quinta-feira, 14 de abril de 2016

Convite.Fórum sobre incendios.

Lançado plano nacional para proteger corais


No Brasil, os recifes de coral se distribuem por aproximadamente 3 mil quilômetros de costa, do Maranhão ao sul da Bahia, representando as únicas formações recifais do Atlântico Sul.

Nessa área existem unidades de conservação federais, estaduais e municipais que protegem uma parcela significativa desses ambientes. Mas, no geral, esses sensíveis ecossistemas vêm sofrendo um rápido processo de degradação por causa das atividades humanas.

Para reverter esse quadro, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, aprovou o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos – PAN Corais. A portaria que oficializa o plano foi publicada em março no Diário Oficial da União (DOU).

Além de melhorar o estado de conservação dos ambientes coralíneos por meio da redução dos impactos antrópicos (produzidos pelo homem) e da ampliação da proteção e do conhecimento, o PAN Corais busca conservar 52 espécies de peixes e invertebrados aquáticos ameaçadas de extinção, entre elas anêmonas e cavalos-marinhos.

Dez objetivos e 146 ações – Para isso, foram definidas 146 ações, distribuídas em dez objetivos específicos, que deverão ser realizadas no prazo de cinco anos. Essas ações serão desenvolvidas em 18 áreas-foco, ao longo do litoral brasileiro, incluindo regiões no interior da Zona Econômica Exclusiva, além do mar territorial, do Maranhão até Santa Catarina.

Todo esse trabalho será coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (Cepsul), do ICMBio, e pela ONG Instituto Coral Vivo, com supervisão da Coordenação Geral de Manejo para Conservação, da Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (CGESP/DIBIO), também do ICMBio.

De acordo com a portaria, o PAN Corais será monitorado anualmente, para revisão e ajuste das ações, com uma avaliação intermediária prevista para o meio da vigência do plano e avaliação final ao término do ciclo de gestão.

No dia 15 de março, a presidência do ICMBio publicou nova portaria, definindo o Grupo de Assessoramento Técnico do PAN Corais, composto por 21 membros, que vai auxiliar no acompanhamento da implementação das ações. Ainda este ano, serão editados o sumário executivo e o livro do PAN, contendo diferentes dimensões de diagnóstico e planejamento dos trabalhos.

Diálogo e articulação – “O PAN Corais é o produto de um amplo processo de diálogo e articulação entre pesquisadores, pescadores, ONGs e outros setores da sociedade, constituindo-se em uma ferramenta muito importante de planificação de ações de conservação deste ecossistema tão ameaçado”, disse Roberta Aguiar dos Santos, do Cepsul e coordenadora do PAN Corais.

Segundo ela, para que o plano tenha êxito, é fundamental o envolvimento das mais diferentes instâncias de governo, conselhos e fóruns de elaboração e deliberação de políticas públicas. “Isso demandará um esforço coletivo dos articuladores das ações propostas e de um conjunto cada vez maior de pessoas e instituições”, afirmou.

Para Clovis Castro, coordenador executivo do PAN e do projeto Coral Vivo e professor do Museu Nacional/UFRJ, o plano abre uma nova etapa para ações de conservação e uso sustentável dos ambientes coralíneos, representando o amadurecimento coletivo e evolução de iniciativas anteriores do governo e da sociedade brasileira.

“O processo de construção do PAN Corais abordou todas os principais temas relacionados à conservação desses ecossistemas, como pesca sustentável, pesquisa, poluição, turismo, espécies exóticas, mudanças do clima e da qualidade da água. Seu conteúdo sinaliza ações prioritárias a serem realizadas nesses ambientes, podendo ser utilizado para direcionar os esforços de órgãos governamentais, agentes financiadores, instituições de pesquisa, organizações não-governamentais e outros”, disse Castro.


Fonte: MMA

Estudo aponta que plástico é principal depredador dos oceanos




O plástico, em forma de garrafas, sacos ou tampas, é o principal depredador dos oceanos, denunciou nesta terça-feira a ONG Surfrider após um estudo de contaminação em cinco pontos da costa francesa e espanhola.

Com a ajuda de centenas de voluntários, a ONG realizou em 2015 em várias zonas da Grã-Bretanha e do País Basco um estudo dos resíduos que contaminam as praias, a costa e os fundos marinhos, no âmbito de um projeto de alcance europeu.

“Todos os dias oito milhões de toneladas de resíduos acabam no oceano. E 80% da poluição de nossos mares é de origem terrestre e consequência da atividade humana, com repercussões terríveis na biodiversidade e no conjunto de nosso meio ambiente”, afirma o presidente da Surfrider Foundation Europe, Gilles Asenjo, em um comunicado.

Segundo a ONG, o plástico constitui “mais de 80%” dos resíduos nos cinco lugares do estudo. É o caso da praia de Burumendi, em Mutriku (Espanha), onde 96,6% dos 5.866 resíduos recolhidos são de plástico ou de poliestireno.

Na praia de La Barre, em Anglet (França), a proporção é de 94,5% de um total de 10.884 resíduos.
O plástico e o poliestireno também estão presentes em abundância na praia de Porsmilin da localidade francesa de Locmaria-Plouzané (83,3%, 2.945 resíduos).

A proporção é muito menor na praia de Murguita de San Sebastián (Espanha), onde há 61% de plástico e de poliestireno, mas também 18% de vidro.

E na praia de Inpernupe, em Zumaia (Espanha), cerca de metade dos resíduos são vidro (47,9%) e 29,1% são plástico e poliestireno.

Além de plástico, os voluntários também encontraram nos cinco locais do estudo cordas e redes de pesca, guimbas de cigarro, recipientes de comida, tampas, garrafas de vidro e de plástico, sacos e fraldas. Em cada lugar, a Surfrider estabeleceu uma lista dos dez principais resíduos.

Fonte: G1

Brasil aposta no reflorestamento


As políticas ambientais brasileiras dos próximos anos terão as ações de reflorestamento como prioridade. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) reiteraram nesta quarta-feira (13/04), em Brasília, os esforços para manter as ações de restauração florestal e sustentabilidade na região. Ao todo, oito países com territórios dentro do bioma fazem parte da OTCA.

O anúncio ocorreu na abertura do I Seminário Regional para Países Membros da OTCA sobre Desmatamento Ilegal, promovido pelo MMA até sexta-feira (15/04). O secretário-executivo do MMA, Carlos Klink, afirmou que, além do combate ao corte ilegal de vegetação, o Brasil se concentrará em políticas de restauração. “Queremos ser, também, o país do reflorestamento”, destacou Klink.


Integrantes da OTCA, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela compartilham essas iniciativas. A secretária-geral da Organização, Jacqueline Mendoza Ortega, explicou que a parceria e o compartilhamento de políticas desenvolvidas pelas oito nações são essenciais. “O projeto de monitoramento da OTCA é pioneiro e inaugura a perspectiva de integração para o combate ao desmatamento ilegal na Amazônia”, declarou.

