sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Trazendo as zonas mortas do mundo de volta à vida

Trazendo as zonas mortas do mundo de volta à vida

Escrito por Neo Mondo 24 de janeiro de 2018
Trazendo as zonas mortas do mundo de volta à vida
POR – Erik Solheim, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) / NEO MONDO

ONU


Em artigo de opinião, o chefe da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim, alerta que a poluição tem criado zonas mortas nos oceanos, em que a falta de oxigênio ameaça a vida marinha. Segundo o dirigente, devastação é sintoma da forma como a humanidade trata a natureza, transformada em um lixão para os resíduos de nossas atividades econômicas
ARTReserva de vida silvestre no condado de Kent, em Maryland, nos Estados Unidos. Na imagem, vê-se o rio Chester, um dos cursos d’água que desemboca na Baía de Chesapeake. Foto: Programa da Baía de Chesapeake/Will Parson
Para os amantes de frutos do mar, é um banquete. Milhares de siris-azuis empilhados uns em cima dos outros nas águas rasas da Baía de Chesapeake, uma presa fácil para quem está à caça de um jantar. O fenômeno deixa os estômagos tão cheios de alegria que os moradores o chamam de “farra do siri”. Mas a alegria esconde uma realidade séria.


Por décadas, o maior estuário dos Estados Unidos, que é alimentado por mais de 150 rios e córregos de quatro estados, foi tratado como um grande valão. Pesticidas, fármacos, lixo humano e metais pesados de casas, fazendas e fábricas foram despejados nos rios que desembocam na baía, poluindo um tesouro nacional com um coquetel mortal de toxinas e excesso de nutrientes.


Em média, cerca de 160 mil toneladas de nitrogênio e fósforo, das quais a maioria vem de fazendas, são despejadas na baía a cada ano. Os nutrientes extras na água provocam florações em massa de algas, que impedem o sol de atingir o fundo da baía. Quando as algas morrem e apodrecem, elas sugam o oxigênio da água, sufocando a vida — peixes, erva marinha e siris estão todos famintos por oxigênio. A “farra” dos siris é um nome impróprio. Na verdade, significa o êxodo de criaturas tentando desesperadamente escapar da “zona morta” da baía.

Centenas dessas zonas mortas existem em todo o mundo, transformando grandes partes de nossos oceanos, mares e vias navegáveis em desertos submarinos, desprovidos de vida. O segundo maior deserto desse tipo é encontrado no Golfo do México, cujas águas com fome de oxigênio ameaçam devastar uma região que fornece 40% dos frutos do mar dos Estados Unidos.

As zonas mortas que se espalham pelas nossas costas são um produto de como chegamos a olhar para nosso meio ambiente. Por tempo demais, usamos nossa água, terra e ar como lixões para os resíduos que geramos. Hoje, estamos lidando com as consequências.

Petróleo, metais pesados, plástico e pesticidas poluem os oceanos e solos do mundo, fazendo com que seja mais difícil e mais caro nos alimentarmos. A queima de combustíveis fósseis transformou o ar que respiramos em uma mistura imunda de gases e partículas minúsculas que se alojam no fundo de nossos pulmões, levando à morte prematura de cerca de 200 mil estadunidenses por ano e fazendo mal à saúde de muitos outros. Todos somos afetados por isso: seja pelo ar poluído que respiramos, seja pela água contaminada que bebemos, seja pela comida que ingerimos, incrementada com substâncias químicas.
POLUIÇÃO2
Muitos acreditam que combater a poluição significa que teremos de refrear o crescimento econômico. Mas, na verdade, é o contrário. Fracassar no enfrentamento da poluição prejudica o crescimento econômico porque prejudica indústrias-chave, destrói os meios de subsistência das pessoas, intensifica as mudanças do clima e custa bilhões de dólares em soluções para o problema.


O custo decrescente da energia de fontes renováveis, como o vento e o sol, já prova de fato que é possível responder à poluição no ar sem desacelerar o crescimento econômico. Países que lideram a substituição dos combustíveis fósseis e caminham rumo a economias mais sustentáveis e eficientes no uso de recursos, produzindo menos resíduos, vão colher os benefícios econômicos e ambientais da atual revolução energética.


Os que escolherem não seguir esse caminho serão deixados para trás para arcar com a fatura da limpeza, que aumentará com a poluição que eles geram. Quando destruímos os ecossistemas que nos sustentam, quando poluímos a água, o ar e a terra com metais pesados, toxinas e partículas nocivas, nós debilitamos nossa saúde e nossas economias — e poluímos as vidas das nossas crianças.


