quarta-feira, 23 de julho de 2014

Egito: surpreendente apoio a Israel, e não ao Hamas






 “O Egito não intervirá para deter a guerra na Faixa de Gaza porque o Hamas conspirou com a Irmandade Muçulmana contra o Egito.
O Hamas trabalhava com a Irmandade Muçulmana contra o exército egípcio”.

O atual ataque do Hamas a Israel persuadiu a previsível confusão de nacionalistas palestinos, islâmicos, ultra-esquerdistas e anti-semitas de sair da caverna para criticar de forma ameaçadora o Estado judeu. Porém, mais curiosamente, Israel está recebendo apoio, ou contenção e equanimidade pelo menos, de fontes inesperadas:


O Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon: “Hoje nos enfrentamos ao perigo de uma escalada integral em Israel e Gaza com a ameaça de uma ofensiva terrestre ainda palpável e somente evitável se o Hamás deixar de disparar projéteis”. As Forças libanesas de Interior detinham dois particulares por haver disparado projéteis sobre Israel. 


Efetivos da segurança egípcia confiscavam uma vintena de projéteis que estavam sendo introduzidos de contrabando em Gaza. Mahmoud Abbas, secretário da Autoridade Palestina, assistia em Israel a uma “conferência de paz” organizada pelo diário Haaretz, a mesma jornada em que começava o atual enfrentamento* e indignou o Hamás por sua disposição a seguir trabalhando com o Governo de Israel. 


O ministro jordaniano de Exteriores, Nasser Judej exigia que Israel “detenha imediatamente sua escalada”, porém equilibrava isto com chamamentos à “restauração da calma total e o respeito aos civis” e “a volta às negociações diretas”.


François Hollande, presidente da França, dava a Netanyahu o respaldo mais fervoroso de todos os líderes estrangeiros, ao assegurar ao líder israelense que “a França condena com firmeza os ataques” a Israel, e expressava “a solidariedade da França aos projéteis disparados de Gaza. O governo israelense há de adotar todas as medidas necessárias para proteger sua população de todas as ameaças”.


Os meios de comunicação convencionais também estão mostrando uma equanimidade inusual à Israel. A BBC publicava o artigo “São precisas as imagens de #GazaUnderAttack?”, relativo a umas fotografias que dizem mostrar os efeitos dos ataques israelenses em Gaza, e concluía que “Parte das fotografias são da situação atual em Gaza, porém a análise #BBCtrending descobriu que algumas remontam a nada menos que 2009, e as há procedentes da Síria e do Iraque”. 


O jornalista da CNN Jake Tapper perguntava à antiga assessora legal da OLP, Diana Buttu pela gravação de porta-vozes do Hamas que instam os civis de Gaza a proteger as residências dos líderes do Hamás com seus corpos. Quando Buttu replicou chamando esta acusação de racista, Tapper respondeu: “Não é racista, temos o vídeo... Não é racista, é um fato”.


Impondo-se a todos estes indicadores, mas menos curioso, Rasmussen refere que o provável votante norte-americano culpa mais os palestinos do que Israel, por uma margem de quase 3 a 1 (42 por cento frente a 15 por cento) pelo conflito em Gaza (segundo a sondagem levada a cabo nos dias 7-8 de julho, recém começadas as hostilidades). É talvez a estatística mais importante, com diferença do conflito fora do Oriente Próximo, mais evidentemente que os votos no Conselho de Segurança.



Comentários:
(1) A frieza ao Hamas é em grande medida produto do descobrimento tardio de que os islâmicos representam um perigo maior que os sionistas. Porém a sobriedade dos meios convencionais insinua que, em parte, também se depreenderia do rechaço às táticas vis do Hamas e à repulsa a seu repugnante objetivo de destruir Israel.

(2) Sendo político o objetivo do Hamas nesta guerra, este menor apoio ganha uma importância notável. (11 de julho de 2014).


*12 de julho de 2014: minhas informações acerca da assistência de Abbas à conferência do Haaretz procediam do artigo de Al-Monitor acima, onde ele diz que “No apogeu dos bombardeios israelenses de Gaza na primeira hora de 8 de julho, o Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, surpreendeu os palestinos intervindo em uma conferência de paz organizada pelo periódico israelense Haaretz”. 


Porém, o jornalista Adi Schwartz corrigiu isto, escrevendo-me que Abbas não interveio no ato: “todos os representantes palestinos que se supunha assistiriam, decidiram boicotar a conferência. Ele assina uma coluna no periódico”.


13 de julho de 2014: “Egípcios esperam que Israel destrua o Hamas”, escreve Halid Abú Toamehed no Gatestone Institute. Alguns extratos: Azza Sami, Al-Ahram: “Obrigado, Netanyahu e que Alá nos envie muitos como tu para destruir o Hamas”. Amr Mustafá, intérprete, dirigindo-se aos palestinos na Faixa de Gaza: “Tens que desfazê-los do Hamas e vamos ajudá-los”. O Hamas deve deixar de se intrometer nas questões internas dos países árabes imediatamente: “Tira os vossos do Egito, Síria e Líbia. No Egito, hoje combatemos a pobreza criada pelas guerras. Temos problemas próprios de sobra. Não espereis que os egípcios dêem mais do que já deu. Tivemos bastante do que fizestes ao vosso país”.


O Al-Bashayer: “O padrão de vida de um cidadão de Gaza é muito mais elevado do que o de um cidadão egípcio. O pobre do Edito passa mais necessidade que o pobre da Faixa de Gaza. Que Qatar gaste quanto quiser na Faixa de Gaza. Nós não devemos enviar nada que falte em casa”.


