quarta-feira, 17 de maio de 2017

Suicídio entre jovens hoje é um fenômeno mundial e uma questão de saúde pública



Aumento nos últimos 24 anos foi de 27,2% e as drogas estão entre os principais fatores de risco
Por Gabriel Soares, Rádio USP


Para o psiquiatra assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, Cristiano Cardoso Moreira, o aumento do suicídio na população jovem hoje é um fenômeno mundial e uma questão de saúde pública. O psiquiatra afirma que atualmente um dos principais fatores de risco para o suicídio é o consumo de drogas. “Existe uma ligação muito grande entre o aumento de suicídio e o aumento do consumo de drogas e também do bullying.”


Cultura da individualização deixa os jovens mais vulneráveis à questão do suicídio – Foto: Flickr-CC
Cultura da individualização deixa os jovens mais vulneráveis à questão do suicídio – Foto: Flickr-CC

Dados divulgados recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil é o país com maior número de pessoas com transtorno de ansiedade e o quinto em número de pessoas com depressão.


E um dos resultados desses recordes é outro número assustador. A BBC Brasil divulgou, recentemente, que, entre 1980 e 2014, a taxa de suicídio entre jovens no País aumentou 27,2%.


Segundo o médico Cristiano Cardoso Moreira, o estilo de vida atual, como o maior acesso a meios letais, como medicamentos e armas, facilita de alguma forma comportamentos como o suicídio. “As pessoas estão cada vez mais individualizadas e se juntam em grupos e redes que autoalimentam esse pensamento de morte e deixam os jovens mais vulneráveis à questão do suicídio.”


Para o médico, a rede social pode ser usada tanto para o bem, como encontrar profissionais para ajudá-los, como para o mal, quando da inserção em grupos que induzem o jovem a ter atitudes autodestrutivas. Moreira lembra que os jogos virtuais que ganharam os noticiários nos últimos dias atingem pessoas que já se encontram em vulnerabilidade e aquelas que estão em situação de risco, como pessoas com depressão.


Para o psiquiatra, é importante que os pais saibam o que os filhos estão fazendo na internet e fiquem atentos a comportamentos de isolamento e a mudanças abruptas de atitudes, por exemplo. “Os pais hoje estão correndo muito e não vendo o que os filhos estão fazendo, especialmente na internet.” Lembrou que é possível prevenir o suicídio, observando o comportamento dos jovens e incentivando-os a buscar ajuda: “90% dos suicídios têm ligação com algum transtorno mental passível de tratamento”.


Para o profissional, a rede pública de saúde, principalmente no Brasil, tem poucos serviços e o profissional de forma geral é pouco capacitado no assunto. “O suicídio não deveria ser um assunto exclusivo da psiquiatria. A formação dos profissionais da saúde deveria focar a prevenção e como lidar com alguém que tentou ou que tem a ideia de querer suicidar-se ou machucar-se. Ainda temos um tabu muito grande sobre esse assunto, mesmo entre os profissionais de saúde.”
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 05/05/2017

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Pelo menos 10 mil plantas alimentícias não convencionais (pancs) podem reforçar prato do brasileiro





Vitórias Régias no Museu Paraense Emílio Goeldi
Vitórias Régias no Museu Paraense Emílio Goeldi. Foto: Wikipedia

Por Maísa Penetra, da Radioagência Nacional
Você já pensou em comer vitória-régia ou umbigo de banana? Pois saiba que muitas plantas que descartamos no dia a dia e que consideramos apenas mato têm valor nutritivo e até gastronômico.


Essas são as plantas alimentícias não convencionais (Pancs). São, pelo menos, 10 mil espécies de plantas que além da rúcula, alface e do tomate são boas para a saúde humana.


No Brasil, as Pancs já começaram a ser estudadas. As pesquisas apontam que elas não só combatem a monotonia alimentar, mas também são motivadores econômicos de sustentabilidade.


O professor e biólogo do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Amazonas Valdeli Kinupp é um desses estudiosos. Ele conta onde essas plantas podem ser encontradas: “essas plantas podem ser encontradas em qualquer lugar, elas são espontâneas. Uma parte das pancs, não são todas, nascem sozinhas. Então, são ervas, arbustos, trepadeiras, cipós, árvores, palmeiras, que são autóctonas e as pessoas chamam de mato.”