Em dezembro, a ONU Meio Ambiente sediou a terceira Assembleia Ambiental das Nações Unidas, em Nairóbi. Combater a poluição — em todas as suas formas insidiosas e ameaçadoras — estava no topo da nossa agenda. E eu estou incrivelmente orgulhoso de dizer que conquistamos 2,5 milhões de compromissos de governos, da sociedade civil, de empresas e de indivíduos para limpar o planeta.


Mas nosso trabalho está longe de ter terminado. Cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa luta. Seja comprando um carro elétrico, reciclando nosso lixo, reduzindo a quantidade enorme de comida que jogamos fora ou se recusando a usar sacolas plásticas quando fazemos compras, todos nós podemos reduzir a quantidade de resíduos e de poluição que acaba indo parar em nosso ar, solo e água. Todos nós temos a responsabilidade de defender compromissos ousados de combate à poluição dos nossos líderes políticos e empresariais.


Meu relatório, “Rumo a um planeta livre de poluição”, define como podemos impulsionar essa transformação. Isso exigirá a identificação dos poluentes mais danosos, o fortalecimento das leis ambientais e a disponibilização de recursos para a pesquisa, monitoramento e infraestrutura mais limpa e verde.


Já sabemos o que acontece quando indivíduos, companhias, cientistas e governos se unem para combater a poluição e a devastação ambiental. Após décadas de um progresso lento, mas estável, a Baía de Chesapeake finalmente está mostrando sinais de melhora. A zona morta está, aos poucos, encolhendo. Populações de peixes, siri-azul e ostras estão começando a se recuperar conforme o nitrogênio, o fósforo e outras formas de poluição vão sendo lentamente reduzidas.


A saúde da baía ainda está precária, mas está melhorando graças ao trabalho de uma dedicada força-tarefa formada por representantes do governo local, de agências federais, instituições acadêmicas, ONGs e empresas. Se pudermos replicar essa abordagem em escala global, então o mundo terá uma chance de derrotar um dos maiores flagelos do nosso tempo.
SIRI

Camiseta feita de plantas e algas vira “comida de minhoca” após descarte

Uma camisa feita de plantas e algas que vira “comida de minhoca” 12 dias após o descarte na natureza. Assim é o novo modelo criado pela marca inglesa Vollebak. Basta enterrá-la em seu jardim ou colocá-la junto ao composto.

A companhia Vollebak ficou famosa no ano passado ao fabricar uma calça resistente à água, fogo e abrasões. Um modelo que promete durar 100 anos. Indo agora na direção contrária, lança um camiseta leve e macia como alternativa às camisetas de algodão.

“O futuro das roupas sustentáveis ​​provavelmente se baseará nos mesmos princípios que essa camiseta. Ele precisa ser cultivada com o menor impacto ambiental possível. Quanto mais fácil de entender, melhor. E não deve exigir muito esforço. A única coisa diferente dessa camiseta é que ela cresce no solo e na água, e é aí que ela foi projetada para terminar também. Tudo que você precisa fazer é lembrar de compostá-la no final de sua vida útil”.

Processo

As algas usadas no processo são cultivadas em biorreatores. Com luz, dióxido de carbono e água, elas crescem rapidamente e são super adaptáveis. Agora, para transformar as algas em uma tinta imprimível, a marca passa a água do biorreator através de um filtro que resulta em uma pasta de algas. Tal pasta é então seca ao sol para criar um pó fino que, posteriormente, será misturado com um aglutinante à base de água para produzir tinta de algas.

“Enquanto procuramos alternativas para o tingimento químico, os pigmentos naturais produzidos pelas algas na forma de carotenóides e clorofilas parecem um dos substitutos mais sustentáveis”, explica a companhia.

Uma das grandes diferenças de um tecido comum para o modelo ecológico é que as cores podem mudar ao longo do tempo. Isso porque assim que entra em contato com o ar, a cor começa a oxidar. De qualquer forma, as instruções de cuidados são as mesmas. A única recomendação é lavar em água fria com o mínimo de sabão possível.
A camiseta também é feita da polpa de madeira extraídas do Manejo Florestal, ou seja, por meio de técnicas com menor impacto ambiental. Eucalipto, Fagus e pinho-alemão são alguns dos gêneros usados na produção. A polpa da árvore é transformada em fibra, depois em fios e finalmente em tecido. Segundo a companhia, toda a madeira é extraída de plantações florestais sustentáveis e certificadas com os selos FSC e PEFC.

