segunda-feira, 27 de maio de 2019

Restam apenas 300 onças-pintadas na Mata Atlântica; ouça podcast

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Restam apenas 300 onças-pintadas na Mata Atlântica; ouça podcast



27 Maio 2019   | 
Atualmente restam apenas 300 animais da espécie (Panthera onca) na Mata Atlântica – isso significa que ela corre o risco de desaparecer. A onça-pintada é um indicador de qualidade ambiental, pois está no topo da cadeia alimentar e necessita de grandes áreas preservadas para sobreviver. 
Por isso, ela foi escolhida para a série de podcasts Barulho da Onça, programas do WWF-Brasil (Fundo Mundial para a Natureza) que estreiam em 27 de maio. A data é o Dia da Mata Atlântica, o bioma em que ela corre mais risco e onde vive atualmente 70% da população brasileira, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Por isso, os programas, de caráter educativo, buscam sensibilizar e conscientizar sobre os riscos a que o felino está exposto. 
As onças-pintadas contam com apenas 10% de florestas remanescentes da Mata Atlântica, sofrem com a caça ilegal, atropelamentos e diminuição das presas naturais. Reduzir essas ameaças é algo fundamental para garantir sua sobrevivência e a integridade dos ecossistemas.
Existe um compromisso global para salvar o felino: em 29 de novembro de 2018 (Dia Nacional e Internacional da Onça Pintada) foi lançado em Foz do Iguaçu, uma das regiões prioritárias na conservação da espécie, o Plano de Conservação Onça Pintada 2030 para as Américas, apoiado pelas principais organizações internacionais de conservação e 14 países da América Latina.

Sobre o Barulho da Onça
Ao longo de cinco meses, dez programas serão lançados quinzenalmente no Spotify e também no Google Cast para estudantes, pesquisadores e admiradores do maior felino das américas. Os podcasts Barulho da Onça abordarão as peculiaridades da onça pintada, seu habitat e relações com o bioma.
Os produtores do programa vão responder dúvidas dos ouvintes no quadro chamado Esturra. As perguntas poderão ser enviadas para o e-mail  barulhodaonca@wwf.org.br ou para o Whatsapp (11) 9.7266-8310.  
O primeiro entrevistado será Ronaldo Morato, coordenador do CENAP - Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros. 
Podcast: Barulho da Onça
Lançamento: 27 de maio
Frequência: a cada 15 dias.

Cidade mineira vive tensão com risco de rompimento de barragem




O risco iminente de rompimento da barragem da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), tem deixado cada vez mais tensos os moradores da região. Segundo a coordenadora nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Maria Júlia Andrade, a maior preocupação é com a possibilidade de o rompimento de um talude gerar uma movimentação sísmica que comprometa de vez a barragem.

De acordo com a coordenadora, a forma como as informações estão sendo repassadas pela Vale é inadequada, o que tem gerado “pânico e terror” na população local. Maria Júlia diz que há uma preocupação muito grande, nos últimos dias, após ter vindo à tona a informação de que existe um talude da cava da mina prestes a desmoronar.

“Este problema já existia, mas ele só veio à tona agora. E o maior problema é que esta cava está localizada muito perto, cerca de 300 metros, da barragem que já estava em risco máximo há mais de três meses”, disse a coordenadora.

Na avaliação do MAM, “as informações [sobre os riscos] são dadas a conta-gotas, e o pânico e o terror estão generalizados [na região]. As pessoas não sabem se o risco é real, não sabem se a barragem vai romper ou não. Só sabem que existe um pânico e um medo de uma bomba relógio em cima de suas cabeças”, disse.

A reportagem da Agência Brasil não conseguiu contatar a assessoria da Vale até o fechamento desta matéria.

Preocupação

Dono de um hotel e de uma loja de utilidades e presentes localizadas na área de risco, o empresário Luís Felipe Eboli disse que a maioria das pessoas que vivem na região têm dito que o município de Barão de Cocais “vai acabar”.

“A população já sabe que a cidade em si não vai existir mais. Uma maré de lama vai envolver a cidade toda. Muitos já pensam no que fazer depois, sabendo que o turismo deixará de existir, bem como a atividade minerária. A cidade pode sucumbir. Portanto não há o que fazer. Todos os comerciantes estão preocupados. Ninguém tem coragem de investir desde quando teve esse alarme indicando a possibilidade de rompimento da barragem. A cidade parou”, disse o empresário.

Simulação

No último sábado (18), foi feita uma simulação de emergência que reuniu cerca de 1,6 mil pessoas, número que representa 26,75% das mais de 6 mil pessoas que eram esperadas. Essa foi a segunda simulação de evacuação na cidade. O objetivo da atividade foi reforçar as orientações e o treinamento da população residente na Zona de Segurança Secundária do município. Eles receberam instruções de como proceder em caso de emergência com a barragem Sul Superior da mina Gongo Soco.

Segundo o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), a barragem poderia se romper de ontem (19) – o que não aconteceu -, até 25 de maio (no próximo sábado). Diante da situação, os procuradores fizeram recomendações para que a mineradora Vale adotasse “imediatamente” uma série de medidas para deixar claro à população de Barão de Cocais sobre os riscos de rompimento da barragem de mineração Sul Superior, da Mina de Gongo Soco.

