segunda-feira, 16 de março de 2020

As cinco etapas da morte do Park Way (ou de qualquer bairro exclusivamente residencial na atual conjuntura politica)

As cinco etapas da morte do Park Way (ou de qualquer bairro exclusivamente residencial na atual conjuntura politica)

Prezados vizinhos e ambientalistas conhecedores da importância do Park Way para o bem estar da população de Brasília. A mensagem abaixo é de 2016.Naquela época a SEGETH estava interessada em adensar o Park Way criando  60 novos condomínios nas áreas verdes remanescentes e longos corredores de comercio.


A população foi enfaticamente contra e a SEGETH pareceu ter desistido da proposta. Agora, pelo que eu soube, a SEGETH voltou ao assunto e está novamente incluindo o Park Way em seu plano denominado Diretrizes Urbanísticas cuja única finalidade é adensar o Park Way de modo a conseguir mais lucro para a Terracap, para as imobiliárias e para os comerciantes. 




Embora eu não seja contra comercio tenho de admitir que, na atual conjuntura política em que vive o Brasil, o comercio será o fim do Park Way (ou de qualquer bairro exclusivamente residencial e de proteção ambiental) como ele é agora. Vejam só:

Os ambulantes da quadra 14 vão continuar existindo, uma vez que achar que comercio legalizado acaba com ambulante é um ledo engano.Provavelmente vão triplicar de numero uma vez que ambulante gosta de se instalar em áreas comerciais onde o afluxo de clientes é maior.Basta verificar o numero de ambulantes que tem o Núcleo Bandeirante.

Primeira etapa: Devido ao tamanho do Park Way--- uma área comercial não será suficiente. Vão ser preciso varias. Varias áreas comerciais vão afetar o transito e vai aparecer o problema de estacionamento e de congestionamento das vias internas que são estreitas, etc...As ruas serão alargadas para facilitar o transito, as áreas verdes virarão asfalto e na 14 circularão ônibus e caminhões.O congestionamento na 14 vai piorar e muito.

Tem gente querendo colocar um comercio mais expandido na 14, na frente da Vila Cahuy. O resultado será o mesmo.Obviamente esse comércio expandido atrairá os moradores daquela Vila, bem como aquelas pessoas que circulam pela EPIA diariamente.Pessoas que pouco tem a ver com o perfil do morador do Park Way.

Segunda etapa- Para cuidar das lojas que vão ser implantadas, vai ser preciso contratar mão de obra assalariada. Essa mão de obra vai precisar de ônibus para se locomover e lugar para morar. Como os ônibus são escassos, provavelmente essa mão de obra vai querer morar no trabalho, isso é, nas lojas e vão surgir os puxadinhos... Quando essa mão de obra quiser trazer a família, vão surgir as quitinetes e as invasões que, com toda a certeza, serão, depois de algum tempo, regularizadas pelo Governo. Mesmo que seja aumentada a frota de ônibus, os trabalhadores provavelmente ainda vão querer morar no emprego por ser mais conveniente e mais barato. As tarifas de ônibus estão caras e morar no emprego fica mais fácil e mais barato.

Terceira etapa. Essa mão de obra que será responsável pelas invasões, quitinetes e pelos puxadinhos vai trazer a família para morar no local de trabalho, pessoas muitas vezes sem ocupação definida.Esse fato, aliado ao aparecimento de lojas, poderá aumentar o índice de criminalidade no Park WAY. E o surgimento de flanelinhas e o aumento no numero de ambulantes.E moradores de rua, problemas esses que não temos agora.

Quarta etapa. Comerciante precisa de freguês para sobreviver. A baixa densidade demográfica do Park Way vai acarretar a mudança de destinação de inúmeras lojas. Por exemplo. A padaria simpática pode se transformar em boteco, ou em discoteca e os moradores daquela quadra que estavam satisfeitos por terem pão fresquinho do lado de casa vão ter de sofrer com a musica alta, o barulho, bêbados brigando às 3 da manhã, lixo, carros estacionados na frente do portão de casa. E a desvalorização dos seus lotes residenciais.

