segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Nasa adverte que seca na Amazônia pode ser histórica em 2016




podcast

Por Ariane Póvoa, da Radiogência Nacional


A seca na região amazônica pode bater recorde histórico neste ano. A conclusão é de pesquisadores da Nasa, a Agência Espacial Norte-Americana.


A estiagem de 2016 deve ser ainda mais severa do que a seca registrada na Amazônia nos anos de 2005 e 2010.


O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou, nos últimos dois anos, chuvas abaixo do normal em quase todos os estados brasileiros, em especial na região amazônica.


O agravamento da falta de chuva é provocado pelo El Niño, fenômeno climático que causa o aquecimento das águas da superfície do Oceano Pacífico.

Com isso, a Amazônia está com menos umidade e as árvores se tornam mais vulneráveis às queimadas. Na região amazônica as precipitações da estação chuvosa verificadas no último trimestre de 2005 diminuíram cerca de 50% comparadas a média normal.

Este cenário de redução da intensidade da chuva não era registrado desde 2002.


in EcoDebate, 05/09/2016

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China sugere que população coma menos carne; Clima agradece


MUNDO


Vanessa Barbosa - EXAME.com - 15/06/2016
China Photos / Stringer
Venda na China: nível atual de consumo de carne tem impacto sobre a saúde da sociedade e do meio ambiente.

São Paulo - O governo chinês lançou um novo conjunto de orientações alimentares que, se seguidas, têm o potencial de reduzir consideravelmente o consumo global de carne naquele país e, segundo ambientalistas, gerar efeitos positivos para o meio ambiente.

O Ministério da Saúde chinês aconselha que os cidadãos limitem a ingestão mínima de carne a 40 gramas por dia, 10 gramas a menos que sugerido na edição anterior do guia alimentar, de 2007.

Os limites máximos não mudaram. Os dois guias recomendam consumo máximo de proteína animal de 75 gramas por dia. Ao todo, ambas as orientações sugerem limitar a ingestão de carne, aves, peixe, ovos e produtos lácteos a 200 gramas por dia. Atualmente, o consumo chinês desses propdutos está na casa de 300 gramas por dia, bem acima do recomendável.

As novas diretrizes foram desenvolvidas pela Sociedade de Nutrição chinesa com o objetivo de reduzir as taxas de obesidade entre os seus cidadãos. Mas além do benefício para a saúde, se as reduções ocorrerem de fato, o meio ambiente também vai lucrar.

Reduzir o consumo de proteína animal em 10 gramas pode não parecer muito, especialmente porque os limites máximos recomendados não mudaram, mas se todos os chineses (1,3 bilhão de pessoas) seguirem as orientações, seria possível alcançar uma redução de 1,5% das emissões globais de gases efeito estufa, vilões do aquecimento global, segundo estimativas da WildAid, instituição que protege animais silvestres ao redor do planeta.

Conforme destaca o jornal americano Washington Post, a agropecuária é um dos principais contribuintes para as emissões globais de gases de efeito estufa - principalmente na forma de metano e óxido nitroso. O jornal americano também destaca que a criação de gado, em particular, é conhecido por ser um dos principais contribuintes para o desmatamento, o que também eleva as emissões globais de carbono.

Recentemente, dois estudos - um do thinkthank britânico Chatham House e outro publicado na PNAS, a publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos - sugeriram que o nível atual de consumo de carne não é sustentável devido ao seu enorme impacto sobre a saúde da sociedade e do meio ambiente.

No mês passado, o Conselho de Ética da Dinamarca recomendou ao governo a criação de um imposto sobre o consumo da carne devido a sua grande pegada de carbono. Segundo o grupo, sem diminuir o consumo de carne, seria impossível atingir a meta do acordo climático de Paris, que busca limitar em 2ºC o aumento da temperatura global até 2100, a fim de se evitar os piores efeitos das mundanças climáticas.

Decreto limitará uso de chumbo presente na pintura de materiais de uso infantil




Tintas: presença de chumbo. Fote: Gilberto Soares/MMA

Presente na pintura de materiais infantis, como lápis de cor e parquinhos, metal pesado causa danos à saúde e ao meio ambiente.
A presença de chumbo em tintas e os riscos que o metal representa para o meio ambiente e a saúde, especialmente das crianças, está mobilizando especialistas do governo, de empresas fabricantes de tintas e da sociedade civil organizada para a regulamentação da lei que está em vigor desde 2008. A legislação limitou a presença de chumbo nos materiais de uso infantil, como brinquedos, material escolar, tintas imobiliárias, vernizes e materiais similares de revestimento utilizadas em locais frequentados por crianças.