 

 

Totalmente biodegradável

Como é feita inteiramente de plantas e algas, a camiseta é totalmente biodegradável e compostável. A velocidade com que a biodegradação ocorre depende do ambiente em que é exposto. Quanto mais bactérias, fungos e calor da terra, mais rápido a camiseta desaparece. Segundo a marca, enterrando no solo, a compostagem pode ocorrer em cerca de 12 semanas. “A camiseta que inicia sua vida na natureza é literalmente projetada para terminar lá também”, diz a companhia.


Mas, atenção, o fato dela ser facilmente biodegradável não significa que ela irá se desfazer durante o uso cotidiano. Apenas quando enterrada no solo, em condições adequadas, às fibras passam a se decompor.

No Dia Nacional do Cerrado, petição pede aprovação da PEC 504/2010


 



Nesta quarta-feira (11/09), Dia Nacional do Cerrado, serão entregues no Congresso Nacional as mais de 560 mil assinaturas da petição pública pela aprovação da PEC 504/2010, que transforma o Cerrado e a Caatinga em Patrimônio Nacional. O ato será realizado durante seminário que marca a abertura do IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado. Com o objetivo de combater o desmatamento e contribuir para a preservação dos povos e modos de vida desses biomas, a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado recolhe assinaturas desde 2016 para pressionar a Câmara dos Deputados a votar pela aprovação desta lei.

Para Isolete Wichinieski, uma das coordenadoras da Comissão Pastoral da Terra, entidade integrante da coordenação executiva da Campanha, a iniciativa é importante não só pelo número expressivo de assinaturas, mas também pelo trabalho de mobilização, conscientização e integração de diferentes organizações e setores da sociedade. “Nós, que atuamos nos territórios junto aos povos do Cerrado, compreendemos a importância da aprovação desta PEC por ser mais um instrumento de defesa e manutenção das vidas e culturas presentes neste bioma’’, afirma.


Cerrado como Patrimônio Nacional

A PEC 504/2010 foi apresentada em 2010 e desde então colocada em pauta diversas vezes na Câmara dos Deputados, mas nunca apreciada. Atualmente os únicos biomas considerados Patrimônio Nacional são Amazônia, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal e a Zona Costeira. Mesmo com esse respaldo da lei, o bioma da Amazônia sofre com o alarmante crescimento do número de queimadas e desmatamento em seu território.

Não distante dessa realidade, a região Centro-Oeste do Brasil, quase toda ocupada pelo Cerrado, figura na segunda posição quando se trata da elevação do número de incêndios florestais, apresentando o crescimento de 100% do número de focos de incêndio no comparativo com dados de 2018, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No início do mês de setembro, por exemplo, o incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, situado no Mato Grosso, destruiu quase 4 mil hectares de sua área.

Reconhecida como a savana mais biodiversa do mundo, no Cerrado vivem cerca de 25 milhões de pessoas. Diversos segmentos de povos e comunidades tradicionais estão presentes no bioma. Entre eles, mais de 80 etnias indígenas, quilombolas, ribeirinhos, vazanteiros, pescadores e quebradeiras de coco babaçu que são considerados guardiões de seus territórios por contribuírem com a conservação dos recursos naturais do Cerrado, como nascentes de rios e reservas legais.

É o que defende a indígena Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul, Erileide Domingues. “Para nós, povos indígenas, o Cerrado é importante pois é nele que está a água, é nele que cultivamos as plantas nativas. Como povo tradicional a gente defende que o próprio alimento está no Cerrado, ele que dá a vida para nós, e isso a gente tenta manter o máximo que podemos para levar e mostrar para as próximas gerações”.

Vale destacar que este bioma abriga oito das doze regiões hidrográficas brasileiras e abastece seis das oito grandes bacias hidrográficas do Brasil. Além disso, é nele que estão localizados três dos principais aquíferos do país: Bambuí, Urucuia e Guarani. Não à toa, é considerado a ‘’Caixa d’água do Brasil’’.



Foto: © Marizilda Cruppe / Greenpeace
Casca Danta, Serra da Canastra

IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado

Brasília será palco da nona edição do Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, que será realizado de 11 a 14 de setembro, no Complexo Cultural Funarte. Com o tema: Pelo Cerrado Vivo: diversidades, territórios e democracia, o encontro conta com uma programação voltada principalmente para debater as pautas prioritárias do Bioma e seus povos e ser um espaço dedicado a diversidade de vozes, culturas e modos de vida de seus povos, comunidades tradicionais e agricultores e agricultoras familiares.