Quinta etapa. Comerciante precisa de freguês e gostaria de aumentar a densidade demográfica do Park Way. É claro que o aumento populacional irá agravar o problema de água, de transito, de estacionamento no Park Way. Mas comerciante não está preocupado com o conforto dos moradores e, sim, com o lucro que puder obter. A TERRACAP vai ficar feliz com a possibilidade de poder finalmente lotear as áreas verdes.

E comerciante vota e participa energicamente das conferencias e audiências publicas sobretudo daquelas com o objetivo de modificar a Lei de Uso e Ocupação do Solo. Na próxima Audiência Publica para o PDOT ou a LUOS , caso a regularização de comercio no Park Way seja votada, os comerciantes serão a maioria. Dez comerciantes para cada morador (porque morador não gosta de participar de audiências publicas). Os donos de casas de festas vão estar presentes.Em massa.E vão vaiar os moradores que se opuserem à regularização daquela atividade no Park Way.Morador,  segundo eles, tem de aguentar o barulho, a sujeira, o congestionamento de transito e as brigas de bebidos madrugada a dentro.E se reclamar é vaiado.


O Sindicato dos comerciantes vai ocupar todos os assentos. Representantes da TERRACAP vão estar presentes. E também vão votar em massa pela permissão de construção de edifícios no Park Way.

   Os empresários e comerciantes vão obviamente trazer sua claque. Os moradores     vão   ser   engolidos pelo sistema e só vão perceber o que perderam quando os tratores chegarem e começar o desmatamento.


Para saber mais sobre o tema leia por favor as matérias abaixo:

 https://www.bsbcapital.com.br/gdf-quer-adensar-o-park-way/

 https://associacaoparkwayresidencial.blogspot.com/search?q=equipamento+publico

“Faça-nos um favor, presidente. Comece a tratar a ciência com respeito”, diz cientista a Trump, sobre ações contra coronavírus e crise climática

“Faça-nos um favor, presidente. Comece a tratar a ciência com respeito”, diz cientista a Trump, sobre ações contra coronavírus e crise climática

"Faça-nos um favor, presidente. Comece a tratar a ciência com respeito", diz cientista a Trump, sobre ações contra coronavirus e crise climática, destaca texto
Em meio a atual crise global, provocada pela pandemia do novo coronavírus, COVID-19, que já matou mais de 6 mil pessoas e deixou em quarentena países inteiros, o presidente dos Estados Unidos vem sendo duramente criticado pela resposta ineficaz de seu governo para combater a disseminação da doença. E na última sexta-feira (13/03), um editorial da renomada revista Science, deu uma mensagem dura a Donald Trump.

Intitulado “Faça-nos um favor”, o texto lembra que, nos últimos quatro anos, o presidente americano negou todas as evidência científicas sobre as mudanças climáticas e cortou o orçamento para pesquisas no país, inclusive, na área de saúde.

Mas diante do coronavirus, que prolifera nos Estados Unidos – já são mais de 3.500 casos no país -, Trump disse a executivos da indústria farmacêutica, em uma reunião recentemente, que eles precisam se apressar para desenvolver logo uma vacina contra o coronavirus.

Perante a fala do presidente, Holden Thorp publicou o seguinte texto na Science, que traduzimos para o português abaixo:

“Façam-me um favor, acelerem, acelerem”. Foi o que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse… aos executivos farmacêuticos sobre o progresso em direção a uma vacina para a síndrome respiratória aguda grave – coronavírus 2 (SARS-CoV-2), o vírus que causa o coronavírus. doença 2019 (COVID-19). 

Anthony Fauci, líder de longa data do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, tem dito repetidamente ao presidente que o desenvolvimento da vacina levará pelo menos um ano e meio – a mesma mensagem transmitida pelos executivos farmacêuticos. Aparentemente, Trump pensou que simplesmente repetir seu pedido mudaria o resultado.

