quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Em vez de ajudar, matam. Crueldade gratuita. Moradores denunciam envenenamento de micos, no Rio


Por Carla Nascimento
RJ Gavea dununciam envenenamento micos temem riscos criancas3Veterinária tentou reanimar animais (Foto: Facebook/Reprodução)
Na calçada da pacata rua dos Oitis, na Gávea, Zona Sul do Rio, o professor de Educação Física Joaquim Ferrari, de 47 anos, estranhou quando viu dois micos caídos, em convulsão. Intrigado, notou que outros saguis se alimentavam de um recipiente de plástico instalado em uma árvore e, em seguida, caíam, babando, e decidiu levá-los a uma clínica veterinária nas redondezas. Em minutos, os saguis definhavam, e a suspeita de envenenamento se confirmava.
RJ Gavea dununciam envenenamento micos temem riscos criancas1Professor recolheu depósito de veneno instalado em árvores na Gávea (Foto: Facebook/Reprodução)
— Não acreditei, num primeiro momento, que fosse envenenamento, mas quando vi que eles estavam comendo, comecei a desconfiar. Envolvi um deles no meu casaco e depois fomos pegando outros, mas não deu tempo de salvá-los. Fiquei muito triste com o sofrimento que vi e a preocupção é que crianças tenham acesso a essas substâncias e acabemos vendo algo mais grave — disse o professor, visivelmente emocionado em vídeo gravado por um amigo que o acompanhava. Joaquim tentou registrar boletim de cocorrência na 15ª DP na Gávea, mas, segundo ele, agentes informaram que não poderiam receber a denúncia. Confira, no fim da página, a resposta da Polícia Civil.


Na clínica Intergavea, a minutos do ponto de envenenamento, a veterinária Lara Ferreira tentou, sem sucesso, reanimar uma família inteira de micos. Ao todo, oito animais morreram “envenenados por substâncias da classe dos organofosforados e carbamatos”, como escreveu a profissional no laudo.
RJ Gavea dununciam envenenamento micos temem riscos criancas2Laudo (Foto: Reprodução Internet)
No dia 2 de agosto, dois dias depois do primeiro incidente, a assessora de imprensa Patricia Bromirsky Leal se depararia com cena parecida: seis micos agonizavam, na mesma rua. Percebendo sinais de envenenamento, a jornalista partiu em busca de pontos onde as substâncias tóxicas pudessem ter sido colocadas para evitar novas mortes.
— Recolhi um dos animais, mas ele morreu antes de chegarmos ao veterinário —, lamenta Patrícia, que destaca: — Depois dos micos, soube de três gatos e dois cachorros domésticos, além de um tucano. A pessoa que fez isso precisa parar, porque pode matar o animal de alguém e, pior ainda, pode intoxicar o filho de alguém num momento de distração do pai — destacou Patricia.
RJ Gavea dununciam envenenamento micos temem riscos criancas4Micos foram levados para clínica, mas não resistiram (Foto: Facebook/Reprodução vídeo)
Segundo a jornalista, há alguns anos moradores do bairro vêm se queixando da grande presença de micos na região.


— Entendo que existe um desequilíbrio, mas não é assim que devemos resolver as coisas. Além dos outros riscos que existem com o envenenamento, o sofrimento é enorme e desnecessário. Precisamos acionar as autoridades — disse Patricia.


A denúncia de crimes ambientais pode ser feita em qualquer delegacia de polícia ou pelo Linha Verde do Disque-Denúncia 2253-1177 (capital do rio) ou 0300-253-1177 (estado do Rio, com custo de ligação local) ou para a Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais: (21) 2334-5906.

Segundo o coronel José Maurício Padrone, da Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais, a Lei de Crimes Ambientais permite extermínio de animais quando são considerados nocivos — o que ainda não aconteceu com os micos. Além disso, órgãos do meio ambiente estabelecem regras de conduta claras para que não sejam afetadas outras espécies.

— Podemos citar o exemplo do Javali no RS, onde determinados períodos se autoriza a caça controlada Portanto, ninguém pode sair matando micos sem conhecimento técnico necessario, muito menos sem pesquisas complexas e conclusões, porque estará sujeito a pena de seis meses a um ano de prisão e também uma multa administrativa — explica. O coronel destaca os riscos do uso de venenos: — Outras espécies nativas podem ser afetadas e contaminar todo um ambiente, gerando situações imprevisíveis e até mesmo podendo afetar a saúde humana — alerta.

