terça-feira, 20 de setembro de 2016

Maior Seca Dos Últimos 100 Anos Provoca Crise Hídrica No Ceará E Gera Restrições De Consumo

segunda-feira, 19 de setembro de 2016



Desde 1910, o Ceará não passava por uma seca tão severa como a dos últimos cinco anos, revela levantamento feito pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), com base nos volumes de chuva dos últimos 100 anos. Antes desse período de estiagem, somente a seca de 1979 a 1983 havia sido tão grave e longa: a média anual de chuvas registrada na época foi de 566 milímetros (mm). De 2012 a 2016, a média caiu para 516 mm.
 
 
A pouca água acumulada nos reservatórios, chuvas abaixo da média histórica, o crescimento da população nas zonas urbanas e o incremento de atividades econômicas no estado são fatores que, aliados, culminam na crise hídrica atual.
 
 
Segundo o presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), João Lúcio Farias de Oliveira, os 153 açudes monitorados pelo órgão tiveram recarga média de 890 milhões de metros cúbicos (m³) em cada um dos últimos cinco anos de seca. A média anual histórica do estado é de 4 bilhões de m³. “As reservas foram caindo a cada ano, e temos perdas por evaporação muito altas: chegam a 2 mil milímetros, quando a média pluviométrica do Ceará é de 800 milímetros”, compara.
 
 
Oliveira informou que, com o fim da quadra chuvosa deste ano no Ceará (período que vai de fevereiro a maio), a Cogerh elaborou cenários com medidas e decisões necessárias para manter o abastecimento humano e as atividades econômicas no estado, notadamente na região metropolitana de Fortaleza, altamente dependente da Bacia do Rio Jaguaribe (onde fica o Açude Castanhão), que hoje tem 20% menos de água nas torneiras.
 
 
Dos açudes monitorados pela Cogerh, sete são responsáveis pelo abastecimento da região metropolitana, entre os quais os três maiores reservatórios do estado: Castanhão (capacidade para 6,7 bilhões de m³ água); Orós (1,9 bilhão de m³); e Banabuiú, (1,6 bilhão de m³). De acordo com Orós é considerado reserva estratégica e estava sendo preservado, mas começou a ofertar água para o sistema da região agora em setembro. Atualmente, o Orós conta com 21% do volume útil. O Banabuiú, com 0,58% do total da capacidade, atende hoje somente a demanda local do município, a 220 quilômetros da capital.
 
 
Além da limitação da oferta de água para a região metropolitana, Oliveira ressalta as medidas destinadas a gerar novas reservas, como o reúso da água da lavagem dos filtros da Estação de Tratamento de Água Gavião (ETA Gavião), a perfuração de poços na região do Porto do Pecém (vazão estimada de 500 litros por segundo) e a construção de um açude no Rio Maranguapinho, que deverá contribuir com 200 litros de água por segundo.
 
 
“Temos condições de chegar à próxima quadra chuvosa com essas ações. Já estamos traçando cenários para o primeiro semestre de 2017 considerando o menor aporte hídrico. Vamos ver o comportamento das chuvas, mas já levamos em conta esses cenários para ver como será a operação dos reservatórios”, diz Oliveira. Ele destaca que as decisões são tomadas a partir de debate com os 12 comitês das bacias hidrográficas do estado, dos quais seis envolvem mananciais que abastecem a região metropolitana.
 
 
Crise hídrica no Ceará gera restrições de consumo
 
 
Na casa do mestre de obras Francisco Gomes Moreira, de 63 anos, a frequência com que a roupa é lavada diminuiu. E a água usada na máquina de lavar é reaproveitada desde que ele levou para casa um grande recipiente de uma das obras em que trabalhou. “Nosso consumo per capita é muito pouco, e fazemos o máximo possível de economia”, diz Gomes, que mora com a mulher em Fortaleza.
 
 
A família é uma das que conseguiram se encaixar na meta de 10% de redução de consumo de água, definida pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) no fim do ano passado para enfrentar os efeitos da seca que atinge o estado há cinco anos. A partir deste domingo (18), porém, a meta vai dobrar: 20%.
 
 
Por causa da situação crítica dos reservatórios que abastecem Fortaleza e 17 municípios da região metropolitana, a Cagece foi autorizada a aplicar tarifa de contingência de 20% sobre a média do consumo de água da população – ou seja, os consumidores podem gastar até 80% dessa média, calculada com base no período de outubro de 2014 a setembro de 2015. Quem passar disso fica sujeito a pagar multa de 120% sobre as tarifas.
 
 
“Na nossa casa, está tudo dentro do padrão, da meta de 10%. Agora, com 20%, vai complicar um pouco. Vamos esperar chegar a próxima conta d’água para ver como podemos diminuir ainda mais o consumo”, planeja Gomes. A região metropolitana de Fortaleza concentra 3,7 milhões dos 8,9 milhões de habitantes do Ceará.
 
 
A nova meta de redução de consumo faz parte do Plano de Segurança Hídrica da Região Metropolitana de Fortaleza, lançado em agosto, e reflete a diminuição do volume de água que chega para a população e para o comércio e a indústria.
 