A China, com razão, foi criticada pelas tentativas esmagadoras de barrar que cientistas relatassem informações durante o surto. Agora, o governo dos Estados Unidos está fazendo algo semelhante. Dizer a Fauci e outros cientistas do governo que eles devem liberar primeiramente todos os comentários públicos com o vice-presidente Mike Pence é inaceitável. 

Não é hora de alguém que nega evolução, mudança climática e os perigos de fumar elaborar a mensagem pública. Graças a Deus Fauci, Francis Collins [diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH)] e seus colegas de agências federais estão dispostos a seguir em frente e estão gradualmente divulgando a mensagem.

Enquanto os cientistas tentam compartilhar fatos sobre a epidemia, o governo os bloqueia ou os reafirma com contradições. As taxas de transmissão e de mortalidade não são medidas que podem ser alteradas com vontade e uma apresentação extrovertida. O governo disse repetidamente – como fez na semana passada – que o vírus espalhado nos Estados Unidos está contido, quando fica claro a partir de evidências genômicas que o espalhamento comunitário está ocorrendo no estado de Washington e além. 

Esse tipo de distorção e negação é perigoso e quase certamente contribuiu para a resposta lenta do governo federal. Depois de três anos debatendo se as palavras desta administração são importantes, as palavras agora são claramente uma questão de vida ou morte.

E, embora as etapas necessárias para produzir uma vacina possam ser mais eficientes, muitas delas dependem de processos biológicos e químicos essenciais…

Não espero que os políticos conheçam as equações de Maxwell para eletromagnetismo ou a reação química de Diels-Alder (embora eu possa sonhar). Mas você não pode insultar a ciência quando não gosta e, de repente, insistir em algo que a ciência não pode dar sob demanda. Nos últimos quatro anos, o orçamento do presidente Trump fez cortes profundos na ciência, incluindo no financiamento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças e do NIH. 

Com o desprezo desse governo pelas ciências da Agência de Proteção Ambiental e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, e a nomeação estagnada de um diretor do Escritório de Política Científica e Tecnológica – tudo para apoiar objetivos políticos -, o país teve quase quatro anos de danos. E ignorando a ciência.

Agora, o presidente de repente precisa de ciência. Mas os séculos passados ​​elucidando princípios fundamentais que governam o mundo natural – evolução, gravidade, mecânica quântica – envolveram a criação de bases para saber o que podemos e o que não podemos fazer. As maneiras pelas quais os cientistas acumulam e analisam evidências, aplicam o raciocínio indutivo e sujeitam as descobertas ao escrutínio por pares foram comprovadas ao longo dos anos para dar origem a um conhecimento robusto. 

Esses processos estão sendo aplicados à crise do COVID-19 por meio de colaboração internacional em uma velocidade vertiginosa e sem precedentes; a Science publicou dois novos artigos no início deste mês sobre o SARS-CoV-2, e mais estão a caminho. 

Mas os mesmos conceitos usados ​​para descrever a natureza são usados ​​para criar novas ferramentas. Portanto, pedir uma vacina e distorcer a ciência ao mesmo tempo são surpreendentemente dissonantes.

Uma vacina precisa ter uma base científica fundamental. Tem que ser fabricável. Tem que ser segura. Isso pode levar um ano e meio – ou muito mais. Os executivos farmacêuticos têm todo estímulo para chegar lá rapidamente – afinal, eles estarão vendendo a vacina – mas, felizmente, eles também sabem que você não pode violar as leis da natureza para chegar lá.

Talvez devessemos ser felizes. Há três anos, o presidente declarou seu ceticismo em relação às vacinas e tentou lançar uma força-tarefa antivacina. Agora ele de repente adora vacinas.
Mas faça-nos um favor, Sr. Presidente. Se você quer algo, comece a tratar a ciência e seus princípios com respeito”.

