sexta-feira, 26 de outubro de 2018

A água no Brasil e o mito da abundância


A água no Brasil e o mito da abundância


Garantir o acesso à água de qualidade a todos os brasileiros é um dos principais desafios para os próximos gestores do país.

ABr
Culturalmente tratado como um bem infinito, a água é um dos recursos naturais que mais tem dado sinais de que não subsistirá por muito tempo às intervenções humanas no meio ambiente e às mudanças do clima.
Em várias regiões do país, já são sentidos diferentes impactos, como escassez, desaparecimento de nascentes e rios, aumento da poluição da água. Os especialistas alertam que os problemas podem se agravar se não forem tomadas medidas urgentes e se a sociedade não mudar sua percepção e comportamento em relação aos recursos naturais.
O Brasil tem 12 regiões hidrográficas que passam por diferentes desafios para manter sua disponibilidade e qualidade hídrica. Mapeamento do Ministério do Meio Ambiente mostra que, nas bacias que abrangem a Região Norte, o impacto vem principalmente da expansão da geração de energia hidrelétrica. Na Região Centro-Oeste, é a expansão da fronteira agrícola que mais desafia a conservação dos recursos hídricos. As regiões Sul e Nordeste enfrentam déficit hídrico e a Região Sudeste apresenta também o problema da poluição hídrica.
Em nível global, o desafio é conter o aumento da temperatura do clima, fator que gera ondas de calor e extremos de seca que afetam a disponibilidade de água. O relatório especial do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, das Nações Unidas, divulgado recentemente, mostra que, se a temperatura global subir acima de 1,5°C, em todo o mundo mais de 350 milhões de pessoas ficarão expostas até 2050 a períodos severos de seca.

Brasil: o mito da abundância

“As gerações mais antigas foram criadas com o mito do país riquíssimo em água, que água seria um problema crônico, histórico, só no Nordeste, no semiárido. Obviamente, desde 2013, na primeira crise que a gente teve, o apagão, que na verdade foi um “secão”, porque não foi resultado só de uma questão elétrica, ficou claro que o Sudeste e o Centro-Oeste têm problemas concretos, intensificados nos últimos dois anos, de disponibilidade de água”, destacou Ricardo Novaes, especialista em Recursos Hídricos do WWF-Brasil.
O pesquisador explica que a crise resulta também da falta de adequada gestão do uso da água, sobretudo em períodos de estiagem –  tendência que deve se manter tendo em vista o baixo índice de precipitação registrado no início desta primavera.
“Temos indicativos de que há um risco de, no próximo verão, ou talvez no outro ano, termos novamente um quadro muito complicado em São Paulo, talvez em todo o Sudeste. Os reservatórios estão com níveis abaixo do que estavam há dois anos,  antes da crise de 2014 e 15”, afirmou.
Depois da grave crise hídrica de 2015 que afetou a população de São Paulo, os moradores do Distrito Federal (DF) também passaram pelo primeiro racionamento nos últimos 30 anos devido à falta de água nas principais bacias que abastecem a região. Por mais de um ano, os moradores da capital do país tiveram que se adaptar a um rodízio de dias sem água devido ao esgotamento dos reservatórios das principais bacias que abastecem a cidade.
Na área rural, o governo do DF decretou estado de emergência agrícola. Na época, foi estimado um prejuízo de R$ 116 milhões com a redução de 70% na produção de milho, segundo estudo da Secretaria do Meio Ambiente do DF.

