quarta-feira, 30 de setembro de 2020

“No período de seca extrema, não tem trégua”, diz biólogo do ‘SOS Pantanal’: fogo volta à Serra do Amolar e se alastra para o sul

 

“No período de seca extrema, não tem trégua”, diz biólogo do ‘SOS Pantanal’: fogo volta à Serra do Amolar e se alastra para o sul

Mais de 23% do Pantanal já queimou. De 1º: de janeiro a 27 de setembro, foram destruídos mais de 3 milhões e 461 mil hectares. Não bastasse o avanço do fogo e o surgimento de novos focos no Pantanal Sul, o fogo que parecia ter sido vencido, voltou.

“Os focos de incêndio que vinham da região da Transpantaneira e de Porto Jofre desceram e entraram no Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, na divisa entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul”, conta Gustavo Figueiroa, biólogo e divulgador cientifico da Instituto SOS Pantanal. “Os incêndios também ressurgiram de maneira muito intensa na Serra do Amolar e as chamas tomaram proporções gigantescas novamente”.

Agentes do Ibama/PrevFogo, dos bombeiros do Mato Grosso do Sul e do Paraná, e brigadistas do Instituto do Homem Pantaneiro foram rapidamente deslocados para lá.

Gustavo Figueiroa, biólogo e divulgador cientifico do SOS Pantanal

Como faz uma ou duas vezes por semana, Gustavo, que é especialista em manejo e conservação de fauna, gravou hoje um novo boletim com atualizações sobre os incêndios no Pantanal. Esta é das missões do SOS Pantanal: divulgar informações de qualidade a respeito do bioma, ainda mais agora, nesta situação dramática.

Serra do Amaolar

Ao sul da região do Parque Estadual Encontro das Águasque reúne a maior concentração de onças-pintadas por km2 do mundo e teve 80% de sua área queimada – ele conta que outra grande área está em chamas no Pantanal do Paiaguás e que, “ainda mais ao sul do Paiaguás, vários focos estão consumindo os arredores e dentro do Parque Estadual do Rio Negro”.

Pantanal do Paiguás

Neste boletim os mapas me chamaram muito a atenção – não sei se pela quantidade e por me sentir melhor situada na região -, por isso, os reproduzo aqui.

E o relato de Gustavo prossegue, indicando mais fogo no bioma, como ao sul da Serra do Amolar, entre Corumbá e Miranda, onde grandes focos de incêndio surgiram em áreas próximas à BR 262, estrada que corta o Pantanal, ligando Campo Grande a Corumbá.

“As chamas estavam tão fortes e a fumaça tão intensa que cobriu toda a estrada, provocando um acidente com vítima fatal”.

Os focos de incêndio também estão muito concentrados na região de Nabileque, abaixo de Corumbá, no Pantanal Sul, como mostra o mapa abaixo.

Nabileque

Cuidados paliativos, até que chova

Gustavo destaca que equipes do Ibama/PrevFogo, dos bombeiros do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, brigadistas voluntários e brigadistas de fazendas estão mobilizadas “e lutando fortemente contra esses incêndios”. E sentencia: “Enquanto estivermos neste período de seca extrema, infelizmente não tem trégua”.

O cenário é desesperador e o biólogo acrescenta: “O fogo é uma força muito brutal, uma força da natureza. E ele só pode ser controlado por outra força da natureza, que é a chuva. A previsão indica que, do meio para o final de outubro, virá uma chuva considerável, que poderá controlar a situação. Mas é apenas uma previsão”.

Enquanto isso, o que os brigadistas podem fazer é atuar com “cuidados paliativos, que é o que está sendo feito: controlar o fogo, impedindo, ao máximo, que ele não se alastre”. De que forma? Limpando aceiros – que são faixas feitas ao longo de cercas onde a vegetação foi completamente eliminada da superfície do solo, para prevenir a passagem do fogo para a área de vegetação -, apagando fogos mais leves, checando se há fogos subterrâneos, que nem sempre são fáceis de detectar.

No caso do Pantanal norte, onde parecia que a situação ia começar se estabilizar, as chamas voltaram certamente por causa do fogo subterrâneo, que ressurgiu.

“O solo do Pantanal tem muitas raízes, as plantas têm características de Cerrado, então o solo tem muita matéria orgânica que fica por baixo da primeira camada. Quando o fogo começa a queimar, pode afundar e queimar por quilômetros debaixo do solo até que encontra oxigênio e uma outra insurgência e inicia um novo foco”, explica Gustavo. “Os brigadistas costumam cavar pra se certificar se o incêndio acabou mesmo”.

