quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Metade dos átomos do seu corpo veio de outras galáxias


Metade dos átomos do seu corpo veio de outras galáxias
As galáxias ejetam matéria em volume muito maior do que se calculava.[Imagem: Hubble/NASA/ESA/Jose Jimenez Priego]
 
Poeira de galáxias
Sabendo que todos os átomos mais pesados - do hélio para cima na tabela periódica - são criados nas estrelas, costuma-se dizer que todos nós somos seres feitos de "poeira de estrelas".
Mas parece que nossos elementos constituintes - e de tudo o mais que conhecemos, inclusive da Terra - não vieram apenas de vizinhanças mais próximas.

Na verdade, parece que pelo menos metade dos nossos corpos são "poeira de galáxias" - de outras galáxias, que não a nossa aconchegante Via Láctea.

"Nós não nos damos conta de quanto da massa das atuais galáxias similares à Via Láctea foi na verdade 'roubada' dos ventos de outras galáxias," disse Claude Faucher Giguère, da Universidade Northwestern, nos EUA.

Até agora os astrofísicos calculavam que as explosões estelares - as novas e supernovas - não teriam força suficiente para arremessar poeira pelos gigantescos espaços intergalácticos, mas Giguère e seus colegas demonstraram que não é bem assim.
Transferência de massa entre galáxias
Usando modelos 3D da evolução das galáxias, a equipe simulou o caminho que a matéria ejetada das explosões estelares teria seguido desde o Big Bang até hoje. As simulações mais precisas das supernovas revelaram que os ventos galácticos empurram a matéria muito mais rapidamente do que se pensava anteriormente, permitindo que elas atinjam outras galáxias.

Os cálculos indicam que, no tempo de vida de uma galáxia, ela troca matéria continuamente com suas vizinhas, com a jornada entre uma galáxia e outra desses átomos, moléculas e até compostos moleculares, levando de algumas centenas de milhões de anos até 2 bilhões de anos, contou Giguère.
Em galáxias com 100 bilhões de estrelas ou mais, os ventos galácticos podem ter transportado cerca de 50% da matéria atual dessas galáxias - dela para outras, e de outras para ela. Esse percentual é menor para as galáxias menores.

Se as simulações estiverem corretas, galáxias grandes como a nossa podem ter na matéria intergaláctica o principal elemento que as permitiu crescer - até metade de toda a sua massa pode ter chegado pelos ventos intergalácticos.

Cosmologia extragaláctica
Outros pesquisadores que checaram os cálculos gostaram da análise, como a professora Jessica Werk, da Universidade de Washington, que afirma que rastrear o fluxo da matéria da origem do Universo até o presente, e entender onde surgiram os átomos que compõem o ar que respiramos e a água que bebemos, é um dos problemas fundamentais da astrofísica.

"É um dos cálices sagrados da cosmologia extragaláctica. Agora, descobrimos que a metade desses átomos vem de fora da nossa galáxia," concluiu ela.

Bibliografia:

The cosmic baryon cycle and galaxy mass assembly in the FIRE simulations
Daniel Anglés-Alcázar, Claude-André Faucher-Giguère, Dusan Keres, Philip F. Hopkins, Eliot Quataert, Norman Murray
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
DOI: 10.1093/mnras/stx1517

As mudanças climáticas deverão aumentar as mortes prematuras por poluição do ar

segunda-feira, 7 de agosto de 2017


The University of North Carolina at Chapel Hill*
 
 
 
 
 
 
 
 
Um novo estudo da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, estima que a mudança climática futura, se não for atendida, deverá causar cerca de 60.000 mortes no mundo em 2030 e 260.000 mortes em 2100 devido ao efeito das alterações climáticas sobre a poluição atmosférica global.

 
 
 
 
O estudo, que aparece na edição de 31 de julho da Nature Climate Change, acrescenta a evidências crescentes de que os efeitos globais sobre a saúde de um clima em mudança provavelmente serão esmagadoramente negativos. É também o estudo mais abrangente sobre como as mudanças climáticas afetarão a saúde através da poluição do ar, uma vez que utiliza os resultados de vários dos principais grupos de modelagem de mudanças climáticas do mundo.
 
