sábado, 25 de março de 2017

Abaixo assinado contra a caça de baleias.


Queridos amigos,

Dentro de apenas alguns dias, a Noruega vai começar uma terrível tradição anual: o massacre implacável de centenas de baleias. Mas temos uma estratégia para dizer ao país: "SAIA DESSA!"

As baleias são criaturas belas e imponentes. Sabemos que elas cantam para se comunicar e sentem emoções, como os seres humanos. Apesar disso, todos os anos esses animais incríveis são caçados, mortos e destrinchados na Noruega, para fazer ração e produtos de beleza. É insuportável.

A Noruega conseguiu passar desapercebida com o título de maior país caçador de baleias. Se fizermos uma campanha como nunca antes, mostrando a grande indignação global, poderemos pressionar a Europa a fechar os portos para baleeiros noruegueses. Conseguimos fazer isso no caso da Islândia – vamos tentar de novo!

Acrescente seu nome para exigir o fim da caça às baleias e dizer: Noruega, SAIA DESSA!

Nosso movimento e organizações parceiras já conseguiram que a Alemanha e a Holanda se mobilizassem para fechar seus portos para os baleeiros da Islândia, forçando um dos maiores caçadores do país a encerrar suas operações. Também pressionamos a Comissão Internacional da Baleia para reprimir a "caça científica" e ajudamos a definir uma rota para proteger 30% dos nossos oceanos até 2030.

Apesar do massacre anual que promove, a Noruega segue impune há muito tempo e, para piorar, o governo acabou de anunciar que pretende dobrar as quotas de abate! Mas a caça só é rentável se o país conseguir exportar a carne e, para enviar os carregamentos para o exterior, ele depende de portos europeus.

Vamos acabar com o comércio desses seres mágicos. Quando a petição alcançar um milhão de assinaturas, a Avaaz vai fazer uma algazarra na imprensa, até que cada porto europeu feche as portas para baleeiros. Com isso, vamos forçar a Noruega a desistir da caça às baleias de uma vez por todas. Adicione seu nome e espalhe a campanha – vamos fazer de tudo para salvar as baleias!

Acrescente seu nome para exigir o fim da caça às baleias e dizer: Noruega, SAIA DESSA!

A atual conjuntura segue na direção de acabar com este massacre bárbaro. Mas enfrentamos o forte lobby baleeiro: precisamos ser o canto das baleias, já que elas não podem se defender. Vamos cantar tão alto que seja impossível ignorar nossa voz, e assim ajudar a acabar com a caça às baleias, para sempre.

Com esperança, 

Rewan, Caroline, Diego, Allison, Emma, Danny, Alice e toda a equipe da Avaaz

MAIS INFORMAÇÕES

Maioria das baleias caçadas na Noruega é de fêmeas grávidas (O Globo) 
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/maioria-das-baleias-cacadas-na-noruega-de-femeas-gravidas-21067739

Nenhuma baleia-comum será caçada na Islândia neste verão (The Guardian) (em inglês) 
https://www.theguardian.com/environment/2016/feb/25/no-fin-whales-to-be-hunted-in-iceland-this-summer

Como a Noruega tornou-se silenciosamente uma potência baleeira (CS Monitor) (em inglês)
http://www.csmonitor.com/Environment/2016/0614/How-Norway-quietly-became-a-whaling-powerhouse 

Programa de caça às baleias da Noruega fica ainda mais polêmico (National Geographic) (em inglês)
http://news.nationalgeographic.com/2016/03/160331-norway-minke-whaling-fur-farms/ 

Congelada no tempo - Como a Noruega moderna continua apegada ao passado baleeiro (Ocean Care) (em inglês)

https://oceancare.org/wp-content/uploads/2016/07/Report_Walfang_OC_AWI_PW_Frozen-in-time_EN_2016.pdf

 

Tratamento de lixo no Japão é exemplo de cuidado com o ambiente

RB AMBIENTAL




Posted: 20 Mar 2017 07:54 AM PDT
Assista à reportagem completa clique aqui

O bom exemplo no tratamento do lixo vem do outro lado do mundo. O Bom Dia Brasil - TV Globo visitou um lugar que transforma lixo em energia no Japão.

As ruas das cidades são absolutamente limpas. A preocupação das pessoas vai além da reciclagem. O cuidado é não produzir muito lixo, mas é inevitável ter sujeira, dejetos, coisas que a gente joga fora. A visita a uma moderna usina de tratamento mexe com a cabeça da gente.