Mas, no Pantanal sul, não havia focos na região onde, agora, surgiram incêndios. “Não tinha como chegar foco lá. Foi gente que colocou! O fogo começou perto de uma trilha de pescadores, então, provavelmente foi alguém que colocou esse fogo”.

O biólogo explica que mais de 98% dos focos de incêndio são provocados pela ação humana: “alguns intencionais, outros não. Mas esses que começaram no Pantanal Sul certamente foram intencionais”. E completa: “Enquanto houver seca e gente tacando fogo, vai ser muito complicado controlar o fogo. Enquanto a chuva não vier, a gente vai apagando o fogo que aparece pra que a proporção não aumente; é muito complicado controlar”. 

Brigadas permanentes e educação

Reprodução do vídeo SOS Pantanal, com imagens do PrevFogo/Ibama

O Pantanal vive a pior seca dos últimos 47 anos, intensificada pelo desmatamento na Amazônia, responsável pela umidade e pelas chuvas que banham o centro-oeste e o sudeste do país. Mais: no ano passado, o bioma perdeu cerca de 19% de sua área florestada original devido aos incêndios. E foi neste cenário que o governo reduziu o orçamento para combate a incêndios florestais em 58%.

Por conta desse corte, o contingente de agentes do ICMBio e do Ibama, este ano, está bem menor. De qualquer forma, mais do que falar em combate, precisamos começar a falar de prevenção. Afinal, por que esperar que o fogo chegue de forma dramática à região para tentar apagá-lo. Ainda mais num cenário tão inóspito de seca?

“O que está sendo feito – e muito bem feito – é paliativo. No ano que vem vai queimar de novo e, se a gente não se prevenir, os próximos incêndios podem ganhar a mesma proporção destes”, comenta Gustavo. “Então, precisamos montar brigadas fixas, permanentes, pelo Pantanal. Equipa-las, integra-las com as equipes dos bombeiros para que a resposta seja rápida, para que incêndios dessa magnitude sejam evitados”.

Ele conta que o SOS Pantanal é parceiro do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que participa da Brigada Alto Pantanal (sobre a qual publiquei aqui no site), então também está envolvida nesta iniciativa. “Uma parte dos recursos que arrecadamos foi direcionado para apoia-la”.

Mas independente disso, o plano da organização é espalhar brigadas pelo Pantanal. Na região da Serra do Amolar, em parceria com o IHP, e, em outras partes do bioma, com parceiros locais. “Esta é uma das metas da SOS Pantanal. Vimos o tamanho do problema muito de perto, agora, então decidimos aumentar a meta e tentar espalhar brigadas pelo bioma inteiro”.

Como ajudar

“O contraste é brutal. Pouco verde em meio às cinzas sem fim”, escreveu Gustavo Figueiroa
em seu perfil no Instagram nos primeiros dias no Pantanal

É comum ouvir amigos ou conhecidos comentarem nas redes que adorariam ir ao Pantanal para ajudar e que acham muito pouco, numa situação como esta, apenas doar dinheiro. No entanto, esta é a forma mais efetiva de colaborar.

Gustavo confirma: “É complicado vir gente pra cá que não conhece o Pantanal porque a logística é muito complicada”. E conta: “Outro dia, encontramos um pessoal que veio por conta própria querendo descer para a Serra do Amolar de carro, mas só se chega de barco ou avião lá. Eles não sabiam, ficaram perdidos, gastaram dinheiro à toa, não tinham contato com nenhuma instituição…”.

Claro que voluntários são sempre necessários, mas fazer a coordenação desse tipo de trabalho não é só envia-los pra todo canto. É preciso gestão e treinamento, o que, neste momento, também é complicado. E, quando precisam de mais gente, se valem de suas redes.

Mas há duas maneiras bastante eficientes para ajudar na manutenção do trabalho maravilhoso que está sendo realizado no Pantanal por brigadistas, equipes de resgate e de veterinários, biólogos e outros voluntários que se encarregam de alimentar os animais famintos: compartilhar informações de qualidade e doar dinheiro.

No primeiro caso, é importante acompanhar bons veículos de comunicação e os perfis das organizações e profissionais que estão trabalhando no Pantanal, e mostrando e comentando o que por lá se passa. Compartilhar e divulgar.

“Isso é tão importante para o SOS Pantanal, que seu trabalho vai além de dar apoio operacional e logísticos a organizações e profissionais que atuam no bioma. Ela investe em comunicação”, conta Gustavo. “Entendemos o cenário para passar informações sérias e atualizadas porque tinha muita informacao distorcida saindo de lá, sem questionamento”.

