quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Convite. Cerrado: Berço das Aguas.



Virada do Cerrado é um programa de mobilização e educação ambiental com atividades ambientais, educativas, esportivas e culturais. Integra o poder público com organizações da sociedade civil e do setor privado em um movimento pelo equilíbrio ambiental do Distrito Federal.

É um programa executado ao longo do ano com culminância no Dia do Cerrado, 11 de setembro. Sua principal característica é unir entretenimento, mobilização social e responsabilidade ambiental e social, chamando atenção para a valorização do Cerrado, da água, para as mudanças climáticas, qualidade de vida, tratamento de resíduos sólidos, mobilidade da população urbana e consumo consciente.

Vinte e cinco regiões estão confirmadas na edição deste ano, inclusive em Padre Bernardo, Goiás. Águas Claras, Brazlândia, Candangolândia, Ceilândia, Cruzeiro, Estrutural, Fercal, Gama, Guará, Itapoã, Jardim Botânico, Lago Norte, Paranoá, Park Way, Parque da Cidade, Planaltina, Plano Piloto, Riacho Fundo I, São Sebastião, SIA, Sobradinho, Sudoeste, Taguatinga e Varjão são os locais que já tem atividades programadas.


Programação 
A abertura da Virada acontecerá no Parque das Garças, no Lago Norte, no dia 7 de setembro com a Feira de Tecnologia Sustentável e Voluntária, além de atividades culturais. Outros exemplos de atividades são a reutilização e reciclagem de materiais, em Águas Claras; caminhada ecológica, em Sobradinho; passeio ciclístico, no Gama; oficinas de educação ambiental, caminhada e mutirão de limpeza, na Fercal; inauguração de viveiro, no Park Way; revitalização de horta, em São Sebastião; oficinas sobre mudança climática e biodiversidade, na Estrutural; e bate-papo sobre agroecologia, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).

Em Taguatinga, haverá um mutirão de plantio em hortas verticais. Será realizada feira de trocas no Varjão Sustentável – Reciclagem e Resíduos Sólidos. O Jardim Botânico de Brasília sediará o seminário “Água, Florestas e Cerrado”, exposições, sarau e feira de sustentabilidade.

Dia 7 é a abertura. Em 8 e 9 de setembro, as ações terão caráter educativo e formativo, com foco nas escolas e universidades. Em 10 e 11, ocorrerão atividades culturais, esportivas e lúdicas para todas as idades. No último dia, a agenda ficará concentrada no Estacionamento 10 do Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, no Plano Piloto.

Confira a programação completa no site da Virada do Cerrado 
Visite o Facebook da Virada
Virada do Cerrado na Mídia: Virada do Cerrado terá oficina de moda sustentável

Físico explica por que ação humana é decisiva na atual era geológica, o Antropoceno


quinta-feira, 25 de agosto de 2016


O físico Paulo Artaxo discutiu a época geológica atual e as tarefas que serão exigidas da ciência

Por Marcia Avanza, Rádio USP
 
 
O professor Paulo Artaxo, titular do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física (IF) da USP, ministrou palestra, ontem quarta-feira (24), sobre o tema Antropoceno: O homem no centro da nova era geológica e suas consequências. Em entrevista à repórter Marcia Avanza, Artaxo explica que o Antropoceno é a época geológica que vivemos atualmente, na qual a ação do homem começa a interferir no planeta.
 
 
Referência internacional na área de física ambiental, o professor vai discutir questões sobre o clima do planeta e as consequências dessa nova era, que não pode ser considerada totalmente negativa, mas que exige medidas para estabilizar o clima global.
 
 
 
Doutor em Física Atmosférica pela USP (1985), Artaxo trabalhou na Nasa (Estados Unidos) e nas universidades de Antuérpia (Bélgica), Lund (Suécia) e Harvard (Estados Unidos). A física aplicada a problemas ambientais é uma de suas especialidades, e ele atua principalmente nas questões de mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia, física de aerossóis atmosféricos e poluição do ar urbano, entre outros temas. É membro da Academia Brasileira de Ciências, da Academia de Ciências dos Países em Desenvolvimento (TWAS) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo.
 