Quando o famoso jornalista e apresentador televisivo Amr Adib criticou “o silêncio” de Sisi sobre a guerra na Faixa de Gaza, muitos egípcios lhe pediram que se calasse. Um exemplo: “O Hamas é responsável pela morte de soldados egípcios”. Hamdi Bakhit, antigo general: Israel deveria voltar a ocupar a Faixa de Gaza porque “seria melhor que o governo do Hamas”.


A apresentadora da televisão egípcia, Amany al-Hayat, acusava o Hamas de se fazer de vítima de um ataque israelense para obrigar o Egito a reabrir a passagem fronteiriça de Rafaj com Gaza. “Não querem mais que lhes abramos a passagem de Rafah. O Hamas está disposto a que todos os residentes da Faixa de Gaza paguem um elevado preço com o objetivo de se desfazer de sua crise. Não esqueçamos que o Hamas é o braço armado do movimento terrorista da Irmandade Muçulmana”.


Ahmed Qandil, responsável pelo Programa de Estudos Energéticos da instituição Al-Ahram Estudos Estratégicos, denunciava o ataque às instalações nucleares israelenses de Dimona como “estúpido” e advertia que isto põe em perigo vidas egípcias e árabes: “O Egito tem que adotar medidas de precaução”. Em resposta a esta intervenção, um egípcio escreve: “Que Alá faça vitorioso o Estado de Israel em sua guerra contra o movimento terrorista Hamas, durante este sagrado mês do Ramadán”.
Mustafá Shardi, jornalista:


 “Nenhum país árabe fez pelos palestinos o que fez o Egito. Por que o Hamas não acode ao (primeiro ministro turco Recep Tayyi) Erdogan? Onde está Erdogan quando faz falta? Por que guarda silêncio? Se ele abre sua boca, eles (Israel e Estados Unidos) lhe renhirão. O povo egípcio se pergunta: onde estão os nossos seqüestrados e levados à Faixa de Gaza? O Hamas deveria se desculpar pelos milhares de túneis que se costumavam utilizar para introduzir recursos egípcios de contrabando. Todos têm seus próprios aviões privados e contas em bancos suíços”.


Mohamad Dahlán, antigo responsável do Interior na Autoridade Palestina, prediz que os egípcios não farão algo para salvar o Hamas: “O Egito não intervirá para deter a guerra na Faixa de Gaza porque o Hamas conspirou com a Irmandade Muçulmana contra o Egito. O Hamas trabalhava com a Irmandade Muçulmana contra o exército egípcio”.

Depois que o secretário da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, telefonou a Sisi para instar-lhe a trabalhar em “um cessar fogo imediato” entre Israel e Hamas, admitia que seu chamamento a Sisi havia fracassado. Segundo Abú Toameh, Sisi (do mesmo modo que muitos egípcios) parece “encantado de que o Hamas esteja sendo fortemente punido”.


O Hamas fez declarações da postura egípcia. Um porta-voz destacava: “É desafortunado ver que alguns egípcios apóiam publicamente a agressão israelense à Faixa de Gaza enquanto os ocidentais expressam solidariedade com os palestinos e condenam Israel”. Os líderes do Hamas utilizam termos como “traição” ou “conchavados”.

Tradução: Graça Salgueiro

Nossa guerra particular



O que vemos não são apenas assaltantes armados. São homicidas que saem para roubar

RUTH DE AQUINO
 
21/07/2014 07h00 -

Um tiro na cabeça, à queima-roupa, na hora do almoço, sob um sol deslumbrante de inverno, num dos bairros mais nobres e bucólicos da Zona Sul carioca, a Gávea, chocou e enlutou a elite do Rio de Janeiro. Sepultou-se ali a ilusória sensação de segurança criada pelo policiamento ostensivo na Copa, com soldados camuflados a cada esquina.

Maria Cristina Bittencourt Mascarenhas, 66 anos, conhecida por todos como Tintim, seu apelido de infância, acabara de sacar R$ 13 mil no banco para pagar a seus funcionários. Foi vítima de mais uma “saidinha de banco”, expressão quase terna que não traduz a covardia do crime, uma praga no Brasil. Tintim era sócia e anfitriã de um bistrô tradicional e simpático, o Guimas, fundado por duas famílias em 1981, que mistura as cozinhas francesa, portuguesa e brasileira. Ali sempre se comeu bem sobre toalhas quadriculadas, cobertas por papéis brancos descartáveis, onde crianças e adultos desenham, com lápis de cera coloridos, algo para alimentar o papo.

Dois homens numa moto a atacaram no curto caminho para o restaurante, um com capacete, o outro sem. Um chegou por trás, passou o braço pelo pescoço dela e gritou “passa a bolsa”. Tintim, mãe de três filhas e avó, querida na rua pelo sorriso e pela gentileza, segurou a bolsa por instinto e foi executada, com uma bala na têmpora. O assassino pegou o dinheiro, fugiu com o comparsa na moto. A vítima ficou ali, morta na poça de sangue, junto a botecos onde muita gente comia e bebia no ambiente festivo que tanto encantou os gringos. Uma testemunha disse que tudo durou um minuto.

Tintim parara para experimentar uma saia na barraca de um ambulante, pois assim é a comunidade da Gávea, um bairro chique alternativo, muito verde, com comércio misto e casas ainda antigas, mais procurado por quem busca tranquilidade e qualidade de vida, não ostentação. O bairro abriga a PUC, universidade católica, o Jockey Club, escolas para pobres e ricos, cursos de balé e ioga. É caminho para a favela da Rocinha.

Se fosse apenas uma tragédia isolada e pontual da boemia carioca, o assassinato de Tintim não estaria aqui nesta coluna. A violência de bandidos ou da polícia invade todos os grandes centros urbanos e não escolhe classes sociais. Está associada a impunidade, corrupção, abuso de poder, disputa por pontos de droga e desrespeito à vida. Aterroriza os pacíficos e honestos.