Gustavo e Diego Arruda mantêm contato direto e diário com boa parte de quem está trabalhando lá – formam uma rede potente -, filtram as informações, pesquisam o que dizem os satélites, e divulgam todos os dias nas redes sociais, com fontes seguras e confiáveis. Além disso, fazem um boletim periódico, como o de hoje, narrado pelo Gustavo, para dar uma ideia geral de como estão os incêndios, de fato, no bioma”.

Então, acompanhar a SOS Pantanal e seus parceiros é um dos passos para ajudar a divulgar informação de qualidade.

No que se refere à doação de dinheiro, há organizações bastante sérias, que desenvolvem trabalhos imprescindíveis para a conservação no Pantanal e precisam de ajuda constante. Publiquei em 14/9, uma matéria – Como ajudar o Pantanal – na qual fiz uma seleção que pode ajudar nessa tarefa. A maioria pede doações em dinheiro, mas algumas indicam equipamentos, materiais e alimentos que também podem ser doados.

Como oferece apoio operacional e logístico a diversas entidades que trabalham na linha de frente do combate a incêndios e do resgate e recuperação de animais, a SOS Pantanal se limita a receber dinheiro.

“Esse tipo de doação facilita porque as organizações e voluntários dizem o que precisam e a gente viabiliza. Podemos comprar exatamente o que está faltando”, explica Gustavo. São elas: GRAD – Grupo de Resgate a Animais em Desastres (estadia), Instituto Homem Pantaneiro (recurso financeiro), Instituto Arara Azul (recurso financeiro) e Instituto É o bicho! (apoio operacional e logístico), sobre o qual escrevi aqui.

Agora, assista ao último boletim publicado por Gustavo Figueiroa no perfil do Instagram da SOS Pantanal:

 

Atualizações incêndios do Pantanal: 29/09

De 1 de janeiro a 27 de setembro, já foram consumidos 3.461.000 hectares do bioma. Isso representa mais de 23% do bioma no Brasil, o equivalente a 23 cidades de São Paulo.

O fogo entrou na área do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense e em seus arredores de maneira intensa. Desde o dia 25, novos focos começaram na região da Serra do Amolar, ganhando grandes proporções na RPPN Eliezer Batista. 

 

A situação por lá é crítica e equipes do @ihp_pantanal_ , brigadistas voluntários e do PrevFogo, em conjunto com equipes do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul e Paraná seguiram para a região para atuar no combate.

No Pantanal sul, áreas entre Miranda e Corumbá também estão queimando, próximas a BR 262, que liga Campo Grande à Corumbá. Devido ao excesso de fumaça na pista, uma carreta colidiu com uma caminhão, deixando uma vítima. Mais ao sul de Corumbá, na região de Nabileque, muitos focos concentrados também consomem a região. As imagens de satélite também indicam focos em regiões do Pantanal de Paiaguás (ao sul do Parque Estadual Encontro das Águas), assim como no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.

Continuamos acompanhando e atualizando as notícias sobre os incêndios no Pantanal. Compartilhe essa mensagem para que mais pessoas tenham conhecimento da situação real.

Os dados são obtidos através do monitoramento feito pelo @ufrj_lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e podem apresentar uma margem de erro de até 20%, devido ao grau de confiança das detecções mais recentes (últimos 2 meses). Você pode acessar o site do LASA com atualizações dos incêndios no link em nossa bio.

Vídeo: @gufigueiroa

 

Foto: Gustavo Figueiroa/SOS Pantanal

 

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.

Uma breve análise sobre o papel fundamental das florestas tropicais primárias e secundárias

 

floresta

Uma breve análise sobre o papel fundamental das florestas tropicais primárias e secundárias

Artigo de Bruno Versiani dos Anjos

[EcoDebate] Conforme devidamente sabido, as chamadas florestas tropicais secundárias, de maneira geral, absorvem mais carbono atmosférico. Fato conceitualmente claro, pois, como estão crescendo incorporam carbono. As florestas tropicais primárias, nesse quesito, já se estabilizaram. Emitem a mesma quantidade de carbono que absorvem. As florestas tropicais secundárias, como ainda estão crescendo, absorvem mais carbono.

Em relação à biodiversidade, há dúvidas. Já li e pesquisei vertentes que indicavam ora uma ora outra. Pessoalmente, acredito que as florestas tropicais primárias possuem maior biodiversidade. Devido à imensa estratificação e micro nichos, muito possivelmente as florestas primárias possuem maior biodiversidade autóctone. Ou seja, as florestas tropicais secundárias possuem grande número de espécies invasoras.