Desafio - O objetivo é manter a sequência de redução das taxas de desmatamento ilegal no país. No ano passado, a queda foi de 79% em relação aos índices registrados em 2004, quando foi instituído o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). “A conjuntura é desafiadora. Mas temos, do nosso lado, a tecnologia e a cooperação”, exemplificou a presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marilene Ramos.


Aliada ao combate ao desmatamento ilegal, a intenção é estabelecer uma economia baseada no valor da floresta em pé. “Os resultados das políticas têm uma importância global”, ressaltou o secretário-executivo do MMA, Carlos Klink. Segundo ele, serão desenvolvidas ações voltadas para a conservação da biodiversidade e para o estabelecimento da bioeconomia. “É possível trabalhar a proteção juntamente com a produção de riquezas”, acrescentou.


Fonte: MMA

Extinção de espécies, artigo de Roberto Naime


Publicado em abril 12, 2016 por



artigo

[EcoDebate] O processo de extinção está relacionado ao desaparecimento de espécies ou grupos de espécies em um determinado ambiente ou ecossistema.


Semelhante ao surgimento de novas espécies, a extinção é um evento natural: espécies surgem por meio de eventos de especiação com longo isolamento geográfico, seguido de diferenciação genética, ou desaparecem devido a eventos de extinção como catástrofes naturais ou surgimento de competidores mais eficientes.


Normalmente o surgimento e a extinção de espécies são eventos extremamente lentos, demandando milhares ou mesmo milhões de anos para ocorrer.


Um exemplo disso foi a extinção dos dinossauros, ocorrida naturalmente há milhões de anos, muito antes do surgimento da espécie humana, ao que tudo indica devido à alterações climáticas decorrentes da queda de um grande meteorito. Ou a presença de predadores que se alimentavam dos ovos. Não há consenso sobre isto.


Ao longo do tempo, porém, o homem vem acelerando muito a taxa de extinção de espécies, a ponto de ter-se tornado o principal agente do processo de extinção. Em parte, essa situação deve-se ao mau uso dos recursos naturais, o que tem provocado um novo ciclo de extinção de espécies, agora sem precedentes na história geológica da terra.


As principais causas de extinção são a degradação e a fragmentação de ambientes naturais, resultado da abertura de grandes áreas para implantação de pastagens ou agricultura convencional, extrativismo desordenado, expansão urbana, ampliação da malha viária, poluição, incêndios florestais, formação de lagos para hidrelétricas e mineração de superfície.


Estes fatores reduzem o total de habitats disponíveis às espécies e aumentam o grau de isolamento entre suas populações, diminuindo o fluxo gênico entre estas, o que pode acarretar perdas de variabilidade genética e a extinção de espécies.



Outra causa importante que leva espécies à extinção é a introdução de espécies exóticas, ou seja, aquelas que são levadas para além dos limites de sua área de ocorrência original.


Estas espécies, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de predadores e pela degradação dos ambientes naturais, dominam os nichos ocupados pelas espécies nativas.


Com o aumento do comércio internacional, muitas vezes indivíduos são transportados para áreas onde não encontram predadores naturais, ou ainda, onde são mais eficientes que as espécies nativas no uso dos recursos.


Dessa forma, multiplicam-se rapidamente, ocasionando o empobrecimento dos ambientes, a simplificação dos ecossistemas e a extinção de espécies nativas.

Espécies ameaçadas são aquelas cujas populações e habitats estão desaparecendo rapidamente, de forma a colocá-las em risco de tornarem-se extintas.

A conservação dos ecossistemas naturais, de sua flora, fauna e dos microrganismos, garante a sustentabilidade dos recursos naturais e permite a manutenção de vários serviços essenciais à manutenção da biodiversidade.


Que são a polinização, a reciclagem de nutrientes, a fixação de nitrogênio no solo, a dispersão de propágulos e sementes, a purificação da água e o controle biológico de populações de plantas, animais, insetos e microrganismos, entre outros.


Esses serviços garantem o bem estar das populações humanas e raramente são valorados economicamente como deviam. Já se disse várias vezes, meio ambiente para a economia clássica é uma “externalidade”.


A conservação da biodiversidade brasileira para as gerações presentes e futuras e a administração do conflito entre a conservação e o desenvolvimento não sustentável são, na atualidade, os maiores desafios do Ministério do Meio Ambiente (MMA).


O MMA tem enormes responsabilidades em relação às espécies ameaçadas de extinção. Em primeiro lugar, destaca-se a elaboração das listas das espécies ameaçadas, com a finalidade de quantificar o problema e permitir o direcionamento de ações para solucioná-lo.


Em segundo, a proteção e a recuperação dessas espécies. E em terceiro, e derradeiro, o desenho de um modelo de desenvolvimento que assegure a utilização sustentável dos componentes da biodiversidade.

Estes objetivos não podem, entretanto, ser alcançados individualmente por um ministério ou isoladamente pelo governo.

Mas somente por meio de uma efetiva aliança e de uma consertação nacional, que deve envolver as esferas de governo federal, estadual e municipal, além dos setores acadêmico-científico, não-governamental, empresarial e a cidadania em geral.


Referência:
http://www.mma.gov.br/biodiversidade/especies-ameacadas-de-extincao

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 12/04/2016

"Extinção de espécies, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 12/04/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/04/12/extincao-de-especies-artigo-de-roberto-naime/.
 
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Inconsistência de leis ambientais entre países da América do Sul facilita avanço do desmatamento na região

Publicado em abril 13, 2016 por

Pesquisadores da Universidade de Stanford concluem que leis ambientais inconsistentes na América do Sul abrem brechas para o avanço do desmatamento na região
Controlar o desmatamento requer harmonização de leis em diferentes países



Empresas agrícolas que estão fortemente ligadas ao desmatamento preferem operar em áreas com menores restrições ambientais, aponta um estudo publicado em 28 de Março na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

A pesquisa da Universidade de Stanford – Escola de Ciências Ambientais, Energia e Terra , conduzida pelo professor Eric Lambin e sua equipe, também aponta que as empresas geralmente preferem atuar em áreas com baixa aplicação e fiscalização das leis.


Essas tendências podem levar o desmatamento a migrar de uma região para outra. Os autores concluem que isso pode ser evitado por meio da padronização das regulamentações em diferentes países e, simultaneamente, com o incentivo à intensificação sustentável da agricultura.


“Os estudos sugerem que, comparado com o ano 2000, serão necessários, pelo menos, mais 100 milhões de hectares de terras agrícolas para atender à demanda global por alimentos até 2030”, disse o Prof. Lambin, que também é professor do Stanford Woods Institute for the Environment. “Portanto, é primordial encontrar maneiras para atender essa demanda sem destruir os ecossistemas naturais.”

