Chapéu de salmão. É assim mesmo que cientistas se referem ao comportamento pra lá de bizarro exibido por algumas orcas (Orcinus orca). Ele foi observado pela primeira vez na década de 80, por um grupo desses animais que vivia no Pacífico, na costa oeste da América do Norte.
Foi em 1987 que uma orca fêmea foi avistada, na região de Puget Sound, com um salmão, morto, em cima do nariz. Semanas depois, parece que a moda pegou e cetáceos, de outros grupos, começaram a imitar o mesmo comportamento.
Assim como chegou, no ano seguinte, a estranha mania desapareceu, sem biólogos terem a mínima ideia sobre o que ela representava. Ou a razão pela qual as orcas decidiram carregar de lá pra cá peixes sem vida em cima do corpo. Estariam só se mostrando, brincando ou guardando alimento para mais tarde?
Agora, quase 40 anos depois, parece que o chapéu de salmão voltou à moda! No final de outubro, o fotógrafo Jim Pasola flagrou a fêmea conhecida como J27 Blackberry, de 32 anos, nadando com um salmão sobre a cabeça.
"Honestamente, não temos ideia de por que isso começou de novo, por que acontece ou por que parece ter começado de novo”, disse Deborah Giles, diretora de pesquisas da organização Wild Orca, em entrevista ao site New Scientist.
No final do ano passado, outro comportamento de orcas também deixou biólogos perplexos: elas estavam fazendo bullying com botos, seja empurrando-os com a boca, segurando-os entre os dentes, jogando-os para cima ou para outros membros do grupo.
“As orcas são animais incrivelmente complexos e inteligentes. Descobrimos que o comportamento de assédio aos botos foi transmitido através de gerações e entre grupos sociais. É um exemplo incrível da cultura delas”, afirmou na época Sarah Teman, colaboradora da SeaDoc Society, um programa da Escola de Medicina Veterinária da UC Davis, nos Estados Unidos.
Apesar de serem predadoras de topo de cadeia e conseguirem caçar e matar até tubarões-brancos, por exemplo, orcas de alguns lugares do planeta são bastante criteriosas com sua alimentação. É o caso das que vivem ao sul do Mar de Salish, no litoral sudoeste do Canadá e noroeste dos Estados Unidos - justamente as adeptas do chapéu de salmão. Lá, não por acaso, a base da dieta delas é um tipo específico de salmão, o Oncorhynchus tshawytscha, que pode chegar a pesar até 14 kg. Para saciar sua fome elas consomem quase 25 desses peixes diariamente.
*Com informações do site Science Alert e do jornal The Guardian
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Foto de abertura: Jim Pasola/Orca Network Whale Sighting Report
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