Comentando o artigo da Science, o físico Paulo Artaxo, professor da USP e um dos cientistas mais respeitados do Brasil, escreveu em sua página no Facebook:

“Ciência não se faz do dia para a noite. É fruto de décadas de investimento continuado…
E aqui (no Brasil)? Corta-se recursos da FIOCRUZ, Adolfo Lutz, universidades e institutos de pesquisa, que em alguns dias sequenciaram o genoma do COVID-19, caminho importante para desenvolver uma vacina. Destrói-se uma infraestrutura de pesquisa conscientemente, até descobrir que é essencial em qualquer sociedade moderna.
Esse editorial é uma resposta de qualquer pesquisador brasileiro ao nosso governo e a todos os brasileiros que aprovam (sem conhecer as possíveis consequências) o estado mínimo.
Vale muito a leitura o texto da Science…”

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Imagem: ilustração pixabay/domínio público

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.

“A natureza não negocia e a física não faz acordos”, diz Greta Thunberg ao Parlamento Europeu

“A natureza não negocia e a física não faz acordos”, diz Greta Thunberg ao Parlamento Europeu

Greta Thunberg
Quem achou que depois de voltar para casa, na Suécia, a ativista pelo clima Greta Thunberg, de 17 anos, iria descansar, se enganou! Na semana passada, a jovem participou de protestos, junto com estudantes, em Bristol, na Inglaterra, e na quarta-feira (04/03), esteve em Bruxelas, na Bélgica, discursando diante dos integrantes do Parlamento Europeu.

Ontem, a Comissão Europeia divulgou um documento com suas metas para enfrentar a crise climática, a chamada “European Union Climate Law“. No texto, os países do bloco se comprometem a alcançar certos objetivos, como por exemplo, zerar as emissões na atmosfera de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global, até 2050.

Em uma carta ao parlamento, Greta e outros 34 jovens ativistas criticaram as metas anunciadas, conforme escreveram abaixo:

Qualquer lei ou política climática que não se baseie na melhor ciência disponível atualmente e não inclua o aspecto global da equidade ou justiça climática – princípios no cerne do Acordo de Paris – fará mais mal do que bem.

Essa lei envia um forte sinal de que ações reais e suficientes estão sendo tomadas quando, na verdade, não são.

Também sugere que vocês, nossos líderes eleitos, compreendam completamente a situação em que estamos e que possamos “consertar a crise climática” no sistema de hoje sem fazer nenhum sacrifício.

O fato é que nem a consciência nem a política necessárias estão à vista. Estamos em uma crise que nunca foi tratada como uma crise

Até vocês levarem isso a sério, permaneceremos nas ruas, continuaremos falando na ciência. Enquanto vocês não levassem isso a sério, pediremos que voltem para casa, estudem os fatos e retornem quando tiverem feito sua lição de casa…”

Mas foi mesmo, ao vivo, no plenário do parlamento, que Greta deu seu recado.

A estudante começou o discurso falando que pelo último um ano e meio, elas e outros ativistas sacrificam a educação deles por causa da inação de seus governos. Lembrou que, em setembro de 2019, mais de 7 milhões de pessoas foram para as ruas do mundo inteiro, exigindo que os líderes globais se unissem em favor da ciência para que garantir um futuro seguro para as próximas gerações.

E ressaltou que em novembro do ano passado, o Parlamento Europeu declarou uma “emergência climática” e afirmou que o bloco iria liderar ações contra essa ameaça existencial ao planeta.
“Quando seus filhos soaram o alarme e disseram que havia cheiro de fogo, vocês conferiram e concordaram que a casa estava realmente pegando fogo. Não era um alarme falso. Mas depois, vocês entraram novamente em casa, terminaram o jantar, assistiram a um filme e foram para a cama sem sequer ligar para os bombeiros”,

Greta criticou os políticos europeus, dizendo que quando sua casa está “queimando”, uma metáfora em relação ao planeta, você não espera mais alguns anos para tomar uma atitude.

E foi além. “Quando vocês apresentam uma lei climática que estabelece zerar as emissões apenas em 2050, vocês indiretamente estão enviando uma mensagem de rendição, desistência. Vocês estão desistindo do Acordo de Paris, de suas promessas e desistindo de fazer tudo o que podem para garantir um futuro seguro para os seus próprios filhos”.

