sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Cites 2016: novo embate entre traficantes e conservação

Por José Truda
Elefante no Parque Nacional Kruger, na África do Sul. País sedia encontro internacional sobre comércio de espécies ameaçadas. Foto: Wikipédia.
Elefantes vivem protegidos no Parque Nacional Kruger, na África do Sul.
 País sedia encontro internacional sobre comércio de espécies ameaçadas.
Foto: Wikipédia.


Joanesburgo, na África do Sul, é a metrópole mais próxima do lugar que abriga a visão que milhões de pessoas ao redor do mundo têm da África selvagem que resta: o Parque Nacional Kruger, um dos mais visitados e aclamados santuários de biodiversidade terrestre do planeta.


Lar de muita vida, de icônicas famílias matriarcais de elefantes a alguns dos últimos rinocerontes existentes, passando por uma miríade de plantas e animais singulares, Kruger é ao mesmo tempo um enorme sucesso de conservação e um dilema de manejo para seus gestores - um excelente paralelo para a Convenção para a Regulamentação do Comércio Internacional de Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção, ou simplesmente CITES, que se reúne nesta cidade a partir do dia 23 de outubro e que mais uma vez sediará um embate entre os que querem proteger as espécies ameaçadas e os que querem vendê-las - ou suas partes mais valiosas - no comércio internacional.



Negociada e entrando em vigor nos já longínquos anos 1970, quando uma onda de preocupação com o planeta levou a diversas inovações no Direito Internacional, a Convenção CITES é uma pérola em um mundo onde os "consensos" impedem, na prática, a adoção de medidas efetivas de conservação; esse é o caso dos acordos regionais de pesca hoje vigentes, por exemplo, onde mesmo com absoluta certeza de que as práticas pesqueiras são criminosamente predatórias e os estoques estão sendo exterminados por quotas demasiado elevadas de captura, basta uma China ou um Japão fincar pé para que nada seja feito e o massacre insustentável continue, consagrando a ditadura da minoria predatória nas decisões sobre recursos naturais compartilhados. A CITES, bem como a Comissão Internacional da Baleia (CIB), são anteriores a esse golpe do consenso, e tomam decisões por votação.



No caso da CITES, adotam-se por maioria mínima de 2/3 dos países votantes normas para restringir ou proibir o comércio de animais ou plantas ameaçados ou em vias de, listando-os respectivamente no Apêndice II (comércio internacional restrito e sujeito a non-detrimentfindings, ou seja, à demonstração de que o comércio pretendido não prejudicará a espécie) ou Apêndice I (comércio internacional proibido).



Claro, aqui como em muitas leis há uma cláusula pró-meliantes: como em muitos outros tratados, na CITES os países também podem declarar uma "objeção" às decisões em até 90 dias depois de adotadas, e com isso ficam isentos de cumpri-las... Mas mesmo assim as objeções costumam limitar-se aos vilões ambientais habituais (vocês acertaram: China e Japão encabeçam a lista) e a maioria das decisões favorece as espécies-alvo.



Algumas espécies listadas desde o início na CITES são objeto de permanente revisão e controvérsia, como é o caso dos elefantes, massacrados impiedosamente pelo marfim, ou rinocerontes, cujo chifre é removido dos animais caçados ilegalmente para alimentar o mais imbecil dos tráficos, o de supostos afrodisíacos na tal "medicina tradicional" asiática. Outras são besouros pouco conhecidos ou plantas suculentas obscuras, mas que viram espécies ameaçadas ao serem coletadas em números assustadores para atender a "colecionadores" com dinheiro demais e parafusos de menos.



Nesta reunião que se inicia não será diferente, e falaremos disso em mais detalhe nos próximos dias. Mas em anos recentes, a CITES passou a estender sua proteção também a espécies cujos lobbies do tráfico excedem em muito o poder dos de marfim, chifres e insetos: trata-se dos peixes marinhos, cuja captura e comércio não se medem em exemplares, mas em toneladas.



Maior em volume, ainda que idêntico em estupidez, do que o de chifres de rinoceronte, o comércio internacional de barbatanas de tubarão, para uma sopa insípida e falsamente afrodisíaca, é responsável por boa parte dos quase 100 milhões de tubarões subtraídos aos oceanos anualmente pelas frotas pesqueiras. A China, novamente, é o grande buraco negro para onde convergem os produtos desse genocídio.



No caso dos tubarões-martelo, estima-se que cerca de 90% das populações globais das distintas espécies já tenham desaparecido, e a lista de outras vítimas é longa.



Para piorar o quadro, as raias-manta e seus parentes próximos, as móbulas, magníficos e inofensivos gigantes do mar que atraem mergulhadores do mundo inteiro para seus locais de concentração, estão sendo mortas para a extração de suas estruturas branquiais, também para atender às criminosas crendices chinesas.
A dupla dinâmica. Foto: Pinguim.
A dupla dinâmica Paulo Guilherme "Pinguim" e José Truda no Cites 2016. Foto: Pinguim.



Em 2013, a CITES votou majoritariamente para restringir o comércio de tubarões galha-branca-oceânicos (Carcharinuslongimanus), do marracho (Lamnanasus), três espécies de tubarões-martelo (Sphyrnalewini, S. mokarran e S. zygaena, e de todo o gênero das raias-manta ((Manta spp.), o que deu um fôlego parcial a essas espécies.


Nesta reunião que está começando aqui na África do Sul, estão propostas restrições para o comércio dos muito ameaçados tubarões-raposa (Alopiasspp.), do tubarão-sedoso ou (Carcharinusfalciformis) e das raias-móbula (Mobulaspp.), parentes próximas das mantas. 



O Brasil apoia todas essas propostas, e mais outras iniciativas pró-conservação como a restrição de comércio para todo o gênero Dalbergia, dos jacarandás, e a manutenção da proteção da CITES às grandes baleias, que os países pró-caça incansavelmente tentam derrubar tanto aqui como na CIB. Estas e outras propostas, bem como todos os documentos que serão discutidos e votados nesta reunião, relatórios e iniciativas para coibir o tráfico de flora e fauna ameaçadas, podem ser acessados gratuitamente através destes Apps para IOs e Android.


Os governos dos predadores marinhos, os traficantes de marfim, os falsos "povos tradicionais" abastados que lucram com a matança de fauna ameaçada, estarão como de hábito nesta Conferência das Partes Contratantes da CITES distribuindo seus dossiês, caretas, ameaças e promessas de benesses lícitas ou não. Direto desse campo de batalha enviaremos nossos boletins a ((o))eco, enquanto fazemos, eu e Paulo Guilherme "Pinguim", o incansável cabeça da campanha Divers for Sharks, nosso próprio lobby a favor da conservação.



Com um detalhe: este ano fomos convidados pelo Ministério das Relações Exteriores – cujo novo titular declarou a temática ambiental como uma de nossas novas prioridades diplomáticas - a integrar a delegação oficial do Brasil. Sinal dos novos tempos, esperamos, em que a sociedade civil ambientalista não é mais obrigada a ser muda e servil para ser admitida como protagonista das políticas públicas. Fiquem de olho em ((o))eco nas próximas duas semanas pros nossos despachos do front.