Elas se espalham pelo Japão. De longe, parecem prédios, mas são chaminés, a parte mais visível de como os japoneses usam o lixo. Não há depósitos abertos, lixões, mas locais como o da Cidade de Saitama, vizinha a Tóquio.

O entra e sai dos caminhões é constante. Trazem lixo dos bairros ao redor, quase 400 toneladas por dia. Os moradores já separam em casa o que é orgânico do que é reciclável. Cada caminhão traz um tipo de lixo, tratados de forma diferente.

Por trás das portas, fica o depósito de lixo orgânico. Quando os caminhões descarregam, é que descobrimos o tamanho do desafio: enorme. Tudo que chega é controlado de uma sala de vidro, um operador carrega remotamente o lixo até o incinerador.

Lá dentro, a queima acontece por uma hora, à temperatura de 1.800 graus centígrados. De um lado, forma-se um gás, que por uma tubulação alimenta uma turbina geradora de energia. De lá, sai eletricidade para atender o equivalente 10 mil casas. De outro, o que sobra da tal queima, resíduos e metais, que são reaproveitados em sua quase totalidade como, por exemplo, para asfaltar ruas.

No mesmo prédio, mas para outro grande depósito, vai o lixo reciclável, o cuidado ali é outro. Essa enorme garra de aço tem capacidade de transportar até 3 toneladas de carga. Lá no fundo, só tem plástico. Todo esse material vai para uma separação manual, antes de ir para reciclagem.

O processo é rápido. Funcionários separam garrafas pet do plástico comum. Latas de alumínio, metais, são distribuídos em outro setor. E, no final, tudo já sai embalado, limpo, pronto para ser vendido para centros de reciclagem. Assim, do total de lixo que chega à usina, apenas 4% não rendem nada, mas só até agora.

Um dos funcionários me conta que, no futuro, ainda serão aproveitados esses 4%, retirando vários tipos de metal contidos ali.

Para quem se espanta com tanta dedicação ao lixo tem mais. Em um prédio ao lado, foi montado um centro social, onde os moradores se encontram. Podem mergulhar em banheiras com água a 40 °C, fazem ginástica. Tudo funciona com a energia gerada na turbina do lixo.

O senhor Ishikawa, de 70 anos, vai quase todo o dia e diz que essa é uma boa iniciativa para aproveitar o lixo e manter os idosos saudáveis. O japonês aprende que, quando se trata de lixo, nada pode ser desperdiçado.

A queima do lixo pode ser perigosa, pode jogar poluentes na atmosfera, mas os japoneses dizem que colocaram filtros poderosos nas chaminés. O custo total de uma usina como essa, com área de lazer e tudo, é salgado, quase R$ 800 milhões.

Alguns podem dizer, "O lixão é mais barato". Mas no longo prazo não é: pelo impacto ambiental de um lixão, nos rios, no solo, na saúde das pessoas. Lixo abandonado não gera energia, não bota aqueles velhinhos para se encontrar, se exercitar. Lixo não precisa ser problema, se for bem administrado.

Assista à reportagem completa clique aqui

Fonte: G1 / Globo

Biopneus: Pneus renováveis feitos de biomassa


Biopneus: Processo produz pneus renováveis de biomassa
Planta em escala de laboratório produzindo isopreno renovável a partir de biomassa. [Imagem: UMN]
Pneus renováveis
Uma nova tecnologia para produzir pneus de automóveis usando matérias-primas vegetais - árvores e gramíneas - promete virar a indústria em direção ao uso de recursos renováveis.
Os pneus de carro são vistos como ambientalmente hostis porque são predominantemente feitos de combustíveis fósseis e não há muito o que fazer com eles depois que chegam ao final de sua vida útil. Contudo, até hoje não existem materiais alternativos em termos de preço e desempenho.


A equipe que desenvolveu o novo processo afirma que os pneus de carro produzidos a partir da biomassa serão idênticos aos pneus atuais, com a mesma composição química, cor, forma e desempenho.


"Nossa equipe criou um novo processo químico para fazer isopreno, a molécula-chave nos pneus de carro, a partir de produtos naturais como árvores, gramíneas ou milho. Esta pesquisa poderá ter um grande impacto sobre a multibilionária indústria de pneus de automóveis," disse o professor Paul Dauenhauer, da Universidade de Minnesota, nos EUA.