De acordo com a nota do MPMG, a Vale deve comunicar “por meio de carros de som, jornais e rádios, informações claras, completas e verídicas” sobre a condição estrutural da barragem, além de fornecer “total apoio logístico, psicológico, médico, bem como insumos, alimentação, medicação, transporte e tudo que for necessário” às pessoas eventualmente atingidas.

Segundo o Ministério Público, a mineradora não apresentou o estudo dos impactos relacionados ao eventual rompimento das estruturas da Mina de Gongo Soco.

Defesa Civil

De acordo com o integrante da coordenadoria geral de Defesa Civil, tenente Flávio Fagundes, há 7 pontos de encontros previamente definidos pela Defesa Civil e pela própria empresa, para onde essas 6 mil pessoas devem se dirigir ao ouvir o sinal de alarme dos carros de som. Segundo ele, a retirada das pessoas, a partir desses pontos, será feita por meio dos veículos de transporte fornecidos pela Vale.

Fagundes acrescenta ter identificado 44 pessoas que terão mais dificuldades para deixarem os locais, por conta de terem algum tipo de deficiência ou dificuldade de locomoção. “Treze delas já estão locadas em áreas seguras”, informou o tenente, que esteve em Cocais e participou do simulado.
Segundo ele, apesar de a rotina da cidade ter sido alterada, os serviços essenciais continuam funcionando normalmente. “Tivemos a desativação de alguns postos de saúde e escolas que foram remanejados para outros estabelecimentos. A vida continua, ainda que de uma forma apreensiva”.

Barreira 

A mineradora Vale iniciou na última quinta-feira (16) a construção de uma contenção de concreto, que vai funcionar como uma barreira física caso haja rompimento da barragem. Em nota, a Vale informou que iniciou a terraplenagem para a construção da barreira, a 6 quilômetros da barragem.
“Além dessa estrutura que, após concluída, fará a retenção de grande parte do volume de rejeitos da barragem Sul Superior em caso de rompimento, a Vale está realizando intervenções de terraplenagem, contenções com telas metálicas e posicionamento de blocos de granito. Essa obra atuará como barreira física no sentido de reduzir a velocidade de avanço de uma possível mancha, contendo o espalhamento do material a uma área mais restrita”, diz a mineradora.

Evacuação

A barragem Sul Superior é uma das mais de 30 estruturas da Vale que foram interditadas após a tragédia de Brumadinho (MG), ocorrida em 25 de janeiro. Em diversos casos, a interdição foi acompanhada da evacuação das zonas de autossalvamento, isto é, aquelas áreas que seriam alagadas em menos de 30 minutos ou que estão situadas a uma distância de menos de 10 quilômetros. Atualmente, mais de mil pessoas estão fora de suas casas em todo o estado.

Barão de Cocais é o município com o maior número de casas evacuadas. A evacuação teve início no dia 8 de fevereiro quando a barragem Sul Superior atingiu o nível 2 e as famílias foram levadas para quartos de pousadas e hotéis custeados pela Vale. Em 22 de março, a barragem Sul Superior se tornou a primeira a atingir o nível 3, que é considerado o alerta máximo e significa risco iminente de rompimento. Desde a tragédia de Brumadinho, quatro barragens da Vale em Minas Gerais alcançaram esse alerta máximo.

Técnica recupera terrenos áridos através da criação de animais

Parece ser consenso entre as pessoas que a criação de gado ou de outros animais de pasto, como ovelhas e cabras, são danosas para o meio ambiente. Porém, Allan Savory, produtor rural e doutor em ecologia do Zimbábue, desenvolveu uma técnica capaz de não apenas preservar estes ambientes, como também dar vida nova a eles.

A resposta para essa descoberta foi a observação da natureza. Savory notou que na África, por exemplo, grandes rebanhos amontoados de animais migram de uma região à outra, pastando, comendo as gramíneas, pisoteando o local, defecando e urinando no solo.

O pesquisador percebeu que o pastoreio feito pelo animal durante sua estadia transformavam, em alguns meses, o solo antes árido e seco, em um solo fértil, com maior retenção de água e de gás carbônico, renovando completamente a paisagem.

Segundo Eurico Vianna, educador e consultor em agricultura regenerativa, um terreno árido não se recupera sozinho. “Existem vários exemplos de terrenos degradados abandonados por mais de vinte anos no Cerrado que não se regeneraram sem algum manejo”, exemplifica Vianna. O consultor, que atua na Austrália, explica que isso ocorre porque quando as gramíneas perenes típicas de regiões áridas crescem sem pastoreio de herbívoros: elas acabam secando e oxidando. Este processo faz com que elas liberem gás carbônico na atmosfera, deixando de enriquecer o solo durante sua decomposição.

A técnica chamada Manejo Holístico de Pastagens já foi aplicada em mais de cinco mil propriedades ao redor do mundo -, mudando paisagens desérticas e até mesmo de um antigo terreno usado para mineração.

As fotos do antes e depois são impressionantes. 
Foto: Savory Global
“O sistema pode ser uma das soluções para combater o aquecimento global, uma vez que a interação dos animais herbívoros com as gramíneas faz com que o solo seja melhorado, capturando muito mais CO2 e aumentando a capacidade do solo de armazenar água”, diz Vianna.

