terça-feira, 4 de junho de 2019

Carrefour virou agora "protetor dos animais".Está querendo se redimir?


 


“Carrefour pelos animais” traz as ações constantes da rede pela causa dos animais, além de artigos de especialistas, dicas e curiosidades sobre o universo pet e histórias reais de adoção
 
Com o objetivo de contribuir para o debate e conscientização sobre importantes temas relativos à causa animal e contar como a companhia tem se mobilizado e atuado na transformação desta realidade, o Carrefour lança o blog Carrefour pelos Animais. Neste canal é possível acompanhar de perto todas as ações que a companhia vem realizando desde o começo deste ano e os resultados dos mutirões de castração, eventos de adoção, doações de ração, campanhas de sensibilização e educação, além de outras iniciativas que constam no compromisso público assinado pela marca no final do ano passado em decorrência do caso Manchinha.

Composto por quatro editorias: Ações Carrefour, Conscientização, Histórias e Mercado e Mundo, o canal trará também um calendário sempre atualizado com eventos de adoção, artigos assinados por especialistas, dicas para os tutores sobre bem-estar animal e guarda responsável, além de curiosidades e tendências do mundo pet.

“Nossas ações vão muito além do compromisso público que firmamos. Queremos, de fato, transformar essa triste realidade no Brasil. O blog é mais um passo nesta missão, pois é a nossa ferramenta não só de transparência sobre as ações que realizamos, mas também de conscientização da causa”, explica Stephane Engelhard, Vice-Presidente de Relações Institucionais do Carrefour Brasil.

Aprendizado dentro de casa
Como todas as grandes e mais eficazes mudanças começam de dentro para fora, o Carrefour tem trabalhado fortemente junto aos colaboradores para que a transformação social em prol da causa animal seja um compromisso de todos na empresa. Para tanto, está focado na produção de conteúdo e treinamento que promovam conscientização sobre temas pertinentes à causa.

Iniciativas que já estão na rua
Desde o começo do ano, o Carrefour tem atuado para combater o cenário dos animais abandonados. Neste período já viabilizou 889 castrações e doou mais de 8 toneladas de ração para ONG’s ligadas à AMPARA Animal, parceira que também contribui com a organização de um evento de adoção por mês e endossa as iniciativas e conteúdo promovidos pelo Carrefour. Junto à Comissão Machinha, que atua diretamente em Osasco, também apoia eventos de adoção mensais, além de mutirões de castração.

Para apoiar a ativista Luisa Mell, que recentemente resgatou 1,7 mil animais, o Carrefour está arcando com os custos do aluguel de dois galpões, durante três meses, para abrigar os bichinhos resgatados. Além disso, neste sábado, dia 1 de junho, organiza um grande evento de adoção em parceria com o Instituto Luisa Mell para localizar os novos tutores que receberão os animaizinhos em seus lares.

Dentre as iniciativas educativas, a empresa tem produzido vídeos, cartilhas e artigos informativos sobre identificação e combate aos maus-tratos animais e esse conhecimento em seus canais de comunicação. Para incentivar que a preocupação com a causa comece cedo, a companhia também apoiará no segundo semestre o Projeto Cultural Educativo “O Mundo Animal de Bibi”, via Lei de Incentivo à Cultura, e composto por uma série de vídeos e livros voltados à conscientização do público infanto-juvenil sobre a importância do amor e respeito aos animais. Tais materiais serão distribuídos em escolas públicas em diferentes regiões do Brasil.

Para garantir visibilidade para o tema, também apoiou a exposição Sinta na Pele, organizada pela AMPARA Animal e que contou com 12 painéis do fotógrafo Jacques Dequeker revelando personalidades da televisão, da moda e da música em situações de exploração sofridas por diversas espécies domésticas e silvestres. O resultado dessa mostra, inaugurada em fevereiro no Jardim Pamplona Shopping, em São Paulo (SP) e que agora está em exibição na sede da empresa, são imagens chocantes, que nos levam a refletir sobre a importância de não permitirmos que milhões de animais sejam presos, torturados e maltratados todos os dias.

No ano apssado a visão do Carrefour sobre cachorros de rua era outra!


SEGURANÇA DO CARREFOUR MATA CACHORRO A PAULADAS E É ALVO DE PROTESTOS, EM OSASCO.

Neste sábado (1º), um grupo de ativistas pelos direitos dos animais realizou um protesto dentro do Carrefour de Osasco pela morte de um cachorro. O animal teria sido assassinado a pauladas por um segurança do hipermercado. Há a suspeita de que o cão também tenha sido envenenado.
De acordo com os ativistas, o cachorro havia sido abandonado no estacionamento do Carrefour Osasco cerca de uma semana antes de ser morto. Alguns funcionários da rede e de lojas que ficam no centro de compras vinham alimentando o animal. Até que um segurança da rede o agrediu até que as patas quebrassem, na última quarta-feira (28).Com o cão sangrando, rastejando e bastante fragilizado, a Zoonoses de Osasco foi chamada. Representantes da loja teriam dito que o animal havia sido atropelado ali próximo, na avenida dos Autonomistas, versão contestada por testemunhas. O cachorro foi socorrido pela Zoonoses, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Neste sábado (2), o delegado Bruno Lima, atuante na causa animal, esteve no local para acompanhar o caso, ao lado do vereador Ralfi Silva (Podemos). Um inquérito vai apurar se o cachorro também foi envenenado e se o segurança que o matou cumpria ordens da chefia, como acusam ativistas, ou agiu por conta própria.

“Estaremos acompanhando de perto até que esse crime seja solucionado. Temos algumas testemunhas que confirmam o ato cruel e que identificaram o autor do crime. Infelizmente a dor que o animal sofreu não temos como apagar e também a sua vida trazer de volta, mas seremos sua voz e lutaremos em seu nome”, declarou Bruno Lima.

Maltratar animais é crime, que pode render de três meses a um ano de prisão e multa. A punição é aumentada em até um terço se houver morte.



O Carrefour declarou, por meio de suas redes sociais, que vai colaborar e acompanhar as investigações e que repudia maus tratos aos animais. Ativistas da causa animal acusam a rede de omissão sobre o caso.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Carrefour divulgou a seguinte nota:

“A rede informa que repudia veementemente qualquer tipo de maus-tratos. Esclarece ainda que, preventivamente, afastou a equipe responsável pela segurança do local no dia da ocorrência até que a rigorosa apuração em curso seja concluída e as devidas providências adotadas. Reforça também que, assim que notou a presença do animal nas dependências da loja, o acolheu, oferecendo água e comida, até que a equipe do Centro de Controle de Zoonoses de Osasco chegasse ao local para o devido atendimento”.(água e comida para um cachorro moribundo?N.B)

“No mínimo, é prevaricação”, diz deputado sobre desmonte da fiscalização ambiental por Ricardo Salles

Agência Pública – 
Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, Rodrigo Agostinho faz críticas contundentes à política ambiental do governo e diz preferir dialogar com ministra da Agricultura
Ambientalista, advogado, mestre em ciência e tecnologia com ênfase em biologia e especialista em gestão estratégica pela USP, o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, Rodrigo Agostinho (PSB-SP) é homem certo no lugar certo para enfrentar a criticada política para o meio ambiente do presidente Jair Bolsonaro e de seu ministro Ricardo Salles.