Berço de águas escassas

Os especialistas apontam que uma das principais causas para a crise hídrica é o uso inadequado do solo. No Centro-Oeste, por exemplo, estão concentradas as nascentes de rios importantes do país, devido a sua localização no Planalto Central. Conhecida como berço das águas, a região tem vegetação de Cerrado, bioma que ocupa mais de 20% do território e atualmente é um dos principais pontos de expansão da agropecuária, atividade que usa cerca de 70% da água consumida no país.
Como consequência do avanço da fronteira agrícola, o Cerrado já tem praticamente metade de sua área totalmente devastada. Os efeitos da ausência da vegetação nativa para proteger o solo já são percebidos principalmente na diminuição da vazão dos rios e na escassez de água para abastecimento urbano.
Brasília - Barragem de Santa Maria apresenta nível baixo de água (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Os especialistas apontam que uma das principais causas para a crise hídrica é o uso inadequado do solo – Arquivo/Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Segundo a coordenadora do programa Cerrado e Caatinga do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Isabel Figueiredo, que integra a Rede Cerrado, o desmatamento acelerado está impactando tanto a frequência de chuvas, que vem diminuindo nos últimos cinco anos na região, quanto na capacidade do solo de absorver e armazenar a água no subsolo e devolvê-la para os rios.
“A mudança do uso da terra tem alterado demais o ciclo da água e faz com que a gente tenha menos água nos rios, os rios muito assoreados e menor disponibilidade de chuva. Então, o ciclo da água está num pequeno colapso”, afirmou Isabel.
Projeções do Painel Brasileiro de Mudança Climática (PBMC) apontam que nas próximas três décadas o bioma do Cerrado poderá ter aumento de 1°C na temperatura superficial com diminuição percentual entre 10% a 20% da chuva.
“A contribuição do Cerrado para as bacias hidrográficas importantes do Brasil, como São Francisco, Tocantins, por exemplo, vai diminuir muito, se esse processo de desmatamento continuar nesse nível”, completou.
A especialista lembra ainda que o desmatamento do Cerrado não afeta somente as comunidades locais, que já relatam dificuldades para plantar, mas também outras regiões. “Os biomas e ecossistemas brasileiros estão todos interligados. O desmatamento do Cerrado afeta a chuva que cai em São Paulo, o desmatamento na Amazônia afeta a chuva que cai aqui no Cerrado”, explica.

Outros desafios

O desafio de garantir o funcionamento do ciclo hidrológico natural também tem impacto na manutenção dos aquíferos subterrâneos. Os pesquisadores lamentam que o assunto não tenha destaque no debate público e na agenda eleitoral e alertam que, para evitar a próxima crise, é necessário criar um modelo de gestão das águas subterrâneas.
Outro problema que leva à escassez de água é a estrutura precária de saneamento. Considerando as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Nações Unidas, do qual o Brasil é signatário, uma das principais preocupações com relação à água é garantir a universalização do saneamento.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água tratada no Brasil e o sistema de abastecimento de água potável gera 37% de perdas, em média. A falta de tratamento do esgoto compromete mais de 110 mil quilômetros dos rios brasileiros que recebem os dejetos.
A agência estima que, para regularizar a situação, seriam necessários pelo menos R$ 150 bilhões de investimentos em coleta e tratamento de esgotos até 2035.
“Um objetivo absolutamente fundamental, mas que vai exigir um nível de investimento, comprometimento de agentes públicos e desenvolvimento de tecnologias – e não estamos vendo energia sendo colocada pra atingir isso. E não adianta você investir em saneamento e ter de buscar água cada vez mais longe, por causa do desmatamento”, criticou Novaes.

