domingo, 11 de abril de 2021

Raízes do ambientalismo

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Raízes do ambientalismo

Exploração no período colonial e contracultura marcaram a trajetória dos estudos e a defesa do meio ambiente no Brasil

MEMÓRIA

Raízes do ambientalismo

Exploração no período colonial e contracultura marcaram a trajetória dos estudos e a defesa do meio ambiente no Brasil

Se vivesse hoje, o naturalista e político José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) provavelmente ficaria abalado com as enormes e constantes queimadas na Amazônia e no Pantanal. Dois séculos antes das imagens da vegetação em chamas e animais carbonizados que correm o mundo, o Patriarca da Independência já manifestava indignação contra a degradação ambiental inaugurada no Brasil Colônia, baseada no extrativismo predatório. “Destruir matos virgens, como até agora se tem praticado no Brasil, é extravagância insofrível, crime horrendo e grande insulto feito à natureza”, escreveu em 1821, um ano antes de participar do movimento da Independência ao lado de dom Pedro I.

Embora não possa ser considerado um ambientalista no sentido moderno, José Bonifácio contribuiu para a introdução de temas ecológicos no país, embalados por uma preocupação ambiental que permanece atual. “Ele fazia parte de um grupo de intelectuais que, na virada do século XVIII para o XIX, passou a criticar a exploração descuidada dos recursos naturais”, explica o historiador José Augusto Pádua, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisador do tema. José Bonifácio estudou leis e filosofia natural na Universidade de Coimbra.

“Ele teve contato direto com o processo de construção do conhecimento ilustrado sobre o que chamavam de ‘sistema da natureza’. De volta ao Brasil, Bonifácio amadureceu a ideia de que o progresso econômico não poderia depender da destruição das florestas”, conta Pádua. “Na época, começou-se a teorizar que a perda das florestas acabaria por prejudicar a produção rural, porque diminuiria as chuvas, degradaria os solos e, no limite, provocaria desertificação”, ressalva o pesquisador. As preocupações que atravessavam José Bonifácio, portanto, referiam-se ao uso mais eficaz e racional da natureza para garantir o melhoramento da economia – uma ideia hoje associada ao conceito de desenvolvimento sustentável.

Os movimentos ativistas de preservação do meio ambiente surgiram na segunda metade do século XX. Mesmo assim, Bonifácio desempenhou um papel decisivo nos primórdios da consciência ambiental no Brasil, argumenta Pádua. “Seus escritos pautaram debates entre políticos, juristas e homens de ciência da época.” Outros intelectuais deram continuidade à crítica ambiental. Abolicionistas como Joaquim Nabuco (1849-1910) e André Rebouças (1838-1898) defenderam que, enquanto vigorasse a escravidão, não seria possível estabelecer uma relação saudável entre indivíduos e o uso da terra no Brasil.

Algumas poucas tentativas de influenciar governos deram certo, como a restauração da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, entre 1861 e 1874. “Um grupo de intelectuais convenceu o governo de que o desflorestamento estava provocando secas na cidade”, diz Pádua. Boa parte da região havia sido desmatada para a produção de café e carvão vegetal. O reflorestamento exigiu o plantio de 100 mil mudas de árvores de espécies nativas.

Foi no início do século XX que ganhou força a crença de que somente por meio do Estado se poderia garantir a conservação da natureza, como explica a historiadora Ingrid Fonseca Casazza, em artigo publicado em julho na revista História, Ciência, Saúde – Manguinhos. As mudanças mais significativas ocorreram na década de 1930, no início do primeiro governo de Getúlio Vargas (1882-1954), quando cientistas envolvidos com questões ambientais assumiram cargos na administração pública. “Eles atuaram na implementação de instrumentos legais para o manejo racional dos recursos naturais”, escreve Casazza.

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CAPIVARAS VIRALIZAM EM CURITIBA AO ATRAVESSAR RUA EM FAIXA DE PEDESTRE

 




CAPIVARAS VIRALIZAM EM CURITIBA AO ATRAVESSAR RUA EM FAIXA DE PEDESTRE

VÍDEO FOI REGISTRADO EM FRENTE A UM PARQUE DA CAPITAL PARANAENSE NA NOITE DESTA QUARTA-FEIRA (7)

Um vídeo de uma família de capivaras atravessando na faixa de pedestre viralizou nas redes sociais. Uma criadora de conteúdos digitais gravou a cena na noite desta quarta-feira (7), enquanto passava próximo ao Parque Tingui, em Curitiba. Nas imagens, os animais cruzam calmamente a via, respeitando a sinalização.