“No mínimo, isso se chama prevaricação. É você saber de um ilícito e não tomar providências”, diz o deputado federal de 42 anos, em seu primeiro mandato, ao se referir às posições adotadas pelo presidente e seu ministro ao desautorizar a ação dos fiscais do Ibama na Floresta Nacional de Jamanxim, no Pará, e na Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, fartas em irregularidades fundiárias.
Agostinho, que tem visitado as áreas mais problemáticas, lembra que o desmatamento está aumentando brutalmente na Amazônia. “Só o INPE [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] emitiu mais de 20 mil alertas de áreas que estão sendo desmatadas agora nesse começo de ano, um aumento de mais de 200%. E o governo não quer trabalhar com entidade nenhuma. É uma visão bem ideológica”, critica o deputado.

Ex-secretário do Meio Ambiente, vereador por dois mandatos e prefeito de Bauru (SP), Agostinho tornou-se ativista ambiental aos 14 anos e se aprofundou nos estudos sobre o tema. Ele se diz surpreso com a troca de atores na interlocução entre governo federal e ambientalistas:

“Quem está querendo discutir meio ambiente com a gente é a ministra da Agricultura [Tereza Cristina]”, diz, ao constatar que no governo Bolsonaro o grande adversário do setor já não é o agronegócio. O deputado lamenta, no entanto, que Ricardo Salles tenha fechado os canais de negociação. “A administração dele é um equívoco. Se não mudar, e permanecer no cargo, entrará para a história como o pior ministro do Meio Ambiente”, diz o deputado.

A visível mudança nas diretrizes do Ministério da Agricultura, segundo Agostinho, se deve às exigências dos mercados internacionais, que podem deixar de comprar os grãos e a carne se o Brasil não ajustar sua política ambiental interna. “Vou dar um exemplo do que ocorreu esta semana: a Rússia avisou que, se não baixar a quantidade de veneno, não compra mais a soja brasileira. O governo já liberou este ano 139 novos agrotóxicos”, aponta.

Entre os venenos em uso no Brasil, que já não servem há muitos anos para outros países, está o herbicida 24-D, o famoso agente laranja usado pelos americanos na Guerra do Vietnã.
Rodrigo Agostinho (PSB-SP) é presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara
Dois grandes desafios tomarão o tempo da Comissão do Meio Ambiente nos próximos meses: impedir retrocesso no Código Florestal e a flexibilização das regras de licenciamento ambiental, ambos sob ataque do governo e da bancada ruralista. Veja a entrevista:

Como o senhor avalia o desempenho do governo Bolsonaro na questão do meio ambiente?
É um governo que nunca escondeu, nem na campanha, que tem uma outra visão da questão ambiental, que não é a mais próxima da moderna e que busque a sustentabilidade, a conciliação da conservação do meio ambiente com a produção agrícola. A gente sempre soube que para o Bolsonaro as mudanças climáticas não existem, que é tudo uma ficção e que o Brasil ainda tem muita floresta e pode continuar derrubando. Só não esperava é que as transformações fossem tão profundas.

Por exemplo?
No Ministério do Meio Ambiente, todo o serviço que cuidava de florestas foi transferido para o Ministério da Agricultura. Todo o setor de fiscalização está numa fase que eles chamam de reorganização e a gente chama de desmonte. Então as operações de fiscalização foram reduzidas drasticamente, e isso fez com que nestes primeiros cinco meses do ano aumentassem em muito os casos de desmatamento. Só o INPE emitiu mais de 20 mil alertas de áreas que estão sendo desmatadas agora neste começo de ano – é um aumento de mais de 200%, numa linha de redução.

O desmatamento vinha sendo reduzido com consistência?
Isso data do momento que o Fernando Henrique começou a endurecer com uma política de combate ao desmatamento, com o aumento da reserva legal em 1996, depois com uma série de medidas ao longo, também, dos governos Lula e Dilma. Agora a gente está tendo um sinal de que pode rolar desmatamento à vontade, porque não tem fiscalização. Inclusive aqui no Congresso se discute hoje uma anistia para todo mundo que derrubou ilegalmente.

Quais os riscos dessas mudanças?
De um retrocesso. E a gente percebeu isso acontecer também para os outros espaços da área ambiental. Por exemplo, o setor de educação ambiental foi desmontado, os colegiados que existiam, o Comitê Gestor – o CPCD – que cuida do desmatamento, a Comissão Nacional de Biodiversidade, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, tudo isso não está se reunindo, não está discutindo, não está tendo a formulação de políticas públicas novas e está sendo uma dificuldade para o próprio ministro. Até agora o ministro do Meio Ambiente não apresentou o planejamento dele para este ano.

Ele tem falado muito numa agenda ambiental que é importantíssima, que é a agenda ambiental das cidades, a questão do lixo, do saneamento, a qualidade do ar. Agora essa agenda vinha sendo conduzida pelo Ministério das Cidades. O Ministério do Meio Ambiente mal tem dinheiro para cuidar das florestas e está assumindo uma agenda que é muito pesada, uma fortuna, de trilhões. Ele está vindo com uma agenda que é importante, no lugar dessa agenda florestal, dessa agenda da fauna, mas de maneira muito clara não está tendo efetividade. O governo passado tinha feito um acordo, um Refis do ponto de vista das multas ambientais, fez um megadesconto, liquidação, todo mundo aderiu a esse programa, e arrecadaram-se quase R$ 2 bilhões de multas.

Foi com o projeto de conversão de multas?
Esse dinheiro foi destinado para a recuperação do rio São Francisco, que era algo que havia sido prometido lá na transposição e que não aconteceu. Então esse dinheiro seria aplicado no saneamento básico do rio São Francisco, para tirar esgoto do São Francisco. Seria aplicado na recuperação das nascentes, das matas ciliares, para combater as erosões. E de repente isso está tudo suspenso, não se aplica, e também não se arrecada mais. Então, assim, é algo que para nós é muito preocupante.