De acordo com o consultor, os produtores rurais também se beneficiam com o método. “A resiliência da propriedade aumenta porque o gado, ou qualquer outra criação, passa a ser um recurso manejado de forma a melhorar os processos ecossistêmicos. A rentabilidade do empreendimento aumenta em função da melhoria da ecologia local e do uso de uma abordagem que não depende de insumos”.
Eurico Vianna está em turnê pelo Brasil e trouxe com ele Graeme Hand, educador e consultor australiano com mais de 20 anos de experiência sobre como ter produtividade e qualidade de vida na pecuária, enquanto restaura áreas degradadas.

Podcast 6 – Blog Cidadãos do Mundo: Assustador é não ouvir mais os zumbidos das abelhas

Por Sucena Shkrada Resk*












Ouvir os zumbidos das abelhas para muitos pode ser algo assustador, mas ao contrário do que você possa pensar, mais assustador é justamente não ouvir esses zumbidos. A resposta é simples: esses agentes da natureza responsáveis pela maior parte da polinização no planeta estão sendo literalmente exterminados. Por consequência, foi colocada em risco a conservação da biodiversidade e da nossa segurança alimentar. Este é o presente para o futuro que queremos? Vale a pena a reflexão, não é? Este é o tema desse sexto podcast do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (ouça aqui), também no formato para leitura.

Segundo alerta global feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), a combinação de pesticidas, mudança no uso do solo e monocultura extensiva são as principais ameaças na atualidade à manutenção das cerca de 30 mil espécies de abelhas polinizadoras no planeta. Mais um dado a ser gravado: 75% dos cultivos para nossa alimentação dependem delas, de acordo com a FAO, braço para alimentação e agricultura da ONU. Não podemos esquecer que esse agente fundamental de serviços ecossistêmicos também produz o mel e é inspiração até para a arquitetura, por sua habilidade na construção das colmeias. Essas informações foram suficientes para te deixar sensibilizado? Se não foram, vamos lá!

Exemplos sucessivos têm sido noticiados, há anos, no Brasil e em diversos países do mundo, como EUA e na União Europeia. Entre os mais recentes por aqui está uma série de casos que foram apurados pela Agência Pública de Notícias e pela Repórter Brasil. De dezembro do ano passado a fevereiro de 2019, foi registrada a morte massiva de mais de 500 milhões de abelhas, sendo 400 milhões só no Rio Grande do Sul e as demais nos estados do Mato Grosso do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo.

As fontes primárias sobre estas ocorrências são diversas: associações de apicultores, pesquisadores em universidades e secretarias de agricultura, entre outras. E os casos não param por aí. Também há registros históricos no Ceará, no Distrito Federal, em Goiás, em Mato Grosso, em Minas Gerais, no Paraná e no Rio de Janeiro. E olhe, que aqui no Brasil, temos a predominância somente de seis espécies nativas.

Responsabilidades compartilhadas
Apesar de pequenos avanços isolados por iniciativa da gestão pública no país, por meio de legislações, a pulverização aérea ainda é o principal meio que acelera este extermínio. Por isso, além de ações, como do estado do Ceará e  do Ministério Público em todo país, o ideal seria que a maior parte dos gestores públicos e legisladores tomassem as iniciativas da proibição, por meio da conscientização, consulta e pesquisa a relatos vivenciais e técnicos.

Pesquisas científicas esclarecem que entre os componentes de pesticidas e fungicidas, o mais mortal para as abelhas no mundo, têm sido o neonicotinoide, derivado da nicotina (já proibido pela União Europeia, em maio de 2018) e há sinalização para o comprometimento provocado pelo Fipronil, também proibido na Europa.

Este colapso acontece ao mesmo tempo em que o Brasil amplia a liberação de agrotóxicos. A autorização é pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em consonância com o Ministério da Agricultura e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama). Só neste ano, 169 até a terceira semana de maio. No ano passado, o total em 12 meses foi de 450.


Estudos de caso
vídeo-reportagem “Medo da Primavera – uma hecatombe em andamento”, que trata do caso no município de Mata, no Rio Grande do Sul, tem quase vinte minutos, e é uma amostra que contém relatos que nos fazem compreender um pouco sobre a dinâmica do que está ocorrendo. Uma frase de um personagem ecoa – “A abelha sumindo…nós somos os próximos”. No último dia 22 de maio, movimentos e associações, além de pesquisadores e cientistas do estado entraram com uma representação, no Ministério Público Federal (MPF), pedindo a proibição do uso de agrotóxico relacionado à mortalidade em massa das abelhas nesse município.

Além dos agrotóxicos, as mudanças climáticas também estão pressionando a existência das abelhas. Pesquisa feita por cientistas da Universidade Estadual da Flórida e colaboradores, publicada na Ecology Letters, em 2017, constata que a alteração do clima afeta a disponibilidade de flores e alimentos para as próprias abelhas. Foram estudadas espécies locais. O grupo também reforçou o comprometimento provocado pelos neonicotinoides. Outro estudo recente é da Northwestern University e do Chicago Botanic Garden. Houve a simulação de um clima mais quente, no qual 35% das abelhas morreram no primeiro ano e 70%, no segundo ano. No Brasil, a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas é mais uma fonte interessante para consulta sobre o tema.