Pais e mães não conseguem criar filhos sem paranoia.  Há quem apele a estratégias de guerrilha. No dia em que Tintim foi assassinada, ouvi uma jovem contar seu método para escapar ilesa de um eventual assalto no trânsito: “Minha bolsa que fica à vista é toda ‘fake’. É uma Vuitton falsificada, meus documentos são falsos, com nomes e endereços falsos, chaves falsas, celular que não funciona e mais uns R$ 50 e uns US$ 10 para o assaltante achar que se deu bem”. A bolsa verdadeira fica escondida. É uma história real. E faz todo sentido. Um sentido escabroso.

O que vemos não são simples assaltantes armados. São homicidas que saem para roubar. Poderiam ter dado um soco em Tintim, poderiam tê-la desacordado. Mas não. Deram um tiro para matar. Como fazem ao roubar um celular, uma bicicleta ou um carro – e a vítima, por medo ou susto, atrapalha por segundos a ação.

O “latrocínio” (assalto seguido de morte) é coisa nossa, quase não acontece em países civilizados. Cerca de 60 mil brasileiros são mortos por ano no país. Milhares de homicídios não são sequer registrados, por falta de confiança na investigação, por medo de vingança de gangues ou da PM. Nas estatísticas disponíveis, 164 pessoas são mortas por dia no Brasil. É como se um avião da Malaysia Airlines, com 298 pessoas a bordo, fosse abatido a cada 43 horas, por um míssil chamado subdesenvolvimento. Mata-se no Brasil, em 38 horas, o equivalente aos 260 palestinos mortos em 11 dias de conflito com Israel (até a última sexta-feira). Se o que vivemos não é uma guerra civil, o que será? Hecatombe social?

Somos reféns, podemos não chegar vivos em casa e sabemos o risco de perder alguém querido. Por isso, nos tornamos piores, mais agressivos ou medrosos. Há uma tendência a culpar as vítimas. “Como assim sacar R$ 13 mil do banco? Nem de dia dá para fazer isso.” “Como assim segurar a bolsa? Todo mundo sabe que não dá para reagir, entrega tudo logo.” É horrível. É como culpar pelo estupro a moça que ostentou as coxas com uma saia curta.

Houve um tempo, no Brasil, em que o verbo “reagir” significava outra coisa. Gritar por socorro. Tentar bater no assaltante ou ameaçar o bandido. Hoje, se o rapaz fugir de bicicleta, se a moça esconder rápido o celular na mochila, se o homem acelerar o carro, se a mulher segurar a bolsa, pronto. “Reagiram”, todos. Perderam a vida. Isso é barbárie, uma sociedade sem educação, sem humanidade, com total desprezo a leis que existem para não ser cumpridas.

Opinião: Perdoa?

11:36:16



O bordão do antológico partido alto de Paulinho de Viola, cujo nome intitula a coluna, poderia ser a melô da campanha de Dilma Rousseff diante das dificuldades que o governo e o PT vêm enfrentando para conquistar o apoio dos grandes empresários do país e dos aliados que se afastam do Palácio do Planalto. “Meu bem, perdoa/Perdoa meu coração pecador/Você sabe que jamais eu viverei/Sem o seu amor.” 
 
Sem ter como explicar o fracasso das iniciativas no sentido de retomar o crescimento, já que o Brasil, para segurar a inflação, está às portas da recessão, a cúpula do governo chegou à conclusão que a única saída é reconhecer que errou. E prometer que nada será como antes. Duro será convencer a presidente da República a fazê-lo publicamente, depois de tantas recusas a mudar de rumo.
 
A maior de todas as negativas, com certeza, foi a resposta dada por Dilma ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo semestre do ano passado, quando o líder petista sugeriu que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fosse substituído no cargo. O nome cotado para o posto era o do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, cujo perfil seria de agrado do mercado e dos políticos. Depois de 15 dias de reflexão, a petista disse “não” a Lula 


Essa resposta soou como uma espécie de que “quem manda aqui sou eu”, pois Dilma interpretou a sugestão como uma tentativa de tutela, num momento em que o movimento “Volta, Lula!” estava no auge. À época, ainda acreditava que conseguiria manter a taxa de juros (Selic) abaixo dos 9%, depois de uma redução forçada a 7,5%. Eram sócios da estratégia de juros baixos para reaquecer a economia o atual ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
 
Deu no que deu: na medida em que a inflação saía do controle, os juros voltaram a subir. Estavam na faixa dos 8% desde junho, subiram para 9% em setembro e chegaram a 10% em dezembro; em junho deste ano, voltariam a 11%. Quando a inflação finalmente caiu, em junho passado, depois de estourar o teto da meta anual de 6,5% — o que é um alívio para a o governo e para o bolso do assalariado —, a economia chegou ao limiar da recessão.
 
Chame o Lula!
O samba de Paulinho da Viola, além de falar da corrosão dos salários pela inflação — “Ando comprando fiado/Porque meu dinheiro não dá/Imagine se eu fosse casado/Com mais de seis filhos para sustentar” —, vem a calhar porque relata as agruras do trabalhador com a recessão: “Nunca me deram moleza/E posso dizer que sou trabalhador/Fiz um trato com você/Quando fui receber você não me pagou/Mas ora meu bem”. Isso é o que acontece com empresas em dificuldades para honrar seus compromissos diante da estagnação econômica.
 