 
 
 
“À medida que a mudança climática afeta as concentrações de poluentes do ar, isso pode ter um impacto significativo na saúde em todo o mundo, aumentando os milhões de pessoas que morrem pela poluição do ar a cada ano”, disse Jason West, que liderou a pesquisa na UNC-Chapel Hill com ex-graduado Aluna e primeira autora Raquel Silva.
As temperaturas mais quentes aceleram as reações químicas que criam poluentes do ar, como o ozônio e partículas finas, que afetam a saúde pública. Locais que ficam mais secos também podem ter pior poluição do ar por causa da menor remoção pela chuva, do aumento dos incêndios e do pó soprado pelo vento.
 
 
 
 
West e Silva usaram um conjunto de modelos climáticos globais, para determinar o número de óbitos prematuros que ocorreriam devido a ozônio e partículas em 2030 e 2100. Para cada modelo, a equipe avaliou as mudanças projetadas na poluição do ar ao nível do solo que poderiam ser atribuídas a futuras mudanças climáticas. Eles então superaram essas mudanças espacialmente na população global, representando o crescimento da população e as mudanças esperadas na suscetibilidade à poluição do ar.
 
 
 
 
Em conjunto, West e Silva descobriram que as mudanças climáticas deverão aumentar as mortes relacionadas com a poluição do ar globalmente e em todas as regiões do mundo, com exceção da África. Especificamente, cinco em oito modelos previram que haverá mais mortes prematuras em 2030 e sete dos nove modelos em 2100.
 
 
 
 
“Nossa descoberta de que a maioria dos modelos mostra um aumento provável nas mortes é o sinal mais claro ainda que a mudança climática prejudicará a qualidade do ar e a saúde”, disse West, professor associado de ciências ambientais e engenharia da UNC Gillings School of Global Public Health. “Nós também colaboramos com alguns dos principais grupos mundiais de modelagem climática nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Japão e Nova Zelândia, tornando este estudo o mais completo ainda sobre a questão”.
 
 
 
 
Além de exacerbar as mortes relacionadas com a poluição do ar, as mudanças climáticas deverão afetar a saúde através de mudanças no estresse por calor, acesso a água potável e alimentos, tempestades severas e propagação de doenças infecciosas.
 
 
 
 
Referência:
 
 
 
 
Future global mortality from changes in air pollution attributable to climate change
Raquel A. Silva, J. Jason West, Jean-François Lamarque, Drew T. Shindell, William J. Collins, Greg Faluvegi, Gerd A. Folberth, arry W. Horowitz, atsuya Nagashima, Vaishali Naik, Steven T. Rumbold, Kengo Sudo, Toshihiko Takemura, Daniel Bergmann, Philip Cameron-Smith, Ruth M. Doherty, Beatrice Josse, Ian A. MacKenzie, David S. Stevenson & Guang Zeng
Nature Climate Change (2017) doi:10.1038/nclimate3354
 
 
 
 
https://www.nature.com/nclimate/journal/vaop/ncurrent/full/nclimate3354.html
* Tradução e edição de Henrique Cortez
Fonte: EcoDebate

Água desviada do São Francisco na PB é mais da metade da usada por 20 cidades

terça-feira, 8 de agosto de 2017


Em uma fiscalização conjunta, o Ministério Público do Estado da Paraíba (MPPB) e o Ministério da Integração Nacional encontraram diversos pontos de captação irregular de água no Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco, todos voltados para irrigação de plantações.

O desvio representa mais da metade do volume de água usado para abastecer Campina Grande e outras 19 cidades paraibanas, de acordo com o Ministério Público.



Membro do Comitê de Gestão de Recursos Hídricos (CGRH) do MPPBA, o procurador de Justiça Francisco Sagres disse que a maioria das captações irregulares foi encontrada em um trecho de 20 quilômetros que vai da entrada da água para Açude de Boqueirão, em uma localidade chamada de Jacaré, até a lâmina de água do açude. “Nesse trecho nós temos uma perda de 500 litros de água por segundo. A coisa é tão grave que a água retirada do Açude de Boqueirão para abastecer Campina Grande e mais 19 cidades é de 850 litros por segundo no total. São cerca de 1,5 milhão de pessoas”, afirmou em entrevista por telefone à Agência Brasil.