Leia, na íntegra, nota da Polícia Civil:
De acordo com o Delegado de Polícia José Alberto Pires Lage, titular da 15ª Delegacia de Polícia – Gávea, a unidade vai apurar a conduta do servidor e averiguar possível infração administrativa. Procedimento será instaurado para apurar o crime ambiental. A Corregedoria Interna da Polícia Civil já foi comunicada e também irá apurar o fato.

O cidadão que tiver qualquer dificuldade no atendimento em uma unidade pode entrar em contato com a Central de Atendimento ao Cidadão (CAC). O órgão foi criado para ampliar canal de comunicação entre a Polícia Civil e a sociedade. O serviço está disponível através dos telefones (21) 2334-8823, (21) 2334-8835 e pelo chat 

https://cacpcerj.pcivil.rj.gov.br/. A CAC irá entrar em contato com a vítima para prestar todo o apoio necessário e demais medidas que se fizeram cabíveis.


Fonte: Extra

O misterioso Poço do Dragão, que pode ser a maior cratera submarina do mundo


Local, que poderia acomodar Torre Eiffel, está nas disputadas águas do mar do Sul da China.

BBC
As águas do mar do Sul da China, disputadas por vários países, escondem também uma cratera submarina conhecida como Poço do Dragão, que já é parte da mitologia local.
Os cientistas chineses afirmam que o poço, com cerca de 300 metros de profundidade, é o maior do mundo.


"Sua profundidade exata precisa ser ajustada depois de incluir fatores como os níveis da maré, temperatura, densidade e salinidade da água do mar", afirmou o professor Yang Zuosheng, da Universidade de Oceanografia da China.

Se os dados forem confirmados, o Poço do Dragão deverá ultrapassar em tamanho o Dean's Blue Hole (ou Buraco Azul de Dean), nas Bahamas, que tem uma profundidade de 202 metros.


Torre Eiffel
Para se ter uma ideia do tamanho do poço submarino descoberto no mar do Sul da China, ele poderia acomodar a Torre Eiffel, de Paris.


Com a ajuda do robô, os pesquisadores chineses estudaram as características da cratera durante um ano para tentar descobrir seu tamanho.


Os poços azuis, chamados assim pelo azul escuro intenso que apresentam na superfície, foram formados durante a Era do Gelo.

Eles são cavernas verticais submarinas formadas abaixo do nível do mar.

Essa caverna submarina sempre foi chamada de Poço do Dragão. Mas agora as autoridades chinesas acabam de dar um novo nome: o Poço do Dragão de Sansha Yongle, pois fica perto da cidade de Sansha, nas ilhas Xisha.

O Poço do Dragão fica em uma área agitada do mar do Sul da China. Devido às suas riquezas naturais e à quantidade de rotas de navegação que passam pela região, ela é disputada por Vietnã, Malásia, Indonésia, Brunei, Filipinas e China.


Por isso, é uma das zonas mais militarizadas do mundo.

'O homem das plantinhas': a história do morador que se dedica a reflorestar as favelas do RJ

8/08/2016 10h35 - Atualizado em 08/08/2016 10h35


Há mais de três décadas, em um trabalho praticamente solitário, Jocelino Porto, de 70 anos, vem produzindo milhares de mudas para recompor o que foi desmatado em comunidades pobres da cidade.

Luis BarruchoDa BBC Brasil em Londres
Jocelino Porto promove oficina de educação ambiental para crianças (Foto: Jocelino Porto)Jocelino Porto promove oficina de educação ambiental para crianças (Foto: Jocelino Porto)
 
Todos os dias, Jocelino Porto, de 70 anos, segue a mesma rotina: acorda às 5h da manhã, toma um banho gelado e dedica-se a cuidar de centenas de mudas de plantas que, cultivadas em pequenos copos plásticos, se amontoam em sua casa na favela de Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Pouco depois, começa a receber seguidos telefonemas. São pessoas em busca de pés de graviola, pitanga e goiaba, entre os mais de 70 mil já produzidos por esse paraibano com sotaque carioca.

Há mais de três décadas, em um trabalho praticamente solitário, Porto dedica-se a reflorestar as favelas da capital fluminense. Tamanho empenho lhe valeu o apelido de 'homem das plantinhas', como é conhecido aonde chega.

"Meu sonho é ver as favelas de novo cobertas pelo verde. Sempre gostei de mexer com plantas e espero poder conscientizar cada vez mais pessoas sobre a importância da preservação da natureza", diz ele.