Velho samba à parte, a mistura de pessimismo com disputa eleitoral inviabiliza medidas de curto prazo para combater a recessão que não sejam meros paliativos. São as incertezas políticas. Uma das maiores críticas ao governo diz respeito ao comportamento errático de sua política econômica. Decisões pseudoestruturantes do que seria uma “nova matriz” econômica, como reduzir a fórceps as tarifas de energia e arbitrar as taxas de retorno dos investimentos , deixaram o “instinto animal” do mercado em estado de alerta, como diria o ex-ministro Delfin Neto. Além disso, represar os preços dos combustíveis e das tarifas públicas sinalizam inflação e desvalorização cambial no futuro, o que deixa investidores de orelha em pé.
 
O mea-culpa de Dilma Rousseff seria a única alternativa para recuperar a confiança do mercado, mas só ocorre nos bastidores, uma vez que reconhecer os próprios erros abertamente seria levar água para o moinho da oposição. Não tem eficácia porque há dois discursos. Quando fala à Nação sobre a economia, o opção da presidente da República é descer o sarrafo nos pessimistas, como fez às vésperas da Copa do Mundo. 
 
Na política propriamente dita, a estratégia do Palácio do Planalto é atender aos “pleitos” dos aliados que permanecem fiéis e atacar duramente a oposição, principalmente o candidato do PSDB, Aécio Neves. O tucano encostou em Dilma nas simulações de segundo turno e precisaria ser “desconstruído”, pois surge como alternativa de poder capaz de reverter o atual cenário econômico. Mesmo assim, do ponto de vista eleitoral, não basta o jogo bruto. Diante de uma recessão, a alternativa de Dilma é chamar o Lula e aceitar sua tutela, uma saída a la Vladimir Putin, o presidente russo que se reveza no poder com o primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, desde 1999.




Fonte: Por LUIZ CARLOS AZEDO, Correio Braziliense - 23/07/2014
 
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Lago: Ocupações irregulares já eliminaram mais de 10% da área de preservação da orla

4:18:32



Edificações à beira do lago desrespeitam a lei e ultrapassam faixa de proteção ambiental.


Nesta fotografia de satélite, é possível ver píeres construídos dentro do Lago Paranoá, representados por pontos amarelos. Em vermelho, as edificações irregulares; em verde, a Área de Proteção Permanente. Divulgação/ MPDFT...

Esta foto de satélite mostra a área de ocupação irregular na quadra EQL 11/13 do Lago Norte. Em roxo, os lotes residenciais; em vermelho, as construções dentro da faixa de APP; em amarelo, a área aterrada do lago; em verde, a área de vegetação que deveria ter sido preservada
Divulgação/ MPDFT
As obras irregulares à beira do Lago Paranoá devastaram 10,76% da APP (Área de Proteção Permanente) do principal corpo hídrico do Distrito Federal. A retirada aguda da vegetação teve início há 21 anos, com a criação de setores habitacionais.  
 
Um relatório produzido pela Divisão de Perícias externas do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal) mostra que mais de 175 mil m² da área que deveria ser preservada, estão ocupados por edificações e pavimentações particulares.   
 
Churrasqueiras, quadras esportivas, piscinas e calçamentos estão onde, antes, era destinado à APP. Estes espaços, em sua maioria, são públicos e indevidamente ocupados. As intervenções também constam em mais de 200 laudos do Instituto de Criminalística do Distrito Federal.  
 
Segundo o documento, em 2011, eram 230 píeres de lazer nos setores SHIS (Setor de Habitações Individuais Sul), SHIN (Setor de Habitações Individuais Norte) e SMLN (Setor de Mansões do Lago Norte), o que resulta em 136 mil m² de áreas aterradas para empreendimentos privados. O lago perdeu em superfície o que corresponderia a mais de 200 lotes de 600 m².  
 
A legislação ambiental determina que, nas Áreas de Preservação Permanente, deve-se respeitar uma margem de 30 metros ao longo do curso de água, o que não acontece na orla do Lago Paranoá. Em alguns casos, as ocupações invadem o lago de tal forma que chamou a atenção dos peritos do MPDFT.   
 
— Algumas quadras apresentam níveis de ocupação contrastantes com as demais. Como exemplo, pode-se citar as ML, I2, I3, do SMLN, e as QL 12, 14, 15 e 28 do SHIS, diz o estudo técnico.  
 
As consequências imediatas da gradual destruição das margens ecológicas do lago é o aumento da probabilidade de erosões e a queda de encostas.  
 
A orla tem 90 quilômetros lineares e, no projeto inicial de Brasília, a intenção era que a ocupação fosse apenas para fins coletivos. Um manuscrito do urbanista Lúcio Costa demonstra a intenção.  
 
— Evitou-se a localização dos bairros residenciais na orla do lago, a fim de preservá-la intacta, tratada com bosques e campos de feição naturalista e rústica para os passeios e amenidades bucólicas de toda a população urbana. Apenas os clubes esportivos, os restaurantes, os lugares de recreio, os balneários e núcleos de pesca poderão chegar à beira d’água.  
 
No entanto, em 1987, foram feitas alterações no projeto inicial da cidade e criados novos setores habitacionais: SHIS (Setor de Habitações Individuais Sul), SHIN (Setor de Habitações Individuais Norte) e SMLN (Setor de Mansões do Lago Norte).  
 
Ainda que o uso residencial tenha sido liberado com a modificação do plano original, o acesso ao lago deveria ser público na SHIS e SHIN. Somente o SMLN foi projetado com acesso privado ao lago e nenhuma residência teve permissão para construir na faixa de trinta metros ao longo do recurso hídrico.  
 
A promotora de Meio Ambiente e Patrimônio Público do MPDFT, Luciana Bertini, diz que os proprietários de casas destes locais sabiam da necessidade de preservação das áreas permanentes.  
 