O Ministério da Integração Nacional estima que essas ligações não autorizadas já tenham desviado cerca de 20 milhões de metros cúbicos de água nos últimos dois meses e meio. O órgão faz uma comparação com a Lagoa Rodrigo de Freitas, do Rio de Janeiro: o desvio é de cerca de quatro vezes o volume de água da lagoa.


Segundo o procurador, o perfil dos agricultores que desviam água para irrigação é variado: pequenos, grandes e médios, plantando de frutas e verduras a sorgo e palma. “Se chegarmos a um nível maior de água no açude [de Boqueirão], tudo bem, podemos analisar a autorização de alguns hectares. Mas agora não dá”, afirmou Sagres.


De acordo com o Ministério da Integração Nacional, a prioridade de uso da água é para o abastecimento humano e animal, conforme outorga da Agência Nacional de Águas (ANA). Além disso, a região sofre uma crise hídrica grave, ligada à estiagem que está em seu sexto ano consecutivo. Atualmente o nível de Boqueirão está em cerca de 7%.


“Não há ainda segurança hídrica no açude, a qualquer momento pode haver uma paralisação dessa transposição, e como vamos abastecer Campina Grande? Qual a capacidade que temos para abastecer Campina Grande com carro-pipa? De forma nenhuma, uma cidade com 1 milhão de habitantes”, questinou Francisco Sagres.


O Ministério da Integração afirma que o uso indevido da água tem impacto direto no cronograma de racionamento das cidades paraibanas. “Como o Projeto está em fase de pré-operação, a utilização do Velho Chico para outros usos, neste momento, pode colocar em risco a segurança hídrica da população do estado da Paraíba.”




A fiscalização conjunta foi realizada no dia 31 de julho, motivada pela diferença entre o volume de água que passava por Monteiro (PB) , primeiro ponto do canal do Eixo Leste em solo paraibano, e a quantidade que chegava até o Açude do Boqueirão.




Uma reunião do Comitê de Gestão dos Recursos Hídricos do Ministério Público da Paraíba será convocada ainda nesta semana para tratar do caso. O Ministério Público Federal (MPF) também será convidado. O MPPB também vai determinar a apreensão dos equipamentos dos agricultores.




Passagens molhadas no Rio Paraíba – O Ministério da Integração também registrou denúncia na 14ª Delegacia Seccional de Polícia Civil, em Sumé (PB), para denunciar aterramentos encontrados dentro do leito do Rio Paraíba. “As estruturas contribuem para a redução da vazão no curso d’água do manancial”, diz o texto divulgado pelo órgão.

O delegado seccional João Joaldo Ferreira informou que a denúncia foi registrada há cerca de 15 dias. Segundo ele, a orientação é que o órgão federal ingresse com uma ação na Justiça para fazer o desaterramento, já que, por enquanto, não foi constatado crime. Os cerca de seis aterramentos, de acordo com Ferreira, são “passagens molhadas” (travessias de pedestres) feitas pelas comunidades do entorno, entre as cidades de Coxixola e Caraúbas. 

Fonte: Agência Brasil

Despoluição da Baía de Guanabara ainda é desafio após um ano da Olimpíada


Em 2016, quando o Rio sediou o maior evento esportivo do mundo – a Rio 2016 – uma das expectativas era que a Baía de Guanabara ganhasse a chance de ser despoluída. Na época, o governo fluminense contraiu um empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de R$ 1,2 bilhão para colocar o projeto em prática. Um ano após a Olimpíada, ambientalistas afirmam que o programa não avançou como esperado.

“Foram construídas ou reformadas sete grandes estações de tratamento de esgoto. No entanto, elas tratam hoje um volume irrisório, extremamente limitado, de esgoto”, disse o fundador do Movimento Baía Viva, Sérgio Ricardo.
 