Articulador social da ONG Viva Rio, onde trabalha desde 2010, Porto deu o seguinte depoimento à BBC Brasil:

"Nasci em Campina Grande, na Paraíba. Mas, quando tinha dois anos, meu pai decidiu se mudar com toda a família - eu, minha mãe e meus nove irmãos ─ para São Paulo, em busca de uma vida melhor. Pouco tempo depois, pegamos a estrada novamente, dessa vez rumo ao Rio de Janeiro, onde vivo até hoje.

Não tive uma infância feliz. Mas só me dei conta disso mais tarde, depois de velho. Trabalhei desde muito cedo. Éramos muito pobres e sempre moramos em favela. Um dia, quando tinha cerca de dez anos, meu pai me chamou para uma conversa e me disse desesperado que não aguentava mais. Tive de parar de estudar para ajudá-lo a pagar as contas. Era isso ou passaríamos fome.

Sempre gostei de plantas. Desde muito cedo, aprendi a cuidar delas. Trata-se de um trabalho minucioso, que leva em conta um sem número de variáveis: água, temperatura, exposição ao sol são algumas delas.

Cultivo as mudas em minha casa, na favela de Rocha Miranda, na zona norte do Rio de Janeiro. Não tenho muito espaço, mas o suficiente para abrigar cerca de 300 pés de diferentes árvores.


Em ocasiões especiais, contudo, esse número pode chegar a até 2 mil, como no Dia Internacional do Meio Ambiente, em junho, quando costumo fazer uma grande campanha. Isso sem falar no adubo, que produzo aqui mesmo, com os restos de alimentos.
Coloco as sementes em um copinho plástico e espero germinar. Assim que começam a crescer, sei que é hora de doá-las.
Porto já produziu mais de 72 mil mudas (Foto: Jocelino Porto)Porto já produziu mais de 72 mil mudas (Foto: Jocelino Porto)
'Homem das plantinhas'
 
Ganhei o apelido de 'homem das plantinhas' por causa do meu trabalho no reflorestamento das favelas. O que começou como um passatempo é hoje a minha razão de viver. Desde a década de 90, segundo meus próprios cálculos, já produzi mais de 72 mil mudas.
Não vou negar que se trata às vezes de um trabalho solitário. Mas é recompensador ver a felicidade das pessoas quando a árvore que plantei vira referência dentro de uma favela e promove união.

Aqui perto de casa, por exemplo, plantei um pé de erva cidreira. Todos os dias vejo pessoas quebrando os galhos para fazer chá. A grande maioria não tem dinheiro para comprar remédio e usa o chá para curar resfriados e tratar outras indisposições.

Minha intenção é ver as favelas de novo cobertas pelo verde. As favelas hoje são áridas e mal-cuidadas. Somos carentes de tudo e vivemos em uma guerra interminável. Quem mais perde com isso são os moradores.

Diante de tanto sofrimento, sinto que tenho de fazer a minha parte. E vi na natureza uma forma de reaproximar a comunidade ─ ganhei o respeito dos moradores, dos traficantes e também dos policiais.

Em 1992, fui um dos fundadores do NEPP (Núcleo Ecológico de Pedras Preciosas), onde desenvolvi um importante trabalho de educação ambiental nas favelas do Rio. A NEPP acabou virando uma referência e um dos frutos do nosso trabalho foi a redução do consumo de água dentro das favelas, além da formação de 200 agentes ambientais.

Quatro anos depois, criei uma escolinha ecológica para crianças de sete a 11 anos. Participei também da criação da Eco Favela e fui fundador do Movimento Ecológico de Rocha Miranda.
Tenho por companhia inseparável minha pequena câmera por meio da qual denuncio principalmente locais com acúmulo de lixo. São mais de 10 mil fotos reveladas, compiladas em um arquivo que reúne 36 volumes de catálogos, registros de meus serviços prestados à comunidade ao longo da vida.

Orgulho
Mas, sem dúvida, um dos meus maiores orgulhos é ver a reação das crianças ao meu trabalho.

Lembro-me até hoje da campanha que fizemos na Cinelândia, no centro do Rio, em 1997. Timidamente, oferecemos uma muda de planta em troca de 1 kg de alimento. Foi um sucesso. Em pouco tempo, as 300 mudas que havia trazido acabaram.

Em outra ocasião, recentemente, na favela da Maré, realizei uma oficina voltada para o público infantil. No início, as crianças não queriam sujar as mãos na terra. Mas logo que a primeira começou a transferir as mudas para o copinho plástico, todas ficaram entusiasmadas e quiseram participar.