Um problema de percepção

Doutor em ecologia e autor de vários livros sobre educação ambiental, Genebaldo Freire destaca que todos estes problemas só serão resolvidos quando os governos e sociedade mudarem sua percepção sobre a importância dos recursos naturais para a sobrevivência humana.
“Nós estamos vivendo uma falha de percepção e temos algumas evidências objetivas que comprovam isso: nós dependemos de água pra tudo e qual é o nosso comportamento? Desperdício, consumismo, poluição e desmatamento, e isso tudo numa pressa danada, com uma população que cresce em 75 milhões de pessoas a cada ano no mundo”, constata.
Segundo o professor, não há lugar seguro no planeta e, além da falta de percepção, há uma absoluta falta de governança na gestão da água. O escritor também critica a indiferença e incapacidade da classe política em lidar com o tema da educação ambiental.
“A história dos problemas ambientais passa por essa falha de percepção por várias razões: conveniência, ignorância ou apatia. Todo o processo de educação ambiental hoje tem de estar obrigatoriamente centrado na ampliação da percepção, senão não vai mudar coisa alguma”, avalia Freire.
O professor ressalta que vários colapsos já estão ocorrendo devido à grande pressão da população mundial de sete bilhões de pessoas sobre os sistemas naturais, que estão assumindo “configurações diferentes das que nós estamos acostumados para neutralizar nossas ações”.
Para evitar o agravamento da situação, é necessária uma evolução do ponto de visto ético e moral e não somente científico e tecnológico. “A mudança do clima é a maior falha de mercado da espécie humana, porque é algo em que a inteligência estratégica de sobrevivência do ser humano não funcionou e continua errando de forma insistente. E qual a consequência disso? E você ter o crescimento de conflitos que já estão estabelecidos, como disputa por água, energia e espaço, aumento de refugiados”, comenta.
Por Débora Brito – Repórter da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/10/2018
"A água no Brasil e o mito da abundância," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/10/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/10/26/a-agua-no-brasil-e-o-mito-da-abundancia/.

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Mamíferos não evoluem rápido o bastante para escapar da atual crise de extinção

Mamíferos não evoluem rápido o bastante para escapar da atual crise de extinção


Os humanos estão exterminando espécies animais tão rapidamente que a evolução não consegue acompanhar o ritmo.