 
 
 
Neste sábado (5), o grupo fez um ato na Praça Tiradentes, região central do Rio de Janeiro, para pedir a retomada da despoluição da baía e a conclusão dos troncos coletores e das ligações domiciliares construídas a partir de 1995.
De acordo com Ricardo, se as sete estações estivessem em pleno funcionamento, reduziriam significativamente a quantidade de dejetos lançados na baía. A estação do Caju (Alegria), por exemplo, que trata mais esgoto, não está operando com 20% da capacidade.
O grupo também pediu proteção dos mananciais no lado leste da Baía de Guanabara. Alguns rios na área, como os que abastecem São Gonçalo, Niterói e Paquetá, ainda estão limpos e têm água de boa qualidade.
 
 
 
 
Sérgio Ricardo informou também que a baía perdeu cerca de 80 quilômetros quadrados de água. Com assoreamentos. Quando chove, os sedimentos são carreados pelos rios, canais e valões para dentro da baía, elevando o risco de inundações e outros acidentes ambientais, porque o fundo da região – situada entre o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro-Tom Jobim e o município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense – é cortada por uma malha de dutos.
O presidente do Instituto Rumo Náutico – Projeto Grael, Axel Grael, da família de veleadores campeões brasileiros olímpicos e mundiais de iatismo, também lamenta que a baía não tenha sido completamente despoluída.
 
 
 
 
“Isso é muito frustrante, porque perdemos uma grande oportunidade. É um momento que podia ter trazido novas tecnologias, novas parcerias de investimento, uma série de benefícios para a Baía de Guanabara, que acabaram não acontecendo”, disse Grael.
Ele cita como avanço o processo de despoluição da enseada de Jurujuba, em Niterói, que constituirá a primeira parte da Baía de Guanabara que poderá ser considerada despoluída.
 
 
 
 
Programa de despoluição – A Secretaria Estadual do Ambiente informou que duas obras, integrantes do Plano de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara, estão em andamento e levarão saneamento básico a São Gonçalo e Cidade Nova.
 
 
 
 
“As obras em Alcântara e na Cidade Nova estão 48% e 41%, respectivamente, executadas. Porém, as mesmas correm o risco de serem interrompidas e serem, literalmente, desperdiçados cerca de US$ 100 milhões já investidos, caso o Tesouro Nacional não aprove o aditivo de prazo e de redução do financiamento com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de US$ 451 milhões para US$ 167 milhões”, informou a secretaria em nota.
 
 
 
 
Com as obras, 120 milhões de litros de esgoto deixarão de ser jogados na baía diariamente.
 
 
 
 
A secretaria destaca que o Instituto Estadual do Ambiente teve orçamento reduzido e só foi possível implantar e operar o sistema de 17 ecobarreiras, que custa cerca de R$ 500 mil por mês, e conseguiu retirar 8 mil toneladas de resíduos sólidos.
 
 
 
 
O órgão espera que se conseguir concluir as obras do programa de despoluição “e com o bom andamento da operação das ecobarreiras, teremos deixado um legado da olimpíada significativo, diante da crise que o estado vem enfrentando”. 
Fonte: Agência Brasil
 
 
 
 

Dia Nacional da saúde – Cuidados importante na terceira idade

terça-feira, 8 de agosto de 2017


Dia 5 de Agosto é comemorado o Dia Nacional da Saúde e para lembrar dessa data importante vamos falar sobre os cuidados da saúde dos idosos. E não somente das doenças físicas, mas das emocionais que ocasionam algumas enfermidades bem conhecidas hoje em dia.




Sabe aquela sensação que a vida passa muito rápido? Essa é uma percepção comum na vida de todas as pessoas, porém quando você chega na terceira idade isso acontece com mais frequência e mexe muito com o emocional.



As mudanças na pele e no corpo são perceptíveis, aquela disposição de sempre já não aparece com tanta frequência e fica claro com o passar dos anos que todas as experiências se transformaram em sabedoria.



Muitos idosos lidam com a 3ª idade muito bem, conseguem ocupar seu tempo com atividades físicas, grupos de idosos e viagens; tudo para não dar lugar à solidão, que em outros casos é bem presente na rotina. Ao “finalizar” sua vida profissional e dar lugar à aposentadoria, muitos se sentem inúteis e deprimidos, pois automaticamente se isolam do antigo ciclo social, muitas vezes por vergonha, ou até mesmo por se sentirem descartados.