Isopreno biológico
Hoje, o isopreno é produzido separando-se termicamente moléculas no petróleo que são semelhantes à gasolina, em um processo chamado craqueamento. O isopreno é então separado de centenas de outros produtos e purificado. No passo final, o composto é posto para reagir consigo mesmo, formando cadeias longas que originam um polímero sólido que é o componente principal dos pneus de automóvel.


O isopreno de biomassa, por sua vez, é fabricado a partir de açúcares extraídos de plantas como gramíneas, árvores ou milho, em um processo de três passos "hibridizado", o que significa que ele combina a fermentação biológica, usando microrganismos, com a refinação catalítica convencional, que é semelhante à tecnologia de refinação do petróleo.


O primeiro passo é a fermentação microbiana dos açúcares da biomassa, como a glicose, para se obter um composto intermediário, chamado ácido itacônico. No segundo passo, o ácido itacônico reage com hidrogênio, gerando um produto químico chamado metil-THF (tetrahidrofurano). Esta etapa foi otimizada quando a equipe identificou uma combinação metal-metal única que serviu como um catalisador altamente eficiente.


Mas o grande avanço tecnológico do processo está no terceiro passo, quando o metil-THF é desidratado para gerar o isopreno. Usando um catalisador recentemente descoberto, chamado P-SPP (pentasil autoempilhado fosfórico), a equipe foi capaz de demonstrar uma eficiência catalítica de até 90%, com a maior parte do produto catalítico sendo isopreno.
Combinando as três etapas em um processo, o isopreno renovável pode ser obtido de forma renovável a partir da biomassa.


A tecnologia foi patenteada e está disponível para licenciamento pela Universidade.


Bibliografia:

Renewable Isoprene by Sequential Hydrogenation of Itaconic Acid and Dehydra-Decyclization of 3-Methyl-Tetrahydrofuran
Omar A. Abdelrahman, Dae Sung Park, Katherine P. Vinter, Charles S. Spanjers, Limin Ren, Hong Je Cho, Kechun Zhang, Wei Fan, Michael Tsapatsis, Paul J. Dauenhauer
Catalysis
Vol.: 7 (2), pp 1428-1431
DOI: 10.1021/acscatal.6b03335

BNDES financiará projetos de energia renovável na Amazônia

Plantão




Substituição do diesel



O BNDES lançará condições especiais de financiamento para projetos de geração renovável de energia elétrica a serem implementados em áreas isoladas da região amazônica.
Os investimentos serão feitos em parceria com a Amazonas Energia, distribuidora de energia elétrica controlada pelo Sistema Eletrobras.


De acordo com o BNDES, o Amazonas tem atualmente 225 usinas a diesel, com capacidade instalada de 683 megawatts (MW) que consomem 687 milhões de litros do combustível por ano. O sistema emite cerca de 2 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), outros gases poluentes (NOx e SOx) e particulados, além do risco de poluição dos rios decorrentes de naufrágios ou vazamentos no transporte e armazenamento do combustível.


Com a medida, os itens financiáveis dos projetos - a serem licitados em leilão promovido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) - poderão usar 15% de recursos do Fundo Nacional de Mudanças do Clima, com taxa de juros anual de 1%.


Os projetos de energia solar e micro, pequenas e médias empresas que usarem os recursos do Fundo Clima poderão complementar o financiamento com mais 65% em TJLP e as demais fontes renováveis, como eólica e biomassa, em até 55%.


O financiamento poderá ainda ser complementado em taxa de juros de longo prazo (TJLP), cuja taxa atual é de 7,5% ao ano, até o percentual de 80% previsto nas novas políticas operacionais do BNDES.


O prazo de carência do financiamento é de até seis meses após a entrada em operação comercial do projeto e o prazo de amortização será inferior em pelo menos dois anos ao término do prazo do Contrato de Compra e Venda de Energia.


Segundo o BNDES, o leilão da Aneel já recebeu a inscrição de 36 projetos de energia renovável. O Fundo Clima poderá destinar até R$ 200 milhões para financiar esses empreendimentos, que terão prazo de até 24 meses para utilização dos recursos após a data do leilão. O Contrato de Compra e Venda de Energia terá prazo de até 15 anos.


Fundo Clima
Vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, o Fundo Clima é um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima para apoio financeiro a projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa.


As aplicações não-reembolsáveis - aqueles nos quais as empresas não precisam pagar os financiamentos - são feitas pelo ministério e as reembolsáveis administradas pelo BNDES, seguindo diretrizes do Comitê Orientador do Fundo Clima, presidido pelo Ministério do Meio Ambiente.