Em relação ao equilíbrio hidro climático, as florestas tropicais primárias são essenciais. Devido ao porte dos indivíduos arbóreos, certamente atingem lençóis freáticos mais profundos, possuem copas de árvores maiores, são mais úmidas, filtram de maneira mais intensa a luz solar. Também possuem maior capacidade de reter enxurradas, fazendo com que os derramamentos de água tropicais sejam nebulizados, permitindo grande umidade dentro da floresta.

Em relação ao quesito simbólico, as florestas tropicais primárias são “sagradas”. Atravessam milênios, são extremamente belas, possuem a simbologia de entidades ancestrais, e devem, sem sombra de dúvida, serem admiradas e preservadas (não apenas conservadas).

Na minha opinião, as florestas tropicais primárias (que cobrem cerca de 5% das terras emersas) deveriam ser objeto de preservação permanente e intocável, não devendo ser sequer fragmentadas, ou seja, existindo em imensos blocos. Abençoadas e Sagradas. Daí a inestimável importância das Unidades de Conservação de Proteção Integral.

Bruno Versiani dos Anjos

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/09/2020

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Quase 40% das plantas no planeta estão ameaçadas de extinção, mostra pesquisa

 

Quase 40% das plantas no planeta estão ameaçadas de extinção, mostra pesquisa

jardim botânico
Foto: EBC

Quase 40% das plantas no planeta estão ameaçadas de extinção, mostra pesquisa

A cada cinco espécies de plantas no planeta, duas estão ameaçadas de extinção, estima relatório divulgado na terça-feira (29) pelo Jardim Botânico Real do Reino Unido.

O estudo conta com a participação de pesquisadores de 42 países, incluindo do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

O relatório alerta para a necessidade de acelerar a identificação das espécies ameaçadas para protegê-las a tempo. Segundo o documento, 39,4% das plantas estão sob risco, patamar que é quase o dobro do estimado em 2016, quando estava em 21%. O estudo explica que o salto se deve à adoção de avaliações mais sofisticadas e abordagens mais precisas.

Entre as mais de 36 mil espécies de plantas catalogadas no Brasil, 3.934 estão ameaçadas, segundo a pesquisadora Rafaela Forzza, do Jardim Botânico do Rio. A bióloga pondera que o número real, na verdade, é bem maior, porque faltam informações para avaliar a situação de parte das espécies catalogadas.

“As pessoas sabem que as baleias estão ameaçadas, que os golfinhos e os micos-leões-dourados estão ameaçados. Mas a sociedade é muito menos empática ao número de plantas ameaçadas. E as plantas nos cercam a todo momento. Nossa vida depende muito delas”, alerta a bióloga, que ressalta que ainda há muito a ser descoberto em países tropicais como o Brasil. “Estamos destruindo uma biodiversidade que nem conhecemos ainda”.

O relatório também trouxe dados sobre os fungos ameaçados de extinção, destacando o grande desconhecimento que ainda existe sobre esses seres vivos. As 148 mil espécies de fungos catalogados não representam nem 10% do número estimado de mais de 2 bilhões de espécies no planeta.

As principais ameaças às plantas, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza são a agricultura e aquicultura (32,8%), a utilização como recurso natural (21,1%) e modificações no habitat (10,8%). Já no caso dos fungos, o desenvolvimento de áreas comerciais e residenciais (18,7%) vem em primeiro lugar, seguido do uso como recurso natural (13,9%) e da agricultura e pecuária (12,9%).

Novas espécies

Desde 2008, o Brasil descobre cerca de 10% das novas espécies de plantas catalogadas em todo o mundo. Em 2019, o país foi, mais uma vez, o que mais identificou espécies, com 216 novos registros, enquanto a China descobriu 195, e a Colômbia, 121. O Brasil descobriu ainda 87 novas espécies de fungos no ano passado, segundo o relatório.

A pesquisadora do Jardim Botânico do Rio, que integrou o trabalho divulgado hoje, destaca que o país não descobre apenas pequenas espécies de plantas, mas conta com 33 árvores na lista de novas espécies registradas em 2019. As descobertas também incluem vegetais frutíferos, como 24 variedades silvestres de mirtáceas, a mesma família da goiaba, da jabuticaba e da pitanga.

