticas que vão nortear a vida dos cidadãos deixem a arrogância de lado. Os que sofrem na pele e no dia a dia os efeitos de políticas voltadas apenas à lógica desenvolvimentista precisam menos de “programas de conscientização” e mais de espaço para dizer o que pensam.

Termino com um trecho do livro, do qual recomendo a leitura:

“A criação de uma ordem política que possa representar as necessidades e interesses de uma população heterogênea é um desafio, tanto para um estado como para uma cultura democrática. É respeitar e encorajar a diversidade, em vez de controlá-la. Visando atingir este fim, o desenvolvimento precisa fomentar a existência de espaços locais, facilitar as micro-organizações e dar apoio à multiplicidade de matrizes culturais que fazem parte da sociedade civil”.

Teoria do decrescimento pode ser solução para desastres socioambientais que não param de acontecer?




Notícias sobre a absoluta irresponsabilidade contra o meio ambiente e as pessoas, que norteiam algumas produções industriais, são quase corriqueiras. Qualquer recorte que se faça na mídia, lá estarão dados que vão dando um desconforto danado para quem se preocupa e acompanha de perto o eterno dilema entre crescimento econômico, preservação da natureza e bem-estar das pessoas. Desde a segunda metade do século passado, os homens começaram a perceber que suas atividades estavam atacando recursos finitos. A partir daí, começaram  a surgir correntes de pensamento, longe da ortodoxia, que tentam dar uma – ou várias – soluções para o dilema.

Enquanto isso, porém, o que nos resta é ir acompanhando de perto alguns dos desastres. Reproduzo abaixo registros mais recentes porque acredito no poder da informação para provocar reflexões e mudanças:

1) A Peroperu, empresa estatal de petróleo do Peru, foi  responsável por dois derramamentos de óleo graves em dois afluentes do Rio Amazonas, os rios Chiriaco e Morona. O primeiro aconteceu no fim de janeiro, o outro agora, em fevereiro. A empresa está agindo, contratou indígenas e ribeirinhos para ajudarem a limpar as águas, a quem paga 250 dólares. E, como sempre acontece, transformou esse “esforço hercúleo para consertar o erro” num vídeo institucional, onde o presidente da firma aparece em mangas de camisa, num discurso quase eleitoral.  Bem a gosto do marketing corporativo.  O local do vazamento, felizmente, fica a 900 km da entrada do rio Amazonas no Brasil, o que, dessa vez, pode nos deixar tranquilos. A origem do erro ainda vai ser diagnosticada, mas os furos no oleoduto, segundo a empresa, já foi consertado.  Há especialistas alertando para o fato de que não, ainda não foi consertado. Cerca de dez mil indígenas tiveram o abastecimento de água prejudicado e a empresa também parece estar cuidando disso, segundo o vídeo que publicou no site.

2) Na mesma Amazônia, na parte que fica no Equador, mais de 30 mil povos indígenas estão em guerra contra a Chevron pelo que já está sendo chamado de maior desastre ambiental da história da humanidade. Em 2011, a Suprema Corte do Equador ordenou a empresa a pagar mais de 9 bilhões de dólares para compensar as vítimas e para limpar suas terras. Mas a corporação recorre sempre e se vale de um recurso muito usado pelas transnacionais:  quando acontece um problema num país elas tiram de lá sua sede. A situação está tão crítica que já há na internet uma petição de ajuda às “vítimas do Equador”.

3)Na Cidade do México, comunidades ribeirinhas e indígenas entregaram uma carta ao Papa Francisco pedindo que o Sumo Pontífice interceda junto ao governo daquele país para frear a construção da Hidrelétrica de Las Cruces no Rio San Pedro Mezquital. As queixas contra a obra já são velhas conhecidas: ameaça à cultura do povo, danos irreversíveis à região, que fica num pântano. Trata-se de uma das regiões mais úmidas do México, que fatalmente perderá essa característica depois da obra. Em sua defesa, os indígenas lembraram a Encíclica Papal do ano passado, onde Francisco reconhece a importância dos povos tradicionais como cuidadores das regiões que habitam. E sugere, para usar um termo bem leve, que antes de qualquer obra dessa magnitude tais povos sejam ouvidos.

