quarta-feira, 28 de abril de 2021

Serragem de madeira vira plástico totalmente biodegradável

 

Serragem de madeira vira plástico totalmente biodegradável

Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/04/2021

Serragem de madeira vira plástico totalmente biodegradável
Da serragem de madeira ao plástico totalmente biodegradável.
[Imagem: Qinqin Xia et al. - 10.1038/s41893-021-00702-w]

Plástico de madeira

Um bioplástico de alta qualidade foi criado a partir de subprodutos da madeira, descartados por serrarias, marcenarias e pela indústria de papel e celulose.

"Desenvolvemos um processo de fabricação direto e simples que gera plásticos à base de biomassa a partir da madeira, mas um plástico que também oferece boas propriedades mecânicas," conta o professor Yuan Yao, da Universidade de Yale, nos EUA. "Muitas pessoas tentaram transformar esses tipos de polímeros em plástico, mas as fitas não eram boas o suficiente para substituir os plásticos que usamos atualmente, que são feitos principalmente de combustíveis fósseis."

O processo começa com a desconstrução da matriz porosa da madeira natural, para produzir uma massa pastosa.

Os pesquisadores usaram serragem - um pó de madeira descartado como lixo em serrarias e marcenarias - e desconstruíram a estrutura porosa e solta desse pó com um solvente eutético profundo (DES), que é biodegradável e reciclável - uma mistura eutética é uma mistura homogênea de substâncias que derrete ou solidifica a uma temperatura que é inferior ao ponto de fusão de qualquer um dos seus constituintes.

O material resultante apresenta estabilidade para reter líquidos, resistência à luz ultravioleta e uma alta resistência mecânica, graças a um emaranhamento das fibras em nanoescala e a ligações de hidrogênio entre a lignina regenerada e as micro/nanofibrilas da celulose.

Serragem de madeira vira plástico totalmente biodegradável
O plástico mostrou-se resistente e flexível, resistindo inclusive a dobras fechadas.
[Imagem: Qinqin Xia et al. - 10.1038/s41893-021-00702-w]

Resistente e biodegradável

Com alto teor de sólidos e alta viscosidade, o material não é mais madeira, mas plástico, podendo ser fundido e laminado sem quebrar.

Ele também pode ser reciclado ou biodegradado no ambiente natural, com um impacto ambiental de ciclo de vida menor quando comparado com os plásticos à base de petróleo e outros plásticos biodegradáveis.

Para testar isso, a equipe enterrou folhas do bioplástico no solo. O material fraturou-se após duas semanas e degradou-se completamente após três meses.

"Isso, para mim, é o que realmente torna esse plástico bom: ele pode ser reciclado ou biodegradado," disse Yao. "Minimizamos todos os materiais e resíduos que hoje vão para a natureza."

O bioplástico tem inúmeras aplicações. Ele pode ser moldado em um filme que pode ser usado em sacos plásticos e embalagens, que é um dos principais usos do plástico. E, como o bioplástico pode ser moldado em diferentes formatos, ele tem potencial para uso na manufatura, com resistência inclusive para ser usado em peças de automóvel.

Bibliografia:

Artigo: A strong, biodegradable and recyclable lignocellulosic bioplastic
Autores: Qinqin Xia, Chaoji Chen, Yonggang Yao, Jianguo Li, Shuaiming He, Yubing Zhou, Teng Li, Xuejun Pan, Yuan Yao, Liangbing Hu
Revista: Nature Sustainability
DOI: 10.1038/s41893-021-00702-w

Cármen Lúcia vê ‘gravidade incontestável’ e manda para a PGR notícias-crime contra Salles

 



Cármen Lúcia vê ‘gravidade incontestável’ e manda para a PGR notícias-crime contra Salles

DELEGADO FEDERAL E PDT APONTARAM AO STF SUPOSTA ATUAÇÃO DO MINISTRO DO MEIO AMBIENTE PARA ATRAPALHAR APURAÇÃO DA MAIOR APREENSÃO DE MADEIRA DO BRASIL. ENVIO AO MP É PRAXE NO SUPREMO.

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia determinou nesta terça-feira (27) que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre duas notícias-crime apresentadas contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por suposta atuação para atrapalhar a apuração da maior apreensão de madeira do Brasil.

Segundo a ministra, os fatos narrados são de “gravidade incontestável” e envolvem “tema de significação maior para a vida saudável do planeta, como é a questão ambiental“.