Desde 2011, mais de 190 projetos não-reembolsáveis foram contratados pelo Fundo Clima, dos quais 65 foram concluídos, contribuindo para o alcance das metas de assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris, em 2015.

O Paradoxo de Marte: Por que ainda não entendemos as águas de Marte

Espaço


Paradoxo de Marte
A simulação à esquerda é como Marte deveria ser no passado para explicar sua geologia atual. Mas nada indica que ele já tenha sido tão parecido com a Terra.[Imagem: NASA]
Sinais de água sem água
Alguma coisa não está batendo.
Marte tem calotas de gelo de água nos polos e há marcas no solo que indicam que a água fluiu em rios e lagos há bilhões de anos - há poucos dias, a agência espacial europeia apresentou um estudo detalhado sobre uma megainundação em Marte. De fato, temos uma compreensão decente de como a água se comporta na Terra, e não há razão para pensar que as leis da física ou a geologia sejam diferentes em Marte.


Contudo, mais do que não encontrar água hoje no planeta, ninguém consegue explicar sequer como a água poderia ter existido em forma líquida em Marte mesmo no passado.
Este mistério é conhecido como o "Paradoxo de Marte" - os dados e as teorias mostram que parece ter havido água lá, mas os dados e as teorias também indicam que nunca houve condições de ter havido água lá. Se, e quando esse paradoxo for resolvido, provavelmente será necessário jogar fora um monte de livros didáticos.


Paradoxo de Marte
O atual terreno frio e rochoso de Marte, seco e coberto de poeira, apresenta minerais de argila e sedimentos que devem ter sido depositados por lagos e rios entre 3,5 e 4 bilhões de anos atrás.


O problema começa quando se olha para as condições em Marte naquele tempo. Ainda hoje, a fina atmosfera do planeta e a distância do Sol mantêm-no a uma temperatura média por volta dos -60° C, frio o suficiente para manter água congelada em depósitos polares permanentes.


Há bilhões de anos, contudo, quando a água deveria estar fluindo pela superfície, o Sol era mais jovem e mais frio, o que significa que Marte também era ainda mais frio do que é hoje.


Assim, dado que o ponto de congelamento da água é o mesmo aqui e lá, como é que Marte pode ter sido algum dia quente o suficiente para que a água líquida fluísse em sua superfície e formasse o relevo e as rochas que encontramos lá hoje?
Paradoxo de Marte
Um dos planos da NASA para tornar Marte habitável é dar-lhe um escudo magnético que permita aumentar a densidade da sua atmosfera. [Imagem: NASA]


Efeito estufa improvável
Uma hipótese plausível seria que os gases de efeito estufa prenderiam o calor como o fazem na Terra. O problema é que nenhuma quantidade de CO2 conseguiria aquecer Marte o suficiente para manter a água líquida. Mesmo com uma atmosfera de CO2 puro sua temperatura só subiria até perto dos -33° C.


Mas este cenário hipotético é impensável - Thomas Bristow e seus colegas do Centro de Pesquisas Ames da NASA acabam de calcular, com base em sedimentos formados há 3,5 bilhões de anos, que a atmosfera marciana naquela época continha apenas quantidades-traço de dióxido de carbono.


Então talvez pudéssemos adicionar um pouco de metano ou hidrogênio - também não dá certo porque, com essa escassez de CO2, não importa quanto hidrogênio ou metano ou outros gases sejam adicionados à equação, seria preciso uma atmosfera tremendamente espessa para blindar esses gases de efeito estufa sensíveis contra a radiação solar.


Bristow e seus colegas apresentaram agora uma outra alternativa: água salgada o suficiente para permanecer líquida mesmo a temperaturas muito abaixo de 0º C. Nesse caso, a atmosfera não precisaria de muito CO2.



Também não parece plausível ou suficiente. Uma água ultrassalina pode até fluir - na Terra, pelo menos - mas o frio do planeta não permitiria chuvas suficientes para explicar a água parada gravada no arenito e no xisto de Marte ao longo de milhões de anos.


Mistérios da água
Então, será que existe algum mecanismo planetário que ainda não entendemos? Uma mistura de gases de efeito estufa que ainda não identificamos?


Talvez o verdadeiro problema seja a nossa compreensão da própria água. Nós já sabemos que a água tem mais de 70 "anomalias", muitas delas incomodando algumas das nossas bem-amadas leis da física - como quando a água mais fria flui para o topo de um copo, por exemplo.


