quinta-feira, 6 de outubro de 2016

As abelhas estão morrendo intoxicadas no Brasil, segundo estudo


A morte do inseto preocupa apicultores e agricultores por colocar em risco a produção de alimentos

Se pagássemos pelo serviço que as abelhas prestam à natureza, elas estariam bilionárias. O “salário” à colmeia mundial seria de 212 bilhões de dólares por ano. O cachê é alto assim porque o inseto é responsável por 73% da polinização de toda a cultura mundial.



O resultado é a garantia de 40% dos alimentos consumidos por nós. Por isso, sua possível extinção – que pode não estar tão distante, como apontou este novo estudo (no link) – é algo tão preocupante, seja para a biodiversidade do planeta ou até, pasmem, para os produtores de inseticidas, produtos que as matam.


A relação é simples. Sem abelhas, não há agricultura, muito menos a necessidade de agrotóxicos. Foi por isso que o projeto Colmeia Viva, do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) foi criado e agora divulga o Mapeamento de Abelhas Participativo (MAP), como resultado de uma parceria entre agricultores e apicultores.


“Reconhecemos o nosso papel na relação entre a agricultura e a apicultura. Uma não existe sem a outra e somos parte disso. É preciso criar boas práticas para o uso dos defensivos”, explicou a vice-presidente do Sindiveg, Silvia Fagnani.


O principal resultado da pesquisa é de que 70% das abelhas estudadas morreram de intoxicação por inseticidas. E em todos os casos, o que causou a morte foi o uso incorreto dos produtos por parte dos aplicadores. A pesquisa apontou, entretanto, que as abelhas mortas na área analisada não apresentaram sintomas da Síndrome do Colapso das Abelhas (CCD), fenômeno registrado principalmente no hemisfério norte com a espécie Apis Mellifera.


Pelo CCD, elas desaparecem sem deixar vestígios. No Brasil, o caso é de mortalidade por intoxicação. Entres os produtos encontrados, estão alguns dos mais vendidos e conhecidos no mercado, como o Neonicotinoide e o Pirazol.


O relatório, porém, é só um começo para o que o projeto pretende realizar, segundo o biólogo Osmar Malaspina, especialista em ecotoxicologia das abelhas, da Unesp, e que participou da pesquisa. Para esta primeira análise, apenas 13 casos foram estudados. A validade, entretanto, de acordo com o pesquisador, se dá pelo tempo de investigação, de um ano. Para que as abelhas sejam analisadas é necessário que o apicultor denuncie, ao Sindiveg, a morte de sua criação em até 24 horas ou que o agricultor perceba que os insetos estão morrendo em sua plantação nesse mesmo espaço de tempo.



“O curto prazo entre a denúncia e a coleta dificulta um pouco a pesquisa, por isso restringimos a área de abrangência ao estado de São Paulo, com foco em poucas amostras. Para apresentarmos dados mais consistentes, precisamos estudar mais colmeias e, para isso, é necessário que apicultores e agricultores colaborem ligando para o nosso disque denúncia”, pediu Malaspina.


As criações mais afetadas, segundo o biólogo, são as próximas às grandes produções de monocultura, como as de soja e as de cana. “Inseticidas, como o próprio nome já diz, são feitos para matar insetos. Estamos tentando amenizar essa situação para que os aplicadores usem de forma correta e possam diminuir a mortalidade das abelhas. A solução definitiva, porém, estaria em repensar a forma como produzimos alimento, sem necessitar da aplicação desses defensivos”, explicou.


O biólogo ainda lembra da importância do inseto para o lucro do grande produtor. No Brasil, há cerca de 3 mil espécies de abelhas. Alguns cultivos, como o melão e a maçã, são polinizados por apenas um tipo, e o desaparecimento da abelha da região significaria o fim da produção.


“O agricultor, por falta de conhecimento, só pensa em fertilizante e adubos. Mas não sabe que a abelha é a maior responsável por manter sua colheita. Agora, se não há comida, elas não ficam no local. Por isso, é importante aliar a plantação a corredores de florestas, construindo habitats apropriados aos insetos”, concluiu o biólogo.


O MAP continua e as análises também. O relatório completo está disponível no site do Colmeia Viva e o telefone para denúncias e dúvidas é o 0800 771 8000.



 

10 Parques para observação de aves


Tiê Sangue (Ramphocelus bresilius) no Parque Nacional da Serra da Bocaina. Foto: Maíra da Motta
Tiê Sangue (Ramphocelus bresilius) no Parque Nacional da Serra da Bocaina. 
Foto: Maíra da Motta


O tema de hoje é uma homenagem ao Dia das Aves, comemorado neste 5 de outubro. A data não poderia passar em branco em solo brasileiro, afinal, o Brasil é o segundo país do mundo em diversidade de aves, atrás somente da Colômbia. São quase duas mil espécies de aves que voam pelos biomas do país, com destaque para Amazônia, Mata Atlântica e o Pantanal, onde está a maior diversidade da avifauna. O WikiParques fez uma lista com dez Unidades de Conservação que fará com que os observadores de aves tirem suas câmeras e binóculos da bolsa e mirem as alturas. Confira nossa seleção:


Parque Nacional da Serra da Bocaina (RJ)
A Unidade de Conservação localizada na Serra do Mar, além das diversas opções de trilhas e cachoeiras, também é um local privilegiado para observação de aves. Em pleno coração da Mata Atlântica, lá já foram identificados oficialmente cerca de 300 espécies de aves, entre elas o gavião pega-macaco (Spizaetus tyrannus), o cuiú-cuiú (Pionopsitta pileata), o macuco (Tinamus solitarius), o tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus) e a jacutinga (Aburria jacutinga), esta última ameaçada de extinção. Também pode ser encontrado por lá o fotogênico tiê-sangue (Ramphocelus bresilius), famoso por sua colaração vermelha e por ser endêmico do Brasil. A entrada no Parque é gratuita.
Trinta-réis-grande (Phaetusa simplex) no Pantanal. Foto: Paulisson Miura
Trinta-réis-grande (Phaetusa simplex) no Pantanal. Foto: Paulisson Miura]


Parque Nacional do Pantanal Matogrossense (MT)
O Pantanal é um presente para os observadores: são mais de 600 espécies de aves no bioma.  Aliás, um dos principais atrativos do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense é exatamente a observação de aves em uma embarcação pela Baía do Burro. Algumas das espécies que podem ser encontradas na UC são o Chororó-do-pantanal (Cercomacra melanaria), uma das poucas endêmica do bioma; o falcão-de-coleira (Falco femoralis); e a ema (Rhea americana), maior espécie de ave do Brasil. As garças também são personagens comuns dos cliques dos observadores no Pantanal. A entrada no parque é franca, mas os passeios estão sujeitos aos preços cobrados pelas operadoras.


Parque Nacional do Caparaó (ES)
Na divisa entre Espírito Santo e Minas Gerais, o Parque Nacional do Caparaó é mais um santuário de Mata Atlântica onde os observadores de aves podem ter certeza de que seus binóculos e lentes fotográficas serão bem-usados. A unidade registra cerca de 350 espécies de aves no seu território e serve de abrigo para pássaros ameaçados de extinção como o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) e o gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus). O ingresso do Parque custa R$12,50 para brasileiros e R$25 para estrangeiros.
Ema (Rhea americana). Foto por Wagner Machado Carlos
Ema (Rhea americana). Foto por Wagner Machado Carlos


Parque Nacional de São Joaquim (SC)
Criado em 1961, na região serrana de Santa Catarina, o Parque Nacional de São Joaquim corresponde a uma área de quase 50.000 hectares de Mata Atlântica. Entre os morros, trilhas, rios e cânions da Unidade já foram registradas mais de 120 espécies de aves. Atenção especial dos binóculos para o papagaio-charão (Amazona pretrei) e a águia-cinzenta (Urubitinga coronata), espécies ameaçadas de extinção. E para os belos e coloridos pássaros: gralha-azul (Cyanocorax caeruleus) e surucuá-de-barriga-vermelha (Trogon curucui). A visitação no parque é gratuita.


Parque Nacional de Boa Nova (BA)
Criado em 2010, o Parque Nacional de Boa Nova é um dos caçulas dos parque nacionais e, por isso, ainda dá seus primeiros passos na infraestrutura de apoio aos visitantes. O destino, entretanto, já foi descoberto pelos observadores de aves. Localizada na área de transição entre a Caatinga e a Mata Atlântica conhecida como mata de cipó, a unidade é o habitat de uma ave endêmica ameaçada de extinção: o gravatazeiro (Rhopornis ardesiacus). Além dele, já foram registradas 428 espécies de aves no local, o que rendeu à região o título de uma das mais ricas em aves no Brasil. Em seus 12.065 hectares de área protegida estão mais da metade de todas as aves da Bahia. A entrada no parque é gratuita, porém é recomendada a contratação de um guia local.
Saíra-preciosa (Tangara preciosa) no Parque São Joaquim. Foto: João Quental
Saíra-preciosa (Tangara preciosa) no Parque São Joaquim. Foto: João Quental


Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS)
No litoral do Rio Grande do Sul, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe protege uma zona costeira que é o paraíso das aves migratórias. As águas rasas da Lagoa do Peixe são disputadas por mais de 150 espécies, dentre elas o flamingo (Phoenicopterus chilensis), um visitante que aparece a partir do mês de março. Outras espécies de aves que “batem ponto” (e asas) na Unidade de Conservação são: o gaivotão (Larus dominicanus), a gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis) e o tesourão (Fregata magnificens). A entrada no parque é gratuita.


