quarta-feira, 11 de maio de 2016

Onça pintada é inocente na morte de 70 galinhas em zona rural de Palmas, TO


TO Palmas onca inocente morte galinhasFoto: Divulgação
Graças à parceria entre o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e o Instituto Onça Pintada, organização não-governamental (ONG) dedicada exclusivamente a conservação da onça pintada, a misteriosa morte de 70 das 80 galinhas de uma proprietária rural no município de Palmas, finalmente foi esclarecida. Diante da pressão do desmatamento exercida sobre a fauna, tem se tornado uma tendência da população acreditar que esse tipo de ocorrência, aparentemente incomum, sempre tenha relação com a visita inoportuna de algum animal silvestre.


No final do mês de abril, o Naturatins foi comunicado que uma onça estaria atacando com grande frequência o galinheiro de uma proprietária rural, causando grande prejuízo. Desde 2014, ano em que os técnicos receberam um treinamento para esse tipo de ocorrência, o Instituto já soma 20 solicitações de produtores rurais de todo o Estado, para auxílio no diagnóstico da causa de perdas em seus plantéis, com suspeitas de prejuízos causados por animais silvestres.


Para averiguar o fato, a equipe de supervisão de Fauna do Naturatins foi ao local e verificando que não havia a preservação dos vestígios, os técnicos entraram em contato com a ONG, para obter auxílio na identificação de uma suposta onça.


E mais uma vez, o verdadeiro responsável, foi identificado com a ajuda da tecnologia de duas ‘câmeras trap’ instaladas no galinheiro. Esse equipamento captura imagens diurnas e noturnas, com disparos acionados pelo sensor de movimento, gravando o registro da data e horário da invasão  na câmera. E de acordo com informações da equipe de diagnóstico, o animal flagrado na investida registrada durante a madrugada, foi uma surpresa para a proprietária, que afirmou, jamais ter imaginado que um cão doméstico poderia estar matando as suas galinhas.


A médica veterinária e supervisora de Fauna do Naturatins, Grasiela A. Pacheco, esclarece que é necessário ter a certeza de que o caso se trata de predação por animais silvestres. "A perda de animais de produção podem ter diversas causas, geralmente são resultado do manejo inadequado. Casos esporádicos de mortes, por animais silvestres podem ocorrer, mas são consequência de um ambiente favorável, com presas acessíveis e fáceis.


Não existe maldade é apenas o instinto a predação dentro da cadeia alimentar", explicou a supervisora.


Grasiela reforçou ainda que, “encontrar animais mortos ou que somem misteriosamente, não pode ser associado a predadores silvestres apenas pela ‘crença ou cultura’ das pessoas. Existem alternativas para o convívio harmonioso com os animais e a natureza”, complementou a médica.


No Naturatins, existem registros de casos semelhantes ao desse animal, que se tratava de um cão doméstico e não da temida onça, que sempre leva a culpa, conforme informações do setor responsável. Essas situações causam preocupação ao setor de supervisão de Fauna do Instituto, por intensificar a sensação de conflitos na convivência entre homens e animais, na população, até que sejam esclarecidos.

ONG    
O Instituto Onça Pintada é uma das organizações que tem o compromisso com o equilíbrio e a segurança da espécie. Sua equipe não mede esforços para ampliar o conhecimento e promover a coexistência pacífica entre os homens e a onça, pois considera um importante predador do topo da cadeia alimentar, que contribui com o equilíbrio da população de suas presas.

Fonte: Conexão Tocantins

Moradores convivem com dezenas de capivaras em área urbana em Votorantim, SP



11 Maio 2016
Por Priscila Fernandes
SP Votorantim capivaras regiao urbanaCapivaras no canteiro central da avenida Reverendo José Manoel da Conceição: perigo para o trânsito. (Foto: Aldo V. Silva)


A presença de capivaras na área urbana de Votorantim já se tornou cotidiana para os moradores, rendendo piadas, título informal de animal símbolo da cidade, mas também preocupação por conta do carrapato-estrela, portado pelos bichos, e que transmite a febre maculosa.


Em grupos de cerca de 20 animais, as capivaras foram flagradas na semana passada atravessando a avenida Reverendo José Manoel da Conceição durante a noite e pastando tranquilamente na pista de skate, no Centro, em plena luz do dia. A estimativa do município é que cerca de 50 capivaras vivam nas margens do rio Sorocaba naquela cidade.


Para o auxiliar de produção Rafael Ferreira Francisco, 18 anos, é possível a convivência com os animais, desde que os motoristas tomem cuidado com atropelamentos. "É bom até, mostra que é uma cidade que tem um pouco de natureza", disse. A atendente de lanchonete Giovana Silva de Andrade, 17 anos, teme a febre maculosa e reclama de crianças e adolescentes que atormentam as capivaras. 


Porém, leva com bom humor as piadas de internet que relacionam o município aos animais. "Toda vez que alguém fala de Votoranim, já fala "a cidade da capivara". Acho engraçado", afirmou. O operador de máquinas Laerte de Almeida, 48 anos, acredita que é possível manter os animais na cidade, desde que separados. "É preciso ter uma divisão. Foi feita uma cerca, mas não adiantou", relatou.


