domingo, 16 de julho de 2017

Índice mede impactos da mudança do clima

13 / 07 / 2017

A mudança do clima e os eventos extremos como ventos fortes e secas prolongadas tendem a ser mais intensos devido ao aquecimento global e vão afetar primeiramente as populações mais pobres do país, segundo previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). A partir desses dados, um estudo lançado nesta quarta-feira (12/07) no Fórum Brasil de Gestão Ambiental, em Campinas (SP), faz um diagnóstico, traça cenários prováveis dos impactos sobre as áreas mais vulneráveis e avalia a capacidade de adaptação dos municípios.
É o Índice de Vulnerabilidade aos Desastres Naturais Relacionados Ás Secas no Contexto das Mudanças do Clima, publicação elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a WWF-Brasil. O trabalho traz o panorama analisado por região e por município, com avaliações da exposição às mudanças e eventos extremos, da sensibilidade relacionada ao contexto socioeconômico e ambiental e da capacidade de cada um de se adaptar aos eventos climáticos.
“Estar mais ou menos exposto aos desastres não significa que eles venham a ocorrer porque há vários outros fatores a serem considerados”, adverte Pedro Camarinha, da Adapta, Assessoria Ambiental e Pesquisa, um dos autores dos estudos. Baseados no que aconteceu em relação ao clima na localidade entre 1961 e 1990 e no quadro atual, o índice permite apontar as regiões mais vulneráveis.
O estudo identifica as áreas mais sensíveis socioeconomicamente, levando em conta o uso do solo, a população total e a parcela abaixo da linha da miséria, além da oferta e uso da água para consumo humano e o tratamento dado aos mananciais.
Os dados analisados permitem, ainda, verificar qual a capacidade que cada município vulnerável tem para se adaptar aos eventos de seca. O trabalho leva em conta informações de indicadores como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Índice de Gini (medidor da desigualdade social) e a taxa de analfabetismo. A região Centro Oeste, por exemplo, ainda não está entre as mais secas do país, mas poderá ser fortemente afetada no futuro, de acordo com o levantamento.
No lançamento, a gerente Celina Mendonça, da Secretaria de Mudança do Clima e Florestas do MMA, anunciou que até o final do ano estará disponível, pela internet, um curso de capacitação em adaptação para os gestores municipais. Celina destacou, também, as medidas previstas pelo Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, que reúne ações de todo o governo federal voltadas para as áreas vulneráveis e para enfrentar os impactos e a intensificação dos eventos extremos. Segundo ela, o Acordo de Paris, “embora seja direcionado para a redução de emissões de gases de efeito estufa, reconhece a importância dos planos de adaptação”.
A analista ambiental Mariana Egler apresentou, ainda, um outro projeto de sistema informatizado que também mede o nível de vulnerabilidade. O trabalho foi realizado em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a previsão é que esteja concluído e disponível no site do MMA até o fim deste ano.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) integra a programação oficial do Fórum Brasil de Gestão Ambiental, que ocorreu até esta quarta-feira (12/07) em Campinas (SP) com a participação de cerca de 3 mil pessoas. Entre elas, estão representantes do governo federal, estados, municípios, setor privado e sociedade civil. O objetivo é debater os avanços, oportunidades e desafios relacionados à implementação das políticas ambientais brasileiras. (Fonte: MMA)

Programe-se: abertas as inscrições para I Encontro Sobre Uso Público em Áreas Protegidas


O mountain bike é uma das atividades que podem fortalecer o uso público em UCs. Foto: Duda Menegassi/WikiParques