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Por José Truda*
Cites
Palco das discussões no Cites. Foto: iisd.

Depois de mais de 30 anos vindo às reuniões da CITES – e de outros tratados internacionais de “uso sustentável dos recursos naturais”, como a Comissão Internacional da Baleia – as pessoas me perguntam por que é que eu fico tão irritado quando falo dessas reuniões.



É de fato uma pena que outros ambientalistas e gestores ambientais brasileiros não possam assistir em primeira mão o que se passa nessas reuniões, os conchavos de bastidores para atender a objetivos de grupelhos que se beneficiam do abuso sobre as espécies silvestres e ecossistemas, a hipocrisia dos Estados, a inutilidade dos compromissos assumidos por países que não têm a menor intenção de cumpri-los.


Talvez em nenhum outro instrumento internacional isso fique tão pornograficamente claro como na CITES, que deveria estar protegendo as espécies ameaçadas pelo comércio internacional, e muitas vezes fracassa rotundamente nessa missão, por conta da falta de compromisso de membros proeminentes da comunidade internacional.


Os elefantes tomam boa parte do tempo da CITES, e por boa razão – eles estão sendo exterminados por um fluxo incessante e ilegal de tráfico de marfim para fazer ornamentos cafonas nos países asiáticos, principalmente China, e também para atender a “colecionadores” norte-americanos. Apesar da proibição vigente do comércio, a matança continua.



Dos elefantes das savanas africanas, 110.000 – cerca de 30% da população ainda existente – foram exterminados nos últimos anos apesar das proibições de comércio em muitos dos países de distribuição da espécie. O relaxamento escandaloso dos controles alfandegários nos países consumidores é o grande responsável desse verdadeiro massacre que se processa a olhos vistos e apesar de diferentes iniciativas para estancá-lo.



Estão em discussão nesta Conferência propostas de alguns dos países do sul da África – Namíbia, Zimbabwe e África do Sul para retomar o comércio legalizado de marfim, o que só serviria para aumentar a pressão sobre os elefantes e dar cobertura a um contrabando ainda maior. Felizmente, as primeiras propostas nesse sentido já estão sendo rejeitadas, em antecipação de um grande debate que será realizado na próxima segunda-feira sobre este tema e outro ainda mais escabroso, o tráfico de chifres de rinocerontes para a ridícula e ineficiente “medicina tradicional” chinesa.



O que fazer, entretanto, para acabar com o comércio ilegal? Ninguém parecer ter a resposta o querer investir os recursos necessários, e por enquanto de concreto apenas as atitudes louváveis dos governos como Quênia que estão queimando seus estoques de marfim para evitar que a expectativa da retomada de algum comércio legal aumente ainda mais a mortandade de elefantes para estocá-lo com vistas à venda futura.
Ccalau-de-capacete. Bico é usado como ferramenta para esculturas. Foto: Doug Janson/Wikipédia.
Ccalau-de-capacete. Bico é usado como ferramenta para esculturas. Foto: Doug Janson/Wikipédia.

É preciso notar, entretanto, que não apenas as espécies mais icônicas como elefantes, rinocerontes e tubarões estão sendo ameaçadas pela bestialidade da demanda absolutamente irracional de partes de animais para alimentar ora a vaidade, ora a taradice, ora a ignorância humana.



 Vejamos por exemplo o caso dos calaus – belíssimas aves da família Bucerotidae, cuja distribuição é restrita às florestas tropicais da África, Ásia, Filipinas e parte da Melanésia. Como todos os animais de médio ou grande porte encarcerados nos ambientes naturais restantes num planeta com 9 bilhões de macacos pelados predadores, os calaus já enfrentavam problemas de conservação pela destruição de habitats e caça (ah sim, as tais “comunidades tradicionais” que geram as florestas vazias com sua depredação).



Aí algum desgraçado descobriu que o bico massivo característico de uma espécie em particular, o calau-de-capacete, podia ser entalhado como um substituto muito similar do marfim de elefantes. Foi o que bastou para os traficantes e contrabandistas chineses se atirarem sobre os calaus, causando uma hecatombe sem precedentes nas suas populações.



Como muitas espécies que acabam sendo engolidas pelas máfias chinesas do tráfico de fauna, a CITES parece impotente para salvar esta do massacre. Sabendo-se impotente e talvez na esperança de algumas migalhas de controle, a Secretaria da CITES faz salamaleques bizarros para o governo chinês, elogiando seu “compromisso com a conservação”, o que soa a nós, pagantes de impostos que sustentamos essa Secretaria, como uma piada de muitíssimo mau gosto.



Quase ninguém fora da África e partes da Ásia austral já ouviu falar nos pequenos e simpáticos pangolins, um equivalente ecológico dos tatus neotropicais. Com espécies distribuídas em partes da Ásia e África, era até recentemente um gênero impactado de maneira esporádica por caça e perda de habitat.



Agora, os pangolins tornaram-se os mamíferos mais traficados no mundo para atender aos gananciosos que o vendem e aos imbecis que o compram para a vigarice da medicina “tradicional” chinesa e para artesanatos de muito mau gosto feitos com suas escamas corporais. A aprovação das propostas que proibiram todo o comércio internacional de pangolins foi a primeira grande boa notícia da Conferência. A China, claro, falou contra, mas não prevaleceu.



Não obstante a Ásia, em particular o eixo do mal China-Japão, seguir na dianteira global absoluta como malfeitores do tráfico de espécies ameaçadas, coletores de “curiosidades” da Natureza do mundo inteiro concorrem para o genocídio de plantas e animais que cometeram o desatino evolutivo de serem coloridos, exóticos ou raros.



É assim que colecionadores (ou melhor dito, receptadores) do mundo inteiro estão causando o desaparecimento dos Nautilus, moluscos oceânicos de profundidade cujas conchas vistosas encantam quem têm o privilégio de observar esses animais no mar – e infelizmente despertam a cobiça de quem quer observá-los numa estante. Atualmente, dezenas de milhares de conchas são traficadas internacionalmente. Por isso mesmo está em pauta aqui a restrição ao seu comércio.




E segue o debate sobre os tubarões e raias, com a expectativa de se votar no final de semana as propostas para restrição ao comércio internacional dos tubarões-raposa, tubarão-sedoso e raias-móbula. Para reforçar a importância das propostas, os países insulares dos oceanos Índico e Pacífico – Maldivas, Sri Lanka, Fiji e outros – fizeram um seminário excelente demonstrando a importância econômica dos usos não-extrativos dos tubarões e raias através do Mergulho e Ecoturismo, e também a sua importância cultural para os diferentes povos dessas regiões.



Finalmente, essa Convenção dominada por interesses de traficantes de animais mortos e plantas arrancadas está começando a escutar, e a reconhecer, os direitos daquelas comunidades e países que vivem da conservação esclarecida, e não da depredação irresponsável, da biodiversidade. Isso tem uma imensa importância para o futuro da conservação, porque em geral a CITES e outros tratados apenas escutam o mimimi sobre livelihoods de quem faz demagogia pseudo-social para justificar a matança das espécies selvagens.



