terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Justiça libera criação de gado no Parque Nacional da Serra da Canastra , colocando em risco a nascente do São Francisco.

Por Daniele Bragança
Foto: Luci Giannoni Romani Fuzisawa/Wikiparques.
Propriedade dentro dos limites do Parque Nacional da Serra da Canastra.

Foto: Luci Giannoni Romani Fuzisawa/Wikiparques.


Os moradores não indenizados do Parque Nacional da Serra da Canastra poderão criar gado, minerar ou plantar comercialmente sem a necessidade de aprovação e fiscalização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela área. Uma liminar da Justiça Federal de Passos, no Sul de Minas, assinada pelo juiz Bruno Augusto Oliveira, deu ganho de causa para que as 1,5 mil famílias donas de terrenos dentro da área protegida exerçam atividades produtivas.


Para o ICMBio, a decisão coloca em risco a conservação da Serra da Canastra, santuário que protege as nascentes do rio São Francisco, um dos mais importantes do país. Para os produtores rurais, a decisão significa poderem produzir sem a interferência e restrições impostas pelos órgãos ambientais.


A briga entre produtores rurais, mineradores e pecuaristas com o órgão ambiental que administra a unidade existe desde que o parque foi criado, em 1972, com 200 mil hectares.



Segundo o magistrado, apenas dois anos depois, o governo editou um decreto declarando 106 mil hectares da área de interesse social para fins de desapropriação. Os 94 hectares a mais que estão previstos no decreto de criação jamais foram declarados de interesse social, mas mesmo assim foram considerados pertencentes ao parque e alvos de “atos de polícia (fiscalização, multas, notitia criminis) e procedimentos com efeitos patrimoniais (desapropriação, doação, compensação de reserva legal) em áreas sobre as quais nunca foi declarado interesse social” afirma o juiz, em decisão proferida no dia 13 de janeiro.



É justamente essa área não desapropriada e sob domínio de particulares que não poderá ser objeto “de qualquer atividade tendente à consolidação fundiária, por doação, desapropriação ou qualquer outro meio, até que se edite o Decreto de Interesse social exigido pela ordem Jurídica”.



A decisão afasta “a incidência do Plano de Manejo do Parque Nacional de todas as terras particulares afetadas pelo Decreto”. Os proprietários só estarão sujeitos à legislação comum, ou seja, ao Código Florestal e ao licenciamento ambiental para atividades potencialmente poluidoras, no caso da mineração.


“Precisaremos de uma metáfora literária para alcançar o significado de tantos atos sem fundamento legal praticado por tanto tempo (mais de quatro décadas) sobre uma população, em sua maioria hipossuficiente. Do ponto de vista objetivo, o cenário é dantesco; sob o ponto de vista subjetivo (daqueles que se encontram há 45 anos sob insegurança quanto a seu patrimônio é perspectiva de vida), é kafkiano”, relatou o juiz Bruno Oliveira.



ICMBio recorrerá
A decisão ainda é provisória. O ICMBio informou, através da sua assessoria de imprensa, que “adotará as medidas judiciais cabíveis para garantir a proteção deste importante território, que conserva inúmeras espécies ameaçadas de extinção e as nascentes de um dos rios mais importantes do país - o Rio São Francisco”.


Ainda de acordo com o órgão ambiental, a regularização fundiária no Parque está em pleno avanço, “tendo sido regularizados mais de 11 mil hectares nos últimos anos, e encontram-se reservados aproximadamente 80 milhões de compensação ambiental para tal ação”. De acordo com o ICMBio, a decisão da Justiça “coloca em risco e sob alta vulnerabilidade ambiental esta importante região”.


O Instituto Chico Mendes não informou se editará um novo Decreto.

Desperdício de água volta a preocupar São Paulo


Por Sabrina Rodrigues
Entre janeiro e setembro de 2016, mais de 600 bilhões de litros de água tratada foram perdidos, isso é quase quatro represas do Guarapiranga cheias. Foto: Artur Luiz/Flickr.
Entre janeiro e setembro de 2016, mais de 600 bilhões de litros de água tratada foram perdidos, 
isso é quase quatro represas do Guarapiranga cheias. Foto: Artur Luiz/Flickr.


Problemas com o desperdício de água volta a assombrar o estado de São Paulo. Segundo dados divulgados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o índice de perdas de água por meio de vazamentos na rede e fraudes como ligações clandestinas alcançou 31,4%, ou seja, um aumento de 10% comparado a 2015. 


Para se ter uma ideia, a cada mil litros de água tratada pela Sabesp, 314 litros são desperdiçados por causa de buracos em tubulações ou por furto. Entre os meses de janeiro e setembro de 2016, mais de 600 bilhões de litros de água tratada foram perdidos, isso é mais da metade da capacidade normal do Sistema Cantareira ou quase quatro represas do Guarapiranga cheias. A situação gera bastante preocupação, pois comparando com anos anteriores, o terceiro trimestre de 2016 superou a média em 2013 (31,2%) e 2012 (31,1%), anos em que não havia crise e nem racionamento. 

Em relação às duas causas apontadas pela Sabesp para tamanha perda, os dados da estatal mostravam em 2014 que 51% da rede de abastecimento na Grande São Paulo tinham mais de 30 anos de uso. No caso dos furtos de água, dados mostram que entre janeiro e setembro de 2016, a Sabesp flagrou 19.162 casos de furto, desviando cerca de 2,9 bilhões de litros, quantidade que daria para abastecer 385 mil pessoas por um mês. A Sabesp informou que vai investir R$ 520 milhões neste ano e que substituirá 674 km de redes até 2019.


Fonte: Estadão

Greenpeace divulga as primeiras imagens dos Corais da Amazônia


Por Sabrina Rodrigues
Foto: ©Greenpeace
Imagens mostram o que está em risco caso empresas explorem petróleo na região. 
Foto: ©Greenpeace


Após quase uma semana de viagem, o Greenpeace divulgou no final de semana as primeiras imagens do recife de coral na bacia do rio Amazonas que se estende entre a costa do Amapá, passando pela costa do Maranhão até a Guiana Francesa. São 9.500 km² de extensão de um ecossistema descoberto apenas no ano passado.


Submerso pela água barrenta, nos recifes na costa amazônica predominam esponjas e algas calcárias, que se adaptam melhor à falta de luz. A descoberta foi publicada na edição de 18 de abril de 2016, da revista científica Science, por uma equipe de pesquisadores brasileiros e americanos.


A expedição agora realizada pela ONG Greenpeace tem como objetivo divulgar a importância do recife descoberto, que já sofre pressão de petrolíferas. Pelo menos três empresas já solicitaram licença para perfurar poços na bacia da foz do Amazonas.


“Ainda pouco conhecemos esse ecossistema e um vazamento poderia ser desastroso. Um dos blocos de petróleo está a apenas oito quilômetros do recife. Devemos defender toda a região da bacia da foz do rio Amazonas da ganância corporativa que coloca o lucro à frente do meio ambiente. Os processos de licenciamento ambiental já estão a caminho", afirma Thiago Almeida, da campanha de Energia do Greenpeace Brasil.


Registros
A 220 metros de profundidade, a mais de 100 quilômetros da costa brasileira, foram vistos recifes com esponjas, corais e rodolitos (algas calcárias), expondo para as lentes suas cores e formas. Também foram avistados peixes como o atum e a cioba e peixes herbívoros, comprovando a presença de algas, apesar da pouca luz do sol que chega até lá.


“Ali existe um ecossistema bem diverso. Em boa parte do recife, o chão é cheio de vida. Estou me sentindo como alguém que volta de outro planeta”, conta Ronaldo Francini Filho, professor de Biologia Marinha da Universidade Federal da Paraíba, que participou da expedição junto com as equipes do Greenpeace Brasil e Estados Unidos.

Foto: ©Greenpeace
Foto: ©Greenpeace
Foto: ©Greenpeace
Foto: ©Greenpeace
Foto: ©Greenpeace
Foto: ©Greenpeace
Foto: ©Greenpeace
Foto: ©Greenpeace

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O Que é Ser Amigo dos Animais em 40 Fotos – Parte 1

 


Amigos dos animais
Podíamos escrever um livro sobre o que é ser amigo dos animais. Todas as definições, interpretações, momentos, histórias, motivações ou argumentos. Mas há algo melhor: uma imagem vale mais que mil palavras e as 40 imagens que se seguem, valem seguramente mais do que 40 mil palavras que pudessem ser escritas sobre o assunto.