Para onde foi o dinheiro?
Está parado. O governo falou que não vai liberar. Vai decidir o que fazer, enquanto já tinha tido um destino, algo que foi consensual, depois de muita luta. Desde as obras de transposição do São Francisco se fala na recuperação do rio. São exemplos como esse que deixam a gente numa situação ruim.

A que o senhor atribui essa falta de definição?
Acho que é um conjunto de fatores, mas a maior parte das iniciativas de recuperação do rio seria feita por entidades locais, entidades da sociedade civil, e o governo não quer trabalhar com entidade nenhuma – é uma visão bem ideológica. Uma outra questão é desmerecer o trabalho do governo e querer criar, em tese, uma coisa nova – o passado não presta, não serve, e o que serve é o que está vindo por aqui. Foi desmontada toda uma estratégia do Brasil de mudanças climáticas que o mundo inteiro reconhecia, de educação ambiental, de licenciamento. Então nós estamos num momento complicado. E, para nossa surpresa, quem está querendo discutir meio ambiente com a gente é o Ministério da Agricultura.

Como assim? A interlocução está mudando de mãos?
O Ministério da Agricultura está sendo cobrado pelo mundo inteiro que compra nossos produtos agrícolas. O Brasil não pode continuar nessa mesma loucura, em que o país está se transformando numa nova Indonésia.

Caso o governo não mude a política, vocês, ambientalistas, podem recorrer a parceiros internacionais?
Com vários países. Inclusive tenho uma reunião agendada com o embaixador da Noruega. Já conversamos com o pessoal da Alemanha e vários países estão dizendo: “Se o Brasil continuar com esse olhar para o passado, com esse olhar atrasado, que não é uma busca pela sustentabilidade, nós vamos reagir”.

Como seria?
Acho que o mercado externo pode começar a não priorizar mais a compra de produtos brasileiros. Vários países africanos começaram a produzir soja também, o mercado externo pode adotar uma série de sanções, o mercado internacional pode deixar de colocar o dinheiro que vem colocando aqui. A Noruega e a Alemanha têm colocado muito dinheiro para a conservação de nossas florestas.

Já há sinais de descontentamento?
Vou dar um exemplo do que ocorreu esta semana. A Rússia avisou: “Se não baixar a quantidade de veneno na soja brasileira, a Rússia não compra mais a soja brasileira”. O governo já liberou este ano 139 novos agrotóxicos.

Muitos deles proibidos em outros países.
Ao longo dos últimos anos o governo foi apertando o parafuso, fechando um pouco o registro da liberação de novos venenos, porque o mercado não quer mais, as pessoas olham para a prateleira e procuram qual é sem veneno. De repente o atual governo falou assim: “Nós vamos liberar tudo que estava lá pendente”. Muitos são venenos velhos.

Quais são?
Um que chamou muito a atenção, por exemplo, foi a liberação de várias empresas para comercializar o 24-D. O que é o 24-D? É um herbicida seletivo que é utilizado em plantações e que foi usado na Guerra do Vietnã, o chamado agente laranja. Era o agente laranja da Guerra do Vietnã. O mercado lá fora fala assim: “Espera aí, isso é velho, é um produto já superado, tem um monte de coisa nova menos tóxica para o meio ambiente, coisas mais bacanas, tem controle biológico”. O Brasil está olhando para o passado, uma coisa tão velha que chegou a ser usada na Guerra do Vietnã e nós estamos continuando a usar, entendeu? A Rússia, que compra essa soja para usar na alimentação do seu gado, não quer dar essa soja para o seu gado. É uma maluquice isso.
Como mudar isso?

O que a gente quer é que o governo tenha uma outra postura. O Ministério da Agricultura, por exemplo, quer combater o desmatamento ilegal, quer introduzir no Brasil uma política de pagamento por serviços ambientais, e isso é uma estratégia que normalmente se faz.

Mas há uma mudança aí, não é?
É uma mudança, mas essa é uma mudança que a gente gostaria de ver sendo debatida pelo Ministério do Meio Ambiente. Acho legal que o Ministério da Agricultura esteja entrando nessa.

Mas o condutor deveria ser o Meio Ambiente.
Deveria. Agora, eu acredito que eles estão nessa estratégia muito mais pela pressão internacional do que por uma questão local.

É o interesse do agronegócio?
Acredito que sim. A gente tem hoje dois agros no Brasil. A gente tem um agro que está preocupado com essas questões, tem uma agroindústria muito forte no Brasil que quer exportar, que quer ter qualidade e que está antenada com a sustentabilidade. Se não tiver floresta, não tem água, não tem chuva, as secas no Brasil serão mais prolongadas. Uma boa parte das chuvas que tem no Brasil é a umidade que sai da floresta amazônica. Se continuar devastando a floresta você tem o impacto, aqui no Centro-Oeste, enorme na produção de grãos. Então tem um agro que está nessa preocupação. E tem um outro agro ainda muito atrasado, que quer continuar derrubando, que quer continuar desmatando.

Onde está esse agro?
Está em todo lugar, mas você tem as duas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Eu recebi esta semana aqui, por conta da Medida Provisória que mexe com o Código Florestal, várias lideranças do agronegócio falando: “Rodrigo, essa Medida Provisória não pode continuar. Nós temos que implementar o Código Florestal, nós temos hoje 50 milhões de hectares de área degradada no Brasil”.

Qual a razão para não utilizar o que está desmatado?
As áreas que têm floresta são mais baratas. Então continua se comprando floresta no Brasil, derrubando floresta. O pessoal já nem tira mais a madeira, o pessoal põe a floresta no chão, põe fogo e planta. A gente gostaria de ver uma mudança que busque a sustentabilidade.

Quem é o melhor interlocutor, o Salles ou a ministra?
Hoje, para a nossa surpresa, mesmo com as posições do agro, mesmo com algumas posições, a agricultura está sendo melhor interlocutora do que o Salles.

Qual é a sua avaliação sobre o papel do ministro?
Tenho convicção de que ele realmente acredita que está fazendo a coisa certa. E isso é muito preocupante, porque ele não está apenas para implantar uma política ambiental diferente. Ele tem a convicção de que está no caminho certo, embora não tenha absolutamente nada a ver com conservação. O caminho que está se desenhando dentro do Ministério do Meio Ambiente, para quem está do lado de fora e quem conhece, é o de desmonte. O Ministério do Meio Ambiente sequer tem mais o controle do próprio cadastro do Código Florestal.

