sábado, 6 de janeiro de 2018

Justiça Federal suspende licenças para garimpo no Amazonas

Justiça Federal suspende licenças para garimpo no Amazonas

Por Vandré Fonseca
Draga de mineração utilizada para garimpo ilegal de ouro no rio Madeira (AM) é apreendida pelo Ibama. Foto: Ibama.
Draga de mineração utilizada para garimpo ilegal de ouro no rio Madeira (AM) é apreendida 
pelo Ibama. Foto: Ibama.


Manaus -- Decisão atende a um pedido do Ministério Público Federal, que questiona licenças ambientais concedidas pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) a cooperativas de garimpo que atuam no rio Madeira. A liminar impede também que o órgão ambiental conceda novas autorizações para o garimpo na região.


A Procuradoria da República argumenta que a atividade garimpeira no local causa significativo impacto ambiental que ultrapassa os limites do estado do Amazonas. Assim, conforme o MPF, o licenciamento deve ser feito pelo governo federal, via Ibama. Para o procurador Aldo Campos de Campos Costa, é necessária a apresentação de Estudos de Impacto Ambiental para que seja realizado o licenciamento.


Em seus argumentos, ele cita estudos sobre a contaminação por mercúrio em populações ribeirinhas no rio Madeira, além da concentração do metal em casas de ouro em Porto Velho (RO). O procurador destaca que o mercúrio afeta o leito do rio, a floresta e atinge também peixes usados na alimentação humana.


Na semana passada, o Ipaam havia liberado a atividade de cooperativas de garimpeiros que atuam ao longo do rio Madeira, em quatro municípios do sul do estado. A iniciativa gerou críticas, pois contraria resoluções do Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amazonas (Cemaam), que tratam do licenciamento de garimpo e uso de mercúrio e cianeto na extração de ouro.


Ontem mesmo o Ministério Público Federal havia ajuizado ações contra garimpeiros flagrados extraindo ouro ilegalmente no entorno da Floresta Nacional de Humaitá, em 24 de outubro. A reação à essa operação resultou em ataques a escritórios do Ibama e ICMBio em Humaitá, além da queima de um barco do Instituto Chico Mendes. A depredação do patrimônio é investigada em outro inquérito.


Ao todo, 26 garimpeiros foram denunciados por usurpação bens da União, conforme previsto na Lei 8.176/1991 (que prevê multa), que trata de crimes contra a ordem econômica, por extração ilegal de bens da união, e extração ilegal de minério, sem autorização, conforme a Lei 9.605/ 1997 (pena prevista de multa e de seis a um ano de detenção).

Florestas vazias.