 
 
Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq, Artaxo figurou, recentemente, na lista dos “mais brilhantes” cientistas em todo o mundo, divulgada pela Thomson Reuters no relatório The World´s Most Influential Scientific Mind 2015, ao lado de outros três brasileiros. Ao longo de sua carreira, Paulo Artaxo coleciona inúmeros prêmios na área científica.
 
 
Fonte: EcoDebate

Estudante de arquitetura transforma resíduos eletrônicos em maquetes

quinta-feira, 25 de agosto de 2016


As 9 maquetes foram feitas a partir de 1.940 peças e o custo total do projeto não chegou a cem reais.

“Do nada, eu estava sentado na frente do computador ouvindo música e, ao lado do computador tinha umas peças de PC estragadas (um mouse, um dissipador e um pente de memória), e eu consegui enxergar nessas peças prédios.” Foi assim, meio que por acaso, que o estudante de arquitetura Rafael dos Santos Silva começou um projeto artístico que transforma resíduos eletrônicos em miniaturas de cidades.


O trabalho começou há pouco mais de sete meses e o estudante levou, em média, cinco meses apenas para conseguir juntar a sucata necessária para construir as primeiras maquetes. Como os resíduos eletrônicos têm valor alto quando se fala em reciclagem, não foi muito fácil arrecadar os materiais. Mas, após todo o esforço da coleta, Rafael conseguiu juntar as mais diferentes peças de computadores e acessórios. Depois de desmontar e separar tudo, o processo de criação começou de verdade.


Foram quatro meses reciclando e quase três meses montando. Durante duas semanas, ele garante ter trabalhado incessantemente das 9h às 21h, focando toda a sua energia na criação das nove maquetes. “Como estava sozinho nessa jornada, eu tinha muita coisa para fazer, algumas pessoas me chamaram de ‘doido’, por tudo que estava fazendo, porque eu quase não parava pra nada”, disse. Mas, tanto esforço valeu a pena, tanto que o Rank Brasil já o considera o recordista nacional por ter a maior maquete já feita com peças de computador.


As maquetes foram feitas a partir de 1.940 peças e o custo total do projeto não chegou a cem reais. Por ser estudante de arquitetura, Rafael já está acostumado a lidar com escalas e teve todo o cuidado de um arquiteto no planejamento e desenvolvimento das maquetes.



Um dos destaques é a cidade feita em escala 1/200. A maquete conta com 60 prédios, uma indústria e uma subestação de energia. Além disso, ela tem tudo o que uma cidade tem, inclusive árvores, carros e pessoas. Entre os materiais usados para este projeto estão: CDs, dissipadores, processadores, cartuchos, disquetes, modens, cabos, slots, entre outras coisas.


Outro projeto que merece destaque é o aeroporto. Feito em tamanho de 140×110 centímetros, ele tem uma base feita de papelão e todo o resto criado a partir dos resíduos eletrônicos.

Fonte: Ciclo Vivo

Tóquio pode ter medalhas olímpicas feitas de lixo eletrônico

quinta-feira, 25 de agosto de 2016


O Japão é um dos principais consumidores de equipamentos eletrônicos do mundo e cada aparelho possui metais preciosos.


Os jogos olímpicos do Rio acabaram e agora foi dada oficialmente a largada para o preparo da próxima olimpíada, a ser realizada em Tóquio, em 2020. Entre os desafios dos japoneses está a missão de reduzir os impactos ambientais do evento esportivo. Para isso, um dos planos é produzir as medalhas olímpicas a parte de resíduos eletrônicos reciclados.


A ideia surgiu a partir da preocupação ambiental, mas principalmente porque o Japão quase não produz metais preciosos. Por outro lado, a nação é uma das principais consumidoras de equipamentos eletrônicos do mundo e cada um desses aparelhos possui um pouquinho de ouro e outros metais importantes em sua composição.