Onde pega mais essa questão do desmonte em relação ao Ibama?
Tem várias situações. A hora que você segura o orçamento, as operações de fiscalização que deveriam ir a campo não estão mais indo. O próprio ministro fala: “Não vai ter fiscalização”. Nós estivemos agora na Floresta Nacional do Jamanxim [PA], que foi concessionada. Uma empresa ganhou para tirar madeira de forma organizada de lá, com manejo sustentado, e de repente a área inteira está sendo invadida. Os técnicos e os fiscais do Ibama foram lá para fiscalizar e acabaram desautorizados pelo próprio ministro e pelo presidente. Ambos disseram: “Não vai ter fiscalização lá”. Essa situação é muito grave.

Como entender a posição do governo?
No mínimo, isso se chama prevaricação, é você saber de um ilícito e não tomar providência. O próprio governo tem segurado. A reação a essas medidas tem sido muito dura, inclusive internacionalmente. Os fiscais não estão conseguindo ir a campo. Nós tivemos um caso específico muito recente na lagoa do Peixe, onde houve um processo de coação, de assédio do ministro em relação aos técnicos que trabalham lá. É a área mais importante para as espécies migratórias que chegam ao Brasil, de descanso para aves migratórias do mundo todo, no sul do Rio Grande do Sul. É um parque nacional, parte da área não regularizada ainda. As pessoas que estão lá na posse são proprietárias rurais que muitas vezes não conseguem comprovar a propriedade e não foram indenizados. Ao invés de ficar do lado da unidade de conservação e dizer que trabalharia pela regularização da indenização a quem tiver direito, o ministro foi lá e falou: “Olha, se precisar a gente acaba com esse parque”.

O ministro também entrou em atrito com fiscais do Ibama.
O que acontece? Você tem uma pessoa que produz dentro de uma área que é protegida e acha que tem toda a liberdade para fazer o que quiser dentro da área. Então a pessoa se sente constrangida a hora que recebe um auto de infração. Só que o funcionário está ali cumprindo a ordem, cumprindo a lei, e de repente chega o próprio ministro e fala: “Se continuar autuando, vou abrir processo contra todo mundo, vou abrir sindicância”. Então isso é uma situação de desequilíbrio que não pode acontecer. A gente vê que é um governo que tem um ar de autoritarismo, o ministro faz tudo da cabeça dele, ouvindo não necessariamente as pessoas que estão no dia a dia da prática do trabalho de conservação ambiental.

Qual o reflexo disso em regiões como a Amazônia?
Criam fragilidade em todo o sistema de controle do desmatamento. Vou dar alguns exemplos: inúmeras terras indígenas atualmente estão sendo invadidas porque ouviram o discurso do presidente dizendo: “Índio tem terra demais, vocês podem fazer mineração lá, vocês podem fazer garimpo, faz o que vocês quiserem. Eu estou bancando essa história”. Isso é muito ruim. Você manda uma mensagem para a sociedade de que “pode fazer que a gente segura as pontas aqui”. A Amazônia está muito próxima de um ponto que os especialistas chamam de ponto de virada. A hora que você atinge esse ponto de virada, a floresta começa a entrar em declínio. A floresta, que é úmida, passa a se tornar cada vez mais seca. Se acontecer, vai ter um processo de desertificação da Amazônia e um problema enorme para o Centro-Oeste e para o Sudeste, que usam a água da Amazônia. Quando chove em São Paulo, no Rio de Janeiro e abastece as cidades, é a água que está vindo da Amazônia. Quando chove nas plantações de soja de Goiás, do Tocantins, do Mato Grosso, é chuva que está saindo da Amazônia. Então o caminho para a sustentabilidade é um caminho diferente do que está sendo trilhado.

Quem desmata?
Uma boa parte desse desmatamento está ocorrendo em terra pública, em área não destinada, área que no passado foi de alguém que não utilizou e passa a ser considerada como devolvida – por isso é chamada terra devoluta – e hoje não está destinada. Essas áreas públicas estão sendo invadidas. Tem uma máfia de grilagem de terra pesadíssima na Amazônia, o Cadastro Rural mostrou isso. Nós chegamos ao ponto de termos uma mesma área sendo reivindicada por quatro pessoas diferentes – os quatro com documentos. Ou seja, o cartório esquentou documento para quatro pessoas diferentes, e não acontece nada.

Uma fração de terra de quatro andares, vertical.
Nós temos no Brasil inteiro situações parecidas, mas na Amazônia é muito grave a situação fundiária. Nós temos áreas que estão se sobrepondo. Uma mesma área que é terra indígena tem três, quatro proprietários que também reivindicam, mas não estão cadastrados no Incra e não pagam ITR. É uma maluquice total. Isso foi escancarado pelo Código Florestal, porque todo mundo teve que fazer o cadastro.

O que está por trás do esvaziamento do Ibama?
O governo ainda não deixou claro quais são suas intenções. Eu tenho certeza que essas estruturas vão permanecer, vão resistir. O problema é que você tem o enfraquecimento de uma estratégia que está sendo adotada há mais de 20 anos. Nós tivemos lá atrás a extinção de vários órgãos, a fusão e a criação do Ibama, que precisa ser valorizado, precisa ser reconhecido, que está longe de ser a estrutura ideal que a gente precisa para o Brasil.

Como mudar esse cenário?
O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo, tem quase 60% de florestas, muitas delas bem depauperadas. A Mata Atlântica inteira foi esvaziada, não tem mais bicho, não tem mais fauna. A gente tem que usar as ferramentas que tem, e o que se vê é que o governo resolveu caminhar na direção errada. O problema é o ministro do Meio Ambiente não defender o meio ambiente.

Falta entendimento entre os órgãos estatais?
O que sempre aconteceu é que o ministro da Agricultura sentava de um lado da mesa, o do Meio Ambiente, do outro, e iam brigando, brigando, até chegar num acordo e falar: “Olha, isso aqui é o razoável. Você desmata até aqui e daqui pra frente vai virar um parque, pronto e acabou”. Hoje não tem mais essa discussão.

Falta conhecimento ou é intencional?
Acho que é intencional, mas é um intencional de forma desorganizada. O desmonte é intencional, só que até agora a gente não viu o que ele vai colocar no lugar. Cada hora ele fala uma coisa. Ele foi chamado aqui na Câmara para apresentar o planejamento do ministério e não apresentou planejamento nenhum.

Que avaliação o senhor tem do trabalho de Salles?
Eu acho que a administração dele está sendo um equívoco. Ele precisa fazer uma correção de rumo urgente. Se permanecer como ministro, ele tem o dever de mostrar um outro caminho; caso contrário, ele vai ficar na história como o pior ministro que o Meio Ambiente já teve.