Quero ser defensora pública dos bichos

Por Maria Tereza Jorge Pádua
O majestoso Urubu-rei passeia por Canastra. Foto: Maricelia Pádua.
O majestoso Urubu-rei passeia por Canastra. Foto: Mariceia Pádua.
Estes dias voltei com amigos ao Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Que passeio maravilhoso. Região belíssima onde, em teoria, poderíamos apreciar a natureza com seus belos animais silvestres. Infelizmente, a passagem de bandos de motoqueiros atrapalhava a aproximação de qualquer bicho, além de provocarem erosões abrindo novas trilhas a ferro e fogo. Os motoqueiros em si eram gentis, mas a passagem de suas máquinas dava medo e tirava a paz da visita.
Após três dias passeando pelo Serra da Canastra, não vimos qualquer dos animais típicos do Cerrado. Não avistamos bichos grandes como tatu-canastra, lobo-guará, onça-parda e tamanduá-bandeira. Será que eles se refugiaram em outras áreas da mata atlântica, já antecipando mais barulho ainda nos feriados de Carnaval que se avizinham? Pôxa.  Ao fim do passeio, vislumbrar algumas aves nos consolou, em especial o notável urubu-rei ou Sarcoramphus papa.
Esse vazio de animais silvestres justifica o crescente uso do termo  “florestas vazias”, fenômeno que está se tornando comum em áreas protegidas tropicais, inclusive no magnífico bioma do Cerrado.
Quase cinquentão
Estabelecido em 1972, o Parque Nacional da Serra da Canastra foi proposto e delimitado sob a batuta de José Cândido de Melo Carvalho, penta-atleta e ilustre professor doutor, especialista em mirídeos, bichos que não são vistos em passeios rápidos. Entre outros cargos, ele foi diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro e presidente da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, no Brasil, a primeira ONG dedicada à conservação, criada em 1958.
Foto: Maricelia Pádua.
Foto: Mariceia Pádua.
Quando criado, há 45 anos, a maior atração e valor ambiental do Serra da Canastra era conter as nascentes do rio São Francisco e do rio Grande, entre outros menores, além da sua beleza cênica como sói acontecer.
A atividade econômica mais expressiva e destruidora dos recursos naturais na região era a mineração, embora a pecuária fosse importante.
Querido por uns e detestado por outros, o Serra da Canastra resiste,  a despeito dos sérios problemas de regularização fundiária -- apenas 30% de sua extensão foi regularizada --, dos incêndios, da caça e pesca ilegais, falta de pessoal, etc., mazelas comuns aos nossos parques.
Sou candidata
Por isso, neste ano de eleição, quero lançar minha candidatura a um novo cargo: super protetora dos animais do Parque Nacional da Serra da Canastra. Aproveito desde já para pedir apoio a amigos leais, de cientistas e de especialistas em manejo, pois de achismos estamos fartos. Gostaria ainda do apoio de minha norinha, que é defensora pública e ama os bichos. Se eu for eleita, prometo usar os superpoderes que esse cargo imaginário vai me outorgar. Sobrevoarei o parque todos os dias para proteger os animais e impedir toda a sorte de irregularidades que encontrar dentro dele.
Nesta ambição, respondo a um apelo que me fez Paulo Nogueira Neto há uns 40 anos, quando virou-se para um tucano e um cágado que perambulavam pela sua fazenda: "eis aqui a defensora de vocês”. Aceitei o termo no ato, pois defender bichos silvestres de áreas de Paulo Nogueira Neto é tarefa fácil.
Proteger ou perder
“Criar unidades de conservação é sempre um processo caro, doloroso e antipático. Ninguém quer. Mantê-las, tampouco é popular ou simples. Ao menor descuido, são usadas para construir hidroelétricas, estradas, assentar populações ditas tradicionais, e até mesmo para turismo predatório”.
Brincadeiras à parte, o país precisa decidir: quer ou não proteger sua fauna silvestre? Ou quer preservar somente cães e gatos de estimação?
Criar unidades de conservação é sempre um processo caro, doloroso e antipático. Ninguém quer. Mantê-las, tampouco é popular ou simples. Ao menor descuido,  são usadas para construir hidroelétricas, estradas, assentar populações ditas tradicionais, e até mesmo para turismo predatório. São terras de ninguém, com raras exceções.
Entretanto, sem elas, no mundo de hoje a fauna não poderia sequer existir,  pois faltariam aos animais desde comida até local para manter populações razoáveis e estáveis. Sem áreas protegidas a fauna se extinguiria, como ocorre em ambientes alterados ou mesmo, para espécies mais exigentes, em ambientes que começam a ser prejudicados.
É frustrante visitar um Parque Nacional espetacular, como o Serra da Canastra, e não lograr avistar animais típicos do Cerrado, enquanto, por exemplo, no Parque Nacional das Emas, eles ainda são fáceis de encontrar.
As razões desses desaparecimentos são ainda mais frustrantes e não resisto a colocar uma série de perguntas urgentes.
Décadas depois de sua criação, por que até hoje este parque mineiro não foi regularizado, mesmo contendo as nascentes do São Francisco, rio da integridade nacional?
Por que as pesquisas lá realizadas, como as do lobo-guará, do tatu-canastra ou do pato-mergulhão, espécies ameaçadas de extinção, foram ignoradas pelos seus guardiões públicos e não influíram em seu adequado manejo?
Foto: Maricelia Pádua.
Foto: Mariceia Pádua.
Por que não se guarda adequadamente este tesouro natural, se a economia de pequenas cidades vizinhas já depende do turismo que o Serra da Canastra gera, como é o caso de Delfinópolis e São Roque de Minas?
Por que é tão raro ver um guarda, um aviso, uma trilha interpretativa? Fácil de encontrar são os motoqueiros abrindo novas rotas e provocando erosões.
Por que até pousadas razoáveis não sabem a razão da existência do parque e de suas regras?
Por que pousadas não são chamadas a colaborar com o manejo adequado e a administração do Serra da Canastra?
Penso que todos essas questões ficam bem resumidas em uma só resposta: falta educação ambiental porque falta educação em geral. Gastam-se bilhões de reais na construção de estádios para se hospedar uma Copa do Mundo de futebol, e, após o evento, eles ficam vazios. Enquanto isso, as áreas protegidas estão abandonadas à própria sorte, alguma já próximas do seu fim.
Foto: Mariceia Pádua.
Foto: Mariceia Pádua.
Foto: Mariceia Pádua.
Foto: Mariceia Pádua.
Foto: Maricelia Pádua.
Foto: Mariceia Pádua.