São momentos únicos, selecionados a partir das centenas de imagens que a página Real Men Are Kind to Animals reuniu. São situações aleatórias, desde o “simples” abraço entre dono e animal de estimação, até à forte empatia que emocionou o mundo entre Thomas Dörflein e o “seu” Knut, passando por situações de busca e salvamento onde se dá o tudo por tudo.


Cada imagem é única e cada momento inesquecível. Para apreciar abar o link: 


https://www.mundodosanimais.pt/fotos/amigos-dos-animais/

Como Doar o Seu Animal da Forma Mais Correta e Humana


Dicas para doar o seu animal para adoção de forma correta e humana
Fotografia: Domínio Público


A doação do próprio animal é sempre uma decisão complicada.


Quando adotamos ou compramos um animal, estamos a assumir um compromisso e responsabilidade para toda a vida. Por isso os amigos dos animais se debatem tanto para informar as pessoas dessa responsabilidade ANTES que elas adotem.


É preciso pensar muito bem e avaliar todos os prós e contras dessa decisão. Há espaço? Há tempo? Há dinheiro (por vezes muito dinheiro)? E como vai ser nas férias? A resposta prévia a estas perguntas seguramente evitaria que muitos animais acabassem abandonados nas ruas, mas ainda assim, os abandonos continuam.



Muitas vezes as pessoas decidem desfazer-se dos seus animais por problemas que poderiam ter solução. Por exemplo, se decidiu dar o seu animal devido a problemas de comportamento, já experimentou falar primeiro sobre isso com o seu veterinário? O seu animal pode estar com um problema de saúde que, por lhe causar dores e desconforto, o leve a comportar-se de forma diferente do desejável. Infeções urinárias, por exemplo, podem levar o animal a urinar pela casa toda, um problema sério mas facilmente tratável pelo veterinário.


No entanto, admitimos que possam existir situações excecionais em que uma pessoa se vê mesmo obrigada a dar os seus animais para adoção.



Uma vez que essa é uma questão que recebemos com frequência no nosso email, decidimos criar um artigo com algumas dicas para que possa doar o seu animal da forma mais humana e correta possível. Não se iluda: o processo vai ser sempre mau, ainda que possa vir a ser a melhor opção a longo prazo. O seu animal confia em si e doá-lo é um grande passo atrás para ele, quer física como emocionalmente. Para ele, você é a sua família, e ao deixá-lo vai ser como uma traição. Tenha noção disso quando tomar a decisão de o doar.



Não abandone o seu animal sob qualquer circunstância. Além de ser crime, tanto em Portugal como no Brasil (e muitos outros países) você quer e é capaz de fazer muito melhor por aquela vida que depende totalmente de si.



Nota: Apesar deste artigo estar direcionado para quem está a doar o seu próprio animal, as sugestões também se aplicam a quem está a doar um animal que resgatou. Se é o seu caso, parabéns por ter salvo uma vida! E esperamos que as dicas lhe sejam úteis.



Vamos então a algumas dicas.


1. Comece a tratar da doação atempadamente

Dificilmente conseguirá encontrar um novo dono para o seu animal de um dia para o outro. Se decidiu ir morar para o estrangeiro e não pode de forma alguma levar o seu animal, comece a tratar da doação de preferência vários meses antes da sua data de partida.
Deixar para a última hora vai dar mau resultado, e vamos ser sinceros, é uma falta de respeito para com o animal.


2. Assegure os cuidados básicos de saúde

Certifique-se que o seu animal tem a vacinação em dia, está desparasitado (interna e externamente) e, se possível, castrado / esterilizado. É bastante mais difícil encontrar um dono se o animal não tiver os seus cuidados básicos de saúde assegurados.



Caso tenha dificuldades financeiras, procure apoio junto de veterinários solidários. Em Portugal, existe o Hospital Veterinário Solidário da SOS Animal e também a Associação Animalife, que prestam apoio ao tratamento dos animais de famílias carenciadas. No Brasil, tem o Programa Veterinário Solidário da Arca Brasil. Existem campanhas de castrações gratuitas ou a preços muito reduzidos. Esteja atento ás datas e aos locais para usufruir dessa possibilidade.



Pode também solicitar ao futuro adotante que comparticipe nos custos dos cuidados veterinários necessários no momento da adoção. Cabe à pessoa aceitar essa “taxa de adoção” ou não, adotando o animal ou não (ou chegando a outro tipo de acordo consigo).



3. Pesquise o seu círculo mais próximo

Antes de começar a divulgar que o animal está disponível para adoção, fale primeiro com os seus familiares, amigos e outras pessoas conhecidas que gostem de animais.


Explique a situação, existem muitas pessoas que conhecem alguém que sempre desejou ter este ou aquele animal, e pode ser que consiga encontrar logo nos seus contactos um bom adotante.


Além de facilitar o processo, ainda tem a vantagem de ficar mais tranquilo, uma vez que já conhece a pessoa que vai ficar com o seu animal.




4. Crie um anúncio

Anúncio de adoção
Exemplo de anúncio de adoção retirado do Adopta-me



Se ninguém no seu círculo próximo estiver interessado na adoção, o próximo passo é criar um anúncio. Comece por tirar ou escolher umas boas fotos do seu animal, onde as pessoas o consigam ver nitidamente.



De seguida, comece a criar o anúncio. Existem vários serviços online que permitem criar anúncios de adoção automaticamente. Basta preencher os dados e publicar, e ficarão de imediato disponíveis para quem estiver à procura de um animal para adotar.



Em Portugal, os sites de referência para criar e publicar anúncios são o Adopta-me e a Animalife. No Brasil, tem o Pataapata, o Olhar Animal, o Web Animal, o Adote Bicho, o SOS Bichos, o Pets Online ou o Procure 1 Amigo.



No anúncio, certifique-se que coloca todas as informações importantes. Coloque o nome (personaliza o animal, em vez de ser apenas um cão ou um gato), o sexo, a idade, o porte (se for um cão), a raça (se tiver), a localização (se tiver possibilidade de entregar o animal mais longe, indique isso), a situação clínica das vacinas / desparasitação / castração / microchip e o seu contacto.



Adicione também outros dados que possam ser relevantes: o seu historial, se está habituado a apartamentos, como se dá com outros animais, como reage a crianças, entre outros. Seja honesto sobre as qualidades e defeitos do animal: não existem animais perfeitos e as pessoas ficam mais inclinadas a adotar se já conhecerem bem o animal.



Pondere ainda colocar um vídeo do animal no Youtube, e um link para o mesmo no anúncio. Hoje em dia até os telemóveis mais baratos permitem obter bons vídeos, é um detalhe interessante e rápido de fazer. Um álbum de fotografias no Facebook também pode ser uma adição interessante. Quanto mais completo e detalhado for o anúncio, maiores as probabilidades de ter sucesso.


5. Divulgue (muito)

Anúncio de adoção
Exemplo de anúncio de adoção retirado da Animalife



Esta é a parte mais importante. Encontrar um bom adotante depende muito da divulgação que fizer e a quantas pessoas conseguir chegar.



Após a criação do anúncio, divulgue-o ao máximo pelas redes sociais onde estiver presente, de preferência o Facebook e o Twitter. No caso do Facebook, procure especificamente grupos de adoção de animais e publique também neles. Existem muitos, e com milhares de pessoas, o que aumenta a sua chance.



Apesar da Internet ser um excelente meio de divulgação, não se fique por aí. Divulgue também em espaços físicos como pet shops, veterinários, cafés e lojistas que lhe permitam divulgar nas suas montras. Cole cartazes na rua (onde for permitido), sobretudo nos maiores pontos de circulação de pessoas.



Pode criar facilmente um cartaz já pronto a imprimir através do Lambe-lambe, na Arca Brasil. Em alternativa, pode criar um cartaz no seu computador através de um programa simples como o PowerPoint, ou outro semelhante.


6. Avaliação do novo adotante

Este é um passo que muitas vezes as pessoas saltam, inclusive pela pressa em doar o animal, caso tenha um prazo específico (por exemplo uma mudança para outro país). No entanto, é importante que pelo menos faça uma primeira avaliação do potencial adotante. Afinal, você quer que o animal fique bem entregue.



Converse com o possível adotante e procure saber se ele está ciente da responsabilidade de ter um animal, que condições tem previstas para o animal viver, a disponibilidade financeira para assegurar cuidados veterinários sempre que necessário e que tipo de relação tem com os animais.



Se possível, combine com o possível adotante uma visita a casa dele. Algumas pessoas sentem-se desconfortáveis, quer quem avalia as condições, como quem é avaliado, mas uma pessoa realmente interessada em adotar o animal não se importará que visite a sua casa, aliás, deverá ter todo o gosto em lhe mostrar como o animal será bem tratado e feliz.