Apesar da grande destruição de sua área original, da qual restaram apenas cerca de 10%, a Mata Atlântica foi o bioma em que mais espécies foram encontradas. “Se só no ano passado a gente foi capaz de descrever 71 novas espécies de Mata Atlântica, só no que restou de Mata Atlântica, imagine o que a gente perdeu de espécies que foram dizimadas antes de catalogar. Isso não tem como reverter”, lamenta a pesquisadora, que relata ainda 46 espécies no Cerrado, 32 na Amazônia, 10 na Caatinga, cinco nos Pampas e duas no Pantanal. As outras 50 espécies descobertas ocorrem em mais de um bioma.

Na discussão sobre a preservação da biodiversidade, Rafaela explica que o Brasil ocupa posição central, por concentrar o maior número de espécies do mundo. As 36 mil plantas catalogadas no Brasil são mais de 10% das 350 mil espécies conhecidas em todo o planeta.

“Quase 50% das espécies de plantas do Brasil só ocorrem no país. Se a gente não proteger, não tem como outros países protegerem. Então, é nossa obrigação com o nosso povo e com a humanidade”, reforça. “A gente é muito importante para a conservação da biodiversidade mundial, que é um bem da humanidade sob responsabilidade de cada uma das nações, e a Constituição Brasileira diz que a biodiversidade pertence a todos os brasileiros. Quando você destrói biodiversidade para meia dúzia de pessoas lucrar em cima disso, você está tirando de mais de 200 milhões de pessoas, porque a biodiversidade é de todos e das futuras gerações, inclusive”, disse.

Plantas medicinais

Entre os dados em destaque na pesquisa, está a estimativa de que 723 espécies de plantas medicinais estão ameaçadas. O número corresponde a 13% das 5,4 mil plantas medicinais que foram avaliadas quanto ao risco de extinção. A pesquisa pondera que o número de plantas medicinais catalogadas, no entanto, chega a 25 mil.

Segundo o relatório, cerca de 4 bilhões de pessoas dependem de medicamentos fitoterápicos como sua principal fonte de saúde. Na China, país mais populoso do planeta, esses medicamentos representam 40% dos serviços de saúde.

A demanda por medicamentos fitoterápicos cresce aliada a fatores como o aumento da prevalência de doenças crônicas, e a perda de biodiversidade causa impacto ainda em outros países, como a África do Sul. A pesquisa exemplifica que o número de espécies medicinais comercializadas no país caiu de 700, em 1998, para 350, em 2013. Entre as preocupações estão a colheita excessiva e o uso insustentável de plantas medicinais silvestres.

A pesquisa relata ainda que há um potencial inexplorado para a produção de biocombustíveis e para diversificar o consumo de alimentos. Segundo o relatório, enquanto existem mais de 7 mil espécies de plantas comestíveis com potencial para produção de alimentos, apenas 15 espécies vegetais fornecem 90% da energia alimentar ingerida pela humanidade.

Por Vinicius Lisboa, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/09/2020

 

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Geração Greta volta a se manifestar pelo clima

 

Geração Greta volta a se manifestar pelo clima

Movimento Fridays For Future promove série de protestos pelo mundo. No Brasil, jovens protestam contra o governo e pedem a saída de Ricardo Salles

O Fridays For Future, movimento iniciado pela menina ativista sueca Greta Thunberg, fará uma série de manifestações pelo clima, hoje. Estão programadas ações no mundo inteiro. As “marchas” do dia 25 de setembro, como a organização está chamando o evento, serão as primeiras fora do ambiente digital, desde o início da pandemia. 

No Brasil, a chamada para o protesto inclui os pedidos de “fora Bolsonaro”, contra o presidente Jair Bolsonaro, e “fora Salles”, pedindo a saída do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. 

A demanda dos jovens é praticamente a mesma da época em que Greta iniciou sua greve pelo clima: cobrar os políticos sobre medidas concretas para conter o aquecimento global e as mudanças climáticas. “A pandemia mostrou que os políticos têm o poder de agir rapidamente com a melhor ciência disponível”, afirma Eric Damien, jovem ativista do Quênia, em nota enviada à imprensa sobre os protestos. 

Em agosto, Greta voltou à escola após um ano sabático. Nos últimos dois anos, a menina de 17 anos emergiu como a voz de uma geração que está preocupada com o planeta. A sua “folga”, na realidade, foi cheia de trabalho. Nos últimos 12 meses, Greta discursou no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na COP25, em Madri, e continuou cobrando impiedosamente os políticos do momento. Em encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, ela pediu que Merkel saísse de sua “zona de conforto” e acelerasse a ação para combater a emergência climática.