— Mais de 90% dos lotes são escriturados e as escrituras já alertavam que o dono do terreno podia edificar apenas 40% da área total. Ele deveria preservar as outras 60%, que é área de proteção permanente, então quando ele edifica não pode dizer que desconhecia isso.  
 
As constantes e duradouras agressões à área de preservação do Lago Paranoá geraram uma denúncia da Prodema (Promotoria de Meio Ambiente e Patrimônio Público) do MPDFT à justiça contra o GDF (Governo do Distrito Federal). O processo se arrasta há nove anos.  
 
Em 2011, o TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal) determinou que o governo apresentasse planos de remoção das construções irregulares e recuperação das áreas degradadas.   
 
Em março deste ano, o governo apresentou o documento à Vara de Meio Ambiente do TJDFT, mas o Ministério Público rejeitou por falta de data e descrição detalhada das ações de recuperação da vegetação. Na semana passada, o TJDFT determinou que o GDF apresente um plano “objetivo” de remoção das ocupações irregulares.  
 
Em resposta ao Portal R7, o GDF afirmou que o PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) está em discussão e foi elaborado um cronograma de trabalho para finalização do projeto. Para combater novas utilizações indevidas de área pública, o governo diz que os órgãos competentes realizam fiscalizações contínuas e cotidianas na região.  
 
O próximo passo do Ministério Público é calcular a multa que será aplicada ao governo, arbitrada em 2013 em R$ 5 mil ao dia por descumprir determinações judicias de desocupação das áreas públicas.   



Fonte: Por CAROL OLIVEIRA, portal R7 - 23/07/2014 - - 14:18:32 

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Opinião: A explicação de Aécio não decola

4:23:07



Torraram R$ 13,9 milhões em Cláudio, mas há um aeroporto equipado a 36 km dali, em Divinópolis.
 
Desde domingo, quando o repórter Lucas Ferraz contou que a Viúva construiu uma pista de pouso asfaltada no município de Cláudio (MG), a 6 km da fazenda centenária do ramo materno da família de Aécio Neves, o candidato tucano à Presidência da República ofereceu explicações insuficientes para satisfazer a curiosidade de uma pessoa que pretenda votar nele em nome do seu compromisso com a gestão e a transparência. 


 Situações desse tipo afloram em campanhas eleitorais, e a maneira como os candidatos lidam com elas instrui o julgamento que se faz deles.
 
O campo de aviação de Cláudio fica a 120 km do aeroporto de Confins e a 36 km da pista bem equipada de Divinópolis. Lá estão as terras da família Tolentino, na qual nasceu Risoleta, avó de Aécio e mulher de Tancredo Neves. 


Ela morreu em 2003, deixando no espólio a fazenda da Mata, recanto onde seu neto às vezes se refugia. A obra custou R$ 13,9 milhões ao governo do Estado e foi concluída em 2010, quando ele o governava. No ano anterior, segundo o IBGE, a receita orçamentária realizada do município foi de R$ 26,3 milhões...
 
Aécio respondeu com uma generalidade: "Tudo foi feito com a mais absoluta transparência e correção". Juntou uma redundância: "O aeroporto foi construído em área pertencente ao Estado, não havendo, portanto, investimento público em área privada". Finalizou com uma precipitação: "Já foi tudo explicado".
 
Por enquanto, há em Cláudio uma pista de 1 km, capaz de receber jatinhos de até 50 lugares, sem equipamento ou homologação da Anac. Falta explicar é a necessidade de a Viúva ter construído essa nova pista naquelas terras. A área foi desapropriada em 2008. Sem isso, a obra não poderia ter sido custeada pelo governo do Estado. Os Tolentino disputam o valor oferecido pelas terras (R$ 1 milhão). Uma peritagem, ainda que tardia, poderá resolver a questão. 


O próprio candidato argumenta que "aeroportos locais, que não possuem voos comerciais, ou pistas de pouso fechadas são prática comum em aeroportos públicos no interior do país, como forma de evitar invasões (...) que possam oferecer riscos à segurança dos usuários". Tem toda razão e leva ainda o mérito de expor uma questão relacionada com os investimentos públicos em pistas que só recebem aviões privados. 


Talvez Cláudio precisasse de uma. Do jeito que está, recebe irregularmente uns dois aviões por semana. O ex-governador informa também que não se tratou de construir uma nova pista, mas apenas de modernizar outra, de terra, feita em 1983, quando seu avô era governador e um Tolentino, prefeito da cidade. A Viúva não deve ter ficado com essa conta, pois a terra era privada.
 
A comodidade de uma pista de pouso paga e mantida pela Boa Senhora é o objeto do desejo de todo fazendeiro. Tome-se, porém, o exemplo de Paul Mellon, um finíssimo bilionário que vivia entre seu haras da Virgínia e o mundo. Comprou um avião e, para seu conforto, construiu um aeroporto dentro de suas terras, em Upperville. Lá, avisa-se: "Uso privado. É necessária autorização para pousar".
 
Mellon fez o aeroporto com o dinheiro dele. A pista de Cláudio, como diria Armínio Fraga, foi construída com o "meu, o seu, o nosso".


Fonte: Por ELIO GASPARI, coluna Poder - Folha - 23/07/2014 - - 14:23:07
 
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PE: Procuradoria vai apurar suposta oferta de propina na eleição


O Ministério Público Eleitoral em Pernambuco vai apurar a oferta de propina para que o Pros apoiasse a campanha de Paulo Câmara, candidato a governador do Estado e escolhido do presidenciável Eduardo Campos.
 
A Polícia Federal, contudo, só vai entrar na apuração se houver pedido formal dos procuradores eleitorais ou da Justiça Eleitoral...
 
"No caso de crimes eleitorais, a PF não tem poder de solicitar inquérito de ofício. Essa é uma resolução do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]", explicou o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).
 