Os lápis de cor e as tintas usadas nas aulas de arte que estão no pula-pula, no balanço e no escorregador dos parquinhos, além das tintas de parede e de móveis, são exemplos citados pelos especialistas para defender rigor na aplicação da lei.


As pesquisas mostram que crianças são mais vulneráveis que os adultos à exposição ao chumbo, pois praticam mais atividades que levam a mão à boca, consomem mais alimentos e bebidas, absorvem de quatro a cinco vezes mais o chumbo no estômago e respiram mais ar por quilo de massa corpórea. A exposição pode ainda ocorrer na fase uterina, ocasionando danos irreversíveis durante o desenvolvimento dos órgãos e distúrbios neurológicos.


A lei nº 11.762/08 começou a ser analisada nesta semana pelo Grupo de Trabalho Chumbo em Tintas, da Comissão Nacional de Segurança Química (CONASQ), coordenado pela diretora de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Letícia Carvalho.


A diretora fez uma avaliação positiva da primeira reunião do grupo. “Enquanto se espera pela regulamentação, que iremos propor via decreto, os próprios fabricantes já estão adotando a autorregulamentação para se adequar à lei”, afirmou Letícia. Durante a reunião, representantes da Associação Brasileira de Tintas (Abrafati) informaram que, hoje, 90% dos produtos comercializados pelas 56 empresas ligadas à associação já estão adequadas ao limite fixado em lei.


CONTROLE
A preocupação maior, segundo a Abrafati, é com as atividades das micro e pequenas empresas, menos fiscalizadas, já que existem hoje cerca de mil CNPJs de fabricantes de tintas espalhados pelo país. “Nessa reunião ficou decidido que o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO – terá o poder de polícia na aplicação da lei e na fiscalização das questões a ela pertinentes”, adiantou Letícia Carvalho.


Caberá ao GT elaborar os regulamentos sugeridos pelo INMETRO para estabelecer a metodologia de avaliação dos agentes e dos produtos da cadeia de tintas imobiliárias, materiais similares e tintas infantis e escolares; as regras específicas da certificação compulsória desses produtos no Brasil e os protocolos de fiscalização, inclusive o controle das importações de formulações e de produtos acabados.


O GT também poderá rever dispositivo da lei de 2008, que não incluiu a limitação de chumbo em vernizes e materiais similares de revestimento de superfícies para uso em equipamentos agrícolas e industriais; estruturas metálicas industriais, agrícolas e comerciais e tratamento anticorrosivo à base de pintura.


Tampouco foram abrangidas pela legislação as tintas usadas na sinalização de trânsito e de segurança; veículos automotores, aviões, embarcações e vagões de transporte ferroviário; artes gráficas; eletrodomésticos e móveis metálicos; tintas e materiais similares de uso exclusivo artístico; e tintas gráficas.


Letícia Carvalho afirmou que o GT deverá concluir o seu trabalho em fevereiro de 2017. “Já são oito anos desde a aprovação da lei. Não podemos procrastinar mais a sua regulamentação”, defendeu.
O secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente (SRHU), Ricardo Soavinski, defendeu a importância de o governo dar uma resposta à sociedade sobre os riscos do chumbo para o meio ambiente e a saúde. “A contaminação pelo chumbo pode afetar, especialmente as crianças, com o cérebro ainda em formação, causando danos permanentes”, alertou.


No meio ambiente, o chumbo causa contaminação do solo e da água, além de gerar impactos negativos nos animais, incluindo mudanças comportamentais, alterações neurológicas, desordens renais, reprodutivas e até morte. A bioacumulação de chumbo ocorre principalmente na biota que se alimenta de presas ou pequenas partículas contaminadas com chumbo.


“A orientação do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, é para que haja sempre um amplo diálogo com todos os setores envolvidos, quando se trata de deliberar sobre questões que envolvam riscos como é o caso do chumbo”, afirmou o secretário.


SAIBA MAIS:
Danos causados pelo chumbo
Além dos riscos representados pelas tintas, o chumbo pode entrar no corpo humano por diversas rotas de exposição. As principais são os encanamentos contendo ligas metálicas com chumbo, tintas com chumbo, gasolina com chumbo, meio industrial, soldas contendo chumbo, cerâmicas esmaltadas com chumbo e cosméticos e medicamentos diversos. As principais vias de exposição são a água, o ar, comida, solo e poeira.


No corpo humano o chumbo se liga às células vermelhas e é distribuído aos tecidos moles e aos ossos. Nos ossos o chumbo tem uma meia-vida longa entre 10 e 25 anos, estabelecendo um equilíbrio com a concentração sanguínea. O chumbo presente nos ossos pode também ser remobilizado durante a gravidez e lactação, criando-se novas vias de exposição fetal e para crianças em fase de amamentação.