Minha lista ainda pode incluir o crime ambiental cometido contra um município inteiro, Bento Ribeiro, em Mariana, por causa de má gestão da Samarco. E outro vazamento, de proporções menores mas nem por isso menos danosas, que ocorreu contra o Rio Paraíba na cidade paulista de Jacareí causado também por falha na produção da Rolando Comércio de Areia.
Poderia registrar aqui ainda mais casos se me detivesse um pouco mais em sites especializados, mas não é esse o objetivo. Como sempre, proponho a reflexão e, para tentar avançar um pouco, busco os pensamentos de estudiosos que se dedicam à causa. 

Lançado em 2012 pela Ed. Garamond e pelo Institut de Recherche pour le Dévelopment, o livro “Enfrentando os limites do crescimento” traz 25 artigos. Um deles, escrito pelo sociólogo e filósofo franco-brasileiro Michael Lowy, defende o movimento chamado ecossocialismo, que se opõe ao socialismo “não ecológico” e se coloca como uma alternativa radical às regras de acumulação de capital que geram outra perspectiva, que não a lógica do lucro e da mercadoria.


Para Lowy, desastres ambientais como esses que listei aqui, não podem ser mais entendidos apenas como “má vontade” de tal ou qual multinacional ou governo. Há, segundo ele, uma lógica “intrinsecamente perversa do sistema capitalista, baseado na concorrência impiedosa, nas exigências de rentabilidade, na corrida atrás do lucro rápido”. E essa lógica estaria colaborando para destruir massivamente aquilo que o Brasil tem de diferencial para outros países, que é a vastidão de meio ambiente. Lowy cita Chico Mendes como exemplo de um “combatente heróico” e conclama a organização consciente de estratégias ecossocialistas: “uma estratégia de luta em que vão convergindo as lutas sociais e as lutas ecológicas”.

Na mesma publicação, Andrei Cechin, mestre em Ciência Ambiental, reflete em cima da contribuição que o economista romeno Nicholas Georgescu-Roegen, considerado o fundador da bioeconomia e pioneiro na ideia de decrescimento dá ao conceito de desenvolvimento sustentável. Essa expressão, veiculada pelo relatório “Nosso Futuro Comum” - produto final da Comissão Brundtland, organizada pela ex-primeira ministra da Noruega Gro Brundtland, a pedido da ONU, de 1984 a 1987 – teria enterrado a incompatibilidade entre crescimento econômico contínuo e preservação da natureza.

“Pode haver crescimento com diminuição de riqueza se esse crescimento ocorrer, por exemplo, à custa da depredação de florestas inteiras ou dos depósitos de petróleo que demoraram milhões de anos para se formarem”, lembra Cechin.

Surgem, assim, teorias e pensamentos que se pretendem alavancas de uma mudança real nos meios de produção e consumo para que se consiga minimizar ou mesmo extinguir desastres ambientais que causam tanta degradação também aos humanos. O “Bem Viver”  (l) é um deles e chama a atenção para um “mercantilismo ambiental que adota nomes como “economia verde” e “desenvolvimento sustentável”. O decrescimento é outra teoria, abraçada por Georgescu, que já tem até partido político na França, o Parti Pour La Décroissance (PPLD), criado em 2006. 


Recentemente houve uma Conferência Internacional sobre Decrescimento Econômico para a Sustentabilidade Ambiental e Equidade Social (veja aqui)  e a Comissão de Desenvolvimento Sustentável do governo britânico gerou um relatório chamado “Prosperidade sem crescimento” que confirma o dilema com o qual a humanidade está se defrontando. Pelo menos seguindo padrões atuais, não há como um crescimento ser sustentável.

Há uma forte preocupação, nesse movimento, em considerar a diversidade econômica entre os países e, ao mesmo tempo, a certeza de que o decrescimento das atividades poluidoras no mundo é uma necessidade inadiável, inclusive porque a maioria dos desastres promovidos por essas atividades acontece, justamente, nos países mais pobres. Mas o que mais me atrai nele é outro detalhe muito reforçado pelos mentores: o progresso humano sem crescimento da economia é possível. A ideia de não ver os humanos como empecilhos, e sim como solução, pode ser o início de um processo real da mudança que se quer.

Discurso de Di Caprio reitera perigo de crise ambiental.