Cercas
Em 2015, a Prefeitura de Votorantim instalou cercas ao longo do rio Sorocaba, delimitando as áreas de circulação das capivaras. Nas imediações da pista de skate, no entanto, o cercado estava danificado em alguns pontos. A Prefeitura informou, ontem, que as áreas já foram reparadas e fechadas. O isolamento das capivaras teria sido realizado após levantamento de campo realizado pelas secretarias de Saúde e de Meio Ambiente de Votorantim sobre a população que, historicamente, vive nas margens do rio Sorocaba.


O estudo não teria indicado a necessidade de remoções e/ou castrações dos animais.Todos os procedimentos teriam sido autorizados pelo Departamento de Fauna (Defau), do Estado de São Paulo.

O professor Nobel Penteado de Freitas, biólogo e coordenador do curso de biologia da Universidade de Sorocaba, afirma que o risco de febre maculosa é um problema de saúde pública. "No meu ponto de vista, já seria suficiente para remover as capivaras dali", avaliou. O biólogo reconhece, no entanto, que encontrar um local ideal para os animais não seria fácil. Ele aconselha os cidadãos que não permaneçam nas áreas de circulação das capivaras. "É melhor não frequentar esses locais. Caso haja a necessidade de frequentar, roupa comprida e fechada para evitar o contato com o carrapato", disse.

A febre maculosa é uma doença potencialmente fatal provocada pela picada do carrapato infectado por bactérias. A Prefeitura afirma que não existe registro de caso da doença em Votorantim e que a Secretaria de Saúde realiza monitoramento, mas que não foi comprovada a contaminação dos animais.

Outros riscos citados pelo biólogo, seriam de uma superpopulação de capivaras pela falta de predadores naturais (como onças e jacarés), além do perigo de atropelamentos. A Prefeitura de Votorantim informa que realiza ações de orientação para a população, como a instalação de placas alertando para os riscos na região ribeirinha.
SP Votorantim capivaras regiao urbana2A estimativa do município é que cerca de 50 capivaras vivam nas margens do rio Sorocaba. (Foto: Fábio Rogério)
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Fonte: Cruzeiro do Sul
Nota do Olhar Animal: Que se faça o controle populacional ético, com a esterilização dos animais, protegendo-os também de possíveis agressões, atropelamentos, etc.

Governo destina terras para meio ambiente


Terça, 10 Maio 2016 21:00


Paulo de Araújo/MMA
Ato: terras para conservação ambiental
Mais de 1,3 milhão de hectares serão transferidos para regularização e ampliação de unidades de conservação em Roraima e Amazonas.

PAULENIR CONSTÂNCIO
O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Klink, assinou nesta terça-feira (10/05), no Ministério do Desenvolvimento Agrário, ato que destina mais de 1,3 milhão de hectares de terras para regularização e ampliação de unidades de conservação. Do total, cerca de 1,1 milhão de hectares estão no estado do Amazonas e 249 mil hectares em Roraima.

O documento da Câmara de Destinação de Terras Públicas Federais na Amazônia Legal transfere, ainda, 5,5 milhões de hectares da União para o estado de Roraima. E, ainda, quase 2,9 milhões de hectares para a reforma agrária e a regularização fundiária de pequenos agricultores e agricultores familiares do programa Terra Legal.

Klink destacou o esforço e a ação conjunta entre os ministérios do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, a Secretaria do Patrimônio da União e a Funai, que resultaram no ato.  “É uma nova visão sobre a questão territorial”, analisou. Para ele, regularização fundiária e ambiental são políticas públicas que devem caminhar juntas.

Para o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Cláudio Maretti, acabam os conflitos que vêm desde a transformação do antigo território de Roraima em estado. “A solução conseguiu atender ao pleito de todas as partes”, avaliou.  O desfecho também agradou a senadora Angela Portela (PT-RR).  Para ela, a transferência, pendente desde 2009, deve contribuir para o desenvolvimento de seu estado. “É um marco para a regularização fundiária e ambiental, que vai dar título definitivo da terra ao agricultor, impulsionando o desenvolvimento do estado.”

Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, o crescimento da agricultura familiar e a produção de alimentos de forma sustentável são os grandes avanços que virão com a medida.

 “Desenvolvimento rural com a dimensão ambiental é o desafio que se colocar hoje”, afirmou.

Edição: Alethea Muniz
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1221


Convite: A Leishmaniose mata, sabia?

Projeto incentiva cultivo de alimentos orgânicos na calçada

Vida Sustentável

A experiência fortalece os laços entre os vizinhos.
9 de November de 2015 • Atualizado às 16 : 44
Projeto incentiva cultivo de alimentos orgânicos na calçada
Plantar na rua une o útil ao agradável. | Foto: Food is Free Project


Uma das desculpas para as pessoas não plantaram nos centros urbanos é a falta de espaço. Mas, se for reparar, há sempre um cantinho na rua com potencial para o plantio. Qualquer mudinha já ajuda. E é com esse olhar atento que o grupo “Food is Free Project” incentiva a produção de pequenas hortas urbanas pelas cidades.
A ideia é que as pessoas tornem-se menos dependentes do atual sistema agrícola. | Foto: Food is Free Project
A ideia é que as pessoas tornem-se menos dependentes do atual sistema agrícola. | Foto: Food is Free Project

A ideia é que as pessoas tornem-se menos dependentes do atual sistema agrícola: plantem alimentos em frente de suas residências, ofereça gratuitamente e convide os vizinhos a fazerem o mesmo – fortalecendo os laços na comunidade. O projeto nasceu em Austin, Texas, mas já está se espalhando em outras regiões dos EUA.