Algumas políticas de conservação parecem funcionar, mas os sinais podem ser enganadores. Há indícios de que a imposição de limites na expansão de commodities como soja e carne em um local podem simplesmente resultar no avanço do desmatamento em outros locais. Esse fenômeno, conhecido como vazamento de desmatamento, poderia ter importantes implicações para políticas públicas, mas atualmente esses processos permanecem amplamente ignorados.


As terras da região do Grande Chaco e Chiquitano, que abrangem Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai proporcionam um experimento natural para a análise de processos de vazamento de desmatamento. O uso da terra nestas áreas permaneceu em grande parte não regulamentado até meados da década de 2000. Posteriormente, a criação de novas políticas públicas estabeleceu diferenças regulatórias significativas entre as regiões que compõe o Grande Chaco e o Chiquitano.


Para analisar como as empresas direcionaram seus investimentos nas regiões do Grande Chaco e Chiquitano, foram realizadas entrevistas com 82 empresas de soja e gado na Argentina, Bolívia e Paraguai, cujas propriedades somam 2,5 milhões de hectares. Os pesquisadores questionaram o quanto as regras contra o desmatamento afetaram o destino de seus investimentos e se a falta de padrão e diferenças nessas leis abriram brechas para os vazamentos de desmatamento.

Os pesquisadores descobriram que essas decisões foram tomadas influenciadas predominantemente pela proximidade com investimentos preexistentes feitos pelas empresas e a disponibilidade de terras com florestas, mas regiões com leis menos severas sobre o desmatamento foram efetivas em atrair empresas agrícolas mais fortemente associadas ao desmatamento.

“Embora os efeitos da regulamentação do desmatamento nas decisões de investimentos possam ter sido minimizados por outros fatores, eles ainda continuam significativos”, diz Yann le Polain de Waroux, pesquisador pós-doutorado da Stanford University School of Earth, Energy, and Environmental Sciences. “Para evitar mais vazamento de desmatamento, precisaríamos de uma maior harmonização das leis contra desmatamento causado pela expansão de commodities em todas as regiões, e de práticas de pecuária mais eficiente e sustentável.”

Essa última solução é proposta porque a prática da pecuária mais eficiente e sustentável pode resultar em maior produtividade e rentabilidade em regiões com políticas públicas mais rigorosas que, por sua vez, poderiam reduzir o ímpeto das empresas em migrar para outras regiões.

A auto-regulamentação pelos setores agropecuário e financeiro para implementar padrões de sustentabilidade pode contribuir diretamente para a harmonização das leis em todas as regiões.

“Se as empresas internacionais e os bancos adotassem padrões harmonizados de sustentabilidade em todos os países em que atuam, o vazamento de desmatamento seria menos comum”, diz o Dr. Le Polain. Nos últimos anos, tem acontecido uma onda de compromissos corporativos e com investidores para remover o desmatamento nas cadeias de abastecimento e carteiras de investimento.

O Consumers Goods Forum (CGF), um grupo de varejistas e marcas com uma receita combinada de mais de USD 2,8 trilhões (R$ 10,2 tri), que incluem gigantes como Unilever e Walmart, está comprometido em alcançar o desmatamento zero em suas cadeias produtivas até 2020.


Dez bancos estão alinhando seus objetivos com o compromisso do CGF, e também pretendem alcançar o desmatamento líquido zero até 2020, como parte do Soft Commodities Compact ligados à Iniciativa Bancária Ambiental (Banking and Environment Initiative – BEI). Outras empresas como a Cargill e McDonalds estão comprometidas com o desmatamento zero como parte da Declaração de Nova Iorque sobre as Florestas, de 2014.


“O movimento de redução de desmatamento está crescendo entre os grandes varejistas e compradores globais da cadeia de soja e carne, e os nossos resultados sugerem que a harmonização de padrões entre essas empresas poderiam contribuir no alcance a meta de desmatamento zero”, conclui o Prof. Lambin.

Esta pesquisa recebeu o apoio da Fundação Gordon e Betty Moore por meio da concessão GBMF4263. Para ver a pesquisa completa, acesse:

http://www.pnas.org/content/early/2016/03/22/1602646113.abstract
Nesse link, estão disponíveis imagens em alta resolução (créditos estão no documento word):
https://www.dropbox.com/sh/puemglgvnx0xarq/AACCratff9PBzXXPFQEBcuOPa?dl=0

Colaboração de Tiago Lopes, in EcoDebate, 13/04/2016

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Ação mundial contra matadouros mobiliza ativistas


No último dia 10 de Abril ativistas de várias partes do mundo realizaram uma ação em vários matadouros para expor o especismo e o horror das cargas vivas pelas rodovias.


Vários grupos se organizaram para fecharem rodovias e saídas de matadouros em várias partes do mundo como Espanha, França, Itália, Venezuela, Israel, Estados Unidos, Canadá, Londres e vários outros.
Acao mundial contra matadouros
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Fonte: Vozes em Luto

Aves do Alasca Curiosidades sobre espécies que vivem numa das regiões mais frias do planeta!



Notícias - 23-11-2015 Bichos
Já imaginou como seria uma ave com corpo de pinguim, bico de papagaio, pé de pato e ainda topete louro? Aposto que não. Mas essa ave existe e tem o nome de papagaio-do-mar-de-tufos (Fratercula cirrhata). Ele é considerado uma das aves marinhas mais lindas e diferentes do mundo e não é tão fácil encontrá-lo. Eu precisei viajar até o Alasca, nos Estados Unidos, para observar um exemplar desta espécie!
O papagaio-do-mar-de-tufos é uma das aves marinhas mais bonitas do mundo! Este eu fotografei no Alasca, nos Estados Unidos. (foto: Andrea Schmidt)
O papagaio-do-mar-de-tufos é uma das aves marinhas mais bonitas do mundo! Este eu fotografei no Alasca, nos Estados Unidos. (foto: Andrea Schmidt)

A viagem longa valeu a pena. Essa região, famosa pelo clima muito frio e paisagens cheias de gelo, tem uma primavera muito bonita. Na ilha de São Paulo, que fica próximo ao litoral e tem pouquíssimos habitantes humanos – cerca de 500! –, a natureza guarda boas surpresas para essa estação do ano.