Uma semana depois de voltar à escola, a menina ativista voltou a liderar um protesto pela proteção ao meio ambiente, com foco na Amazônia. Em uma ação online, ela alertou sobre a importância de proteger a maior floresta tropical do mundo. “Essa crise é global. Pois, o que acontece na Amazônia não fica na Amazônia e a gente precisa agir agora”, afirmou Greta. “Dependemos das pessoas colocando as vidas em risco para salvar a Amazônia, para protegê-la. E dependemos dos povos indígenas.”

ONU debate o futuro das espécies em assembleia sobre diversidade

 

ONU debate o futuro das espécies em assembleia sobre diversidade

Na Cúpula das Nações Unidas sobre Biodiversidade, líderes mundiais buscam uma solução para a extinção em massa: metade das espécies pode desaparecer

Começa nesta quarta-feira, 30, a Cúpula das Nações Unidas (ONU) sobre Biodiversidade, encontro de líderes ambientais que acontece durante a abertura da 75ª sessão da Assembleia Geral da ONU. O objetivo do debate é encontrar uma solução para garantir a manutenção da biodiversidade do planeta, que está sob ameaça por causa das mudanças climáticas.

A pandemia do coronavírus, segundo a ONU, está ressaltando a importância de uma relação saudável entre as pessoas e a natureza. Esse é um dos assuntos que será tratado na cúpula, cujo objetivo principal é estabelecer as bases para a criação do documento que deverá ser assinado na Conferência da Biodiversidade, a chamada COP da Biodiversidade (sigla em inglês para Convention Of Parties, termo em inglês que, numa tradução livre, significa uma Convenção multilateral entre países), que será realizada em 2021.

De acordo com dados da entidade, 75% das terras do planeta foram alteradas significativamente pela ação humana, e 66% da área dos oceanos sofre com múltiplos impactos decorrentes da pesca, da poluição e da acidificação das águas. O resultado desse cenário é uma taxa de extinção de espécies mil vezes maior do que o habitual.

Um estudo realizado pelas organizações conservacionistas The Nature Conservancy (TNC), Instituto Paulson e Centro Cornell para Sustentabilidade aponta, ainda, que há uma lacuna no financiamento da conservação ambiental, o que piora o cenário. Segundo o trabalho, esse valor é estimado em 711 bilhões de dólares por ano, em média.

A falta de ação pode trazer prejuízos econômicos. Somente o desaparecimento de animais polinizadores, como abelhas, borboletas e mariposas, resultado do uso de pesticidas, traria prejuízos anuais de 217 bilhões de dólares para a agricultura.

“Associados a essa perda estão os riscos de fome e agitação social, potencialmente mais sérios, mas mais difíceis de quantificar”, afirma Henry Paulson, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, autor do prefácio do estudo.

“Em suma, embora nunca sejamos capazes de calcular o valor total da natureza, sabemos o suficiente para saber que sua destruição apresenta riscos profundos para as sociedades humanas e, como acontece com qualquer risco sério que enfrentamos, a resposta racional é se proteger.”

Em meio ao avanço nas queimadas em florestas tropicais como Amazônia e o Pantanal, é de esperar que o Brasil seja mencionado de forma negativa por autoridades mundiais no evento. Ontem, no debate presidencial dos Estados Unidos, o candidato democrata Joe Biden mencionou que, se eleito, destinará 20 bilhões de dólares ao Brasil para conservação da Amazônia. Além disso, prometeu retaliações caso ao governo Bolsonaro siga permitindo a queimada da floresta.

Salles aprova extinção de regras que protegiam manguezais e restingas

 

Salles aprova extinção de regras que protegiam manguezais e restingas

O Conama, presidido por Ricardo Salles, revogou as regras e abriu espaço para especulação imobiliária nas faixas de vegetação das praias

Com um conselho de meio ambiente controlado majoritariamente por ministérios e membros do governo federal, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, aprovou nesta segunda-feira, 28, a extinção de duas resoluções que delimitavam as áreas de proteção permanente (APPs) de manguezais e de restingas do litoral brasileiro. A revogação dessas regras abre espaço para especulação imobiliária nas faixas de vegetação das praias e ocupação de áreas de mangues para produção de camarão.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), presidido por Salles, revogou ainda uma resolução que exigia o licenciamento ambiental para projetos de irrigação, além de aprovar uma nova regra, para permitir que materiais de embalagens e restos de agrotóxicos possam ser queimados em fornos industriais para ser transformados em cimento, substituindo as regras que determinavam o devido descarte ambiental desse material.

Ambientalistas, parlamentares e a Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa) pediram que todos os itens fossem retirados da pauta da reunião do Conama, instituição que tem caráter consultivo e deliberativo sobre questões ambientais. Houve ainda tentativa de cancelar a reunião, por meio de ação judicial. Todas as tentativas fracassaram.