Graças aos corajosos ilhéus e, imodestamente, a alguns gatos-pingados como nós, que através do Divers for Sharks estamos buzinando a paciência nessas reuniões desde 2010 com a importância dos usos não-extrativos, agora essa bobajada não é mais unânime nem hegemônica.




Para nossa satisfação, a delegação brasileira segue tendo uma atuação bastante vigorosa e vocal a favor da conservação, em particular das espécies mais ameaçadas e reforçando, a partir da política de Estado brasileira, que a biodiversidade tem outros valores sócio-econômicos que não apenas o tráfico de espécies. Pela primeira vez em 31 anos de CITES ouvi um diplomata brasileiro falar aqui da importância do Ecoturismo.


O período de mutismo de conveniência no tocante a nossa responsabilidade para com outras espécies que não apenas as nossas parece, enfim, ter acabado, e isso é muito bom.


Ainda há vários dias de CoP17 da CITES para que as coisas dêem errado para as espécies ameaçadas pelo tráfico. Mas felizmente tem muita gente empurrando pra dar certo. Veremos o que acontece como resultado do choque de interesses que fazem subir a poeira nos acarpetados salões por onde, apesar da companhia de algumas das mais importantes figuras do ativismo ambiental global, somos obrigados também a passar por alguns dos mais abjetos canalhas da devastação ambiental e resistir ao ímpeto de dar-lhes o que merecem, ao menos uma vez. 


Noto que a cada reunião o ímpeto é maior e a resistência a fazê-lo, menor. Acho que é hora de me aposentar disso.

*Jardineiro, indignado e Vice-Presidente do Instituto Augusto Carneiro.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Vídeo: As plantas são capazes de "ver"



https://youtu.be/beurQdjotjQ


plantas-veem

Bonitas de se ver e de admirar. Além de serem uma parte integrante da nossa dieta, as plantas também têm algo mais: elas seriam organismos vivos capazes de "ver".



Esta é a afirmação que vem de um artigo científico que acabou de ser publicado na revista Trends in Plant Science, que mais uma vez explora o tema, tão complexo e fascinante, que é a inteligência no mundo vegetal.


O estudo em questão - Vision in Plants via Plant-Specific Ocelli? - assinado pelos cientistas Stefano Mancuso, diretor do LINV, Laboratório de Neurobiologia Vegetal da Universidade de Florença - Itália, e Frantisek Baluska, professor de biologia celular em Bona, levanta a hipótese de que as plantas são capazes de ver formas e cores, ainda que não possuam olhos e nem mesmo um sistema nervoso.



A hipótese não nasce do nada: não é a primeira vez que estudos e pesquisas acabam atribuindo às plantas uma espécie de "inteligência" e "consciência", a capacidade de "sentir", de “memorizar" e até mesmo de “reagir” de alguma forma aos estímulos externos.

Como se deu a pesquisa?

O que levou Mancuso e Baluska a especularem que as plantas teriam uma faculdade similar, comparável, à visão? O ponto de partida foram alguns estudos anteriores, assim como experiências e observações feitas no curso do tempo. Em particular, os investigadores observaram que algumas plantas têm a capacidade de se camuflarem, ou seja, são capazes de tomar a aparência dos elementos que as rodeiam, como acontece, por exemplo, com a Boquilla trifoliata, uma espécie de planta comum na América do Sul.
plantas veem



“Chegamos a desenvolver esta teoria, observando uma série de estudos anteriores, coletando pistas e colocando-as em fila (…).” - explica Mancuso - "Tomemos o caso da Boquilla trifoliata. É uma planta que vive no Chile e cujo comportamento foi descrito em 2014: esta planta tem uma extraordinária capacidade de mimetismo, sobe em uma árvore e suas folhas tomam a aparência das folhas da planta que sobe. Ou seja, muda a sua morfologia, cor, textura. Suas folhas podem se tornar mais grossas, mais finas, pode até mesmo apresentar espinhos".


Tal comportamento somente pode ser explicado, admitindo, no caso da Boquilla trifoliata, uma espécie de "capacidade visual" do mundo em torno delas, reconhecendo formas e cores das plantas que as rodeiam e se ”adaptando” a elas.


"Para que se possa simular uma coisa, é preciso saber o que se quer imitar." - diz Mancuso.
Outra pista vem da observação do comportamento da Arabidopsis, uma clássica planta de laboratório.



"Se a isolamos completamente sob uma cápsula de vidro, ela muda o comportamento dependendo da planta que nós colocamos próxima dela: por exemplo, crescendo a mais ou a menos." - explica Mancuso -. "O que queremos sustentar é que a visão não é adequada para os organismos mais complexos, mas aos níveis de vida mais simples, começando pelos unicelulares. Não são olhos propriamente ditos, mas são "lentes” capazes, a partir das folhas, de transmitir os raios de luz e as imagens que recebem".



Em suma, é como se as plantas fossem equipadas com sensores nas folhas, que de alguma forma lhes permite decifrar o que as rodeia, num mecanismo semelhante, embora não comparável, ao que comumente chamamos de ”visão".



Nos últimos anos, a investigação conduzida pelo professor Mancuso ajudou a lançar uma nova luz sobre o mundo vegetal, fazendo emergir novas características e novas capacidades, inéditas e interessantes. Um mundo inteiro a ser explorado!
Abaixo um vídeo explicativo em italiano.

Especialmente indicado para você:

Médicos apostam em inteligência artificial contra o câncer

Entenda como o superpoder de processamento do Watson, da IBM, pode ajudar no tratamento da doença 
Por Estúdio ABC Atualizado em 16/09/2016

Crianças no setor de oncologia do Children´s Hospital of Orange County, que usa o WatsonGetty Images
O cenário parece ter saído de um filme de ficção científica: um médico conversa com seu computador sobre o caso de um paciente com câncer, como se estivesse diante de um colega. Ele compartilha suas impressões e faz perguntas, utilizando seu idioma nativo. O sistema do computador entende a conversa e, a partir das informações recebidas, acessa uma vasta base de dados com milhões de páginas de literatura médica e casos semelhantes. Depois de processar esses dados, ele responde ao médico, também em linguagem natural. Esse cenário, apesar de parecer futurista, baseia-se na tecnologia de computação cognitiva, que move sistemas como o Watson, da IBM.



Por meio de parcerias com centros médicos espalhados pelo mundo, começa a ser criada uma "nuvem" de conhecimento sobre o câncer, uma enorme base de dados online com milhões de páginas de informação, textos acadêmicos e diários médicos. Essa base pode ser acessada por meio da linguagem natural, e todo o trabalho de cruzamento de informações e elaboração de hipóteses, que dará ao usuário o resultado de sua pesquisa, é processado pelo cérebro eletrônico.