Um novo estudo mostra que, a menos que os esforços de preservação sejam reforçados, um número tão grande de espécies de mamíferos se extinguirá durante os próximos 50 anos que a natureza precisará de 3 a 5 milhões de anos para se recuperar
Universidade de Aarhus*
Uma ilustração de como os mamíferos menores terão de evoluir e se diversificar nos próximos 3 a 5 milhões de anos para compensar a perda dos grandes mamíferos
Uma ilustração de como os mamíferos menores terão de evoluir e se diversificar nos próximos 3 a 5 milhões de anos para compensar a perda dos grandes mamíferos. CRÉDITO: Matt Davis, Universidade de Aarhus
Nós humanos estamos exterminando espécies animais e vegetais tão rapidamente que o mecanismo de defesa inerente da natureza, a evolução, não consegue acompanhar o ritmo. Uma equipe de pesquisa liderada pela Universidade de Aarhus calculou que, se os atuais esforços de preservação não forem reforçados, tantas espécies de mamíferos entrarão em extinção nas próximas cinco décadas que a natureza precisará de 3 a 5 milhões de anos para se recuperar.
Ocorreram cinco cataclismos nos últimos 450 milhões de anos, quando o meio-ambiente de nosso planeta mudou tão drasticamente que a maioria das espécies animais e vegetais da Terra entraram em extinção. Após cada extinção em massa, a evolução lentamente preencheu as lacunas com novas espécies.
A sexta extinção em massa está acontecendo agora, mas dessa vez não devido aos desastres naturais. Tais extinções são obra humana. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Aarhus e da Universidade de Gotemburgo calculou que as extinções estão ocorrendo rápido demais para a evolução acompanhar o passo.
Se os mamíferos se diversificarem em seu ritmo normal, ainda assim eles levarão de 5 a 7 milhões de anos para restaurar a biodiversidade existente antes da evolução do humano moderno, e de 3 a 5 milhões de anos apenas para alcançar a biodiversidade atual, de acordo com a análise publicada recentemente na importante revista científica PNAS.
Algumas espécies são mais distintas que outras
Os pesquisadores utilizaram seu extenso banco de dados de mamíferos, que inclui não só espécies que ainda existem, mas também as centenas de espécies que viveram no passado recente e que entraram em extinção à medida que o Homo sapiens se espalhava pelo globo. Assim, os pesquisadores puderam estudar o impacto total de nossa espécie nos demais mamíferos.
No entanto, nem todas as espécies tem a mesma relevância. Alguns animais extintos, como o leão-marsupial australiano Thylacoleo, com características de leopardo, ou o estranho Macrauchenia sul-americano (imagine uma lhama com uma tromba de elefante) eram linhagens evolutivas distintas e tinham poucos parentes próximos. Quando esses animais entraram em extinção, levaram junto consigo inteiros galhos da árvore evolutiva da vida. Não perdemos apenas essas espécies, mas também as funções ecológicas únicas e os milhões de anos de história evolutiva que eles representavam.
Mamíferos grandes, ou megafauna, como bichos-preguiça gigantes e tigres dente-de-sabre, que entraram em extinção há cerca de 10 mil anos atrás, eram muito evolutivamente distintos. Como tiveram poucos parentes próximos, suas extinções significaram que galhos inteiros da árvore evolutiva da Terra foram decepados”, diz o paleontologista Matt Davis da Universidade de Aarhus, que liderou o estudo. E ele acrescenta:
Há centenas de espécies de musaranho, então eles podem resistir à algumas extinções. Havia apenas quatro espécies de tigre dente-de-sabre e todas entraram em extinção.”
Longa espera por rinocerontes sobressalentes
Como se já não fosse difícil o bastante regenerar 2,5 bilhões de história evolutiva, os mamíferos atuais também estão enfrentando crescentes taxas de extinção. Espécies em grande risco de extinção, como o rinoceronte-negro, enfrentam grande possibilidade de deixarem de existir dentro dos próximos 50 anos. O elefante-asiático, uma de apenas duas espécies sobreviventes de uma anterior poderosa ordem dos mamíferos que incluía mamutes e mastodontes, tem menos de 33% de chance de sobreviver além deste século.
Os pesquisadores incorporaram essas previstas extinções em seus cálculos de história evolutiva perdida e se perguntaram: Podem os mamíferos existentes regenerar naturalmente essa biodiversidade perdida?
Usando computadores potentes, simulações evolutivas avançadas e dados abrangentes sobre as relações evolutivas e o tamanho dos corpos de mamíferos existentes e extintos, os pesquisadores conseguiram mensurar quanto tempo evolutivo seria perdido por extinções passadas e potencialmente futuras e quanto tempo a recuperação levaria.
Os pesquisadores elaboraram o cenário mais otimista do futuro, onde os humanos pararam de destruir habitats e erradicar espécies, reduzindo os índices de extinção para o baixo nível histórico visto em fósseis. Porém, mesmo neste cenário demasiadamente otimista, levará de 3 a 5 milhões de anos para os mamíferos apenas se diversificarem o suficiente para regenerar os galhos da árvore evolutiva que presumivelmente perderão nos próximos 50 anos. Levará mais de 5 milhões de anos para regenerar o que foi perdido com as espécies gigantes da Era do Gelo.
Priorizando o trabalho de preservação
Embora nós já tenhamos vivido em um mundo de gigantes, como castores gigantes, tatus gigantes e veados gigantes, agora vivemos em um mundo que está se tornando cada vez mais escasso de grande espécies de mamíferos silvestres. Os poucos gigantes remanescentes, como os rinocerontes e os elefantes, correm o risco de serem exterminados muito rapidamente,” diz o professor Jens-Christian Svenning da Universidade de Aarhus, que lidera um extenso programa de pesquisa sobre megafauna, que inclui esse estudo.
Contudo, a equipe de pesquisa não traz apenas más notícias. Seus dados e métodos podem ser usados para rapidamente identificar espécies evolutivamente distintas e ameaçadas, a fim de podermos priorizar os esforços de preservação e focar na prevenção de extinções mais sérias.
Como Matt Davis diz: “É muito mais fácil salvar a biodiversidade agora do que a re-evoluir mais tarde.”
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Referência:
Mammal diversity will take millions of years to recover from the current biodiversity crisis
Matt Davis, Søren Faurby, Jens-Christian Svenning
Proceedings of the National Academy of Sciences Oct 2018, 201804906; DOI: 10.1073/pnas.1804906115

* Tradução de Ivy do Carmo, Magma Translation (magmatranslation.com)

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/10/2018
"Mamíferos não evoluem rápido o bastante para escapar da atual crise de extinção," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/10/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/10/26/mamiferos-nao-evoluem-rapido-o-bastante-para-escapar-da-atual-crise-de-extincao/.