Leonardo DiCaprio recebe Oscar de melhor ator por 'O regresso''Uma disparidade entre o sistema solar e o calendário gregoriano criado pelos homens deu nisso: um dia a mais no mês de fevereiro, de quatro em quatro anos. Para nós, um ano bissexto. Para outros povos, é um “Leap Day”, ou “Dia do Salto”.

Em setembro do ano passado, às vésperas da Conferência Climática  (COP-21) que aconteceu na França em dezembro, a jornalista canadense e ativista ambiental Naomi Klein se aproveitou do fenômeno e criou uma espécie de plataforma política independente chamada Leap Day. Foi a forma que encontrou para chamar a atenção dos líderes mundiais para a necessidade de enfrentar as mudanças climáticas, de entender  que é preciso provocar novos rumos sociais para tornar o mundo mais possível para todos. Seria um “Salto” para a humanidade. Nasceu assim o “Leap Manifesto” , que se propõe a mostrar que o mundo precisa mais do que de pequenos passos.

Para comemorar o dia, há eventos marcados em vários países, sempre com foco em mudanças climáticas. Nesse sentido, o discurso de ontem do ator Leonardo DiCaprio na cerimônia do Oscar () , que ganhou como protagonista do filme “O regresso”, vem a calhar. DiCaprio, que tem sido uma das vozes do mundo das celebridades mais ouvidas no combate às mudanças climáticas, contou que a produção do filme precisou ir muito longe para conseguir neve, o que mostra que o aquecimento  global já está impactando regiões do planeta. 

“A mudança climática está acontecendo nesse momento e é a maior ameaça que nossa espécie está enfrentando. Temos que apoiar os líderes que não estão falando em nome dos grandes poluidores, mas que falam em nome dos povos nativos, das bilhões de pessoas de baixa renda que serão impactadas por isso”, disse o ator.

O “Leap Manifesto”  já tem assinatura de mais de 30 mil pessoas e 200 organizações. As ações propriamente ditas começam hoje e vão se estender por todo o ano e em vários países. No Brasil está marcado um evento no dia 1 de maio, nas Cataratas do Iguaçu (ver aqui) que pretende convocar a população para ajudar a manter o petróleo e o gás no solo. Pode parecer surreal quando estamos acompanhando notícias sobre as novas regras de exploração do pré-sal apoiadas pelo Senado, e é. Assim mesmo, vida que segue.

Nas redes sociais, a grita geral de quem não se conformou com a possibilidade de entrar capital estrangeiro no processo de exploração do pré-sal é respondida por ambientalistas que lembram que o Acordo de Paris, que será assinado em abril por 195 países, exige que 80% das reservas conhecidas de todos os combustíveis fósseis fiquem onde estão. Só assim se poderá atingir a meta de manter em 1.5 graus Celsius a temperatura da Terra até o fim do século. Só para lembrar, o Brasil será um dos signatários do Acordo.

E, para quem está pensando que  só no Brasil  acontecem paradoxos, vale saber que em entrevista à revista “Exame”, o britânico Peter Lacy, considerado um dos mais influentes nomes em sustentabilidade no meio corporativo, que acaba de lançar o livro “Waste to Wealth” (“Do lixo à riqueza” em tradução livre) afirma que consegue ver cifras e mais cifras por conta da extração de recursos naturais. A tese dele é enxergar oportunidade no fato de que a humanidade, se seguir o ritmo de hoje, vai ter que extrair cerca de 8 bilhões de toneladas extras da natureza em 2030. Lacy vê lucro nisso a partir do que chama “economia circular”, ou seja, uma forma de reaproveitar o que antes era descartado:

“Isso representa cerca de 4,5 trilhões de dólares ou 5% da economia mundial. É aí que está a oportunidade”, disse ao repórter Felipe Serrano. Nenhuma palavra sobre a necessidade de se diminuir o ritmo de extração dos recursos naturais para que a produção e o consumo tenham limites.
Naomi Klein recebe críticas em seu blog porque, segundo alguns, ela diz apenas aquilo que não quer, resiste a dizer o que pode ser feito para mudar o cenário. Neste “Dia do Salto”, no entanto, Klein comemora o fato de ter conseguido lançar um projeto dentro da proposta de “cuidar do planeta, e uns dos outros”. Trata-se do “Inativo No More”, que já está em vigor para fazer um uso racional das agências dos Correios do país, quase inativas. Não só no sentido de instalar energia solar e formas de reusar água, como também para que possam servir de depósitos para produtores agrícolas locais e, assim, otimizar o sistema de encurtamento do circuito de alimentos. É uma boa ideia.