Sem dúvida, as crianças dão muito mais valor ao meu trabalho do que as autoridades. Todos os secretários de meio ambiente do Rio já estiveram na minha casa e fizeram promessas. Nenhuma foi cumprida.

Tenho poucas ambições na vida, mas espero que meu legado sirva para conscientizar a todos sobre a importância da preservação da natureza. É uma luta diária que não pode parar."

Nascimentos foram registrados no sábado (6) e na segunda-feira (9). Zoológico é referência na reprodução em cativeiro de espécies raras.

9/08/2016 17h08 - Atualizado em 10/08/2016 10h47

Do G1 PR, em Foz do Iguaçu
Primeiro filhote de macuco reproduzido em cativeiro no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR), nasceu na tarde de sábado (6) (Foto: Parque das Aves / Divulgação)Primeiro filhote de macuco reproduzido em cativeiro no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR), nasceu na tarde de sábado (6) (Foto: Parque das Aves / Divulgação)

O Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, conseguiu nesta semana uma reprodução inédita de filhotes de macuco. O primeiro nasceu no sábado (6) e o segundo conseguiu deixar o ovo na tarde de segunda (8). Ambos estão bem, garantem os biólogos. Outros oito ovos estão incubados.


A ave não é considerada uma espécie ameaçada de extinção pelo Ibama, mas está na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (Iucn) como quase ameaçada.

Exemplares do macuco - que é típica da Mata Atlântica, na área que compreende o leste do Brasil, sudeste do Paraguai e extremo nordeste da Argentina - vivem no zoológico desde 1997. Até 2013, era apenas uma fêmea, já idosa. Entre 2013 e 2015, o recinto recebeu sete casais vindos de Minas Gerais e as primeiras posturas foram feitas neste ano.

Os hábitos de reprodução do macuco são diferentes da maioria das outras aves. Na espécie, a fêmea bota de três a cinco ovos, que são chocados pelo macho por um período de 19 a 21 dias.
No parque, os ovos são retirados e mantidos em uma incubadora, onde são monitorados até que eclodam. Os biólogos responsáveis pelas pesquisas sobre a espécie contam que os primeiros ovos postos foram quebrados, provavelmente pelos pais. Por isso, o cuidado especial e a necessidade de mantê-los no berçário.


Referência em reprodução
Conhecido pelas pesquisas sobre nutrição, comportamento e conservação de aves e pelos programas de reprodução em cativeiro, o parque já conta com indivíduos de várias espécies nascidas no local.


Entre os exemplos estão o do mutum-de-alagoas – extinto na natureza desde a década de 1970 e que teve o primeiro filhote nascido em um zoológico -, o da ararajuba e o da jacutinga - ameaçadas de extinção -, além dos flamingos, guarás, papagaios de cara roxa e de peito roxo e araras.


O parque é aberto à visitação e reúne mais de 800 animais de 200 espécies típicas da região e algumas exóticas como o casuar, conhecido como a ave mais perigosa do mundo. Cobras, jacarés e borboletas também fazem parte do acervo.
 Outros seis ovos de macuco estão incubados; os filhotes de macuco podem nascer nos próximos dias, esperam os biólogos do Parque das Aves (Foto: Parque das Aves / Divulgação)
 Outros oito ovos de macuco estão incubados; os filhotes de macuco podem nascer nos próximos dias, esperam os biólogos do Parque das Aves (Foto: Parque das Aves / Divulgação)


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Material inteligente reage a calor e luz e se autoconserta


Material inteligente reage a calor e luz e se autoconserta
Acionamento por calor ou luz: modo de operação pode ser escolhido conforme a aplicação. [Imagem: Yuzhan Li et al - 10.1021/acsami.6b04374]
 
Material inteligente e versátil
Um novo material inteligente é também o mais versátil já demonstrado até agora: sua mudança de forma pode ser induzida por calor ou por luz e ele consegue se consertar sozinhos de danos, como cortes.

É a primeira vez que se consegue combinar várias habilidades "inteligentes" em um único material, o que inclui o comportamento de memória de forma, o movimento acionado pela luz ou pelo calor e a autocura.

Materiais que podem reagir a estímulos externos podem servir a uma grande variedade de propósitos, como músculos artificiais, atuadores, sistemas de liberação de medicamentos ou para formar objetos inteiros que se montam ou desmontam sozinhos.

Uma das grandes expectativas é que esses materiais possam servir para abrir painéis solares e outras estruturas em satélites artificiais e sondas espaciais, que hoje dependem de sistemas complexos e pesados, baseados em cabos, motores e baterias.

