Um leão no Parque Nacional Amboseli, Quênia. (Foto: Haroldo Castro)
Um leão no Parque Nacional Amboseli, Quênia. (Foto: Haroldo Castro)


Manaus, AM – O reino do leão está encolhendo, e muito. O aumento da população humana e as consequentes mudanças na paisagem da savana africana já reduziram em 75% o habitat natural do leão e têm devastado o animal no continente. Pesquisadores da organização não-governamental Panthera e da Universidade Duke, dos Estados Unidos, estimam que a população de leões tenha decaído 68% nos últimos 50 anos. De um número estimado em 100 mil animais na década de 60, ainda restariam 32 mil nos dias de hoje.


Foram usadas imagens do Google Earth de alta resolução para analisar o habitat do leão em toda África e também dados sobre a densidade de população humana, para identificar áreas adequados para o leão viver. O estudo foi publicado no início de dezembro  no periódico científico Biodiversity and Conservation e apresenta dados, no mínimo, preocupantes em relação ao rei da selva.


Foram encontradas apenas 67 regiões isoladas em todo o continente, onde populações significativas do felino podem persistir. E apenas 15 dessas áreas são suficientes para manter uma população de pelo menos 500 leões. “A realidade é que a partir de uma área um terço maior do que os Estados Unidos continentais, apenas 25% permanece”, afirma diretor de Conservação da Universidade Duke, Stuart Pimm.

A população deles ainda é grande, mas está ameaçada em vários lugares, principalmente na África Ocidental e Central, onde países nem sempre recebem incentivos diretos para protegê-los. De acordo com o estudo, 24 mil leões vivem em apenas 10 redutos, nenhum deles em países da África Ocidental. A Tanzânia é o país com maior número de leões, com 40% da população total. Mas há risco a longo prazo para boa parte das grandes populações ainda encontradas. Além disso, o estudo demonstra que há extinção local de leões até mesmo em áreas protegidas.

“Os governos da África Ocidental vão necessitar de ajuda externa significativa na estabilização de populações remanescentes até que os esforços de conservação sustentáveis locais possam ser desenvolvidos”, afirma o coordenador de Pesquisa do Programa Leão da ong Panthera, Philipp Hensche. A organização é uma colaboradora científica da Iniciativa Grandes Gatos da National Geographics Society, que atua em favor dos grandes felinos.