Faltam ainda quatro meses, mas as inscrições para o I Encontro Sobre Uso Público em Áreas Protegidas já estão abertas. O evento será nos dias 16 e 17 de novembro, na cidade de São Paulo, e as vagas são limitadas. A proposta central do encontro será discutir como a visitação pode funcionar como uma grande aliada das unidades de conservação e da própria proteção da biodiversidade. E como essa visão pode ser incorporada através de políticas públicas que incentivem esse uso de forma sustentável e manejada.
Os interessados também podem submeter seus trabalhos para ter uma chance de integrar os grupos de discussão propostos pelo evento. São cinco eixos temáticos: trilha no contexto de uso público; visitação em política pública; trilha, mergulho, birdwatching e cicloturismo; educação ambiental formal e uso público; e uso público e conservação da biodiversidade. O prazo final para o envio dos resumos é dia 10 de agosto e deve ser feito por e-mail (evento.usopublico@gmail.com).
O valor das inscrições é de R$20 (alunos de graduação e outros); R$30 (alunos de pós-graduação); e R$50 (professores, pesquisadores ou profissionais).
Mais informações e inscrições disponíveis no site do evento.

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Serviço
O quê? I Encontro Sobre Uso Público em Áreas Protegidas
Quando? 16 e 17 de novembro de 2017, a partir das 08h00
Onde? Praça da Sé nº 108 – Centro – São Paulo, SP
Quanto? O valor das inscrições varia de R$20 a R$50, no primeiro lote (até 09/08). Entre R$30 e R$60 no segundo lote. No dia do evento, os valores irão de R$40 a R$70.

Quase 40 milhões de animais silvestres são retirados à força da natureza brasileira todo os anos, especialmente aves. Nove em cada dez morrem no transporte.

Quase 40 milhões de animais silvestres são retirados à força da natureza brasileira todo os anos, especialmente aves. Nove em cada dez morrem no transporte. Os sobreviventes abastecem mercados concentrados no Sudeste e quase sempre encerram a vida atrás das grades. Poucos têm a sorte dos mais de vinte tucanos e araras apreendidos com traficantes e soltos nos últimos dias em áreas preservadas de Goiás. Esse comércio criminoso ganha força pela demanda de zoológicos e colecionadores, petshops e indústrias, e também para pesquisa, biopirataria e tráfico, no Brasil e Exterior. 


Fiscalização recente de Ibama e Receita Federal encontrou 1.049 animais despachados via Correios em São Paulo, em apenas duas semanas. Já em zoológicos e circos na China, Tailândia e outros países asiáticos, há shows onde chimpanzés e orangotangos fantasiados dançam e andam de patins. Praticamente todos os animais foram capturados ilegalmente na África e Indonésia. As Nações Unidas estimam que 23 mil grandes primatas deixaram de viver em ambientes naturais entre 2005 e 2011. Enquanto isso, carne de caça de macacos, pangolins e outros animais é vendida nas principais capitais da Europa. De 134 passageiros chegados da África pelo aeroporto de Paris em menos de vinte dias, nove carregavam 200 quilos de carne de animais selvagens. Outro balanço, em dois aeroportos suíços, mostrou que um terço da carne apreendida era de pangolins, pequenos carnívoros e primatas. Além dos danos às espécies e aos ambientes em que vivem, o tráfico de carne aumenta o risco à saúde humana pela propagação de doenças.


@ Entre os menores parentes de cachorros e lobos do planeta e vivendo apenas no Cerrado, a raposa-do-campo (Lycalopex vetulus) está em vias de extinção, por ações humanas. É o que afirmam pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) que têm monitorado por mais de uma década o comportamento do animal, dentro e fora de áreas com proteção oficial. O time descobriu que a maioria das raposas sucumbe com apenas oito meses de idade e que metade dessas mortes, fora de Unidades de Conservação, têm influencia humana. “Seja por tiro, envenenamento ou enterrando a toca com os filhotes, os homens têm contribuído para o desaparecimento dessa espécie. Existem pessoas que chegam a mostrar o colar transmissor, afirmando ter matado a raposa que era estudada”, lamentou Frederico Lemos, professor do curso de Ciências Biológicas da Regional Catalão da UFG. A espécie é apontada como vulnerável no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, pois também sofre com atropelamentos, é devorada ou contrai doenças de cães domésticos.


