terça-feira, 15 de setembro de 2020

PF deflagra operação TOKENS que investiga fraudes em certificados digitais de fiscais e gestores do IBAMA

Operação PF

PF deflagra operação TOKENS que investiga fraudes em certificados digitais de fiscais e gestores do IBAMA

Fraudadores usavam sistemas do órgão ambiental para beneficiar grandes proprietários rurais. Estima-se um prejuízo para a União na ordem de R$150 milhões.
Publicado em 15/09/2020 08h13
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Arquivo PF
Brasília/DF – A Polícia Federal deflagrou, desde as primeiras horas desta terça-feira (15/09) a operação TOKENS, que apura ações de estelionatários com o uso de dados de servidores do IBAMA, com o fim de realizar alterações indevidas nos sistemas do Órgão Ambiental Federal, utilizando certificados digitais (tokens) fraudulentamente obtidos.

As fraudes tiveram como beneficiários proprietários rurais e empresários do ramo de exploração florestal e agropecuária com áreas embargadas nos estados do Pará e Mato Grosso. Foram constatados 122 desembargos irregulares em nome 54 pessoas físicas ou jurídicas, com potencial prejuízo para a União da ordem de R$150 milhões, em multas não recolhidas e descumprimento de embargos em áreas ambientais sensíveis da Amazônia legal.
 Operação Tokens
Figura: propriedades beneficiadas por meio de fraude com uso de tokens falsificados

Foram cumpridos 48 mandados de busca e apreensão, em empresas e residências de pessoas que foram beneficiadas com as fraudes, além de 5 prisões de falsificadores e estelionatários membros da associação criminosa. As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Federal do Distrito Federal e cumpridas em 29 cidades de 9 estados da Federação (Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal).

O Inquérito Policial foi instaurado a partir da identificação, pelo IBAMA, de fraudes ocorridas contra diversos de seus Superintendentes, Agentes e fiscais, com o uso de Tokens expedidos indevidamente por terceiros falsificadores. Houve colaboração de informações de inteligência entre o IBAMA e PF para levantamento dos fraudadores, beneficiários e suposto envolvimento de outros intermediários e servidores públicos.

De início, os policiais federais identificaram uma quadrilha já investigada pela PF no estado de Goiás, com conexão com diversas fraudes ocorridas em todo o Brasil. Os principais beneficiados são propriedades rurais localizadas nos estados do Pará e do Mato Grosso. Essas fazendas têm como sócios pessoas físicas e jurídicas de diversos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

A Operação tem por objetivo a coleta de mais provas e dados acerca das fraudes, inclusive identificação de intermediários entre os falsários e beneficiários, inclusive com auxílio de servidores públicos.
 Operação Tokens figura 2
Os fatos investigados podem configurar diversos crimes contra o meio ambiente (Arts. 38, 48, 60 e 68 da Lei 9605/98), bem como os crimes de estelionato e uso de documento falso (Art 171, §1º, 307, 399 e 330 do Código Penal), além da alteração de sistemas de dados (art. 313-A do Código Penal), descumprimento de ordens de embargos (330) e de possível prevaricação e corrupção (arts. 319 e 319 do CPB), que cominam aos infratores penas que variam de reclusão de dois a doze anos e multa.


Consulta de Autuações Ambientais e Embargos podem ser acessadas por meio do endereço eletrônico  http://siscom.ibama.gov.br/geoexplorer/composer/#maps/1  e https://servicos.ibama.gov.br/ctf/publico/areasembargadas/ConsultaPublicaAreasEmbargadas.php, mantidos pelo IBAMA.
Comunicação Social da Polícia Federal no Distrito Federal

Contato: (61)2024-7557

Parceria do Governo Federal pretende fortalecer turismo familiar no Brasil

Parceria do Governo Federal pretende fortalecer turismo familiar no Brasil

Uma parceria pode impulsionar o turismo familiar no Brasil. A proposta de incentivo ao fortalecimento das famílias foi apresentada, nesta quarta-feira (9), durante uma reunião entre representantes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e o Ministério do Turismo.

“Buscamos de fato o fortalecimento dos grupos familiares e ao pensarmos políticas públicas para a família o turismo não fica de fora. A secretaria da família tem sido desafiada quanto a isso especialmente agora nesse momento que vivemos”, disse a titular do MMFDH, ministra Damares Alves.

Ao justificar a proposta, a titular da Secretaria Nacional da Família (SNF), secretária Angela Gandra, relembrou a importância dos vínculos familiares. “Nada fortalece tanto como uma viagem em família. Nós queremos inaugurar essa vertente que é o turismo familiar”, lembrou.

Dentre as sugestões de incentivo ao turismo em família apresentadas, estão a oferta de pacotes de passagens em companhias aéreas para famílias (a partir de três pessoas), com descontos consideráveis; promoções com a disponibilização de horários com menor fluxo de passageiros; descontos expressivos nas passagens de ônibus interestaduais para pessoas que comprovarem ser da mesma família e também em aluguel de veículos.