 
Reservatórios: situação preocupante
 
 
A situação do Açude Castanhão, um dos principais reservatórios de abastecimento da região, é preocupante. Considerado o maior açude de usos múltiplos do Brasil, o Castanhão está com apenas 6,6% da capacidade útil, que é de 6,7 bilhões de metros cúbicos (m³). Com o uso, a falta de chuvas e a evaporação, a cada dia, o volume cai.
 
 
Há outas ações em curso para enfrentar os efeitos da seca na região metropolitana, como o reaproveitamento da água da lavagem dos filtros da Estação de Tratamento de Água Gavião ETA Gavião) e a perfuração de poços na região do Porto do Pecém, a cerca de 60 quilômetros de Fortaleza, além de fiscalizações para evitar a perda de água por vazamentos e ligações clandestinas.
 
 
O objetivo dos órgãos responsáveis pelos recursos hídricos no estado é evitar o racionamento. “O racionamento seria uma medida extrema, em que não conseguiríamos ofertar água e a população carente seria a mais afetada. Estamos nos esforçando para evitar isso”, afirma o superintendente comercial da Cagece, Agostinho Moreira.
 
 
Desde a implantação da tarifa de contingência de 10%, apenas metade da meta foi alcançada. Em julho e agosto (ainda com dados preliminares), a redução de consumo de água ficou em 6%. Agora, mesmo com a meta dobrada, Moreira diz que o dado, antes de ser preocupante, reflete a adesão da população à medida. “O aumento da tarifa de contingência é uma das ações do Plano de Segurança Hídrica. As ações se somam e uma ajuda a outra para a redução do consumo.”
 
 
O reúso da água da lavagem dos filtros da ETA Gavião começou no dia 6 deste mês. Segundo Moreira, o sistema que trata essa água e a faz retornar para a população fornece cerca de 300 litros por segundo, o suficiente para abastecer uma cidade com população de 150 mil pessoas.
Fonte: EcoDebate
 
 

Ação humana é responsável por mais de 90% dos incêndios florestais no país



Fogo representa risco permanente à fauna e à flora brasileiras, além de danos à saúde humana e aumento do aquecimento global

 
 
O governo federal vem alertando para o alto risco de queimadas e incêndios florestais neste período do ano, com pico neste mês de setembro. Devido a uma estiagem prolongada provocada pelo El Niño nos últimos dois anos, as áreas ficaram mais suscetíveis aos incêndios, que causam prejuízos à fauna e à flora brasileiras, além de danos à saúde do homem.
 
 
Entretanto, “mais de 90% dos incêndios têm ação humana”, destaca o chefe do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Gabriel Zacharias. “Temos o caso do produtor que vai fazer uma queimada no fundo o quintal e perde o controle do fogo, provocando um incêndio gigantesco. E existem os incêndios dolosos, em áreas de conflito ou em florestas sendo transformadas em pasto.”
 
 
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2016 houve um aumento de 65% nos focos de queimadas e incêndios florestais em relação ao mesmo período do ano passado. Até o dia 5 de agosto, foram registrados mais de 53 mil focos.
 
 
Fiscalização
 
 
O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), está fiscalizando as queimadas criminosas e orientando os produtores rurais nas melhores práticas de preparo da terra.
 
 
“Contratamos brigadas e estamos mantendo a situação sob controle. O nível de queimadas não aumentou como previsto para este mês”, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho.
 
 
“Para o ano que vem, faremos com mais calma a prevenção. Já sabemos os meses e as áreas mais propícias a queimadas. Então, tenho certeza que com essas ações vamos diminuir bastante o número de queimadas”, ressaltou o ministro, que no início de agosto lançou em cadeia nacional a campanha Fogo no mato, prejuízo de fato.
 
 
Segundo o Prevfogo, neste ano foram contratados 834 brigadistas, que estão atuando em 50 brigadas distribuídas por 18 Estados, sobretudo na região Noroeste do Brasil, fronteira do Cerrado com a Amazônia, no chamado arco do desmatamento. Os brigadistas recebem capacitação, assistência técnica, equipamentos de combate e proteção individual e veículos 4×4.
 
 
Fonte: EcoDebate

Dossiê Monsanto: em risco, a alimentação do mundo








Vandana Shiva e a Batalha das Sementes
Como a imensa diversidade alimentar do planeta, mantida pelos agricultores por milênios, é ameaçada por empresas como a Monsanto. Quais as possíveis resistências. Por Vandana Shiva



Transgênicos: mais uma trapaça
Mídia deu, em todo o mundo, vasta repercussão a relatório norte-americano que atesta suposta “segurança” dos OGMs. Mas agora sabe-se quem financiou o estudo… Por Nadia Prupis



As razões do Dia Mundial contra a Monsanto
Dezenas de países preparam, em 23/5, protesto contra transnacional que, além de atentar contra ambiente e agricultores, envolveu-se com submundo da política e dos exércitos privados. Por Luã Braga de Oliveira