Liberações de agrotóxicos
Existe mais um lado da análise, com relação à saúde humana, que é tão importante quanto ao tocante às abelhas. De acordo com o Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos 2018, do Ministério da Saúde, a maior incidência de notificação de intoxicações por agrotóxicos no Brasil foi registrada em 2014, no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan): 6,26 casos para cada 100 mil habitantes. Entre 2007 e 2015, foram notificados (oficialmente) 84.206 casos. Imagine quantos também estão subnotificados.

Meio copo cheio
Ao mesmo tempo que há este alerta, bons exemplos também existem no planeta, que servem de inspiração para reverter este colapso da relação humana com o meio ambiente. Uma delas tem a participação direta da própria sociedade e vem da Grã-Bretanha. O Conselho Municipal de Brent, em Londres, decidiu plantar 11 km de flores silvestres em espaços verdes para atrair as abelhas.  Que tal seria seguir esses passos por aqui?

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 27 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
(#Envolverde)

Feliz dia para esse peixinho! Não jogue plastico no mar pois outros peixes morrerão!

https://www.facebook.com/greenmebrasil/videos/837140186661582/?t=8

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Marina Grossi mostra na Câmara que setor empresarial é favorável à manutenção do código florestal



A presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, defendeu nesta quarta-feira (22), na Câmara dos Deputados, a manutenção do Código Florestal (Lei 12.651/12) como fator de competitividade para o agronegócio brasileiro. Representante de 60 grandes grupos empresariais associados ao CEBDS, Marina Grossi participou de audiência na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que discute a tramitação de ações diretas de inconstitucionalidade impetradas contra o Código Florestal.

No último dia 8, a comissão mista da Medida Provisória (MP) 867/18 aprovou o relatório que prorroga até 31 de dezembro de 2020 o prazo de adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), que estabelece a adequação de áreas de proteção permanente (APP) e de reserva legal de propriedades rurais à legislação em vigor. Conforme a redação atual do Código Florestal, o prazo estipulado é 31 de dezembro deste ano.

“Para que a gente possa aproveitar tudo no que somos competitivos, temos que mostrar sinais de que isso já está pacificado, como o Código Florestal, que foi discutido durante cinco anos. Isso vai abrir uma caixa de pandora, porque não vai ser apenas um lado a falar, mas os dois lados. E assim vamos perder um tempo precioso, no qual a agricultura poderia estar dentro da nova economia, que tem a floresta como aliada”, disse Marina Grossi.


Inteligência Agroclimática
Entre as iniciativas desenvolvidas pelo CEBDS para a inserção do agronegócio no novo contexto econômico, Marina apresentou o programa de Inteligência Agroclimática (IAC). O objetivo principal do IAC é o aproveitamento da terra com o menor impacto possível, com base na valorização de novas tecnologias, como melhoria de material genético, melhora de manejo do cultivo e agricultura de precisão.

Em complemento, o programa também prevê benefícios obtidos com o pagamento de serviços ambientais, valoração de capital natural, estruturação da cadeia de biotecnologia que valorize a reserva legal, de forma que seja entendida como passivo para o produtor. De acordo com estudo da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, da qual o CEBDS faz parte, a agricultura sustentável pode gerar 215 mil empregos, R$ 6.5 bilhões em impostos e investimentos anuais de até R$ 3.7 bi até 2030.

Mercado de Carbono
A presidente do CEBDS também mencionou as oportunidades que o Brasil deixa de aproveitar sem a regulamentação de um mercado de um carbono. O CEBDS preparou uma proposta que contempla o interesse de 13 setores da economia brasileira, apresentada no ano passado ao Ministério da Fazenda, e que agora está em avaliação pelo Secretário Especial da Economia do atual Governo, Carlos Alexandre da Costa.

“Nós temos vantagens competitivas neste mercado, porque temos uma matriz energética limpa. A maioria dos países não conseguem cumprir suas metas de redução de emissões e a gente consegue oferecer commodities, como nossas florestas”, diz.
(#Envolverde)

Extinção de radares nas estradas ameaça biodiversidade e estimula atropelamento de animais

 

por Maria Lígia Pagenotto, De Olho nos Ruralistas – 
 
A cada segundo, quinze animais são atropelados nas estradas brasileiras; o número poderá crescer muito, com prejuízo bastante significativo para a biodiversidade, caso sejam retirados equipamentos de controle da velocidade, como quer Bolsonaro

Ao defender mais uma vez, no início do mês, a redução de radares nas rodovias federais, o presidente Jair Bolsonaro colocou em risco, além de muitas vidas humanas, uma imensa parcela de animais silvestres. Dados do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), órgão ligado à Universidade Federal de Lavras (MG), mostram que morrem, por ano, 475 milhões de animais selvagens, de todos os portes, vítimas de atropelamento.

O presidente afirmou seu desejo de diminuir drasticamente o número de radares para proporcionar às pessoas “mais prazer em dirigir“. Segundo ele, os radares não cumprem a função de proteger a vida, são apenas “caça-níqueis”. Sua intenção – anunciada sem nenhum respaldo técnico e sem citar dados – vai na contramão do que apontam diversas pesquisas.

Um estudo divulgado pela Folha comprova que o número de acidentes fatais nas estradas brasileiras é menor onde há radares: as mortes caíram 21% nos trechos onde o equipamento foi colocado. Além de do impacto sobre a morte de pessoas, os radares contribuem também para a menor perda de animais – um dado que, no Brasil, provavelmente, é ainda maior do que o estimado pelo CBEE.