“Menos de 3 meses depois, a maioria dos vizinhos começaram a cultivar hortas comunitárias também. Estamos documentando o processo à medida que continuamos a expandi-lo. Também vamos compartilhando nossos erros e acertos”, afirmam os idealizadores.


Para quem quer começar e não sabe como, veja o pdf (em inglês) que o grupo disponibiliza: Food is Free Project.
O projeto nasceu está se espalhando para várias regiões dos EUA.
O projeto está se espalhando para várias regiões dos EUA. | Foto: Food is Free Project
A ideia é compartilhar os alimentos com os vizinhos. | Foto: Food is Free Project
A ideia é compartilhar os alimentos com os vizinhos. | Foto: Food is Free Project
Vai um tomatinho de graça aí? | Foto: Food is Free Project
Vai um tomatinho de graça aí? | Foto: Food is Free Project
"Pegue o que você precisa e/ou compartilhe o que você tem".| Foto: Food is Free Project
“Pegue o que você precisa e/ou compartilhe o que você tem”.| Foto: Food is Free Project
"Pegue o que você precisa e/ou compartilhe o que você tem".| Foto: Food is Free Project

Brasileiro ganha prêmio internacional com foto de índio no rio Xingu

Cidadania

A fotografia disputou a posição com outras 1.885 imagens de profissionais.
6 de May de 2016 • Atualizado às 10 : 51
Brasileiro ganha prêmio internacional com foto de índio no rio Xingu
O clique foi feito no Parque Nacional de Xingu, no Mato Grosso. | Foto: Ricardo Stuckert



O brasileiro Ricardo Stuckert, que foi fotógrafo oficial da presidência entre 2003 e 2011, acaba de receber a medalha de ouro na categoria “Muscat – Pessoas”, na primeira edição do Circuito Internacional Oman de Fotografia. A imagem premiada mostra um índio da etnia Kaiapó mergulhando no rio Xingu.


A fotografia disputou a posição com outras 1.885 imagens de profissionais de mais de 45 países e as premiações foram divididas em quatro categorias: pessoas, paisagem, preto e branco e colorido.
A foto vencedora foi registrada por Stuckert no Parque Nacional de Xingu, no Mato Grosso, e o índio na imagem pertence à aldeia Metuktira.


Outro clique feito pelo brasileiro foi destaque na categoria “Nizwa – Pessoas”. A imagem em questão mostra uma índia Achaninka, em um barco no rio Amônica, localizado no Acre.
Foto: Ricardo Stuckert
Foto: Ricardo Stuckert
Redação CicloVivo

Gatos selvagens matam até 30 animais por dia e isso tem sido um problema na Austrália

Meio Ambiente

Além da perda da biodiversidade resultante da caça, outro problema é a transmissão de doenças.


11 de May de 2016 • Atualizado às 10 : 48
Gatos selvagens matam até 30 animais por dia e isso tem sido um problema na Austrália
A estimativa dos especialistas é de que existam quatro milhões desses felinos espalhados por todo o país. | Foto: iStock by Getty Images

Os gatos selvagens são comuns na Austrália e em todo a Oceania. No entanto, a sua alta incidência tem prejudicado o desenvolvimento de diversas outras espécies nativas que são presas fáceis a esse predador natural. Pequenos mamíferos, aves, répteis e anfíbios estão no cardápio preferido desses felinos.

Assunto tem gerado muitas experiências e pesquisas para que seja possível controlar a quantidade de gatos selvagens e as áreas onde eles são encontrados. Em um desses estudos, foram colocadas micro câmeras em coleiras para acompanhar todo a rotina dos gatos.

Através deste monitoramento, os pesquisadores do Australian Wildlife Conservancy conseguiram acompanhar cada detalhe das caçadas de 50 gatos selvagens. O resultado deve ajudá-los a desenvolver estratégias de controle e mitigação da espécie em diferentes áreas do país.


De acordo com o estudo, cada gato selvagem mata de cinco a 30 animais por dia. A estimativa dos especialistas é de que existam quatro milhões desses felinos espalhados por todo o país. Isso significa que, diariamente, milhões de animais nativos são mortos.


Além da perda da biodiversidade resultante da caça, outro problema é a transmissão de doenças trazidas pelos gatos e que afetam animais de outras espécies.

Para minimizar este problema, os cientistas têm buscado alternativas que incluam cercas à prova de gatos selvagens em algumas áreas de preservação. Esta é uma das propostas para reduzir os impactos desses felinos na biodiversidade local, mas ainda não é uma solução definitiva.Redação CicloVivo





Árvore extinta reaparece no Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ)

Guarajuba é encontrada no Parque Estadual da Serra da Tiririca

Guarujaba (Terminalia acuminata). Foto: Acervo Jardim Botânico
Guarujaba (Terminalia acuminata). Foto: Acervo Jardim Botânico

Um exemplar da árvore guarajuba (Terminalia acuminata), considerada extinta na natureza, foi encontrado recentemente no Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ) por pesquisadores do Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico. A redescoberta surpreende, já que o último registro da espécie ocorreu em 1942, em Maricá, região metropolitana do Rio de Janeiro.