Ruralistas tentam aprovar sementes estéreis
Bancada conservadora no Congresso quer liberar tecnologia que torna pequenos agricultores dependentes das transnacionais do agronegócio e atenta contra biodiversidade do planeta. Por Gerson Teixeira



Deputados agem para nos empurrar transgênicos
Câmara Federal debate, de costas para sociedade, projetos que podem tornar ainda mais difícil identificar transgenia nos alimentos que consumimos. Por José Carlos de Oliveira e Juliana Dias



Cerveja: o transgênico que você bebe?
Sem informar consumidores, Ambev, Itaipava, Kaiser e outras marcas trocam cevada pelo milho e podem estar levando à ingestão inconsciente de OGMs. Por Flavio Siqueira Júnior e Ana Paula Bortoletto



O mais novo fantasma da Monsanto
Estudo sugere: doença ainda inexplicada, que destrói rins e já matou milhares de agricultores, pode estar relacionada ao glifosato, herbicida-líder da transnacional. Por Jeff Ritterman



A Monsanto além do mito
Transnacional foca atuação no Brasil e lança “nova” variedade de soja transgênica. Livro-documentário expõe sua relação com modelo agrícola que é preciso superar. Por Juliana Dias



Cinco empresas querem nossas sementes
Contrariando recomendações da ONU, deputado tenta liberar tecnologia que permite a transnacionais decidir (e vender) o que agricultores plantarão. Por Julian Perez-Cassarino e Luciana Jacob



Transgênicos: mais agrotóxicos na sua mesa
Segundo governo, debate sobre impactos de novas sementes transgênicas, em vias de liberação no Brasil, deve se restringir a técnicos… Por Elenita Malta Pereira



O lado mais sujo da Monsanto
Para impor seus produtos em todo o mundo, empresa mobiliza agências de espionagem norte-americanas, vigia cientistas e dispara ataques cibernéticos. Por Marianne Falck, Hans Leyendecker e Silvia Liebrich



Pela Coalizão contra os perigos da Bayer | Tradução: Inês Castilho
O pior dos cenários realizou-se: a Bayer comprou a Monsanto por 66 bilhões de dólares. O fato dá origem ao que é, de longe, a maior corporação de agronegócio do mundo. Segundo os resultados financeiros de 2015, as duas empresas têm um volume de negócios combinado de US$ 23,1 bilhões. Ninguém do ramo pode igualar-se a elas. Os jovens casais Syngenta / ChemChina e Dupont / Dow as seguem de longe (US$ 14,8 e 14,6 bilhões, respectivamente), e a Basf está relegada ao quarto lugar, com US$ 5,8 bilhões.




A Bayer e a Monsanto controlam, juntas, cerca de 25% do mercdo mundial de pesticidas; e de 30% das vendas de sementes agrícolas — tanto as geneticamente modificadas quanto as convencionais. Considerando-se somente as plantas transgênicas (OGM), as duas corporações juntas atingem uma clara posição de monopólio, com mais de 90%.




“Com a aquisição da Monsanto pela Bayer, a concentração no mercado do agronegócio atinge um novo pico. Os elementos chave da cadeia alimentar estão agora nas mãos de um só grupo. Os agricultores devem preparar-se para pagar preços mais altos e também terão menos escolhas. Além disso, deve piorar ainda mais o bloqueio à inovação no setor, especialmente para os herbicidas”, criticou Toni Michelmann, da Coalizão contra os males da Bayer (CBG). A organização de defesa dos consumidores SumOfUs também assumiu posição contra a compra da Monsanto. “Esta aquisição é uma ameaça ao nosso abastecimento de alimentos e a todos os agricultores do mundo”, declarou Anne Isakowitsch. “Não surpreende, portanto, que mais de 500 mil de nossos membros tenham assinado uma petição contra essa compra.”




Michelmann anunciou que a CBG quer aproveitar o Tribunal Monsanto, previsto para outubro, em Haia, para articular-se com as diversas iniciativas contra a Monsanto e redirecionar a partir de agora a resistência, centrando-a sobre a Bayer. A primeira ação coletiva prevista pela coordenação ocorrerá na próxima assembleia geral da multinacional de Leverkusen, no Parque de exposições de Colônia, na Alemanha, em 28 de abril de 2017. “A lista de oradores dificilmente se esgotará num só dia. A Bayer pode, por precaução, reservar também o dia 29 de abril”, recomenda Michelmann à corporação global. Ele mencionou ainda uma “Marcha contra a Bayer”, que será dirigida a Leverkusen.




“O grupo pode esperar desde já o aumento da pressão contra si. Pressão contra uma política comercial que finge lutar contra a fome, mas aposta sobretudo nas monoculturas de soja e de milho para alimentar a pecuária industrial e que, com seus pesticidas, coloca em perigo polinizadores como as abelhas, tão importantes para as culturas aráveis . Uma política comercial que se baseia em tecnologias de risco como manipulações genéticas, uma política que, ao invés de buscar alternativas, leva mais e mais venenos para o campo”, afirma o químico.