Em 2012, por exemplo, o presidente foi multado pescando irregularmente. Até que ponto essas coisas pessoais são levadas para a institucionalidade?
A gente se sente envergonhado porque é o seguinte: quando recebo uma multa de trânsito, eu pago porque eu sei que estava equivocado, porque num determinado momento eu tinha que estar respeitando a velocidade e não estava, porque eu estava usando o celular no trânsito e não deveria. Ele estava pescando no lugar errado. Podia estar pescando no lugar errado por desconhecimento, não tem nenhuma placa, é uma ilha, podia estar pescando por desconhecimento. Mas estava errado. Podia estar pescando de forma irregular intencionalmente. Talvez era o mais provável, porque ele conhece a região, porque não é um turista numa região desconhecida. A equipe do Ibama alertou e ele falou:

“Daqui não saio”. Foi autuado e conseguiu agora reverter a própria multa e o fiscal foi punido. É uma maluquice isso. Aquela reserva de Tamoios existe porque em frente dela tem uma usina nuclear. A reserva de Tamoios foi criada dentro da compensação da usina nuclear para ali ser o ponto de medição. Ali é medida a radioatividade, a qualidade ambiental do local para saber se a usina está ou não causando impacto ambiental. Ali é um lugar muito sensível, e para minha surpresa o Bolsonaro, presidente, falou nesses últimos dias que vai transformar aquilo numa Cancún brasileira. Como ele sofreu um enfrentamento naquela ilha, foi autuado por estar pescando no lugar errado, a reação é em sentido contrário e desproporcional.

Tem a ver com a promessa de acabar com a “indústria da multa”?
Acho que ele carrega muito essas coisas e usa como discurso. As pessoas que são multadas no trânsito também usam a mesma frase, mas, se estivessem na velocidade correta ou estacionado no lugar correto, não seriam multadas. O que a gente percebe é uma estratégia diferente – “Ah, fui multado, vou acabar com a fiscalização”. Isso não dá para aceitar.

Esse novo Congresso pode mudar o Código Florestal?
Nós temos quase 20 projetos tramitando, um deles encampado pelo próprio filho do Bolsonaro no Senado, acabando com o instituto das reservas legais, o que é uma vergonha, porque é o mínimo que cada propriedade tem que ter de floresta – isso é lei no Brasil desde 1934, e antes disso já tinha um outro mecanismo de proteção das nossas florestas. E nós temos agora, na pauta, na agenda do dia da Câmara, para ser votada até o dia 3 de junho uma Medida Provisória que apenas prorrogava um prazo e que de repente está sendo utilizada para desmontar a estrutura do Código Florestal com proposta de nova anistia.

É uma anistia de 5 milhões de hectares para pessoas que desmataram irregularmente e que não vão precisar nem recuperar nem compensar. Isso é um tiro no Código Florestal, um sinal muito ruim para todos aqueles proprietários que resolveram cumprir a lei e fizeram a sua reserva. Quantos proprietários no Brasil fizeram a reserva? Quase todos – 90% dos proprietários brasileiros fizeram do jeito correto, deixaram a sua reserva, e de repente para esses caras vai ficar o quê? “Vocês são tontos, vocês não precisavam ter feito porque os que não fizeram serão anistiados.” A gente espera que não seja votada, mas se for, que seja mantido o texto original. (Agência Pública)

Vale inicia construção de muro para conter lama de barragem em Barão de Cocais


Vale inicia construção de muro para conter lama de barragem em Barão de Cocais

Medida foi anunciada pela empresa há um mês. Serviços de terraplanagem começaram a ser feitos nessa quinta-feira



Projeto foi apresentado para a população em abril deste ano (foto: Reprodução/Defato online)

Construção de um muro a seis quilômetros da Barragem Sul Superior, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, é uma das alternativas para conter os rejeitos em caso de rompimento da estrutura. Um mês depois de apresentar o projeto da megaestrutura, que deve ter 35 metros de altura, 307 de comprimento e 10 de largura na parte superior, a Vale iniciou os primeiros trabalhos de implantação. Segundo a mineradora, a medida será para reter grande parte dos materiais que podem vazar do reservatório.

A medida já tinha sido apresentada à população em abril deste ano, pouco tempo depois que a a barragem passou para o nível 3 da escala de alerta, o que representa uma “situação iminente de rompimento”. Agora, a situação de risco está ainda pior. Um talude da cava da mina está se movimentando diariamente e corre risco de cair. O impacto pode ser um gatilho para o rompimento da barragem.

O início dos serviços para a construção do muro começaram na última quinta-feira e foi anunciado neste sábado pela Vale. “Como parte de ações preventivas de engenharia, a Vale iniciou, na última quinta-feira (16/5), a terraplenagem para construção da contenção em concreto localizada a 6 km à jusante da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais”, afirmou. Segundo a mineradora, a estrutura “ fará a retenção de grande parte do volume de rejeitos da barragem Sul Superior em caso de rompimento”.

Foram iniciados os trabalhos de terraplenagem, contenções com telas metálicas e posicionamento de blocos de granito. “Essa obra atuará como barreira física no sentido de reduzir a velocidade de avanço de uma possível mancha, contendo o espalhamento do material a uma área mais restrita”, completou.

A empresa informa, ainda, que o tráfego de veículos pesados deve ser constante nos próximos dias, o que poderá provocar lentidão no trânsito. Disse, também, que está monitorando a situação da barragem.

Simulado


Moradores de Barão de Cocais participaram, neste sábado, de um segundo simulado de rompimento de barragem. Apenas 1.625 pessoas (26.75% do público-alvo) participaram da ação promovida pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). O número ficou abaixo do primeiro treinamento de março, quando 3,6 mil pessoas participaram. Mesmo somando as duas programações, ao menos 800 moradores da Zona Secundária de Segurança (ZSS) nunca participaram das atividades do governo do estado, já que a meta era atingir 6 mil pessoas.

Ambientalistas denunciam Bolsonaro e ministro: não há o que comemorar


Ambientalistas denunciam Bolsonaro e ministro: não há o que comemorar

Para eles, desde que tomou posse, o atual governo adotou uma avalanche de medidas perigosas e assumiu um discurso violento contra a preservação ambiental



 
Brasília – Pela primeira vez na história, o Brasil tem um presidente da República e um ministro do Meio Ambiente com discurso antiambiental a promover, eles próprios, o desmonte do que deveriam proteger, dizem especialistas, que lamentam o quadro do setor, às vésperas do dia Dia do Meio Ambiente, celebrado todo 5 de junho. Esse ano, porém, não há comemoração, mas lamento. Para eles, desde que tomou posse, o atual governo adotou uma avalanche de medidas perigosas e assumiu um discurso violento contra a preservação ambiental.