Entre os principais efeitos do chumbo no organismo humano estão os danos ao sistema nervoso; problemas de audição e de fala; problemas de aprendizado; danos renais; problemas digestivos; anemia; aumento da pressão arterial; e problemas reprodutivos.

Fonte: MMA


in EcoDebate, 05/09/2016

Acusado de maior abate de felinos já registrado pelo Ibama é preso e multado no Pará



Onças são apreendidas em operação do Ibama - Divulgação/Ibama
Onças são apreendidas em operação do Ibama. Foto: Divulgação/Ibama
 
 
Após ter sido preso em flagrante por crimes ambientais e posse ilegal de armas, o caçador Júlio César da Silva foi multado em R$ 494 mil pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).


As buscas de policiais militares e agentes ambientais resultaram na maior quantidade de grandes felinos já encontrada em uma operação, de acordo com o órgão.



Júlio César da Silva e mais duas pessoas foram presas no último dia 26 em Curionópolis (PA), que fica na Amazônia Legal, durante uma investigação que apurava a posse ilegal de armas. O acusado armazenava cabeças, crânios, couros e patas de onças, jaguatirica e um jacaré, e mantinha sob cativeiro sete aves silvestres, que levaram à aplicação da multa.


Os agentes ambientais suspeitam de que o crime esteja relacionado ao tráfico de fauna, mas a polícia também investiga outras atividades irregulares, já que nas residências localizadas atrás de uma serralheria foram encontrados materiais ilegais, como 50 espingardas e munições.


Júlio César da Silva foi autuado por ter cometido as infrações de matar, mutilar e manter animais silvestres em depósito. De acordo com o Ibama, pelo menos 20 animais foram abatidos: “16 onças (Panthera onca), duas suçuaranas (Puma concolor), uma jaguatirica (Leopardus pardalis) e um jacaré (Caimam sp.)”.

Nos próximos dias, exames genéticos serão feitos nos corpos dos animais para determinar as espécies e, após a perícia, a destinação final das apreensões será definida.


Por Paulo Victor Chagas, da Agência Brasil, in EcoDebate, 05/09/2016

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O Distrito Federal enfrenta uma das maiores crises hídricas de sua história, mas o GDF continua destruindo nossas florestas!

Brasília corre risco de racionamento de água

Sede do Fórum Mundial da Água,e autoridades já discutem a adoção de medidas drásticas para evitar o desabastecimento da população, mostra a Revista Congresso em Foco





Pedro França/Ag. Senado
Pesquisa mostra diferença entre consumo de água de morador de região nobre e de localidade de população de baixa renda. Governo faz campanha para incentivar o uso consciente dos recursos

hídricos

Brasília sediará a 8ª edição do Fórum Mundial da Água, o mais importante evento internacional sobre o tema. Holofotes do mundo inteiro estarão voltados em 2018 para a cidade, que venceu a acirrada disputa contra Copenhague, capital dinamarquesa ícone da sustentabilidade.

Mas, enquanto se prepara para receber cerca de 30 mil pessoas, entre cientistas, autoridades, ativistas, empresários e pesquisadores de cerca de 70 países, o Distrito Federal se depara com um dos maiores desa os de sua história: a ameaça de faltar água para sua população, hoje próxima dos 3 milhões de habitantes.

Técnicos da área classificam o risco como iminente e já discutem a necessidade de adotar medidas como redução de consumo, aumento de tarifas e racionamento caso as chuvas não elevem os níveis dos reservatórios que abastecem a região. “É necessário alertar a população quanto à necessidade de economizar água. Estamos numa situação de, no mínimo, quase escassez. Se chover abaixo dos níveis, como ocorreu no ano passado, só teremos água para abastecer a população até o fi nal do ano.


É uma crise anunciada”, afirma a promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente Marta Eliana de Oliveira, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), à Revista Congresso em Foco.


O brasileiro gasta mais água que a média mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com a entidade, uma pessoa precisa de cerca de 110 litros de água por dia para higiene pessoal e consumo geral. Segundo levantamento do Ministério das Cidades, o DF é a quinta unidade da federação em gasto médio de água por pessoa: um morador do Distrito Federal consome 189,91 litros de água por dia, quase o dobro da média recomendada pela OMS. O Rio de Janeiro encabeça a lista com 253,08 litros/dia, seguido do Maranhão (230,80 litros/dia), do Amapá (194,88 litros por dia) e do Espírito Santo (191,14 litros/dia).