O desafio
Para se ter ideia do tamanho do desafio, em Londres, por exemplo, os ingleses gastaram 9,6 kg de ouro, 1.210 kg de prata e 700 kg de cobre para fabricar as medalhas entregues aos atletas na olimpíada e paralimpíada de 2012. A quantidade de ouro é menor porque as medalhas de ouro possuem apenas 1,2% deste metal em sua composição. A base é feita, principalmente de prata. No Rio de Janeiro foram entregues 5.130 medalhas e a expectativa é de que em Tóquio o número seja ainda maior.


A proposta
Para dar conta disso tudo, os organizadores dos jogos propuseram ao Comitê Olímpico Internacional usar os metais retirados dos resíduos eletrônicos para fabricar as medalhas. A oferta ainda não foi aceita, mas a estratégia ajudaria a resolver dois problemas de uma só vez: a falta de novos recursos e a conscientização sobre a reciclagem de eletrônicos, que ainda é baixa entre os japoneses, mesmo que eles sejam acostumados a separar e destinar adequadamente seu lixo.


Os entraves
A cada ano o Japão tem 650 mil toneladas de lixo eletrônico descartado, mas, conforme informado pela imprensa local, apenas 100 mil toneladas são recicladas. A meta dos municípios, conforme determinação do Ministério do Meio Ambiente, era recolher um quilo de pequenos eletrônicos por habitante, mas a média tem sido de apenas cem gramas.


Outro problema é que por faltar recursos, as próprias empresas de eletrônicos reaproveitam praticamente todo o metal retirado dos eletrônicos que têm a destinação correta.


Independente do setor empresarial, as autoridades japonesas esperam conseguir a liberação para seguir adiante com o projeto como forme de mobilizar a população por esta causa e ter benefícios sentidos em longo prazo. Este seria um verdadeiro legado olímpico deixado para a história do Japão.


Fonte: Ciclo Vivo

Bondinho do Pão de Açúcar agora é movido a energia solar

quinta-feira, 25 de agosto de 2016


Com o sistema, cerca de seis toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas por ano.

O Bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, é um dos principais cartões postais da cidade e um dos mais famosos do mundo. Agora a estrutura conta com mais um diferencial: energia solar fotovoltaica. O projeto é fruto de uma parceria entre a Panasonic e a empresa de energias renováveis Alsol.

De acordo com Gustavo Malagoli, diretor técnico da Alsol, um dos maiores desafios do projeto envolveu as características topográficas do local, cujo ambiente está exposto à salinidade e altas cargas de ventos. “Por isso, todo o projeto tem que ser calculado com muito rigor técnico, segurança e precisão. Em três semanas foram instalados 42 módulos, sendo 32 deles sobre a Estação de número 3 do Morro da Urca, última parada até o topo do Pão de Açúcar”, informou. Além disso, o projeto contou com dez placas fotovoltaicas em uma parede vertical onde estará visível para os visitantes do ponto turístico.

Um dos grandes benefícios do sistema reforça sua preocupação ambiental. Toda energia gerada e consumida no Pão de Açúcar hoje equivale ao consumo de dez famílias médias. Com a utilização do sistema de captação de energia fotovoltaica no local, cerca de seis toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas por ano.


Os inversores de frequência utilizados neste projeto foram desenvolvidos pela ABB, empresa que em 1912 realizou o fornecimento dos equipamentos elétricos para o primeiro bondinho do Pão de Açúcar.
Fonte: Ciclo Vivo

Momento oportuno para acabar com a seca


quarta-feira, 24 de agosto de 2016


 
Comecemos com boas notícias. O El Niño mais forte dos últimos 35 anos está chegando ao 
fim. No período 2015-2016, esse fenômeno climático provocou secas em mais de 20 países. Houve altas temperaturas, escassez de água e inundações em todo o mundo. Mas as zonas mais afetadas foram África oriental e austral.