Além do papagaio-do-mar-de-tufos, podemos observar por lá um parente seu, o papagaio-do-mar-de-chifres (Fratercula corniculata). Ele ganhou esse nome porque possui, acima dos olhos, duas pequenas estruturas pontudas que lembram os chifres de alguns mamíferos. Seu bico é de um colorido incrível e as patas, de um laranja chocante!
Como seu parente "topetudo", o papagaio-do-mar-de-chifres também é um belo animal. Suas cores vibrantes atraem a gulosa raposa-do-ártico e, para escapar, a ave precisa construir ninhos em locais inacessíveis para outros bichos, como fendas em enormes penhascos. (foto: Andrea Schmidt)
Como seu parente “topetudo”, o papagaio-do-mar-de-chifres também é um belo animal. Suas cores vibrantes atraem a gulosa raposa-do-ártico e, para escapar, a ave precisa construir ninhos em locais inacessíveis para outros bichos, como fendas em enormes penhascos. (foto: Andrea Schmidt)

Você pode estar se perguntando se essas cores vibrantes e esses apetrechos na cabeça não atraem atenção de predadores. Bem, essa é a pergunta que todos fazem quando encontram com essas simpáticas aves. A resposta é boa: na verdade, a única ameaça para essa espécie na ilha de São Paulo são as raposas-do-ártico (Vulpes lagopus). Como vivem em regiões com duras condições climáticas, elas caçam qualquer coisa que esteja disponível, incluindo aves e seus ovos.

Felizmente para os papagaios-do-mar, eles se adaptaram bem à região, adquirindo o hábito de construir seus ninhos em lugares inacessíveis para outros animais, como fendas nas rochas de enormes penhascos. Escapam, assim, de virar jantar de raposa! Sem sucesso na caça às aves, o predador caça pequenos roedores silvestres encontrados na ilha.


Outras espécies curiosas
O Alasca é lar de muitas outras espécies curiosas de aves, como a alca-de-crista (Aethia cristatella). Ela possui um engraçado topete em sua testa, logo acima dos olhos, que diminui durante os meses de inverno. E tem mais: na época de reprodução, a pequenina ave produz um odor semelhante à tangerina, que serve para atrair um parceiro.
O segredo da alca-de-crista para atrair um parceiro está no cheirinho parecido com tangerina! (foto: Andrea Schmidt)
O segredo da alca-de-crista para atrair um parceiro está no cheirinho parecido com tangerina! (foto: Andrea Schmidt)

Já a alca-pequena (Aethia pusilla), como o nome diz, é ainda menor em tamanho. Suas asas são tão pequenas que precisam batê-las freneticamente para voar, aparentando que vão cair a qualquer momento. Esta é a espécie de ave marinha mais abundante da América do Norte e uma das mais abundantes do mundo.

Voltando para casa
Essas e outras aves marinhas, embora tenham o Alasca como lar, não passam o ano todo por lá. Como dissemos, a região é muito fria e, nos meses de inverno, as aves voam para o alto mar, onde passam oito meses por ano sem colocar os pés no chão – ficam apenas boiando na superfície da água ou voando sem um destino certo.
A alca-pequena é uma das espécies mais abundantes da América do Norte. (foto: Andrea Schmidt)
A alca-pequena é uma das espécies mais abundantes da América do Norte. (foto: Andrea Schmidt)


Especialistas ainda não sabem explicar para onde elas vão, mas uma coisa é certa: a primavera é época de voltar para casa! Todos os anos, a chegada da primeira ave marinha na ilha de São Paulo é comemorada pela população local e pelos turistas com pulos de alegria, seguido de longas horas de observação com binóculos para melhor entender o comportamento e biologia dessas curiosas aves.
Andrea Schmidt,
Desde pequena sou apaixonada por animais. Por isso, decidi ser bióloga e fotógrafa de animais silvestres. Adoro viajar e compartilhar minhas fotos com vocês!

Doutores de quatro patas Conheça os ratos africanos treinados para salvar vidas

Notícias - 02-12-2015 Bichos
 
Heróis nem sempre usam capa, equipamentos complicados ou superpoderes. Alguns possuem habilidades simples, mas que, quando bem utilizadas, salvam milhares de vidas. É o caso dos ratos da organização Apopo, dotados de uma incrível capacidade olfativa – ou seja, habilidade de sentir os cheiros. Eles foram treinados para detectar perigos para a vida humana e ajudam a salvar centenas de pessoas!

Além de detectar explosivos, ratos da espécie Cricetomys gambianus conseguem sentir o cheiro do agente causador da tuberculose. (foto: Xavier Rossi/Apopo)
Além de detectar explosivos, ratos da espécie Cricetomys gambianus conseguem sentir o cheiro do agente causador da tuberculose. (foto: Xavier Rossi/Apopo)


Inicialmente, os ratos da espécie Cricetomys gambianus, também conhecida como rato-gigante-africano, eram adestrados para detectar minas terrestres em países da África e da Ásia. Resquícios de tempos de guerra, esses equipamentos ficam escondidos no solo e explodem quando alguém pisa em cima, o que pode ferir gravemente ou até matar pessoas.


Felizmente, os ratos conseguem farejar os explosivos e descobrir exatamente onde estão enterrados. Como são leves, não disparam a armadilha – mas dão a dica para equipes especiais liquidarem o dispositivo.


Agora, na Tanzânia e em Moçambique, no sudeste da África, um novo exército de ratos foi treinado para outra função: detectar a tuberculose, doença que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. “Esses roedores são animais pacíficos, dóceis, fáceis de treinar e que gostam de realizar tarefas repetitivas”, conta o médico Emilio Valverde, coordenador do projeto. “Eles são endêmicos da África Subsaariana e estão, portanto, bem adaptados ao nosso meio”.


E como os bichos sabem que encontraram o que estavam procurando? Bem, o agente causador da tuberculose, uma micobactéria, produz um cheirinho particular – imperceptível para nós, humanos, mas notável para os ratos. Eles são capazes de sentir o odor em amostras de escarro dos pacientes.


Os ratos são então treinados para permanecer mais tempo sobre amostras que apresentam o tal cheiro. Quando fazem isso, recebem um prêmio! Então, querem acertar sempre, e quanto mais, melhor. Segundo Emílio, cada animal consegue avaliar cerca de 100 amostras em 20 minutos. Uma rapidez de dar inveja a qualquer laboratório…

Veja o vídeo:

 https://youtu.be/WAhaBkW7ZlU

“Os ratos identificam corretamente mais de 99% das amostras indicadas como positivas pela microscopia convencional realizada nas clínicas colaboradoras. Eles conseguem identificar também como positivas outras amostras que chegam no laboratório da Apopo com diagnóstico negativo”, diz o médico. Em outras palavras, parece que o exame dos ratos consegue ser ainda mais preciso que o teste laboratorial. Que bichos danados!
Você pode conferir mais sobre os heróis moçambicanos neste vídeo que a organização preparou (em português).
Everton Lopes, estagiário do Instituto Ciência Hoje
Adoro viajar e ler. Quando era pequeno queria ser escritor, hoje, posso escrever sobre um monte de coisas novas que eu descubro aqui na CHC!