Redes cristalinas líquidas
Os materiais inteligentes ainda não têm um uso generalizado porque são difíceis de fabricar e geralmente só conseguem executar uma função de cada vez. Além disso, é difícil reprocessá-los para que suas propriedades possam ser usadas repetidamente.

Yuzhan Li e seus colegas da Universidade do Estado de Washington, nos EUA, obtiveram uma funcionalidade inédita combinando uma classe de moléculas de cadeias longas, chamadas redes cristalinas líquidas, com grupos atômicos que reagem à luz polarizada. Para conseguir "reprocessar" o material - obter múltiplas utilizações - eles usaram ligações químicas dinâmicas.

O material resultante reage à luz ou ao calor, lembra-se da sua forma original quando é dobrado e desdobrado e pode curar a si mesmo quando danificado. Por exemplo, um corte feito por um estilete pode ser curado através da aplicação de luz ultravioleta.

Mais importante ainda para aplicações práticas, os movimentos do material podem ser pré-programados e suas propriedades serem ajustadas previamente para cada aplicação em particular.

Bibliografia:

Photoresponsive Liquid Crystalline Epoxy Networks with Shape Memory Behavior and Dynamic Ester Bonds
Yuzhan Li, Orlando Rios, Jong K. Keum, Jihua Chen, Michael R. Kessler
ACS Applied Materials & Interfaces
Vol.: 8 (24), pp 15750-15757
DOI: 10.1021/acsami.6b04374

Botos também precisam de descanso


Por Vandré Fonseca
Homem alimenta boto. Foto: Martha de Jong-Lantink/Flickr.
Homem alimenta boto. Foto: Martha de Jong-Lantink/Flickr.


Manaus, AM -- Não que os botos-cor-de-rosa trabalhem de graça, eles ganham comida na boca. É que ser alimentado com peixes congelados pode até ser mais fácil do que nadar atrás dos cardumes, mas não é o ideal para os bichos, segundo especialistas.


O pior, a jornada está sendo cumprida de segunda a segunda, sem descanso. A vida dos botos em Manaus durante a Olimpíada não em sido fácil e preocupa o Núcleo de Fauna do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).


Manaus sedia seis jogos de futebol da Olimpíada, entre os dias 3 e 9 de agosto, o que significa chegada de turistas, delegações e atletas estrangeiros, muitos interessados por um contato mais íntimo com a Amazônia. Interagir com botos, a partir de flutuantes, é um dos programas preferidos de quem passa por Manaus, mas a atividade não é regulamentada.



Os debates para se criarem regras são travados há anos no Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amazonas, sem que ainda tenha se chegado a uma conclusão. O Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (LMA-Inpa) e a Associação dos Amigos do Peixe-Boi-da-Amazônia (Ampa) elaboraram uma proposta de Instrução Normativa para disciplinar a atividade, mas ainda aguarda a aprovação do conselho.


"já existem 11 flutuantes entre Manaus e Novo Airão, na Calha do Rio Negro, em geral negócios familiares que exploram o turismo de interação com botos"
A proposta determina, entre outras medidas, descanso para os bichos de dois dias por semana, que os flutuantes guardem uma distância de 20 quilômetros um do outro, limites para alimentação e que contatos intencionais nos botos sejam proibidos.


A distância é necessária para evitar que, quando um flutuante estiver fechado, os botos busquem outro local onde recebam alimento dos turistas.


Sônia Canto, analista ambiental do Ipaam, afirma que, como qualquer mortal, os botos têm direito a descanso.

“Recebemos a denúncia de que não estão cumprindo essas recomendações”, afirma Sônia Canto. De acordo com ela, já existem 11 flutuantes entre Manaus e Novo Airão, na Calha do Rio Negro, em geral negócios familiares que exploram o turismo de interação com botos. “Que eles respeitem o descanso, a quantidade de alimento. Já pensou que toda hora chega turistas, aí passa a ser molestação do animal, passa a ser crime”.


No período de jogos de futebol em Manaus, uma equipe do Ipaam, acompanhada pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar e Ibama, fez visitas a flutuantes para verificar as denúncias.



Distribuíram multas e verificaram outra irregularidade, que já haviam visto em posts de turistas, e até atletas, em redes sociais: crianças oferecendo animais silvestres para fotos e interação. “Não pegamos em flagrante, mas observamos quando estávamos chegando, por exemplo, uma criança se escondendo com um macaquinho”, conta Sônia Canto. Ela conta também que alguns turistas confirmaram que ali havia crianças com bichos, que fugiram com a chegada da fiscalização.