A revogação das resoluções 302 e 303, ambas de 2002, elimina instrumentos de proteção dos mangues e das restingas, as faixas com vegetação comumente encontradas sobre áreas de dunas, em praias do Nordeste.

O argumento do governo é que essas resoluções foram abarcadas por leis que vieram depois, como o Código Florestal. Especialistas em meio ambiente apontam, porém, que até hoje essas resoluções são aplicadas, porque são os únicos instrumentos legais que protegem, efetivamente, essas áreas.

No mês passado, por exemplo, em São Paulo, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) perdeu uma ação na Justiça e foi obrigada, por meio de sentença, a respeitar as delimitações previstas na resolução de 2002, “para evitar a ocorrência de dano irreparável à coletividade e ao meio ambiente”.

Já revogação da Resolução nº 284, de 2001, acaba com os critérios de regras federais para licenciamento ambiental de empreendimentos de irrigação. No entendimento dos ambientalistas a revogação tem o objetivo de acabar com exigências legais a pedido de parte do agronegócio.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que é membro do Conama, argumentou, no entanto, que a resolução conflita com outras que já estão em vigor. O Ministério da Agricultura declarou que irrigação não é “atividade”, mas sim um acessório da agricultura. “Não vemos impacto positivo nessa resolução no meio ambiente”, declarou o ministério, que é um dos membros do conselho.

Concentração

O resultado expõe, claramente, a forma como o governo passou a controlar um órgão que, por missão e histórico, sempre teve composição técnica e independente. Desde julho do ano passado, o Conama, que define normas e regras ambientais, foi completamente desidratado em relação à sua estrutura anterior, por determinação de Ricardo Salles.

O ministro concentrou nas mãos do governo federal e de representantes do setor produtivo a maioria dos votos. Estados e entidades civis perderam representação. O Conama teve seus membros reduzidos de 96 para 23 representantes.

Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) afirma que, pela estrutura atual, o governo federal passou a ter 43% de poder de voto dentro da composição do conselho, além de outros 8% de poder de voto do setor empresarial. Os demais votos estão diluídos entre membros dos estados, municípios e sociedade civil. Se antes estes somavam 60% de poder de voto, passaram a ter 49% na nova composição.

A estrutura anterior do órgão tinha o objetivo de dar maior representatividade a vários segmentos da sociedade. Uma parte dos integrantes da sociedade era escolhida por indicação e outra por eleição. Desde o ano passado, porém, essa escolha passou a ser feita por sorteio.

Instituições que representam a sociedade civil, incluindo associações ambientais, de trabalhadores rurais e povos indígenas, viram suas posições caírem de 23 para apenas quatro posições. Duas dessas cadeiras, inclusive, estão vagas, porque dois membros — Associação Rare do Brasil e Comissão Ilha Ativa — deixaram o conselho e não foram substituídas. As votações, portanto, ocorreram sem contabilizar o voto de outros dois membros.

Os estados também perderam representação. Se antes havia uma cadeira para cada um dos 26 estados e o Distrito Federal, agora são cinco cadeiras representadas por um estado de cada região geográfica do país. Os municípios, que tinham oito representantes, agora têm dois. O Ministério Público Federal é membro do conselho e regularmente, crítico de flexibilizações ambientais, mas é o único sem direito a voto nas deliberações.

“Com a conformação do Conama que foi instalada pelo governo Bolsonaro, o governo obteve pleno controle para passar boiadas, reduzir o rigor da legislação ambiental por meio de resoluções do conselho. O Conama, órgão com quatro décadas de importantes contribuições para a política ambiental, na prática está morto”, disse a ex-presidente do Ibama Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima.

“Independentemente do governo de plantão, o conselho sempre foi uma arena de debates técnicos, com ampla divulgação dos temas em debate. Foi uma tristeza enorme acompanhar hoje a 135ª reunião. O resultado final pode ser resumido em uma palavra: retrocesso.”

Judicialização

A procuradora regional da República, Fátima Aparecida de Souza Borghi, representante do Ministério Público Federal, deixou claro aos membros do Conama que as revogações serão questionadas pelo MPF na Justiça.