Seja qual for a resposta, estamos ficando sem soluções óbvias para o Paradoxo de Marte. Quando ele for resolvido, talvez nos vejamos em territórios ainda mais estranhos e desafiadores do que o solo do planeta vizinho.

Bibliografia:

Low Hesperian PCO2 constrained from in situ mineralogical analysis at Gale Crater, Mars
Thomas F. Bristow, Robert M. Haberle, David F. Blake, David J. Des Marais, Jennifer L. Eigenbrode, Alberto G. Fairén, John P. Grotzinger, Kathryn M. Stack, Michael A. Mischna, Elizabeth B. Rampe, Kirsten L. Siebach, Brad Sutter, David T. Vaniman, Ashwin R. Vasavada
Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 114 no. 9 - 2166-2170
DOI: 10.1073/pnas.1616649114

BR-319 vai abrir caminho para emissão de gases de efeito estufa


Por Vandré Fonseca
Dnit realiza obras para tornar trecho da BR-319 trafegável sem licença. Foto: Vandré Fonseca.
DNIT realiza obras para tornar trecho da BR-319 trafegável sem licença. 
Foto: Vandré Fonseca.


Manaus, AM -- A pavimentação completa da BR-319, entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO), pode resultar na emissão de 2,164 bilhões de toneladas de CO2,  segundo um estudo preparado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Esta é a previsão mais pessimista dos três cenários avaliados, que consideraram os efeitos do desmatamento atingir 20%, 50% e 80% da área de influência da rodovia.


O valor está próximo ao total que o Brasil emitia em 2005 e 2006, quando o país despejou anualmente mais de 2 bilhões de equivalentes a CO2 na atmosfera. No cenário mais otimista, as emissões com o desmatamento ao longo da BR-319 previstas são de 541 milhões de toneladas de equivalentes a CO2, aproximadamente o volume que o país vem emitindo a cada ano desde 2009, devido a mudanças no uso da terra, como desmatamento ou queimadas.


O biólogo Paulo Moutinho, pesquisador sênior do Ipam e um dos autores do estudo, lembra que mais de 70% do desmatamento na Amazônia ocorre numa faixa de até 50 quilômetros ao longo de rodovias. Além disso, ele destaca que a floresta cortada pela BR-319 é bastante densa, o que significa que, em caso de desmatamento, as emissões são maiores do que em outras regiões da Amazônia.


“Se ela seguir a mesma tendência histórica das outras rodovias, que têm uma grande parte do desmatamento concentrado ao longo dessas rodovias, o que aconteceria seria um desmatamento numa proporção que anularia signitivamente boa parte do esforço de redução de desmatamento que ocorreu na Amazônia de 2005 pra cá, que foi de quase 80 por cento”, afirma.
Área desmatada embargada pelo Ibama na BR-319. Foto: Ibama.
Área desmatada embargada pelo Ibama na BR-319. Foto: Ibama.


A BR-319 percorre cerca de 800 quilômetros, cortando uma região ainda preservada da floresta amazônica. Cerca de 400 quilômetros, no chamado meião da rodovia, ainda aguardam o licenciamento ambiental para serem pavimentados. Apesar de grandes estragos provocados pela chuva, um serviço de manutenção realizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) tem permitido a ônibus trafegarem no trecho.


A Associação Amigos e Defensores da BR-319 acompanha as obras de pavimentação e a trafegabilidade da estrada. Para André Marsílio, presidente da associação, os maiores impactos ambientais ocorreu na construção da BR, há mais de 40 anos. E afirma que a degradação ambiental ao longo da rodovia poderia ser reduzido justamente com a pavimentação, que permitiria a atuação de órgãos ambientais e polícias no combate a ilegalidades que estão ocorrendo, como a extração de madeira.


“Hoje os impactos são muito maiores porque não há fiscalização, não tem postos de fiscalização na BR-319”, afirma Marsílio. “Se a rodovia tivesse pavimentada, ela teria junto com o Exército, o Ibama, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Ambiental, as prefeituras municipais, o governo estadual, as reservas ambientais estariam funcionando como deveriam funcionar e, com certeza, esse negócio de impacto ambiental não aconteceria como está acontecendo agora”, completa.