Leia também:

Um dos pedidos de investigação foi apresentado pelo delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, que era superintendente da PF no Amazonas no momento do envio. O PDT também pediu apuração.

Veja, no vídeo abaixo, um resumo das notícias-crime apresentadas ao STF:

STF começa a analisar o pedido da PF para investigar Salles

As duas notícias-crime envolvem a suspeita de que Salles, o senador Telmário Mota (Pros-RR) e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, tenham agido para dificultar a investigação da Polícia Federal sobre a maior apreensão de madeira da história – mais de 200 mil metros cúbicos – e defender o interesse de madeireiros.

É praxe que ministros do STF enviem esse tipo de ação para manifestação da PGR, que é responsável por propor investigação do de autoridades com foro ao Supremo.

“Vindo a esta relatoria notícia-crime de gravidade incontestável e de descrição minudente de aparente antijuridicidade de práticas relatadas, há de se determinar o encaminhamento da petição para exame do Procurador-Geral da República e para o exercício de suas atribuições constitucionais”, escreveu a ministra.

Decisão

Na decisão, a ministra cobrou uma atuação firme da PGR, que é responsável definir se será aberta uma investigação formal sobre os fatos. Para Cármen Lúcia, eventual arquivamento do caso deverá ser devidamente justificado.

“O juízo a ser exarado sobre a continuidade da investigação sobre fato noticiado como informação sobre prática criminosa não pode ser ato arbitrário do órgão acusatório competente [MPF]”, afirmou.

A ministra disse ainda que se “não é aceitável a intervenção estatal sem fundamento a impor investigações sem causa provável, também não é admissível a inação motivada por interesses pessoais de quem quer que seja”.

7 polêmicas sobre o ministro Ricardo Salles

“Reitere-se, não há subjetivismo na decisão de ‘arquivar’ ou ‘deflagrar’ investigação contra alguém. Em qualquer situação, a decisão haverá de ser motivada objetiva e formalmente”, insiste Cármen Lúcia no documento.

Apesar de a direção da Polícia Federal ter exonerado Alexandre Saraiva do cargo de superintendente no Amazonas na semana seguinte à divulgação da notícia-crime, o delegado continua à frente da investigação.

A Polícia Federal disse que a substituição da chefia da superintendência no Amazonas foi decidida e comunicada ao delegado Saraiva antes de ele apresentar a notícia-crime ao Supremo.

O senador Telmário Mota afirmou que entrou com uma representação na Corregedoria da Polícia Federal contra o delegado por abuso de autoridade. O Ministério do Meio Ambiente e o Ibama não se manifestaram.

Fonte: G1

Extinção de grandes animais: Fósseis e teorias não batem

 

Extinção de grandes animais: Fósseis e teorias não batem

Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/04/2021

Extinção de grandes animais não é tão simples como se pensava
Algumas das espécies ainda vivas estavam nos primeiros lugares nas previsões de probabilidade de extinção, segundo os critérios adotados hoje pelos cientistas.
[Imagem: Corey J. A. Bradshaw et al. - 10.7554/eLife.63870]

Megafauna

A rápida extinção de animais gigantes, incluindo pássaros com mais de dois metros de altura, lagartos com mais de sete metros de comprimento e criaturas parecidas com vombates do tamanho de carros, que antes perambulavam pelo continente australiano, é um quebra-cabeça que desafia os biólogos há muito tempo.

De fato, criaturas gigantescas perambularam pela Terra toda muito depois da época dos dinossauros, como as muito recentes preguiças gigantes no Nordeste Brasileiro, com seus mais de seis metros de altura e quatro toneladas de peso.

Corey Bradshaw e seus colegas da Universidade Flinders, na Austrália, contudo, estudaram especificamente a megafauna do antigo continente de Sahul, ou Meganésia, que compreendia os atuais territórios da Austrália, Tasmânia e Nova Guiné.

E eles descobriram que as explicações aceitas pelos cientistas sobre as razões do desaparecimento desses animais não se sustentam.

Causas da extinção de animais

Usando várias características - como tamanho do corpo, peso, expectativa de vida, taxa de sobrevivência e fertilidade - a equipe criou modelos de simulação populacional baseadas nas teorias atuais para prever a probabilidade dessas espécies sobreviverem sob diferentes tipos de distúrbios ambientais.