A proposta prevê ainda pacotes com descontos expressivos para famílias em hotéis, pousadas, resorts, hotéis fazenda; oferta de quartos conjugados para que a família com um número maior de pessoas possa ficar hospedada; descontos em pacotes completos (passagem, hospedagem e passeios turísticos) para as famílias; valores diferenciados em parque de diversões, parques aquáticos e similares e em passeios de barco ou de navio.

A ideia foi bem recebida pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, que se mostrou feliz com a parceria. “Nós, aqui no turismo, vamos nos empenhar muito para que essa proposta se torne realidade e ver as famílias unidas e viajando. Todos juntos”, concluiu.
Fonte: Governo Federal

Atual Ministro do Meio Ambiente tentou vender 34 florestas de SP em 2017.



Ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro tentou vender 34 florestas de SP


Em 2017, Ricardo Salles publicou edital para a venda de áreas florestais e estações experimentais de produção de madeira vinculadas ao Instituto Florestal


A preservação das florestas paulistas ficou em risco com o projeto de venda do então secretário Ricardo Salles
Anunciado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro como ministro do Meio Ambiente, o advogado Ricardo Salles tentou vender 34 áreas florestais e estações experimentais de produção de madeira vinculadas ao Instituto Florestal em 2017, quando era secretário estadual de Meio Ambiente na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB).

Por meio da Resolução 06/2017 da Secretaria , publicada em 17/1/2017 no Diário Oficial, ele constituiu comitê de avaliação para o chamamento público “visando à prospecção de interessados em concessão de uso ou aquisição de áreas”.

Na lista dessas áreas, 12 florestas estaduais, entre elas a de Cajuru, com 1.909 hectares, 18 estações experimentais, como a de Itapetininga, com 6.706 hectares, além de dois hortos florestais e dois viveiros.

Porém, não há em SP legislação que autorize o governo a vender essas áreas, mas apenas alienar temporariamente. Tanto é que, dias depois, a Secretaria Estadual do Meio (SMA) divulgou esclarecimentos a respeito.

“O setor privado vai primeiro informar em que condições e se tem interesse em novas áreas. Elas vão ser objeto de uma nova lei. Mas não vamos fazer toda a mobilização no legislativo e criar uma lei liberando áreas para as quais não houver interesse. Vamos ver quais atraem interessados e então propor a lei”, destacou Ricardo Salles no comunicado.

Em março, o Ministério Público de São Paulo abriu inquérito para apurar improbidade administrativa no chamamento. Entre as irregularidades apontadas, o edital descumpria princípios, como a impessoalidade. Na ocasião, o promotor Ivan Carneiro Castanheiro, do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente de Piracicaba, um dos autores da representação, explicou que houve “dirigismo” no processo.

“Quando se pergunta ao eventual interessado qual área quer explorar, quanto quer pagar, em quais condições, sob o argumento de conceder ou vender só aquelas áreas para as quais haja um interessado. Acaba sendo um dirigismo da licitação porque viola o princípio da impessoalidade”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo.

Chamou atenção dos promotores, entre outras coisas, o sigilo que marcava o andamento do processo. A advogada da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), Helena Goldman, denunciou ter sido expulsa de uma reunião entre representantes da SMA e empresários para discutir as concessões.

Processo suspenso
No final de abril, a Justiça paulista suspendeu o processo de venda das áreas florestais e experimentais. A juíza da 5ª vara da Fazenda Pública, Simone Viegas de Moraes Leme, argumentou que a legislação federal que protege unidades de conservação determina que a desafetação ou redução dos limites de área protegida depende de lei estadual.

E que a Lei 16.260/2016 autoriza apenas a concessão de exploração de áreas.
Salles, que já vinha sendo investigado pelo Ministério Público estadual em inquéritos civis de improbidade administrativa desde o começo de 2017, tornando-se réu em uma ação civil pública na qual é acusado de alterar o zoneamento da proposta de plano de manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê para beneficiar empresários.

No começo de agosto, o MP paulista abriu novo inquérito envolvendo o secretário por intermediar uma proposta de negociação do imóvel da sede do Instituto Geológico, em São Paulo, apesar de a transação ser desaconselhada por assessoria do governo.

Desgastado, foi exonerado no final de agosto pelo governador tucano Geraldo Alckmin, de quem havia sido secretário particular.

Em audiência pública em setembro do ano passado, na Assembleia Legislativa de São Paulo, o então secretário Maurício Brusadin, sucessor de Salles, afirmou que, naquele momento, o projeto de venda das florestas não contava com apoio do governador Geraldo Alckmin.

Ricardo Salles concorreu a uma vaga na Câmara pelo partido Novo. Mesmo não obtendo os votos suficientes, ficou como suplente. Sua campanha foi marcada por ataques e promessas de criminalização dos movimentos sociais.

A gestão de Salles ficou marcada como a de pior desempenho nos últimos 30 anos, segundo servidores dos institutos de pesquisa vinculados à pasta, como o Botânico, Florestal e Geológico. Em nota, a ApqC, que reúne os pesquisadores, durante o período em que permaneceu à frente da Secretaria, Salles cometeu uma série de equívocos administrativos, além de acumular ações e denúncias de improbidade.