Erva-de-passarinho: Redescobrindo uma antiga planta medicinal

Erva-de-passarinho: Redescobrindo uma antiga planta medicinal

Erva-de-passarinho: Redescobrindo uma antiga planta medicinal
Colheita da erva-de-passarinho na Suíça, onde a planta medicinal foi usada pela primeira vez contra o câncer. 

[Imagem: Jürg Buess/SwissInfo]
Visco
Ele está associado às tradições de Natal e aos antigos druidas, mas o visco tem um uso mais prático: como tratamento para pacientes com câncer.
O visco (Viscum album), mais conhecido no Brasil como erva-de-passarinho, é uma planta arbustiva hemiparasita, ou seja, não é totalmente dependente da sua árvore hospedeira. É um arbusto florido que cresce em cima das árvores.

O poder de cura da erva-de-passarinho já era conhecido pelos médicos na época de Hipócrates, na Grécia Antiga. No entanto, foi só em 1917 que a cofundadora da medicina antroposófica, Ita Wegman, utilizou-a pela primeira vez em Zurique, na Suíça, em um tratamento contra o câncer, depois que seu colega Rudolf Steiner percebeu seu potencial de cura específico contra a doença.

Desde então, a erva-de-passarinho tornou-se um componente comprovado e cada vez mais reconhecido no tratamento complementar do câncer, especialmente na Europa, embora ainda não tenha sido aprovada como parte dos cuidados paliativos no Reino Unido e nos Estados Unidos.

Substâncias farmacológicas
Os arbustos do visco crescem muito devagar. Em vez de formar raízes e folhas, eles formam substâncias farmacológicas e tóxicas que têm fascinado os pesquisadores: as lectinas do visco são mais concentradas no inverno e nos ramos mais velhos, enquanto que as viscotoxinas (pequenas proteínas tóxicas para vários tipos de células) estão concentradas nas folhas novas no verão.

A tradição de sua colheita até hoje é mantida na Suíça, com o visco sendo colhido das árvores hospedeiras em junho e dezembro. Mais comumente, ele é colhido nos troncos de pinheiros, abetos, macieiras, carvalhos ou olmos, que são cada vez mais plantados exclusivamente para sustentar a produção da erva-de-passarinho.

Selecionado cuidadosamente, esmagado mecanicamente e depois misturado com água, o visco é submetido a fermentação do ácido lático, o que permite uma extração suave dos ingredientes. Os extratos do verão e do inverno são finalmente combinados em um aparelho sofisticado para produzir o ingrediente farmacêutico ativo, vendido como fitoterápico.