"A computação cognitiva possibilita ao computador aprender como o cérebro humano e utilizar esse conhecimento", diz José Augusto Stuchi, pesquisador sênior e líder da plataforma tecnológica cognitiva do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), um dos maiores centros de pesquisa de TI da América Latina, localizado na cidade de Campinas, interior de São Paulo. "A grande vantagem é que, com base em poucos exemplos, o sistema consegue generalizar."



Em abril deste ano, a Sociedade Americana de Câncer estabeleceu uma parceria com a divisão de inteligência artificial da IBM para adicionar ainda mais conhecimento ao Watson, que será integrado à nuvem da instituição. Ao todo, são cerca de 14 000 páginas de informações relacionadas ao tratamento de câncer, focadas no suporte a pacientes em tratamento e sobreviventes, que poderão acessar esses dados por meio da linguagem natural, ou seja, conversando com o computador. No futuro, essa tecnologia poderá ainda ser integrada a tablets e smartphones.



O sistema tornou-se viável graças às características únicas da computação cognitiva - uma inteligência artificial que compreende dados não estruturados (como a linguagem falada, textos e imagens) e que pode estabelecer novos insights sem que seja programada para agir de uma determinada maneira, como os computadores tradicionais. Assim, a máquina pode trabalhar com grande parte do conhecimento já produzido sobre o tratamento do câncer e oferecer a pacientes e médicos um novo olhar, com alta precisão.



"É difícil analisar a quantidade enorme de dados que coletamos", diz Craig Thompson, presidente do hospital Memorial Sloan Kettering, centro pioneiro de pesquisa do câncer dos Estados Unidos, localizado em Nova York, e uma das principais referências na área. O hospital foi um dos primeiros parceiros da IBM no uso do Watson na oncologia.



O Watson auxilia médicos a estabelecer o melhor plano de ação para o tratamento de um determinado tipo de câncer baseado em evidências. O oncologista acessa a base de dados e estuda as possíveis alternativas, fornecidas com base em uma coleção de casos anteriores. A inteligência artificial faz todo o trabalho de análise. "Possuir a informação e a sabedoria na ponta dos dedos transformará todo médico no profissional mais experiente do mundo naquele problema específico", diz Larry Norton, chefe do departamento de câncer de mama do Memorial Sloan Kettering.


"O Watson tem a capacidade de analisar grandes volumes de informação e reduzi-los a pontos críticos de decisão. Isso é essencial para melhorar nossa habilidade de entregar terapias efetivas e disseminar essas informações para o mundo", diz Thompson.



Como é capaz de aprender, assim como o cérebro humano, o sistema pode ser alimentado com uma quantidade ilimitada de dados. Algoritmos matemáticos de aprendizado dão conta do trabalho. Quanto mais exemplos receber, melhor será a elaboração de tratamentos eficazes, baseados em casos anteriores. A decisão final sempre caberá aos médicos, mas eles a tomarão com uma quantidade muito maior de informação analisada.



"Nosso papel é o de professor do Watson. Assim como ensinaríamos um oncologista em início de carreira, treinamos o sistema. Colocamos nele informações sobre como nossos médicos tratam os pacientes", diz Mark Kris, médico chefe do departamento de computação cognitiva do Memorial Sloan Kettering. Além de já funcionar em mais de dez centros de tratamento nos Estados Unidos, a tecnologia de inteligência artificial começa a ganhar o mundo, com experiências na Índia e na Tailândia.


Com a união da computação cognitiva e de uma nuvem na internet que armazena todas as informações, os médicos do Memorial Sloan Kettering acreditam que essa tecnologia vai proporcionar uma revolução médica que não se limitará a alguns centros americanos. "Isso tem o potencial de mudar totalmente a maneira como conduzimos a medicina no mundo", diz Larry Norton. "É um passo revolucionário."Infográfico sobre inteligência artificial

Ventos geram 42% da energia produzida na Dinamarca

mundo


Até 2020, espera-se que pelo menos 50% da energia do país venha dos ventos

Ana Luísa Fernandes e Tiago Jokura - Superinteressante - 26/01/2016
Em 2015, a Dinamarca bateu o recorde de geração de energia eólica: 42% da eletricidade produzida. Tudo bem que 2015 foi um ano especialmente cheio de ventanias no país, mas, desde 2008, a produção das turbinas aumenta a cada ano. Em 2014, um ano em que os ventos foram considerados normais, o total foi de 39,1%. Ou seja: o sistema parece estar funcionando.

O mais impressionante é que, durante 60 dias do ano, algumas regiões do oeste do país foram capazes de produzir mais energia éolica do que conseguiam consumir. Em um dia de julho, com rajadas particularmente fortes, a Dinamarca produziu 140% da sua demanda elétrica só com as turbinas eólicas. O excesso de energia foi vendido para a Alemanha, Noruega e Suécia. No dia 2 de setembro, o país operou com todas as centrais de energia desligadas, usando energia eólica, de painéis solares e de outras fontes renováveis, importadas dos vizinhos.

Tudo isso foi realizado enquanto duas de suas principais fazendas eólicas estavam desligadas, devido a problemas técnicos. Se elas estivessem funcionando, o número total poderia pular de 42% para 43,5%.

"Esperamos que a Dinamarca sirva como exemplo para outros países, mostrando que é possível ter políticas verdes ambiciosas, com alta proporção de energia eólica e outras fontes renováveis, e ainda ter alta segurança de abastecimento e preços competitivos em eletricidade.", disse o ministro da energia do país, Lars Christian Lilleholt.

Mas isso não quer dizer que todas as casas dinamarquesas foram abastecidas com energia eólica. A energia produzida é trocada e vendida entre os países: Alemanha, Suécia e Noruega compram da Dinamarca, que compra de volta energia nuclear da Suécia, solar da Alemanha e hidrelétrica da Noruega. Esse sistema permite que o país tenha mais segurança enegética durante dia e noite. Confiar em uma só fonte é arriscado.

Além disso, a distribuição das turbinas é desigual, com a maioria localizada no oeste dinamarquês. Isso não tira o mérito do país, que está cada vez mais próximo de atingir a meta de produzir 50% de toda a sua energia com a força dos ventos.

Havaí pode proibir turistas de nadar com golfinho.


Uma das atividades turísticas mais populares do Havaí pode tornar-se ilegal em breve.
Autoridades federais propuseram proibição da prática de nadar com golfinhos rotadores selvagens do estado.
Golfinhos rotadores são conhecidos pela altura que alcançam, pelos saltos giratórios e pelo comportamento amigável, que fazem com que sejam extremamente populares com turistas e moradores também.