Para o vice-presidente da entidade, Joaquim Adelino, a nomeação de Ricardo Salles para o Ministério do Meio Ambiente seria “catastrófica” e colocaria em risco as políticas ambientais no Brasil. “Trata-se de alguém incapaz de entender a importância da ciência para o desenvolvimento nacional e que já provou ter ligações com representantes de setores que não têm qualquer compromisso com a educação ambiental, a bioecologia e a conservação da natureza”, disse.

Fonte: Rede Brasil Atual

As ‘boiadas’ de Salles para driblar as instituições ambientais inclusivas

As ‘boiadas’ de Salles para driblar as instituições ambientais inclusivas

Imagem: Pixabay.
“A oportunidade que nós temos, que a imprensa está nos dando um pouco de alívio nos outros temas, é passar as reformas infralegais de desregulamentação, simplificação, todas as reformas que o mundo inteiro nessas viagens que se referiu o Onyx certamente cobrou dele, cobrou do Paulo, cobrou da Teresa, cobrou do Tarcísio, cobrou de todo mundo” [1].

A pandemia de COVID-19 descortinou uma janela de oportunidades para se “passar a boiada” nas instituições que foram desenhadas para proteger o meio ambiente no Brasil. É assim que enxerga, é assim que pensa, é assim que deseja agir (e age), sem quaisquer escrúpulos e com déficit de empatia, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o governo Bolsonaro.

A epígrafe deste texto apresenta as palavras textualmente transcritas que foram ditas na reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020 e explicitam que tipo de visão de desenvolvimento comunga o governo Bolsonaro, bem como quais os estratagemas pensados para pô-la em prática. É uma visão que vai ao encontro do que Daron Acemoglu e James Robinson chamam de instituições extrativistas em seu célebre livro “Por que as nações fracassam”, que preveem o crescimento econômico sob instituições extrativistas (Acemoglu e Robinson, 2012), embora não seja sustentável.
Segundo os citados autores, as instituições políticas extrativistas criam instituições econômicas extrativistas, transferindo riqueza e poder para as elites do país, deixando marginalizada a maior parte da população. Esse tipo de instituição pode até produzir crescimento econômico. Mas esse crescimento não é sustentável porque esse processo é incompatível com a manutenção e a concentração do poder na mão de uma elite predadora.

Em oposição ao benefício de alguns poucos, as instituições políticas inclusivas são baseadas no pluralismo, produzem o marco legal, princípio segundo o qual as leis devem ser aplicadas igualmente para todo mundo. Essas instituições políticas geram instituições econômicas com os incentivos apropriados para o investimento em capital físico, a formação do capital humano e a inovação tecnológica que levam à prosperidade, e, portanto, ao aumento do bem-estar material da população.
A Constituição de 1988 concebeu o desenho para um Estado Democrático de Direito em que há uma interdependência grande dos poderes constituídos na República. Imagem: Reprodução.
Os estudos referentes às ações coletivas e das interações dos agentes econômicos e das instituições são muito presentes na abordagem institucionalista da Ciência Econômica, notadamente a escola novo institucional que inspira a obra de Acemoglu e Robinson (2012) [2]. Naturalmente, um pressuposto majoritariamente aceito é que o meio ambiente deve ser encarado como um bem e um direito difuso e coletivo e sua proteção é um exercício da cidadania nas democracias constitucionais. Nesse sentido, a governança ambiental é centrada numa visão de desenvolvimento lastreada na ideia de sustentabilidade.

Com efeito, o entendimento das palavras e ações prometidas pelo ministro Salles na epígrafe clama por uma reflexão a respeito da história institucional recente que forjou o marco institucional ambiental no Brasil, criando instituições inclusivas para o setor. Aqui a hipótese é que as instituições são inclusivas, uma vez que as regras formais forçam os policy makers com intenções extrativistas a apelarem para soluções e ações infralegais.

Como advogam Meyer et al. (2018) o desenho de estruturas de governança ambientais pressupõe a modificação, a troca ou a criação de arranjos institucionais, que são criados para cumprir um objetivo, uma solução de problemas mais ou menos bem definidos [3]. A literatura a respeito desse tema chama a atenção para o fato de que as principais mudanças institucionais serem dirigidas para resolver os problemas urgentes de governança ambiental.

Já o interessante trabalho de Beunen e Patterson (2019) se propõe a analisar a mudança institucional na governança ambiental. Propõe o conceito de trabalho institucional (institutional work) onde se foca o papel dos atores em criar, manter ou modificar estruturas institucionais. Os autores identificam o caráter político do conceito de trabalho institucional, que proporciona efeitos cumulativos das ações tomadas por múltiplos atores, incluindo as dimensões relacionadas à comunicação e ao discurso.