“É mais fácil mudar os sistemas criados pelo homem do que mudar as leis da natureza. Desta forma, o ano bissexto é uma metáfora perfeita para o momento presente, em que os nossos sistemas políticos e econômicos precisam ser atualizados para acomodar as duras realidades da nossa casa comum, a Terra”, escreve Klein em seu blog.

A ativista ambiental tem pela frente uma árdua tarefa em seu próprio país, já que o Canadá está entre os dez maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa. Graças à intensa e incessante exploração da areia betuminosa (espécie de petróleo em estado semissólido), o país será responsável, de 2010 a 2020, pela emissão de 56 milhões de toneladas de dióxido de carbono . Além disso, vazamentos acidentais estão expondo pessoas e animais que vivem em torno do rio Athabasca -  ao norte da região de Alberta, onde fica a principal fonte de betume do país – à contaminação por     metais pesados, como cádmio, níquel e mercúrio.

É um tema espinhoso, este. Há corporações envolvidas, as mesmas cuja missão principal é extrair recursos da natureza. Quando muito, tais empresas conseguem transformar sua operação em oportunidade, talvez descartando o lixo corretamente, segundo o pensamento de especialistas como Peter Lacy.

Uma lufada de otimismo aos que levam a sério propostas de manter o petróleo no subsolo (em nosso caso, abaixo da camada de sal) para minimizar efeitos bem nocivos que são esperados caso a Terra aqueça mais do que os 2 graus, foi dada pelo presidente Obama no caso Keystone. Pouco antes da COP 21, ele anunciou que se recusaria a permitir a construção do  oleoduto Keystone XL que permitiria o transporte de petróleo de Alberta, no Canadá, até o centro dos Estados Unidos, em Nebraska, de onde poderia ser distribuído às refinarias do país no golfo do México. Mas a lufada de otimismo pode estar com os dias contados. Transcanada, a empresa encarregada de construir o oleoduto anunciou no início do ano que vai cobrar 15 bilhões de dólares pelo prejuízo. E está assegurada em seu direito pelo Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA). 

Assim fica difícil saltar. Enquanto não houver uma decisão verdadeiramente unânime sobre o destino e o tamanho do salto, as comemorações vão acabar sendo, elas também, assim como 2016, bissextas. 

Lista da ANVISA dos alimentos com maior nível de contaminação .Se você acha que frutas e legumes eram saudáveis, é melhor rever seus conceitos. Ao invés de nutrientes, você pode estar ingerindo produtos tóxicos que fazem muito mal para sua saúde.












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850Se você acha que frutas e legumes eram saudáveis, é melhor rever seus conceitos. Ao invés de nutrientes, você pode estar ingerindo produtos tóxicos que fazem muito mal para sua saúde.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou uma lista com alimentos considerados saudáveis por todos, mas que em testes exibiram alto nível de contaminação por agrotóxicos. Para fazer o levantamento, a Anvisa levou em consideração dois pontos fundamentais:

1) Teores de resíduos de agrotóxicos acima do permitido;
2) Presença de agrotóxicos não autorizados para o tipo de alimento.
O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos analisou quase 2.500 amostras de 18 tipos de alimentos nos estados brasileiros. O resultado das análises é preocupante: cerca de 1/3 dos vegetais que o brasileiro mais consome apresentaram resíduos de agrotóxicos acima dos níveis aceitáveis.
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Se você acha que frutas e legumes eram saudáveis, é melhor rever seus conceitos. Ao invés de nutrientes, você pode estar ingerindo produtos tóxicos que fazem muito mal para sua saúde.



Os agrotóxicos são amplamente utilizados no campo para proteger as plantações de pragas. Um levantamento de 2010 indica que só naquele ano foram usadas 1 milhão de toneladas de agrotóxicos em plantações no país. Isso dá cerca de 5 kg para cada brasileiro. Na lista, quase todas as amostras coletadas de pimentão apresentavam contaminação acima do aceitável. Só a batata se salvou, não apresentando nenhum lote contaminado.