Mas eles têm hábitos noturnos e, de acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), o contato constante com humanos durante o dia está afetando negativamente os animais.
“Com o tempo, a saúde deles pode ser impactada. Eles podem não alimentar os golfinhos mais jovens também. Eles podem abandonar seus jovens ou seu habitat, e podem sofrer os impactos do contato com a população em longo prazo,” disse Ann Garrett, administradora assistente regional dos recursos protegidos do NOAA’s National Marine Fisheries Service (Serviço Nacional de Pesca Marinha do NOAA) para o noticiário KMGB.
A lei proposta proibiria nadadores e embarcações de se aproximarem dentro de 50 jardas (ou 45,72 metros) de um golfinho rotador no oceano, e estenderia a duas milhas náuticas (ou 3,704 quilômetros) da costa.
Muitos ativistas de direitos dos animais são a favor de colocar a proibição em ação, mas os negócios locais que realizam passeios e excursões turísticas com golfinhos possuem sentimentos contraditórios sobre essa ideia.
“Nosso povo permanece em um caminho neutro. Nós não os perseguimos, os acumulamos ou os encurralamos de alguma maneira. Nós permitimos que os golfinhos venham a nós,” Richard Holland, presidente do Ocean Journeys LLC (Jornadas Oceânicas LLC),  contou ao noticiário KHON.
Oficiais garantem que se a proposta for aprovada como lei, provavelmente será efetivada em algum momento no próximo ano.
Fonte: Olhar Animal

OMS define novos parâmetros para alimentos processados que têm açúcar, sal ou gordura em excesso



A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) – representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas – publicou no dia 19 de fevereiro critérios inéditos para a classificação dos alimentos processados e ultra-processados. Com os novos parâmetros, a agência da ONU quer mudar conceitos anteriores sobre o que seriam quantidades excessivas de sal, açúcar e gordura em produtos industrializados.

O objetivo é fornecer orientações aos Estados-membros para que estes implementem políticas públicas de incentivo à alimentação saudável. “Temos dados que mostram que o consumo de alimentos pobres em nutrientes, ricos em calorias e ultra-processados nos países das Américas está diretamente relacionado a taxas crescentes de sobrepeso e obesidade”, afirmou a conselheira sênior da Opas sobre Alimentos e Nutrição, Chessa Lutter.

Segundo a agência, dietas pouco saudáveis estariam contribuindo para uma epidemia cada vez maior de doenças crônicas, como diabetes, câncer e doenças do coração.

A Opas acredita que, com as novas definições, os países poderão elaborar regulações mais efetivas para, por exemplo, determinar que tipo de alimento poderá ser vendido ou servido em escolas
O novo Modelo de Perfil de Nutrientes da Opas define os alimentos processados como produtos alimentícios que são produzidos industrialmente usando sal, açúcar ou outros ingredientes para preservá-los ou torná-los mais palatáveis.

Comidas ultra-processadas 
Já as comidas ultra-processadas são aquelas industrialmente formuladas que contêm substâncias extraídas de alimentos – como caseína, soro de leite e proteínas isoladas – ou substâncias sintetizadas a partir de constituintes alimentares – como óleos hidrogenados, amidos modificados e sabores.


De acordo com os critérios estabelecidos pela Opas, ambos os tipos de produtos apresentam quantidades excessivas de açúcar, sal e gordura quando: a quantidade de açúcares adicionados ou de gorduras saturadas representar 10% ou mais do total de calorias; ou as calorias associadas a todas as gorduras somarem 30% ou mais de toda a carga energética do alimento em questão; ou as calorias da gordura trans forem igual a 1% ou mais do total de calorias; ou ainda quando a proporção de sódio, em miligramas, em relação às calorias for de um para um ou mais.

Aplicação dos parâmetros
Esses parâmetros devem ser aplicados a todos os alimentos processados e ultra-processados, desde vegetais em conserva até ‘frios’, batatas fritas, sorvetes, iogurtes com sabor, cereais e barras de cereais. As classificações não servem para comidas não industrializadas ou minimamente processadas, como vegetais frescos ou congelados, legumes, grãos, frutas, raízes, tubérculos, carnes, peixes, leite, ovos e pratos preparados com esses alimentos.


A Opas acredita que, com as novas definições, os países poderão elaborar regulações mais efetivas para, por exemplo, determinar que tipo de alimento poderá ser vendido ou servido em escolas. Restrições à publicidade infantil de alimentos pouco saudáveis também estão entre as medidas recomendadas.

Rótulos específicos
Outras políticas públicas podem envolver a exigência de rótulos específicos nos produtos industrializados, que alertem para a presença de sal, açúcar ou gordura em excesso.


Segundo a Opas, os Estados-membros podem ainda criar impostos distintos para alimentos processados pouco saudáveis, como refrigerantes à base de açúcar, além de redistribuir subsídios para a agricultura, a fim de estimular a produção e o consumo de produtos frescos.
(Via ONU Brasil)
Fonte: EcoD

Fumo passivo também faz mal aos animais de estimação (e pode causar até câncer)



Segundo dados da ONU, o fumo passivo é a terceira maior causa de morte evitável no mundo. Na Itália, a Ordem dos Médicos Veterinários deu início a uma campanha que dá aos fumantes mais um motivo para largar de vez o vício: o cigarro também faz mal à saúde dos bichinhos de estimaçãoSabia dessa?
Batizada de Il Fumo Uccide Anche Loro (O Fumo Também Os Mata, em português), a iniciativa chama a atenção dos donos de cães e gatos para os riscos do tabagismo passivo.
Entre outros problemas, os animais podem desenvolver câncer na cavidade nasal e doenças cardíacas e respiratórias, além de estarem sujeitos à intoxicação por ingestão de bituca.
No caso de gatos, principalmente, há ainda o risco de desenvolver câncer na região oral, uma vez que os bichanos têm o hábito de lamber os pêlos, onde se acumulam várias substâncias nocivas liberadas pelo cigarro.
A campanha promete fazer muita gente largar o vício do cigarro! De acordo com pesquisa feita pela entidade Henry Ford Health System, de Detroit, nos EUA, 28,4% dos fumantes do mundo declararam que parariam de fumar para proteger seus bichinhos de estimação.

Poluição: 92% da população global respiram ar inadequado, alerta OMS





A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta terça-feira, 27 de setembro, que 92% da população global vivem atualmente em áreas onde os níveis de qualidade do ar ultrapassam os limites mínimos estabelecidos pela entidade.

Os dados integram o mais completo relatório global já divulgado pela organização sobre zonas de perigo para poluição do ar, com base em informações de medições por satélite, modelos de transporte aéreo e monitores de estação terrestre de mais de 3 mil localidades rurais e urbanas.

A estimativa é que cerca de 3 milhões de mortes ao ano estejam ligadas à exposição à poluição externa do ar. A poluição interna do ar, entretanto, aparenta ser igualmente perigosa já que, em 2012, em torno de 6,5 milhões de mortes estavam associadas à poluição interna e externa juntas.

De acordo com a OMS, quase 90% das mortes relacionadas à poluição do ar são registradas em países de baixa e média renda, sendo que quase dois em cada três óbitos foram contabilizados no sudeste da Ásia e em regiões ocidentais do Pacífico.

Ainda segundo o relatório, 92% das mortes são provocadas por doenças não comunicáveis, sobretudo doenças cardiovasculares, derrame, doença obstrutiva pulmonar crônica e câncer de pulmão. A poluição do ar também aumenta os riscos de infecções respiratórias graves.