Em síntese um arcabouço analítico útil para interpretar as políticas ambientais no Brasil no período recente inclui os seguintes elementos conceituais: a dimensão política; as instituições extrativistas e inclusivas; estruturas de governança e arranjos institucionais; o papel dos atores envolvidos na mudança. Tal arcabouço propicia escrutínio daquilo que está desvelado e velado no discurso do ministro do Meio Ambiente aqui questionado.
“Notem que a criação de novos arranjos institucionais no governo Bolsonaro é compatível com novos objetivos associados à questão do meio ambiente”.
Os atores diretamente interessados na mudança são explicitados na frase do ministro, mas há uma série de atores indiretos associados às mudanças (Economia, Direitos Humanos, Relações Exteriores, etc.). O rol de atores interessados inclui aqueles que se beneficiam com os efeitos da mudança de objetivos do Ministério do Meio Ambiente. Esse grupo faz parte da elite que se beneficia de instituições extrativistas.

Notem que a criação de novos arranjos institucionais no governo Bolsonaro é compatível com novos objetivos associados à questão do meio ambiente. Que passam de um longo período associados à preservação para um momento em que o objetivo precípuo é a extração. Os objetivos conflitantes estão por trás da estratégia apresentada na citada reunião ministerial. Nesse sentido vale a pena recuperar um pouco da concepção do arranjo e da governança ambiental no Brasil que propiciaram a criação de instituições inclusivas ambientais no Brasil. Isso pressupõe uma série de atores, instituições e processos que são fruto de acúmulo de vários períodos e gestões no Ministério do Meio Ambiente do Brasil.

A Constituição de 1988 concebeu o desenho para um Estado Democrático de Direito em que há uma interdependência grande dos poderes constituídos na República. A busca por ações infralegais por parte do Executivo nada mais significa deixar de levar o problema para a arena legislativa e ganhar tempo para lidar com eventuais problemas no poder judiciário. Naturalmente, a frase do ministro Ricardo Salles considera essas questões. Até porque as instituições inclusivas são desenhadas prevendo futuras ações extrativistas. Não à toa o timing e o senso de oportunidade foram claramente defendidos, ainda que de maneira inescrupulosa, pelo ministro.

As recentes ações do Ministério do Meio Ambiente vão de encontro à imagem construída no Brasil a partir da virada dos anos 2000. Uma série de ações tentando conciliar a ambição na economia e no meio ambiente elevaram o patamar do Brasil como ator internacional na questão ambiental [4]. No atual governo é descortinada a falta de diálogo entre os ambientalistas e uma série de atores (representados na fala do ministro) como o agronegócio, a cadeia de extração mineral e de madeira, bem como os interesses de obras de infraestrutura em áreas ambientalmente protegidas. O marco legal foi feito para proteger o meio ambiente, as comunidades e povos originários e propiciar uma ocupação sustentável no território amazônico. Havia, portanto, uma visão de desenvolvimento sustentável no desenho do marco institucional e os arranjos e a governança institucional foram feitos para proporcionar instituições ambientais inclusivas.
Ministro Ricardo Salles na reunião ministerial. Foto: Marcos Corrêa/PR.
O marco legal que delineia a política ambiental do Brasil remonta à Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída pela lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. A Constituição de 1988 destinou um artigo específico para o meio ambiente. Desde então uma série de instituições e institucionalidades foram criados para forjar os atores essenciais da implementação da política ambiental no Brasil, com destaque para duas autarquias ligadas ao Ministério do Meio Ambiente:
  1. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), criado pela Lei nº 7.735 de 22 de fevereiro de 1989, é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). É o órgão executivo responsável pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e desenvolve diversas atividades para a preservação e conservação do patrimônio natural, exercendo o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais (água, flora, fauna, solo, etc). Também cabe a ele conceder licenças ambientais para empreendimentos de sua competência.
  2. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). É o órgão ambiental do governo brasileiro, criado pela lei 11.516, de 28 de agosto de 2007. É uma autarquia especial cujo objetivo é executar as ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar as unidades de conservação instituídas pela União.
Os dois órgãos têm natureza fiscalizadora cujo objetivo precípuo é a conservação do meio ambiente. Fazem isso em obediência ao marco legal estabelecido. Uma pequena fração desse marco apresentada a seguir, de maneira a forjar as “regras do jogo” formais referentes à política ambiental do Brasil.
  • Constituição da República Federativa do Brasil, artigo n. 225. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. De particular interesse é o § 4º “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.
  • Lei n. 11.284, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro — SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal — FNDF.
  • Lei nº 12.512, de 14 de outubro de 2011. Institui o Programa de Apoio à Conservação Ambiental e o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais.
  • Lei n. 12.651 (Novo Código Florestal), de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos.
Os resultados da mudança institucional em relação ao meio ambiente no Brasil são bastante expressivos e mundialmente reconhecidos. E são multidimensionais. Um dos resultados mais visíveis é explicitado no
Fonte: Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPDCAM), Ministério do Meio Ambiente.
A visão extrativista do governo federal não fica restrita ao campo da retórica. O desmantelamento do arcabouço de proteção ambiental foi iniciado na primeira semana do governo Bolsonaro com o decreto número 9.672 de 2 de janeiro de 2019. Foi eminentemente centrado na alteração da estrutura de governança a cargo do Poder Executivo federal. Os decretos 10.204, 10.239 e 10.347 de 2020 revogaram uma série de artigos concernentes aos conselhos, órgãos colegiados e comissões ligadas ao Ministério do Meio Ambiente, dentre os quais o Conselho Nacional da Amazônia Legal (Conamaz), criado no decreto 1.541 de 27 de junho de 1995 e a Comissão de Gestão de Florestas Públicas (CGFlop). O decreto 10.347, de 11 de maio de 2020, dispõe sobre as competências para a concessão de florestas públicas no Brasil, em âmbito federal. Tal decreto move para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tal poder, antes exercido pelo Ministério do Meio Ambiente.