As simulações incluíram tudo, desde o aumento das secas ao aumento da pressão de caça por hominídeos, tudo para ver quais espécies de 13 megafaunas extintas - bem como de 8 espécies comparativas ainda vivas hoje - teriam as maiores chances de sobreviver.

A equipe esperava confirmar que as espécies mais propensas à extinção foram as primeiras espécies a se extinguir - mas esse não foi necessariamente o caso.

Embora as simulações tenham mostrado que as espécies de crescimento mais lento e com fertilidade mais baixa - como o Diprotodon, um vombate do tamanho de um rinoceronte - eram geralmente mais suscetíveis à extinção do que as espécies mais fecundas, a classificação de suscetibilidade relativa entre as espécies não correspondeu ao momento de suas extinções documentadas no registro fóssil.

"Não encontramos nenhuma relação clara entre a vulnerabilidade inerente de uma espécie à extinção - como ser mais lenta e pesada e/ou mais lenta para se reproduzir - e o momento de sua extinção no registro fóssil," explicou o professor Bradshaw. "Na verdade, descobrimos que a maioria das espécies vivas usadas para comparação - como equidnas de bico curto, emus, perus-do-mato e vombates comuns - eram em média mais suscetíveis [à extinção] do que suas contrapartes agora extintas."

Primeiros princípios da biologia

Na verdade, algumas das espécies ainda vivas estavam nos primeiros lugares nas previsões de probabilidade de extinção segundo os critérios adotados hoje pelos cientistas.

Os pesquisadores concluíram que a verdadeira cascata de extinção provavelmente é resultado de cenários complexos e localizados, incluindo impactos da variação climática regional e diferentes pressões regionais.

"Nossos resultados dão suporte à ideia de que o risco de extinção pode ser alto em todos os tamanhos de corpo, dependendo da ecologia particular de uma espécie, o que significa que prever extinções futuras por mudanças climáticas e impactos humanos nem sempre é simples com base nos primeiros princípios da biologia," concluiu o professor Bradshaw.

Bibliografia:

Artigo: Relative demographic susceptibility does not explain the extinction chronology of Sahul's megafauna
Autores: Corey J. A. Bradshaw, Christopher N. Johnson, John Llewelyn, Vera Weisbecker, Giovanni Strona, Frédérik Saltré
Revista: eLife
Vol.: 10:e63870
DOI: 10.7554/eLife.63870

Tinta mais branca do mundo vai resfriar casas

 

Tinta mais branca do mundo vai resfriar casas

Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/04/2021

Tinta mais branca do mundo
Uma câmera infravermelha mostra como uma amostra da tinta mais branca já produzida (o quadrado roxo escuro central à direita) realmente resfria a placa abaixo da temperatura ambiente, algo que as tintas comerciais não fazem (esquerda) - câmeras infravermelhas mostram o que é mais quente como sendo mais claro.
[Imagem: Joseph Peoples/Purdue University]
Tinta mais branca do mundo

No ano passado, pesquisadores da Universidade Purdue, nos EUA, apresentaram uma tinta branca capaz de resfriar prédios mesmo sob sol direto graças ao fenômeno da refrigeração radiativa.

Agora eles se superaram e transformaram seu revestimento na tinta mais branca já fabricada até hoje.

A nova formulação mais branca reflete até 98,1% da luz solar - em comparação com 95,5% da luz solar refletida pela tinta ultrabranca anterior - e envia o calor infravermelho para longe de uma superfície ao mesmo tempo.

Esse resultado é comparável à tinta mais preta já fabricada, que absorve 99,96% da luz - já existe um produto comercial que garante absorver 99,9% da luz.

"Se você usar essa tinta para cobrir uma área de telhado de cerca de 1.000 pés quadrados [92,9 m2], estimamos que você poderia obter uma potência de resfriamento de 10 quilowatts. Isso é mais potência do que os condicionadores de ar centrais usados pela maioria das casas," disse o professor Xiulin Ruan.

Embora esquentem menos do que as tintas mais escuras, as tintas brancas comerciais atuais também esquentam ao Sol. Assim, mesmo refletindo de 80% a 90% da luz solar, elas não conseguem tornar as superfícies mais frias do que o ambiente.

O que torna a tinta mais branca tão branca

Duas características conferem à tinta sua brancura extrema.

Uma é a concentração muito alta de um composto químico chamado sulfato de bário, que também é usado para tornar brancos os papéis fotográficos e cosméticos.