A guarujaba é uma espécie endêmica no estado, mas foi considerada extinta em 1998 pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), organização que lista as espécies em extinção no mundo. Acredita-se que um dos motivos tenha sido o seu uso desenfreado na fabricação de móveis e embarcações.

“As madeiras para estas finalidades precisam ser leves e de boa qualidade para que durem bastante. E a espécie tem essas características. Por isso, acreditamos que a árvore tenha sido muito extraída, chegando ao ponto de ser considerada em extinção”, afirma Caio Baez, um dos pesquisadores do Jardim Botânico.


Guarujabas também foi encontrada no Parque Estadual do Mendanha, no Parque Nacional da Tijuca e no Parque Natural Municipal da Cidade. A espécie, junto com outras 903 plantas, fará parte de um projeto cujo objetivo é a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção.


De acordo com Telmo Borges, coordenador do inventário florestal do estado do Rio de Janeiro, “a finalidade do projeto é a preservação total dessas plantas mais raras. Temos uma flora muito rica e pouco conhecida. Através disso poderemos ter mais detalhes sobre essas espécies. Não podemos deixar que desapareçam.”


Outra proposta do projeto é a criação de um aplicativo para celular com informações sobre as plantas. O acesso fácil aos dados permitirá à população reconhecê-las na natureza.


*Com informações do Extra Online

Duende Lucas: um professor inusitado com consciência ecológica

Por Duda Menegassi

Duendes
Educar as crianças sempre foi uma fórmula para garantir um futuro melhor, mas quando o assunto é educação ambiental, ainda faltam iniciativas voltadas diretamente para conscientizá-las sobre a importância de preservar a natureza e seus recursos.

Da ponta do lápis, o cartunista Léo Valença deu cor e traço a um projeto para ajudar a suprir essa demanda. Assim surgiu o Duende Lucas, personagem principal do Almanaque Ecológico do Lucas, lançado em 2012 com o objetivo de servir de material didático sobre educação ambiental.

O Almanaque, inclusive, não levou a ideia de sustentabilidade só na teoria, e funciona dentro do sistema Print On Demand, ou seja, o livro só é impresso quando há uma encomenda, com o objetivo de evitar desperdício de papel e a estocagem desnecessária.


De acordo com o cartunista, “todo mundo tem que entender a importância da reciclagem, aprender a não jogar lixo na rua, a não desperdiçar água, não desmatar...” e com os cartuns do Duende Lucas esse aprendizado pode ser feito de forma lúdica, muito mais acessível e atraente para as crianças. O colorido “professor” Lucas é um modo de ensinar à nova geração os valores que seus pais talvez tenham demorado demais para aprender.


Leia a entrevista que ((o)) eco fez com o cartunista Léo Valença:


De onde surgiu a ideia de criar o Duende Lucas? Por que um duende?
Léo Valença: Pensando na construção de uma comunidade global sustentável, surgiu a ideia de criar um personagem que trouxesse a importância da sensibilização e da reeducação, começando pelas crianças. Eu idealizei um personagem que pudesse se dirigir diretamente às crianças e jovens e, a partir daí, também chamar a atenção dos adultos. Esse personagem chama-se Lucas e é um duende ecológico, para criá-lo busquei inspiração nos duendes que habitam o imaginário infantil universal. Devido a sua forte ligação com a natureza, o duende pode transmitir às crianças uma importante mensagem de preservação ambiental. Ele é um verdadeiro guardião da natureza, que inspira as crianças a adotar atitudes mais ecológicas no dia a dia.


Você acredita que ainda falta literatura adequada para educar as crianças a pensar de forma mais sustentável e ecológica?
Léo: Acho que atualmente está crescendo a produção de materiais didáticos sobre o assunto, contudo apenas uma minoria possui acesso a uma boa educação ambiental. Nós vivemos num país ainda com um grande déficit educacional, muitas crianças ainda encontram-se fora das escolas e, mesmo dentro delas, o que se tem muitas vezes é um ensino sucateado, professores mal-pagos e mal-preparados, ou seja, ainda há muito por se fazer pela educação brasileira. Mas ela é a chave para um futuro melhor, com gerações mais esclarecidas, politizadas e capazes de cuidar melhor do planeta do que cuidamos até agora.

 Precisamos colocar a disciplina “Consciência Ecológica” em todas as escolas desde o ensino fundamental. Todo mundo tem que entender a importância da reciclagem, coleta seletiva, usinas de tratamento de lixo orgânico e de despoluição da água. Todo mundo tem que aprender a não jogar lixo na rua, não desperdiçar água, não desmatar, não construir em áreas de mananciais e beiras de morros e rios. E também aprender a serem mais engajados politicamente para lutarem contra governos que não querem fazer sua parte e cobrarem dos mesmos o cumprimento dos tratados assinados em prol da defesa do meio ambiente.


Qual a importância da educação ambiental para crianças através de ferramentas como o cartum?
Léo: Acredito que a melhor maneira de educar é através de uma experiência atrativa e prazerosa, ou seja, baseada nos conceitos de edutainment, que quer dizer educação + entretenimento. O edutainment é a combinação da educação a partir do entretenimento que usa normalmente o ambiente lúdico para estimular a aprendizagem.