Com o envelhecimento do nosso corpo o organismo fica mais fragilizado e vulnerável, como qualquer máquina que, com o tempo de uso, vai perdendo sua eficácia.



Um estudo da Faculdade de Chicago comprovou o poder das emoções na saúde dos idosos e que esses pacientes são mais propensos a apresentar doenças cardíacas.



A vida continua, ela só mudou o ritmo!



Assumir para si mesmo que as coisas mudaram é o mais difícil, o corpo e a rotina passaram por uma grande mudança, mas isso não significa que não será uma fase boa, ela pode ser sim! Estar velho não é o ponto final. Pense em um novo começo, com novas atividades que sejam apropriadas para o seu corpo e suas limitações. E lembre-se: ter novas experiências é o que faz a vida valer a pena.



Me aposentei, e agora?



A sensação de inutilidade é o que leva os idosos a se isolarem. Deixar de trabalhar não o torna inútil, você já cumpriu com as suas obrigações formais, este é o momento de descansar e aproveitar sua aposentadoria.



E a solidão?



Com passar dos anos vamos perdendo contato com alguns amigos, os filhos constroem suas famílias e com a correria do dia a dia não é possível estar sempre presente. Esse período exige um pouco mais de maturidade e preparo emocional para não causar depressão. É recomendado cuidar da mente até mesmo com tratamentos psicológicos, como terapias para seguir em frente e fazer parte de outros grupos, com pessoas da mesma idade que possam trocar experiências, fazer viagens ou encontros que não permitam o isolamento.



Alguns médicos apontam que mais da metade dos idosos apresenta doenças típicas de quem está sofrendo emocionalmente.



Conheça algumas doenças motivadas pelo emocional na velhice:



- Fibromialgia: dores e incômodos decorrentes de estresse e desânimo;
- Psoríase: Enfermidade da pele relacionada à saúde emocional. Houve um crescimento considerável dessas doenças em idosos;
- Hipertensão: A falta de uma atividade e a depressão atenuam o estresse, causando o aumento da pressão arterial.



Sorria para a vida.



Mantenha bons hábitos alimentares, faça exercícios, converse e saia com os amigos. A qualidade de vida é essencial para a sua felicidade, lembre-se que momentos ruins fazem parte da vida, e se você se sentir sozinho busque ajuda e não deixe de aproveitar os bons momentos dessa fase maravilhosa.
Fonte: Parque da Colina de Águas Mornas

O lado sombrio da energia solar: escassez de insumos, lixo e poluição, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

segunda-feira, 7 de agosto de 2017


O mundo está passando por uma transição da matriz energética, com declínio relativo dos combustíveis fósseis e aumento das energias renováveis. O futuro será das energias renováveis ou não haverá futuro, pois o carvão, o gás e o petróleo são recursos finitos. A energia solar fotovoltaica tem sido o destaque da nova matriz energética e deve ser a fonte com maior crescimento nas próximas décadas.





Porém, nem tudo são luzes e brilhos. A lei da entropia vale para todas as atividades e para todos os tipos de energia. Há muitos insumos materiais na produção fotovoltaica e a utilização de “terras raras”, que são minerais não renováveis, caros e controlados por poucos países.




Mas o maior problema é o Pico do Lítio, como mostrei em artigo do ano passado (Alves, 21/12/2016). As estimativas de reservas de lítio no início de 2015, estava em algo como 39,5 milhões de toneladas métricas. As maiores reservas estão na Bolívia, no Chile e no Afeganistão. Para acompanhar o crescimento da produção atual, as reservas conhecidas seriam suficientes para cerca de 365 anos de produção global, que está em cerca de 37 mil toneladas por ano.




Mas se a produção de carros elétricos deslanchar, o fornecimento de lítio de 365 anos seria reduzido para 17 anos. Ou seja, se houver uma revolução na matriz energética e as baterias de Íons de Lítio se generalizarem para os aparelhos eletrônicos, as casas e os carros, então teremos o Pico do Lítio e haverá uma escassez deste metal raro. Isto mostra que não é tão fácil avançar na revolução energética e na matriz 100% renovável. As baterias de sódio ainda não decolaram.