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WWF lança relatório mundial sobre estado da vida em 30 de outubro

WWF lança relatório mundial sobre estado da vida em 30 de outubro


24 Outubro 2018   |   0 Comments
Por WWF-Brasil

No dia 30 de outubro, o WWF (Fundo Mundial para a Natureza) faz o lançamento mundial do Relatório Planeta Vivo 2018 (Living Planet Report), o mais completo levantamento sobre o estado da vida no planeta.

Principal publicação da rede lançada a cada dois anos, o Relatório Planeta Vivo 2018 é um estudo abrangente das tendências da biodiversidade no mundo e da saúde do planeta. Em sua 12a edição, ele fornece evidências científicas ao que a natureza vem nos dizendo repetidamente: a atividade humana insustentável está empurrando os sistemas naturais do planeta que sustentam a vida na Terra até o limite.

Através de vários indicadores, incluindo o Índice do Planeta Vivo (LPI), fornecido pela Zoological Society of London (ZSL), o relatório mostra a necessidade urgente de um novo acordo global para a natureza e pessoas com objetivos, metas e métricas claras e ambiciosas. reverter a tendência devastadora da perda de biodiversidade que atualmente afeta o planeta que todos chamamos de lar.

No Brasil, o lançamento será realizado com um debate entre especialistas. O tema: um novo modelo de desenvolvimento para o país baseado no uso sustentável da biodiversidade. E o momento não poderia ser mais propício: faz-se urgente a redução de emissões de GEE (gases de efeito estufa) e de perda de espécies e habitats. 

O lançamento será transmitido em tempo real. E as inscrições podem ser feitas neste link: http://bit.ly/PlanetaVivo2018

COP 13: avanços na Preservação de Áreas Úmidas Brasileiras

COP 13: avanços na Preservação de Áreas Úmidas Brasileiras


24 Outubro 2018   |   0 Comments

Teve início nesta semana o 13ª Encontro da Conferência das Partes Contratantes na Convenção de Ramsar sobre Áreas Úmidas (COP13). O diálogo segue até 29 de outubro em Dubai, tendo como tema “Áreas Úmidas Urbanas: para um futuro sustentável”.

O Brasil faz parte da COP e enviou representantes do governo para discutirem ações e estratégias para a conservação e proteção das áreas úmidas em seu território. Já no início do evento, o país recebeu uma boa notícia: duas nomeações de Sítio Ramsar. Uma para a Estação Ecológica de Taiamã (Pantanal mato-grossense) e outra para o Rio Juruá (Amazonas). O Sítio Ramsar é um reconhecimento importante e contribuirá para a preservação destas áreas. Uma vez que traz consigo compromissos assumidos pelos governos locais e abre possibilidades de financiamento e cooperação internacional em ações de conservação e de pesquisa. O título coloca estas áreas em posição prioritária no desenvolvimento de políticas governamentais.

Júlio César Sampaio, coordenador do programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, comemorou a notícia: “Estamos muito felizes. Temos apoiado este processo e contribuímos para que o reconhecimento à Estação Ecológica de Taiamã fosse concedido ainda neste ano, especialmente durante a realização da COP13.” Comenta ainda: “Temos discutido com o governo ações de fortalecimento desses Sítios Ramsar. E a designação destes novos sítios fazem parte das nossas prioridades, especialmente em regiões como o Pantanal.”. 

As áreas úmidas são o lar de 40% das espécies de seres vivos do planeta e fornecem água e comida para o mundo, mais de um bilhão de pessoas dependem delas para sua subsistência. Elas são fundamentais para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas, entretanto, nos últimos 45 anos o planeta perdeu 35% destas áreas e desde 2.000 esta taxa vem crescendo.