Diante da família de capivaras, os carros que trafegavam no local pararam e aguardaram todas cruzarem a rua. Nas imagens é possível ver que um filhote fica para trás, mas mesmo atrasado, não deixa de atravessar a via com segurança na faixa de pedestre.

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Assista ao vídeo fofíssimo acima, gravado por Dani Machado.

(FOTO: REPRODUÇÃO/ INSTAGRAM @INSTADANIMONTEIRO)

Fonte: Ricmais

Japão diz que precisará despejar água radioativa de Fukushima no oceano

 


Japão diz que precisará despejar água radioativa de Fukushima no oceano

O primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, disse na última quarta-feira (7) que chegou o momento de decidir qual será o destino da água radioativa da usina nuclear desativada de Fukushima. O provável destino será o Oceano Pacífico, mas não sem antes passar por um rigoroso processo de descontaminação. 

De acordo com o político, isso deve acontecer porque em breve a planta ficará sem espaço para armazenar toda a água subterrânea contaminada que vaza para dentro da instalação. O plano é bastante polêmico e enfrenta forte oposição de pescadores, que temem não conseguir vender seus peixes por conta de um preconceito com o pescado de águas radioativas.

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Antes do descarte no Oceano Pacífico, a água será purificada da melhor forma possível para diluir todo o trítio radioativo, um composto persiste mesmo após o processo de limpeza. Depois disso, aí sim começará o processo de despejo, que será feito ao longo de 30 anos. 

“O que fazer com a água tratada é uma tarefa que o governo não pode mais adiar sem estabelecer uma política”, disse o ministro do Comércio japonês, Hiroshi Kajiyama, em entrevista coletiva concedida na última quarta-feira. 

Água não deve se tornar imprópria

Tanques de armazenamento de água de Fukushima deverão ficar cheios no final de 2022. Crédito: Kazuhiro Nogi/Reprodução

Yoshihide Suga ainda não bateu o martelo sobre o destino da água radioativa de Fukushima, mas a decisão deve ser tomada em breve. Caso a opção seja mesmo o descarte no mar, o plano é diluir o trítio até somente 2,5% da concentração máxima permitida por protocolos nacionais antes do despejo. 

Segundo autoridades japonesas, isso não tornará a água perigosa para as pessoas ou contaminará os peixes da região. Contudo, os pescadores têm seus motivos para ficarem desconfiados, já que, atualmente, em torno de 15 países, incluindo China, Hong Kong e Taiwan, ainda restringem a importação de produtos advindos de Fukushima.

Fonte: Olhar Digital

Apreensão de animais silvestres diminui, mas comércio ilegal deve se intensificar em breve

 


Apreensão de animais silvestres diminui, mas comércio ilegal deve se intensificar em breve

UMA ANÁLISE EXCLUSIVA PARA A NATIONAL GEOGRAPHIC MOSTRA QUE AS APREENSÕES DE ESCAMAS DE PANGOLIM, CHIFRES DE RINOCERONTE E MARFIM DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 TIVERAM UM DECLÍNIO ACENTUADO.

Autoridades apreenderam cerca de 20 toneladas de escamas de pangolim no ano passado, de acordo com uma análise para a National Geographic, um quinto do que foi interceptado em 2019.
FOTO DE BRENT STIRTON, NATIONAL GEOGRAPHIC

A quantidade de marfins de elefante, chifres de rinoceronte e escamas de pangolim interceptadas pelas autoridades em 2020 foi muito menor em comparação com os cinco anos anteriores, de acordo com análise realizada pelo Centro de Estudos de Defesa Avançados (C4ADS, na sigla em inglês) para a National Geographic. A pandemia do novo coronavírus reprimiu a atividade dos traficantes no transporte internacional de produtos derivados de animais silvestres e também o trabalho de fiscalização, de acordo com o C4ADS, organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que analisa questões de segurança transnacional.