Segundo a Coalizão, os políticos devem agir. E não é possível contentar-se com procedimentos cosméticos por parte da Comissão Europeia para a Concorrência. Não bastam pequenas medidas, como separar-se do setor algodoeiro ou livrar-se de certos pesticidas, especialmente porque a Basf já está de olho nesse tipo de produto. Os políticos devem também levar em conta o impacto sobre o emprego e o regime fiscal. Não é possível que a Bayer obtenha deduções fiscais para essa aquisição, e as cidades onde se encontram suas indústrias fiquem numa penúria ainda maior. Também é excluída desde já qualquer tentativa, por parte da empresa, de reduzir a dívida contraída pela operação de compra com o corte de empregos e medidas de reengenharia.




Axel Köhler-Schnura, da CBG, conclui: “A cínica partida de pôquer em torno da Monsanto, animada por pura cupidez, mostra mais uma vez que a alimentação do mundo é uma questão séria demais para ser deixada nas mãos dos gigantes do agronegócio. O que a Coalizão contra os males da Bayer recomenda, portanto, é colocar as corporações sob controle social.” (Outras Palavras/ #Envolverde)



* Publicado originalmente no site Outras Palavras.

O colecionador de frutas


Conheça Elton Muniz, de 36 anos, que cultiva mais de 1.300 espécies frutíferas no interior de São Paulo e já escreveu dois livros a respeito do tema

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e da Índia e à frente dos Estados Unidos, e é natural que os brasileiros gostem tanto dessas maravilhas da natureza. Mas nada se compara à paixão de Helton Josué Teodoro Muniz, de 36 anos. Em um sítio de apenas 3 hectares, não mais do que 30 mil m2, em Campina do Monte Alegre, São Paulo, a 230 km da capital, ele leva a vida a cultivar frutas, tantas que o tornaram famoso.


É a variedade que surpreende, a ponto de merecer figurar como recorde brasileiro, registrado pelo RankBrasil em 2015. Foram contabilizadas 1.311 espécies no sítio de Helton, 80% das quais originárias do Brasil, sendo 600 da mata atlântica, além de 300 exóticas, de outros países. Helton afirma: “O meu exemplo pode ajudar nosso país a se tornar o produtor da maior biodiversidade de frutas comestíveis do mundo, quebrando o círculo vicioso da monocultura e abrindo fronteira para o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar”, destaca.



O colecionador de frutas
Tudo isso é resultado de um amor antigo, que surgiu quando Helton tinha 15 anos e começou a cultivar uma horta caseira na fazenda dos avós, onde vivia, para reforçar o orçamento familiar. Começou a estudar, pegou gosto e não parou mais. Afirma que sua motivação é preservar as várias formas de vida vegetal, “nossa maior apólice de seguro”.



E não é só isso. Helton não fez faculdade, tem diabetes tipo 1 e, ao nascer, demorou a receber oxigênio no cérebro, um problema chamado hipóxia neonatal, que provocou uma disfunção neuromotora. Só andou aos 5 anos e hoje tem dificuldade de fala e para fazer alguns movimentos. Mas é um batalhador, sem medo de superar desafios, entre os quais está preservar o máximo possível de espécies frutíferas.


Seu sítio se chama, sem surpresa, Frutas Raras, e fica perto do km 215 da rodovia Raposo Tavares. Ali tudo é natural, sem agrotóxicos nem adubos químicos. E o que espanta é a variedade, resultado de uma pergunta que Helton se fez ainda criança: “Existe tanta fruta e a gente só come banana, laranja e manga?” A partir daí ele começou a plantar sementes e mais sementes, algumas de frutas que nem imaginamos exitir.



Hoje ele vive da venda de mudas e de seus dois livros, Colecionando Frutas e Frutas do Mato, que publicou por conta própria. Um terceiro livro está em fase de produção, e todos explicam detalhes de cada espécie e ensinam como cultivar um pé de fruta. Veja um perfil mais completo de Helton, muito bem feito, no site Risca Faca.


Publicado em Carreira

Minas, pare de desmatar a Mata Atlântica!


05/08/2016


Artigo de Marcia Hirota e Mario Mantovani* – A velha máxima de “quanto mais se tem, mais se gasta”, numa adaptação livre para “mais se desmata”, faz todo sentido ao observarmos os dados do último Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica.



Minas Gerais, o Estado com maior área do bioma – restam 2,8 milhões de hectares (ha) de Mata Atlântica – voltou a liderar o ranking dos maiores destruidores dessa que é a floresta mais ameaçada do país. Mais de 40% dos 18.433 ha de vegetação nativa perdidos entre 2014 e 2015 ocorreram no Estado, que nos últimos anos nunca deixou de figurar entre os maiores desmatadores do bioma. Foram destruídos 7.702 ha, alta de 37% em relação aos 5.608 ha perdidos no ano anterior.


A principal causa da perda de florestas foi a atividade de mineração, sendo que a maior parte aconteceu no noroeste do Estado, denominado “Triângulo do Desmatamento”. Outro fato marcante foi o registro de um desmatamento de 258 ha na cidade de Mariana, 65% deles (169 ha) decorrentes do rompimento das barragens da mineradora Samarco, em novembro do ano passado.