Os cartuns são ótimos recursos lúdicos e podem ser aplicados em atividades pedagógicas, dentro e fora da “sala” de aula. Eles podem ser utilizados tanto para passar o conceito de sustentabilidade, estimulando a percepção ambiental, quanto para a discussão de temas diversos e até questões atuais, como o aquecimento global, o destino do planeta, poluição, reciclagem… O próprio conteúdo dessas produções funciona até hoje como atrativo, uma vez que aborda assuntos críticos com humor e de maneira lúdica.


O Almanaque Ecológico do Lucas foi lançado no final de 2012, qual tem sido a resposta dos professores que adotaram o livro em sala de aula?
Léo: O resultado do livro junto ao público infantil tem crescido muito atualmente. O interesse pelo Lucas nas redes sociais, visitas na fanpage do Facebook, tweets e posts em blogs, sites, jornais e revistas aumentam a cada dia. Há bastante procura por parte dos educadores e profissionais da área de educação ambiental. Eles apreciam o caráter lúdico do livro que contribui de forma divertida neste processo de aprendizagem. É gratificante ter esse reconhecimento pelo meu trabalho, fico feliz que o livro está sendo cada vez mais utilizado como ferramenta de educação ambiental junto ao público infantil e adulto também.
degelo
O seu livro anterior “Aquecimento Global em cartuns” (2010), feito em colaboração com vários cartunistas, não era especialmente voltado para o público infantil. Qual a importância de, mesmo para o público adulto, simplificar essa mensagem em prol da conscientização ambiental?
Léo: O cartunista é um profissional que está sempre antenado do que acontece ao seu redor, e o problemas que temos hoje de cunho social, político, econômico e agora a questão ambiental, com o aquecimento global e outros problemas que nos afetam diariamente, têm sido fontes de constante inspiração para o humor gráfico. Os cartunistas participantes no livro utilizaram representações bem-humoradas através do cartum para tratar um tema nada amistoso como este.


Pinguins assados, um urso polar solitário em cima de um pequeno pedaço de gelo ou uma plantação de ventiladores, a ideia foi provocar. E é exatamente isso que acontece. Por mais que a coletânea traga desenhos irreverentes, faz pensar. A agilidade com que a arte ilustrativa transmite conteúdos informativos a um dado observador é encarada como sendo muitas vezes superior àquelas das informações verbais veiculadas em textos. Em outras palavras, o humor gráfico é uma chamada muito mais persuasiva ao leitor, uma espécie de “Ei, psiu, veja isso!”.


Algum projeto novo em vista para o personagem do Duende Lucas?
Léo: Pretendo lanças no próximo semestre um livro só de passatempos ecológicos do Lucas. Percebi que o público infantil apreciou muito essas atividades que acompanhavam os textos do Almanaque. E decidi então fazer uma nova publicação do Lucas inteiramente voltada para isso. Além dos passatempos, o livro contará, é claro, com ilustrações do Lucas e sua turminha ecológica.

Justiça suspende revogação de Unidades de Conservação em Rondônia

Por ((o))eco
Polícia Militar flagra desmatamento na Reserva Extrativista Jaci Paraná e denuncia  invasão. Imagem feita em março de 2016. Foto: Batalhão de Polícia Militar Ambiental/RO/Facebook.
Polícia Militar flagra desmatamento na Reserva Extrativista Jaci Paraná e denuncia invasão. 
Imagem feita em março de 2016. Foto: Batalhão de Polícia Militar Ambiental/RO/Facebook.


Em 2014, a Assembleia Legislativa de Rondônia anulou o decreto de criação de quatro unidades de conservação do estado. Essa história, que ajuda a explicar porque o estado é um dos mais desmatados da Amazônia brasileira teve um novo capítulo na semana passada, quando o Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia (TJ-RO) julgou inconstitucional a ação feita pelos deputados estaduais e suspendeu a  revogação das áreas protegidas. A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) foi ajuizada pelo Ministério Público Estadual (MPE).


Após dois anos no limbo jurídico, a Reserva Extrativista Jaci-Paraná, a Área de Proteção Ambiental Rio Madeira e as Florestas Estaduais de Rendimento Sustentado do Rio Madeira B e do Rio Vermelho voltam a ficar protegidas. Essas quatro unidades representam 11% da área das Unidades de Conservação de uso sustentável do Estado de Rondônia e juntas somam aproximadamente 259 mil hectares.


Relembre o caso
O ato da Assembleia Legislativa, que teve forte oposição das populações tradicionais, ocorreu com o objetivo de legalizar as invasões de madeireiros, pecuaristas e agricultores nas áreas destinadas às populações tradicionais.


Na ocasião da revogação do decreto de criação da Resex Jaci-Paraná, por exemplo, o projeto de Decreto Legislativo que extinguiu a unidade começou a tramitar após a Justiça determinar a retirada dos invasores desta Resex. O decreto foi aprovado por 15 dos 16 deputados presentes na sessão marcada por discursos em defesa dos invasores.


O deputado Ribamar Araújo (PT) chegou a afirmar que o único modelo de desenvolvimento que deu certo na prática em Rondônia foi a floresta dando lugar a agricultura e pecuária. “Foi esse sistema que elevou o estado nestes 34 anos que convivo aqui”, afirmou. “Não importa se são pequenos ou grandes agricultores, o que importa é que são trabalhadores que ajudaram e ainda ajudam no crescimento de Rondônia”.