 
 
Para entender o que isso significa para a população, basta ver as repercussões na insegurança alimentar que afetou cerca de 32 milhões de pessoas na África austral. Em todo o continente, um milhão de crianças precisaram de tratamento para desnutrição severa.
 
 
E, embora o pior da seca esteja chegando ao fim, aproximadamente 75% dos especialistas prognosticam que o La Niña (o fenômeno complementar do El Niño, conhecido pelas inundações que provoca) chegará ao final deste ano. É provável que as autoridades políticas e a população da África não sintam alívio algum antes que termine o ano. E então, mais uma vez, poderemos voltar à normalidade, verdade?
 
 
Albert Einstein disse uma vez que uma das definições de loucura é “fazer a mesma coisa uma e outra vez e esperar resultados diferentes”. Voltar à normalidade nesse contexto se ajusta muito bem a essa definição de loucura. 
 
 
Sabemos que:
 
 
– as próximas secas do El Niño provavelmente regressem periodicamente, a cada dois a sete anos;
 
 
– a extensão e gravidade das secas aumentarão. Isso se deve à mudança climática e ao uso insustentável da terra. Os cientistas calculam que a superfície terrestre que atualmente sofre condições de seca aumentará, de menos de 5% para mais de 30% na década de 2090;
 
 
– não serão cumpridas as metas 6.4, 6.5 e 6.6 referentes à escassez de água incluídas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS);
 
 
– as consequências atingirão os pobres, que tendem a ser totalmente dependentes dos recursos naturais, como água e terra, para manter suas famílias.
 
 
A menos que mudemos de estratégia, quando aparecer a seca e as chuvas falharem, o futuro dos 400 milhões de agricultores africanos que dependem da agricultura de sequeiro de subsistência, por exemplo, correrá perigo. Essa agricultura é praticada em mais de 95% da terra cultivada na África subsaariana. E a escassez de água poderá custar a algumas regiões até 6% de seu produto interno bruto.
 
 
Se não mudarmos de estratégia, as pessoas serão obrigadas, cada vez mais, a decidir se suportarão o desastre da seca para depois reconstruir ou se simplesmente partirão. Obrigar nossa gente a tomar essas decisões difíceis é uma forma de loucura. Especialmente se é possível romper o ciclo de desastres provocados pela seca e pela recuperação.
 
 
Já há avanços. Brasil, Marrocos, México e Vietnã, para citar apenas alguns países, agora implantam planos contra a seca, com forte ênfase na mitigação de riscos e na preparação.
 
 
Nas regiões onde a terra foi recuperada, em Tigray, na Etiópia, os ecossistemas e a população parecem ter conseguido melhores resultados nas últimas secas relacionadas com o El Niño do que em outros lugares onde não foi empreendida nenhuma restauração.
 
 
Mas resta muito a fazer, já que em 2050 uma em cada quatro pessoas (até 2,5 bilhões de seres humanos) estará vivendo em um país em risco de escassez de água. Temos que nos preparar melhor e administrar os riscos de seca de maneira proativa.
 
 
A África já fez muito, mas precisa ficar atenta. A Convenção das Nações Unidas de Luta Contra a Desertificação propõe três pilares importantes para serem considerados.
 
 
Em primeiro lugar, os sistemas de alerta. Declarar uma seca muito tarde pode ter impacto devastador nas vidas e nos meios de subsistência. Porém, a decisão de declará-la pode ser muito subjetiva e extremamente política.
 
 
A África se beneficiaria de um sistema eficaz de alerta em seus países. Para isso serão necessários bons dados, além do conhecimento local e tradicional. O sistema proporcionará informação oportuna que possa ser usada para reduzir os riscos e se preparar melhor para uma resposta eficaz.
 
 
Em segundo lugar, vulnerabilidade e avaliação de riscos. Algumas pessoas e alguns sistemas são mais vulneráveis à seca como resultado de fatores sociais, econômicos e ambientais. É importante combinar melhores prognósticos com um conhecimento detalhado da maneira como a geografia e as sociedades respondem à falta de chuva.
 
