quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Depois do corte, as velhas trabalham melhor


Por Vandré Fonseca

Área afetada pela exploração madeireira: grandes árvores poupadas absorvem carbono mais rápido do que as novas. Foto: Piponiot et al., eLife
Área afetada pela exploração madeireira: grandes árvores poupadas absorvem carbono
 mais rápido do que as novas. Foto: Piponiot et al., eLife


Manaus, AM -- Quando se trata de sequestrar carbono, o desempenho de árvores velhas em áreas afetadas pela extração de madeira na Amazônia deixa as novinhas pra trás. Pelo menos este é o resultado de um estudo desenvolvido por pesquisadores franceses, o primeiro a considerar a dinâmica do carbono em toda a extensão da floresta amazônica.



Depois de analisar dados de 113 áreas de floresta permanente e 13 afetadas experimentalmente, em diferentes regiões de floresta, eles verificaram que, pelo menos ao longo da primeira década após o corte, as velhas árvores que sobrevivem à motosserra absorvem mais CO2 do que as novas. O estudo foi publicado nesta quarta-feira no jornal eLife por pesquisadores franceses do Observatório de Florestas Tropicais Manejadas, um grupo de pesquisas que conta com a participação da Embrapa.



“Nós olhamos as diferenças regionais no clima, solo e biomassa inicial acima do solo inicial e relacionamos isso com alterações no estoque de carbono causadas tanto pelas árvores mais novas quanto pelas sobreviventes, para prever o potencial de recuperação de carbono em toda a Amazônia”, afirma a pesquisadora francesa Camille Piponiot, que faz doutorado na América do Sul.



O estudo demonstrou também que a absorção de carbono em áreas afetadas por madeireiras é maior no Escudo das Guianas a oeste do que no sul da Amazônia. Devido ao solo pobre, as árvores mais sobreviventes absorvem mais rápido a matéria em decomposição, deixada por troncos e galhos caídos. Já no sul da região amazônica, o crescimento das árvores é afetado pelo estresse hídrico, provocado pelo período seco durante metade do ano. De acordo com a pesquisadora, as árvores tolerantes à redução da disponibilidade de água são menos competitivas quando se trata de nutrientes, o que explica o crescimento mais lento.


Segundo o orientador de Camille Piponiot, Bruno Hérault, que também assina o artigo, embora os estudos tenham focado principalmente na recuperação de carbono após o corte, ele dá pistas importantes sobre o que ocorre com a floresta quando afetada por outros fatores, como fogo e outras consequências das mudanças climáticas.


“Como as mudanças climáticas continuam, nós podemos esperar também um aumento de secas e fogo que perturbam a floresta amazônica”, afirma o pesquisador. “Apostar em novas árvores para estocar carbono em algumas das florestas já perturbadas pela exploração madeireira pode ser uma aposta arriscada, já que muitas dessas árvores pioneiras são vulneráveis ao estresse hídrico. As árvores que sobrevivem à exploração podem ser mais valiosas na absorção do carbono nestas florestas perturbadas”, conclui.


Um atestado para a liberdade


Por Vandré Fonseca
Peixe-boi sendo monitorado no semi-cativeiro do inpa. Foto: Vandré Fonseca.
Peixe-boi sendo monitorado no semi-cativeiro do Inpa. Foto: Vandré Fonseca.


Manaus, AM -- Os dezesseis peixes-bois-da-amazônia (Trichechus inunguis) mantidos em semi-cativeiro pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) passam essa semana por uma série de exames, em uma seleção para escolher dez animais que serão reintroduzidos na natureza ao longo de 2017.


Eles serão retirados da água, e vão ser submetidos a medições de tamanho e peso e coleta de sangue para exames de laboratório. “Primeiro a gente quer saber se o bicho está evoluindo bem e depois precisa saber se está saudável para ser solto”, explica o veterinário da Associação Amigos do Peixe-Boi (AMPA) Anselmo D´Affonseca.


O semi-cativeiro é um ambiente de lagos nas margens do Rio Solimões, no município de Manacapuru, a 80 quilômetros de Manaus, onde os animais passam por um período de adaptação para voltarem aos rios. Lá, os animais estão sujeitos aos ciclos naturais de cheia e vazante dos rios amazônicos e se acostumam a buscar o próprio alimento.


A ideia surgiu depois de uma primeira tentativa, frustrada, de reintroduzir peixes-bois que viviam em tanques do Inpa. Em março de 2008, dois machos foram soltos na região do rio Cuieiras, 60 quilômetros de Manaus. Alguns meses depois, a carcaça de um deles foi encontrada junto com o rádio-transmissor. Os pesquisadores concluíram que, depois de passar anos em cativeiro, ele não estava adaptado ao regime de cheias e secas dos rios da região.


Há quatro anos, foram levados os primeiros animais à fazenda. Dos quatro que foram soltos no início deste ano, três ainda são monitorados por radiofrequência. Em novembro, um dos animais reintroduzidos foi recapturado para exames e solto novamente.



Foto: Vandré Fonseca.
Foto: Vandré Fonseca.