@ Além de estiagens, secas e outros eventos com impactos extremos na vida humana, as mudanças climáticas têm gerado problemas inesperados para os animais. Um estudo com sapos de diferentes regiões da América do Sul revelou que o crânio dos animais tende a ser mais longo em ambientes secos, e mais comprido quanto maior a umidade. Já outra análise, revelou que os anfíbios de terrenos baixos são os mais ameaçados pelas humores climáticos. Isso porque esses animais já convivem com as temperaturas máximas que poderiam suportar, enquanto anfíbios de regiões elevadas podem ser mais resistentes ao aumento das temperaturas. "Compreender como as espécies respondem às variações do clima é fundamental para a sua conservação em condições climáticas futuras. No entanto, para a maioria dos animais e plantas de áreas tropicais, os dados sobre os limites térmicos críticos das espécies ainda são limitados", disse Rudolf von May, pesquisador do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade de Michigan (Estados Unidos).



@ Estudo publicado na revista Landscape and Urban Planning aponta que quanto mais próximos do natural, mais benéficos à saúde são os ambientes. Enquanto a maioria das pesquisas compara efeitos da imersão de pessoas em ambientes urbanos e preservados, a pesquisa da Universidade de Copenhague (Dinamarca) colocou na balança diferentes tipos de áreas verdes. As análises mostraram que a interferência humana nesses espaços reduz os impactos positivos à saúde mental. Todavia, os benefícios crescem em florestas e outras áreas bem preservadas e mais ricas em espécies de animais e plantas. Os pesquisadores ainda não identificaram de forma mais precisa como isso acontece, mas, de acordo com estudos iniciados na década de 1980 sobre como a mente das pessoas reage a diferentes configurações, esses espaços ampliam um sentimento de integração e fascinação pelo meio ambiente, provocando relaxamento.


@ Muitas vezes adornando guloseimas em festas badaladas, o camapu vem sendo testado para o desenvolvimento de medicamentos contra a leishmaniose e doenças que afetam o funcionamento do cérebro. “Descobrimos que tanto o extrato aquoso da planta quanto a substância purificada apresentam atividade neurogênica, ou seja, estimulam o crescimento de neurônios”, explica Milton Nascimento, professor e membro de um grupo ligado à Universidade Federal do Pará que pesquisa a espécie desde 2011. Segundo ele, a substância extraída da planta, típica da Amazônia, poderá melhorar raciocínio e memória e até induzir o nascimento de neurônios, ajudando, por exemplo, no tratamento de pacientes depressivos. “Isso é uma coisa fantástica! O mundo vem buscando drogas capazes de induzir o crescimento neuronal”, comemorou o professor ao Jornal da Universidade Federal do Pará.

Este boletim é um oferecimento de
© Aldem Bourscheit // Jornalista DRT/RS 9781 // conectacomm@gmail.com
- Ativista em Políticas Públicas Socioambientais
- Membro da Comissão sobre Educação e Comunicação da UICN
- Mestrando em Desenvolvimento Sustentável pelo Fórum Latino-americano de Ciências Ambientais
- Especialista em Meio Ambiente, Economia e Sociedade pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais

"A preocupação ambiental é tão desigual quanto a distribuição de renda"







Para Claudio Felisoni, da USP, os países mais desenvolvidos e as regiões mais ricas do Brasil precisam suportar o custo do ajuste ecológico

DESIRÊE GALVÃO
30/06/2017 - 20h28 - Atualizado 30/06/2017 21h55

Consumidora escolhe frutas numa feira (Foto: Wikimedia Commons - Ondas de Ruído)
Empresas devem desenvolver boas práticas ambientais. Mas cabe ao consumidor cobrar isso delas. Não é simples. O peso da vigilância ecológica não é o mesmo para consumidores mais ricos e mais pobres. A preocupação ambiental também varia de acordo com a situação econômica do país e o desafio de cada um para ajustar as finanças da família. É o que explica Claudio Felisoni, coordenador-geral do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração e professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo.

As empresas com boas práticas ambientais podem se inscrever no Prêmio ÉPOCA Empresa Verde 2017 até do dia 17 de julho.