O Grupo de Trabalho Amazônico – formada por mais de 600 entidades representativas de agricultores, seringueiros, indígenas, quilombolas, entidades ambientalistas e de direitos humanos –, soltou nota repudiando a decisão da Assembleia Legislativa e dando apoio aos seringueiros prejudicados, pois a reserva foi criada para que eles tivessem onde produzir: “A posse das terras, via de regra, se dá com a invasão em grande número de pessoas que destroem a floresta, vendem as madeiras, semeiam o capim e ficam de fora, incendiando anualmente a área.


De um a dois anos, é possível transformar uma vasta região de floresta em fazendas pecuárias, e eles apostam na lógica do fato consumado, onde, destruir floresta é aceito como “benfeitoria”.


É difícil responsabilizar os autores, uma vez que os grandes em geral agem com prepostos e mesmo os pequenos nos primeiros anos entram esporadicamente na reserva e em geral impera a “lei do silêncio”, sendo corrente o jargão mafioso “quem dedurar morre”.

Leia Também

Florianópolis: Moradores denunciam ocupação desordenada.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Moradores denunciam novo crime ambiental no Norte da Ilha

O Plano Diretor de Florianópolis aprovado em 2014 e contestado pela justiça, deve voltar a câmara de Vereadores ainda este ano.
A prefeitura deve realizar 13 audiências públicas a partir de 23 de maio, debates que podem evitar a ocupação desordenada de Florianópolis.

Confira o vídeo.

Fonte: G1

SP vai ganhar mais uma “Floresta de Bolso” e você pode participar do plantio

terça-feira, 10 de maio de 2016


O intuito deste trabalho é recriar a Mata Atlântica paulistana. Neste domingo (15) a cidade de São Paulo vai ganhar a sua segunda Floresta de Bolso. O intuito deste trabalho é recriar um pedaço da Mata Atlântica paulistana, trazendo de volta à área urbana as espécies e a natureza que foi substituída pelo concreto.

Participam do plantio o Conselho de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (Cades) da Vila Mariana, o Novas Árvores por Aí e o Árvores de São Paulo. Mas, qualquer um que quiser participar do evento está convidado e será muito bem recebido.

A “Floresta de Bolso” será plantada na Praça do Obelisco, em frente ao Parque Ibirapuera. Apesar de ser uma região que conta com grande área verde, por conta do parque, a área também sofre com a enorme quantidade de poluição gerada pelos automóveis.

A floresta contará com 120 exemplares de 50 espécies da Mata Atlântica, características de São Paulo. A expectativa é de que a grande diversidade ajude a melhorar a qualidade do ar, a combater as ilhas de calor, a reter a fuligem dos veículos, minimizar a poluição sonora e ainda atrair e abrigar espécies da fauna nativa paulistana.

Para participar, basta se dirigir ao local do plantio. Não é necessário fazer inscrição e pessoas de qualquer idade podem participar.

Fonte: Ciclo Vivo

O que se entende por ‘financeirização da natureza’?, artigo de Amyra El Khalili

Terça-feira, 10 de maio de 2016


“A financeirização provoca o endividamento e é bem diferente de financiamento. O financiamento opera com taxas de juros compatíveis com a capacidade de pagamento de quem necessita do empréstimo. Permite que o empréstimo seja pago a longo prazo e com taxas baixas ou adotando juros simples, como ocorre, por exemplo, nos países do norte, que praticamente subsidiam os juros aos agricultores. No subsídio, o Estado empresta dinheiro sem cobrar juros e/ou isenta de tributos ou os reduz.”



“Financeirização da natureza” é uma expressão nova que significa tornar financeiro tudo aquilo que deveria ser apenas econômico e socioambiental . Nem tudo o que é econômico é financeiro. Lamentavelmente, porém, tudo o que é financeiro é econômico.

Quando defendemos a importância da água em quantidade e qualidade, estamos tratando dos direitos fundamentais e do direito socioeconômico. Sem água não há vida; daí seu reconhecimento como direito de viver, garantido, inclusive, pela Constituição. Sem água também não é possível nenhuma atividade econômica. Experimente ficar uma semana sem água. Haverá convulsão social. Podemos ficar dias sem comer, mas nosso organismo não resistirá se passarmos dias sem água. Nenhuma cidade prospera sem água. E se ficarmos sem ar? O que acontece?

Sabemos o que significa ficar sem terra, sem casa, sem um lugar digno para viver. Quem paga aluguel já experimentou o gosto amargo da “financeirização”. Quem paga aluguel mensalmente está pagando para morar por um imóvel que não lhe pertence, assim vivendo refém da eterna dívida imobiliária. Igualmente, os que pagam condomínios, mesmo que sejam proprietários do imóvel, pagam pelos serviços e custos de manutenção de um imóvel coletivo, de modo que o condomínio não deixa de ser uma forma indireta de aluguel. Outros pagam, além do aluguel, o condomínio e o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Quando é que não temos que pagar? Muitos recorrem a empréstimos e pagam juros sobre juros, considerando que no Brasil se aplica o juro composto e não o juro simples, como ocorre nos países do norte. No juro composto, soma-se a dívida principal ao juro; no próximo vencimento, este juro se soma ao juro da conta anterior. Vira uma bola de neve, que vai crescendo caso não se consiga pagar. Esta é a contabilidade a que chamamos de “financeirização”.