Importante destacar que Minas Gerais, assim como os outros 16 Estados do bioma, é um dos signatários da carta “Nova História para a Mata Atlântica”, no qual as Secretarias de Meio Ambiente assumiram em maio de 2015 o compromisso de investir em restauração florestal e alcançar o desmatamento ilegal zero até 2018. Passado o primeiro ano do pacto, os dados apresentados pelo Atlas não apenas frustram a expectativa de já assistirmos os primeiros passos à erradicação do desmatamento, como apontam o quanto ainda precisa ser feito para que essas metas se tornem uma realidade.



Só quando a agenda ambiental estiver no centro das decisões políticas, sociais e econômicas da gestão pública é que daremos um passo estratégico para que nosso país se desenvolva de forma sustentável. Como aponta a carta “Nova História para a Mata Atlântica”, a sociedade não admite mais que o desmatamento de nossas florestas, um patrimônio nacional, seja o preço a pagar pela geração de riqueza. E o governo mineiro precisa ouvir esse recado: Minas, pare de desmatar a Mata Atlântica!



*Marcia Hirota e Mario Mantovani são, respectivamente, diretora-executiva e diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, ONG brasileira que desenvolve projetos e campanhas em defesa das Florestas, do Mar e da qualidade de vida nas Cidades. Saiba como apoiar as ações da Fundação em www.sosma.org.br/apoie.


Detritos plásticos são atualmente os itens mais frequentes no estômago da pescada-amarela

18/08/2016 

Estuários tropicais estão entre os ambientes aquáticos mais produtivos do planeta, e suportam uma produção pesqueira de importância econômica e social. No entanto, a crescente pressão antrópica vem provocando diversas modificações das funções naturais dos estuários. 

Pesquisadores da UFPE analisam conteúdo gastrointestinal da pescada-amarela Pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Gerenciamento de Ecossistemas Costeiros e Estuarinos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) analisaram o trato digestivo da pescada-amarela (Cynoscion acoupa) no Estuário do Rio Goiana em Pernambuco, que faz parte da Reserva Extrativista Acaú-Goiana. O item que apareceu com maior frequência, em todas as fases de vida foram os resíduos plásticos: 64,4% dos juvenis, 50% dos sub-adultos e 100% dos adultos tinham resíduo plástico em seus estômagos.

A ingestão de resíduos plásticos pela ictiofauna é recorrente em sistemas estuarinos devido à abundância deste contaminante nestas áreas, associada a condições ambientais como turbidez da água, hidrodinâmica do estuário, transferência pela cadeia trófica, entre outros fatores. Espécies que pertencem a família Sciaenidae frequentemente utilizam os estuários em seu ciclo de vida. Elas desovam no mar e utilizam o ambiente estuarino como criadouro de larvas, juvenis e sub-adultos, podendo permanecer, sob condições favoráveis, no estuário o ano todo. Estas espécies sofrem com as ações antrópicas durante praticamente todo seu ciclo de vida. Dentre os detritos encontrados, 97% deles eram filamentos de plástico de aproximadamente 5 milímetros. Vale ressaltar que esta espécie possui ampla distribuição pelo litoral brasileiro, representando um importante recurso pesqueiro que deve ser preservado. Estudos desta natureza revelam como a intensa ação antrópica interfere na cadeia trófica de diversos organismos direta ou indiretamente.

Para ler o artigo completo clique aqui.
Fonte: ObservaSC

Cientistas descobrem o que está matando as abelhas, e é mais grave do que se pensava




Como já é sabido, a misteriosa mortandade de abelhas que polinizam US $ 30 bilhões em cultura só nos EUA dizimou a população de Apis mellifera na América do Norte, e apenas um inverno ruim poderá deixar os campos improdutíveis. Agora, um novo estudo identificou algumas das prováveis causas ​​da morte das abelhas, e os resultados bastante assustadores mostram que evitar o Armagedom das abelhas será muito mais difícil do que se pensava anteriormente.

10 milhões de colmeias, no valor de US $ 2 bilhões, morreram nos últimos seis anos nos EUA
As vendas de fungicidas cresceram mais de 30% e as vendas de inseticidas também cresceram significativamente no Brasil durante o primeiro trimestre de 2013. Divulgou a suíça Syngenta, uma das maiores empresas de agroquímicos e sementes do mundo. Crédito: Ben Margot/AP

Os cientistas tinham dificuldade em encontrar o gatilho para a chamada Colony Collapse Disorder (CCD), (Desordem do Colapso das Colônias, em inglês), que dizimou cerca de 10 milhões de colmeias, no valor de US $ 2 bilhões, nos últimos seis anos. Os suspeitos incluem agrotóxicos, parasitas transmissores de doenças e má nutrição. Mas, em um estudo inédito publicado este mês na revista PLoS ONE, os cientistas da Universidade de Maryland e do Departamento de Agricultura dos EUA identificaram um caldeirão de pesticidas e fungicidas contaminando o pólen recolhido pelas abelhas para alimentarem suas colmeias. Os resultados abrem novos caminhos para sabermos porque um grande número de abelhas está morrendo e a causa específica da DCC, que mata a colmeia inteira simultaneamente.