“A poluição do ar continua prejudicando a saúde das populações mais vulneráveis – mulheres, crianças e adultos de mais idade”, disse a diretora-geral adjunta da organização, Flavia Bustreo. “Para que as pessoas sejam saudáveis, elas precisam respirar ar limpo do primeiro ao último suspiro”, completou.


Fontes de poluição
A OMS alerta que as principais fontes de poluição do ar incluem modelos ineficientes de transporte; combustível doméstico e queima de resíduos; usinas de energia movidas a carvão; e atividades industriais em geral.

“Para enfrentar a poluição do ar, é preciso agir o mais rápido possível”, defendeu a diretora do Departamento de Saúde Pública e Determinantes Ambientais e Sociais de Saúde da OMS, Maria Neira.

“As soluções existem por meio do transporte sustentável nas cidades, da gestão de resíduos sólidos, do acesso a combustíveis domésticos limpos e fogões, bem como de energias renováveis e da redução de emissões industriais”, concluiu Maria. (Por Paula Laboissière, da Agência Brasil)
 
 
Fonte: EcoD

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Filhote de baleia encalha no rio Sergipe.Acompanhe o salvamento.

http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2016/09/filhote-de-baleia-encalha-no-rio-sergipe.html


27/09/2016 11h18

Local fica próximo ao encontro do rio com o mar.
Equipe de veterinários do Projeto Mamíferos Aquáticos está no local.

Do G1 SE
Na manhã desta terça-feira (27), um filhote de baleia foi encontrado encalhado no rio Sergipe, próximo a um local chamado de praia Formosa, no Bairro 13 de Julho, em Aracaju.
Equipe de veterinários trabalha para desencalhar baleia (Foto: Priscila Bitencourt/TV Sergipe)Equipe de veterinários trabalha para desencalhar  baleia (Foto: Priscila Bitencourt/TV Sergipe)

Equipes do Projeto Mamíferos Aquáticos e dos Bombeiros trabalharam para desencalhar o filhote, que ao que tudo indica se perdeu no encontro do rio Sergipe com o mar.
O animal foi devolvido ao mar depois de quatro horas, a operação contou com ajuda de um helicóptero .


De acordo com os veterinários, o filhote é recém-nascido e da espécie Jubarte.

Resgate chamou atenção de quem passava pelo local (Foto: Priscila Bitencourt/TV Sergipe)Resgate chamou atenção de quem passava pelo local (Foto: Priscila Bitencourt/TV Sergipe)

Tecnologia armazena energia solar para noite inteira


Tecnologia armazena energia solar para noite inteira
O professor Wenhua Yu realizando testes com o protótipo de armazenamento termal de energia renovável, que é 20 vezes mais eficiente do que os projetos realizados até agora.[Imagem: ANL]
Armazenamento de energia limpa
Um novo sistema de armazenamento térmico de energia consegue converter a energia solar coletada durante o dia e armazená-la com uma eficiência que garante o abastecimento contínuo por um período de 8 a 12 horas.
Ainda que muito progresso venha sendo feito recentemente no armazenamento das fontes limpas de energia - para lidar com os problemas de intermitência das fontes eólica e solar, principalmente - esta nova tecnologia é nada menos do que 20 vezes melhor do que os sistemas termais apresentados até agora.



O sistema é baseado em uma bateria de fluxo, que usa a energia solar para fundir um material de mudança de fase, armazenando a energia, que é liberada quando necessário mediante a re-solidificação do material.



Sal com grafite
A chave para a melhoria foi mesclar um material de mudança de fase de baixo custo - o cloreto de sódio, ou sal de cozinha - com espumas de grafite de alta porosidade e elevada condução elétrica.


A espuma de grafite aprisiona o sal em seus poros, facilitando e tornando mais rápida a fusão e a solidificação. A equipe demonstrou que esta alteração de fase se dá de forma sustentável ao longo do tempo.


Esta combinação reduziu a quantidade total de material necessário para construir o sistema e, por decorrência, seu custo. Ao mesmo tempo, a transferência de energia térmica tornou-se significativamente mais eficiente, proporcionando de 8 a 12 horas de armazenamento de energia - uma noite típica de armazenamento para uma usina de energia termossolar, por exemplo.


Usina modular
O próximo passo do projeto será construir uma planta-piloto 50 vezes maior do que o protótipo em escala de laboratório testado agora.


"Nós estamos planejando desenvolver uma usina em escala industrial na forma de um sistema modular, de forma que o sistema em escala piloto que estamos construindo poderá de fato ser usado como um módulo para um sistema em escala total, que será formado por muitos módulos empilhados ou dispostos em conjunto," disse o professor Wenhua Yu, do Laboratório Nacional Argonne, nos EUA.

App diz quanto a pessoa emite de CO2 e como compensar em mudas

RB AMBIENTAL




Posted: 24 Sep 2016 05:47 AM PDT
Um engenheiro ambiental e empresário paulistano lançou um aplicativo que calcula o número de árvores que as pessoas e os responsáveis por indústrias e eventos devem plantar para compensar a quantidade de gás carbônico eliminado no meio ambiente. Os usuários do “CarbonZ” podem utilizar os índices para consulta ou pagar para que o pesquisador e sua equipe plantem as mudas.

Após baixar o aplicativo de celular (app), que está disponível para Android e IOS desde o dia 21 de setembro, Dia da Árvore, o usuário preenche um formulário com dados sobre sua rotina, como tipo de veículo utilizado para chegar ao trabalho e a quantidade de água e energia elétrica consumidas por mês.

Com a informação gerada pela ferramenta, o usuário tem a opção de realizar o plantio, caso queira, ou pagar online para que a "CarbonZ" faça o serviço. Em caso de adesão, o usuário recebe no prazo de uma semana as coordenadas geográficas de onde as mudas estão plantadas, de quais espécies são e uma foto do local.

Além disso, cada muda recebe um chip e o usuário tem a possibilidade de ir ao local e identificar a planta com a câmera do celular, de modo similar àquele realizado na caça de Pokémons.

Empresário
Gabriel Estevam Domingos, de 28 anos, o empreendedor que concebeu o projeto, explica que a ideia surgiu da tendência seguida pelos grandes eventos de neutralizar o carbono gerado nas construções por meio do plantio.

“É uma ação voluntária de responsabilidade socioambiental baseada no Protocolo de Kyoto. Isso foi feito pelos organizadores do Rock in Rio e da Olimpíada do Rio, por exemplo”, explica.

Após realizar um trabalho para um evento que seguia esta tendência neste ano, Gabriel tinha material suficiente para desenvolver o app, que foi criado em três dias. “Para este evento trabalhei de maneira arcaica, usando planilhas de Excel. O "CarbonZ" veio da necessidade de uma ferramenta prática para a realização do cálculo”, conta.