 
Quais comunidades e ecossistemas estão em maior risco? Por que são vulneráveis setores importantes como agricultura, energia, turismo ou saúde? A seguir, converter esse conhecimento em uma intervenção precoce. Podemos garantir que será muito rentável.
 
 
Em Níger e Moçambique, por exemplo, os esforços de intervenção precoce e de geração de resiliência reduziriam o custo em US$ 375 milhões (Moçambique) e US$ 844 milhões (Níger), quando comparados com uma resposta humanitária tardia para a seca.
 
 
Por fim, as medidas de mitigação do risco de seca. Há coisas que podem ser feitas em um nível muito prático para reduzir o risco, que podem oferecer benefícios reais e tangíveis às suas comunidades,se forem iniciadas imediatamente.
 
 
Os países africanos poderiam considerar o desenvolvimento de sistemas de irrigação para os cultivos e o gado e planos de captação ou reciclagem de água. Podem explorar cultivos que sejam mais tolerantes à seca, ampliar os planos de seguros para os plantios e estabelecer meios de vida alternativos que ofereçam renda às áreas propensas.
 
 
O investimento no aprimoramento da gestão do solo, por exemplo, pode melhorar a segurança da água nas explorações agrícolas de 70% a 100%. Isso daria lugar a maiores rendimentos e mais segurança alimentar.
 
 
 
No Zimbábue, a captação de água combinada com a agricultura de conservação melhorou as margens brutas dos produtores entre quatro e sete vezes, e os rendimentos da mão de obra entre duas a três vezes.Esse é o tipo de gestão proativa do risco de seca, que pode salvar vidas e o sustento de milhões de pessoas, algo que todos deveríamos desejar.
 
 
 
A Conferência Africana sobre Seca é uma janela de oportunidade pouco comum para que o continente reconheça que o enfoque tradicional de “resposta” à seca já não é viável. Demonstrou sua ineficiência com demasiada frequência. Por outro lado, a África poderia provocar uma revolução proativa contra a seca.
 
 
 
Ao investir em sistemas de alerta e fazer frente às suas vulnerabilidades, medidas bem planejadas e coordenadas contra a seca terão um efeito multiplicador positivo em todos os setores e através das fronteiras.
 
 
 
Nelson Mandela disse certa vez que “devemos usar o tempo sabiamente e nos dar conta de que sempre é o momento oportuno para fazer as coisas”.É o momento oportuno. A adoção de medidas proativas contra a seca é o que precisa ser feito. Envolverde/IPS
 
 
*Monique Barbut é secretária executiva da Convenção das Nações Unidas de Luta Contra a Desertificação, que organizou, junto com o governo da Namíbia, a Conferência Africana sobre Seca, realizada entre os dias 15 e 19 de agosto, em Windhoek, capital da Namíbia.

Uma viagem ao Brasil do futuro

quarta-feira, 24 de agosto de 2016


Como será a vida de um brasileiro daqui a 34 anos caso o país transforme sua forma de produzir e consumir energia? Ou seja, caso faça a [R]evolução Energética proposta pelo Greenpeace Brasil.

 
É 24 de agosto de 2050 e o brasileiro Renan Válveis acorda para mais um dia que parece comum. Ao abrir as cortinas do quarto, fica feliz ao ver o dia ensolarado. Liga o chuveiro e a água sai quentinha graças ao sistema de aquecimento solar térmico que está no telhado de sua casa.
 
No caminho para o trabalho, encontra sua vizinha exibindo a nova aquisição: um modelo popular de carro movido a eletricidade. Elen Étrica é uma mulher conectada às novidades e, claro, não ficaria de fora da popularização desse tipo de veículo. No Brasil de Renan e Elen, a gasolina e o diesel estão no passado. A eletricidade corresponde ao “combustível” de 25% do setor de transportes.
 
“Meu pai mal pôde acreditar quando andou pela primeira vez no meu carro. Quando ele era jovem, era um objeto para poucos porque eram caros de mais e faziam suas contas de luz ficarem altíssimas”, conta Elen.
 