Em casos específicos, é necessário um cuidado extra: se o animal que está a doar for arraçado de pit bull ou outra raça frequentemente utilizada em lutas de cães, procure certificar-se que não será esse o seu destino. A doação de gatos pretos durante a época do halloween também é desaconselhada pelas associações, devido a rituais e superstições que possam ferir ou mesmo matar o animal.



Se o animal ainda não estiver esterilizado, procure consciencializar o novo dono a fazê-lo, ou pelo menos evitar que procrie. A procriação descontrolada de cães e gatos é um dos grandes responsáveis pelas elevadas taxas de abandono.



7. Se não surgir um adotante

Dicas para doar o seu animal para adoção de forma correta e humana
Fotografia: Domínio Público


Caso os seus esforços na divulgação não surtam efeito, e estiver a ficar com um prazo apertado para doar o seu animal, não desista já. Ainda existem opções.


Uma delas é contactar as associações e ONG’s perto da sua área de residência. Se mora em Portugal, pode consultar a nossa lista de associações, dividida por distritos. Esta não deve ser uma opção inicial, uma vez que a grande maioria (senão todas) as associações sofrem de sobrelotação e falta de apoios. Mas em último caso, vale a tentativa.


Outra hipótese é, para além dos anúncios de adoção, anunciar também o pedido de uma FAT (Família de Acolhimento Temporário). Esta é uma situação sensível, pois a pessoa ou família que ficar temporariamente com o animal, pode arriscar-se a ter de ficar com ele por bastante mais tempo que o previsto, uma vez que você não poderá recebê-lo de volta (é por isso que o está a doar, correto?).


No entanto, é uma opção a ter em conta caso todas as outras falhem, pois a possível FAT será sensível ao facto de o animal não ter mais onde ficar. Além disso, também pode chegar a um acordo com essa pessoa, por exemplo, financiar a alimentação e outros cuidados que o animal precise enquanto está na casa da FAT, a aguardar por um dono definitivo.


Tente tudo, porque o abandono nunca pode chegar a ser uma solução em cima da mesa.


Desejamos que encontre o lar perfeito para o seu animal, porque ele certamente o merece.



SEGETH desconsidera a crise hidrica e quer adensar areas de nascentes.

Prezados,


Como vocês sabem, o Park Way foi criado para proteger um polígono extenso de recursos hídricos na bacia do Paranoá e de cerrado, possui também o objetivo de proteger, como zona tampão de amortecimento, uma série de outras Unidades de Conservação de Proteção Integral, como é o caso da EEAE‑ Estação Ecológica Águas Emendadas, FAL‑UnB –Fazenda Água Limpa, a EEIBGE‑ Estação Ecológica do IBGE, a Estação Ecológica do Jardim Botânico, a ARIE — Área de Relevante Interesse Ecológico do Cerradão e o Santuário da Vida Silvestre do Riacho Fundo.


Apesar da importancia dessa preservação ambiental para o DF, a Secretaria de Habitação,  SEGETH aproveitando-se da "atualização " da LUOS- Lei de Uso e Ocupação do Solo , tomou a decisão de destruir os bairros residenciais do DF, Park Way, Lagos Norte e Sul, justamente os mais importantes para a preservação ambiental de Brasília. O objetivo é arrecadar mais e mais sem se importar com a manutenção dos recursos hídricos ou com a qualidade de vida dos moradores do DF.

Para tanto pretende:

1.Adensar o Park Way construindo mais sessenta condomínios nas áreas verdes intersticiais.

2. Implantar um polo multifuncional estilo Polo do Guara (foto abaixo) e/ou da Ceilândia em um corredor ecológico na altura da quadra 26.


3.Transformar os condomínios residenciais exclusivos do Park Way em mistos, com autorização para ter atividades comerciais e industriais.O que vocês acham de ter dentro de seus condomínios curtumes, marcenarias, cozinhas industriais, com motoqueiros e caminhões na porta, bares, com telão para jogo de futebol, churrascaria, com musica ao vivo, cursinhos, além de açougues, peixarias e fabricas de calçados e marcenarias dentro do seu condominio? Pois é, a tabela da LUOS (CSII 1) permite todo esse tipo de atividades dentro do Park Way!

Ora, o Park Way não tem estrutura para suportar esse adensamento que vai congestionar nossas ruas e provocar o estacionamento sobre nossas áreas verdes.A única explicação é aumentar os impostos uma vez que o Park Way está cercado por Regiões Administrativas que oferecem esse tipo de serviço.O excesso de oferta comercial está inclusivo provocando o fechamento de inúmeras lojas nas Asas Norte e Sul e na W3.

Se nada fizermos e o GDF aprovar a LUOS com essas alterações, será o inicio da favelização do Park Way e o dano ambiental consequente será sentido por toda a população do DF.


Proteja o meio ambiente e as nascentes do Park Way assinando o abaixo assinado:

https://www.change.org/p/associa%C3%A7%C3%A3o-park-way-residencial-contra-o-uso-comercial-e-industrial-dentro-das-residencias-do-park-way?recruiter=528998765&utm_source=share_petition&utm_medium=copylink


O Paraná é um mar de soja


Por Guilherme José Purvin de Figueiredo
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Rodovia BR 277, que margeia o Parque Nacional do Iguaçu: plantação de soja se estende por mais de 30 km. Foto: Lindamir Monteiro da Silva.
Rodovia BR 277, que margeia o Parque Nacional do Iguaçu: plantação de soja se estende por mais 
de 30 km. Foto: Lindamir Monteiro da Silva.



No dia 17.01, “((o))eco” publicou matéria noticiando que o Paraná é o Estado que mais regenerou Mata Atlântica nos últimos trinta anos. Os dados surpreendem pelo contraste com o que acabo de ver, após quase duas semanas de viagem por espaços protegidos ao longo de 2 mil km ao norte e oeste do Paraná e extremo sul do Mato Grosso do Sul.


O cenário é desolador. Em lugar de esperados santuários ecológicos (áreas de preservação permanente nas margens de rios e topos de morro, entorno de parques, florestas em reserva legal registradas no CAR), o que se vê é um imenso oceano de soja e mais soja. Seja no trajeto de estradas principais ou secundárias, ou ainda em vicinais não pavimentadas, praticamente não se vê uma só árvore.


O resquício de nossa biodiversidade se deve em grande parte à aplicação da Lei 9.985/2000: nos Parques Nacionais da Ilha Grande ou do Iguaçu é possível vislumbrar significativos remanescentes da Mata Atlântica.


Mas atente-se: apenas dentro desse perímetro, nos estritos limites das propriedades públicas. E, mesmo assim, ainda nos deparamos com cenários chocantes. Criado em 1997, o Parque Nacional da Ilha Grande, por exemplo, é uma unidade de conservação que não tem as características jurídicas de um parque: o acesso do público para recreação em contato com a natureza ou turismo ecológico (art. 11, caput, Lei 9.985/00) está vedado – aliás, sequer é previsto no plano de manejo. Ademais, contando até com uma empresa de mineração no seu interior (decerto em razão de alguma liminar judicial lamentável), sequer cumpre os requisitos legais que o caracterizariam como unidade de proteção integral.


Já o Parque Nacional do Iguaçu, a unidade de conservação mais popular do Brasil, na prática não conta com zona de amortecimento. Em Céu Azul, plantações de soja ocupam por mais de 30 km toda a faixa de domínio da Rodovia BR 277, entre o acostamento e a divisa do parque. Para todos os efeitos, acessível ao público é tão somente a trilha em calçada de cimento para acesso às deslumbrantes cataratas, uma atividade lúdica de caráter exclusivamente recreativo que inclui a reprovável prática dos turistas de alimentarem gordos quatis com salgadinhos e balas.


O Código Florestal, que oferece os parâmetros do exercício responsável da atividade econômica agropecuária e fixa os elementos balizadores da função social da propriedade rural em sua perspectiva ambiental, parece não ter vigência no Estado do Paraná. Os horizontes de toda a região oeste e norte do Paraná, incluindo Arapongas, Cascavel, Céu Azul, Guaíra, Ibiporã, Icaraíma, Londrina, Maringá, Medianeira, Mercedes, Porto Camargo, Toledo e Umuarama, são dominados pela monocultura da soja.



Em meio à viagem rodoviária, somos surpreendidos pelo sobrevôo de aviões amarelos aspergindo agrotóxicos nas plantações.  Não há árvores. Não se consegue visualizar qualquer reserva legal florestada ou mata ciliar que possam servir de corredor ecológico. Uma exceção seriam fragmentos localizados no município de Santa Helena.