Trajetória
Gabriel é o homem que concebeu o projeto com a ajuda da equipe de sua empresa, a GED – Inovação, Engenharia e Tecnologia. Quando criança, ele queria ser cientista e criar tudo que consumisse. “Eu fiz pasta de dente, desinfetante, captação de água da chuva e tratamento de esgoto, por exemplo”, conta.

Concentrou seus esforços na questão ambiental e sustentável inspirado no município onde cresceu, Cubatão, na Baixada Santista, que já carregou o título de cidade mais poluída do mundo. “Me chamava atenção que 60% da cidade estivesse sob área de preservação ambiental, apresentasse um dos maiores PIBs do Brasil, mas fosse uma cidade poluída e desigual”, afirma.

Consequentemente, Gabriel encontrou na engenharia ambiental sua área de trabalho. “É uma área que trabalha justamente com o tripé social, ambiental e econômico, que sempre me interessou”, explica.

Hoje, Gabriel trabalha em sua empresa, integra o Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (CEPEMA) da Poli/USP, carrega no currículo 25 prêmios por pesquisas e o título de Jovem Embaixador Ambiental do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Fonte: G1 São Paulo / Globo

Espécies que são salvas graças à interferencia da iniciativa privada.

Old Blue, um macho e um neozelandês intrometido

Por Giuliana Ferrari
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Don Merton e Old Blue



Há três possibilidades quando alguém ouve o nome “Nova Zelândia”. Se você for um aficionado por esportes radicais, aparecem na mente imagens de paraquedismo e pontes altíssimas para bungee jumping.



Se você for um fã inveterado de Senhor dos Anéis, como a autora desta crônica, Nova Zelândia é o cantinho da Terra Média que sobreviveu ao rápido desenvolvimento urbano do restante do mundo, conservada em algum lugar da Ilha Sul, perdida entre as montanhas de gelo, lagos estonteantes e colinas verdes repletas de ovelhas. Mas se você for um ecólogo conservacionista, a Nova Zelândia é um dos exemplos máximos de como conhecimento científico pode salvar uma espécie.



Quando se discute reintroduções, neozelandeses literalmente escreveram o livro sobre esse assunto, lançado pela primeira vez com o título “Reintroduction Biology” por Doug Armstrong, Kevin Parker e John Ewen. Apesar do primeiro ser canadense e o terceiro, britânico, os três se tornaram conhecidos trabalhando com espécies reintroduzidas nas pequenas ilhas costeiras do território neozelandês.




Os três homens, com os quais tive a sorte de trabalhar, só tinham boas palavras para falar de Don Merton. Entre outros feitos, Merton foi a pessoa que descobriu o comportamento de lekking no kakapo, um psitacídeo (aves que se parecem com papagaios) e uma das espécies mais emblemáticas da Nova Zelândia (para mais informações sobre esses pássaros não-voadores incríveis, leia “As duas vidas de Richard Henry e a salvação do Kakapo”, de Bernardo Araujo).



Merton nasceu no dia 22 de fevereiro de 1939 em Devonport, uma pequena cidade anexa Auckland, a maior cidade neozelandesa. Ainda criança, Don e seus dois irmãos mais velhos foram bem-sucedidos em cuidar de um tentilhão-dourado selvagem que havia ficado órfão nas redondezas da casa de sua avó. Trinta e cinco anos depois, Merton usaria essa experiência para salvar o Chatham Island Black Robin, à época a ave mais ameaçada do mundo.



O black robin (de nome científico Petroica traversi) é um pequeno passarinho do tamanho de um pardal, assim chamado devido a sua homogênea penugem preta. O bico, também preto, é curto e serve para se alimentar exclusivamente de insetos no chão da floresta, apoiado em galhos baixos ou dando pulinhos curtos por entre as folhas caídas.



Ao contrário do seu primo NI robin Petroica longipes, o , o robin preto tem capacidade de voo reduzida, o que o deixou ainda mais vulnerável aos predadores que invadiram seu território (principalmente arminhos, doninhas e ratos). O North Island robin é um passarinho com uma extensa distribuição na Ilha Norte da Nova Zelândia, enquanto o  black robin estava presente apenas em poucas ilhas do Chatham Islands, um pequeno arquipélago a 800km da costa leste neozelandesa.


Black-Robin
Um exemplar juvenil de black robin, descendo um dos declives da ilha Little Mangere, 
Chattam Islands. Foto: Don Merton




Os fatores que deixaram o black robin em tão precária situação, infelizmente, são comuns: perda de habitat por degradação antrópica e predação por mamíferos exóticos introduzidos pelo homem. Antes uma terra pristina que continha apenas duas espécies de mamíferos nativos (morcegos pequenos que se alimentavam principalmente de frutas), com a chegada dos colonizadores, primeiro os polinésios, e, depois, os europeus, a Nova Zelândia tornou-se um terreno perigoso para seus pássaros, que evoluíram durante milhares de anos na ausência de predadores terrestres. Eles passaram rapidamente a ser mortos por ratos, gatos, arminhos, doninhas e até cachorros, no caso de espécies maiores como os kiwis.




É importante lembrar que em ilhas isoladas como Havaí e Nova Zelândia, as espécies locais, em sua maioria aves, não têm defesas adequadas contra mamíferos predadores simplesmente porque não evoluíram em conjunto com eles, um fenômeno conhecido em ecologia como "ingenuidade insular". Se você pensa que um passarinho é bobo por ficar cantando despreocupadamente enquanto um gato o observa, pronto para dar o bote, pense que você não fugiria de um leão se não soubesse que ele é um poderoso predador. Talvez ficasse parado, observando aquele curioso animal se aproximando, sem se dar conta que o plano de almoço seria você.




Missão quase impossível
"Don havia visto a destruição de biodiversidade no Grande Cabo do Sul, e garantiu que aquilo não se repetiria em Mangere. Juntos, Old Blue e Don Merton iriam mandar uma mensagem ao mundo: a situação pode ser terrível, mas esperança e determinação podem revertê-la."
Vinte anos antes, Don Merton havia chegado na Ilha Grande Cabo do Sul, alguns quilômetros ao oeste da Ilha Sul neozelandesa. Ele estava encarregado de trabalhar com os saddlebacks, passariformes de penugem escura com uma “sela” marrom-alaranjada nas costas. Além dessa espécie, mais duas estavam confinadas à Ilha (eram únicas no mundo). Rattus rattus, o rato comum, conseguiu invadir a Ilha nadando até terra firme e as extinguiu; se não fosse pelo time de Don Merton, teria dizimado a espécie de saddlebacks também. Don ficou marcado pela dolorosa experiência de presenciar duas extinções globais.




Arminhos e roedores são pestes na Nova Zelândia, e ao serem introduzidos (intencionalmente ou por acidente) nas Ilhas Chatham, esses predadores encontraram nos despreocupados black robins um banquete. Em 1980, a situação da espécie era crítica. Quando Merton chegou à ilha, a estimativa era de restarem apenas 30 indivíduos.  Enquanto tentavam bolar um plano de resgate, uma contagem na Ilha Pequena Mangere, a única onde estes pássaros também existiam, revelou míseros 5 indivíduos. Parecia a vez do robin preto de desaparecer da face da Terra.