Donos de flutuante argumentam que não são responsáveis pelas ações das crianças, mas estão no mínimo permitindo a irregularidade. E, claro, não gostam das ações dos órgãos ambientais. O Ipaam tem tentado agir em outra frente, orientar turistas. Panfletos são distribuídos no Aeroporto Internacional e locais por onde passam muitos turistas, mas o apelo de contato direto com a fauna é muito atrativo e tem gerado renda para muita gente nos arredores de Manaus.

‘Fica pra depois…’ A rotina de descaso no saneamento da Guanabara


Por Emanuel Alencar*
Paqueta
A Ilha de Paquetá, um velho ícone da Baía de Guanabara, não tem saneamento. 
Foto: Wikimedia.

RIO – A Ilha de Paquetá, no meio da Baía de Guanabara, tem oito belas praias. Mas seis delas estão impróprias para o lazer de seus 4.500 moradores na maior parte dos meses do ano. Em dezembro de 2013, o governo do Rio tirou da cartola uma solução para mudar essa rotina: a construção de uma tubulação de 9,5 quilômetros, ligando os dejetos da ilha à estação de tratamento de esgotos (ETE) de São Gonçalo.

Uma elevatória com capacidade para bombear 100 litros de esgoto por segundo garantia o sucesso da operação. Parecia uma alternativa estranha abandonar uma antiga estação de tratamento de Paquetá, considerada problemática pela Cedae, e mandar, sob a baía, os esgotos para a cidade vizinha resolver. Mas técnicos garantiam que era a melhor solução possível – a mais barata, certamente.


Dois anos e oito meses depois, a situação é melancólica. A obra, de R$ 34 milhões, foi abandonada antes do término e o governo terá que licitar novamente o trecho terrestre do duto, em  Paquetá. Construída há 18 anos, a estação de São Gonçalo, que receberia o esgoto da aprazível ilha, continua operando com menos da metade de sua capacidade.


O projeto estava no calendário de exigências do Comitê Olímpico Internacional (COI) para os Jogos Olímpicos do Rio. Pedi ao presidente da Cedae, Jorge Briard, mais detalhes sobre os motivos do abandono. A empreiteira vai devolver o dinheiro? Não obtive resposta.


"Grandes troncos coletores que irão captar todo o esgoto das favelas da Maré, do Complexo do Alemão, do Jacarezinho e de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, sequer saíram do papel."
O caso resume com precisão a lógica que ainda domina nas obras de saneamento na bacia da Baía de Guanabara. Perda de prazos, de dinheiro e falta de transparência são leis por aqui. O resultado não poderia ser outro: aproximadamente 18 mil litros por segundo de esgoto são despejados na Guanabara.


As oito estações de tratamento, construídas desde 1998, operam com menos da metade de suas capacidades. Cidades inteiras padecem sem saneamento básico.


Casos absurdos se sucedem. O “deixa para depois” domina.

Até obras no coração do Rio de Janeiro sofrem enormes atrasos. Outra intervenção olímpica, o tronco coletor Cidade Nova, que levaria os esgotos de 200 mil moradores de seis bairros até a estação de Alegria, no Caju, está diante de um impasse. A tubulação se deparou, no subsolo, com um projeto imobiliário de uso misto, incluindo shopping, empreendimentos residenciais e comerciais e hotéis, no antigo Gasômetro, ao lado da rodoviária. Não há espaço destinado à passagem do duto – e nem houve espaço para um planejamento adequado.


Grandes troncos coletores (Faria-Timbó e Manguinhos), que irão captar todo o esgoto das favelas da Maré, do Complexo do Alemão, do Jacarezinho e de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, sequer saíram do papel. Foram incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, e abatidos, claro, pela crise financeira.


Como avançar nesse cenário tenebroso? O superintende de Planejamento da Câmara Metropolitana da Secretaria de Governo do Rio, Luiz Firmino, defende um modelo de construção de galerias em tempo seco. São estruturas mais simples que capturam o esgoto nas galerias de águas pluviais – uma realidade bastante comum em 16 das 16 cidades que circundam a baía. Essas estações em tempo seco funcionam muito bem... quando não chove.

“Copacabana e Leblon têm, desde a década de 1960, cinturão de tempo seco, que pega tudo o que vêm nas manilhas pluviais. Não há como evitar lançamentos ilegais nas redes pluviais. Venho defendendo um cinturão metropolitano de esgoto, que interceptará em tempo seco os esgotos das galerias”, defende Firmino.