Galito, o passarinho equilibrista


Conheça essa espécie do cerrado brasileiro, ameaçada de extinção

Notícias - 09-03-2016 Bichos 
 
 
Simpático, ativo, ágil – assim é o galito (Alectrurus tricolor), um pequeno passarinho que habita o cerrado brasileiro e também regiões do Paraguai, da Argentina e da Bolívia. Nos campos abertos, pousa em finos ramos para descansar. É nessas horas que ele mostra uma de suas habilidades mais impressionantes: a de equilibrista! Mesmo com o vento soprando para lá e para cá, o valente galito permanece firme.


No Brasil, o galito habita principalmente as áreas de cerrado, incluindo os estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso de Sul, além do Paraná e, muito provavelmente, o Rio Grande do Sul. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)
No Brasil, o galito habita principalmente as áreas de cerrado, incluindo os estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso de Sul, além do Paraná e, muito provavelmente, o Rio Grande do Sul. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)

Insetívoro, o galito espreita suas presas – insetos, como moscas, grilos, besouros, abelhas e mariposas, ou aranhas – aguardando o momento exato de atacar. Com bico rápido e certeiro, nhac! Faz a sua refeição e volta, quase sempre, ao mesmo galho, onde aguarda sua próxima vítima. E assim passa boa parte do seu dia…

Há diferenças marcantes entre macho e fêmea desta espécie. As fêmeas são pardas, com asas e cauda escuras e garganta branca. Já os machos possuem coloração preta e branca, com um desenho branco em forma de V no dorso e uma faixa peitoral negra incompleta.
O galito é pequenino: as fêmeas (à esquerda) medem de 12 a 13 centímetros e os machos, até 19 centímetros. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)
O galito é pequenino: as fêmeas (à esquerda) medem de 12 a 13 centímetros e os machos, até 19 centímetros. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)

Mas a principal característica do galito macho é a sua cauda negra em forma de leque. Na época reprodutiva, ela se torna mais avantajada que de costume, o que ajuda o passarinho em sua curiosa dança nupcial. Para cortejar a fêmea, machos fazem um voo de exibição, eriçando acentuadamente a cauda e executando fortes e pausadas batidas de asa.

Depois da conquista, é hora de preparar a chegada dos filhotes. Nessa etapa, a fêmea assume a maior parte das tarefas, como construir o ninho em forma de taça utilizando capim seco.

O ninho é construído diretamente no solo, mas escondido em meio às gramíneas altas. É lá que os filhotes passam os primeiros dias de vida e, com quase duas semanas, saem e se escondem na vegetação próxima, sendo alimentados e protegidos pelos pais até que consigam realmente voar.

O galito pertence a uma grande família, a maior entre as aves do mundo ocidental, conhecida como Tyrannidae.  (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)
O galito pertence a uma grande família, a maior entre as aves do mundo ocidental, conhecida como Tyrannidae. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)

Infelizmente, a destruição do hábitat natural desse esperto passarinho, em especial por causa da expansão das lavouras e da pecuária, vem ameaçando a espécie. O galito não gosta de áreas alteradas! Sem falar que as atividades desenvolvidas no solo põem em risco os seus ninhos…

Por esses motivos, tem sido raro observar o galito em regiões como o estado de São Paulo. Pode ser, até, que ele desapareça de vez! Precisamos fazer alguma coisa para impedir, não acha?
Sávio Freire Bruno, Universidade Federal Fluminense 
 
Desenvolvo pesquisas sobre espécies ameaçadas de extinção, como o pato-mergulhão. Adoro fotografar e filmar a natureza e seus animais – e também escrever sobre eles!

Coloridas e mentirosas


Conheça serpentes com belas cores, que fingem ser quem não são, na coluna ‘O nome dos bichos’

O nome dos bichos - 01-04-2016 Bichos 
 
 
Dia 1º de abril, o famoso “dia da mentira”. Quem nunca caiu em uma pegadinha feita por um amigo? Eu já caí em muitas. Algumas mentiras são tão cabeludas que é fácil desmascarar o espertinho que as conta. Mas tem gente que sabe mentir de uma forma tão convincente que fica difícil perceber…
Animais miméticos são mestres da mentira. Por exemplo, um grilo que finge ser uma formiga (à esquerda) e uma lagarta que se passa por serpente. (fotos: Muhammad Mahdi Karim / Wikipedia e Henrique C. Costa)
Animais miméticos são mestres da mentira. Por exemplo, um grilo que finge ser uma formiga (à esquerda) e uma lagarta que se passa por serpente. (fotos: Muhammad Mahdi Karim / Wikipedia e Henrique C. Costa)

Na sua turma tem muito mentiroso? O mundo animal está cheio deles. E eles não mentem apenas no dia 1º de abril, não, e sim durante a vida toda! Na verdade, a vida desses bichos depende de uma mentira bem contada. Afinal, eles são miméticos.


Um animal mimético é aquele que imita outro animal, uma planta ou até uma coisa. O objetivo da imitação pode ser enganar uma presa ou um predador, por exemplo. Há espécies de aranhas que parecem flores, lagartos que imitam besouros, insetos que lembram gravetos, e por aí vai.
Mais de 30 espécies de corais-verdadeiras são encontradas no Brasil. Elas vivem geralmente escondidas no subsolo, o que as torna difíceis de ver. Aqui você observa quatro delas: (i)Micrurus corallinus(/i) (“de coral”, em latim) e (i)Micrurus frontalis(/i) (do latim “frontal”, por causa da cor do focinho) são encontradas no sudeste; (i)Micrurus surinamensis(/i) (“do Suriname”, em latim, país onde foi descoberta) vive na Amazônia e é aquática; e a curiosa (i)Micrurus albicinctus(/i) (“rodeada de branco”, em latim), também da Amazônia, não possui cor vermelha.
Mais de 30 espécies de corais-verdadeiras são encontradas no Brasil. Elas vivem geralmente escondidas no subsolo, o que as torna difíceis de ver. Aqui você observa quatro delas: Micrurus corallinus (“de coral”, em latim) e Micrurus frontalis (do latim “frontal”, por causa da cor do focinho) são encontradas no sudeste; Micrurus surinamensis (“do Suriname”, em latim, país onde foi descoberta) vive na Amazônia e é aquática; e a curiosa Micrurus albicinctus (“rodeada de branco”, em latim), também da Amazônia, não possui cor vermelha.