Quando os pesquisadores coletaram pólen de colmeias que fazem a polinização de cranberry, melancia e outras culturas, e alimentaram abelhas saudáveis, essas abelhas mostraram um declínio significativo na capacidade de resistir à infecção por um parasita chamado Nosema ceranae. O parasita tem sido relacionado a Desordem do Colapso das Colônias (DCC), embora os cientistas sejam cautelosos ao salientar que as conclusões não vinculam diretamente os pesticidas a DCC. O pólen foi contaminado, em média, por nove pesticidas e fungicidas diferentes, contudo os cientistas já descobriram 21 agrotóxicos em uma única amostra. Sendo oito deles associados ao maior risco de infecção pelo parasita.

O mais preocupante, as abelhas que comem pólen contaminado com fungicidas tiveram três vezes mais chances de serem infectadas pelo parasita. Amplamente utilizados, pensávamos que os fungicidas fossem inofensivos para as abelhas, já que são concebidos para matar fungos, não insetos, em culturas como a de maçã.

"Há evidências crescentes de que os fungicidas podem estar afetando as abelhas diretamente e eu acho que fica evidente a necessidade de reavaliarmos a forma como rotulamos esses produtos químicos agrícolas", disse Dennis vanEngelsdorp, autor principal do estudo.

Os rótulos dos agrotóxicos alertam os agricultores para não pulverizarem quando existem abelhas polinizadoras na vizinhança, mas essas precauções não são aplicadas aos fungicidas.

As populações de abelhas estão tão baixas que os EUA agora tem 60% das colônias sobreviventes do país apenas para polinizar uma cultura de amêndoas na Califórnia. E isso não é um problema apenas da costa oeste americana - a Califórnia fornece 80% das amêndoas do mundo, um mercado de US $ 4 bilhões.

Nos últimos anos, uma classe de substâncias químicas chamadas neonicotinóides tem sido associada à morte de abelhas e em abril os órgãos reguladores proibiram o uso do inseticida por dois anos na Europa, onde as populações de abelhas também despencaram. Mas Dennis vanEngelsdorp, um cientista assistente de pesquisa na Universidade de Maryland, diz que o novo estudo mostra que a interação de vários agrotóxicos está afetando a saúde das abelhas.

"A questão dos agrotóxicos em si é muito mais complexa do acreditávamos ser", diz ele. "É muito mais complicado do que apenas um produto, significando naturalmente que a solução não está em apenas proibir uma classe de produtos."

O estudo descobriu outra complicação nos esforços para salvar as abelhas: as abelhas norte-americanas, que são descendentes de abelhas europeias, não trazem para casa o pólen das culturas nativas norte-americanas, mas coletam de ervas daninhas e flores silvestres próximas. O pólen dessas plantas, no entanto, também estava contaminado com pesticidas, mesmo não sendo alvo de pulverização.

"Não está claro se os pesticidas estão se dispersando sobre essas plantas, mas precisamos ter um novo olhar sobre as práticas de pulverização agrícola", diz vanEngelsdorp.


Os 10 mandamentos do mergulhador consciente!


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1. Mergulhe com cuidado para proteger o ecossistema marinho
Muitos organismos aquáticos são delicados e podem ser prejudicados por uma pancada de câmera, um esfregão ou até mesmo a gentil toque de mão. Alguns organismos aquáticos, como corais crescem muito lentamente e quebrando um pequeno pedaço destrói-se décadas de crescimento. Sendo cuidadoso, você impede a longo prazo danos a magníficos pontos de mergulho.

2. Fique atento com seu corpo e equipamento quando for mergulhar
Mantenha seu manômetro e octopus presos, garantindo que eles não se arrastaem ao longo dos recifes ou outros substratos. Controle o seu empuxo, tomando cuidado para não tocar seu corpo ou equipamento em organismos frágeis. Você pode fazer a sua parte e impedir prejuízos para a vida aquática, toda vez que mergulhar.

3. Continue melhorando suas habilidades de mergulho através da educação continuada
Antes de mergulhar no mar treine bastante com um profissional certificado em uma piscina ou em outro meio que não seja danificado. Você também poderá atualizar suas habilidades e conhecimentos com os cursos PADI Scuba Review, PADI Advanced Open Water ou Project AWARE Specialty Peak Performance Buoyancy.

4. Considerar como suas interações afetam a vida aquática
Evite tocar, manusear ou alimentar a vida aquática.
Estas ações podem estressar o animal, interromper a alimentação ou o comportamento de reprodução e ainda provocar um comportamento agressivo em espécies normalmente não agressivas.

5. Compreender e respeitar a vida subaquática
Brincar com os animais ou usá-los como alimento para outras espécies pode deixar um rasto de destruição, perturbar ecossistemas locais e tirar de outros mergulhadores suas experiências com essas criaturas.
Matricule-se em um curso PADI Underwater Naturalist, Fish Identification ou Coral Reef Conservation Specialty para entender melhor sobre interações sustentáveis.