Mais uma vez, a ativista enfatizou que a atual crise climática não é tratada como uma crise e que leis são criadas para se fazer de conta que são seguidas. Que o corte nas emissões precisa ser feito já!
“Esta é a verdade desconfortável da qual vocês não podem escapar, não importa o quanto queiram e o quanto tentem. E quanto mais vocês continuam fugindo dessa verdade, maior será sua traição em relação às gerações futuras”, acusou.

Segundo Greta, a União Europeia tem o dever moral de liderar o combate à emergência climática.
“Não ficaremos satisfeitos com nada menos que um caminho baseado na ciência que nos dê a melhor chance possível de salvaguardar as futuras condições de vida da humanidade e da vida na Terra como a conhecemos. Qualquer outra coisa é rendição… Porque a natureza não irá barganhar e vocês não pode fazer “acordos” com a física”, finalizou.

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Foto: divulgação Parlamento Europeu
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.

Bolsonaro premia crime ambiental na Amazônia ao desautorizar ação do Ibama contra extração ilegal de madeira

Bolsonaro premia crime ambiental na Amazônia ao desautorizar ação do Ibama contra extração ilegal de madeira

No último final de semana (13 e 14/4), começou a circular nas redes sociais um vídeo do presidente Jair Bolsonaro criticando e desautorizando a ação realizada pelo Ibama, órgão do Ministério do Meio Ambiente, contra a extração ilegal de madeira dentro da Floresta Nacional (Flona) do Jamari, em Rondônia.

Vale lembrar que a Flona do Jamari é uma Unidade de Conservação e, portanto, a extração de madeira na área é uma atividade criminosa. “Desautorizar uma ação do Ibama que tem como objetivo combater a ilegalidade é fortalecer o crime ambiental organizado que destrói a floresta e ceifa vidas”, afirma Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace.

Conforme publicado pelo jornal Folha de São Paulo, desde a semana passada servidores do Ibama queimaram tratores e caminhões utilizados na atividade criminosa dentro da Flona do Jamari. A destruição de equipamentos apreendidos em fiscalização ambiental é permitida por lei e, de acordo com informações do Ibama, só é praticada em cerca de 2% dos casos, especialmente naqueles em que o material está em uma área protegida de difícil acesso ou que a sua retirada implica em risco para os agentes ou para o meio ambiente.

No vídeo, Bolsonaro, ao lado do senador Marcos Rogério (DEM-RO), afirma: “Ele [ministro Ricardo Salles] já mandou abrir um processo administrativo para apurar o responsável disso aí. Não é pra queimar nada, maquinário, trator, seja o que for, não é esse procedimento, não é essa a nossa orientação”. Após a declaração do presidente, Salles anunciou que vai criar uma instrução normativa com novas regras para a destruição de máquinas e veículos pesados em operações de fiscalização ambiental.

“É dever do Estado proteger a Amazônia e todos os seus povos. Unidades de conservação e Terras Indígenas são da União, ou seja, de todos os brasileiros. Em vez de se preocupar em preservar o patrimônio de quem comete crime ambiental, o novo governo deveria estar trabalhando para fortalecer medidas de combate ao desmatamento, à grilagem e à violência no campo – ou seja, ações como a que o Ibama estava realizando em Rondônia”, avalia Rômulo.

A mais nova ofensiva do governo Bolsonaro ao trabalho desenvolvido pelo Ibama para combater o crime veio a público logo após ele anunciar, na semana passada, novos decretos que, entre outras medidas, afrouxam multas ambientais e reduzem a participação da sociedade civil em políticas públicas importantes para o país e no controle do governo. É o caso, por exemplo, da criação de um Núcleo de Conciliação Ambiental, que terá o poder de postergar indefinidamente ou, até mesmo, anular as multas aplicadas pelo Ibama.

