terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Brasil se compromete com a conservação de espécies ameaçadas de extinção, mas pretende liberar a caça (??!!!).

 

09 Dezembro 2016  |  

 
Por Frederico Brandão, de Cancun

Durante o Segmento de Alto Nível da Conferência das Partes (COP) 13, em Cancun, o Brasil se comprometeu a garantir que 100% de suas espécies ameaçadas estejam sob alguma forma de estratégia de conservação até 2020, além de melhorar o status de conservação de pelo menos 10% dessas espécies.

Um dos primeiros passos para isso foi o levantamento de espécies ameaçadas, realizado entre 2009 e 2014, e que representou o maior esforço mundial sobre o tema já feito em um país. O processo envolveu mais de 1,2 mil pesquisadores que avaliaram 12.254 espécies - 8.922 vertebrados e 3.332 invertebrados. Como resultado, foram identificadas 1.173 espécies ameaçadas da fauna do Brasil, em diferentes níveis de perigo de extinção.

Os dados estão publicados no Sumário Executivo do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, lançado oficialmente hoje (8/12), em evento paralelo na COP 13. O trabalho foi realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com treinamento e orientação da UICN e colaboração de diversas organizações. Foi a primeira vez que o órgão coordenou o processo de avaliação das espécies da fauna, identificando o risco de extinção de todos os vertebrados com ocorrência no Brasil e de um grupo selecionado de invertebrados. A previsão é que o trabalho seja contínuo e aconteça a cada cinco anos.

O documento tem 75 páginas, em versão bilíngue, e disponível no site do ICMBio. O Livro Vermelho completo será lançado em março de 2017 e terá entre 4 mil e 6 mil páginas, incluindo a descrição dos dados de todas espécies, fotos e mapas de ocorrência.

A avaliação é considerada pelos especialistas uma das mais relevantes do mundo, por se tratar do Brasil, país megadiverso com alto índice de biodiversidade. “Não é apenas sobre o número de espécies, mas também sobre as principais ameaças e drivers relacionados ao seu estado de conservação. O levantamento confirmou que a perda de habitats, como conversão de ecossistemas e desmatamento, é a ameaça mais importante para a extinção de espécies terrestres e de água doce”, explica Claudio Maretti, diretor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

De acordo com Ana Paula Prates, coordenadora dos Planos de Ação para a conservação das espécies ameaçadas (PAN), do ICMBio,  esse é um primeiro passo, crucial, para o Brasil alcançar a meta 12 de Aichi - que prevê a extinção zero de espécies até 2020. “O País lança esse Sumário em um momento crucial que o mundo está aqui em Cancun no meio do caminho da avaliação da implementação das metas de Aichi. O levantamento das espécies ameaçadas faz parte dos critérios para se atingir essa meta”, avalia.

“A lista de espécies ameaçadas é uma ferramenta essencial para direcionar os esforços de conservação do Brasil, inclusive aqueles relacionados à criação de novas unidades de conservação, foco da Meta 11 de Aichi. A redução do status de ameaça dessas espécies exigirá um trabalho coordenado para garantir que planos e programas de diferentes setores do governo e sociedade incorporem a conservação e manejo dessas espécies”, avalia Mariana Napolitano, coordenador do Programa de Ciências do WWF-Brasil.

Próximos passos
Compreender o estado de conservação da biodiversidade é o ponto de partida para um planejamento sistemático das medidas que devem ser tomadas para reduzir o risco de extinção das espécies, garantir sua sobrevivência e manter a funcionalidade dos ecossistemas.

Uma medida importante para reduzir as ameaças e conservar espécies são as áreas protegidas. Atualmente, o Brasil possui 2.029 áreas protegidas, que compreendem cerca de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, dos quais 326 são de nível nacional com aproximadamente a metade da área total. A avaliação de espécies ameaçadas mostrou que, do total encontrado, apenas 180 espécies não estão dentro de unidades de conservação (UCs).

Além disso, o ICMBio tem coordenado os PANs para reduzir as ameaças às espécies. Atualmente 545 das espécies ameaçadas (cerca de 47%) são cobertas por pelo menos um plano de ação (com 40 desses planos atualmente em funcionamento). A meta nacional para 2020 é ter todas as espécies ameaçadas cobertas por planos de ação em implementação.
© Frederico Brandão/ WWF-Brasil

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