Diante da dificuldade de ligar com as regras formais do sistema de proteção ambiental do Brasil restou o artifício de governar com decretos e por artimanhas infralegais, como o decreto 10.347. É notoriamente reconhecido o fato de que “governar por decretos” é também uma forma de minar a democracia, uma vez que ressalta uma postura autocrática do governo. Na hierarquia dos atos normativos, o decreto não pode se sobrepor à lei criada pelo Legislativo.


Mas o governo tem mãos a prerrogativa de nomear os gestores das agências federais de meio ambiente, como o IBAMA, de cunho fiscalizatório, e o ICMBio, das áreas de proteção ambiental. Além disso, coloca sob suspeita os dados a respeito da evolução do desmatamento oriundos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Com isso, muda nomes para aqueles alinhados com a estratégia posta em curso pelo governo, sem depender de construções políticas que passem pelo Legislativo. Com isso entende-se a construção “aproveitar para passar a boiada”.

Ao externar seu estratagema sem escrúpulos, Ricardo Salles revelou, de maneira inapelável, o seu próprio viés, bem como do governo para quem trabalha, antidemocrático. Ao menos ainda restam, num suposto Estado Democrático de Direito, os sistemas de pesos e contrapesos previstos nos outros poderes, capazes de frear, ainda que parcialmente, a marcha da insensatez e da ignomínia anti-ambiental em curso.

Talvez isso consiga deter o rápido processo em curso de transformar um país que era referência mundial na defesa do meio ambiente em pária internacional.

Referências
ACEMOGLU, Daron; ROBINSON, James. Por que as nações fracassam: as origens do poder, da prosperidade e da pobreza. Elsevier Brasil, 2012.

BEUNEN, Raoul; PATTERSON, J. J. Analysing institutional change in environmental governance: exploring the concept of ‘institutional work’. Journal of Environmental Planning and Management, v. 62, n. 1, p. 12–29, 2019.

MEYER, Claas; CHEN, Cheng; MATZDORF, Bettina. Qualitative comparative institutional analysis of environmental governance: implications from research on payments for ecosystem services. Ecosystem services, v. 34, p. 169–180, 2018.

MOURA, Adriana Maria Magalhães de. Aplicação dos instrumentos de política ambiental no Brasil: avanços e desafios. 2016.

NORTH, Douglass. Institutions, institutional change and economic performance Cambridge University Press. New York, 1990.

[1] Tereza Cristina Dias (ministra da agricultura), Tarcísio Gomes de Freitas (ministro da infraestrutura), Onyx Lorenzoni (ministro da cidadania), Paulo Guedes (ministro da economia). [2] A nova economia institucional apresenta a centralidade das instituições na explicação do desenvolvimento desde as organizações (micro) aos países (macro). [3] Os autores afirmam que as instituições são centrais para a análise da governança ambiental, uma vez que criam uma estrutura de incentivos. As instituições são as regras formais e informais que definem os processos políticos, os mercados, as interações na esfera da sociedade civil, incluindo as leis constitucionais e de escolha coletivas, o direito aos recursos, as regras de interação e as normas da sociedade civil. Como é amplamente reconhecido no mundo acadêmico, a definição mais popular sobre as instituições é de Douglas North (1990), para quem as instituições são as “regras do jogo” para a sociedade. [4] Ainda que tenha havido uma série de ações paradoxais, que foram alvo de elevados embates como o caso da usina hidroelétrica de Belo Monte.

Por: João Felippe Cury M. Mathias

Fonte: O Eco

Desmatamento zero? Uma política possível e viável. Entrevista com Carlos Nobre


 

 

Desmatamento zero? Uma política possível e viável. Entrevista com Carlos Nobre


“Desmatamento zero” não é um slogan nem uma utopia. “É uma política concreta e viável. O grande potencial econômico da Amazônia pode ser valorizado dentro de um sistema que, a partir da sua incalculável biodiversidade, deixe a floresta intacta.”

A reportagem é de Lucia Capuzzi, publicada por Avvenire, 27-10-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Palavra de Carlos Nobre, um dos climatologistas mais conhecidos do mundo, Prêmio Nobel da Paz de 2007 pela sua contribuição na elaboração do quarto relatório do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas da ONU.

Nascido em São Paulo, no Brasil, há 67 anos, Nobre é conhecido principalmente pelos seus estudos sobre a possível savanização da Amazônia, ou seja, o risco de que a região se transforme em uma terra semiárida, uma vez ultrapassado o limiar do desmatamento-limite.