Em pouco mais de 100 dias no poder, o presidente empenha-se em uma agenda anti-ambiental que acarretará ainda mais desmatamento, mais violência no campo e poderá afetar também a economia do país.
*Este texto foi publicado originalmente no site do Greenpeace Brasil, em 15/4/2019
Foto: Marizilda Cruppe, Greenpeace

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Madeireiros agradecem publicamente Ibama por reduzir documentação necessária para exportação de seus produtos

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Madeireiros agradecem publicamente Ibama por reduzir documentação necessária para exportação de seus produtos
Em um decisão  publicada no último dia 25 de fevereiro, Eduardo Fortunato Bim, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis, Ibama, atendeu aos pedidos da indústria madeireira e diminuiu a “burocracia” necessária para a exportação de madeira nativa no Brasil, como ipê, itaúba e maçaranduba.

Com a nova medida, basta agora que os produtos florestais sejam acompanhados do Documento de Origem Florestal (DOF), por meio do Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor). Até então, era preciso também a apresentação de uma autorização específica para a exportação, que incluía, por exemplo, inspeções por amostragem e outros controles para a comercialização externa que o DOF não exige.

Na prática, o Documento de Origem Florestal serve apenas para liberar o transporte da madeira até o porto, onde é transportada para o exterior. A segunda autorização, que não se faz mais necessária, é que realmente compreendia as exigências mais importantes para assegurar que a madeira que está saindo do Brasil foi produzida de maneira legal.

Para agradecer o “favor”, o Centro das Indústrias do Pará (CIP) divulgou uma “Nota de Agradecimento e Esperança”, em que reconhece publicamente, a boa vontade de Eduardo Bim com o setor.
Segundo o texto, com o despacho, o presidente do Ibama “colocou em ordem as exportações de madeira legal e autorizada do Brasil”. Mas a carta não se resume ao agradecimento, seu conteúdo é recheado de críticas à atuação pregressa do órgão.
“Somos conscientes do mal causado por este instituto ao setor produtivo do estado do Pará e da Amazônia, quando confundiu os legais com os ilegais, quando incendiou equipamentos…”
Madeireiros agradecem publicamente Ibama por reduzir documentação necessária para exportação de seus produtos

Ibama, na contra-mão da preservação

Já são várias as medidas polêmicas anunciadas pela nova administração do Ibama. Em dezembro, o presidente do órgão liberou o desmatamento em uma área de Mata Atlântica, contrariando parecer técnico de seus funcionários, para beneficiar uma hidrelétrica. Na verdade, Eduardo Bim teria ignorado não um, mas dois pareceres de técnicos que alertavam que a região possuia elevado potencial ambiental e cultural e necessitava “proteção compatível à sua complexidade”.

Poucos meses antes, em agosto de 2019, funcionários do instituto divulgaram uma carta manifesto em que alertavam sobre o “colapso da gestão ambiental” no país. Servidores relataram corte no orçamento e redução de 45% no número de fiscais. O último concurso público teria sido realizado há dez anos.

Mas, atualmente, nem isso mais os profissionais do Ibama podem fazer porque a “lei da mordaça” está em vigor. Ela já havia sido anunciada há um ano, quando o ministério do Meio Ambiente proibiu a comunicação direta entre imprensa e Ibama e ICMBio. Todavia, mais recentemente, um portaria assinada por Bim reforçou a censura. Ela determina que “os servidores em cargos de chefia deverão reportar à assessoria de imprensa qualquer tentativa de contato por parte de repórteres ou veículos de comunicação, além de serem obrigados a comunicar qualquer fato que possua potencial para prejudicar a imagem do Ibama”.

Violência, intimidação e desmate ilegal

Mais de 300 pessoas foram mortas durante conflitos envolvendo uso da terra e exploração mineral e madeireira na Amazônia na última década. Não é por menos, que em 2018, o Brasil teve o maior número de mortes já registrado de ambientalistas, ativistas e indígenas e em 2019, estava entre os cinco países que lideravam o mesmo ranking de violência, elaborado anualmente pela organização Global Witness.

Um relatório divulgado em setembro do ano passado, por outra entidade internacional, a Human Rights Watch, apontou que o crescimento do desmatamento na Floresta Amazônica está sendo impulsionado por essa violência e impunidade.