Entidade de proteção ambiental diz que Salles “promove destruição”

 EXAME

Entidade de proteção ambiental diz que Salles “promove destruição”

Conama extinguiu, nesta segunda-feira, duas resoluções que delimitavam as áreas de proteção permanente de manguezais e de restingas do litoral

A decisão do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), desta segunda-feira, 28, que extinguiu duas resoluções que delimitavam as áreas de proteção permanente (APPs) de manguezais e de restingas do litoral brasileiro, causou indignação em entidades de proteção ambiental.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é presidente do Conama, que foi totalmente desidratado em junho do ano passado quando reduziu de 96 para 23 o número de membros. Com isso, as decisões, que antes eram partilhadas entre diversos setores da sociedade, ficaram praticamente concentradas nas mãos do governo federal.

Ambientalistas, parlamentares e a Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa) pediram que todos os itens fossem retirados da pauta da reunião desta segunda-feira. Houve ainda tentativa de cancelar a reunião, por meio de ação judicial. Todas as tentativas fracassaram.

Mariana Mota, Coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace, disse que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, “facilita, dolosamente, a fragilização da proteção ambiental no país”.

“Em meio à destruição ambiental recorde em um Brasil consumido pelas chamas, Salles destina seu tempo para promover mais destruição, impondo prejuízos incalculáveis à coletividade e reforçando a imagem do país como um vilão do meio ambiente. Para o governo Bolsonaro, o Conama é carro-chefe que nos leva para o passado.”

diz Mariana Mota, do Greenpeace

 

  Rare Brasil, que tem um assento no Conama, decidiu não participar da reunião desta segunda-feira. “A gente optou por entrar no conselho porque entendemos neste diálogo, na conversa. O espaço deveria ser mais técnico e se tornou político. Não entendemos a razão pela qual este tema entrou na pauta. O Brasil vai na contramão da redução de desastres naturais”, diz Monique Galvão vice-presidente da entidade.

Ela ainda ressalta que o Brasil tem a segunda maior área de mangue do mundo, e 80% da vida marinha depende dos mangues para existir. Sem as resoluções, tudo isso fica ameaçado.

Para o Clóvis Borges, diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), a mudança facilita o licenciamento ambiental em áreas de proteção. Ele destaca ainda que haverá recursos na Justiça para impedir que esta decisão se mantenha.

“A Lei da Mata Atlântica dá um resguardo à áreas de manguezais e restinga, mas não a mesma proteção que essas resoluções garantiam. Salles é um anti-ministro. Nós entendemos que esta decisão pode ter uma série de recursos judiciais promovidos pela sociedade civil, pelo Ministério Público. Inclusive a diminuição do Conama está em debate no Supremo Tribunal Federal. A nossa sensação é a mesma daquela onça que ficou com as patas queimadas no Pantanal”, diz.


Parlamentares vão ao STF derrubar decisão

A Rede Sustentabilidade entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido para que seja declarada a inconstitucionalidade da nova resolução do Conama.

Além de anular a norma que delimitava as áreas de proteção permanente, o Conama revogou uma resolução que exigia o licenciamento ambiental para projetos de irrigação. Aprovou também uma nova regra para permitir que materiais de embalagens e restos de agrotóxicos possam ser queimados em fornos industriais para serem transformados em cimento, substituindo as regras que determinavam o devido descarte ambiental desse material.

Na ação, a Rede argumenta que houve violação aos parâmetros normativos previstos sobre o licenciamento de empreendimentos de irrigação, sobre os limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e de localidades em geral e sobre a queima de agrotóxicos e outros materiais orgânicos em fornos de cimento.

(Com Estadão Conteúdo)

Justiça suspende decisão de Salles e mantém regra de proteção a manguezais

 

EXAME

Decisões do Conamaderrubavam normas que garantiam restrições ao desmatamento e ocupação de áreas de preservação ambiental

A Justiça Federal do Rio de Janeiro suspendeu nesta terça-feira decisões do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que havia derrubado na véspera normas que garantiam, entre outras barreiras, restrições ao desmatamento e ocupação de áreas de preservação ambiental, como restingas e manguezais.

A decisão judicial foi tomada pela juíza federal Maria Almeida Senos de Carvalho em uma ação popular.

“Tendo em vista o evidente risco de danos irrecuperáveis ao meio ambiente, defiro antecipação dos efeitos da tutela para suspender os efeitos da revogação apreciada na 135ª Reunião Ordinária do Conama”, determinou ela.

Com a liminar, volta a vigorar uma das resoluções considera como Áreas de Preservação Permanente (APP) toda a extensão de manguezais e faixas de restinga do litoral brasileiro.

As decisões tomadas pelo Conama, órgão consultivo do ministério cujas determinações têm poder de lei, foram alvos de críticas durante a reunião e geraram uma série de reações com o objetivo de sustar as alterações via Legislativo ou Judiciário.