Como ela instalou placas solares fotovoltaicas em seu telhado, boa parte da eletricidade que consome vem da luz do sol, e suas contas de luz estão vindo baixas, mesmo com o carro elétrico.
 
Ela não é a única brasileira que gera sua própria energia em casa. Agora cerca de 14% da eletricidade consumida no Brasil vêm de sistemas fotovoltaicos que geram energia solar – uma fonte limpa e renovável de energia. Desde os idos de 2015, quando essa fonte representava 0,01% da nossa matriz elétrica, foi um crescimento considerável. E só possível porque o governo passou a facilitar a compra de sistemas fotovoltaicos diminuindo alguns tributos. Como custam 20% menos do que em 2015, Elen pôde adquirir um.
 
Ao se despedirem, Renan pensa que a novidade dela é até legal, mas prefere manter a rotina de pedalar para o trabalho. Quando chove, vai de ônibus, afinal, a qualidade do transporte público é muito melhor hoje do que nas décadas passadas. Há tempos os governantes passaram a investir nessa área e muitos brasileiros deixaram de usar carros particulares. Por isso, o trânsito da cidade está muito mais fluido e a qualidade do ar melhorou consideravelmente.
 
Há três anos Renan trabalha na empresa Ventania, na qual é engenheiro projetista de turbinas eólicas – uma profissão impensável para seus avós. E os negócios vão cada dia melhor. A energia dos ventos é hoje a segunda principal fonte de eletricidade, responsável por um quarto da geração no Brasil. E Renan se sente orgulhoso, afinal, o Nordeste, região onde nasceu e vive, concentra 83% da capacidade instalada de geração eólica do país.
 
Já no escritório, Renan abre seu site favorito e uma notícia chama atenção: “O Brasil alcança 47% de eficiência energética”. Segundo a reportagem, o cálculo compara o cenário do país em que vivemos em 2050, e o cenário caso os governantes, desde 2016, não tivessem apostado na eficiência energética.
 
O texto explica que o Brasil aprendeu a evitar o desperdício entre a energia produzida e a consumida. E reduziu o consumo em muitos setores. As indústrias, por exemplo, não perdem mais energia em processos de aquecimento e aproveitam mais a fonte solar térmica. A população só encontra nas lojas eletrodomésticos com nível A de eficiência.
 
O novo modelo de transportes de cargas, hoje baseado em ferrovias, também foi responsável por boa parte desse sucesso de eficiência. Nos últimos 30 anos, o Brasil protagonizou uma intensa migração do modelo rodoviário (que era caro, poluente e ineficiente) para um modelo baseado em ferrovias e eficiência logística, com o melhor aproveitamento das viagens.
 
Uma lembrança vem à mente de Renan. Quando era criança, da janela do seu quarto ele observava o intenso fluxo de caminhões nas avenidas e nunca entendeu direito porque não via trens passando pela ferrovia ao lado das estradas. Agora adulto, esse cenário é justamente o oposto.
 
No fim do dia, chega no celular de Renan a mensagem do amigo Fábio Massa: “Quer ir comigo ao Museu da [R]evolução Energética? Chego às 18h e vou de metrô.” Renan aceita o convite, afinal, ainda não conhecia aquele museu. Inaugurado há oito meses, foi construído para comemorar o primeiro ano em que o Brasil alcançou 100% de sua matriz energética limpa e renovável.
 
O museu traz a história da ascensão e declínio dos combustíveis fósseis na geração de energia no Brasil. O petróleo foi fundamental para o início da nossa industrialização no começo do século XX, mas se mostrou uma fonte problemática demais diante da liberação de gases poluentes e do perigo de agravar as mudanças climáticas.
 
A exposição sobre as usinas nucleares é a que Fábio acha mais comovente. O governo brasileiro desativou todas as suas usinas em 2049, mas ele ressalta com Renan que foi uma demora longa demais. “Como uma fonte com risco de contaminação e acidentes, que matou milhares de vidas em muitos países, demorou tanto tempo para ser vista como um absurdo pelos governos?”, questiona.
 