Buscando justificar os dados constantes na citada matéria d’O Eco, pondere-se que eles se referem a um período de trinta anos e que lidam com números absolutos. É bastante plausível a hipótese de que, em 1985, a degeneração da Mata Atlântica no Paraná alcançasse grau tão elevado que qualquer iniciativa tendente a inverter tal processo ao longo de 30 anos resultaria em grande salto positivo. Afinal, se um determinado território conta com 10% de áreas preservadas, elevá-las para 12% significa regenerá-las em apenas 20%; contudo, se ele contar com somente 1% de Mata Atlântica, elevá-la para 2% significará uma regeneração de 100%.


Uma segunda hipótese é de que os dados teriam sofrido uma grande defasagem no período de 2015 até este início de 2017. Isto não é implausível, já que o descaso estatal para com a biodiversidade é cada vez mais evidente. Vivemos uma época em que a prepotência de parlamentares chega a ponto de se pretender censurar enredo de escola de samba carioca que trata de populações indígenas e uso de agrotóxico. Os últimos tempos têm sido decisivos para aqueles que vociferam contra o direito constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

O Estado que mais regenerou também pode ser o que mais destruiu a floresta


Por Guilherme José Purvin de Figueiredo
Paraná, o estado que mais regenerou também é o pior aluno da sala. Foto: María Malagón/Flickr.
Paraná, o estado que mais regenerou também é o pior aluno da sala. Foto: María Malagón/Flickr.


Em 2016, a Fundação SOS Mata Atlântica oficiou ao Governo do Paraná pedindo a interrupção da concessão de licenças para a supressão de vegetação até final de 2018, além da revisão de todas as autorizações concedidas nos últimos 24 meses, para avaliação de sua conformidade com a Lei 11.428/06. Motivo: o Paraná liderava o ranking dos maiores desmatadores da Mata Atlântica, com mais de 450 mil hectares destruídos nos últimos 30 anos.


Retornando de visitas a unidades de conservação do Paraná e Mato Grosso do Sul, leio com surpresa que a mesma entidade acaba de noticiar que o Paraná é o Estado que mais regenerou a Mata Atlântica nestes 30 anos e me pergunto se os dados são contraditório ou podem ser conciliados.


Sim, eles são conciliáveis. Paraná é, a um só tempo, o Estado que mais destruiu a Mata Atlântica nos últimos anos e o que mais a regenerou. Assim, para não cairmos no ufanismo ou no catastrofismo, a pergunta que se segue deve ser dirigida a especialistas (engenheiros agrários e florestais, biólogos, zootecnistas) para saber se o saldo final foi a ampliação ou a redução da área efetiva de Mata Atlântica no Paraná.


Mas, mais importante do que medir apenas áreas de vegetação, é preciso avaliar o impacto de tão intensa renovação, não só para a flora, mas sobretudo para a fauna. Afinal, após tamanha devastação seguida de regeneração em localidades diversas, o que temos hoje são florestas em estágio inicial e médio de regeneração.



Haters convocados pelas torcidas organizadas desqualificam quem incomoda seus interesses, rotulando-os de “ecoxiitas” ou fanáticos por “passeio rústico”. De igual forma, há também quem generalize do outro lado e chame de “maníaco da moto-serra” a todo produtor rural, ignorando aquele que, por ter averbado a reserva legal de sua propriedade e nunca haver destruído as APPs, hoje concorre em situação desigual com os que foram anistiados com o “kit” oferecido por Lula e Dilma (Decreto 6686/08, Lei nº 12.651/12 e Instrução Normativa n. 12, de 6/8/2014, do IBAMA).



Empastelar o debate aproveita apenas quem tem interesse em manter o status quo atua
Quem lucra com a ausência absoluta de interesse da União e dos Estados em investir na fiscalização e aplicação do Código Florestal nas propriedades privadas e no aparelhamento decente dos órgãos ambientais para que exerçam com eficiência seus deveres de preservação adequada dos espaços protegidos?


Aplaudir ou condenar políticas públicas ambientais e tendências do agrobusiness pela leitura de números absolutos que, isolados, não significam nada, é esfacelar a Constituição Federal e deixar de lado o art. 186, que cuida da função social da propriedade rural ou o art. 225, que assegura a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.


Empastelar o debate aproveita apenas quem tem interesse em manter o status quo atual. Enquanto o clima de torcida perdurar, teremos que nos conformar com o jeitinho brasileiro e aceitar que informações equivocadas aos visitantes de parques sejam prestadas por brigadistas de incêndio.



Ou aplaudir a cessão de faixas de domínio da rodovia para que particulares realizem plantações a um metro das divisas do mais belo parque nacional do país, para diminuir os custos de manutenção de rodovia e ajudar a reduzir os riscos de incêndio. Nosso país merece mais do que isso.



Ilhas de vegetação
Algumas ponderações finais sobre o “mar de soja”. O Paraná conta com “ilhas” de vegetação: os parques integrantes do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), os parques urbanos e o projeto “Cultivando Água Boa”.


O SNUC, mesmo sucateado por sucessivos governos federais, conta com o trabalho heroico de alguns servidores públicos e com o empenho da sociedade civil. Este heroísmo traz bons frutos, de que são exemplos o Parque Nacional do Iguaçu e Parque Estadual do Guartelá, UCs que trazem alento àqueles que zelam pela biodiversidade.


Algumas cidades contam com uma biodiversidade que hoje faz inveja ao meio rural. Em Maringá, o Parque do Ingá, além da árvore que lhe dá nome, conta com exemplares de peroba, canela, jaracatiá e cedro, entre outras, que simplesmente não existem mais em perímetro rural. Londrina, por sua vez, conta com quase 8 milhões de m² de área verde, quase o dobro do recomendado pela ONU. No Lago Igapó e a Área de Lazer Luigi Borghesi – Zerão encontramos mais diversidade e mais pássaros do que ao longo dos 500 km que separam a cidade do Parque Nacional do Iguaçu.


Finalmente, o “Projeto Cultivando Água”. Em meu artigo anterior, ressalvei haver testemunhado a presença de fragmentos do bioma Mata Atlântica localizados no município de Santa Helena, localizado às margens do Rio Paraná. Esse município integra a área que é objeto de ações de restauração realizadas pela Itaipu no extremo oeste. O projeto é elogiado mundialmente e foi premiado pelas ONU.


 Esta iniciativa contribuiu significativamente para que o Paraná tenha se tornado, nos últimos trinta anos, não apenas o Estado que mais destruiu a Mata Atlântica, mas também o que mais a regenerou, como bem observado pelo leitor Clóvis Borges.

domingo, 29 de janeiro de 2017

A Presença dos Animais na História do Homem



Pinturas na Caverna de Chauvet
Pinturas de cavalos e outros animais na Caverna de Chauvet, em França, com mais de 30 mil anos

Fotografia: AFP-JIJI



O Homem, desde os seus primórdios, sempre teve uma estreita relação com mundo animal, ligada sobretudo à sua própria subsistência e sobrevivência.



Os animais sempre foram elementos integrantes do meio ambiente que os rodeava, não sendo portanto de estranhar que as primeiras representações artísticas sejam da fauna existente.



Existia uma multiplicidade de estilo e suporte para estas figuras, sendo as mais comuns as gravadas em pedra (as chamadas gravuras rupestres), ou pintadas no interior de grutas e abrigos, recorrendo a pigmentos retirados de plantas e minerais como o ocre.



Os animais mais representados são auroques (uma espécie de bovídeos já extintos), cavalos, cabras montanhesas, veados e peixes cujas espécies não foram passíveis de identificação.



Os desenhos rupestres encontram muitas vezes sobrepostos e estendem-se por dezenas de metros ao longo dos rios. Pensa-se que estes locais se tratariam de santuários ao ar livre, onde o Homem primitivo idolatrava os seus deuses e a Natureza que o rodeava, daí a recorrência destes espaços ao longo dos séculos para a gravação de figuras.



Esta relação estreita entre o Homem Pré-Histórico e os animais deve-se sobretudo ao impacto que estes tinham na vida das comunidades, grandemente dependentes da caça.
Muitos destes espaços ainda existem e podem ser visitados em Portugal. Exemplo disso é Parque Arqueológico do Vale do Côa ou a Gruta do Escoural em Montemor-o-Novo. Foi também neste período (Paleolítico) que o cão foi domesticado, acompanhando o Homem na caça e mais tarde como ajuda para controlar o gado.