Um exemplo bastante interessante é o das cobras-corais. Existem dezenas de espécies de “corais-verdadeiras”, dotadas de um poderoso veneno usado para matar suas presas e se defender contra inimigos. A maioria das corais-verdadeiras do nosso continente pertence ao gênero Micrurus (“cauda pequena”, em grego) e apresenta cores vibrantes, geralmente em tons de vermelho, branco e preto.
A espécie (i)Erythrolamprus aesculapii(/i) habita tanto florestas quanto áreas abertas e seu alimento favorito são outras serpentes e lagartos de corpo alongado. (foto: Henrique C. Costa)
A espécie Erythrolamprus aesculapii habita tanto florestas quanto áreas abertas e seu alimento favorito são outras serpentes e lagartos de corpo alongado. (foto: Henrique C. Costa)


Também existem por aqui muitas espécies de “falsas-corais”, serpentes cujo veneno é fatal para suas presas, mas não costuma oferecer perigo a predadores como nós, humanos. Como o nome já diz, as falsas-corais se parecem com as corais-verdadeiras.


Uma das possíveis explicações para este fenômeno é que, por se parecer com uma coral-verdadeira, a falsa-coral fica mais protegida. Isso acontece porque muitos predadores como aves e mamíferos evitam atacar animais com cores muito chamativas, pois geralmente eles são venenosos ou têm gosto ruim.


Uma das falsas-corais mais comuns no Brasil é conhecida pelos cientistas como Erythrolamprus aesculapii. Em grego, Erythrolamprus quer dizer “vermelho brilhante”, uma das cores desta espécie. Já o nome aesculapii faz referência a Esculápio ou Asclépio, deus grego da medicina e da cura, cujo símbolo é um cajado onde se enrola uma serpente.
A diversidade de falsas-corais do Brasil também é grande. Essa é só uma pequena amostra.
A diversidade de falsas-corais do Brasil também é grande. Essa é só uma pequena amostra.

Também são comuns por aqui as espécies do gênero Oxyrhopus (“que muda rapidamente”, em grego). Uma característica interessante dessas serpentes é que seu ventre costuma ser branco, ao contrário das cores vibrantes do dorso. Talvez seja essa a origem do nome científico do gênero.

Algumas espécies de Oxyrhopus são encontradas em várias regiões do Brasil, como Oxyrhopus guibei (nome em homenagem ao pesquisador francês Jean Marius René Guibé, amigo dos descobridores da espécie) e O. trigeminus (“trigêmeo”, em latim, referência às manchas pretas que se distribuem em grupos de três pelo corpo desta espécie).


Há também algumas Oxyrhopus com distribuição mais restrita, como O. clathratus (“decorada como uma treliça”, em latim), que ocorre na Mata Atlântica, e O. melanogenys (“mandíbula negra”, em grego), típica da Amazônia.

Você já se perguntou de onde vem o nome “cobra-coral”? Ele tem origem na semelhança do tom de vermelho de muitas dessas serpentes com o do coral-marinho da espécie (i)Corallium rubrum(/i) (“coral rubro” em uma mistura de grego e latim), muito usado antigamente para confecção de joias.  (foto: Christophe Quintin / Flickr / CC BY-NC 2.0)
Você já se perguntou de onde vem o nome “cobra-coral”? Ele tem origem na semelhança do tom de vermelho de muitas dessas serpentes com o do coral-marinho da espécie Corallium rubrum (“coral rubro” em uma mistura de grego e latim), muito usado antigamente para confecção de joias. (foto: Christophe Quintin / Flickr / CC BY-NC 2.0)


Esses são apenas alguns exemplos. Como eu disse, existem muitas espécies de falsas-corais, com colorações que lembram vagamente ou até perfeitamente uma coral-verdadeira. Por isso, vamos combinar: diferenciar uma coral-verdadeira de uma falsa é tarefa para especialistas!
Henrique Caldeira Costa, Departamento de Zoologia, UFMG
Curioso desde criança, Henrique tem um interesse especial em pesquisar a história por trás dos nomes científicos dos animais, que partilha com a gente na coluna O nome dos bichos

Uma ajuda dos urubus

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No Peru, aves foram equipadas com câmeras e GPS para monitorar locais de despejo de lixo

Notícias - 26-02-2016 Bichos
 
Para muitos de nós, os urubus sinalizam mau agouro ou – diz a tradição! – que vai chover no dia seguinte. Mas cientistas da Universidade Nacional Maior de San Marcos, no Peru, veem nesses animais possíveis aliados na fiscalização do despejo clandestino de lixo. Por isso, têm utilizado os urubus para localizar lixões na cidade de Lima, capital do país.


O projeto está baseado numa característica do comportamento dessas aves: para buscar alimento nas grandes cidades, elas costumam se aproximar de regiões onde há muito lixo acumulado. Essa foi uma forma de os urubus se adaptarem ao ambiente urbano, conta o biólogo Weber Novaes, da WGN Consultoria Ambiental. “Na natureza, os urubus se alimentam de matéria orgânica em decomposição, e o lixo que o ser humano produz acaba se tornando algo próximo disso em seu novo habitat”, justifica.


Equipados com câmeras e aparelhos de GPS, urubus-de-cabeça-preta voam até 200 quilômetros por dia e ajudam cientistas de Lima a encontrar lixões (foto: Hans Hillewaert/Wikimedia CC-BY-SA-4.0)
Equipados com câmeras e aparelhos de GPS, urubus-de-cabeça-preta voam até 200 quilômetros por dia e ajudam cientistas de Lima a encontrar lixões (foto: Hans Hillewaert/Wikimedia CC-BY-SA-4.0)


Outro fator importante para a escolha desses animais foi a grande distância percorrida em seus voos diários. “Sem bater asas, por se aproveitar das correntes de ar, o urubu pode voar até 200 quilômetros por dia e nem gasta muita energia”, afirma Weber. São os ajudantes de que os cientistas estavam precisando!


Os pesquisadores decidiram, então, equipar urubus-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), comuns na região, com câmeras e aparelhos de GPS. Quando eles voam atrás de comida, os pesquisadores observam as imagens captadas pela câmera e usam o GPS para localizar o ponto da cidade onde existe acúmulo de lixo.


A campanha recebeu o nome de Gallinazo Avisa (que quer dizer “Urubu Avisa”, em espanhol) e tem como objetivo, além de localizar os lixões, conscientizar os moradores sobre como o despejo incorreto do lixo pode causar danos ambientais e à saúde da população.


No Brasil, segundo Weber, poucos pesquisadores estudam os urubus. Mas conhecer a fundo esses animais poderia ser muito útil! O cientista contou à CHC que entender melhor a movimentação das aves nas cidades poderia evitar uma série de acidentes nos aeroportos brasileiros.


João Paulo Rossini, estagiário do Instituto Ciência Hoje/ RJ 
 
Gosto de ler e escrever desde pequeno. Daí surgiu a vontade de conhecer e contar novas histórias.

1001 utilidades Na natureza, uma nova função para determinada parte do corpo pode ser a diferença entre sobreviver ou não








Notícias - 21-03-2016 Bichos
 
Você já usou uma meia como bola? Uma caixa de papelão como casa de bonecas? E um pote de sorvete como porta-trecos? Apesar de esses objetos terem sido projetados para desempenharem outras funções, quebram um galho na falta de uma bola, de uma casinha de brinquedo ou de uma caixa de madeira, por exemplo.