“Já refiz esse cálculo e o número de mortes de animais é, com certeza, superior ao que divulgamos”, diz Alex Bager, coordenador do CBEE. A velocidade, assegura, é fator primordial no aumento de acidentes fatais. Segundo ele, um estudo internacional mostrou que nas rodovias onde o limite de velocidade é de 90 km/h a redução em 10 km/h já seria capaz de reduzir em 20% o número de atropelamentos.

A notícia da extinção dos radares se junta a outras anunciadas pelo governo para tornar mais crítica ainda a situação dos animais brasileiros: a ampliação da licença para porte e uso de armas e corte de verbas para as universidades públicas. “Certamente haverá reflexos no monitoramento desses dados, pois 100% das pesquisas sobre biodiversidade são realizadas por universidades ou por instituições vinculadas a elas”, segundo Bager.

CERCAR RODOVIAS É UMA DAS AÇÕES PREVENTIVAS


Para Bager, é preciso investir em estratégias específicas para reduzir as mortes de animais. (Foto: Divulgação)

A BR-262, que liga os estados  do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul, afirma Bager, é a estrada onde ocorre o maior número de morte de animais silvestres no Brasil. Para reduzir esse impacto, foi colocado um radar no trecho entre Miranda e Corumbá – uma extensão equivalente a menos de 300 quilômetros, numa rodovia que possui cerca de 2,5 mil quilômetros.

Esse tipo de ação, segundo Bager, embora produza resultados positivos, é muito pontual e abarca um trecho muito curto de uma estrada em que circulam diversas espécies animais. Nas rodovias brasileiras, diz o pesquisador, a maior parte dos equipamentos redutores de velocidade é colocado visando somente o controle do tráfego. Para proteção específica da fauna, são raríssimos os investimentos, especialmente aqueles feitos, de acordo com o presidente do CBEE, de forma adequada.

No exterior, as medidas de mitigação dessas mortes são mais amplas. Os equipamentos também obedecem a algumas estratégias específicas. Ele cita o cercamento das rodovias, uma medida que pode diminuir em mais de 80% os acidentes, e os viadutos vegetados, onde os carros passam por baixo da via, as chamadas passagens inferiores, e a parte de cima fica restrita aos animais.

“Um excelente exemplo de proteção eficiente à biodiversidade é o Parque Nacional Banff, no Canadá”, aponta Bager. “Uma autoestrada de 82 quilômetros, com quatro pistas, corta a área verde do parque, mas há viadutos destinados apenas aos animais, além de passagens inferiores”.
No Brasil, essas medidas, que existem esparsamente, precisam ser melhor planejadas, segundo o presidente do CBEE. Dados sobre o parque canadense indicam que, com as passagens, as taxas de mortalidade nas estradas que cortam o local caiu mais de 80%, pois os animais, especialmente os de grande porte, se valem delas para os deslocamentos.

Barger afirma que conhece apenas três passagens vegetadas no Brasil. Uma delas, na Rodovia dos Tamoios, no estado de São Paulo, está inacabada. Há ainda uma passagem de fauna, construída em 2017 pela Vale, sobre a ferrovia que corta a Floresta Nacional de Carajás, no Pará, e, uma terceira, no Rio, construída para proteger os mico-leões-dourados na Reserva Biológica de Poço das Antas, na rodovia BR-101.

DNIT QUER FAZER ACORDO POR MAIS RADARES NAS ESTRADAS

Entre os animais de pequeno porte vítimas dos carros,  os vertebrados (sapos, pequenas aves, cobras) estão na frente, respondendo por 90% das mortes. Em seguida, vêm os vertebrados de médio porte (gambás, lebres, macacos) – 9% – e, por fim, os animais maiores, com 1% (vários tipos de onça, tamanduá, lobo-guará, anta, veados, capivara).

Veados, capivaras e tamanduás estão entre espécies que mais sofrem com o tráfego nas estradas. (Foto: ICMBio)
Embora a vontade de abolir radares do presidente tenha sido explicitada em programa de televisão de grande audiência, Bager afirmou que a medida vai de encontro, inclusive, com questões econômicas.
De acordo com o DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres),  os acidentes ocorridos no trânsito brasileiro em 2017 provocaram impacto de R$ 199 bilhões na economia (3,04% do PIB), a contar pelas mortes de pessoas, ferimentos e danos materiais. Um custo que pode ser reduzido drasticamente com radares, como apontam diversos estudos.


Em defesa dos equipamentos, diz o presidente do CBEE, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit),  ligado ao Ministério da Infraestrutura, enviou à Justiça, na sexta-feira (10), um documento propondo acordo, pelo Ministério Público Federal,  para a instalação de radares em rodovias do país. Bolsonaro afirmou, na tevê, que 8 mil processos para solicitar a instalação de radares em rodovias federais foram negados pelo ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura.
Segundo o documento, 8.031 faixas precisam de monitoramento (radar comum ou lombada eletrônica) em todo o país, o que demanda cerca de 4 mil equipamentos. Cada radar cobre, na maioria dos casos, duas faixas. O número atual de equipamentos está muito aquém disso: são 265 aparelhos nas rodovias federais que não são administradas pela iniciativa privada. Eles monitoram 560 faixas no Brasil inteiro.