Desigualdade no consumo
Dona do maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e do quarto maior índice de desigualdade social do Brasil, Brasília também reflete suas contradições no uso dos recursos hídricos. Segundo a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), um morador do Lago  Sul, considerado o bairro mais nobre da capital, consome 384 litros/dia, enquanto um morador da Itapoã, uma das cidades mais pobres do DF, consome 96 litros/dia, abaixo do recomendado pela OMS.



“As diferenças são espantosas. Pesquisa que fi­z com meus alunos mostra que um morador do Plano Piloto chega a consumir 500 litros por dia, enquanto um do Park Way [outro bairro nobre de Brasília] pode consumir até 1.000 litros por pessoa por dia. A população precisa se conscientizar disso”, alerta a geógrafa Mônica Veríssimo, representante do Conselho de Meio Ambiente e do Conselho de Recurso Hídricos do DF e integrante do Fórum das ONGs Ambientalistas.



 “O de­ficit de água para abastecimento em Brasília já existe, buscamos água fora do DF, em Corumbá (GO). Não vamos tapar o sol com a peneira: existe um estado de escassez e o período de estiagem está ­ficando longo por conta de mudanças climáticas. Temos de levar isso para a sociedade”, acrescenta.



A Agência Nacional de Água (ANA) classi­fica o Distrito Federal como uma região de “baixa garantia hídrica” e suas bacias como “trechos críticos”. No DF, o consumo para abastecimento urbano representa a maior parte da vazão de água captada (80%), seguido de irrigação (16,2%), animal (2,0%) e rural (1,5%). Os números destoam da média nacional, na qual 72% vão para o consumo do setor agrícola.



Mudança de cultura
Para evitar a repetição das graves consequências políticas da crise da água em São Paulo – a maior da história do país –, o Governo do Distrito Federal (GDF) decidiu se antecipar diante do risco de um colapso hídrico. A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) lançou uma campanha de conscientização da população. A intenção é mobilizar a população para o uso consciente da água. O Lago Sul, o Lago Norte e o Park Way são as localidades com o maior gasto, por conta da irrigação de áreas verdes.




Para a assessora de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Caesb Raquel Brostel, a população dessas áreas precisa repensar os seus próprios sistemas. “Há outros tipos de solução como reuso da água e captação e uso de água da chuva para a irrigação. É preciso uma mudança de cultura. A crise vem para repensar como usar nosso recurso hídrico”, afi­rma.



Perdas do sistema com vazamentos e ligações clandestinas e fraudes também ameaçam o abastecimento. De acordo com Raquel, o índice de perda por vazamento na rede da Caesb chega a 35%. No Japão, por exemplo, o índice é de 2%. Ainda assim, no ano passado, a Caesb apresentou o menor índice de perda de água entre as companhias estaduais de saneamento do país, segundo o Ministério das Cidades. “Estamos com um fi­nanciamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para garantir o controle dessas perdas, especialmente em regiões de invasão em São Sebastião e Sol Nascente. Mas os resultados efetivos vão levar três anos”, diz a assessora da Caesb.


Medidas emergenciais
A preocupação com uma crise de água ainda em 2016 levou a Agência Reguladora das Águas do Distrito Federal (Adasa) a apresentar uma resolução com medidas de ação em caso de falta d’água nos principais reservatórios que abastecem a capital do país: o de Santa Maria, que abastece 75% da população do Plano Piloto, e o do rio Descoberto, que serve 65% dos moradores do Distrito Federal. A medida foi tomada devido ao cenário climático que aponta para um período longo de estiagem este ano.


De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tendência é que chova menos do que o esperado na região até dezembro. Com a falta de chuva no ano passado, os reservatórios já começaram 2016 com menos água. “Se a chuva não estiver dentro do esperado até o ­final de setembro, é possível que os moradores do DF sofram restrições no uso da água”, afi­rma o superintendente de  Recursos Hídrico da Adasa, Rafael Mello. “É uma resolução que esperamos não adotar este ano. Mas não podemos deixar acontecer o que aconteceu em São Paulo, em que a população foi pega de surpresa”, complementa.


Diante da reclamação de gestores da área de que não foram ouvidos na elaboração da primeira minuta da resolução, o Ministério Público do DF recomendou formalmente que o texto fosse revisto e os procedimentos de consulta pública, readequados. Para o MPDFT, o critério adotado pela Adasa para estabelecer alertas de escassez – o volume de água útil dos reservatórios – é insu­ficiente.


“Levar em consideração apenas se o nível da água está abaixo ou acima é bastante restrito. Outros critérios são importantes”, defende a promotora Marta Eliana. O Ministério Público recomenda que o governo implante postos de monitoramento da vazão dos rios, bem como campanhas educativas para a população, e melhore as estruturas hidráulicas existentes, para reduzir vazamentos de água.