"As zonas úmidas são nossos sistemas de suporte à vida, no entanto, estão sendo degradadas e destruídas em uma velocidade aterrorizante, e com elas as nossas esperanças para um futuro sustentável", disse Stuart Orr, líder de Práticas de Água Doce do WWF. "A Convenção de Ramsar continua sendo a nossa maior esperança para proteger esses recursos inestimáveis e todos os benefícios que eles trazem para as comunidades, cidades, economias e ecossistemas."* Até o fim desta semana, representantes de países de todo o mundo discutirão e elaborarão de maneira consensual um documento declaratório. Este texto poderá ser integrado ao arcabouço legal dos países que fazem parte da Convenção.
 
Para mais informações sobre a COP 13: https://cop13dubai.ae/

La Vanguardia (Espanha) – Brasil postula el Parque de los Lençois Maranhenses como Patrimonio Mundial

La Vanguardia (Espanha) – Brasil postula el Parque de los Lençois Maranhenses como Patrimonio Mundial


Río de Janeiro, 24 oct (EFE).- El Gobierno Brasileño postuló el Parque de los Lençois Maranhenses, una de sus principales atracciones turísticas en el nordeste del país, como Patrimonio Mundial Natural de la Unesco, informaron hoy fuentes oficiales.

El informe de la candidatura fue suscrito este martes por el ministro de Medio Ambiente de Brasil, Edson Duarte, último paso antes de ser dirigido a la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (Unesco), informó esta cartera en un comunicado.

"Presentamos la candidatura con la seguridad de que obtendremos ese reconocimiento internacional. Con su belleza excepcional, sus características únicas y su rica biodiversidad, los Lençois Maranhenses son, igualmente, fundamentales para el desarrollo socioeconómico de su región", aseguró Duarte.

De acuerdo con el Ministerio, además de una gran belleza natural que atrae miles de turistas todo el año, este parque cuenta con una rica biodiversidad y especies únicas, que son criterios exigidos para que un lugar sea reconocido como Patrimonio Mundial Natural.

"Los Lençois atienden a tres criterios exigidos por la Unesco: área de excepcional belleza natural, exponente de procesos geológicos significativos y conservación de la biodiversidad, incluyendo especies amenazadas y endémicas", según el comunicado.

Esta candidatura, sin embargo, sólo será analizada por la Unesco en su reunión de 2020 debido a los plazos. En la reunión de 2019, la organización analizará la candidatura presentada por Brasil para que se declare Patrimonio Mundial a la región natural y turística comprendida por los municipios de Paraty y Angra dos Reis.

El Parque Nacional de los Lençois (sábanas) Maranhenses, en el litoral del estado de Maranhao (nordeste), es un conjunto de dunas blancas separadas por lagunas de agua dulce cuyo color varía de azul a verde, que se extiende por 155.000 hectáreas y que constituye el mayor conjunto de dunas de Sudamérica.

Sus principales atracciones naturales son el Circuito de la Laguna Azul, el Circuito de la Laguna Bonita, la Laguna de la Esperanza, el Canto de los Lençois, la Hoz de río Negro, la Laguna de la Gaviota, la Laguna de las Emendadas y la Queimada de los Britos.

De acuerdo con el Ministerio, su posible declaración como Patrimonio de la Unesco puede contribuir para el desarrollo económico y social de la región mediante la promoción del ecoturismo.

La creación de un Parque Nacional Natural en los Lençois Maranhenses para garantizar su preservación fue decretada por el Gobierno Brasileño en 1991.

De los 21 bienes y lugares de Brasil reconocidos como Patrimonio Mundial de la Unesco, siete son Naturales, entre los cuales áreas específicas de la Amazonía, el Pantanal y el Bosque Atlántico, así como el Parque Nacional del Iguazú, el Parque Nacional de la Sierra de la Capipara y el Parque Nacional de la Chapada dos Veadeiros. EFE