Tinta mais branca do mundo
O professor Xiulin Ruan mostra a superfície testada na foto do início da reportagem, com um quadrado pintado com a tinta capaz de resfriar as superfícies.
[Imagem: Jared Pike/Purdue University]

"Analisamos vários produtos comerciais, basicamente qualquer coisa branca," contou o pesquisador Xiangyu Li. "Descobrimos que, usando o sulfato de bário, você pode, teoricamente, tornar as coisas muito, muito reflexivas, o que significa que elas são muito, muito brancas."

A segunda característica é que as partículas do sulfato de bário têm tamanhos muito irregulares. Como o quanto cada partícula espalha ou reflete a luz depende do seu tamanho, uma gama mais ampla de tamanhos permite que a tinta reflita uma parte maior do espectro da luz do Sol.

A equipe conseguiu níveis de brancura até maiores do que o seu produto final, mas isso compromete a sua transformação em uma tinta resistente e que possa ser aplicada sobre qualquer superfície. O nível ideal de sulfato de bário foi alcançado com uma concentração de 60%.

"Embora uma concentração de partículas mais alta seja melhor para fazer algo branco, você não pode aumentar muito a concentração. Quanto maior a concentração, mais fácil será para a tinta quebrar ou descascar," disse Li.

Tinta branca que resfria

Ser a tinta mais branca do mundo também significa que ela consegue ultrapassar a eficiência necessária para efetivamente conseguir resfriar as superfícies em relação à temperatura ambiente - e, claro, ela é a tinta que mais esfria já produzida.

Durante os testes de campo, a tinta permaneceu mais de 4,5 °C abaixo da temperatura ambiente, atingindo um poder de resfriamento passivo médio de 117 W/m2.

Bibliografia:

Artigo: Ultra-white BaSO4 Paints and Films for Remarkable Daytime Subambient Radiative Cooling
Autores: Xiangyu Li, Joseph Peoples, Peiyan Yao, Xiulin Ruan
Revista: ACS Applied Materials & Interfaces
DOI: 10.1021/acsami.1c02368

Concreto sem cimento revoluciona construção civil e protege o ambiente

 

Concreto sem cimento revoluciona construção civil e protege o ambiente

Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/04/2021

Concreto sem cimento revoluciona construção civil e protege o ambiente
A nova técnica une diretamente as partículas de areia, sem precisar de cimento.
[Imagem: IIS/University of Tokyo]

Concreto sem cimento

Pesquisadores japoneses desenvolveram um novo método de produção de concreto - sem usar cimento.

Eles ligaram diretamente as partículas de areia por meio de uma reação simples em álcool, na presença de um catalisador.

Se puder ser escalonada economicamente do laboratório para a indústria, a descoberta tem potencial para mudar não apenas todo o setor de construção civil, mas também reduzir drasticamente as emissões de carbono originadas da produção de cimento.

O material de construção mais utilizado hoje no mundo é o concreto, que é uma mistura de agregados (areia e brita), água e cimento. E a produção de cimento responde por 95% da pegada de CO2 do concreto - para cada quilograma de cimento produzido, 0,7 kg de CO2 são liberados para a atmosfera.

Além disso, apesar de haver uma grande quantidade de areia no mundo, a disponibilidade de areia para a produção de concreto é bastante limitada porque as partículas de areia devem ter uma distribuição de tamanho específica para fornecer fluidez ao concreto - não dá para usar a areia do Saara para fazer concreto usando cimento, por exemplo.

Assim, uma nova abordagem para produzir concreto, sem usar cimento, e a partir de materiais inesgotáveis, pode ser revolucionária.

Substituto do cimento

Yuya Sakai e Ahmad Farahani, da Universidade de Tóquio, fizeram um paciente trabalho de alquimia para encontrar um composto que conseguisse unir os grãos de areia sem precisar do cimento.

Eles acharam o candidato ideal no tetraalcoxissilano, um composto capaz de induzir um processo conhecido como transição sol-gel - o resultado final é um gel.

"Os pesquisadores podem produzir tetraalcoxissilano a partir da areia por meio de uma reação com álcool e um catalisador por meio da remoção da água, que é um subproduto da reação. Nossa ideia era deixar a água para fazer a reação alternar reversivelmente de areia para tetraalcoxissilano, para unir as partículas de areia entre si," explicou Sakai.

Parece simples, mas a ideia foi apenas o primeiro passo da alquimia.