A instalação para a redução das mortes de animais, no entanto, pede análises específicas, especialmente em pontos críticos das rodovias, segundo Bager: “Estamos nos organizando no Congresso para a implantação de medidas visando a redução do prejuízo à biodiversidade. Precisamos de políticas públicas que levem em conta essa questão com urgência”.
(#Envolverde)

Falar de nós, falar dos nossos e da tecnologia para defender nossas florestas

 
por Samyra Crespo – 
 
Esta semana me deu enorme prazer ver e ouvir um dos maiores ambientalistas desse país no programa da Miriam Leitão- na GloboNews, Tasso Azevedo.

Com tranquilidade e segurança ele descreveu para o público leigo a mais nova ferramenta desenvolvida com o apoio tecnológico do Google para identificar – em tempo real e com precisão – os focos de desmatamento em TODOS os biomas brasileiros. Estamos falando de todos: Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Campos do Sul, Pantanal, Amazônia, todo o território brasileiro.


Além do tempo real e da precisão a ferramenta traz quadros comparativos – permitindo ver como está se dando, ano a ano, a conversão de florestas em pastagem ou agricultura. E se o desmatamento é recente ou consolidado. Mapping Biomas é uma plataforma pública. Pode ser usada pela sociedade civil, pelas empresas e bancos que não desejam se associar a grileiros e desmatadores, e também pode ser usada para tomada de decisão pelos governos estadual, municipal e federal. Também fornece laudos e relatórios para o Ministério Público Federal ou para outras instancias da Justiça.

Tasso Azevedo e Miriam Leitão
É extraordinária contribuição metodológica e tecnológica contra o desmatamento ilegal e predatório. E pode ser utilizada pelo IBAMA principal órgão de comando e controle do estado brasileiro.
Agora só a falta de vontade política e a má fé podem explicar a inação ou à omissão em relação à destruição dos nossos biomas.

Diga-se de passagem que o monitoramento de florestas vem sendo desenvolvido no Brasil desde 1975 com significativos avanços. Agora dispomos da mais alta e refinada tecnologia. Gratuitamente.
Tasso de Azevedo montou o Serviço Florestal Brasileiro e foi um dos responsáveis pelo desenho e negociação do Fundo Amazônia. Ligado à liderança política da Marina é um dos quadros mais qualificados do ambientalismo brasileiro.

Ele confirmou em sua entrevista, ontem, que este GOVERNO???? – com sua agenda hostil ao meio ambiente vem dando sinais nefastos aos empresários do mal e os estimulam à grilagem de terras, invasão de reservas indígenas e desmate de arrasto para vender a madeira. Como sempre, a Amazônia – pela dificuldade das operações fiscalizadoras — é o principal foco da bandidagem. E para variar o Pará lidera as frentes de desmatamento.

Temos apontado com insistência que a agenda ambiental deste governo — com um ministro improbo e desqualificado – é atrasada e contraria os interesses brasileiros. Sequestra nosso futuro.
Não podemos tolerar este retrocesso. E agora contamos com poderosa tecnologia e mecanismos legítimos como o CAR – Cadastro Ambiental Rural para agir com responsabilidade – premiando e aplaudindo o bom agronegócio. Identificando, igualmente, aqueles que se beneficiam de crimes e impunidade.

É hora de irmos com tudo pra cima do Parlamento. Mobilizar a sociedade e o MP para
Impedir mais retrocessos e fazer valer o Código Florestal.
Obrigada Tasso por sua clareza, compromisso e seriedade.
Este texto faz parte da série sobre o ambientalismo brasileiro que venho publicando, desde abril, no site Envolverde/Carta Capital

Samyra Crespo é cientista social, ambientalista e pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins e coordenou durante 20 anos o estudo “O que os Brasileiros pensam do Meio Ambiente”.

Hércules, o bebê elefante que sobreviveu ao ataque de 14 leoas



Hércules, o bebê elefante que sobreviveu ao ataque de 14 leoas 

 

 https://youtu.be/MbV7WuNWHe4

  • atualizado: 
Hércules, o bebê elefante que sobreviveu ao ataque de 14 leoas
Sobreviveu de maneira inacreditável de um terrível ataque de 14 leoas famintos. É um filhote de elefante de apenas um ano de idade. Estamos falando do que aconteceu no Norman Carr Safaris Chinzombo Camp, em Zâmbia. Um bebê elefante, que longe de sua mãe, se vê cercado pelos famintos felinos.

A situação certamente parece desastrosa para o elefante solitário, que se vê com dois grandes felinos sobre as suas costas e outro que o agarra pelas patas traseiras. Quem tirou as fotos, como explica o New York Post, foi o jornalista Jesse Nash que, juntamente com um grupo de amigos, estava participando de um game drive quando avistou o jovem elefante cercado por leões.

"Onde estão os outros elefantes, pelo amor de Deus?", diz uma voz preocupada no vídeo. Na verdade, eles nunca irão chegar. Mas, incrivelmente, o pequeno bebê consegue fugir e sobreviver, usando um truque inteligente: se refugiando na água. O elefante foi batizado de "Hércules", por causa da sua coragem.