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ÉPOCA – Com as mudanças climáticas é necessária a adoção de padrões de produção e consumo sustentável. O que isso significa no cenário mundial para países desenvolvidos e subdesenvolvidos?
Claudio Felisoni – Cobrar dos menos favorecidos um comportamento semelhante àquele que os mais abastados têm condições de ter é incoerente. As coisas não são assim. Infelizmente, não só a economia brasileira, como a mundial têm uma distribuição muito desigual com relação aos benefícios do desenvolvimento econômico. Para que se possa colocar essas questões ambientais em patamar de importância em que efetivamente merecem estar, presentes no cenário global, é preciso ter uma sociedade com distribuição mais justa de riquezas. Até porque nós todos habitamos o mesmo planeta. Isso significa que países mais desenvolvidos e regiões do Brasil mais ricas precisam suportar o ônus, custo gerado nesse processo de ajuste, maior. Desse modo, é possível integrar os menos favorecidos num esforço conjunto de preservação.

>> As dúvidas mais comuns do Empresa Verde


ÉPOCA – O senhor acredita que a crise econômica deve acentuar a crise ecológica?
Felisoni – Embora a preocupação com sustentabilidade seja algo plural, ela tem uma incidência expressivamente maior em regiões com renda familiar mais alta do que nas regiões menos abastadas. Acredito que tenha uma razão justificada, porque, onde falta o pão, todos se preocupam em saciar as necessidades básicas da humanidade, como comer, morar, e pouco se evolui além disso. Como nós estamos numa sociedade com um padrão de renda altamente desigual, desigual é também a preocupação com o meio ambiente. Ela é evidentemente algo essencial e importante. Mas essas preocupações são preteridas relativamente a outras associadas à sobrevivência.


>> As empresas sabem o que são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável?


ÉPOCA – Em sua opinião, já existe no Brasil uma consciência de sustentabilidade na hora de comprar, consumir e descartar produtos?
Felisoni – Não, acho que não. Aqui no Programa de Administração de Varejo [Provar] da Fundação Instituto de Administração [FIA], nós fizemos um trabalho que não é exclusivamente relacionado à questão de consumo verde, mas tem a ver com comportamento de compra dos indivíduos, particularmente no que diz respeito às opções de compra de produtos piratas. Embora tenha uma dimensão específica, nos remete a um pensamento mais global no que diz respeito às escolhas de compra dos indivíduos. No levantamento, 44% dos que responderam à pesquisa costumam comprar em comércios alternativos, camelôs, pirataria, entre outros. Além disso, 91,7% dos entrevistados responderam que o motivo que os levava à escolha por comprar nesse tipo de comércio era o preço mais baixo. Claro que existem também questões culturais, mas há aspectos relacionados às condições de vida dos consumidores. Em países com renda baixa, obviamente a questão de preço tem um peso maior.

>> As escassez de recursos naturais vai impactar as empresas


ÉPOCA – Podemos constatar que o consumidor prefere marcas e empresas que investem em responsabilidade socioambiental?
Felisoni – O papa João XXIII costumava dizer que para evangelizar era preciso que primeiro a necessidade básica de alimentação tivesse sido atendida. É preciso que se tenha pão. Sem pão não adianta falar de outras coisas mais elevadas, porque não vai ser relevante para os indivíduos. Então, à medida que se vai evoluindo na pirâmide social, os objetivos e as preocupações vão se tornando um pouco mais transcendentes, mais amplos. Nos níveis mais básicos dessa pirâmide, a sociedade também é mais básica na forma de pensar.