Entre as últimas ações que receberam críticas, está o comunicado do Ibama com aviso-prévio de operações de fiscalização contra desmatamento e garimpo na região Sudoeste do Pará. É praxe que ações de fiscalização sejam feitas de forma intempestiva, para evitar que o infrator mascare crime. Também na semana passada, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cumpriu a promessa de reduzir o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), cujos membros caíram de 100 para 23. O conselho ficou centralizado na Presidência, com diminuição da representação social, dos estados e dos municípios.
 
O presidente Bolsonaro vem anunciando que pretende transformar uma sensível área de conservação em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, em uma espécie de Cancún brasileira. A intenção, segundo o presidente, seria incentivar um tipo de turismo considerado de alto impacto pelos especialistas em preservação. Para tanto, ele pretende revogar o decreto que criou a Estação Ecológica de Tamoios. Foi lá que, em janeiro de 2012, Bolsonaro foi multado por pesca ilegal e, em março deste ano, o Ibama exonerou o fiscal que aplicou a multa.

O número de ações consideradas nocivas à saúde humana e ambiental é tamanho que o governo conseguiu algo inédito: todos os ex-ministros do Meio Ambiente, de diferentes espectros políticos, assinaram um comunicado denunciando o que chamam de desmonte da governança ambiental. Sete dos oito ex-ministros se reuniram e, em coletiva de Imprensa, prometeram ações junto às instituições e mobilização social contra o que chamam de ofensivas contra o meio ambiente, identificaram em um comunicado conjunto, que provocou nota do ministro Salles, em resposta, onde nega as consequências apontadas pelos atos da atual administração.

Desmatamento Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazom), entre agosto de 2018 e março de 2019, a Amazônia Legal perdeu 1.974² km de floresta. Foi um aumento de 24% se comparado ao ano anterior. Em 2018, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, o país registrou os maiores números de desmatamento na Região Amazônica e de toda a história na Mata Atlântica, o desmatamento também avançou em Minas, Piauí, Paraná, Bahia e Santa Catarina.


Ao Estado de Minas, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, reafirmou que está é a primeira vez que se criou uma situação em que não há nenhum tipo de avanço, mas um desmantelo do sistema nacional do meio ambiente. “O governo disse que ia acabar com o Ministério do Meio Ambiente. Não acabou do ponto de vista institucional, mas de forma prática”, disse. “O governo, que antes tinha 20%, agora terá 40%. Antes ninguém tinha maioria para impor a vontade. Era um processo com base em argumentos técnicos. Com essa redução, criou-se um desequilíbrio. O governo está liquidando o sistema de conservação e de recursos hídricos, que foi criado a duras penas em décadas, avançando mais ou menos em alguns governos” lamentou a ex-ministra.

Ela critica também a proposta de usar recursos do Fundo Amazônia para indenizar donos de propriedades privadas que vivam em áreas de unidades de conservação. O fundo de R$ 3,4 bilhões conta com doações da Noruega e da Alemanha para preservação e combate ao desmatamento.

“Querem usar o fundo para regularização de ocupação ilegal e de origem duvidosa, na contramão dos interesse dos doadores do fundo.”

Leniência com o crime “Eu nunca vi o presidente da República ou o ministro fazerem uma declaração contra um criminoso ambiental. As declarações deles são sempre contra quem combate o crime. Não contra o crime”, indigna-se o diretor de Políticas Públicas do Greenpeace, Márcio Astrini. Para ele, quem está liderando a pasta é quem determina o ambiente dentro do órgão, que afirma, é de perseguição.

Outra evidência de conivência com o crime ambiental que Astrini aponta é a criação, pelo ministro Salles, em março, por meio de decreto, de uma Câmara de Conciliação de Multas Ambientais. “É como se fosse a ante sala de todo processo de multas e fiscalização. Antes da multa ser validada, vai para essa Câmara, sem prazo para julgamento. Corre-se o risco de ter todas as multas jogadas em um limbo eterno de análise e elas nunca serem efetivadas”, destaca.

Para o secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, o Brasil deve se orgulhar da biodiversidade e recursos hídricos que abriga, mas, para ele, Bolsonaro tem visto o meio ambiente como algo a ser dominado, conquistado e tirado do meio do caminho como se fosse um empecilho para o desenvolvimento do país, e não como algo que poderia tornar o país uma potência, por meio do desenvolvimento sustentável.

“A agenda de retrocessos é galopante. Deveriam olhar os recursos naturais como ativos. Vemos a redução das fiscalizações. O ICMBio não teve nenhuma ação de fiscalização na Amazônia em abril. Isso mostra que existe redução da fiscalização e que aqueles que têm sido combatidos são os funcionários dos órgão e ONG’s que atuam há décadas na conservação da biodiversidade. Não se pode ter um pacote que visa a combater a criminalidade do país e, por outro lado, ser tolerante com o crime ambiental”, diz.

Para ele, a imagem do país fica cada vez pior no mercado internacional e o país vai perder, além de florestas, mercado. Ele acredita que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, precisam se preocupar. “Não adianta reformar a Previdência e investir em medidas de estímulo econômico e ter a maior agenda antiambiental”.

Indiferença com as mudanças climáticas
O especialista em desenvolvimento sustentável e em agricultura e meio ambiente da Universidade de Brasília (UNB) Adolfo Dalla Pria também vê perigo no discurso do governo que, segundo ele, está alheio às consequências das mudanças climáticas. “O principal desafio é o posicionamento do atual governo de não aceitar as questões climáticas como importantes. É uma decisão pouco estratégica. Somos um país onde a maior parte do Produto Interno Bruto (PIB) depende da agricultura.
Ele lembra que a população está crescendo, portanto, há maior demanda por alimentos e proteína animal. Temos um mercado futuro que vai pressionar a questão agrícola. Mas, se as mudanças na dinâmica da chuva, afetam a produção agrícola, energética e o fornecimento de água para as cidades.

Logo, não se importar com mudança climática é um contrassenso”, observa.
Para ele, o governo não demonstra preocupação e ação preventiva com as populações pobres, principais afetadas por eventos extremos provocados pelas alterações do clima. “Quando há mudança na intensidade das chuvas, em vez de estarem distribuídas de forma homogênea, há intensidade que afetam mais as populações que moram em áreas marginalizadas, pelas inundações, por exemplo. Se chove menos, a população do campo, que depende exclusivamente do que produz, passa fome”, explica. O Estado de Minas entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente para ouvir um porta-voz sobre críticas à atual política ambiental, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. (IS e CD)

Aquecimento global e doenças infecciosas

Aquecimento global e doenças infecciosas

Um dos mais importantes problemas de saúde do mundo, a presença de agentes antimicrobianos, as vacinas desenvolvidas contra muitas doenças, inseticidas, progresso na infraestrutura da cidade e vigilância regular, foram significativamente reduzidos e até erradicados no tempo, especialmente em países desenvolvidos. Apesar desse progresso, as doenças infecciosas são um problema importante hoje, como foi ontem. As doenças infecciosas, que constituem um importante problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, ainda são responsáveis ​​por ¼ das mortes ocorridas no mundo (1-3).
 