A informação de que serão procuradores federais em Recife que vão apurar o caso é da Procuradoria-Geral da República. Nesta quarta-feira (23), no entanto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não quis comentar quais providencias seriam tomadas.
 
Candidato ao governo de Pernambuco, o senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE) afirmou nesta quarta que também pedirá apuração ao Ministério Público Eleitoral. "Diante da gravidade das denúncias e como o fato se relaciona com o processo aqui de Pernambuco, estamos fazendo um pedido de investigação ao Ministério Público Eleitoral à luz dessas denúncias e dos fatos que são graves", afirmou Monteiro Neto.
 
"Eu já sabia que havia algumas coisas relacionadas com este processo aqui, mas não conhecia a expressão dos fatos nem os detalhes", afirmou Monteiro Neto.
 
O deputado federal José Augusto Maia (Pros-PE) disse em entrevista à Folha que recebeu e recusou oferta de "vantagem financeira" para que seu partido integrasse formalmente a coligação do candidato de Campos em Pernambuco. A outros deputados – dois deles foram ouvidos sob condição de anonimato pela Folha e contaram a mesma história – Maia afirmou que a oferta foi de R$ 6 milhões, sendo que R$ 2,5 milhões seriam reservados a ele.
 
De acordo com o relato do deputado, a proposta de vantagem financeira foi feita a ele pelo presidente nacional do Pros, Eurípedes Jr., e pelo líder da bancada do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PE). Ambos negam a oferta de dinheiro para que o partido do deputado se coligasse formalmente à chapa de Paulo Câmara em Pernambuco. 

Fonte: Por FERNANDA ODILLA, portal UOL - 23/07/2014 - - 18:31:19
 
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Agilidade: MP terá laboratório para combater crimes financeiros


A Procuradoria-Geral da República e o Ministério da Justiça assinaram hoje (23) um acordo de cooperação para instalar, no Ministério Público Federal, o Laboratório Tecnológico contra a Lavagem de Dinheiro. O governo pretende dar maior agilidade e precisão às investigações sobre este tipo de crime.
 
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o laboratório dará “mais agilidade, mais possibilidades de atuação e autonomia ao Ministério Público para que cumpra institucionalmente a competência que tem”. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil...
 
Segundo o ministro, “é fundamental que os Poderes Executivo e Judiciário, além do Ministério Público, se alinhem para fazer com que as organizações criminosas e a lavagem de dinheiro sejam enfrentadas pelo Estado”.
 
Cardozo explicou que o programa de fornecimento dos laboratórios existe desde 2006 e usou, até agora, R$ 40 milhões. “Temos 41 laboratórios entregues a várias instituições do país. A ideia é que os órgãos disponham do software, que dá grande agilidade e precisão às investigações”, justificou.
 
Ao todo, 12 técnicos serão destacados para trabalhar no laboratório da procuradoria. Como resultado das investigações, que têm sido feitas com a ajuda dos softwares, foram bloqueados R$ 200 milhões em contas no exterior. 

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Fonte: Diário do Poder - 23/07/2014 - - 19:41:06

Estabilidade enganosa--Merval Pereira






Merval Pereira 23.7.2014 9h59m
 
A boa notícia para a presidente Dilma que a pesquisa do Ibope Inteligência, feita a pedido da TV Globo e do Jornal O Estado de São Paulo, traz é a estabilidade da corrida presidencial, embora sua tendência de queda tenha sido registrada, assim como o crescimento da candidatura oposicionista de Aécio Neves, ambas dentro da margem de erro.

Os indícios de que o futuro não guarda boas notícias para a incumbente estão, porém, registrados na pesquisa, assim como o noticiário econômico reforça a idéia de que ela não tem boas notícias daqui até a eleição. O fato de o próprio governo já estar admitindo uma inflação mais alta, próxima do teto da meta de 6,5% no ano, e o crescimento mais baixo, de 1,9%, já indica que dificilmente a situação econômica ajudará o projeto de reeleição.



A perspectiva de que entremos em uma recessão técnica, com dois trimestres negativos, é uma realidade que o governo terá que enfrentar. Esses dados têm como consequência a má avaliação do governo Dilma, com apenas 31% dos eleitores considerando-o bom ou ótimo, quando as pesquisas mostram que dificilmente um candidato à reeleição consegue êxito se tem avaliação de ótimo e bom abaixo de 35%.
 


A situação para um eventual segundo turno, que a pesquisa do Ibope indica ser provável, mostra a presidente Dilma com uma distância pequena, mas consistente, contra seu principal adversário, o candidato tucano Aécio Neves.


 

Melhor situação que o empate técnico apontado pelas pesquisas do Datafolha e do Sensus, mas sendo reduzida ao longo da campanha. Todos os gráficos mostram um crescimento dos oposicionistas e um decréscimo da presidente Dilma. Ela é escolhida por 41% dos eleitores brasileiros, enquanto o candidato do PSDB recebe 33%. 


É sintomático que a presidente Dilma cresça apenas três pontos em relação ao primeiro turno, e que Aécio acrescente 11 pontos percentuais à sua escolha. Até o candidato do PSB Eduardo Campos, que não cresce na pesquisa do primeiro turno, na simulação de um segundo turno contra Dilma aumenta incríveis 20 pontos percentuais, enquanto Dilma fica nos mesmos 41%.


 

A resiliência da presidente Dilma, no entanto, é uma força de sua candidatura. Independentemente de em quem irão votar, o Ibope constatou que mais da metade dos eleitores brasileiros (54%) acredita na sua reeleição. Isso não impede, no entanto, que Dilma continue sendo a candidata mais rejeitada de todos os que concorrem à presidência da República. Tem 36% de rejeição, contra 16% de Aécio Neves e 8% do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. 