Contudo ao longo dos milénios que marcaram a evolução do Homem esta relação também se modificou. Se inicialmente este caçava e recolhia os alimentos, com as mudanças climatéricas ocorridas, aumento de população e com a sua própria evolução cultural, os animais passaram a coabitar com o ser humano dando-se início ao processo de domesticação dos mesmos.



Este processo ocorreu há cerca de 9 mil anos a.C. (Neolítico), no Próximo Oriente, quando as bases económicas se transformaram gradualmente, passando a existir agricultura e pastorícia e consequentemente uma sedentarização do Homem, até aqui nómada.



Segundo vestígios arqueológicos, o primeiro animal a ter sido domesticado foi a ovelha, ideal pela quantidade de recursos que disponibilizava – carne, lã, couro e leite.
Bovídeos, equídeos, suínos e caprinos foram domesticados um pouco mais tarde por servirem de força de trabalho, meio de transporte e fonte de matéria-prima.



As aves, assim como os gatos tornaram-se animais domésticos inicialmente no Egipto. O gato pela sua capacidade de manter os celeiros limpos de pragas e pelo culto religioso que lhe era prestado e as aves pelo seu canto e estética, tornando-se um animal ornamental.
Ao longo dos séculos estas relações intensificaram-se dando origem ao animal de companhia nas mais variadas espécies desde anfíbios, repteis até ao comum cão e gato.




Este artigo foi publicado na Edição nº12 da Revista Mundo dos Animais, em Agosto de 2009, com o título “A presença dos animais na história do homem”.

Legislação brasileira referente à utilização de águas pluviais é fragmentada

Divulgação Científica



Sex, 14 de Outubro de 2016
Legislação brasileira referente à utilização de águas pluviais é fragmentada (Imagem: Google Imagens)O uso de água da chuva como complemento às redes de abastecimento é de grande importância nos esforços para mitigar a pressão sobre os recursos de água doce em todo o mundo. Os governos desempenham um papel crucial nessa batalha, pois definem as políticas que regulam e incentivam o aproveitamento da água da chuva para diversas finalidades. No Brasil, as políticas estão espalhadas, o que torna difícil visualizar qual é, exatamente, a regulamentação referente ao setor de águas pluviais.

A fim de esclarecer a questão, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) publicou um artigo científico para demonstrar a imagem da regulamentação brasileira sobre o tema. “O estudo foi motivado pela necessidade de avaliar e medir o desempenho de políticas públicas referentes às tecnologias ambientalmente responsáveis, neste caso no manejo de recursos hídricos a partir do aproveitamento de água da chuva em escala predial”, relata Yapur Dumit Gomez, autor da análise.

Com os resultados obtidos, a sociedade se torna ciente do status legislativo relacionado ao assunto, o que permitirá comparar as diferentes políticas praticadas no país, com o objetivo de replicar aquelas com desempenho satisfatório e limitar ou eliminar as que apresentam resultados deficientes.

“O cenário atual se mostra fragmentado, sendo que as regulamentações estabelecem políticas diferentes em diversas localidades. Como consequência, não se tem uma abordagem integral para impulsionar as tecnologias envolvidas”, pontua Gomez. “Adicionalmente, muitos locais do Brasil ainda não têm legislação específica sobre a matéria. Entretanto, a variedade de soluções que buscam o mesmo objetivo cria a oportunidade de avaliar e escolher as melhores aplicações para cada realidade”, complementa o pesquisador.

Modelo caseiro de coletor para água da chuva (Foto: reservatoriodeaguamineral.com.br)De qualquer forma, para Gomez, o fato de o Brasil ter uma regulamentação direcionada ao segmento o coloca em posição de vanguarda perante outros países que também se preocupam com a racionalização de recursos hídricos. “Por outro lado, países como Alemanha, Austrália e Japão ainda são o exemplo a seguir na eficácia de prática, fiscalização e abrangência das regulamentações nesse tema”, indica.

Intitulada “A view of the legislative scenario for rainwater harvesting in Brazil”, a pesquisa está disponível para acesso gratuito pelos usuários do Portal de Periódicos da Capes, por meio da revista científica Journal of Cleaner Production. Segundo Gomez, “a equipe (responsável pelo estudo) considera o Portal um recurso de informação valioso, utilizado como uma de nossas principais ferramentas de pesquisa”.

De acordo com o autor, a grande quantidade de informação de qualidade disponível em texto completo pelo Portal de Periódicos permite realizar pesquisas rigorosas sobre uma variada gama de áreas de atuação. “O Portal é essencial para o crescimento da ciência, pois o acesso à informação de qualidade é base para qualquer tipo de pesquisa”, sinaliza Gomez.

O pesquisador Yapur Dumit Gomez é autor do estudo (Foto: acervo pessoal)Sobre políticas de águas pluviais, Yapur Gomez afirma que o Brasil tem motivos para comemorar. “Há anos a pesquisa sobre o aproveitamento de água da chuva vem crescendo e, no Brasil, numerosos autores têm publicado bastante, tanto em periódicos nacionais como internacionais. Acredito que a contribuição brasileira com o tema seja de grande importância, não só pela qualidade das pesquisas, mas também pela variedade de ambientes em que são realizadas, como Floresta Amazônica, Semiárido Nordestino, Serra Gaúcha, entre outros tantos. Isto faz com que a investigação seja relevante para diferentes contextos que podem se apresentar ao redor do mundo”, conclui.

O artigo também conta com a autoria dos cientistas Paulo Pacheco, Izabelle de Oliveira e Luiza Teixeira.
Alice Oliveira dos Santos

Árvore que representa o Brasil recebe nova nomenclatura científica




Divulgação Científica



Sex, 04 de Novembro de 2016
Exemplar de pau-brasil adulto nas matas do cartão-postal carioca (Foto: arvoresdesaopaulo.wordpress.com)A árvore-símbolo do Brasil ganhou uma nova denominação. Artigo publicado pela revista científica PhytoKeys –  acessada  no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – utilizou sequências de DNA para analisar as relações entre o pau-brasil e 205 outras plantas tropicais com genética semelhante. O resultado foi que o pau-brasil é uma espécie única e, dessa forma, deve pertencer a um gênero distinto.

Intitulada “A new generic system for the pantropical Caesalpinia group (Leguminosae)” a pesquisa teve condução de autores de diversas localidades, incluindo o pesquisador brasileiro Luciano Paganucci de Queiroz, da Universidade Estadual de Feira de Santana. Devido à relevância da espécie, os cientistas batizaram o gênero de Paubrasilia, versão latina do próprio nome da planta. Antes, o pau-brasil pertencia ao gênero Caesalpinia, que engloba as outras espécies envolvidas no estudo comparativo. O nome científico do pau-brasil muda, então, de Caesalpinia enchinata para Paubrasilia enchinata.

Os pesquisadores esperam que a identificação do novo gênero atraia atenção para a atual situação das florestas litorâneas brasileiras. De acordo com informações do artigo, "menos de 7% da Mata Atlântica no Brasil permanecem intactos e, durante trabalhos de campo recentes, foram testemunhadas evidências de tráfico ilegal de pau-brasil".

O estudo completo pode ser acessado pela comunidade acadêmica brasileira gratuitamente. Para isso, basta buscar uma instituição de ensino ou pesquisa participante do Portal de Periódicos da Capes. O título PhytoKeys pode ser localizado na opção Buscar periódico. A revista científica publica conteúdos revisados por pares e visa disseminar artigos que contribuam com pesquisas e intercâmbio de informações direcionadas a taxonomia, filogenia, biogeografia e evolução de plantas.

Com informações do jornal O Globo

Alice Oliveira dos Santos

Viver próximo a ruas movimentadas é fator de risco para desenvolver demência

Divulgação Científica



Sex, 06 de Janeiro de 2017
Poluição e ruídos poderiam contribuir para a perda de memória e capacidade mental, dizem cientistas (BBC News / EPA)Viver perto de estradas e ruas movimentadas pode afetar negativamente a cognição, aumentando as chances de o indivíduo desenvolver doenças como demência, mal de Parkinson e esclerose múltipla. É o que sugere um recente estudo publicado pela revista científica The Lancet – disponível no acervo do Portal de Periódicos da Capes. 

O estudo “Living near major roads and the incidence of dementia, Parkinson's disease, and multiple sclerosis: a population-based cohort study”, desenvolvido por cientistas dos Estados Unidos e do Canadá, indica que até 11% dos casos de doenças mentais em pessoas que moram a 50 metros ou menos de uma grande via podem ser consequência da proximidade com o trânsito intenso.