A vitória-régia e o jambu são exemplos de pancs nativas da Amazônia. Enquanto o jambu, que na região já é vendido em larga escala e usado em pratos tradicionais, a vitória-régia ainda é desconhecida como alimento.


Mas ela pode ser consumida sem restrições. O caule vira macarrão; as folhas, salada e as sementes viram pipoca. Tudo isso pode ser extraído, sem matar a planta.



O professor Valdeli Kinupp considera que as pancs podem ajudar a manter os hábitos saudáveis e ajudar a sair da monotonia alimentar.


“Se você está comendo batata, arroz, taioba, todos os dias, você está ingerindo os mesmos princípios ativos das plantas. Mas, dependendo da dosagem das panc ou das convencionais, isso pode vir a ser prejudicial. Então, o mais legal é você ter uma alimentação biodiversa.”


A recomendação às pessoas que querem variar a alimentação é falar diretamente com os agricultores nas feiras para que tragam essa alternativa. Se você mora numa região rural, pode também observar quais plantas tem o potencial de deixar de ser mato e ir diretamente para o prato.


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/05/2017

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Parques de Uganda serão protegidos por 430 guardas-parques


Por Sabrina Rodrigues
Parque Nacional Murchison Falls, em Uganda. Foto: Teseum/Flickr.
Parque Nacional Murchison Falls, em Uganda. Foto: Teseum/Flickr.


Uganda está buscando proteger ainda mais as suas áreas protegidas e para isso recrutou um total de 430 guardas-parques de comunidades vizinhas de unidades de conservação para um treinamento intensivo de um pouco mais de quatro meses. O foco da preparação dos profissionais está na preparação para o trabalho nos parques, que envolve conhecimento sobre proteção da vida selvagem, coleta de informações e, obviamente, trabalho no controle de venda de ingressos.


O treinamento teve início no final do ano passado e está ocorrendo no Parque Nacional Murchison Falls. A preparação dos guardas-parques está sendo administrado pela Uganda Wildlife Authority (UWA), uma autarquia do Ministério do Turismo, Vida Selvagem e Antiguidades que cuida das áreas protegidas do país. Após o treinamento, os guardas-parques trabalharão nos dez parques nacionais existentes em Uganda.

Câmara aprova MP que recortou a Floresta Nacional Jamanxim

Por Daniele Bragança
Câmara aprovou MP que reduz unidades de conservação na Amazônia. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados.
Câmara aprovou MP que reduz unidades de conservação na Amazônia. 

Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados.


A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (16) a redução de pelo menos 4 unidades de conservação, sendo três no Pará e uma em Santa Catarina. A Medida Provisória 756, aquela que recortou a Floresta Nacional de Jamanxim, foi aprovada no plenário por 268 a favor e segue agora para ser apreciada pelo Senado. As alterações nos limites da floresta feitas por Temer  beneficiam grileiros locais e abrem caminho para a legalização de atividades de significativo impacto ambiental dentro da área protegida, como é o caso da mineração.

Originalmente, a MP 756 desmembrou os 1,3 milhão de hectares originais da Flona Jamanxim. Desse total, 438 mil hectares foram adicionados ao Parque Nacional do Rio Novo. A MP também criou a APA Jamanxim, composta por 304 mil hectares retirados da Flona e outros 238 hectares de terras onde ainda não havia qualquer UC.

Durante a tramitação da matéria no Congresso Nacional, senadores e deputados excluíram as compensações previstas no texto original e aumentaram ainda mais a perda da proteção legal das terras no entorno da BR 163.

O relator na comissão mista criada para converter a medida provisória em lei, deputado José Priante (PMDB/PA), acatou 12 emendas feitas pelos parlamentares em fevereiro. Resultado: além de acrescentar duas unidades de conservação que não tinham nada a ver com a MP original:  a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo e o Parque Nacional São Joaquim, o novo texto modificou o tamanho da Floresta Nacional de Jamanxim, que passou a ter 814.682,00 hectares, e diminuiu o tamanho da recém criada Área de Proteção Ambiental (APA) de Jamanxim, que passou de 542.309 para 486.438,00 hectares.