A frequência de doenças infecciosas é influenciada por vários fatores. Condições climáticas sazonais e outras condições biológicas e ecológicas, a prevalência e virulência do patógeno, a idade e a imunidade do hospedeiro afetam a incidência de infecções.
 
Novas doenças infecciosas foram identificadas, especialmente nos últimos 20 a 30 anos, e as doenças infecciosas se tornaram mais importantes em muitos países ao redor do mundo.
 
Doença de Lejioner, doença de Lyme, vírus da imunodeficiência humana (VIH) / SIDA, hepatite C, hepatite E, infecção por Cryptosporidium e Cyclospora, doença da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina (BSE) / (variante ainda doença de Creutzfeldt-Jakob), vírus Nipah , febre hemorrágica diferente (doença da Crimeia-Congo em nosso país), SARS, gripe aviária são os primeiros a vir à mente entre esses novos fatores ou doenças infecciosas. Além do surgimento dessas novas doenças, o surgimento de doenças antigas, como tuberculose e cólera, no nível de maior importância, chamará a atenção para as mudanças na ecologia humana (1,2).
Viagens e comércio, conflitos e guerras prejudicam a estrutura social, as mudanças de comportamento pessoal, os danos florestais generalizados causados ​​pelas pessoas e as mudanças climáticas resultantes afetam adversamente as doenças infecciosas (1).

A humanidade enfrentará riscos maiores à medida que a ignorância política, a desconsideração e a persistência continuarão a controlar as condições que perturbam o meio ambiente, especialmente a eliminação de florestas (1,3-8).
 
O uso irracional da tecnologia médica e as possibilidades oferecidas também traz riscos. O uso indiscriminado de antimicrobianos, um dos maiores desenvolvimentos no século passado para a humanidade, criou uma séria resistência nos fatores e trouxe a questão sobre se chegamos ao fim da era dos antibióticos.
Compreender as dinâmicas sociais que causam este aumento de doenças infecciosas, juntamente com outros problemas, e tomar as medidas necessárias com urgência, pode parar os desenvolvimentos que ameaçam a existência da humanidade.
 
Efeitos do aquecimento global nas infecções
C O aquecimento global é o processo de aumentar artificialmente a temperatura da terra com camadas atmosféricas próximas à terra como resultado do intenso aumento da atmosfera de alguns gases, que são definidos como gases de efeito estufa (dióxido de carbono, gás clorofluorcarbono, metano, óxidos de nitrogênio, ozônio e vapor de água) como resultado de várias atividades das pessoas. "(7). Em outras palavras, o aquecimento global é o processo de aumento sistemático de temperatura em todo o mundo e é simplesmente a ascensão do fogo do mundo Díger (7,8). A mudança climática global é devida à mudança em outros elementos climáticos (precipitação, umidade, movimentos aéreos, seca, etc.) devido ao aquecimento global, e é considerada a mais perigosa das catástrofes ecológicas que foram realizadas e realizadas (7).
Um aquecimento global e uma mudança climática global começaram a trazer consequências (furacões, inundações e secas, redução na produção / escassez de nutrientes) devido ao acúmulo inconsciente de florestas e outras atividades pelas pessoas. (1,2,4-21).
 
O aquecimento global afetará a freqüência e os fatores de doenças infecciosas, além de causar diferentes desastres para a humanidade (1,2, 4-20).
 
Como resultado do aquecimento global, insetos que são o vetor de alguns agentes infecciosos que não foram vistos antes, são vistos nas últimas duas décadas em lugares mais altos. Espera-se que a temperatura média mundial aumente para 2oC até 2100; isso afetará a transmissão e disseminação de doenças infecciosas. É relatado que o aumento da temperatura aumentará o crescimento de diferentes patógenos e encurtará o período de incubação (5). Novos vetores serão capazes de sobreviver e, naturalmente, novas doenças infecciosas serão observadas e a geografia das doenças infecciosas mudará. O vetor da malária e da doença de deng aumenta a temperatura à noite para criar um ambiente adequado para os mosquitos (2,5,6).
 
A associação de doenças infecciosas com estações é bem conhecida. Resfriados, gripe, infecções pneumocócicas e diarréia por rotavírus nos meses de inverno, infecções por infecções respiratórias (VSR) e sarampo na primavera, pólio e outras infecções por enterovírus no verão, infecções por vírus parainfluenza são mais comuns no outono (1.6).
 
As mortes relacionadas à temperatura podem ocorrer em diferentes países como resultado das mudanças climáticas. A drástica redução dos recursos hídricos como resultado da seca levará à falta de saneamento e as doenças pandêmicas ameaçarão a humanidade. Surtos de cólera em vários países, inclusive nas Américas, são um exemplo disso (5,11). Inundações e inundações causadas por chuvas instáveis ​​entre as mudanças climáticas aumentam as infecções transmitidas pela água, a diarréia parasitária e induzida por bactérias (1,2,6,8). A malária, a dengue e outras encefalites virais estão entre as doenças infecciosas mais comuns afetadas pelas mudanças climáticas (2). Observa-se também que os surtos de meningite meningocócica ocorrem após ventos secos e diminuem com o início da chuva (10).
 
Observações após a tempestade El-Nino (em 1997-98) mostraram que o mosquito, roedores e infecções transmitidas pela água aumentaram. Tufões e chuvas de monção são outra importante causa da malária. Cólera em Bangladesh e Peru, cryptosporidia e encefalite por arbovírus nos EUA, infecções por hantavírus, leishmaniose, infecções transmitidas pela água e malária e aumento equivalente em diferentes regiões do mundo, especialmente no sul da Ásia e na América do Sul, foram registrados (6,8,11, 17,18). No Brasil, a destruição de florestas e a migração de pessoas para as regiões internas aumentaram em cinco vezes a freqüência de malária, o Plasmodium vivax diminuiu e o curso mais grave de infecções por P. falciparum aumentou (21).
 
Na Europa, acredita-se que a malária, a encefalite transmitida por carrapatos, o raquitismo visceral e a leishmaniose visceral estão retornando, e chama-se a atenção para o aumento dessas doenças (4,14).
A febre hemorrágica da Crimeia-Congo, que tem sido observada em nosso país nos últimos anos, parece estar relacionada ao aquecimento global. O hyalomma marginatum, que é o vetor de Nairovirus, que é o agente causador da doença, tem sido sugerido como um carrapato comum nos últimos anos e pode ser devido ao aumento da temperatura (Estrada Pena et al. entrevista pessoal.
 