“Monitorar a vazão dos rios que enchem os reservatórios é fundamental. E, além das campanhas educativas, podemos também lançar mão de outras medidas como captação de água da chuva, uso de água cinza para irrigação e lavagem de quintais e calçadas”, sugere Eliana.



Crise anunciada
Em 1892, quando a Missão Cruls passou pelo Planalto Central fazendo suas investigações exploratórias para a mudança da capital do Rio para o centro do país, cientistas e técnicos identifi­caram uma vazão de 9 mil litros por segundo na bacia do Pipiripau, ribeirão que abastece as atuais cidades de Planaltina (DF) e Sobradinho (DF). Passados 124 anos, a vazão desse mesmo rio está em 900 litros por segundo: uma perda de 90%. A medição é uma prática fundamental para avaliar a quantidade de água disponível tanto para abastecimento humano, quanto para atividades de irrigação.


 A região do Pipiripau já teve racionamento de água decretado em períodos de seca.


“Dizer que a crise vai chegar em 2018, calma lá! O Pipiripau já está em crise e talvez outras bacias também estejam. Estamos num limite de oferta e demanda”, afirma o pesquisador do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB (CDS) Osmar Coelho. Em sua dissertação, Céu de Pipiripau: da tragédia dos comuns à sustentabilidade hídrica, Coelho questiona a lógica por trás da gestão pública da água no país. “Hoje se planeja o desenvolvimento e depois se buscam os recursos ambientais e as mitigações. Constrói-se o planejamento em cima da demanda, e não da oferta. Precisamos de novos instrumentos de gestão e planejamento”, defende.


Ação humana
A ocupação desordenada é apontada como uma das principais causas da escassez de água no DF. Construções em áreas de nascentes, veredas, além da retirada indiscriminada de vegetação nativa, assim como a impermeabilização do solo com adensamento demográ­fico, são fatores que comprometem a recarga dos lençóis freáticos.


Uma das maiores preocupações de especialistas é com a região conhecida como Serrinha do Paranoá, área de alta sensibilidade ambiental responsável por cerca de 40% da água limpa do Lago Paranoá. O GDF prevê a expansão urbana na região, com o adensamento do condomínio Taquari e a construção de novos condôminos.


“É uma região de recarga de aquíferos. Ao construir um bairro de alta densidade, a região passa a ­ficar impermeabilizada, o que vai di­ficultar a infi­ltração da água no solo e aumentar riscos de erosão”, afi­rma José Roberto Furquim, presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável do DF e morador da região. “A renovação da água do Lago Paranoá vai ­ficar comprometida e aumentará o custo de tratamento”, acrescenta. O governo pretende utilizar o Paranoá como uma das fontes de abastecimento de água potável no DF.


Oportunidade de mudança
Um dos critérios para a escolha de Brasília como a cidade-sede do Fórum Mundial da Água foi o reconhecimento de esforços do Brasil na administração dos recursos hídricos. Para especialistas, o encontro será uma grande oportunidade para dar um salto de qualidade na gestão da água. Mas é preciso considerar a realidade que o país está vivendo. “É uma oportunidade de intensi­ficar o debate com a sociedade, discutindo temas como a despoluição de rios e lagos e bons programas como o Cultivando Água Boa. Mas o governo tem de ter humildade. Os especialistas não virão para uma região confortável com os recursos hídricos. Não somos exemplo”, a­firma Osmar Coelho.




O Fórum Mundial da Água é o maior evento global a tratar sobre a temática dos recursos hídricos. Brasília derrotou Copenhague na disputa para sediar o encontro com o tema “Compartilhando Água”. Esta será a primeira vez que um país no Hemisfério Sul sediará o evento, promovido pelo Conselho Mundial da Água (WWC, sigla em inglês).



O fórum, que chega à sua oitava edição, é realizado a cada três anos. Pela relevância, o evento se tornou um marco no processo decisório sobre a água em nível global, com abrangência política, técnica e institucional. Na pauta do próximo encontro, estão a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030 e o Relatório Global de Riscos.


 Comentário:

Pedem para a população economizar agua enquanto o governo continua desmatando nossas florestas, incentivando grileiros e invasores (vide as ocupações de Mestre D´Armas) pois sempre acaba regularizando as areas invadidas mesmo que sejam APPs.

A esse respeito leiam a matéria abaixo e constatem o quanto o GDF é irresponsável!

http://associacaoparkwayresidencial.blogspot.com.ar/2016/08/inframerica-e-e-gdf-pretendem-destruir.html