A missão de Don parecia impossível: salvar uma espécie cuja única fêmea reprodutora recebera o nome de Old Blue (por ser marcada com uma única anilha azul na perna), pois sua avançada fazia duvidar de que ela pudesse gerar filhotes saudáveis. Mas Don havia visto a destruição de biodiversidade no Grande Cabo do Sul, e garantiu que aquilo não se repetiria em Mangere. Juntos, Old Blue e Don Merton, este já com cabelos brancos, iriam mandar uma mensagem ao mundo: a situação pode ser terrível, mas esperança e determinação podem revertê-la.




Primeiro, Merton resgatou a pequena população de robins pretos confinados em um trecho íngreme da Ilha. Isso significou escalar rochedos com caixas e demais equipamentos pesados nas costas. Após capturarem os animais, as caixas tornavam-se carga preciosíssima. Os pesquisadores desciam um alto paredão com os únicos indivíduos de uma espécie. Eles jamais devem ter esquecido aquela tarde.
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Caixa de ninho dedicada a Old Blue, em Mangere Islands. Foto: Alan Tennyson


As ondas castigavam o paredão e o vento parecia soprar de todas as direções. O Sol brilhava nas pernas descobertas dos pesquisadores, que vestiam casacos de lã ou linho por cima das blusas, uma tentativa de manter o corpo aquecido sob o frio ensolarado neozelandês. Don ainda teve tempo de sacar sua câmera e tirar uma foto do rapaz encarregado de transportar metade da população do black robin nas costas.



Esta foto até hoje é utilizada em cursos sobre ecologia e conservação nas universidades neozelandesas. Ao levar os indivíduos para a Ilha Mangere, cujo habitat era maior e mais adequado à espécie, Merton percebeu que havia um único casal reprodutivo viável: Old Blue e Old Yellow. Fotos mostram Merton “conversando” com sua Blue, que não deve ter entendido aquela intensa atenção, alheia ao fato de ser a última esperança de sua espécie.



A aposta funcionou e as primeiras ninhadas de Old Blue vingaram, mas um novo problema surgiu: se ela fosse cuidar de seus filhotes, nem todos sobreviveriam. Aves geralmente colocam mais ovos do que o número de indivíduos que irão sobreviver às condições naturais. Mesmo que a maioria de seus filhotes sobrevivessem, Old Blue só poderia ter outras ninhadas na próxima estação reprodutiva, o que para passariformes é em geral entre primavera e verão de cada ano. E havia urgência da população crescer.



Merton estabeleceu uma nova tática: os filhotes do casal seriam criados por adultos de uma espécie similar, o Petroica macrocephala, ou tomtit. Tomtits ajudaram a elevar rapidamente o número de black robins, já que Old Blue e, posteriormente, suas filhas, netas e bisnetas que chegavam à idade adulta eram estimuladas a colocar mais ovos quando estes eram levados para serem cuidados por “pais adotivos”.



Em Mangere, notou-se a permanência de alelos deletérios na população de black robins. No processo, a espécie sofreu um intenso gargalo populacional, pois todos os indivíduos existentes hoje são originários do primeiro casal, Old Blue e Old Yellow. Essa situação é conhecida em ecologia como “bottleneck” (gargalo). O maior dos problemas foi a fixação de um gene mal adaptativo, o qual impelia as fêmeas a empurrarem seus ovos para a borda do ninho.



No início do programa, pesquisadores iam até os ninhos e empurravam os ovos de volta, pois o objetivo claro era aumentar a população o mais rápido possível e tirá-la da situação extremamente vulnerável em que se encontrava. De uns tempos para cá, no entanto, a intervenção humana nos ninhos foi interrompida para que este gene fosse extirpado na população, já que fêmeas com este comportamento não conseguiriam ter filhotes.



Merton trabalhou até uma idade avançada, sempre com a “animação e energia de ecólogos com metade de sua idade”, como descreveria Carl Jones em 2011. Hoje, sobrevivem cerca de 250 indivíduos de black robins na natureza em Chattam Islands: nas ilhas Mangere e Cabo Sul.


Old Blue faleceu depois de incríveis 14 anos, cercada de seus descendentes. A fêmea daquele primeiro casal produziu centenas de passarinhos. A média de expectativa de vida destes pássaros é de apenas quatro anos, embora alguns sobrevivam de 6 a 13 anos. Merton tornou seu trabalho de recuperação da espécie especialmente eficiente com o uso de técnicas de manejo intensivo. A extensa documentação do projeto permitiu replicar em outros projetos idéias que tiraram os robins da beira da extinção. Foi o caso dos pássaros kakapo e o takahe.


Em 11 de abril de 2011, aos 72 anos, foi a vez do mundo se despedir de Don Merton, após longa batalha contra um câncer. Com quase 50 anos de carreira, Don semeou as raízes do que é hoje o trabalho intensivo em recuperar espécies ameaçadas de extinção na Nova Zelândia, e seu conhecimento foi usado em situações semelhantes nas Seychelles, Ilhas Maurício e no leste da Austrália.


Com o avanço das ações antrópicas e perdas irreparáveis de habitat, muitas outras espécies estarão ameaçadas de extinção no futuro. Se conseguiremos salvá-las ou não, é uma incógnita. Mas se hoje sabemos como manejar essas espécies, definitivamente podemos agradecer à incrível história de Don Merton e a pequena Old Blue.

Participe do 2º Concurso Fotográfico WikiParques 2016

"Mandacaru". Foto: Guilherme Haruo
“Mandacaru”. Foto: Guilherme Haruo


Fotógrafos, mais uma vez convocamos vocês a participar do Concurso Fotográfico WikiParques! Se você não participou da edição anterior, não perca esta chance. Se já participou, bem-vindo novamente. Mostrem para o mundo as suas imagens mais marcantes, registradas nos parques e áreas protegidas Brasil afora.


A foto vencedora será revelada pela Escolha do Júri: as equipes do WikiParques, do site ((o))Eco e fotógrafos convidados vão se reunir para escolher qual a melhor foto.  A nossa galeria traz os cliques dos vencedores passados e das muitas contribuições à Wiki. Visite e se inspire.


Assim como nos concursos anteriores, não é preciso uma inscrição formal, basta abrir uma conta no WikiParques e enviar suas fotos. Todas as fotos enviadas para o concurso serão incorporadas ao acervo do WikiParques, ficando disponível no site através da licença Atribuição-Partilha nos Mesmos Termos 3.0 não Adaptada (CC BY-SA 3.0). Não deixe de participar!

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Veja abaixo a foto vencedora da última edição do concurso e, logo depois, o regulamento completo.
Vencedora da última edição: Nádia de Campos Velho  (confira aqui uma rápida entrevista)
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Na beira da lagoa, no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, uma revoada de dezenas de trinta-réis-boreal (Sterna hirundo), uma ave costeira, pequena, ágil e graciosa, que no inverno boreal migra para o Hemisfério Sul, sendo comum nas costas do Brasil.