Consumo de alimentos contaminados pode causar câncer
A Anvisa alerta os consumidores para os riscos de se ingerir agrotóxicos. Segundo o órgão, o consumo prolongado e em quantidades acima dos limites aceitáveis pode acarretar vários problemas de saúde. Uma menor exposição pode causar dores de cabeça, alergias e coceiras, enquanto uma exposição maior pode causar distúrbios do sistema nervoso central, mal formação fetal e câncer.


A Academia Americana de Pediatria conduziu um estudo com mais de mil crianças, onde 119 apresentaram transtorno de déficit de atenção. Essas 119 crianças passaram por exames mais detalhados e constatou-se que seus organismos tinham organofosforado (molécula usada em agrotóxicos) acima da média.

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Truque natural para reduzir os agrotóxicos dos alimentos



Na busca por uma alimentação saudável, a questão dos agrotóxicos sempre aparece como aquela mosca varejeira que perturba e incomoda. Será que existe uma maneira de reduzir os agrotóxicos dos alimentos?


O Lar Natural buscou tentativas nesse sentido e traz um truque natural, bem como dicas úteis, para nos ajudar a melhorar a qualidade das frutas, legumes e verduras. Vem!!



Onde ficam os agrotóxicos



Os agrotóxicos ficam acumulados nas cascas das frutas, legumes, folhas, bem como na pele e gordura das carnes, leite e derivados.


No caso das carnes a dica é não consumir a pele, eliminar o máximo possível da camada de gordura e dar preferência ao leite desnatado e queijos magros.


Truque natural para reduzir os agrotóxicos dos alimentos


Ingredientes da solução 


Modo de fazer

Coloque o vinagre e o bicarbonato de sódio na água. Deixe as frutas, legumes e verduras de molho por 15 minutos nesta solução. Depois do molho, passe por água corrente e está pronto para o consumo.


Mais dicas naturais para reduzir os agrotóxicos

Castanha da índia, argila verde e carvão

Outro produto que promete reduzir significativamente os agrotóxicos é um preparado de saponinas de castanha da índia, argila verde da Amazônia e carvão vegetal chamado Hava Clean. O fabricante recomenda 5 minutos de molho, e seu custo é bastante atrativo.


Tintura de iodo

O Dr. Lair Ribeiro, famoso pelas suas dicas de saúde, nos garante que tintura de iodo, que se compra em farmácia, usada na proporção de 5ml para 1 litro de água, pode ser usada para reduzir o agrotóxico dos alimentos, se deixados de molho por 1 hora.


Esponja vegetal e água

Outras indicações consistem em lavar as frutas com uma esponja vegetal em água corrente, descascar os alimentos e dar preferência às frutas e verduras da estação, que ajudam a reduzir o problema.


Vale dizer que, na medida do possível, o consumo de alimentos orgânicos ainda é a forma de consumo que é 100% livre de agrotóxicos.

E você: Tem alguma dica para se livrar dos agrotóxicos? Conta pra gente!


Depósito de lixo vira jardim ecológico.

http://pdrinst.org/post-portfolio/instituto-espaco-sitie/


A caminho do trabalho, holandês consegue limpar margem de rio poluído.


Vida Sustentável: 18 cursos ambientais gratuitos que acontecem em março




 Umapaz (Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz) está com uma programação recheada de cursos no mês da mulher. Separamos alguns deles para você se antecipar e inscrever-se o mais rápido possível. A instituição está localizada no parque Ibirapuera e todas as oficinas oferecidas são gratuitas.

Dia 1:
18h – Palestra: Transformando os conflitos socioambientais dentro dos princípios da Cultura de Paz.
Com 50 vagas disponíveis, o programa busca oferecer um campo de reflexões e partilha de práticas aos profissionais e cidadãos que lidam diariamente com as questões da violência.


 “Para resolver pacificamente os conflitos, não basta que as pessoas estejam sensibilizadas, é necessário que estejamos preparados para compreender os conflitos, para escutar, com respeito, as razões de cada um, para dialogar e desenvolver o processo de tecelagem de acordos, utilizando formas de comunicação não violenta”, diz o texto do evento. Inscrições aqui.

A palestra será realizada na sede da UMAPAZ, no Parque Ibirapuera. A entrada mais próxima é pela Av. Quarto Centenário, 1268, acesso pelo portão 7A.