Parque Estadual do Desengano (RJ)
Primeiro parque estadual do Rio de Janeiro, criado em 1970, o Parque Estadual do Desengano já registrou cerca de 400 espécies de aves. Em seus 25.000 hectares de Mata Atlântica, o Parque protege espécies ameaçadas de extinção como o gavião-pomba-pequeno (Amadonastur lacernulatus), a araponga (Procnias nudicollis) e o chauá (Amazona rhodocorytha),além de espécies imponentes como o gavião-pato (Spizaetus melanoleucus). A visitação é gratuita.
Trinta-réis-boreal (Sterna hirundo) no Parque Nacional Lagoa Peixe. Foto: Nádia de Campos Velho
Trinta-réis-boreal (Sterna hirundo) no Parque Nacional Lagoa Peixe. Foto: Nádia de Campos Velho


Parque Nacional de Ubajara (CE)
Ampliado em 2002, quando passou a abranger uma área de 6.288 hectares, o Parque Nacional de Ubajara é uma oportunidade para os observadores que quiserem explorar as aves do Caatinga. Dentro do território do parque foram registradas 127 espécies, um número que corresponde a cerca de 20% do total de espécies que existem no bioma. Lá o visitante pode observar algumas aves características como o periquito-da-caatinga (Eupsittula cactorum), o pica-pau-anão-pintado (Picumnus pygmaeus) e o pica-pau-ocráceo (Celeus ochraceus), endêmico do Brasil. A entrada é gratuita, mas os serviços de guia e o teleférico (R$8,00) do parque são pagos.


Parque Nacional de Anavilhanas (AM)
Em pleno coração amazônico, o Parque Nacional de Anavilhanas, no Amazonas, protege o arquipélago fluvial que dá nome à Unidade. São 340.831 hectares preservados onde foram catalogadas 232 espécies de aves. Alguns pássaros que vão entreter os observadores de aves são o choquinha-do-tapajós (Myrmotherula klagesi), a maria-da-campina (Hemitriccus inornatus) e o formigueiro-liso (Myrmoborus lugubris). A entrada no parque é gratuita
Araçari-banana (Pteroglossus bailloni) no Parque Nacional Itatiaia. Foto: Fabrício Corsi Arias
Araçari-banana (Pteroglossus bailloni) no Parque Nacional Itatiaia. Foto: Fabrício Corsi Arias


Parque Nacional do Itatiaia (RJ)
Dentre os muitos atrativos do Parque Nacional do Itatiaia, ganha destaque os o céu, ou melhor, os personagens que passam por ele. Seu território de 28.000 hectares preserva uma importante área de Mata Atlântica que abriga 319 espécies de aves, sendo 134 endêmicas do bioma. Entre elas a garrincha-chorona (Asthenes moreirae), o sanhaço-pardo (Orchesticus abeillei), o araçari-banana (Pteroglossus bailloni) e o saíra-sete-cores (Tangara seledon). O ingresso para o parque custa R$15 para residentes no Brasil e R$30 para o público em geral.

Parque Augusta, uma chance para o verde encravada na cidade

Por Victor Moriyama
"A possibilidade da construção deste parque resgata um amor que eu havia perdido pela cidade de São Paulo", diz Eliane Langer, que mora no bairro e começou a frequentar o chamado parque Augusta, um terreno de 24.752 metros quadrados, localizado entre a Rua Augusta e a Marquês de Paranaguá.


O local é um dos últimos resquícios intactos de Mata Atlântica na cidade de São Paulo, e é alvo de disputa entre ativistas e construtoras. Os moradores do bairro defendem que a Prefeitura compre o terreno, crie o parque e proíba construções. Do outro lado, os proprietários, as incorporadoras Cyrella e Setin, querem construir duas torres, uma comercial e outra residencial. Ao mesmo tempo, afirmam que a mata continuará preservada e aberta ao público.


A criação do Parque Augusta é uma proposta antiga e foi protocolada na Câmara dos Vereadores pela Sociedade dos Amigos do Bairro Cerqueira César. Neste mês, a Câmara dos Vereadores aprovou a proposta e aguarda sanção do prefeito Fernando Haddad (PT). Entretanto, Haddad declarou que a aquisição do terreno não faz parte das prioridades de sua gestão. O valor da área do parque é de R$100 milhões.

Ver Parque Augusta num mapa maior

No fim do seu primeiro mandata, em 2008, Gilberto Kassab emitiu um decreto transformando o local em área de utilidade pública. O decreto foi revogado duas vezes, em 2010 e 2012.



Apesar de ainda não ter acontecido as desapropriações, as construtoras não têm autorização para derrubar a mata, pois ela é tombada pelo patrimônio histórico, cultural e ambiental da cidade.


Hoje, o terreno se divide em duas partes, a primeira é propriedade privada, ocupada por um estacionamento que absorve a demanda de veículos ligados ao comércio local e a duas grandes universidades. A outra parte é pública. É nela que está a floresta.


Nos últimos meses, coletivos de arte, moradores locais e grupos culturais como a Matilha Cultural assumiram a frente da briga pela construção do Parque Augusta e ocuparam o local com oficinas de arte e educação ambiental. No fim de semana, dias 7 e 8 de dezembro, o movimento promoveu um evento com shows e piquenique que teve, segundo os organizadores, mil visitantes por dia.

Clique nas imagens para ampliá-las e ler as legendas.
 *editado às 17h do dia 13/12, com ajustes feitos a partir das observações da leitora Tatiana Bianconcini.