E em homenagem a este animal bonito e inteligente, muitas vezes em perigo, não tanto por causa de seus predadores naturais, mas por causa do homem, veja abaixo este vídeo doce e engraçado, de dois minutos de duração, sobre bebês elefantes que cativam nossos corações. Amorrrrrrr


27 de maio é Dia Nacional da Mata Atlântica

27 de maio é Dia Nacional da Mata Atlântica

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Quem já sentiu o seu cheiro e o seu frescor não esquece jamais dela! A Mata Atlântica é um bioma brasileiro de beleza especial que abriga uma enorme biodiversidade.

Para valorizar e preservar esse bem natural, é celebrado no dia 27 de maio o Dia Nacional da Mata Atlântica. A data visa a conscientizar a sociedade brasileira sobre a importância da conservação da Mata Atlântica para recuperar o que ainda é possível, já que se trata de um dois biomas brasileiros mais atingidos pela degradação ambiental.

O Dia Nacional da Mata Atlântica foi instituído por um Decreto Presidencial, em 1999, e data foi escolhida em memória da “Carta de São Vicente”, na qual o Padre Anchieta teria descrito as belezas das florestas tropicais do Brasil, em 1560.

Riqueza natural

A Mata Atlântica é uma das florestas mais ricas em diversidade de espécies e, também, uma das mais ameaçadas do planeta. Ela abrange cerca de 15% do total da área do território brasileiro, estando presente em 17 estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe), de acordo com o SOS Mata Atlântica.

Atualmente, apenas 12,4% da floresta original existe, sendo que desse total 80% estão em áreas privadas. Agregam-se a esses dados os seguintes: 72% da população brasileira habita a sua área; sete das nove maiores bacias hidrográficas do país e três dos maiores centros urbanos do continente sul-americano estão na Mata Atlântica; além de ser fonte de várias atividades econômicas, como: a agricultura, a pesca, a geração de energia, o turismo e o lazer.

O percentual originário da floresta é muito baixo, logo a situação da Mata Atlântica é preocupante. Uma das principais causas que levou a esse estado é a devastação provocada pela processo de urbanização, sobretudo, na região sudeste.  Por causa dessa situação crítica, existem instituições e organizações dedicadas à proteção e conscientização do bioma.

A Mata Atlântica é a casa de mais de 20 mil espécies de plantas, sendo 8 mil endêmicas, correspondendo a cerca de 5% da flora mundial. Também é o habitat de 298 espécies conhecidas de mamíferos, 992 espécies de aves, 200 répteis, 370 anfíbios e 350 peixes.

Riscos

São muitas as pressões, oriundas do interesse econômico, para destruir o que ainda resta da Mata Atlântica. São razões de perigoso para o bioma, de acordo com a SOS Mata Atlântica:
  • Impacto ambiental causado pelos mais de 145 milhões de brasileiros que habitam sua área, em um processo de industrialização e expansão urbana desordenada;
  • Desmatamentos sucessivos causados pela extração de pau-brasil, e ciclos econômicos como o da cana-de-açúcar, café e ouro;
  • Agricultura e agropecuária;
  • Exploração predatória de madeira e espécies vegetais;
  • Produção de lixo e poluição.
É preciso salvar o que resta do bioma urgentemente. Por isso, é fundamental que exijamos dos órgãos públicos ambientais políticas de preservação e conservação da Mata Atlântica. E, claro, que nós também sejamos agentes de uma mudança, que tenha outra relação com o consumo, com a produção de lixo e com o respeito ao meio ambiente.


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Se o mundo vivesse como os portugueses, a Terra declarava "falência" este domingo


Se o mundo vivesse como os portugueses, a Terra declarava "falência" este domingo

Se todos os cidadãos do planeta tivessem a mesma pegada ecológica que os portugueses, os recursos naturais chegariam ao fim a 26 de maio. Se a comparação fosse a Europa, já tinha acontecido no dia 10.




A imagem podia ser esta: se a Terra fosse um banco e os recursos naturais fossem transformados em dinheiro, e se todos os habitantes do mundo gastassem como os portugueses, neste domingo, 26 de maio, os cofres estariam vazios e o Planeta declarava falência.


Ou, numa linguagem ambientalista, se o mundo inteiro vivesse da forma que vivem os portugueses, ou seja, tivessem a mesma pegada ecológica, os recursos naturais da Terra esgotavam-se neste dia - o ano passado o overshoot day foi a 16 de junho. Portanto, gasta-se cada vez mais e o "banco" ficam sem um único tostão mais cedo.

A notícia - que ainda não preocupa os representantes políticos como os ambientalistas gostariam - é má mas podia ser mais drástica se em vez de Portugal se estivesse a analisar a maneira como consomem os europeus - se todos os habitantes da Terra tivessem o mesmo modo de vida que os habitantes dos 28 Estados-membros da União Europeia, os recursos já se tinham esgotado no dia 10 de maio. Quer isto dizer que os hábitos de consumos dos portugueses permitem assim que possamos usufruir mais 18 dias dos recursos naturais do Planeta que a média europeia.




Este cenário negro, que ilustra como o Homem destrói a natureza, foi revelado pela World Wildlife Fund (WWF) e pela Global Footprint Network. E revela que seriam necessários 2,8 planetas Terra se toda a humanidade consumisse tanto quanto os europeus.