Quase 50 milhões de pessoas no mundo têm demência. No entanto, as causas desse mal, que afeta a memória e a capacidade mental do indivíduo, ainda não são bem compreendidas. Os pesquisadores, que monitoraram dois milhões de pessoas no Canadá ao longo de 11 anos, afirmam que a poluição e o ruído podem contribuir para esse tipo de degeneração.

Hong Chen, um dos autores do estudo, afirmou em entrevista à BBC que "o crescimento da população e a urbanização levaram muitas pessoas a morarem próximas de locais com trânsito intenso". Assim, segundo ele, “junto com o aumento dos índices de demência, isso aponta para que mesmo um efeito modesto da exposição a vias próximas pode representar um risco à saúde pública". Todavia, Hong Chen reconhece que são necessárias mais pesquisas para estabelecer a ligação e os impactos de diferentes aspectos do trânsito.

Tom Dening, diretor do Centro para Demência da Universidade de Nottingham (Reino Unido), disse que os resultados são "interessantes e instigantes": “é plausível que a poluição no ar gerada pela fumaça de motores possa contribuir para uma patologia cerebral e, com o tempo, elevar o risco do desenvolvimento de demência. Essas evidências contribuem para deixar em alerta quem mora perto de um local com tráfego intenso".

Os especialistas apontam que o melhor a fazer para reduzir o risco é cultivar hábitos saudáveis para o corpo, como não fumar, fazer exercícios e ter uma boa alimentação.

Capa janeiro 2017 (Foto: The Lancet)Os resultados da pesquisa estão disponíveis na íntegra para os usuários do Portal de Periódicos. Para acessá-los, basta entrar na opção Buscar periódico e inserir o nome da publicação The Lancet. O título é uma das principais revistas médicas independentes do mundo. Com cobertura internacional, o periódico se estende a todos os aspectos da saúde humana. A publicação tem fator de impacto de 44.002 (2015, Journal Citation Reports, Thomson Reuters) e está atualmente em segundo lugar entre 155 revistas científicas na categoria “Medicine, General & Internal” (2015, Journal Citation Reports, Thomson Reuters)*.


Com informações da BBC Brasil

*Dados extraídos do JCR 2015 em 06/01/2017


Alice Oliveira dos Santos

Praticar corrida aumenta a capacidade cognitiva




Divulgação Científica



Sex, 27 de Janeiro de 2017
Praticar corrida aumenta a capacidade cognitiva, diz estudo (Foto: Google Imagens)O treinamento em habilidades motoras pode estar associado a mudanças em estruturas e funções neurais, sendo positivo para a capacidade cognitiva. É o que apresenta o artigo “Differences in resting state functional connectivity between young adult endurance athletes and healthy controls”, publicado pela revista científica Frontiers in Human Neuroscience. A publicação está disponível para acesso gratuito pela comunidade acadêmica brasileira neste link do Portal de Periódicos da Capes.

Os pesquisadores descobriram que corredores que competem longas distâncias mostram conexões cerebrais diferentes das apresentadas por pessoas saudáveis, mas sedentárias. Essas conexões foram identificadas em áreas do cérebro conhecidas por ajudar na cognição sofisticada: memória de trabalho, capacidade multitarefa, atenção, tomada de decisão e processamento de informações sensoriais.

A comunidade científica já sabe há algum tempo que atividades como ginástica e badminton afetam de forma positiva a cognição. No entanto, a corrida nunca havia sido considerada, até agora, um esporte que exigisse muito do cérebro. Os resultados sugerem que quem pratica o esporte com frequência tende a ter maior interação entre partes do cérebro dedicadas à cognição e ao foco mental.

“Nosso estudo mostra que correr pode não ser uma atividade tão simples. Requer habilidades de navegação complexas, além de uma capacidade de planejar, monitorar, responder ao ambiente e continuar com todas as atividades motoras sequenciais de execução, que são, elas próprias, complicadas”, disse Gene Alexander, um dos cientistas responsáveis pelo trabalho, ao jornal O Globo.

O periódico Frontiers in Human Neuroscience tem um fator de impacto de 3.634, segundo o Journal Citation Reports (2015, Thomson Reuters). Desde o seu lançamento, em 2008, tornou-se uma das revistas científicas mais citadas nas áreas de psicologia e neurociências. O título pode ser localizado a partir da opção Buscar periódico do Portal.

Com informações do jornal O Globo

Alice Oliveira dos Santos

sábado, 28 de janeiro de 2017

Desmatamento e urbanização contribuem para aumento da febre amarela


Fonte: ENVOLVERDE

Por Paula Laboissière, da Agência Brasil

O desmatamento intenso, a urbanização desordenada de áreas rurais e as conseqüentes mudanças climáticas decorrentes de todo o processo colaboram para que doenças como a febre amarela se alastrem não só no Brasil, mas também em um grande número de países em todo o mundo. A afirmação é do médico epidemiologista José Cássio de Moraes, da Santa Casa de São Paulo.

O último relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta crescimento não apenas do número de casos de febre amarela como também do número de países atingidos pela doença nos últimos 20 anos. “Toda essa mudança do ecossistema, o aquecimento global, chuvas intensas, calor, tudo isso é um facilitador de doenças por vetores", disse o Moraes. Ele destacou a grande preocupação mundial com o que tais mudanças podem representar de aumento desse tipo de doença.

Segundo Moraes, existe ainda outro agravante: a grande dificuldade de controle da transmissão pelo mosquito Aedes aegypti: Além do fácil acúmulo de água em recipientes, o combate ao mosquito transmissor com inseticidas tem uma grande limitação – o produto se espalha facilmente e é necessária a visita de agentes de controle de casa em casa para um combate efetivo às larvas. “Isso é praticamente inviável. Tem uma dificuldade ecológica importante na transmissão de doenças por vetores”.

O epidemiologista lembrou que, no início do ano 2000, houve um aumento de casos de febre amarela similar ao que se registra atualmente no país – em viajantes que visitaram regiões turísticas durante o período de férias, sobretudo nos estados de Goiás e de Mato Grosso.

“Na passagem do milênio, houve várias excursões a locais considerados exotéricos, como a Chapada dos Veadeiros [em Goiás] e a Chapada dos Guimarães [em Mato Grosso]. Tivemos um aumento razoável de casos de febre amarela em viajantes que foram para essas regiões e não estavam vacinados.”

Segundo ele, a invasão de terras para a criação de trilhas ecológicas com fins comerciais, como é o caso de regiões em Goiás e também em Minas Gerais, provocam grandes alterações no ecossistema, que podem levar o mosquito haemagogus a substituir o macaco pelo homem. “Os macacos vivem nas copas das árvores. O ciclo se forma e se mantém restrito ali. Na hora em que as árvores são destruídas e surge a presença de um outro primata, o ser humano, esse haemagogus vai substituir o macaco pelo homem”.

Moraes alerta que, se a expansão urbana em áreas rurais não for ordenada e equilibrada, a mudança pode acarretar não só o aumento de casos de febre amarela em escala mundial, como também de outras doenças transmitidas por vetores, como a leishmaniose e a malária. “Existe toda essa questão de desequilíbrio e ocupação desordenada, que traz este aumento de casos”.

Ele acredita que o quadro de febre amarela no Brasil é de uma epidemia localizada em população não-vacinada, que mora em regiões rurais ou que entra em contato com a mata onde podem ser encontrados macacos portadores do vírus da doença.

De acordo com o epidemiologista, a situação endêmica ocorre quando existe um número bastante reduzido de casos. Os surtos são registrados apenas em áreas restritas, como uma comunidade ou uma escola. Já o alastramento de casos é caracterizado como epidemia. “Qualquer caso que exceda aquele padrão de poucos casos já se considera epidemia”, afirmou Moraes.

(Envolverde/Mercado Ético)
Data: 21/01/2008

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Antropoceno: a força destruidora de uma espécie, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017


“Vivemos o tempo dos pontos catastróficos e da reversão das curvas”
(Danowski e Viveiros de Castro, 2014)



 Antropoceno é a Era dos Humanos. O prefixo grego “antropo” significa humano; e o sufixo “ceno” denota as eras geológicas. O termo foi proposto por Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química de 1995, para substituir o Holoceno (que começou há cerca de 10 mil anos). Antropoceno significa que os seres humanos se transformaram em uma espécie de força geológica que tem o poder de revolver a terra, modificar o ritmo do ciclo de vida da Terra e alterar a química dos solos, das águas e do ar.