Matupá recebeu o nome quando estava em cativeiro. Ele é um macho de 10 anos, que chegou ainda lactante ao Inpa e viveu em tanques durante seis anos. Foi um dos primeiros a irem para o semi-cativeiro. Hoje vive nas proximidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Piagaçu-Purus, no Amazonas, onde o monitoramento demonstrou que interage com outros peixes-bois selvagens.


E ele está muito bem, mesmo após enfrentar o período de seca. “A gente viu que ele cresceu e estava com 13 quilos a mais”, comemora D´Affonseca. “E era final da vazante, então ele deve ter ganho ainda mais peso e perdido um pouco durante a seca”, completa.


Matupá atualmente pesa 135 quilos e está com cerca de 2,10 metros de comprimento.


Os exames realizados esta semana vão determinar os próximos a voltar para os rios, mas a prioridade é dada para animais com idade entre 5 e 10 anos, idade em que os animais já passaram um tempo no tanque e tiveram alguns anos de adaptação nos lagos da fazenda. O critério pode deixar de fora bichos mais velhos, que viveram durante décadas nos tanques do Inpa, mas aumenta a possibilidade de sucesso da reintrodução. “A gente percebeu que animais que passam menos tempo em cativeiro se adaptam melhor na natureza”, conta o biólogo Diogo Souza, do Inpa.

O preço de um pãozinho quente.





Os moradores do Park Way, há mais de duas décadas, vêm lutando contra oportunistas com interesses em atividades comerciais em geral, incluindo até mesmo postos de gasolina que geram grande impacto ao nosso bairro por ser uma área de proteção ambiental. O sucesso conquistado até agora foi fruto de uma união que fortaleceu os laços de quem vive e respeita esse que é o "pulmão" do Plano Piloto. 


Por isso mesmo, causou-nos estranheza a matéria publicada no CB dia 18 deste mês,  sobre a reunião do LUOS. Nela, um morador lamentou com destaque  que o Park Way não dispusesse de um comércio apto a fornecer, por exemplo,  pão fresco aos seus moradores.


Afirmou inclusive que, caso fossem implantadas padarias perto das casas dos moradores, o trânsito se tornaria melhor.


Não vemos, contudo,  como a implantação de estabelecimentos comerciais dentro do Park Way, ou em qualquer outro bairro, poderia melhorar o trânsito de automóveis, uma vez que o comércio acarretaria um fluxo de veículos de abastecimento dos produtos e de clientela.


Assim, além do aumento no fluxo de veículos, relaciono abaixo outros problemas decorrentes da implantação de comércio no Park Way:


-Devido à baixa densidade populacional do Park Way, é provável que qualquer atividade comercial venha com o tempo a sofrer o impacto da falta de demanda. O estabelecimento poderá fechar ou mudar de destinação;


-Tendo em vista ser o bairro composto por grandes áreas fica difícil garantir a segurança e a fiscalização dos estabelecimentos comerciais;


-O Park Way não possui um adensamento populacional que justifique um sistema de transporte eficiente. Assim, os funcionários trazidos pelo comércio não poderão se deslocar com facilidade;


-Caso o comércio fique localizado perto da EPIA ou de outra rodovia com grande afluxo de pessoas, a alta demanda atrairá um grande numero de pessoas de outras Ras com o consequente agravamento do trânsito de veículos,  pedintes, moradores de rua, flanelinhas e obviamente assaltantes que entrarão com facilidade pela EPIA e fugirão com a mesma presteza.


-O Park Way não dispõe de infraestrutura de saneamento básico, uma vez que a baixa densidade populacional não compensa o custo da implantação;


- O Park Way faz parte da Reserva da Biosfera do Cerrado onde qualquer adensamento populacional ou de veículos é firmemente desestimulado, assim como a impermeabilização do solo e o desmatamento, decorrentes de atividades comerciais. A preservação das áreas verdes e as florestas e matas ciliares do Park Way é de suma importância para a manutenção dos córregos que vão alimentar o Lago Paranoá.


Por outro lado, a oferta de bens e de serviços pode ser encontrada em localidades vizinhas como o Núcleo Bandeirante, Santa Maria, Aguas Claras, Guará, Lago Sul, etc... O ônus dos deslocamentos dos moradores para as áreas de comercio vizinhas é infinitamente menor do que a exposição aos desafios e prejuízos inerentes à uma estrutura comercial;


A baixa demanda ao empreendimento comercial e até mesmo aos equipamentos públicos (exemplo é o baixo interesse da população pelos PECs) provocará o abandono dos mesmos e/ ou a mudança de destinação para atividades menos adequadas à finalidade do bairro que é hoje exclusivamente residencial.

Diante do exposto, a Associação Park Way Residencial-APWR defende o ponto de vista de  uma grande parcela dos moradores locais que não abre mão de manter nosso bairro exclusivamente residencial apoiado no conceito de condomínios horizontais de até oito unidades ou, ainda, de unidades individuais.


Sebastião Boechat
morador do Park Way e ex presidente de associação de moradores.