6. Seja um ECOturista
Informe-se para decidir um destino e escolha uma operadora de turismo ecológico ou instalações dedicadas às práticas empresariais sustentáveis. Cumpra todas as leis e regulamentos locais e compreenda o seu efeito sobre o meio ambiente. Nunca recolha lembranças como corais ou conchas. Em vez disso, tire fotografias subaquáticas.

7. Respeite o patrimonio cultural subaquático
Mergulhadores são privilegiados por ter de acesso a lugares que fazem parte do nosso patrimonio cultural e história marítima. Naufrágios também pode servir como importantes habitats para peixes e muitos outros organismos. Ajude a preservar esses locais para as gerações futuras obedecendo as leis locais, mergulhando responsavelmente e tratando com respeito os destroços.

8. Relate toda forma de perturbação ou destruição ambiental
Como um mergulhador, você está numa posição única para acompanhar a saúde das águas locais. Se você notar esgotamento de vida aquática, prejuízo para os animais aquáticos ou substâncias estranhas na água, relate essas observações para as autoridades responsáveis na sua área.

9. Seja um modelo a ser seguido por outros mergulhadores e não mergulhadores que interagem com o meio ambiente
Como um mergulhador, você verá resultados de descuido subaquático e negligência. Dê bons exemplos a partir de suas atitudes para que outros possam aprender com você.

10. Envolva-se em atividades ambientais na sua região
Você pode afetar enormemente o seu canto do planeta. Existem diversas ações de sustentabilidade para manter ambientes aquáticos saudáveis, incluindo o Instituto EcoFaxina, com atividades de limpeza e coleta de dados em praias e ambientes aquáticos, monitoramento de recifes de coral com limpeza e vigilância, apoio à questões ambientais no legislativo, participando de audiências públicas e escolhendo com responsábilidade os organismos marinhos para alimentação.

Por William Rodriguez Schepis
Fonte: PADI

Pesquisa realizada pelo Instituto EcoFaxina, UNESP e CETESB confirma contaminação por metais no Rio dos Bugres

17/09/2016 

Supressão de vegetação, aterramento, ocupação irregular em área de manguezal por uma das maiores favelas de palafitas do Brasil e um lixão, este é o cenário do Rio dos Bugres, que delimita parte dos municípios de Santos e São Vicente.

Invasões de áreas de mangue e lixão são fatores que contribuem para a contaminação do rio.
A pesquisa realizada com os sedimentos do Rio dos Bugres a fim de se averiguar a qualidade dos sedimentos (nível de toxicidade e contaminação por metais) confirmou a suspeita dos autores do estudo: os sedimentos exibiram alta toxicidade e alta contaminação, extrapolando os limites de qualidade de sedimentos para alguns metais.

A poluição por resíduos sólidos foi um obstáculo superado durante a coleta dos sedimentos.

O trabalho consistiu em testes de toxicidade aguda com o anfípodo Tiburonella viscana, realizado no Laboratório do Núcleo de Estudos em Poluição e Ecotoxicologia Aquática (NEPEA), coordenador pelo Professor Doutor Denis Abessa da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus do Litoral Paulista e análises químicas de sedimentos, realizadas na Companhia Ambiental Do Estado De São Paulo (CETESB).

Os atores envolvidos na execução do trabalho, Instituto EcoFaxina (Sociedade Civil), UNESP (Academia) e a CETESB (Agência Ambiental do Governo do Estado de São Paulo), demonstram que diversos setores da sociedade podem atuar em colaboração, o que reforça a imparcialidade do trabalho.

Os dados são inéditos e de especial importância, tendo em vista que as campanhas de monitoramento no Sistema Estuarino de Santos e São Vicente realizadas pela CETESB não incluem cenários com essa característica. Ademais, esse estudo pode servir como referência para pesquisadores de outras regiões do país que possuem cenário semelhante.

Poder público

A inércia e o descaso dos gestores públicos de diferentes órgãos ao longo de décadas sobre a não observância e deficiência no cumprimento, planejamento, execução, fiscalização de políticas públicas e planos setoriais tais como o Código Florestal (Lei Federal nº 12651/12) – Manguezais são Áreas de Preservação Permanente - APP, Plano de Saneamento Básico (Lei Federal nº 11.445/07), Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/10), Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos entre outros, contribuíram e contribuem sobremaneira para que este cenário se perpetue e piore a cada dia.

A Prefeitura de Santos conduz um programa denominado Santos Novos Tempos que contempla obras de macrodrenagem na região do entorno do Bugres, remoção de submoradias, e ações que irão alterar o regime hidrológico e sedimentológico do rio, no entanto, as ações não possuem comunhão com o município de São Vicente, nem tampouco se contempla estudos para averiguar se existe ou não contaminação no Rio dos Bugres, pois, em caso de obras de dragagem, essa atividade terá que observar a Resolução CONAMA nº 454/2012 (Estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos referenciais para o gerenciamento do material a ser dragado em águas sob jurisdição nacional).