Além da fiscalização, que deveria ocorrer com ou sem a pavimentação, outras medidas podem ser tomadas. Para Paulo Moutinho, dar atenção às atividades econômicas e às Unidades de Conservação de Uso Sustentável criadas ao longo da rodovia é um caminho para amenizar os impactos e o desmatamento previstos. É importante, segundo ele, que a produção no decorrer da BR-319 tenha políticas de apoio e seja controlada.


“Se você faz um ordenamento onde haja produção em uma faixa próxima a rodovia, você deixa de ter uma expansão desordenada pra dentro da floresta, ou seja, poderia se produzir tudo o que se produz em 15 ou 20 quilômetros para cada lado das rodovias se tudo fosse muito bem preparado”, defende Moutinho. “Isso não acontece, as vicinas estão destroçadas, então para produzir mais você avança mais em busca de espaço para produzir, fora a grilagem que vem”.


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Greenpeace rompe negociação com a JBS


Por Daniele Bragança*
Campanha Farra do Boi deu início ao Compromisso Público pela Pecuária em 2009. Foto: Greenpeace/Daniel Beltra.
Campanha Farra do Boi deu início ao Compromisso Público pela Pecuária em 2009. 
Foto: Greenpeace/Daniel Beltra.


O Greenpeace resolveu suspender as negociações com a JBS em relação ao Compromisso Público da Pecuária na Amazônia, na qual a empresa é signatária desde 2009, após a maior produtora de proteína animal do mundo ser multada pelo Ibama por comprar gado de fazenda embargada.


Desde o dia 17 de março, a JBS está no olho do furacão após uma mega operação da Polícia Federal, a Carne Fraca, colocar a marca como uma das investigadas por vender carnes impróprias para consumo. Após a Carne Fraca, veio a Carne Fria, deflagrada pelo Ibama, que investigou frigoríficos e fazendas que comercializaram gado criado em áreas embargadas por desmatamento ilegal no Pará.


Diante de mais um escândalo, o Greenpeace entrou em contato com a empresa e comunicou que não vai mais acompanhar o cumprimento do compromisso público assumido pela JBS em 2009 “até que ela [empresa] apresente provas inequívocas que está cumprindo com todos os critérios estabelecidos”. Há 8 anos, os maiores frigoríficos do país assumiram um compromisso de monitorar sua cadeia produtiva e excluir dos fornecedores fazendas que desmataram ilegalmente, que utilizaram trabalho escravo ou que invadiram terras indígenas e unidades de conservação. A JBS, dona das marcas Friboi, Seara e Swift, era uma das principais signatárias do acordo.


“A empresa deverá apresentar melhoria no seu sistema de seleção de fornecedores, bem como melhorar as suas auditorias públicas de terceira parte, para que possa garantir que está cumprindo com todos os critérios do compromisso. Cabe a empresa aproveitar esse momento e cobrar conjuntamente com as outras empresas que haja mais transparência nos instrumentos públicos existentes como o Cadastro Rural Ambiental (CAR) e Guia de Trânsito Animal (GTA), com esses dois instrumentos transparentes e público seria possível o rastreamento da cadeia de fornecedores, inclusive indiretos”, afirmou Cristiane Mazzetti, da Campanha da Amazônia do Greenpeace, em entrevista a ((o))eco feita por e-mail.


Procurada, a JBS respondeu "que cumpre rigorosamente o Compromisso Público da Pecuária e está em contato com o Greenpeace para esclarecer os fatos". Em outra nota enviado a ((o))eco, dessa vez sobre a operação Carne Fria, a empresa negou ter comprado de fornecedores irregulares como acusa a operação do Ibama. Leia a íntegra da nota:


A JBS reitera que não comprou e não compra nenhum animal de fornecedores incluídos na lista de áreas embargadas do Ibama e vem cumprindo integralmente o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), assinado com o Ministério Público Federal do Pará em 2009.


A Companhia não é e não pode ser responsabilizada pelo controle e movimentação de gado de seus produtores. A empresa não tem acesso a Guia de Trânsito Animal (GTA) - documento de posse e de uso exclusivo do governo -, único responsável pelo controle de trânsito animal. Dessa maneira, é um absurdo que o Ibama queira imputar à indústria frigorífica a responsabilidade por garantir esse controle.


No que é de sua responsabilidade, a JBS trabalha com um sistema de monitoramento sofisticado com imagens de satélite e análise de documentos públicos. Fornecedores irregulares são imediatamente excluídos. Nas três últimas auditorias independentes, a JBS obteve mais de 99,9% de conformidade com critérios socioambientais aplicados à compra de gado.

*Com reportagem de Sabrina Barbosa.