Outro problema é o lixo e a poluição gerados pelo descarte dos painéis solares. Artigo de Mark Nelson (28/06/20017) mostra que este é problema sério. Por exemplo: a quantidade de desperdício de painéis solares que o Japão produz todos os anos aumentará de 10.000 para 800.000 toneladas em 2040 e o país não tem nenhum plano para resolver este problema com segurança. Somente a Europa exige que os fabricantes de painéis solares coletem e eliminem o lixo solar no final de suas vidas úteis. Vejamos alguns números, segundo o autor:




Os painéis solares criam 300 vezes mais resíduos tóxicos por unidade de energia do que as usinas de energia nuclear.



Se a energia solar e nuclear produzirem a mesma quantidade de eletricidade nos próximos 25 anos que a produção nuclear de 2016, os resíduos empilhados em campos de futebol, atingiriam a altura da Torre de Pisa (52 metros), no caso nuclear, e o lixo solar atingiria a altura de dois Montes do Everest (16 km).




Em países como China, Índia e Gana, as comunidades que vivem perto de despejos de resíduos eletrônicos muitas vezes queimam os resíduos para salvar os valiosos fios de cobre para revenda. Uma vez que este processo requer queima do plástico, o fumo resultante contém fumos tóxicos que são cancerígenos e teratogênicos (causadores de defeitos congênitos) quando inalados.




Enquanto os resíduos nucleares estão contidos em tambores pesados ​​e monitorados regularmente, os resíduos solares fora da Europa hoje terminam na maior transmissão global de resíduos eletrônicos.




Os painéis solares contêm metais tóxicos como chumbo, que podem danificar o sistema nervoso, bem como o crómio e o cádmio, carcinógenos conhecidos. Todos os três são conhecidos por lixiviar os depósitos de resíduos eletrônicos existentes em fontes de água potável.




Evidentemente, estes problemas terão que ser resolvidos para que a energia solar se torne uma fonte hegemônica de energia. É claro também que existem lobbys de outras fontes de produção de energia que querem desqualificar as energias renováveis. Mas o fato é que não existe “almoço grátis”, ou seja, vivemos em um mundo sob o domínio do fluxo metabólico entrópico e não existe panaceia para viabilizar o padrão de produção e consumo ilimitado da humanidade.





Artigo, Jason Hickel (15/07/2016), da Rede de profissionais de desenvolvimento global, no jornal The Guardian, mostra que a energia limpa “não nos salvará – apenas um novo sistema econômico”. Se a humanidade fizer exatamente o que faz na era dos combustíveis fósseis, pouco vai resolver os 100% de energia limpa. Apenas as energias renováveis não evitarão os efeitos dramáticos das mudanças climáticas.





Artigo recente de Gail Tverberg (22/07/2017) mostra que a EROEI da energia solar e eólica é muito baixa, o que representa um obstáculo no processo das energias renováveis substituírem os combustíveis fósseis com a mesma eficiência econômica.



Assim como não é possível ignorar a lei da gravidade, também não é possível ignorar a lei da entropia. A revolução energética só vai funcionar se houver decrescimento demoeconômico no mundo e se a pegada ecológica ficar menor do que a biocapacidade do Planeta.



Referências:

ALVES, JED. O Pico do Lítio e as dificuldades de armazenamento das energias renováveis, Ecodebate, RJ, 21/12/2016
https://www.ecodebate.com.br/2016/12/21/o-pico-do-litio-e-as-dificuldades-de-armazenamento-das-energias-renovaveis-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
Mark Nelson. Are We Headed for a Solar Waste Crisis?, The Energy Collective, 28/06/20017
http://www.theenergycollective.com/energybants/2407383/headed-solar-waste-crisis
Jason Hickel. Clean energy won’t save us – only a new economic system can, The Guardian, 15/07/2016 https://www.theguardian.com/global-development-professionals-network/2016/jul/15/clean-energy-wont-save-us-economic-system-can
Gail Tverberg. Researchers have been underestimating the cost of wind and solar, 22/07/2017
https://ourfiniteworld.com/2017/07/22/researchers-have-been-underestimating-the-cost-of-wind-and-solar/
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br


Fonte: EcoDebate