Estudo prevê um mundo significativamente mais seco se o aquecimento global chegar a 2ºC

Estudo prevê um mundo significativamente mais seco se o aquecimento global chegar a 2ºC


University of East Anglia*

Estudo prevê um mundo significativamente mais seco se o aquecimento global chegar a 2ºC

Mais de um quarto das terras do mundo poderiam se tornar significativamente mais secas se o aquecimento global chegar ao 2C – de acordo com novas pesquisas de uma equipe internacional.

A mudança causaria uma maior ameaça de seca e incêndios florestais. Mas limitar o aquecimento global a menos de 1,5 ° C reduziria drasticamente a fração da superfície da Terra que sofre tais mudanças.
Os resultados, publicados em Nature Climate Change, são o resultado de uma colaboração internacional liderada pela Southern University of Science and Technology (SUITECH) em Shenzhen, China e UEA.
A aridez é uma medida da secura da superfície terrestre, obtida pela combinação de precipitação e evaporação. A equipe de pesquisa estudou projeções de 27 modelos climáticos globais para identificar as áreas do mundo onde a aridez mudará substancialmente quando comparada às variações ano-a-ano que experimentam agora, já que o aquecimento global atinge 1.5°C e 2°C acima dos níveis pré-industriais.
O Dr. Chang-Eui Park, da SusTech, um dos autores do estudo, disse: “A aridificação é uma séria ameaça porque pode afetar criticamente áreas como agricultura, qualidade da água e biodiversidade. Também pode levar a mais secas e incêndios florestais – semelhante àqueles que viram intensidade pela Califórnia.”
Outra maneira de pensar sobre o surgimento da aridificação é uma mudança para condições contínuas de seca moderada, sobre as quais a variabilidade futura do ano para o ano pode causar uma seca mais grave. Por exemplo, em tal cenário, 15% dos semiáridos as regiões realmente experimentariam condições semelhantes aos climas “áridos” hoje “.
O Dr. Manoj Joshi da Escola de Ciências Ambientais da UEA disse: “Nossa pesquisa prevê que a aridificação surgirá em cerca de 20 a 30% da superfície terrestre do mundo no momento em que a mudança de temperatura média global atinge 2C. Mas dois terços das regiões afetadas poderiam evite uma aridificação significativa se o aquecimento for limitado a 1,5 ° C “.
O Dr. Su-Jong Jeong, da SusTech, disse: “O mundo já se aqueceu no 1°C. Mas, ao reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C ou 2°C, poderia reduzir a probabilidade de uma aridificação significativa emergir em muitas partes de o mundo.”
A severidade da seca aumentou em todo o Mediterrâneo, África do Sul e a costa leste da Austrália ao longo do século XX, enquanto as áreas semiáridas do México, Brasil, África do Sul e Austrália tendem a desertificação há algum tempo, já que o mundo tem aquecido.
O professor Tim Osborn, da UEA, disse: “As áreas do mundo que se beneficiarão mais de manter o aquecimento abaixo de 1,5 ° C são partes do Sudeste Asiático, Europa do Sul, África Austral, América Central e Austrália do Sul – onde mais de 20% da população mundial vive hoje “.
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Este trabalho faz parte de uma parceria entre a Universidade de East Anglia (UEA) e The Southern University of Science and Technology (SUSTech).
Referência:
Chang-Eui Park, Su-Jong Jeong, Manoj Joshi, Timothy J. Osborn, Chang-Hoi Ho, Shilong Piao, Deliang Chen, Junguo Liu, Hong Yang, Hoonyoung Park, Baek-Min Kim, Song Feng. Keeping global warming within 1.5 °C constrains emergence of aridification. Nature Climate Change, 2018; DOI: 10.1038/s41558-017-0034-4
https://www.nature.com/articles/s41558-017-0034-4

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 04/01/2018

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Nosso planeta está pronto para 2 bilhões de carros?