 

A maneira como a presidente Dilma está governando o país é desaprovada por metade (50%) dos eleitores brasileiros, e aprovada por 44%. São números que mostram uma estabilidade enganosa, mas destacam também a dificuldade que os candidatos de oposição estão tendo para convencer que são capazes de realizar as mudanças desejadas por nada menos que 70% dos eleitores.

O tal mercado
A propósito da coluna que escrevi recentemente sobre a influência dos mercados na política e vice-versa, recebi do cientista político Nelson Paes Leme interessantes comentários que podem esclarecer melhor os leitores. “Mercado e democracia sempre andaram juntos desde os primórdios da civilização. Era no Ágora grego, no Século de Péricles, onde se discutiam as grandes questões econômicas, filosóficas e sociais. É tão forte essa relação entre democracia e mercado que esse fenômeno se intensifica depois nas praças medievais florentinas, genovesas e venezianas e avança pela Renascença.


Quem viaja a Bruges, no antigo condado de Flandres, atual Bélgica, ou a Fribourg, na Suíça, por exemplo, pode ainda visitar sempre a "praça do mercado", precursora das bolsas de valores e das assembléias legislativas, como em inúmeras outras cidades medievais da Europa.


Era lá, na praça, onde se discutia política, economia e finanças, simultaneamente com o pregão que depois vai, comportadamente, para dentro das bolsas de valores. Até hoje, no cantão de Appenzell, na Suíça, vota-se na praça as grandes questões administrativas, financeiras e econômicas cantonais.


Os termos "cheque desta praça" e "quebrar a banca" vêm desse momento muito rico. 



Neste último caso, o conjunto dos comerciantes e mercadores, com o placet popular, literalmente "quebravam", em público, a banca do comerciante que não cumpria com seus compromissos, como emblema de que ali, naquela praça, não mais poderia vender suas mercadorias. Daí vem o termo "quebrar" para designar "falir", utilizado até os nossos dias.

Dificil de explicar mas facil de compreender:Mais uma mentira do PT

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Mais do mesmo





23 de julho de 2014
a5
Dunga de novo!!!


Só pode ser pra não ter perigo de melhorar!

Como lembrou o Roberto Pompeu de Toledo esta semana na Veja, depois de 100 anos morando no Brasil, o futebol voltou para a casa dele, que é a Europa. É na Alemanha que se joga, hoje, um futebol alegre e bonito.

No Brasil joga-se um estranho ‘futebol de resultados’ que tem a característica especial de não produzir resultados”.


É aquela irritante lei do menor esforço. Joga-se sem brio. Perde-se sem raça. Fica aquele negócio de, feito um golzinho, relaxa e fica trocando bola de lado no meio do campo pra ver se o trabalho acaba e começa a folga. É derrota atrás de derrota mas, mesmo assim, a gente continua insistindo.


a7Porque? Porque nesse país ninguém paga pelos erros que comete.

Resultado: de novo com Roberto Pompeu, “como no resto da economia, o Brasil, no futebol, virou exportador de matéria prima. É o sonho de jogar no Barcelona, e não no Corinthians ou no Flamengo, que está hoje na cabeça da molecada”.

Pra converter chororô de marmanjo em comemoração, só tem um caminho: é preciso instalar uma outra ética de trabalho com mais empenho individual e doação para a equipe e menos paparazzi, cabeleireiros e vontade de aparecer a qualquer (patético) custo.

Isso entre os jogadores.
a6Entre os cartolas, tem de ter mais foco no que se pode conseguir com futebol do que no que $e pode con$eguir atrave$ do futebol. Tem de acabar com essa engrenagem de CBF, técnico, empresário e o escambau manipulando convocações pra se locupletar.


Mas tudo isso, do jeito que as coisas andam por aqui, só contratando um técnico estrangeiro, daqueles que fazem os mesmos jogadores que deram o vexame que deram aqui, jogar com raça ou, pelo menos, valer o dinheiro que ganham quando jogam nos times de lá.

É o que nós deveríamos ter feito.

Reelegendo o Dunga a gente só vai ter mais do mesmo.
a2

Pesquisa Ibope: números estão no patamar dos do Datafolha; só os do 2º turno de Aécio e Campos não batem. Quem errou ou não deu sorte?

22/07/2014
às 21:49



Há tantas pesquisas eleitorais nos Estados Unidos que sites especializados costumam tirar uma média entre elas para orientar os leitores. No Brasil, o procedimento seria impossível, tantas são as discrepâncias. A TV Globo acaba de levar ao ar os números da mais recente pesquisa Ibope/Rede Globo. Há quatro dias, o Datafolha divulgou os seus números. Vamos ver.

O Ibope traz a avaliação do governo Dilma: para 31%, ele é ótimo ou bom; para 33%, é ruim ou péssimo. Consideram-no regular 36%. São números praticamente coincidentes com os do Datafolha, a saber: ruim/péssimo (29%), ótimo/bom (32%) e regular (38%). 


São, sim, institutos diferentes. Considerando, no entanto, as respectivas margens de erro, os dois institutos acham a mesma coisa.

É o que também acontece no primeiro turno. Eis os números de agora do Ibope:  

Dilma Rousseff (PT) – 38% Aécio Neves (PSDB) – 22% Eduardo Campos (PSB) – 8% Pastor Everaldo (PSC) – 3% Brancos e nulos – 16% Não sabem – 9% Outros candidatos – 3%


Que números encontrou o Datafolha no caso dos quatro primeiros? Estes: Dilma – 36% Aécio – 20% Eduardo Campos – 8% Pastor Everaldo – 3%

Observaram? Praticamente tudo coincide até agora, dentro da margem de erro. 