Renan não assume, mas se emociona muito ao ver imagens do acidente na usina de Fukushima, no Japão, em 2011. Água radioativa foi despejada no mar por anos e anos após o desastre, que obrigou 145 mil pessoas a se deslocar.
 
Apesar de Renan Válveis e Fábio Massa conhecerem um cenário que foi por anos equivocado e de excessiva emissão de gases de efeito estufa por fontes fósseis, o passeio ao museu termina em um tom otimista. Afinal, aquele Brasil está no passado.
 
 
Os amigos saíram de lá especialmente felizes depois de conhecerem a história do povo indígena Munduruku, que vive na região do Rio Tapajós, no Pará. Durante o século XXI, esses índios foram ameaçados pelo planejamento de várias hidrelétricas que alagariam parte de suas terras e os obrigariam a abandoná-las. Isso faria com que eles perdessem séculos de cultura e tradição. Em 2016, o projeto da usina de São Luiz do Tapajós – que inundaria 376 quilômetros quadrados de florestas, incluindo parte de uma Terra Indígena – teve seu processo de licenciamento ambiental cancelado.
 
 
São Luiz do Tapajós foi o primeiro projeto de centenas que não foram mais permitidos na Amazônia. Isso garantiu que os Munduruku e muitos outros povos tradicionais, indígenas, ribeirinhos e tantos outros pudessem manter seus modos de vida em harmonia com a floresta amazônica – que também se viu protegida de grandes devastações.
 
 
Esse Brasil de 2050 era um sonho em 2016. Um sonho, mas que se mostrava possível graças a um estudo do Greenpeace Brasil. Nele, todo o caminho para chegarmos a uma matriz com 100% de energias limpas e renováveis foi apresentado. E os governos dos anos seguintes apostaram na Revolução Energética e nos benefícios ao país (e ao mundo) que ela traria.
 
 
Ainda não temos certeza se a história de brasileiros como Renan Valvéis será realmente assim em 2050. Mas você pode ajudar a construir esse Brasil do futuro. Conheça o [R]evolução Energética e faça parte desse movimento por Renováveis Já!
Fonte: Envolverde

Pesquisadores explicam a importância das árvores para ter água de qualidade

segunda-feira, 22 de agosto de 2016


Bacias hidrográficas recobertas por vegetação florestal fornecem água de qualidade durante o ano todo.


Trabalhos desenvolvidos pelo Instituto Florestal (IF) comprovam que a presença de cobertura florestal em bacias hidrográficas promove a regularização do regime de rios e a melhora na qualidade da água. Os pesquisadores científicos da Seção de Engenharia Florestal, do IF, Valdir de Cicco, Francisco Arcova e Maurício Ranzini, embasaram suas teses de doutorado em pesquisas sobre a relação entre a floresta e a água, elucidando dúvidas e provando com números as suas proposições.

“As bacias hidrográficas recobertas por vegetação florestal são as que oferecem água com boa distribuição ao longo do ano, e de melhor qualidade”, enfatiza Arcova, engenheiro florestal, doutor em Geografia Física, pela Universidade de São Paulo, no IF desde 1985. Segundo ele, parte da água da chuva é retida pelas copas das árvores, evaporando em seguida em um processo denominado interceptação. A taxa de evaporação varia com a espécie, idade, densidade e estrutura da floresta, além das condições climáticas de cada região.


“Em florestas tropicais, a interceptação varia de 4,5% a 24% da precipitação, embora tenham sido registrados valores superiores a 30%”, explica. Os pesquisadores ainda dizem que as pesquisas realizadas nos laboratórios em Cunha, no parque Estadual da Serra do Mar, estimam o valor de  18% de interceptação. O restante da água alcança o solo florestal por meio de gotejamento de folhas e ramos ou escoando pelo tronco de árvores. No solo, a água infiltra-se ou é armazenada em depressões, não ocorrendo o escoamento superficial para as partes mais baixas do terreno, como aconteceria em uma área desprovida de floresta.