A financeirização provoca o endividamento e é bem diferente de financiamento. O financiamento opera com taxas de juros compatíveis com a capacidade de pagamento de quem necessita do empréstimo. Permite que o empréstimo seja pago a longo prazo e com taxas baixas ou adotando juros simples, como ocorre, por exemplo, nos países do norte, que praticamente subsidiam os juros aos agricultores. No subsídio, o Estado empresta dinheiro sem cobrar juros e/ou isenta de tributos ou os reduz.

A “financeirização”, apesar de legal, também poderia ser qualificada como prática de “agiotagem institucionalizada”. A agiotagem é crime contra a economia popular, repudiada por nossa Constituição, e deveria ser combatida em todos os rincões do planeta; no entanto, essa velha prática, condenada desde sempre, historicamente se repete de diversas formas, com novas roupagens, portanto cada vez mais normatizada e legalizada. Para dar legitimidade à agiotagem, a prática de usurpação, que constitui um “pecado capital” pelo catolicismo, judaísmo e islamismo, políticos corruptos e corporações, entre outros, têm pressionado a sociedade para aceitar a adoção de determinados instrumentos econômicos que viabilizam esse modus operandi através de leis que promovem a “financeirização” para os pobres (endividamento com juros caros, como, por exemplo, o cartão de crédito) e o financiamento para os ricos (empréstimos com juros baixos, ou mesmo sem juros). Nessa conta, poderíamos incluir também os tributos, que são sempre mais altos para os pobres e mais baixos para os ricos.

Na natureza, a prática da “financeirização” vincula os direitos fundamentais do ambiente saudável e o direito à vida ao criar mecanismos de pagamento por tudo aquilo que a natureza produz gratuitamente. A natureza nos fornece água, ar, terra, minérios, biodiversidade (florestas, fauna e flora) e não cobra por esse benefício providencial. No entanto, para que possamos ter água em quantidade e qualidade, ar puro para respirar, terra boa para plantar, plantas medicinais para curar, rios e mares para nos banhar e nos abastecer, com a “financeirização da natureza” teremos que pagar para ter o que sempre tivemos por direito inalienável.

Os que propõem a “financeirização da natureza” argumentam que, sem pagar, não é possível manter as florestas em pé, ter rios limpos, ter a cidade limpa de resíduos sólidos, possuir terra sem agrotóxico e químicos, ter o ar respirável sem reduzir gases tóxicos, enfim, afirmam não ser possível preservar e conservar o meio ambiente sem que os bens comuns (água, minério, solo, ar, biodiversidade) se tornem produtos financeiros.

Alegam que estão financiando a transição de uma economia marrom (degradadora) para a “economia verde”. Dizem que não existe alternativa, senão a de tornar financeiro o que é eminentemente econômico. Confundem conceitos e posições para que a população, sensibilizada com as justas causas socioambientais e desavisada dos riscos, aceite o pacote financeiro imposto com a legalização da “agiotagem”. Juntamente com a “agiotagem institucionalizada”, promovem a legalização de outras práticas de crimes, como a biopirataria, o roubo de terras de povos indígenas e tradicionais, a expulsão de campesinos, o controle da água e do ar por oligopólios, a produção de alimentos industrializados, institucionalizando a “dependência da sobrevivência” da espécie humana e demais seres vivos.

Acontece que alternativas sempre existiram. São as propostas que estão justamente na contramão da infame “financeirização da natureza”. Os povos indígenas, tradicionais, os campesinos e as populações carentes do sertão, que sabem lidar com o ambiente natural e sua diversidade, têm muito a nos ensinar, sem nunca terem precisado de agentes financeiros, especialistas ou consultores ambientais para lhes vender pacotes de produtos e serviços. Aliás, os banqueiros jamais tiveram interesse em suas possíveis contas!

Felizmente, cresce o movimento internacional contra a “financeirização da natureza”, uma maldição que, dia após dia, cria novas formas complexas e sofisticadas para driblar as normas, os direitos constitucionais adquiridos e os acordos internacionais para perpetuar a doutrina do “neocolonialismo”, da submissão e escravidão com guerras, tragédias e misérias.

Se há esperança, esta reside no fato de ficarmos atentos a essa manobra e seguirmos denunciando para que as presentes e futuras gerações não sejam afetadas por esta desgraça como somos nós e o foram nossos antepassados.

Que o povo não se engane com conceitos vazios e falsas soluções: os refugiados e violentados nos campos e nas florestas por esta guerra fatídica a que assistimos diariamente na mídia são vítimas da “financeirização da natureza” em seus territórios.

Sabemos que errar é humano, mas persistir neste erro é ser cúmplice de genocídio!