No ritmo atual, três quartos da floresta poderiam se tornar savana já em cerca de 30 anos. Por essa razão, segundo o cientista, o Sínodo, ao qual ele foi chamado para fazer uma intervenção, pode contribuir para uma conscientização coletiva sobre a ameaça que pesa sobre a vida humana.

“A função da ciência, porém, não é apenas lançar o alerta: nós, estudiosos, somos chamados a encontrar possíveis alternativas. Também nisso a assembleia sinodal pode ser de grande ajuda.”


Eis a entrevista.
Como se poderia desenvolver o “potencial econômico” da Amazônia sem devastá-la?
Mudando radicalmente o modo de empregar os recursos naturais amazônicos. A floresta já perdeu um dos seus 6,2 milhões de quilômetros quadrados, principalmente por causa da agricultura intensiva. A soja, uma das monoculturas mais difundidas, porém, tem uma baixa produtividade. Ou seja, rende pouco em comparação com o grau de destruição provocado. A maior riqueza da Amazônia não é a terra, é sua biodiversidade, a maior do planeta.

Como a biodiversidade pode se tornar um recurso econômico?
A floresta é rica em elementos como o açaí, com elevadas propriedades medicinais, as castanhas, o cacau, o babaçu (usado em cosméticos). A sua produção é compatível com a sobrevivência das árvores e com o respeito pelos direitos dos povos nativos.

Não existe o risco de implementar uma espécie de extrativismo ecológico?
Pelo contrário, eu falo de um novo paradigma. O extrativismo se baseia na exportação de matérias-primas pouco processadas. Isso não só tem impactos devastadores sobre o ambiente e os habitantes que o habitam, mas sequer cria riqueza para estes últimos. A alternativa a esse sistema é a valorização dos recursos amazônicos de um modo ecologicamente sustentável. Ou seja, sem uma exploração intensiva da terra, graças ao uso de tecnologias de vanguarda. Os produtos que eu citei não devem ser vendidos brutos, mas sim processados. Tomo o exemplo do açaí: ele está presente nas bebidas, nos medicamentos, nas maquiagens, além de ser consumido como alimento. Ele gera um negócio de 15 bilhões de dólares: apenas um bilhão retorna à Amazônia.

Como a comunidade internacional pode contribuir para essa virada?
Através do consumo responsável. Se cidadãos-compradores e fundos de investimento exigissem certificados de sustentabilidade de toda a cadeia produtiva das matérias-primas amazônicas, o desmatamento desapareceria em pouco tempo. Ao mesmo tempo, é necessária uma cooperação internacional para favorecer o desenvolvimento científico e tecnológico imprescindível para criar uma nova bioeconomia com desmatamento zero.

Por que o mundo deve se interessar pela Amazônia?
A Amazônia armazena todos os anos entre um e dois bilhões de toneladas de dióxido de carbono, uma contribuição essencial para a contenção do aquecimento global. Se a floresta desaparecesse, 200 bilhões de toneladas de gás acabariam repentinamente na atmosfera. Sem falar da contribuição essencial para a regulamentação das chuvas.

Por: Lucia Capuzzi

Fonte: IHU On-Line

Ricardo Salles e Mourão compartilham vídeo com informações falsas sobre a Amazônia


Ricardo Salles e Mourão compartilham vídeo com informações falsas sobre a Amazônia


“Recebi este vídeo, Amazônia não está queimando”, escreveu o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no Twitter ao compartilhar um vídeo criado pela Associação de Criadores do Pará (AcriPará). Além da legenda que afirma que o bioma não está em chamas e com dados falsos, o vídeo apresenta entre as imagens um Mico-Leão-Dourado, animal endêmico da Mata Atlântica.
O vídeo reforça a falsa ideia de que se não vejo, não existe. “Você está sentindo cheiro de fumaça?”, inicia a narração, seguido da resposta “Claro que não! Pois a Amazônia não está queimando”. A informação é falsa. Segundo dados sobre queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de 01 de janeiro até ontem, foram registrados 56.425 focos de calor na Amazônia. Altamira é vice-campeã de municípios com queimadas em 2020, só perdendo para Corumbá, no Mato Grosso do Sul (Pantanal).

A peça também sugere que a população pergunte a si mesma se está ou não ocorrendo queimadas na Amazônia e questiona se o público irá acreditar em “quem preserva de verdade ou de quem manipula seus sentimentos”, referindo-se a informações divulgadas por instituições de pesquisa que mapeiam o desmatamento e queimada no Brasil há mais de 30 anos.

Outro ponto encontrado no vídeo é a falta de créditos das filmagens, que são apresentadas como “imagens internet”, no canto superior esquerdo da tela.

Além de Salles, o vice-presidente, Hamilton Mourão também compartilhou o vídeo e copiou o último trecho que afirma que o Brasil é o país que mais preserva as floresta no mundo – a Suécia (69%), a Finlândia (73%) e a Eslovênia (62%) têm mais florestas que o Brasil (59%) em proporção ao território.