Modelos de comportamento humano alteram as mudanças climáticas projetadas




National Institute for Mathematical and Biological Synthesis (NIMBioS)*

painel solar

As mudanças no comportamento humano em resposta às mudanças climáticas, como a instalação de painéis solares ou isolantes, alteram as emissões de gases de efeito estufa. Um novo estudo, pela primeira vez, mede os efeitos dessas “emissões ajustadas ao comportamento” no clima.

Os seres humanos podem ser a causa dominante do aumento da temperatura global, mas também podem ser um fator crucial para ajudar a reduzi-lo, de acordo com um novo estudo que, pela primeira vez, constrói um modelo inovador para medir os efeitos do comportamento sobre o clima .
Com base na psicologia social e na ciência climática, o novo modelo investiga como as mudanças comportamentais humanas evoluem em resposta a eventos climáticos extremos e afetam a mudança de temperatura global.
O modelo explica os feedbacks dinâmicos que ocorrem naturalmente no sistema climático da Terra – as projeções de temperatura determinam a probabilidade de eventos climáticos extremos, que por sua vez influenciam o comportamento humano. As mudanças comportamentais humanas, como a instalação de painéis solares ou o investimento em transportes públicos, alteram as emissões de gases de efeito estufa, que alteram a temperatura global e, portanto, a frequência de eventos extremos, levando a novos comportamentos e o ciclo continua.
Combinando projeções climáticas e processos sociais, o modelo prevê uma mudança de temperatura global variando de 3,4 a 6,2 ° C até 2100, em comparação com 4,9 ° C do modelo climático sozinho.
Devido à complexidade dos processos físicos, os modelos climáticos têm incertezas na previsão da temperatura global. O novo modelo encontrou que a incerteza de temperatura associada ao componente social era de uma magnitude semelhante à dos processos físicos, o que implica que uma melhor compreensão do componente social humano é importante, mas muitas vezes é negligenciada.
O modelo descobriu que as mudanças comportamentais de longo prazo, menos facilmente revertidas, como a isolação de casas ou a compra de carros híbridos, tiveram, de longe, o maior impacto na mitigação das emissões de gases de efeito estufa e, portanto, reduzem as mudanças climáticas, em comparação com ajustes a curto prazo, como o ajuste termostatos ou dirigindo menos milhas.
Os resultados, publicados na revista Nature Climate Change, demonstram a importância de fazer face ao comportamento humano em modelos de mudanças climáticas.
“Uma melhor compreensão da percepção humana do risco decorrente das mudanças climáticas e as respostas comportamentais são fundamentais para reduzir a mudança climática futura”, disse o autor principal Brian Beckage, professor de biologia vegetal e ciência da computação na Universidade de Vermont.
O documento foi resultado dos esforços combinados do Grupo de Trabalho Conjunto sobre Percepção de Riscos Humanos e Mudanças Climáticas no Instituto Nacional de Síntese Matemática e Biológica (NIMBioS) da Universidade do Tennessee, Knoxville e do Centro Nacional de Síntese Socioambiental (SESYNC ) na Universidade de Maryland. Ambos os institutos são apoiados pela National Science Foundation. O Grupo de Trabalho de cerca de uma dúzia de cientistas de várias disciplinas, incluindo biologia, psicologia, geografia e matemática, vem pesquisando questões relacionadas à percepção de risco humano e mudanças climáticas desde 2013. Mais informações sobre o Grupo de Trabalho podem ser encontradas em http://www.nimbios.org/workinggroups/WG_risk.
“É fácil perder a confiança na capacidade de as sociedades fazerem mudanças suficientes para reduzir as temperaturas futuras. Quando iniciamos este projeto, simplesmente queríamos abordar a questão de saber se havia alguma base racional para” esperança “- isso é uma base racional para esperar que as mudanças comportamentais humanas possam afetar suficientemente o clima para reduzir significativamente as futuras temperaturas globais “, disse o diretor da NIMBioS, Louis J. Gross, co-autor do trabalho e coorganizado o Grupo de Trabalho.
“Os modelos climáticos podem facilmente fazer suposições sobre reduções nas futuras emissões de gases de efeito estufa e projetar as implicações, mas fazem isso sem base racional para respostas humanas”, disse Gross. “O resultado chave deste artigo é que, de fato, há alguma base racional para a esperança”.
Essa base para a esperança pode ser o fundamento sobre o qual as comunidades podem se basear na adoção de políticas para reduzir as emissões, disse a co-autora Katherine Lacasse, professora assistente de psicologia no Rhode Island College.
“Podemos notar mais furacões e ondas de calor do que o habitual e ficar preocupados com as mudanças climáticas, mas nem sempre conhecemos as melhores maneiras de reduzir nossas emissões”, disse Lacasse. “Programas ou políticas que ajudam a reduzir o custo e a dificuldade de fazer mudanças de longo prazo ou que trazem comunidades inteiras para fazer mudanças em longo prazo podem ajudar as pessoas a tomar grandes medidas que tenham um impacto significativo sobre o clima”.
Referência:
Beckage B. et al. 2017. Linking models of human behavior and climate alters projected climate change. Nature Climate Change. https://doi.org/10.1038/s41558-017-0031-7