O levantamento mostrou casos sistemáticos de defensores da floresta (pequenos agricultores e indígenas) e representantes de órgãos do governo de proteção ambiental, como fiscais e policiais, que há anos vem sendo intimidados por máfias de criminosos, interessados na comercialização ilegal de madeira e no desmatamento, para dar lugar à expansão agropecuária.
*Com informações do jornal Estadão 

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Foto: Ibama/Fotos Públicas

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Yacouba Sawadogo, o agricultor que deteve um deserto

Yacouba Sawadogo recebeu o Right Livelihood Award, conhecido como o “Nobel alternativo”, depois de deter o avanço de um deserto com o plantio de árvores. O prêmio é concedido por uma entidade independente e apartidária que apoia projetos e iniciativas que solucionam problemas mundiais. Graças à determinação do agricultor, terras áridas se transformaram em solo fértil.
Imagem: Reprodução YouTube
Yacouba nasceu em Bruquina, um país africano com pouco mais de 16 milhões de habitantes que fica entre o deserto do Saara e o Golfo da Guiné. Com seu trabalho, árvores ocuparam 40 hectares de regiões antes consideradas áridas e improdutivas que estavam abandonadas entre Burquina e o Rio Níger.
Nos anos 80 uma grande seca fez com que a população abandonasse as áreas rurais e fosse tentar a vida nas cidades. Yacouba continuou no campo e resgatou técnicas seculares de seu povo para literalmente plantar no deserto.
Imagem: Reprodução YouTube

Conhecimento secular

Conhecida como zai a primeira técnica usada por Yacouba consiste em cavar buracos com distância regular entre eles e depois preencher estes buracos com fertilizantes naturais. As cavidades retêm a água dos breves períodos de chuva e os fertilizantes, além de recuperarem o solo, atraem formigas, que cavam túneis e contribuem para a melhor distribuição da valiosa água.
Outro recurso usado por ele foi a construção de pequenas barreiras de pedra, nas áreas plantadas. Com a altura de um punho, esta barreira impede o escoamento rápido de água e retém o orvalho noturno, umedecendo a terra.
Imagem: Reprodução YouTube
São duas técnicas simples, que não dependem de muitos recursos. Mas, precisam de alguém que tenha a força de vontade de trabalhar sistematicamente. Foi o que fez Yacouba. Hoje a região abriga cerca de 60 espécies de árvores, plantações de sorgo, milho e produção de frutas e mel.
As árvores ao lado das plantações garantem sombra para o gado, uma temperatura mais amena para as culturas agrícolas e abrem a possibilidade do trabalho de apicultores na região.

Superação e cooperação

“Me sinto muito honrado em receber este prêmio. Ele vai me ajudar a seguir meu trabalho”, comemorou Sawadogo. “Espero que este reconhecimento inspire outros agricultores a plantar e a defender a biodiversidade”.

Yacouba lembra que, no início, a comunidade agrícola foi resistente ao plantio de bosques e algumas árvores chegaram a ser queimadas. Mas ele não desistiu e conforme o resultado ia aparecendo, as pessoas se juntaram ao agricultor que passou a organizar cursos para ensinar aos agricultores locais como recuperar suas terras.
Imagem: Reprodução YouTube
“Yacouba Sawadogo prometeu que iria deter o deserto e cumpriu sua promessa. Se as comunidades locais e os especialistas internacionais estiverem dispostos, é possível aprender o que ele tem para ensinar  e regenerar grandes áreas degradadas. Com isso podemos reduzir a imigração forçada e chegar mais perto da paz”, conclui Ole von Uexkull, diretor executivo da The Right Livelihood Foundation, instituição sueca responsável por premiar iniciativas como as de Yacouba.

Veja o vídeo produzido pela The Right Livelihood Foundation sobre o agricultor (legendas em inglês):
Natasha Olsen
 
Apaixonada pelo mar e pelo mato (apesar da relação difícil com insetos). Jornalista, com especialização em Comunicação Corporativa, descobriu na Sustentabilidade seu propósito. Estuda Gestão Ambiental e procura descobrir diariamente como nossas escolhas podem construir um mundo melhor para todos.