Dia 2:
9h ou 14h – Oficina de hortas verticais
Com o intuito de capacitar os participantes e estimular os processos de inclusão social e de cultivo orgânico de alimentos, como hortaliças e temperos, a atividade vai levar os participantes a plantar e lançar as sementes na terra. Descobrir como preparar o solo para receber plantio, aprender como funcionam as manutenções e os sistemas de rega, ver concepções e desenhos de hortas verticais e por fim entender como proteger e desenvolver novas técnicas de cultivo que permitam uma redução no uso de químicos também fazem parte da ação.

A mesma oficina será ministrada em dois parques, duas turmas em cada um deles. No dia 2 de março será no Parque Pinheirinho d’Água:

Turma 1 – 9h às 12h (manhã) ou Turma 2 – 14h às 17h (tarde)

Endereço: Estrada de Taipas s/n – Jaraguá

As inscrições devem ser feitas no telefone: (11) 25073798 ou pelos e-mails: poloeabras@institutomacuco.com.br e poloeapinheirinho@institutomacuco.com.br.

14h às 16h – 40º Curso de cultivo de orquídeas
Serão cinco aulas gratuitas, abordando diversos temas distintos, como preservação da natureza e das orquídeas nas matas brasileiras, aprendizagem de como comprar as plantas de orquidários idôneos, descoberta da classificação e identificação de orquídeas, cuidados de como montar um orquidário em casa ou no apartamento, entre outras.

Para esse curso serão 30 vagas em cada aula, e o participante deve ter no mínimo 18 anos de idade. As inscrições serão realizadas de 15 a 29 de fevereiro, pessoalmente ou diretamente no telefone do núcleo (11) 37217430.

O curso acontece no Parque Previdência nos dias 02, 09, 16, 23 e 30 de março, que está localizado na rua Pedro Peccinini, 88, Jd. Ademar no Auditório do Núcleo de Gestão Descentralizada Centro Oeste.

Dia 3:
9h ou 14h – Oficina de hortas verticais
Mesmo curso ministrado no dia 2, mas neste segundo dia ele será ministrado no parque Benemérito José Brás:

Turma 1 – 9h às 12h (manhã) ou Turma 2 – 14h às 17h (tarde)
Endereço: Rua Piratininga, 365 – Brás

As inscrições devem ser feitas no telefone: (11) 25073798 ou pelos e-mails: poloeabras@institutomacuco.com.br e poloeapinheirinho@institutomacuco.com.br

14h às 17h– Palestra: Jardim de chuva: estratégia paisagística em tempos de crise hídrica
Apresentar os benefícios ecológicos e estéticos desta técnica de retenção, infiltração e tratamento das águas de chuva e fornecer requisitos básicos para a implantação de um jardim em quintais residenciais.
A palestra será realizada na sede da UMAPAZ. As inscrições pode ser feitas aqui a partir de quarta-feira (24).

Dia 4:
14h: Trilha das Nascentes no Parque Alfredo Volpi

O programa Trilhas Urbanas realiza trilhas interpretativas em educação ambiental nos parques municipais de São Paulo. A trilha monitorada é uma caminhada ao longo do parque, com paradas em pontos estratégicos para o desenvolvimento de atividades interativas. Durante a monitoria são tratados aspectos geográficos, históricos, culturais, da fauna, flora e temas socioambientais.
Esta trilha tem como ponto de encontro o parque infantil do local, que está na Av. Eng. Oscar Americano, 480. Mais informações no telefone: (11) 3031-7052.

14h30: Palestra: Implantação das coletas seletivas de resíduos sólidos de acordo com o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS). Vamos conhecer?
Com 40 vagas, o programa compõe a exposição do que é o plano de gestão de resíduos sólidos, uma oficina de montagem de plano de coletas seletivas e outra de composteira doméstica com minhocas. As inscrições podem ser feitas aqui. A palestra acontece da sede da Umapaz.

Dia 6:
9h ou 11h: Oficina de Permacultura no Parque Municipal do Nabuco
Serão realizadas oficinas no dia 6 (domingo) e 17 (quinta-feira)
Horário: das 9h às 11h ou das 11h às 13h (esses horários ocorrerão nos dois dias)
Local: Administração do Parque Municipal do Nabuco – Rua Frederico Albuquerque, 120 – Jardim Itacolomi. Inscrições: aqui.