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 05/01/2018

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Asa de borboleta aumenta absorção de células solares em 200%

Asa de borboleta aumenta absorção de células solares em 200%

Asa de borboleta aumenta absorção de células solares em 200%
Nanoestruturas da asa da borboleta que foram copiadas nas células solares, aumentando a absorção de luz em 200%.[Imagem: Radwanul H. Siddique (KIT/Caltech)]
Biomimética
A luz do Sol que chega às células solares mas é refletida representa uma perda de energia.
Por sua vez, as asas da borboleta Pachliopta aristolochiae têm minúsculos furos - nanofuros - que ajudam a absorver a luz em um amplo espectro, de forma muito mais eficiente do que as superfícies lisas - é por isso que ela é de um preto tão profundo.
Em um exemplo clássico de biomimética, Radwanul Siddique, do Instituto de Tecnologia Karlsruhe, na Alemanha, conseguiu reproduzir essas nanoestruturas das asas da borboleta em células solares comuns de silício.
O resultado foi um aumento na absorção da luz pelas células solares de 200%.
"A borboleta que estudamos é muito escura. Isso significa que ela absorve perfeitamente a luz solar para fazer um ótimo gerenciamento do calor. Ainda mais fascinante do que sua aparência são os mecanismos que a ajudam a atingir essa alta absorção. O potencial de otimização quando transferimos essas estruturas para os sistemas fotovoltaicos foi muito maior do que o esperado," disse o professor Hendrik Hölscher.
Absorção de luz e geração de eletricidade
O ganho de 200% na absorção de luz parece estupendo, e é, mas ele representa um limite teórico, não se traduzindo inteiramente em um ganho na eficiência do painel solar como um todo em termos de sua capacidade de geração de eletricidade.
Isto porque nem todo o ganho na junção semicondutora - a célula solar propriamente dita - pode ser aproveitado pelos demais componentes do painel.
Por outro lado, a técnica de perfuração das células solares - para criação dos nanofuros - é compatível com as técnicas de fabricação usadas pela indústria, facilitando sua adoção.
Bibliografia:

Bioinspired phase-separated disordered nanostructures for thin photovoltaic absorbers
Radwanul H. Siddique, Yidenekachew J. Donie, Guillaume Gomard, Sisir Yalamanchili, Tsvetelina Merdzhanova, Uli Lemmer, Hendrik Hölscher
Science Advances
Vol.: 3, no. 10, e1700232
DOI: 10.1126/sciadv.1700232

Como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial?

Como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial?