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ÉPOCA – O senhor acha que a consciência socioambiental dos consumidores tem algum impacto no comportamento das empresas?
Felisoni – Sem dúvida. Existe um trabalho de Michael Porter que discute o desenvolvimento dos países e a vantagem competitiva das nações. Um dos fatores que influenciam essa vantagem é o nível de qualificação da população. Quanto mais qualificada for a demanda, mais atentas estarão as empresas em dar respostas. O nível de qualificação da demanda impõe para as empresas um padrão de exigência maior. Por exemplo, no Brasil nós não ligamos em comprar bananas com manchinhas pretas. Em outros lugares, a mesma banana pode ser rejeitada. E o que é preciso para produzir uma banana que não tenha pintinhas pretas na casca? É preciso certos cuidados e procedimentos que não são tomados onde a banana com pintinhas é aceita. Então, à medida que se tem uma demanda menos exigente, com preocupações menos intempestivas, as respostas também serão menos orientadas para questões importantes. Além disso, o ranking das prioridades dos indivíduos também é diferente em países mais ou menos desenvolvidos.

>> A avaliação ambiental das empresas será tarefa dos consumidores


ÉPOCA – Quais são os temas de maior preocupação dos consumidores ao escolher os produtos que serão comprados?
Felisoni – De modo geral, eu diria que hoje há uma preocupação muito maior com relação às questões ambientais do que 15 anos atrás. Mas, ao relacionar essas inquietações num ranking, certamente a maior relevância para o consumidor é o custo-benefício dos produtos, principalmente o preço.


ÊPOCA – O engajamento socioambiental das empresas gera valor ao olhar do consumidor?
Felisoni – Sem dúvida. Mas, em contrapartida, empresas que investem pesado em imagem verde já constataram que o emprego dos recursos não era proporcional aos resultados na receita. Isso não significa que devam parar de fazer, pois as empresas são construídas para o futuro. Investimentos são feitos a longo prazo e a curto prazo. Acredito que hoje consumidores que estão economicamente confortáveis observam sim a procedência dos produtos, como a responsabilidade socioambiental, mas de uma forma geral isso não acontece. Ainda mais em tempos de crise.


ÉPOCA – Em sua opinião, qual a importância do Prêmio ÉPOCA Empresa Verde?
Felisoni – Podemos dizer que existem dois mundos, o empírico, da nossa experiência direta, e o dos símbolos. Uma coisa é aquilo que se pensa, e para transmitir aquilo que se pensa são necessários os símbolos, o português que falo para responder a esta entrevista, por exemplo. Os símbolos são agentes motores de comportamento, são bastante significativos para o indivíduo que vive em comunidade, são como os mitos para sociedades antigas. Então prêmios, cursos, programas de televisão são absolutamente fundamentais para que a consciência ambiental não só esteja presente, mas também se amplie.


ÉPOCA – Como os consumidores podem avaliar quais empresas são mais atuantes nas questões de responsabilidade socioambiental?
Felisoni – A empresa precisa dizer isso. Algumas delas são mais competentes nesse aspecto. Outras, por sua vez, não são tão bem-sucedidas nessas ações. O marketing tem um papel absolutamente essencial. Por outro lado, vejo que também existe muita coisa falsa, empresas que vendem uma imagem que não corresponde àquilo que acontece de verdade. Acredito que esses investimentos são importantes, que valorizam a marca, mas não entregam resultados imediatos. Acho muito bonito falar que a empresa tem programas ambientais, que precisa se preocupar com o hábitat comum, mas é fundamental que nós tenhamos uma consciência pragmática daquilo que é possível ser feito.


ÉPOCA – As empresas estão realmente preocupadas em desenvolver boas ações ambientais ou só as desenvolvem para melhorar a imagem junto aos consumidores?
Felisoni – Empresas existem para gerar lucro, e para isso desenvolvem um conjunto de ações para produzir resultados. Quando um empresário abre uma padaria, o objetivo dele é ganhar dinheiro. Para isso ele precisa oferecer um pão quentinho, uma manteiga deliciosa, oferecer leite fresquinho entre outros itens na prateleira. Não podemos confundir os meios com os fins. Quando uma instituição faz uma ação de benevolência, no fundo ela quer valorizar a própria imagem. Isso é positivo, não é ruim. Não se pode esperar da empresa a ação da benemerência pela benemerência. A empresa é feita e age na busca por resultados. Precisamos entender que essa é a função fundamental das empresas e criar incentivos e controle para que a direção de suas ações estratégicas sigam ao encontro dos objetivos da sociedade.