Dia 8:
9h às 12h: Oficina cultivando hortaliça em jardineira
Com 40 vagas, o intuito é conhecer os meios simples do cultivo de hortaliças em pequenos espaços. A oficina será ministrada no Campo Experimental da Escola de Jardinagem, na Escola Municipal de Jardinagem. As inscrições serão abertas a partir do dia 29 de fevereiro aqui.

Dia 9:
8h às 12h: Minicurso – Sustentabilidade no prato: interfaces entre alimentação, saúde e ambiente.

Expor quais são as escolhas conscientes na alimentação é um dos temas que serão debatidos no curso.

Também será abordado o sistema agroalimentar moderno e suas características e impactos socioambientais. Está preparado para ampliar sua visão sobre as interfaces entre alimentação, ambiente e saúde? As inscrições estão abertas e devem ser feitas no telefone (11) 25073798 ou pelo e-mail poloeapinheirinho@institutomacuco.com.br.

O curso será realizado no Parque Pinheirinho D’Água, na Rua Amador Aguiar, 701 – Jaraguá.


9h: Palestra: Importância dos morcegos para o meio ambiente e para a saúde pública
A ideia é desmistificar a imagem de que todos os morcegos se alimentam de sangue, com informações sobre a diversidade e a importância destes animais para o meio ambiente. São 50 vagas com seleção por ordem de inscrição. Inscreva-se aqui.


Dia 10:

14h: Trilha das Dia 10:
14h: Trilha das Frutíferas no Parque Aclimação
Esta trilha tem como ponto de encontro a administração do parque, localizado na rua Muniz de Souza, 1.119 – Aclimação. Saiba mais aqui.

Dia 11:
9h: Encontros sobre Agroecologia 2016

A Agroecologia é uma visão sobre a agricultura que propõe um repensar sobre as formas de produção dos alimentos e os impactos ambientais e de saúde gerados para toda a sociedade. Mais do que isso, reforça a importância da aproximação dos consumidores com os produtores, a valorização do trabalhador rural, e a necessidade de revermos nossos hábitos alimentares e as escolhas que fazemos diariamente.

A programação completa e inscrições você confere aqui.

Dia 16:
19h: Mesa Redonda: O que aconteceu na COP 21 e como iremos nos posicionar frente ao acordo e desafios

A COP21 gerou diferentes percepções diante de seus resultados e muitas perguntas. Foi um sucesso? Gerou avanços? Retrocedeu? Ou foi um grande fracasso? Como foi a participação do Brasil? Afinal o que foi a COP21 e quais suas reais repercussões para o Brasil e o mundo? Esta mesa redonda levará pessoas que estiveram na conferencia para debater o tema. Mais informações e inscrições aqui.

Dia 17:
13h30: Palestra/ Trilha: Identificação e cultivo de plantas medicinais
Apresentar informações básicas sobre as plantas medicinais quanto à identificação botânica correta, cuidados nos usos e dicas sobre o cultivo. Na segunda parte, será feita uma caminhada pelo Viveiro Manequinho Lopes para identificar diversas espécies de plantas medicinais. O evento acontece na sede da Umapaz, mais informações e inscrições aqui.

Dia 18:
9h ou 14h: Oficina de Compostagem: Sistema aberto e fechado
A oficina será ministrada das 9h às 12h e das 14h às 17h
Local: Parque Municipal Benemérito José Brás. Rua Piratininga, 365. Brás (ao lado da estação Brás do metrô). São Paulo, SP
Inscrições: pelo e-mail poloeabras@institutomacuco.com.br ou pelo telefone: (011) 2507-3798


Dia 22:
13h30: Palestra: Pragas e doenças
Nesta palestra serão apresentadas aos participantes noções básicas sobre as principais pragas e doenças que ocorrem em jardins e o método de controle utilizado. A oficina será ministrada na sede da Umapaz, mais informações e inscrições aqui ( a partir do dia 14 de março).


Dia 23:
13h: Palestra: Síndromes florais
Com 40 vagas disponíveis, ainda é fornecer subsídios para entender a sua função na natureza; bem como as características e estratégias utilizadas pela flor para atrair os agentes polinizadores. As inscrições serão abertas a partir do dia 15 de março, neste link aqui.