Quando se chega, no entanto, ao segundo turno, aí as variações são consideráveis.  

Ibope Dilma – 41% Aécio – 33%  


Comparem com o Datafolha: Dilma – 44% Aécio – 40%

Ou por outra: no Ibope, Dilma pode ter entre 39% e 43%; no Datafolha, entre 42% e 46%. Logo, os dois institutos chegam mais ou menos ao mesmo lugar. 


No que diz respeito a Aécio, no entanto, a divergência é grande: no primeiro instituto, ele teria entre 31% e 35%; no outro, entre 38% e 42%. A diferença é grande.

O mesmo se dá com Campos. No Datafolha, ele aparece no segundo turno com 38% (entre 36% e 40%); no Ibope, com apenas 29% (entre 27% e 31%): a diferença é ainda mais gritante. A petista conserva os mesmos 41%.


Coisas diferentes

“Ah, você está comparando pesquisas diferentes!” Errado! Eu não estou especulando sobre a evolução dos candidatos a partir de levantamentos distintos. Estou apenas considerando que os dois institutos falam num intervalo de confiança de suas respectivas pesquisas de 95%. Segundo eles, se a pesquisa fosse repetida 100 vezes, em 95 delas, os números estariam dentro da margem de erro.


Sendo assim, convenham, estamos diante de uma de três alternativas:

 a) muita coisa mudou em quatro dias; 

b) um dos dois institutos está errado; 

c) um dos dois institutos não deu sorte e incidiu em uma — das apenas cinco em 100!!! — chances de colher um resultado diferente.

E não! Não há falha no meu raciocínio. E que se note outra diferença importante: o Ibope ouviu 2002 pessoas; o Datafolha, 5.337.

Por Reinaldo Azevedo
 

Haddad privatizou o programa de moradia e o entregou aos movimentos de sem-teto: é uma variante de fascismo, não de democracia representativa

23/07/2014
às 2:42


Já discordei de modo muito duro do promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, do Ministério Público Estadual. Quem recorrer ao arquivo do meu blog vai constatar isso. Na verdade, eu nem concordo com indivíduos nem discordo deles. Debato as suas ideias. 


E pode acontecer, como se dá agora, de eu concordar com pessoas cujas escolhas já critiquei. A que me refiro? O promotor assina uma representação, anexada ao inquérito que investiga o financiamento habitacional na cidade de São Paulo, em que recomenda que os repasses para a capital paulista do programa federal “Minha Casa Minha Vida”, por ora, sejam suspensos. Por quê?


Ribeiro Lopes acusa, o que me parece mais do que evidente, a Prefeitura de privilegiar, na distribuição das casas, os tais movimentos de sem-teto, em especial o MTST, comandado pelo militante-celebridade Guilherme Boulos. Segundo a acusação, a Prefeitura mantém um cadastro secreto para poder privilegiar os grupos que promovem invasões.

O promotor está certíssimo! Vocês sabem que já apontei aqui o que chamei de privatização do espaço público e de programas sociais, que são custeados por todos os brasileiros. Com absoluta propriedade, o promotor afirma sobre o programa habitacional na cidade de São Paulo: “A finalidade é dar atendimento privilegiado. O sujeito que trabalha em dois empregos não tem tempo para ficar dormindo em ocupações oportunistas. 

Essa pessoa está alijada dos programas habitacionais e condenada a pagar aluguel para o resto da vida. Os beneficiários vão ser sempre os protegidos do movimento”. E vai além: “A Prefeitura está atuando não mais no varejo, mas no atacado. É evidente que há um reflexo político; negar essa influência é hipocrisia”.

Na mosca! Não só há um reflexo político como o privilégio garantido a esses grupos já é consequência de afinidades eletivas. Esses movimentos todos, sem exceção, participaram ativamente da campanha eleitoral de Haddad em 2012. Logo, o que a Prefeitura do PT está fazendo é usar o dinheiro público para beneficiar militantes afinados com o partido.

Nessa luta, só perdem os pacíficos, os que acatam as regras da democracia, os que não são vinculados a aparelho partidário nenhum e precisam ganhar a vida com o suor de seu rosto. O que se dá com o MTST, por exemplo, é uma vergonha sem precedentes. O movimento impõe no berro a sua vontade e atravessa, sem cerimônia, a fila dos que aguardam há anos por uma casa. Pior: a Câmara dos Vereadores, covardemente, decidiu legalizar uma invasão promovida pelo grupo. Logo, o movimento do sr. Boulos e congêneres se colocam como donos do poder público. Na invasão de um terreno do Morumbi, constatou a imprensa, nem mesmo havia famílias no local, só barracas. Dizer que Fernando Haddad é refém desses movimentos não chega a ser correto. Ele é, de fato, parceiro da turma.

O promotor comete algum exagero? Não! Apenas aplica a lei. Conforme lembra a reportagem de VEJA.com, a Portaria 595/2013 do Ministério das Cidades obriga que o cadastro de candidatos e beneficiados seja público, permanentemente atualizado. Sob pena de o benefício ser suspenso. E, se querem saber, esse é apenas um problema. Usar um bem público para beneficiar um ente privado ou um grupo incide na Lei de Improbidade Administrativa.

A prova da tese Como vocês sabem, a presidente Dilma baixou o Decreto 8.243 — que, espero, seja derrubado pela Câmara — para regulamentar a participação dos ditos movimentos sociais na gestão federal. Eis aí… O MTST e seus pares são exemplos eloquentes de como a democracia direta, segundo essa perspectiva, corresponde ao esmagamento dos direitos do conjunto dos cidadãos em benefício da minoria organizada. Está mais para uma variante do fascismo do que para uma democracia participativa.

Por Reinaldo Azevedo