Tanto o número de apreensões quanto o peso das cargas apreendidas despencaram, o que sugere que, mesmo se as partes de animais silvestres tenham sido transportadas entre a África e a Ásia em lotes menores, o índice geral de tráfico entre os continentes caiu. No entanto, alguns especialistas em vida selvagem observam que o comércio on-line permaneceu intenso durante a pandemia e que a caça ilegal aumentou em alguns locais.

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Segundo Faith Hornor, gestor do programa C4ADS que conduziu a análise, a estimativa de apreensões desses três produtos ilegais (marfim, chifre de rinoceronte e escama de pangolim) não representa o que está acontecendo com o comércio ilícito de animais silvestres, mas é um bom indicador das tendências do comércio intercontinental de animais silvestres entre a África e a Ásia, onde essas três mercadorias são particularmente valorizadas.

Escamas de pangolim e chifres de rinoceronte são utilizados em medicinas tradicionais, principalmente na China e no Vietnã, e tanto o marfim quanto os chifres de rinoceronte são procurados na China e em outros lugares para a produção de esculturas. De acordo com o C4ADS, as apreensões de marfim, chifres de rinoceronte e escamas de pangolim no mundo todo foram, em média, quase 530 por ano entre 2015 e 2019. Em 2020, houve 466 apreensões, bem abaixo da máxima, de 964, em 2019. Os números representam todos os incidentes registrados por funcionários de alfândegas ou descritos em reportagens da mídia produzidas em até 15 idiomas.

Mas um recente incidente surpreendente na Nigéria – um centro de tráfico de animais silvestres conhecido por ser a fonte de um grande número de apreensões de pangolins ligadas à África – pode ser um sinal do que está por vir conforme as restrições relacionadas à pandemia vão sendo suspensas. Em janeiro, funcionários da alfândega nigeriana em Lagos inspecionavam um contêiner de seis metros identificado como “acessórios para móveis”. Durante a inspeção, eles encontraram 162 sacos de escamas de pangolim escondidos atrás de um carregamento de madeira. Ao todo, pesavam mais de 8,6 mil quilos, equivalente a milhares de pangolins mortos.

Outros 57 sacos continham diversas outras estruturas de animais silvestres, incluindo marfins de elefante e ossos de leão, um substituto cada vez mais popular na medicina tradicional chinesa para ossos de tigre, agora difíceis de encontrar. A remessa tinha como destino Haiphong, no Vietnã.

“É um retrato do que está por vir” à medida que as viagens são retomadas, diz Steve Carmody, chefe de investigações da Comissão de Justiça para a Vida Selvagem (WJC, na sigla em inglês), organização sem fins lucrativos com sede em Haia, na Holanda, que trabalha para denunciar redes criminosas. O incidente também parece confirmar o que os comerciantes ilegais têm dito aos agentes secretos da WJC: que eles estão estocando produtos derivados de animais silvestres por conta das interrupções causadas pela pandemia.

“Sabemos que os traficantes estão estocando produtos não apenas na África, mas também na Ásia –Vietnã, Laos e Camboja – em grandes quantidades”, afirma Carmody, que não participou da análise do C4ADS. A preocupação agora, ele acrescenta, é que o aumento de viagens aéreas e de outros meios de transporte levará a uma rápida venda do contrabando armazenado, e a demanda reprimida alimentará uma intensificação de caça furtiva de animais.

É possível que em 2020 os traficantes tenham dividido algumas remessas em pacotes menores para evitar a detecção. Mas se o volume total dos pacotes fosse semelhante, apenas divididos em remessas individuais menores, provavelmente teria ocorrido um aumento nas apreensões, mesmo com alguma redução na capacidade de fiscalização, diz Hornor.

As escamas de pangolim apreendidas em 2020 totalizaram cerca de 20 toneladas, ante cerca de 100 toneladas em 2019. Em questão de peso, chifres de rinoceronte apreendidos em 2020 atingiram menos de um décimo do calculado em 2019. E embora o peso médio das remessas de marfim apreendidas tenha diminuído de maneira geral durante os últimos seis anos, houve uma queda substancial de 72% em 2020.

O que os dados da apreensão revelam 

O tráfico de animais silvestres não está reduzindo, e alguns pesquisadores alertam que não se deve tirar conclusões definitivas com base apenas em dados de apreensão.