Algo parecido com isso acontece na natureza: estruturas presentes em um organismo, que, ao longo da evolução, foram selecionadas por desempenhar muito bem determinada função, se mostram muito úteis em desempenhar uma nova função para a qual não haviam sido selecionadas anteriormente. Um bom exemplo disso são as penas das aves.
Dinossauros como o velociraptor possuíam penas revestindo o corpo, mas não voavam. (ilustração: Matt Martyniuk / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by/2.5)CC BY 2.5(/a))
Dinossauros como o velociraptor possuíam penas revestindo o corpo, mas não voavam. (ilustração: Matt Martyniuk / Wikimedia Commons / CC BY 2.5 )
Hoje, as penas são fundamentais para o voo. São estruturas leves, aerodinâmicas e altamente resistentes. Mas você sabia que, nos animais que existiram no passado, as penas não eram usadas para voar?


Penas de milhões de anos
Durante muito tempo, os cientistas se questionaram sobre como teria ocorrido a evolução das penas nas aves. Graças ao estudo de muitos fósseis, eles conseguiram esclarecer essa questão.


Um passo importante para isso foi descobrir que vários dinossauros tinham penas – e a maioria não voava. Isso sugere que as penas foram selecionadas porque tinham uma outra utilidade: controlar a temperatura do corpo desses dinossauros, o que era fundamental para que os animais exercessem suas atividades diárias.

Mas o interessante é que, apesar de as penas terem sido selecionadas por desempenhar a função de controle de temperatura, quando alguns desses dinossauros se aventuraram a pular entre os galhos das árvores, essas penas também os ajudaram a planar melhor. Foi então que elas começaram a desempenhar uma nova função, o voo.


As longas penas do (i)Microraptor gui(/i) já o ajudavam a planar pela floresta densa onde morava. (ilustração: David Krentz)
As longas penas do Microraptor gui já o ajudavam a planar pela floresta densa onde morava. (ilustração: David Krentz)

Não é difícil imaginar que os animais que naturalmente apresentavam penas um pouco mais longas nos braços tinham mais chances de escapar de predadores ou caçar melhor suas presas. Desse modo, as penas mais eficientes para o voo foram selecionadas ao longo de diversas gerações, e alguns grupos de dinossauros passaram a voar de forma mais eficiente. Esses grupos conseguiram escapar da grande extinção do período Cretáceo, há 65 milhões de anos, e continuam vivos até hoje.

Mudança de função
Os descendentes dos dinossauros com penas formam hoje o grupo que chamamos de aves. A permanência das penas é um bom exemplo de como estruturas que desempenham originalmente uma função podem ter outras utilidades para os seres vivos.

Quando uma estrutura surge por pressões seletivas para desempenhar uma dada função (como, no caso das penas, controlar a temperatura do corpo) e depois passa a desempenhar uma nova função (neste caso, o voo), dizemos que ela evoluiu por exaptação. Nas aves atuais, as penas ajudam tanto a controlar a temperatura do corpo quanto a voar.
Você consegue pensar em outro exemplo?

Ubirajara Oliveira, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais

Sou biólogo e desde criança sabia que queria ser cientista. Agora que sou, uso a ciência para buscar respostas para minhas perguntas sobre a natureza.

Bruxas incompreendidas






Chegou a hora de conhecer a beleza e
 a importância das mariposas

Notícias - 07-04-2016 Bichos 
 
Aposto que você já ouviu falar que, se pegar em uma mariposa e colocar a mão no olho, você fica cego. Vou dizer uma coisa com franqueza: isso é um mito. Acusadas de serem feias, sem graça e venenosas, as mariposas são bichos muito incompreendidos. Quanta injustiça!
As mariposas têm tamanhos e formas muito variados. Observe alguns exemplos. (fotos: Isabela Oliveira)
As mariposas têm tamanhos e formas muito variados. Observe alguns exemplos. (fotos: Isabela Oliveira)


Existem no mundo aproximadamente 150 mil espécies já descritas de borboletas e mariposas. Em vários lugares, as pessoas se deparam com borboletas em casa e relacionam isso com boa sorte. Como as mariposas são predominantemente noturnas e várias delas são grandes e escuras, muita gente acha que elas dão azar! Por isso, recebem o apelido de bruxas. Mas não são como as bruxas maldosas que povoam os contos de fadas…


Há muita delicadeza nas mariposas. Elas variam em tamanho (algumas menores que um centímetro, outras com até 30 centímetros) e forma. Geralmente, têm antenas compridas e frágeis, que podem ser finas e alongadas ou em forma de pena e servem para procurar alimentos e parceiros – mais ou menos como o nariz dos mamíferos.


Nem toda mariposa é marrom ou preta. Veja as cores vibrantes desta espécie! (foto: Patrick Coin / CC BY-SA 2.5)
Nem toda mariposa é marrom ou preta. Veja as cores vibrantes desta espécie! (foto: Patrick Coin / CC BY-SA 2.5)


As mariposas têm um papel muito importante na manutenção de espécies vegetais, pois atuam como polinizadoras de várias flores.


Ao se alimentarem do néctar, elas se enchem de pólen pelo corpo e, voando até outra flor da mesma espécie, levam essas partículas e possibilitam a reprodução do vegetal. Algumas espécies de plantas dependem exclusivamente das mariposas para se reproduzirem.


Da próxima vez que você encontrar uma mariposa, não tenha medo. Ela será frágil e delicada e não lhe fará mal nenhum!
Isabela Freitas Oliveira, 
 
Sou bióloga e apaixonada pela natureza. Os cheiros, os sons e as cores do mundo natural me fascinam! Adoro entrar no mato e ver a interação dos organismos com o ambiente.

Agrotóxicos: o veneno que o Brasil ainda te incentiva a consumir

Brasil permite uso de pesticidas proibidos em outros países e exonera os impostos dessas substâncias   
 





Plantação de morangos em Brasília. Agência Brasíli

 
O morango vermelho e carnudo e o espinafre verde-escuro de folhas largas comprados na feira podem conter, além de nutrientes, doses altas demais de resíduos químicos. Estamos em 2016 e no Brasil ainda se consomem frutas, verduras e legumes que cresceram sob os borrifos de pesticidas que lá fora já foram banidos há anos.



A quantidade de agrotóxicos ingerida no Brasil é tão alta, que o país está na liderança do consumo mundial desde 2008. A boa notícia, é que naquele mesmo ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) iniciou a reavaliação de 14 pesticidas que podem apresentar riscos à saúde. A má notícia é que até agora os estudos não terminaram.