“De que lado você está? De quem preserva de verdade ou de quem manipula seus sentimentos?” O Brasil é o país que mais preserva suas florestas nativas no mundo. Essa é a verdade.Nós cuidamos! #ConselhoNacionalDaAmazoniaLegal #QueimadaNÃO

Pesquisadores montam frente para evitar destruição de geoglifos e querem observatório permanente: 'nossa memória'

Pesquisadores montam frente para evitar destruição de geoglifos e querem observatório permanente: 'nossa memória'

Reunião foi convocada pelo Museu Universitário da Ufac em conjunto com o Iphan e USP e vai atuar em sete eixos.

Por Alcinete Gadelha, G1 AC — Rio Branco

Protegidos por lei federal, geoglifos são aterrados para plantio de soja no AC
Protegidos por lei federal, geoglifos são aterrados para plantio de soja no AC 


O aterramento de sítios arqueológicos, os chamados geoglifos, durante o processo de plantio de grãos no município de Capixaba, no interior do Acre, acendeu mais um alerta. 

E para evitar a destruição desses monumentos - que podem dar pistas de como viveram os povos da Amazônia antes da chegada dos colonizadores europeus - será criada uma frente de trabalho em defesa dos geoglifos composta por pesquisadores. Esse grupo vai se nortear em 7 eixos, entre os quais a construção de um observatório permanente.

Eixos em defesa dos geoglifos:

  • Construção de um site com mapa dos geoglifos e sítios arqueológicos amazônicos (observatório permanente);
  • Ações de educação patrimonial e de proteção jurídica;
  • Mobilização permanente com o envolvimento de instituições, centros e institutos de pesquisa, organizações e entidades do movimento indígena, imprensa, órgãos de controle e de proteção ambiental e patrimonial, movimentos sociais, intelectuais etc;
  • Incentivo à formação de grupos, linhas e projetos de pesquisa interdisciplinares ou transdisciplinares;
  • Nucleação da Área de Arqueologia na Ufac (envolvendo o Museu Universitário, PPGLI, PPGEO, Curso de Ciências Sociais, CFCH, Propeg, Assessoria de Cooperação Interinstitucional e parceiros externos como o Iphan, a Unir e a USP;
  • Consolidação de parcerias para as ações de educação patrimonial, ações de proteção jurídica e ações de formação (Minter e Dinter em Arqueologia com a Unir e a USP);
  • Articulação de financiamentos para as ações.A reunião ocorreu no dia 11 e foi convocada pelo Museu Universitário da Universidade Federal do Acre (Ufac), em conjunto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Universidade de São Paulo (USP) e com o professor e pesquisador Alceu Ranzi. O encontro também teve a participação de pelo menos 40 pessoas de diferentes instituições e localidades.
A reunião foi coordenada pelo diretor do museu universitário, professor Gerson Albuquerque. Ele destacou que a mobilização é para garantir a preservação do patrimônio histórico do estado.
“É parte do patrimônio cultural acreano, dessa nossa grande Amazônia, e o que está na parte acreana é um pouco responsabilidade da Ufac. A ideia de a gente protagonizar esse novo debate é porque a universidade não pode ficar omissa diante da situação”, esclareceu o diretor. 

No mês de agosto, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) acionou o Ministério Público Federal (MPF) e a Justiça Federal após descobrir que sítios arqueológicos, onde estão três geoglifos, na Fazenda Crixa II, na cidade de Capixaba, interior do Acre, tinham sido aterrados durante o processo de plantio de grãos. 

A propriedade pertence ao presidente da Federação da Agricultura do Acre, Assuero Veronez, que justificou que o aterro foi um "acidente" no processo de aragem para o plantio. Segundo ele, os tratoristas não observaram a estrutura no chão. 

Estruturas geométricas escavadas na terra, os geoglifos têm formatos de quadrados, retângulos ou círculos. Foram descobertos na Amazônia na década de 1970, com o aumento dos desmatamentos. Começaram a ser melhor estudados a partir dos anos 2000. 

Essas figuras gigantes teriam sido construídas por civilizações que ocuparam o sul da Amazônia, antes da formação da floresta e seriam usadas em cerimônias e rituais religiosos. Só no Acre, existem 800 catalogados pelos pesquisadores.
Geoglifos foram aterrados para plantio em fazenda no Acre — Foto: Reprodução 


Preocupação com outros geoglifos

O diretor alerta que outros geoglifos correm risco de destruição e é preciso trabalhar na preservação deles. 

“Nossa preocupação é em fazer um catálogo para criar uma rede de instituições que possam atuar na proteção dessas áreas, porque isso é a nossa memória e que está aí antes da chegada dos colonizadores, então, é uma memória que a gente não pode perder. Tem que estudar, tem que entender o que isso representou no passado e o que tem para nós no presente e isso é papel da universidade”, pontuou. 

Gif geoglifos — Foto: Arte G1

Investigação do MPF

Após ser acionado pelo Iphan, o Ministério Público Federal no Acre (MPF-AC) instaurou um inquérito civil público para investigar os danos causados aos sítios arqueológicos da Fazenda Crixa II, em Capixaba. 