Referência:

El Khalili, Amyra. Desmistificando REDD e Serviços Ambientais por Michael F. Schmidlehner (quatro vídeo-apresentações disponíveis online) <http://port.pravda.ru/cplp/brasil/07-03-2016/40518-desmistificando_redd-0/> . Disponível 07/03/2016. Acesso em 07/03/2016. Assista as vídeo-apresentações aqui: https://www.youtube.com/playlist?list=PLDhITDL8VFLpJyO1Bi0WpioxFpuvJDQaK

*Amyra El Khalili é economista, autora do e-book “Commodities Ambientais em Missão de Paz: Novo Modelo Econômico para a América Latina e o Caribe”. Acesse gratuitamente: www.amyra.lachatre.org.br

Fonte: EcoDebate

Pesquisa obtém água com 'coletor de névoa' no deserto chileno do Atacama

Metro quadrado pode recolher em um dia até 14 litros de água.
Região chilena do Atacama é o deserto mais árido do mundo.


Como já fizeram antes as comunidades indígenas, na região chilena do Atacama o deserto mais árido do mundo é alvo do recolhimento das gotas de sua camanchaca, a névoa costeira que cobre durante a madrugada estes céus límpidos.

 Os "coletores de névoa" são telas de polipropileno instaladas entre dois postes que se erguem sobre locais áridos do deserto do Atacama como cartazes publicitários. As gotas d'água da camanchaca se condensam na malha, antes de deslizarem para os recipientes localizados abaixo para acumular, gota a gota, o precioso líquido.

Localizadas em direção contrária ao vento, estas telas são de uma tecnologia simples e eficiente, patenteada no Chile e exportada a muitas latitudes: Peru, Guatemala, República Dominicana, Equador, Nepal, Eritreia, Namíbia ou as Ilhas Canárias na Espanha. Outros países utilizam as árvores para capturar a água da névoa.

Um metro quadrado pode recolher em um dia até 14 litros de água, explica à AFP Camilo del Río, pesquisador do Instituto de Geografia da Universidade Católica, que desenvolve em Alto Patache - a 40 km da cidade de Iquique - um centro de pesquisa sobre esta tecnologia. A coleta média é de 7 litros diários.

Nos meses de inverno e primavera o acúmulo é maior, e diminui no outono e no verão. Por isso, a chave desta fonte hídrica é o armazenamento, afirma à AFP Pablo Osses, chefe de projeto deste instituto.

Um campo de 100 coletores de névoa de 4.000 m2 pode recolher diariamente 30.000 litros de água, segundo Osses.

A água que é recolhida, do mesmo sabor que a água da chuva, não é 100% potável, devido aos minerais que arrasta a partir do mar e, entre eles, alguma bactéria, mas "a transformação em potável não é complexa ou cara, se o objetivo for utilizar a água para consumo humano; para outras atividades não há nenhum problema" em usá-la da forma como ela chega, afirma Del Río.

Em Alto Patache, os coletores de névoa abastecem completamente a estação de pesquisa científica da Universidade Católica, composta de seis domos de cor branca que servem de dormitórios, cozinha, banheiro. A água recolhida sai normalmente das torneiras.

 No local também há uma estação meteorológica e vários instrumentos de medição da névoa.

Tradição ancestralUsada pelos antigos habitantes do deserto, que recolhiam a água que deslizava pelas laterais das rochas recobertas de mofo e líquen, o uso dos coletores de névoa se apresenta como uma solução para abastecer de água pequenas comunidades costeiras do norte chileno, que sofrem com a aridez extrema de uma região em que quase não chove em todo o ano.

A camanchaca, escuridão em aimara, é um tipo de névoa costeira espessa e baixa que cai de madrugada no deserto chileno, dissipando-se à medida em que transcorre o dia, quando abre caminho aos céus mais limpos e ensolarados do planeta, onde se assentam grande parte dos maiores telescópios mundiais.

O fenômeno é explicado pela grande quantidade de radiação solar que o oceano Pacífico recebe nesta zona ventosa, produzindo grande evaporação de água. Em seu caminho ao continente, esta massa de ar esfria ao se chocar com a corrente de Humboldt e com os altos cumes da cordilheira andina, provocando a camanchaca.

"Esta névoa é uma benção. Estamos em um ambiente desértico hiperárido (...), mas temos esta umidade proveniente do mar", afirma Del Río.

Atualmente, 40 telas deste tipo funcionam no deserto do Atacama. Suas dimensões variam, mas em geral são de 4 metros de altura por 8 ou 10 de comprimento.

Para o uso em massa dos coletores de névoa no Chile, é preciso dotar de maior previsibilidade a tecnologia, para que os habitantes das comunidades que os usam saibam com quantos recursos hídricos podem contar.

"O desafio do estudo da névoa é poder levá-lo às mesmas comunidades; perto da estação há pequenos povoados que não têm água potável e devem estar constantemente abastecidos por caminhão-pipa que vêm da cidade, com problemas na distribuição", explica à AFP Nicolás Zanetta, coordenador da estação de Alto Patache.

"A ideia futura é ver a factibilidade de implementar sistemas como este em nosso entorno", acrescenta.

O sistema de coletores de névoa já é utilizado com êxito na região de Coquimbo (situada mais ao sul), onde abastece uma comunidade de 2.000 pessoas e inclusive foi criada uma cerveja artesanal elaborada pelas gotas de água recolhidas na névoa.

Assim como as energias alternativas, como a solar ou a eólica, é preciso que as empresas comercializadoras de água integrem esta fonte barata e eficiente em sua paleta de opções, diz Osses.

Fonte: G1

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