Polícia Federal escancara esquema de quadrilha formada por pessoas influentes que movimentava milhões e atuava desde a Copa de 1998.
A Copa do Mundo no Brasil vai entrar para a história, entre outros
motivos, por ter desbaratado um dos maiores esquemas de venda ilegal de
ingressos dos jogos — crime que, tudo indica, vinha se repetindo desde a
Copa de 1998, na França. Uma investigação que durou dois meses e gerou
mais de 20 mil horas de grampos telefônicos identificou uma quadrilha
internacional de venda de bilhetes cujo faturamento criminoso girava em
torno de R$ 200 milhões por evento. “Sabe por que as pessoas ficavam
penduradas no site da Fifa e não conseguiam entrada? Porque 30% dos
melhores ingressos estavam nas mãos de um dos líderes do esquema, o
francês Mohamadou Lamine Fofana”, disse à ISTOÉ o promotor Marcos Kac,
do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ)...
“Numa só negociação, Fofana vendeu 22 lugares por R$ 500 mil. Tem que
ter muita influência na Fifa”, afirmou o promotor. Onze pessoas da
quadrilha foram presas com, no total, 100 ingressos, no Rio e em São
Paulo. Entre elas, Fofana, que se diz agente esportivo e nega
participação no bando. Segundo o promotor, o “cabeça” da quadrilha é um
dirigente da Fifa, que vive em Zurique, cidade suíça onde fica a sede da
entidade. Um funcionário do alto escalão da entidade, hospedado no
Copacabana Palace, também é suspeito de integrar o esquema. “Se nossas
desconfianças forem confirmadas, é coisa para abalar a estrutura da
Fifa”, afirma o promotor.
Como Fofana aparece em fotos e teve ligações gravadas com algumas
personalidades do futebol brasileiro, todos serão chamados para depor.
Uma das conversas grampeadas é com o ex-jogador Carlos Caetano Bledorn
Verri, o Dunga, treinador da Seleção Brasileira na Copa de 2010 e
capitão do tetra, nos Estados Unidos, em 1994.
“O Dunga ligou para um
dos foragidos da quadrilha que está sendo monitorado, querendo marcar um
encontro pessoal e revelando preocupação com a nossa investigação. Quem
está preocupado é porque deve”, disse o promotor. Dunga confirmou
conhecer Fofana, mas “atrelarem meu nome ao crime é desproporcional”,
afirmou.
Outro que caiu no grampo foi Roberto de Assis Moreira, irmão e
empresário de Ronaldinho Gaúcho. O diretor de marketing da Fifa e
responsável por ingressos, Thierry Weil, enviou nota à ISTOÉ na qual
afirma que a entidade “está apoiando as autoridades em suas
investigações contra as atividades de cambistas e a venda ilegal de
ingressos”.
Fonte: WILSON AQUINO, revista Istoé - 05/07/2014 - - 01:21:59 BLOG do SOMBRA
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