“No entorno da baía há as estações de tratamento de esgotos prontas. É possível rapidamente interceptar o esgoto da Maré, por exemplo, e mandar pras estações. A questão não é abandonar a rede formal, separando água e esgoto. Mas avançarmos, etapa por etapa. A fase A, inicial, seria esse sistema de tempo seco. A Lagoa de Araruama só foi recuperada por causa desse sistema em tempo seco”.

A formalização de um novo ente para discutir as políticas de saneamento é objeto de um projeto de lei que está na Assembleia legislativa do Rio. Cada cidade tem um peso diferente nas assembleias, o que já vem causando impasses.

*Emanuel Alencar é autor do livro “Baía de Guanabara – Descaso e Resistência”, cuja versão impressa pode ser comprada aqui, ou ter o seu PDF baixado aqui

Mapa Ilha de Paquetá

 http://www.oeco.org.br/colunas/emanuel-alencar/fica-pra-depois-a-rotina-de-descaso-no-saneamento-da-guanabara/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+siteoeco+%28O+Eco%29

Os grandões precisam de ajuda


Por Vandré Fonseca
Elefantes em Botswana. Crédito: Blaire Van Valkenburgh.
Elefantes em Botswana. Crédito: Blaire Van Valkenburgh


Manaus, AM -- Um advertência foi dada esta semana em um artigo assinado por 43 pesquisadores de várias partes do mundo, inclusive Brasil. São necessárias medidas urgentes para impedir a extinção dos maiores animais que ainda existem sobre a terra, sob o risco de muitos não resistirem até o fim do século. O texto, publicado na revista Bioscience junto ao material suplementar escrito em sete idiomas, destaca a necessidade de intensificar as ações que já existem e de mudanças políticas globais, que incluem mais dinheiro para a conservação.

Os autores do texto destacam que grandes mamíferos são extremamente vulneráveis a ameaças devido à demanda por grandes extensões de área, baixa densidade populacional, principalmente entre os carnívoros, e questões evolutivas. Eles ressaltam que programas de conservação e mudanças culturais têm recuperado populações de algumas espécies, mas a maioria dos grande animais está em declínio.

Conforme dados apresentados no artigo, 59% dos grandes carnívoros, com massa média superior a 15 quilos, estão ameaçados de extinção pelos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em Inglês). Entre os herbívoros, a situação é bem parecida, 60% dos que em média chegam ou ultrapassam os 100 quilos estão ameaçados. A lista inclui alguns dos animais mais populares do planeta, como leões, gorilas e rinocerontes, que podem oferecer diversos serviços ambientais, sociais e econômicos.

"A perda destes magníficos animais seria uma tremenda tragédia", afirma Blaire Van Valkenburgh, professora de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade da Califórnia (UCLA) e uma das autoras do artigo. "Eles são tudo o que resta de uma megafauna muito mais diversa que povoou o planeta apenas 12.000 anos atrás. E mais importante, estamos apenas começando a entender o importante papel que desempenham na manutenção de ecossistemas saudáveis”, completa.

Com uma experiência de 15 anos de estudos sobre os maiores herbívoros neotropicais, que incluem a avaliação das consequências da retirada destes animais da natureza, o biólogo Mauro Galetti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), faz parte do time que assina o artigo. “Muito do que sabemos hoje sobre o papel dos herbívoros vem dos estudos na África, mas nossos trabalhos recentes com antas e queixadas tem mostrado que mesmo em florestas tropicais esses animais são fundamentais na dispersão de sementes, herbivoria e até mesmo no estoque de carbono”, conta.


Ameaças conhecidas
As ameaças aparecem em várias frentes. O aumento da população humana, pecuária e mudanças no uso da terra têm causado conflitos, que geralmente resultam em impactos sobre os grandes animais selvagens. Hoje, de acordo com o estudo, existem 400 vezes mais grandes animais de criação, como bois, búfalos e cabras, na terra do que exemplares da megafauna. Mas existem outras causas para a ameaça de extinção generalizada.

Entre elas, está a caça, o que inclui ação individuais, de governos e até de grupos organizados e terroristas. Carne ou partes de grandes animais são vendidas em centros urbanos e contrabandeadas. A chacina de elefantes africanos para abastecer o tráfico de marfim; rinocerontes, pelos seus chifres; e tigres, por partes do corpo, são exemplos de atividades que afetam a população de grandes mamíferos.