A essa morosidade somam-se incentivos fiscais. O Governo brasileiro concede redução de 60% do ICMS (imposto relativo à circulação de mercadorias), isenção total do PIS/COFINS (contribuições para a Seguridade Social) e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) à produção e comércio dos pesticidas, segundo listou João Eloi Olenike, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).


O que resta de imposto sobre os agrotóxicos representam, segundo Olenike, 22% do valor do produto. "Para se ter uma ideia, no caso dos medicamentos, que não são isentos de impostos, 34% do valor final são tributos", diz.


Recentemente, o consumo de agrotóxicos esteve novamente no centro da discussão. A apresentadora Bela Gil, que tem mais de 590.000 seguidores no Facebook, liderou um movimento para que a população se mostrasse contrária ao uso do carbofurano, substância usada em pesticidas em lavouras de algodão, feijão, banana, arroz e milho. Isso ocorreu quando a Anvisa colocou em seu site uma consulta pública sobre essa substância. Antes de Bela Gil publicar um texto engajando seus seguidores, o resultado se mostrava favorável à continuação do uso desse agrotóxico.


Mas em poucas horas, a apresentadora conseguiu reverter o resultado da consulta, mostrando que os brasileiros querem que essa substância seja proibida também no Brasil, assim como já é em países como Estados Unidos, Canadá e em toda a União Europeia.


Por e-mail, a chefe de cozinha adepta da culinária natureba disse por que liderou a campanha. “Já existem estudos revelando a toxicidade e os perigos do carbofurano”, disse. “Essa substância é cancerígena, desregula o sistema endócrino em qualquer dose relevante e afeta o sistema reprodutor”.


Na bula do produto consta a informação de que essa substância é “muito perigosa ao meio ambiente e altamente tóxica para aves”. Orienta o usuário a não entrar nas lavouras que receberam o produto por até 24 horas após a aplicação “a menos que se use roupas protetoras”.


2,4-D e a polêmica do 'Agente Laranja'


Há exatos dez anos, desde 2006, a Anvisa está reavaliando os riscos à saúde que o herbicida 2,4-D pode causar. De nome estranho, essa substância era uma das que formavam o chamado Agente Laranja, uma química que foi amplamente utilizada pelas Forças Armadas norte-americanas durante a guerra do Vietnã.


Seu uso, naquele momento, era para destruir plantações agrícolas que eram usadas como esconderijo pelos inimigos. Mas, segundo a Cruz Vermelha, cerca de 150.000 crianças nasceram com malformação congênita em consequência dessa substância. Os Estados Unidos contestam esse número.


Por meio de nota, a Anvisa afirmou que o parecer técnico de reavaliação do 2,4-D foi recentemente finalizado e deverá ser disponibilizado para consulta pública no portal da Anvisa nos próximos meses.


A consulta pública faz parte do processo de reavaliação das 14 substâncias realizado pela Anvisa (veja o quadro abaixo). Desde o início dos estudos, em 2008, seis pesticidas foram banidos e dois foram autorizados a permanecer no mercado sob algumas restrições. Resta a conclusão dos estudos de outras seis substâncias - dentre elas o carbofurano. O glifosato, usado para proteger lavouras de milho e pasto, e que no ano passado foi considerado cancerígeno pela Organização Mundial da Saúde, também está nesta lista que aguarda conclusões.


A demora para finalizar essa reavaliação fez o Ministério Público entrar com uma ação, em junho do ano passado, pedindo maior agilidade no processo. Na época, a Justiça acatou o pedido e estabeleceu um prazo de 90 dias para que todos os estudos fossem concluídos. Mas o setor do agronegócio também se moveu.


O Sindicato Nacional das Indústrias de Defesa Vegetal (Sindivag) entrou com um recurso alegando que o prazo não era suficiente. Em nota, o Sindivag afirmou ser "favorável ao procedimento de reavaliação", mas que "o prazo concedido para conclusão da reavaliação não era suficiente para que fossem adotados todos os procedimentos previstos nas normas vigentes". O processo está agora na Justiça Federal, que informou não haver prazo para o julgamento.



Fonte: Anvisa

Apesar da demora, as reavaliações dos agrotóxicos são um passo importante para a discussão do consumo dessas substâncias no Brasil. "A consulta pública da Anvisa sobre o carbofurano foi importante para que o órgão e os especialistas envolvidos obtivessem conhecimento do que a população pensa", diz Bela Gil. "A Anvisa pode se sentir mais inclinada a tomada de decisão de realmente banir esse agrotóxico".

Para Wanderlei Pignati, professor de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), a lentidão desse processo ocorre porque há uma forte pressão de setores interessados na comercialização dessas substâncias. "As empresas querem fazer acordo, mas não deveria caber recurso", diz. "Queremos proibir todos os [agrotóxicos] que são proibidos na União Europeia", afirma. "Por que aqui são consumidos livremente? Somos mais fortes que eles e podemos aguentar, por acaso?".

Segundo João Olenike, do IBPT, os agrotóxicos deveriam ter altos tributos, e não ser isentos. "Existe uma coisa chamada extra-fiscalidade, que significa que, além da arrecadação, o tributo tem também uma função social", explica. "Por isso, tributa-se muito a bebida alcoólica e o cigarro: para desestimular seu consumo". Para ele, deveria-se fazer o mesmo com os pesticidas. "O que valia na década de 70, [quando foi lançado o Plano Nacional da Agricultura], não vale para hoje. O Governo deveria fazer uma revisão".


Perguntas e respostas sobre os agrotóxicos


Lavar os alimentos antes de consumi-los retira os agrotóxicos?
Não. Lavar os alimentos pode contribuir para que apenas parte das substâncias sejam retiradas, mas eles continuarão contaminados pelos agrotóxicos.


Água sanitária retira os agrotóxicos dos alimentos?
Não. Segundo a Anvisa, até o momento não existem evidências científicas que comprovem a eficácia da água sanitária ou do cloro na remoção ou eliminação de resíduos dos agrotóxicos nos alimentos. A Anvisa orienta que se use uma solução de uma colher de sopa de água sanitária diluída em um litro de água com o objetivo apenas de matar agentes microbiológicos que possam estar presentes nos alimentos.


Como diminuir a ingestão de agrotóxicos?
O ideal seria optar pelos alimentos orgânicos, que venham com o certificado Produto Orgânico Brasil, um selo branco, preto e verde. Como esses alimentos são mais caros e não estão disponíveis em todo mercado, há outras possibilidades, como escolher produtos com o selo Brasil Certificado: Agricultura de Qualidade. Esse selo não garante a isenção do uso de agrotóxicos, mas significa que a origem do alimento é controlada, o que aumenta o comprometimento de produtores com a qualidade do alimento. Além disso, recomenda-se o consumo de alimentos da época que, normalmente, recebem menos agrotóxicos para serem produzidos.


Convite: Fórum Aliança Cerrado