O projeto Santos Novos Tempos apresenta problemas em sua execução e perdeu o financiamento do Banco Mundial. Link para os relatórios:  


http://documents.worldbank.org/curated/en/docsearch/projects/P104995


Por ser uma realidade complexa, somente um conjunto de ações como a remoção total das palafitas (contemplando a realocação dessas pessoas com moradias através de planos habitacionais), implantação e melhoria das condições de saneamento no entorno, gestão de resíduos, remediação das áreas contaminadas pelo lixão, limpeza e reflorestamento das áreas degradadas de mangue, poderá gradativamente restabelecer a condição natural do Rio dos Bugres e seus serviços ambientais. 


O Programa Santos Novos Tempos, se revisto e ajustado de acordo com as necessidades locais e as legislações em vigor, se tornará uma boa oportunidade para o início de reversão deste cenário. É fundamental que São Vicente acompanhe esse processo, especialmente em colaboração com a CETESB para a remediação da área do antigo lixão. 


Naturalmente, os esforços conjuntos de distintos setores do poder público dependem de vontade política dos seus gestores, no entanto, o clamor da comunidade e a atuação do Ministério Público poderiam acelerar esse processo a fim de reverter esse quadro de vulnerabilidade ambiental e social.

Link para o artigo:

A importância dos manguezais para o nosso planeta



Garça Tricolor (Egretta tricolor) caminhando pelo manguezal em busca de pequenos invertebrados. CC

Os mangues são a espinha dorsal das costas dos oceanos tropicais, são muito mais importantes para a biosfera do oceano global do que anteriormente previsto. E, embora essa mata de mau-cheiro lamacento não tenha o encantamento de florestas tropicais ou recifes de corais, uma equipe de pesquisadores observou que a linha costeira de plantas lenhosas fornecem mais de 10 por cento do carbono orgânico dissolvido fornecido ao oceano a partir da terra.

As árvores de manguezal, cujas raízes pneumatóforas protegem as zonas úmidas costeiras contra o oceano, formam um importante habitat, berçário para inúmeras espécies de peixes, crustáceos, mamíferos, aves e insetos. Cobrem menos de 0,1 por cento da superfície terrestre global, e mesmo assim são responsáveis por um décimo do carbono orgânico dissolvido (COD) que flui da terra para o mar. Instituições alemãs de pesquisas, analisaram a saída de carbono a partir de uma floresta de manguezal no Brasil e sugerem que a sua vegetação é uma das principais fontes de matéria orgânica dissolvida no oceano.

Catador de caranguejo no Pará. CC

Os pesquisadores observam que a matéria orgânica que é dissolvida nos oceanos do mundo contém uma quantidade semelhante de carbono que é armazenada nos céus como o dióxido de carbono atmosférico, um importante gás de efeito estufa. A matéria orgânica dissolvida é um ator importante no ciclo global do carbono atmosférico que regula o dióxido de carbono e o clima.

Para entender os ciclos biogeoquímicos globais, é fundamental quantificar as fontes de carbono orgânico dissolvido nos ambientes marinhos e os manguezais mostram que desempenham um inesperado papel no ciclo global do carbono.

O sistema de raízes dos manguezais retém a folhagem úmida, rica em carbono absorvido da atmosfera e o fixa no sedimento superficial, onde a matéria orgânica dissolvida é lixiviada em grandes quantidades nas águas costeiras. A ascensão e queda diária das marés escoa o carbono dissolvido para o oceano aberto (como uma saco de chá mergulhado em uma xícara). Já no oceano, no entanto, o intenso sol tropical destrói alguns dos pontos mais delicados das moléculas de carbono orgânico dissolvido. Entretanto, mais da metade da matéria orgânica dissolvida sobrevive ao ataque da luz solar e de bactérias.

Os pesquisadores alemães mediram as substâncias químicas em amostras de água de um manguezal no norte do Brasil, utilizando isótopos naturais de carbono e espectroscopia de ressonância nuclear magnética, uma técnica comum estabelecida para determinar estruturas de compostos orgânicos, e determinaram que manguezais são, efetivamente, a principal fonte de carbono orgânico dissolvido no oceano aberto. No total, eles concluíram que o carbono exportado do mangue é de aproximadamente 2,2 trilhão de moles de carbono por ano, quase o triplo do montante estimado a partir de estimativas anteriores de menor envergadura sobre carbono liberado para o oceano.

A folhagem de manguezal, no entanto, diminuiu pela metade ao longo das últimas décadas devido ao crescente desenvolvimento costeiro e danos ao seu habitat. Como o habitat mudou, cada vez menores quantidades de detritos provenientes de manguezais estão disponíveis para a formação e a exportação de matéria orgânica dissolvida para o oceano. Os pesquisadores especulam que o rápido declínio dos mangues ameace o delicado equilíbrio e podem, eventualmente, desativar o importante elo de ligação entre a terra e o oceano, com potenciais consequências para a composição atmosférica e do clima terrestre.

Por William Rodriguez Schepis
Referências: ScienceDaily