Como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial?
"A inteligência artificial sempre procurará evitar a intervenção humana e criar uma situação em que ela não possa ser interrompida." [Imagem: Pixabay/CC0 Creative Commons]
Máquinas sem controle humano
Na inteligência artificial, as máquinas realizam ações específicas, observam o resultado, adaptam seu comportamento, observam o novo resultado, adaptam seu comportamento mais uma vez, e assim por diante, aprendendo com este processo iterativo.
Mas será que esse processo não pode sair fora de controle? Sim, ele pode.
"A inteligência artificial sempre procurará evitar a intervenção humana e criar uma situação em que ela não possa ser interrompida," explica o professor Rachid Guerraoui, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça.
Isso significa que, antes que a inteligência das máquinas avance muito, os engenheiros precisam impedir que as máquinas acabem aprendendo a contornar os comandos humanos.
Como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial?
A Inteligência Paralela promete trazer novos complicadores para o risco de máquinas sem controle humano. [Imagem: Fei-Yue Wang et al. (2016)]
Quando a máquina dispensa o professor
Um dos métodos de aprendizagem de máquina mais usados em inteligência artificial é o aprendizado por reforço, uma técnica emprestada da psicologia comportamental. Os agentes - os programas de computador - são recompensados por realizar certas ações, com as máquinas ganhando pontos sempre que executam as ações corretas.
Por exemplo, um robô pode ganhar um ponto por empilhar corretamente um conjunto de caixas e outro ponto para pegar uma caixa que está lá fora. Mas se, em um dia chuvoso, por exemplo, um operador humano interromper o robô enquanto ele se dirige para fora para coletar uma caixa, o robô descobrirá que é melhor ficar dentro do armazém, empilhar caixas e ganhar o maior número possível de pontos.
"O desafio não é parar o robô, mas sim programá-lo para que a interrupção não altere seu processo de aprendizagem - e não o induza a otimizar seu comportamento de forma a evitar ser interrompido," explicou Guerraoui.
O problema é ainda maior em situações envolvendo dezenas de máquinas, como os carros sem motorista, ou de autocondução, ou frotas de drones no ar tentando fazer entregas, entre várias outras possibilidades.
"Isso torna as coisas muito mais complicadas porque as máquinas começam a aprender umas com as outras - especialmente no caso de interrupções. Elas aprendem não só como são interrompidas individualmente, mas também de como as outras são interrompidas," detalha Alexandre Maurer, coautor do trabalho.
Como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial?
Máquinas que aprendem podem ser muito úteis; desde que não aprendam a ignorar o ser humano. [Imagem: U. Sheffield]
Desneuralizador
Para tentar resolver essa complexidade, a equipe aplicou uma técnica que eles batizaram de "interrupção segura".
"Simplificando, adicionamos mecanismos de 'esquecimento' aos algoritmos de aprendizagem que essencialmente deletam bits da memória de uma máquina. É mais ou menos como o desneuralizador dos Homens de Preto," explicou El Mhamdi, outro autor do estudo.
Em outras palavras, os pesquisadores alteraram o sistema de aprendizado e recompensa das máquinas para que ele não seja afetado pelas interrupções. É como se um pai punisse o filho, mas cuidando para que isso não afete os processos de aprendizagem das outras crianças na família.
"Nós trabalhamos em algoritmos já existentes e mostramos que a interrupção segura pode funcionar não importando o quão complicado seja o sistema de inteligência artificial, o número de robôs envolvidos ou o tipo de interrupção. Nós podemos usá-lo com o Exterminador do Futuro e ainda ter os mesmos resultados," garantiu Maurer.
O que o pesquisador não pode garantir é que todos os projetistas de software vão incorporar o mecanismo de interrupção segura em seus programas.
Bibliografia:

Dynamic Safe Interruptibility for Decentralized Multi-Agent Reinforcement Learning
El Mahdi El Mhamdi, Rachid Guerraoui, Hadrien Hendrikx, Alexandre Maurer
NIPS 2017 Proceedings
https://arxiv.org/abs/1704.02882