Concreto sem cimento revoluciona construção civil e protege o ambiente
Outra inovação recente na área envolveu a fabricação de cimento inspirado na madeira.
[Imagem: Faheng Wang et al. - 10.1002/advs.202000096]

Os pesquisadores colocaram um copo feito de folha de cobre dentro de um reator com areia, álcool e os silanos, e então variaram paciente e sistematicamente as condições de reação: Quantidades de areia, de álcool, do catalisador e dos agentes de desidratação, além da temperatura de aquecimento e do tempo de reação.

Segundo eles, obter um produto com resistência suficiente para funcionar como concreto envolveu principalmente encontrar a proporção certa de areia, silanos e álcool.

"Nós obtivemos produtos suficientemente fortes com, por exemplo, areia de sílica, contas de vidro, areia do deserto e areia da Lua simulada," contou Farahani. "Essas descobertas podem promover um movimento em direção a uma indústria de construção mais verde e econômica em todos os lugares da Terra. Nossa técnica não requer partículas de areia específicas usadas na construção convencional. Isso também ajudará a resolver as questões de mudança climática e desenvolvimento espacial."

Construções mais duráveis, aqui e no espaço

Como a nova técnica não depende do formato das partículas de areia, ela pode permitir construir edifícios e estruturas em regiões desérticas - até mesmo na Lua ou em Marte.

Além disso, embora a equipe não tenha realizado testes de resistência, eles acreditam que o concreto sem cimento pode ter uma durabilidade melhor do que o concreto convencional porque a pasta de cimento comum é relativamente fraca contra o ataque químico e apresenta grandes variações de volume devido à temperatura e umidade, o que faz o concreto trincar e rachar com facilidade.

Bibliografia:

Artigo: Production of Hardened Body by Direct Bonding of Sand Particles
Autores: Yuya Sakai, Ahmad Farahani
Revista: Seisan Kenkyu
Vol.: 75

A identificação genética como uma grande aliada na conservação dos tubarões

 




A identificação genética como uma grande aliada na conservação dos tubarões

Pesquisadores da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) analisaram como a identificação genética dos tubarões pode ser uma metodologia chave na conservação das espécies, atualmente muito impactadas pelas atividades humanas.

Os tubarões existem na Terra a cerca de 420 milhões de anos, um tempo extraordinário comparado aos aproximadamente 300 mil anos do Homo sapiens (ser humano moderno). Como verdadeiros especialistas, sobreviveram a cinco extinções em massa, sendo a última a que extinguiu os dinossauros. Agora, enfrentam uma nova ameaça, os contínuos impactos diretos e indiretos do ser humano ao meio ambiente.

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Além de sua antiga história evolutiva, esses animais incríveis são essenciais para a conservação dos ecossistemas, desempenhando uma série de funções para a natureza, com destaque as seguintes:

  • Manutenção das cadeias alimentares: Os tubarões atuam equilibrando as populações de presas, que por sua vez, exercem também uma função dentro da cadeia alimentar;
  • Presas saudáveis: Mantem a população de presas saudáveis, se alimentando de animais mais debilitados, feridos ou doentes;
  •  Presas com melhores condições genéticas: Ao se alimentarem de indivíduos debilitados, a população daquela espécie mantém os animais com condições genéticas e de adaptação melhores – passando este gene adiante.

Apesar dos benefícios, os tubarões sofrem uma grande pressão humana e vem apresentando indícios do impacto em suas populações. Segundo a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), foi identificada em 2016 a pesca de 770 mil toneladas de tubarões capturados no mundo, além de raias e quimeras.

A cruel prática do finning

A prática do finning, consiste em capturar o tubarão, retirar a nadadeira – e devolvê-lo ao mar mutilado. A nadadeira dos tubarões é muito cobiçada em mercados asiáticos, devido a associação de poderes afrodisíacos e representação de status social.

Estima-se que cerca de 100 milhões de tubarões são mortos anualmente dentro deste mercado, e não se engane, esta prática mesmo sendo ilegal ocorre em águas brasileiras.

Segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, estas são algumas espécies de tubarões com grau de ameaça encontradas no Brasil:

  • Carcharhinus longimanus tubarão-galha-branca;
  • Carcharhinus obscurus cação-fidalgo, machote, cação-baía, cabeça-chata do sul;
  • Carcharhinus perezi tubarão-dos-recifes, tubarão-caribenho-dos-recifes;
  • Carcharhinus plumbeus tubarão-galhudo, tubarão-sucuri;
  • Carcharhinus porosus cação-azeiteiro, cação rabo-fino (região nordeste), tubarão-junteiro (MA); 
  • Carcharhinus signatus cação-noturno, tubarão-toninha, machote;
  • Alopias superciliosus tubarão raposa;  
  • Sphyrna lewini tubarão martelo.