Para os autores do artigo, apesar de já serem conhecidas as causas gerais para o declínio da megafauna, essas informações ainda não se transformaram em ações de proteção e conservação adequadas. Entre atitudes que podem ser tomadas, eles citam a reintrodução de espécies onde elas tenham sido extintas e a reabilitação de ecossistemas.

O texto publicado afirma que agir para evitar o declínio da megafauna é uma responsabilidade coletiva , mas destaca que o ônus principal deve ser dos países desenvolvidos, onde grandes animais já foram extintos. Segundo os pesquisadores, essas nações têm a responsabilidade de restaurar a megafauna em seus territórios e também apoiar as iniciativas de conservação onde ela ainda existe.

“Como biólogos, ecólogos e cientistas da conservação, nós sabemos que nossos argumentos não são novos, e que nossas reivindicações são mais fáceis de serem escritas do que cumpridas”, afirmam. “No entanto, nosso objetivo em apresentá-los juntos é demonstrar um consenso em opinião em toda a comunidade científica global, de cientistas que estudam e conservam esses animais, enfatizando para o mundo a gravidade do problema.”

Rinocerontes também estão desaparecendo devido a ação humana. Crédito: Graham I.H. Kerley.
Rinocerontes também estão desaparecendo devido a ação humana. Crédito: Graham I.H. Kerley.

Aqui, a declaração publicada: 

Uma declaração para salvar a megafauna terrestre do planeta. Nós cientistas da conservação:


1 -- Reconhecemos que a maioria da megafauna terrestre está ameaçada de extinção e apresenta populações em declínio. Algumas espécies de megafauna que não estão globalmente ameaçadas sofrem extinções locais ou apresentam subespécies criticamente ameaçadas.

2--  Prezamos que o cenário mundial como se encontra resultará na perda de muitas das espécies mais icônicas da Terra.

3 -- Entendemos que a megafauna desempenha muitos papéis ecológicos que diretamente e indiretamente afetam processos ecossistêmicos e outras espécies nas cadeias alimentares; um fracasso em reverter os declínios da megafauna vai romper muitas interações entre espécies com possíveis consequências negativas para as funções ecossistêmicas, diversidade biológica, e também para serviços ecológicos, econômicos e sociais que essas espécies fornecem.

4 -- Compreendemos que a megafauna é símbolo da vida selvagem, exemplificando o engajamento público na natureza, e que esse é um incentivo para manter os serviços ecossistêmicos que eles provém.

5 -- Reconhecemos a importância de integrar e alinhar o desenvolvimento humano com a conservação da biodiversidade através do engajamento e apoio das comunidades locais no países em desenvolvimento.

6 -- Propusemos que as agências de financiamento e cientistas aumentem as pesquisas em conservação nos países em desenvolvimento, onde a maioria das espécies de megafauna ocorrem. Especificamente, há uma necessidade de aumentar a pesquisa diretamente para encontrar soluções para a conservação, especialmente para espécies pouco conhecidas.

7 -- Pedimos ajuda de indivíduos, governos, corporações, e organizações não governamentais para dar um fim as práticas prejudiciais a essas espécies e que se comprometam ativamente em ajudar a reverter os declínios nas populações de megafauna.

8 -- Lutamos pela consciência coletiva ao redor do mundo pela atual crise da megafauna usando a mídia tradicional, a mídia social e outras abordagens nas redes.

9 -- Buscamos um novo e compreensível compromisso global para conservação da megafauna. A comunidade internacional deveria tomar ações necessárias para prevenção da extinção em massa da megafauna e de outras espécies.

10 -- Instigamos o desenvolvimento de novos mecanismos de financiamento para transferir os benefícios atuais acumulados através da megafauna em pagamentos tangíveis para apoiar a pesquisa e a conservação nos locais onde a megafauna mais precisa ser preservada.

11 -- Defendemos um intercâmbio científico interdisciplinar entre nações para melhorar o entendimento social e ecológico dos culpados do declínio da megafauna, e também aumentando a capacidade de conservação da megafauna.

12 -- Recomendamos a reintrodução e reabilitação das populações degradadas de megafauna sempre que possível, seguindo as diretrizes da IUCN, da importância ecológica e econômica pela qual é evidenciada por um número crescente de sucessos, desde os lobos do Yellowstone (Canis lupus), até ao veado de Père David (Elaphurus davidianus) na China, e outras várias espécies de megafauna do Parque Nacional da Gorongosa em Moçambique.

13 -- Afirmamos ter uma obrigação moral em proteger a megafauna do planeta Terra.

Fonte: Revista Bioscience