A ideia de que estamos vivendo uma nova fase da história geológica, marcada pelos impactos avassaladores da ação de uma única espécie sobre a estrutura do Planeta está a um passo da aprovação oficial, em função da proposta do Grupo de Trabalho do Antropoceno apresentada durante o 35º Congresso Geológico Internacional, realizado, em setembro de 2016, na Cidade do Cabo (África do Sul). Dos 35 membros do grupo coordenado por Jan Zalasiewicz, da Universidade de Leicester (Reino Unido), 30 se posicionaram a favor de formalizar o Antropoceno como uma fase geológica distinta do desenvolvimento do Planeta, e não como uma simples designação simbólica dos impactos do Homo sapiens sobre a biosfera. Foi também apoiada a proposta de definir o início do Antropoceno como a década de 1950.


A proposta de considerar a década de 1950 como início do Antropoceno se deve a vários motivos: 1) ascensão de testes nucleares em escala ampla, produzindo o elemento químico plutônio; 2) aumento vertiginoso da concentração de dióxido de carbono na atmosfera (por conta da queima de combustíveis fósseis); 3) aparecimento de plásticos ou de alumínio puro, materiais nunca vistos no planeta antes do século passado. A decisão final ainda será tomada pelo comitê executivo da União Internacional de Ciências Geológicas.


De fato, a década de 1950 marcou um ponto de aceleração das atividades antrópicas no Planeta. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a construção de uma nova hegemonia econômica e uma nova arquitetura de governança global (ONU, FMI, Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio – GATT), o crescimento demoeconômico nunca foi tão grande e tão impactante.


A população mundial era de 2,5 bilhões de habitantes em 1950 e chegou a 7,5 bilhões em 2016. Ou seja, um crescimento de 3 vezes em 66 anos, ou um aumento de 5 bilhões de habitantes, o dobro do montante de pessoas reunidas em um mesmo ano, no espaço de tempo desde o início da história da humanidade até meados do século XX.


Mas isto foi pouco diante do crescimento da economia. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 12,2 vezes e o PIB per capita cresceu cerca de 5 vezes entre 1950 e 2016. Houve redução da mortalidade infantil e a esperança de vida ao nascer da população mundial passou de 47 anos no quinquênio 1950-55 para 72 anos no quinquênio 2015-20. Houve também redução da pobreza absoluta e melhoria nas taxas de matrícula em todos os níveis de ensino. Embora de forma desigual, o progresso humano foi incontestável. Mas isto ocorreu em função do regresso ambiental, da degradação dos ecossistemas, da perda de biodiversidade, do holocausto biológico e da grande emissão de gases de efeito estufa (GEE).



Sem dúvida, a humanidade se multiplicou e melhorou o seu padrão de vida no Antropoceno. Mas nunca uma espécie destruiu tantas outras espécies e consumiu tantos recursos naturais em tão pouco tempo, além de gerar lixo, poluição e um rastro de perdas e danos ambientais.



O International Geosphere-Biosphere Programme (IBBP) mostra que desde o final da Segunda Guerra Mundial houve uma “grande aceleração” do desenvolvimento social e econômico a nível mundial que está conduzindo a uma crescente escassez dos recursos naturais e a grave depleção do meio ambiente. O IGBP elaborou uma série de gráficos que ilustram como o crescimento demoeconômico aumentou o apetite por recursos naturais e tiveram um crescimento exponencial desde 1950. Os gráficos com maior detalhe podem ser vistos no link da referência.



Toda essa aceleração da dominação humana e da exploração da natureza provocou o desmatamento das florestas para utilizar as madeiras de lei, fazer carvão e ampliar as atividades da agricultura e da pecuária. Represou rios, drenou pântanos, alterou a paisagem natural. Os aquíferos estão sendo utilizados em uma taxa maior do que a capacidade de recarga. Danificou os solos, ampliou as áreas desérticas e gerou desertos verdes que provocam a defaunação. 

O sistema de produção e consumo que satisfaz o desejo egoístico de possuir bens e serviços gera crescentemente lixo, resíduos sólidos e poluição. Os aterros sanitários são uma fonte de propagação de doenças e de danos ambientais. Os oceanos tendem a ter mais plásticos poluidores do que peixes. Dezenas de milhares de espécies desapareceram e outras centenas de milhares estão em riscos de extinção. 

Para manter o crescimento econômico a terra foi revolvida para extrair minérios, para buscar petróleo no fundo do subsolo e para outros usos que emitem gases de efeito estufa que alteram a química da atmosfera, provocando o aquecimento global e a acidificação dos solos e das águas, além do aumento do nível dos mares, o que ameaça bilhões de pessoas que vivem ou dependem das áreas costeiras, enquanto definha a vida marinha.

Os seres humanos estão produzindo e consumindo recursos a uma taxa geologicamente sem precedentes – uma taxa que deve ser mantida para continuar a alto nível e complexidade da atual civilização (com base nos combustíveis fósseis). Este alto consumo formou um ‘novo padrão” no fluxo de energia global do planeta, que cresce com o aumento da população (conforme figura abaixo, Earth’s Future, 2016) e é incompatível com o fluxo metabólico entrópico.

O relatório “Global Material Flows And Resource Productivity” (UNEP, julho de 2016) aponta que a extração de recursos naturais globais aumentou três vezes nos últimos 40 anos. A quantidade de matérias-primas arrancadas do seio da natureza subiu de 22 bilhões de toneladas em 1970 para 70 bilhões de toneladas em 2010, com os países mais ricos consumindo duas vezes mais do que a média mundial.



O aumento do uso de materiais globais acelerou rapidamente nos anos 2000, com o crescimento das economias emergentes, em especial com o crescimento da China que passou por grandes transformações industriais e urbanas que demandaram enorme quantidade de matérias-primas, de ferro, aço, cimento, energia, material de construção, etc. O crescimento na extração de recursos naturais passou de 7 toneladas per capita em 1970 para 10 toneladas per capita em 2010.



Se a extração de recursos continuar, em 2050, haverá uma população de mais de 9 bilhões de habitantes e uma demanda de 180 bilhões de toneladas de material a cada ano para atender às demandas antrópicas. Esta é a quantidade quase três vezes a situação atual e provavelmente vai aumentar a acidificação dos terrenos e das águas, a eutrofização dos solos do mundo e dos corpos de água, além de aumentar a erosão e aumentar a poluição e as quantidades de resíduos. Ou seja, em vez de haver “desacoplamento” (decoupling), a economia internacional está utilizando cada vez mais recursos da natureza per capita e por unidade do PIB. O modelo marrom continua e o sonho da economia verde tem sido, na verdade, um pesadelo.



As emissões de GEE continuam em ritmo perigoso. Durante, pelo menos, os últimos 800 mil anos o nível de CO2 na atmosfera ficou abaixo de 280 partes por milhão (ppm). Mas com o início da Revolução Industrial e Energética os níveis subiram, chegando a 310 ppm em 1950, 350 ppm em 1990 e 400 ppm em 2015 e 407,7 ppm em maio de 2016. Ainda no século XXI o nível de CO2 na atmosfera deve chegar ao dobro do que aconteceu no máximo dos últimos 800 mil anos. Isto aumenta o efeito estufa e torna o aquecimento um processo inevitável.



Nunca a concentração de CO2 subiu tão rápido quanto no Antropoceno (desde 1950) e nunca os seres vivos da Terra tiveram tão pouco tempo para se adaptar. Embora as mudanças climáticas no passado tenham sido causadas por fatores naturais, as atividades humanas são agora as principais forças de mudança. As atividades antrópicas estão afetando o clima através de aumento dos níveis atmosféricos de gases do efeito estufa e outras substâncias poluidoras.



Por tudo isto, não há dúvida de que o Planeta está caminhando para uma temperatura elevada e o Antropoceno vai bater os recordes dos últimos 5 milhões de anos. O recorde de temperatura atingido em 2016 é uma demonstração dos perigos à frente. Desde o surgimento da espécie Homo, nunca o clima foi tão ameaçador. O nível do mar pode subir até 2 metros até 2100 e continuar subindo entre 6 e 9 metros em função do degelo do Ártico, da Groenlândia, da Antártica e dos glaciares. Um dos efeitos imediatos será a inundação de milhões de casas e quilômetros de áreas férteis da agricultura nas regiões litorâneas, gerando perda na produção de alimentos, pobreza e grande número de refugiados do clima.