Dentro desta temática, um dos principais obstáculos em identificar as espécies que estão sendo mais impactadas pela prática do finning – e se as mesmas estão com algum grau de ameaça de extinção – se deve ao fato dos animais serem encontrados fragmentados, impossibilitando toda esta análise.

Identificação genética como metodologia chave para a conservação dos tubarões

O Prof. Dr. Alexandre W.S. Hilsdorf, que liderou a pesquisa sobre a identificação genética em tubarões, do Núcleo Integrado de Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes, explica como esta metodologia pode ajudar a entender mais sobre as espécies capturadas na prática do finning.

“O desembarque de tubarões ao redor do mundo é realizado com animais já processados a bordo da frota pesqueira. Esse processamento consiste em retirar as nadadeiras (para venda em separado) e a cabeça. Desta forma, torna-se impossível identificar a espécie que se está pescando. Muitas dessas espécies estão ameaçadas e são protegidas por leis. Para monitoramento da pesca de tubarões e sua sustentabilidade é vital que se tenha informações sobre quais espécies estão sendo desembarcadas nos portos pesqueiros. A genética auxilia nessa tarefa com a identificação por meio do sequenciamento do DNA dos tubarões desembarcados.”

Para esta identificação por meio dos genes, pode-se utilizar uma série de técnicas de sequenciamento de DNA, uma delas é por meio do DNA mitocondrial: “Ao se sequenciar tais regiões pode-se avaliar por meio de bancos de dados qual a espécie a sequência pertence. Usa-se para isso, uma sequência específica do gene Citocromo Oxidase I do DNA mitocondrial. As sequências parciais desse gene de milhares de espécies estão depositadas em um banco de dados chamado BarCoding of Life, disse o professor Dr. Alexandre ao Ambientebrasil.

E a partir destas metodologias, é possível atribuir por exemplo, a probabilidade de qual população o indivíduo pertencia, identificar os limites geográficos de migração e até mesmo verificar onde os tubarões foram capturados.

A identificação genética portanto, pode auxiliar não apenas no melhor entendimento quanto as principais espécies capturadas na prática do finning, como também pode prover uma análise global sobre a conservação dos tubarões, contribuindo para a formulação de políticas públicas mais sustentáveis.  

“A pesca de tubarões principalmente para retirada de nadadeiras é hoje um comércio sem precedentes, com o aumento cada vez maior da pesca desses animais. Tubarões são animais primordiais para o equilíbrio dos oceanos cumprindo um papel vital para sustentabilidade de todas as espécies marinhas. A pesca desenfreada pode levar populações e mesmo espécies de tubarões à extinção com efeitos sem precedentes para vida marinha. A identificação e controle da pesca de tubarões por meio dos órgãos governamentais é basilar para que as populações dessas espécies possam se recuperar e a pesca possa ser realizada de forma sustentável. Face as dificuldades de identificação morfológicas das espécies desembarcadas a implantação de avaliações genéticas sistemáticas é um passo importante para o controle de ações criminosas de pesca ilegal”, destaca o professor Dr. Alexandre.

Em paralelo a diminuição da população de tubarões, a pressão pesqueira insustentável impacta também na diversidade genética das espécies, que pode levá-las a uma maior sensibilidade a influências externas e até mesmo a extinção.

“Além dos efeitos diversos das ações antrópicas sobre os oceanos, como perda de habitat por poluição, destruição de regiões recifais, entre outras; a sobrepesca pode ser hoje uma das causas mais preponderantes para perda de diversidade genética dentro e entre populações de diversas espécies de tubarões.”

A pesquisa liderada pelo Prof. Dr. Alexandre W.S. Hilsdorf do Núcleo Integrado de Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes, em conjunto com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), foi publicada na Revista Scientific American Brasil.

Redação: Ambientebrasil / Maria Beatriz Ayello Leite
Cooperação: Universidade de Mogi das Cruzes / Prof. Dr. Alexandre W.S. Hilsdorf
Para maiores informações sobre a temática acesse:
 https://bit.ly/3tU7OFP