Na votação realizada na noite desta terça-feira, os deputados aprovaram quase integralmente o texto vindo da comissão mista (veja tabela). A exceção foi para a emenda que transformava a Reserva Biológica da Serra do Cachimbo em Parque e em APA: um destaque feito pelo Partido dos Trabalhadores retirou a emenda do texto aprovado.


jamanximcamara


Agora, a matéria será analisada pelo Senado, que terá 13 dias para aprovar a Medida Provisória antes dela caducar. A única esperança dos ambientalistas é o tempo, pois não há votos suficientes para a minúscula bancada ambientalista obstruir a votação.

Câmara aprova redução de Parque no Pará para passagem de ferrovia

Por Daniele Bragança
Durante a manhã, ativistas do greenpeace protestaram do lado de fora do Congresso. Uma faixa escrita "O fim da floresta começa aqui" cobriu parte de uma motosserra inflável. Foto: © Leonardo Milano / Greenpeace.
Durante a manhã, ativistas do greenpeace protestaram do lado de fora do Congresso. 



Uma faixa escrita "O fim da floresta começa aqui" cobriu parte de uma motosserra inflável. 
Foto: © Leonardo Milano / Greenpeace.


O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, já de madrugada, a Medida Provisória 758, que originalmente foi publicada para adequar os limites do Parque Nacional do Jamanxim para a passagem da estrada de ferro EF-170, a chamada Ferrovia Ferrogão. A mudança pontual se transformou em um festival de flexibilização da proteção de Unidades de Conservação no oeste do Pará após passar tramitar pelo Congresso.


Originalmente, após retirar um pedaço do Parque, o governo anexou 51 mil hectares de uma área pertencente à Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós na área protegida. Após a ampliação, o parque passou a abrigar um território de 909 mil hectares e a APA do Tapajós passou de 2.039.580 hectares para 1.988.445 hectares.


Na Comissão Mista, o relator, deputado José Reinaldo (PSB-MA), acatou parcialmente 4 das 7 emendas apresentadas. A votação, feita em menos de 10 minutos no dia 12 de abril, incluiu a diminuição na Floresta Nacional de Itaituba II e a criação de mais três Áreas de Proteção Ambiental: a APA de Rio Branco, a APA de Carapuça e a APA de Trairão.


Diminuir um parque nacional, por exemplo, onde só é permitido a visitação, e criar no lugar uma Área de Proteção Ambiental (APA), unidade que permite propriedades privadas e produção, na prática, serve para legalizar títulos de terra de proprietários legítimos e de grileiros.
Votação
Oposição abre faixa de protesto durante sessão da Câmara dos Deputados que aprovou a MP 758/16 que reduz limites de floresta nacional no Pará Antonio Cruz/Agência Brasil
Oposição abre faixa de protesto durante sessão da Câmara dos Deputados que aprovou a MP 758/16 que reduz limites de floresta nacional no Pará Antonio Cruz/Agência Brasil


Na votação noturna, os deputados aprovaram o texto original da MP em votação simbólica e as emendas foram apreciadas uma a uma. Os deputado aprovaram uma emenda do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) que exclui o acréscimo de 51.135 hectares do Parque do Jamanxim oriundos da Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós.


Também foi aprovado o destaque que cria a Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Branco, com 101.270 hectares retirados do Parque Nacional do Jamanxim.

tabela-mp-758

Do relatório do deputado José Reinaldo (PSB-MA), a única emenda que não foi aprovado foi a criação da Área de Proteção Ambiental Trairão, com 169.135 hectares retirados da Floresta Nacional Itaituba II e do Parque Nacional do Jamanxim. Isso porque a oposição alertou que os limites da nova área protegida invadiria área dos mundurukus e poderia causar conflitos. Ao ouvir o alerta, o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), orientou a base para que votasse contra o destaque.


Com as mudanças, a chamada Medida Provisória da Ferrogrão ficou assim: 273 mil hectares do Parque Nacional do Jamanxim foram transformados nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Carapuça e Rio Branco. O acréscimo de 51 mil hectares do Parque do Jamanxim oriundos da Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós foi cancelado.

Leia tambem:

http://www.oeco.org.br/noticias/parlamentares-modificam-mp-para-permitir-mineracao-em-parque-no-para/