Segundo o livro “The Last Beach”, de Orrin Pilkey e Andrew Cooper, a elevação do nível do mar e as tempestades e furacões por conta das mudanças climáticas, estão provocando vasta erosão de areia em direção ao fundo dos oceanos, promovendo a “varredura” do solo costeiro e destruindo grandes extensões de praias densamente povoadas. Praias famosas do Rio de Janeiro como Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon e Barra da Tijuca podem desaparecer até o final do século XXI. O caos urbano será terrível.


As civilizações humanas se desenvolveram durante o Holoceno e chegaram ao auge no Antropoceno. Se não houver uma mudança de rumo e um decrescimento demoeconômico, com restauração dos ecossistemas e das áreas anecúmenas, a humanidade pode estar caminhando para o precipício e pode estar gerando a 6ª extinção em massa da vida na Terra. O resultado pode ser um ecocídio seguido de suicídio.



Referências:



DANOWSKI, Déborah; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Cultura e Bárbarie/Instituto Sociambiental, Florianópolis, 2014 (p.24)
http://culturaebarbarie.org/?page_id=751
International Geosphere-Biosphere Programme (IGBP)



http://www.igbp.net/globalchange/greatacceleration.4.1b8ae20512db692f2a680001630.html
UNEP, Global Material Flows And Resource Productivity: Assessment Report for the UNEP International Resource Panel, Jul 2016



http://unep.org/documents/irp/16-00169_LW_GlobalMaterialFlowsUNEReport_FINAL_160701.pdf
Mark Williams, Jan Zalasiewicz, Colin N. Waters, Matt Edgeworth, Carys Bennett, Anthony D. Barnosky, Erle C. Ellis, Michael A. Ellis, Alejandro Cearreta, Peter K. Haff, Juliana A. Ivar do Sul, Reinhold Leinfelder, John R. McNeill, Eric Odada, Naomi Oreskes, Andrew Revkin, Daniel deB Richter, Will Steffen, Colin Summerhayes, James P. Syvitski, Davor Vidas, Michael Wagreich, Scott L. Wing, Alexander P. Wolfe, An Zhisheng. The Anthropocene: a conspicuous stratigraphical signal of anthropogenic changes in production and consumption across the biosphere. Earth’s Future, 2016; DOI: 10.1002/2015EF000339



http://energyskeptic.com/2016/a-strong-case-for-the-anthropocene-no-other-species-has-ever-consumed-as-much-of-earths-resources-so-quickly/



Peter Walker. Climate change escalating so fast it is ‘beyond point of no return’, Independent, 01/12/2016
http://www.independent.co.uk/news/science/donald-trump-climate-change-policy-global-warming-expert-thomas-crowther-a7450236.html



José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br


Fonte: EcoDebate

Príncipe Charles alerta: negar mudança climática destrói o planeta

egunda-feira, 23 de janeiro de 2017



O príncipe Charles da Inglaterra alertou neste domingo (22) que o planeta está sendo destruído porque algumas pessoas insistem em negar os efeitos da mudança climática e, com isso, freiam medidas imediatas para reverter o aquecimento global.




“Podemos assumir a evidência científica e atuar de forma condizente, ou simplesmente podemos encontrar meios de continuar sem aceitar que precisamos de ações imediatas e robustas”, afirmou o herdeiro do trono britânico ao jornal “Mail on Sunday”.



“O problema dessa segunda opção é que continuaremos ameaçando nosso mundo com a destruição até que os estudos demonstrem que sua viabilidade e habitabilidade ficaram aniquiladas”, alertou.


O príncipe considera que a evidência da mudança climática é inegável e que a situação é tão séria que já não é possível “olhar para o lado nem esconder a cabeça na areia”.



A advertência acontece dois dias após a posse do novo presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, que negou a existência do aquecimento global e chegou a dizer que se trata de “um engano dos chineses”.


Na campanha eleitoral, Trump se mostrou partidário de cancelar os acordos sobre meio ambiente da convenção de Paris, realizada em 2015, assinados por mais de 170 países.


Nas primeiras horas do mandato do bilionário, o site da Casa Branca suprimiu as referências prévias à mudança climática, que o governo do agora ex-presidente Barack Obama tinha elevado a um dos temas-chave de seu mandato.


“Atuar agora é muito mais barato que tentar recolher as peças mais tarde”, disse Charles, para quem o aquecimento “está levando à extinção de algumas espécies, ameaça o acesso a alimentos e água, e é um fator que contribui às migrações de pessoas”.


“Quando entrarmos em acordo, poderá ser tarde demais para fazer algo a respeito”, completou o herdeiro do trono.


Durante esta semana, a primeira-ministra britânica, Theresa May, se reunirá com Trump em Washington.


Fonte: Terra

Tese de doutorado revela o potencial turístico e econômico das unidades de conservação

Parque Nacional Lencois Maranhenses. Foto: João Freire/ICMBio
Parque Nacional Lencois Maranhenses. Foto: João Freire/ICMBio


A recém-publicada tese de doutorado em Ecologia de Thiago Beraldo, analista ambiental do ICMBio, concluiu o seguinte: o uso público é um serviço ambiental e cultural oferecido pelas unidades de conservação que, além de movimentar a economia, deve ser encarado como um aliado da natureza – afinal, quanto mais as pessoas têm acesso e conhecem estas áreas protegidas, mais elas advogarão a favor do meio ambiente.


A tese Avaliação da oferta, demanda e impactos econômicos do turismo em unidades de conservação federais do Brasil é resultado de um abrangente projeto de pesquisa realizado pelo analista ambiental na Universidade da Flórida (EUA). O trabalho já foi apresentado em importantes eventos internacionais, como o Congresso Mundial da Conservação, realizado em setembro de 2016 no Havaí, e a 13ª Conferência das Partes sobre Diversidade Biológica (COP 13), que aconteceu no último mês de dezembro em Cancun, no México.


“Eu procurei analisar a oferta e demanda de todo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Meu objetivo era entender a dinâmica do uso público nas áreas protegidas e os impactos econômicos da visitação, isto é, quanto o gasto do visitante gera para a economia local”, destaca o pesquisador. Os resultados numéricos do estudo surpreendem: o turismo em unidades de conservação movimenta aproximadamente R$ 4 bilhões por ano, gera 43 mil empregos e agrega R$ 1,5 bilhão ao Produto Interno Bruto (PIB).


Atrativos turísticos
O trabalho identificou 36 classes de atrativos turísticos nas nossas áreas protegidas, entre naturais (praias, montanhas, florestas e até mesmo neve, no Parque Nacional de São Joaquim) e culturais (parques arqueológicos, patrimônios arquitetônicos, comunidades tradicionais, etc). “Outro dado interessante é que o Brasil já conta com mais de 1.600 km de trilhas disponíveis para uso público”, ressalta Beraldo.

Além das tradicionais trilhas, outras 57 atividades menos convencionais estão em curso e podem ser exploradas pelos visitantes. Interação com golfinhos, arvorismo, observação de fauna, camping, rapel, visitas a comunidades, passeios a cavalo e canoagem são alguns exemplos do que já vem sendo oferecido aos turistas.
Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Acervo ICMBio
Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Acervo ICMBio


Potencial brasileiro
O pesquisador explica que sua análise da visitação em UCs teve como base dois eixos principais: o interno, que avalia potenciais da área como belezas cênicas, atividades e serviços oferecidos na unidade; e o externo, que avalia o local em que a unidade está situada. “De modo geral, as pessoas buscam um destino turístico que inclui diversos atrativos – entre eles a unidade de conservação (UC). As UCs que atraem o turista apenas por elas mesmas, a exemplo do Parque Nacional do Monte Roraima (RR), são exceções à regra”, afirma.


Nesse sentido, Beraldo aponta para o fato de que o Brasil possui diversas áreas protegidas ainda não tão valorizadas, mas com grande potencial de atração de visitantes justamente pelos locais onde se encontram. A Floresta Nacional de Brasília (DF), a Floresta Nacional de Canela (RS) e o Parque Nacional da Serra do Itajaí (SC), podem ser citados como exemplos desse potencial a ser explorado.


Outro aspecto analisado no trabalho é o tempo de duração das visitas. Segundo o pesquisador, ainda estamos muito limitados aos passeios de apenas um dia. “Basta comparar com os Estados Unidos, onde boa parte dos visitantes dorme e passa pelo menos dois dias na unidade. Para seguirmos essa tendência, precisamos ampliar a oferta de campings nas nossas UCs”, argumenta.


Ao longo dos quatro anos de construção da sua tese, Beraldo constatou que o uso público é, na verdade, mais simples do que se pensa. “Os visitantes de unidades de conservação querem somente ter o direito de realizar algumas atividades em contato direto com a natureza”, conclui.

*Com informações da Comunicação Social ICMBio