“O piso florestal é formado por uma camada de folhas, galhos e outros restos vegetais, que lhe proporciona grande rugosidade, impedindo o escorrimento superficial da água para as partes mais baixas do terreno, favorecendo a infiltração. Também a matéria orgânica decomposta é incorporada ao solo, proporcionando a ele excelente porosidade e, consequentemente, elevada capacidade de infiltração.”


Uma parcela da água infiltrada contribui para a formação de um rio por meio do escoamento subsuperficial, e outra, é absorvida pelas raízes e volta para a atmosfera pela transpiração das plantas. “A interceptação e a transpiração, ou a evapotranspiração, fazem a água da chuva voltar para a atmosfera não contribuindo para aumentar a vazão de um rio.”


Em florestas tropicais, a evapotranspiração varia de 50% a 78% da precipitação anual. Na pesquisa realizada em Cunha, esse número é de aproximadamente 30%. Os pesquisadores explicam que o remanescente da água infiltrada movimenta-se em profundidade e é armazenado nas camadas internas do solo e na região das rochas, alimentando os cursos de água pelo escoamento de base, isto é, do subsolo onde se localizam os lençóis freáticos.
A relação entre árvores e água varia de acordo com o tipo de floresta


Embora os processos que determinam os fluxos de água sejam semelhantes para as diferentes formações florestais, a magnitude desses processos, que depende das características da floresta, da bacia hidrográfica e do clima, influencia a relação floresta-produção de água (escoamento total do rio). Em florestas tropicais, a produção hídrica nas microbacias varia de 22% a 50% da precipitação. “Em Cunha, onde a evapotranspiração anual da Mata Atlântica é da ordem de apenas 30%, a produção de água pela microbacia é de notáveis 70% da precipitação”, afirma Francisco.


Esse mecanismo, em que a água percola o solo e alimenta gradualmente o lençol freático, possibilita que um rio tenha vazão regular ao longo do ano, inclusive nos períodos de estiagem. Nas microbacias recobertas com mata atlântica em Cunha, o escoamento de base é responsável por cerca de 80% de toda a água escoada pelo rio, fato que proporciona a elas um regime sustentável de produção hídrica ao longo de todo o ano.


Consequências da falta de vegetação
Ao contrário, em uma bacia sem a proteção florestal, a infiltração da água da chuva no solo é menor para alimentar os lençóis freáticos. O escoamento superficial torna-se intenso fazendo com que a água da chuva atinja rapidamente a calha do rio, provocando inundações. E, nos períodos de estiagem, o corpo-d’água vai minguando, podendo até secar.


Um outro fator drástico é que, enquanto nas bacias florestadas, a erosão do solo ocorre a taxas naturais, pois o material orgânico depositado no piso impedem o impacto direto das gotas de chuva na superfície do solo, nas áreas desprovidas de vegetação há um intenso processo de carreamento de material para a calha do rio aumentando a turbidez e o assoreamento dos rios.


Segundo Maurício, na microbacia recoberta com Mata Atlântica em Cunha, a perda de solo no rio é da ordem de 162 kg/hectare/ano. “Esse valor é muito inferior à perda de solo registrada para o estado de São Paulo, que varia de 6,6 a 41,5 t/hectare/ano, dependendo da cultura agrícola, algo como 12 toneladas num campo de milho, 12,4 toneladas numa área de cana-de-açúcar, chegando a até 38,1 toneladas numa plantação de feijão”, informa em tom de alerta.


A floresta representa muitos outros benefícios para os sistemas hídricos. Contribui, por exemplo, para o equilíbrio térmico da água, reduzindo os extremos de temperatura e mantendo a oxigenação do meio aquático. Promove, ainda, a absorção de nutrientes pelas árvores, arbustos e plantas herbáceas evitando a lixiviação excessiva dos sais minerais do solo para o rio.


Fonte: Ciclo Vivo