Além disso, foi requisitado que a Polícia Federal no Acre (PF-AC) também investigue o caso.
O MPF-AC disse que recebeu relatórios do Iphan sobre a situação e também uma denúncia do paleontólogo Alceu Ranzi alertando sobre as gravidades do problema. 

“A destruição desse monumento é muito grave e, ao mesmo tempo, nos indica a necessidade de muita educação patrimonial para que os proprietários tomem conhecimento de que em suas áreas existem esses monumentos e a necessidade de preservá-los para o futuro”, explicou o paleontólogo à Rede Amazônica Acre.

Os homens que plantam arvores

Os homens que plantam árvores


Os homens que plantam árvores

*Por Circe Cunha e Mamfil 
Da África, talvez o continente mais economicamente sofrido e espoliado na história da humanidade, vem um dos muitos e bons exemplos que precisamos para nossa salvação futura. Na Etiópia, um dos países mais populosos e pobres daquele continente, o governo empreendeu uma jornada em que, em apenas 12 horas, uma força-tarefa, atuando em mais de mil áreas daquele país, conseguiu a façanha de plantar mais de 350 milhões de árvores. Um recorde mundial.

Também a Índia, castigada pelos desflorestamentos vem empreendendo um grande esforço para recuperar, ao menos algumas de suas florestas. Na última empreitada, 800 mil voluntários plantaram mais de 50 milhões de árvores em 2016, e prosseguem plantando. Na China, parte ociosa do que seria o maior exército do planeta, tem sido deslocada para a mesma tarefa no norte do país. São mais de 60 mil soldados empenhados nessa tarefa. Os fuzis cedem lugar às ferramentas agrícolas. A intenção do governo é criar uma floresta na região de Hebei, numa área de mais de 84 mil quilômetros quadrados. Para todo o país, a meta é atingir uma cobertura de mais de 23% daquele grande continente até o final deste ano.

São esforços pontuais e que podem fazer a diferença num futuro não muito distante. Cientistas acreditam que, pelo estágio atual de degradação do planeta, será preciso, ao menos, o plantio de mais de 1,2 trilhão de novas árvores, apenas para arrefecer a Terra e livrá-la dos efeitos maléficos do aquecimento global, que já está atuando entre nós.
A situação, que é bem do conhecimento dos técnicos das Nações Unidas, tem estimulado ações dessa Organização, com vistas a um projeto, já em andamento, cuja a meta é plantar 4 bilhões de novas árvores nos próximos anos.

Por todo o mundo, projetos semelhantes estão em andamento, uns ambiciosos e outros mais modestos, mas são de grande valia em seu conjunto. Entre todos, os mais ambiciosos são os que vêm sendo erguidos nas bordas do grande deserto do Saara, também na África. Em nenhum lugar do planeta as mudanças climáticas são mais impactantes do que as que ocorrem nos países margeados por esse grande deserto. O deserto vem aumentando de área num ritmo assustador nos últimos anos. Com ele, vem o clima cada vez mais inóspito à vida. Com temperaturas que ficam numa média próxima aos 50 graus centígrados.

Com esse fenômeno vem, também, a escassez de água, cada vez mais assustadora e já motivo de conflitos permanentes na região. Financiado pelo Banco Mundial, a União Europeia e as Nações Unidas, projeto unindo vários países locais, visa erguer uma gigantesca barreira verde, de árvores, que irá cobrir uma área de mais de 8 mil quilômetros, atravessando todo o continente africano na parte sul do deserto do Saara, formando uma enorme muralha para conter o avanço da areia. A meta é erguer essa Grande Muralha Verde até 2030, cobrindo com reflorestamento uma área de 247 milhões de acres ou aproximadamente 100 milhões de hectares.

Em nosso mundo, em todo o tempo e lugar, sempre existiram homens movidos pela paixão de plantar árvores, como se recebessem essa missão diretamente das mãos de Deus. Não precisamos ir muito longe para descobrir alguns desses personagens raros e muito caros a todos nós. Aqui mesmo, na capital, entre tantos anônimos que contribuem para uma Brasília mais verde, um nome vem à memória sempre que paramos para apreciar a beleza dos ipês multicoloridos e de outras muitas espécies de árvores que foram plantadas ao longo de décadas.

Trata-se do saudoso agrônomo cearense Ozanan Coelho (Foto acima)
, um personagem que o Correio Braziliense já nomeou como sendo o homem que durante mais de 30 anos foi o responsável por ter plantado grande parte dos belos jardins da capital e que hoje fazem de uma cidade bucólica como pretendida por seu idealizador Lúcio Costa
A frase que foi pronunciada: “Se não erro ao decifrar a voz dos vegetais, eis que suspira a muda de pau-ferro no silêncio do ser: — Eu sei que fui plantada com música, discurso e tudo mais, para alguém no futuro, oferecer sem discurso e sem música o prazer da derrubada.” Carlos Drummond de Andrade, um dos mais influentes poetas brasileiros

https://chiquinhodornas.blogspot.com/2020/09/os-homens-que-plantam-arvores.html?m=1