Vê-se que as mudanças climáticas globais aumentarão os tipos e a frequência de doenças infecciosas, além dos perigos que causarão danos humanos. Além da reversão do sucesso no tratamento com resistência antimicrobiana, a possibilidade de mudanças climáticas globais para aumentar a freqüência de doenças infecciosas e estabelecer as bases para novas infecções parece ser um precursor de um grande desastre para a humanidade em um futuro próximo.
 
Em primeiro lugar, em primeiro lugar, os Estados devem fazer esforços urgentes e intensos para resolver este problema através de medidas e abordagens políticas multifacetadas. A humanidade deve ser informada sobre o desastre do aquecimento global que prepara o fim de seu futuro usando todas as fontes de comunicação. Parar a destruição de áreas florestais e criar rapidamente novas áreas florestais, para limitar a produção e o uso de produtos tecnológicos que perturbem o equilíbrio no universo; A criação de novas fontes de energia que não afetam os gases de efeito estufa, aumentando a harmonia individual e institucional na economia de energia, parece ser uma condição sine qua non para salvar o futuro da humanidade dos desastres (1,2,4,5,7,13,19).
É necessário monitorar as mudanças em termos de infecções, encontrar novas vacinas e agentes antimicrobianos e trabalhar em outras medidas de proteção e controle. Entomologistas, microbiologistas, epidemiologistas, biólogos moleculares e especialistas em doenças infecciosas devem realizar um estudo multidisciplinar de longo prazo com urgência.

http://www.sdplatform.com/Yazilar/Kose-Yazilari/135/Kuresel-isinma-ve-enfeksiyon-hastaliklari.aspx 


Öztürk, que é o autor da SD Platform, nasceu em 1962 em İkizdere (Rize). Ele se formou em Tulumpinar Village, Mehmet Akif Escola Primária, Ikizdere Middle School, Rize High School, Universidade de Istambul (Universidade de Istambul) Cerrahpasa Medical Faculty (1984). Ele se especializou em doenças infecciosas e microbiologia clínica. Cerrahpaşa Faculdade Médica fez. Ele se tornou professor associado em 1994 e professor em 2000. IU Ele se aposentou em 2016 da Faculdade de Medicina da Faculdade de Medicina de Cerrahpaşa. Em 2009-2013, foi membro do Conselho de Educação Superior (YÖK) e em 2011-2015 foi membro e vice-presidente do Conselho Médico Especializado (TUK). Ele é membro do Conselho Nacional de Prevenção e Controle de Infecções do Ministério da Saúde e Conselho Consultivo de Imunização. As áreas prioritárias são infecções hospitalares, diarreia infecciosa, diagnóstico laboratorial de doenças infecciosas e qualidade e acreditação no ensino superior. Dr. Atualmente, ele é chefe do Departamento de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de Medipol em Istambul e é o Coordenador Universitário de Qualidade.

 
recursos
1.Weiss RA, McMichael AJ. Fatores de risco socioambiental. Nat Med. 2004; 10 (12 Suppl): S70-6.
2. Patz JA, Epstein PR, Burke TA, Balbus JM. Mudança climática global e emergente. JAMA 1996, 17; 275: 217-23.
3. http://www.who.int/infectious-disease-report/2002/pdfversion/indexpdf.html
4. Greenwood B, Blakebrough I, Bradley A, Wali S, Whittle H. Doença meningocócica e temporada na África subsaariana. Lancet 1984; i: 1339-1342.
5. Colwell R, Epstein P, Gubler D, et al. Mudança climática global e doenças infecciosas. Emerg Infect Dis 1998: 4: 451-2
6. Erdem H, Pahsa A. Mudança do mundo e doenças infecciosas. Revista CLIMATE, 2003; 16: 8-10.
7. Çepel N, Ergün C. Aquecimento global e mudança climática global. http://www.tema.org.tr/tr/cevre_kutuphanesi/kuresel_isinma/kuresel_isinma.htm (data de acesso: 4.3.2007)
8. http://www.cevreorman.gov.tr/hava_02.htm (data de acesso: 3.3.2007)
8. Ivers LC, Ryan ET.Infecções infecciosas de desastres naturais relacionados com o clima e inundações. Curr Opin Infect Dis. 2006; 19 (5): 408-14.
7. Haines A, Kovats RS, Campbell-Lendrum D, Corvalan C. impactos, vulnerabilidade e mitigação. Lancet. 2006; 367: 2101-9.
10. Mares C, Miranda J, AI Gil, Leon-Barua R, J Patz, Huq A, Colwell RR, Sack RB. Novos insights sobre o surgimento da cólera na América Latina durante 1991: a experiência peruana. Am J Trop Med Hyg. 2000; 62: 513-7
11.Sallares R, Bouwman A, Anderung C. A propagação da malária no sul da Europa. Med Hist. 2004; 48: 311-28
12.Kuhn KG, Campbell-Lendrum DH, Armstrong B, Davies CR. Malária na Grã-Bretanha: passado, presente e futuro. Proc Natl Acad Sei. A. 2003 19; 100: 9997-10001.
13. Blanco JR, Oteo JA. Rickettsiose na Europa. Ann NY Acad Sci. 2006; 1078: 26-33.
14. Githeko AK, Lindsay SW, Confalonieri UE, Patz JA. Alterações climáticas e doenças transmitidas por vetores. Órgão Mundial de Saúde da Bull. 2000; 78: 1136-1147.
15. Casimiro E, Calheiros J, Santos FD, Kovats S. Avaliação nacional da saúde humana. Perspectiva de saúde do ambiente. 2006; 114: 1950-6.
16. Kovats RS, Bouma MJ, Hajat S, Worrall E, Haines A. El Nino e saúde.
Lancet. 2003; 362: 1481-9.
17. Bouma MJ, Dye C. Ciclos do El Niño na Venezuela. JAMA 1997; 278: 1772-4
18. Anyamba A, Chrétien JP, Small J, Tucker CJ, Linthicum KJ. Desenvolvendo o clima global. 2006; 5: 60
19. Mabaso ML, Kleinschmidt I, Sharp B, Smith. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2007; 101: 326-30.
20. McGreevy PB, Dietze R, Prata A, Hembree SC. Efeitos da imigração na Amazônia. Mem Inst. Oswaldo Cruz 1989; 84: 485-91.
Publicado no Health Thought Journal de março de 2007 .