O Brasil aliou-se ontem a países
como Bolívia, Equador e Nicarágua para evitar que a OEA (Organização dos
Estados Americanos) convocasse seus chanceleres e enviasse uma missão a
Caracas para discutir a crise na Venezuela, que já fez 20 mortos.
Conforme a Folha apurou, o Planalto e o Itamaraty avaliam que essas medidas só contribuiriam para acirrar as tensões internas.
Ao excluir a OEA das negociações, o
Brasil e os principais aliados de Nicolás Maduro visaram evitar a
participação dos EUA, que são o maior adversário do regime do presidente
venezuelano.
Sem a OEA, cuja
reunião começou na anteontem e se estendia até a noite de ontem, foi
aberta a porta para que os doze chanceleres da Unasul (União de Nações
Sul-Americanas) fossem convidados ontem mesmo para uma reunião na
próxima quarta-feira, em Santiago, para discutir a Venezuela sem a
presença americana.
Ao contrário da dividida OEA, a
Unasul tende a ser bem mais condescendente e formalizar uma posição
muito mais amigável em relação ao governo Maduro e mais crítica aos
manifestantes.
A cidade de
Santiago foi escolhida pela circunstância da posse de Michelle Bachelet
na Presidência do Chile --que ela já havia ocupado antes.
A ideia inicial de uma reunião de
presidentes foi descartada, conforme o Itamaraty, porque o Chile alegou
dificuldades logísticas para um evento desse porte em cima da hora.
A
posse de Bachelet será na terça, dia 11, e a reunião de chanceleres da
Unasul, no dia seguinte.
Esta só não ocorrerá no caso de não haver
quórum suficiente, ou seja, se boa parte dos chanceleres não puder ou
não quiser participar.
A presidente Dilma Rousseff irá à
posse de Bachelet, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Luiz
Alberto Figueiredo, confirmou a viagem ao Chile para a reunião de
chanceleres.
A posição
brasileira pró-Maduro na OEA e a ida de Dilma e Figueiredo foram
precedidas pela viagem do assessor internacional da Presidência, Marco
Aurélio Garcia, a Caracas, onde teve encontros com autoridades do
governo venezuelano. ( Folha de São Paulo)