Dito de outra forma: 20 por cento da biocapacidade da Terra é usada pela União Europeia, mesmo que os 28 países só acolham 7% da população mundial.

O pior dos Estados-membros da União Europeia é o Luxemburgo - neste caso, os recursos esgotaram-se há mais de três meses, a 16 de março. Mas se o país surge sempre mal na fotografia ecológica, sobretudo pelo gasto de excessivo de energia comparativamente ao número de habitantes, também é verdade que tal se deve ao facto de um grande número de pessoas das regiões limítrofes se deslocar ali para abastecer os automóveis, conforme explica Francisco Ferreira da Zero.

Os cidadãos europeus mais poupados, ou seja, os que menos recursos gastam são a Roménia, a Hungria e a Bulgária, que só levariam o Planeta à falência dos seus recursos naturais em junho. A nível mundial, e ainda tendo um banco como imagem, a "empresa" Estados Unidos da América teriam entrado em colapso a 15 de março, seguida da Noruega a 18 de abril e da Federação Russa a 26.

Se a análise for alargada o mundo inteiro, os países que mais poupam a natureza são o Níger, Marrocos e Cuba - nestes casos, o recursos da Terra esgotar-se-iam em dezembro, sendo que no país africano terminariam precisamente no dia de Natal.

"É urgente inverter esta tendência de acumulação de dívida. Tal é possível com a adoção de algumas novas práticas, em particular na área da alimentação e mobilidade", considera a ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável. Acrescentado que Portugal é, já há muitos anos, deficitário na sua capacidade para fornecer os recursos naturais necessários às atividades desenvolvidas, (produção e consumo).

Como se pode reduzir a pegada ecológica?

O consumo de alimentos - que representa (32%) da pegada ambiental do país - e a mobilidade (18%) são, segundo a Zero, as atividades humanas diárias que mais contribuem para a pegada ecológica de Portugal.

Por essa, razão, num comunicado emitido a propósito do overshooting day do nosso país, a Zero aconselha a que se reduza a proteína animal na dieta. "Os dados para Portugal indicam que cada português consome cerca de três vezes a proteína animal que é preconizado na roda dos alimentos, metade dos vegetais, um quarto das leguminosas e dois terços das frutas. Aproximar a nossa dieta à roda dos alimentos reduz, de forma significativa, o impacto ambiental associado à alimentação e é mais saudável."

Em termos de mobilidade, a associação ambientalista aconselha à utilização dos transportes públicos - lembrado que a descida dos preços dos passes sociais pode ser um incentivo. E sugere outros meios sustentáveis de locomoção, como andar a pé, de bicicleta, de trotinete, e incentivar as crianças a fazer o mesmo. A redução das viagens de avião é outras das medidas propostas.

O consumo de alimentos representa 32% da pegada ambiental de Portugal.
O consumo desenfreado traz problemas financeiros... e ambientais. Por isso, os ambientalistas propõem a política dos três êrres: reduzir, reciclar e reutilizar.

"É fundamental mudar o paradigma de 'usar e deitar fora', muito assente na reciclagem, incineração e deposição em aterro, para um paradigma de 'ter menos, mas de melhor qualidade', com um forte enfoque na redução, reutilização, troca, compra em segunda mão e reparação", refere a ZERO.


Também Nuno Sequeira, vice-presidente da Quercus, aconselha à redução do consumo e aconselha pequenos gestos que podem fazer a diferença para ajudar a salvar o planeta. Alguns muito simples e que o cidadão deve esforçar-se para introduzir no seu quotidiano: usar lâmpadas e eletrodomésticos mais eficientes, desligar, bem como desligar o stand by - já que a falência do planeta deve também muito ao uso excessivo de energia.

Os ambientalistas também aconselham a não comprar só pelo ato de comprar: antes de substituir um eletrodoméstico, deve-se ver se pode ser reparado; antes de adquirir roupas novas, deve-se ver se são mesmo necessárias.

Atentar na poupança da água é outro conselho dado por Nuno Sequeira, da Quercus. Usar redutores de caudal, garantir que as torneiras estão bem fechadas, armazenar água para regas e lavagens são alguns pequenos gestos que podem fazer muito pela Terra.

Tal como um extrato bancário dá indicação das despesas e dos rendimentos, a Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais e compara-as com a capacidade da Terra para fornecer tais recursos e serviços (biocapacidade).

O overshoot day de Portugal ocorre dois dias depois da greve climática que trouxe à rua pela defesa do Planeta. "Nota-se que os jovens estão mais sensibilizados para estas questões. Mas também se

nota que às vezes falta um bocado passar das palavras às ações. Nem sempre é muito fácil perceber a ligação destes pequenos gestos, perceber que água é também eletricidade e que eletricidade é também queimas de combustíveis fósseis e que combustíveis fósseis é aquecimento global", diz Nuno Sequeira.


E acrescenta: "Mas o que notamos é que quando percebem a ligação e que podem fazer alguma coisa, esforçam-se e não tenho dúvida que vamos ter uma próxima geração de decisores muito mais informada, muito mais consciente, como a atual já o é em relação à antecedente. Com estes movimentos que estão a acontecer, os jovens querem dizer que não querem esperar por 20 anos para que sejam eles a decidir, querem que se decida agora."