De acordo com Chris Shepherd – diretor executivo da Monitor, ONG dedicada a interromper o comércio ilegal e insustentável de animais silvestres –, em alguns locais, os fiscais podem ter sido redirecionados para tarefas relacionadas à covid-19, limitando a capacidade de detectar ou relatar carregamentos ilícitos. “Há uma série de razões pelas quais ocorreu um declínio nos casos relatados, e mais pesquisas sobre essas questões são necessárias.”

Alguns pesquisadores relatam um aumento em outros indicadores de crimes contra a vida selvagem, incluindo números de caça ilegal e vendas on-line de animais ou de suas partes, o que mostra a dificuldade em tirar conclusões apenas a partir de dados de apreensão.

Durante o ano de 2020, “não vimos nenhuma alteração no movimento dos mercados on-line, onde muitas dessas negociações são feitas”, esclareceu Gretchen Peters, fundadora da Alliance to Counter Crime Online (ACCO), uma rede de pesquisadores sem fins lucrativos que atua no combate ao crime organizado e no monitoramento de publicidade de bens ilícitos em plataformas de mídia social e sites de comércio eletrônico. Ela acrescenta que também não houve “diminuição no número de criminosos ofertando animais silvestres. Nenhum dos membros da ACCO relatou indícios sobre dificuldades dos traficantes em obter suprimentos”.

Patricia Tricorache, especialista em comércio ilegal de animais silvestres e membro da ACCO, conta que, em 2020, houve um aumento de anúncios ilícitos on-line de animais de estimação exóticos, como de guepardos, de acordo com rastreamento feito por ela mesmo. Tricorache diz ainda que os guepardos costumam ser transportados de barco da Etiópia, do norte do Quênia ou da Somalilândia para o Iêmen e depois levados por terra para compradores nos estados do Golfo. As ofertas on-line e apreensões desses animais aumentaram, coletivamente, cerca de 40% no ano passado, estima a especialista. (O C4ADS não rastreia apreensões de guepardos em terra.)

Também há indícios de que a captura ilegal e a morte de animais silvestres para venda como carne de caça e consumo local continuaram – ou se intensificaram — em 2020, especialmente em Uganda, Madagascar e outros países onde a indústria do turismo colapsou e a insegurança alimentar e a pobreza pioraram. Os dados de apreensão também não consideram essa tendência.

Além disso, outros números de caça ilegal, também não refletidos nos dados de apreensão, podem ser somados. A Namíbia documentou uma diminuição constante no número de rinocerontes caçados e o Quênia não relatou nenhuma caça furtiva desses animais em 2020. Mas na África do Sul, onde bloqueios em todo o país reduziram inicialmente a caça ilegal de animais silvestres, quase 400 rinocerontes foram mortos por traficantes em busca de seus chifres em 2020.

O que a pandemia revelou 

No mês passado, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas observou em um novo relatório que a pandemia forçou os traficantes de animais silvestres a depender mais do transporte de carga por vias marítimas devido a “interrupções nas viagens aéreas e menos oportunidades de contrabando em navios de passageiros”. 

No entanto, segundo Faith Hornor, o C4ADS constatou que o transporte marítimo de escamas de pangolim, chifres de rinoceronte e marfim caíram de quase 4% do total, considerando todas as apreensões entre 2015 e 2019, para menos de 2% em em 2020.

Carmody afirma que as autoridades conseguiram reunir novas informações sobre traficantes de animais silvestres durante a pandemia, o que futuramente pode ajudar no trabalho de detecção do tráfico. Comerciantes tiveram que encontrar novos clientes para seus produtos ilícitos, e isso concedeu aos oficiais de justiça e a grupos como a Comissão de Justiça para a Vida Selvagem, informações sobre essas redes criminosas – Carmody diz que nos próximos meses planejam atuar com base nos dados obtidos.

“A fiscalização não termina com a apreensão de um contêiner”, diz Hornor. Também são necessárias investigações mais amplas sobre as redes criminosas e seus responsáveis, levando a prisões e condenações. Isso, conclui ela, “terá um impacto mais sistêmico para derrubar essas operações em longo prazo”.

Fonte: National Geographic Brasil