São esperados mais de 500 participantes vindos dos 12 estados onde a savana brasileira está presente – Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rondônia, Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí.


O IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado é promovido pela Rede Cerrado e contará com diversas atividades, entre elas, a tradicional corrida de toras, seminários e oficinas que abordarão diferentes temas, atrações culturais e feira com produtos da sociobiodiversidade. Programação completa e mais informações.


Campanha em Defesa do Cerrado

A Campanha Nacional em Defesa do Cerrado surgiu com a união de mais de 50 organizações e movimentos sociais com o objetivo de alertar a sociedade sobre os impactos causados pela destruição do Cerrado no Brasil. A valorização e conservação da biodiversidade e das culturas dos povos e comunidades deste bioma guia a Campanha, que também destaca a relevância do Cerrado no abastecimento de água no país.



Seriema (Cariama cristata), ave típica do Cerrado.
Serra da Canastra, Minas Gerais

Propriedades privadas na Amazônia concentram queimadas

por Observatório do Clima – 
 
33% dos focos de fogo estão em áreas inscritas no Cadastro Ambiental Rural, mostra nova análise do Ipam

As propriedades privadas responderam por 33% dos focos de calor registrados na Amazônia até agora. Em segundo lugar vieram as áreas sem destinação fundiária específica, que somam 30% dos focos de calor – 20% apenas em florestas públicas não destinadas, um forte indicativo de grilagem de terras.

Os números fazem parte de uma nova análise sobre a atual temporada de fogo na Amazônia, separada agora por categoria fundiária, feita pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de 1º de janeiro a 29 de agosto de 2019.

Clique aqui para ver a nota técnica na íntegra.

Terras indígenas e unidades de conservação são as categorias com menor incidência no ano, registrando 6% e 7% dos focos, respectivamente. Essa análise de áreas protegidas exclui as áreas de proteção ambiental, ou APAs: apesar de serem categorizadas como unidades de conservação, elas apresentam um comportamento similar ao de propriedades privadas, e sozinhas responderam por 6% dos focos no período.

Os assentamentos de reforma agrária responderam por 18% dos casos; contudo, análises preliminares indicaram grande concentração de casos em poucos projetos.

O estudo reforça outra nota técnica sobre o tema lançado em agosto pelo IPAM, estabelecendo a relação entre derrubada da floresta e queimadas. “O principal gatilho desta temporada de fogo na Amazônia não é a seca, mas o pico de desmatamento”, explica a diretora de Ciência do instituto, Ane Alencar, que estuda o tema há mais de duas décadas. “Este ano não é especialmente mais seco do que anteriores.”

Ao comparar 2019 com a média de focos de calor registrada entre 2011 e 2018, todas as categorias fundiárias apresentaram crescimento nos casos, com destaque para as APAs (aumento de 141% em relação à média dos oito anos anteriores) e as florestas públicas não destinadas (126% de aumento).

“Existem 67 milhões de hectares de florestas públicas sem destinação na Amazônia que são patrimônio dos brasileiros, mas que por falta de governança estão hoje à mercê de grileiros e especuladores irregulares de terra. O desmatamento e o fogo que acontece nessas regiões é totalmente ilegal, e devem ser alvo de investigação e ações de comando e controle”, diz o pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho.

Clique aqui para ver a nota técnica na íntegra.

(#Envolverde)

Dia do Cerrado celebrado em meio a fogo e desmatamento

O Cerrado deu a Mato Grosso alguns de seus símbolos mais icônicos. O pequi para a galinhada. O sarã e a ximbuva para a viola-de-cocho. A bocaiúva, famosa como chiclete de cuiabano. Mesmo assim, não tem recebido a proteção que deveria dos mato-grossenses. Além de desmatado massivamente de forma ilegal, o Cerrado está em chamas este ano.

Dos 360 mil quilômetros quadrados de sua área original em Mato Grosso, quase metade – 45% – já foi desmatada. No último ano, de agosto de 2017 a julho de 2018, foram quase mil quilômetros quadrados, de acordo com o PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Isto corresponde a 15% de todo o Cerrado perdido no Brasil em um ano.

 


De acordo com a análise das características do desmatamento realizada pelo ICV, 95% deste desmatamento foi feito de forma ilegal, ou seja, sem a devida autorização da SEMA ou do IBAMA. E cerca de um terço ocorreu em imóveis rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e em áreas contínuas de mais de 50 hectares.

O Cerrado também está queimando demais. Desde janeiro, já foram mais de 6,5 mil focos de calor registrados no bioma. Cartões postais importantes queimam sem trégua há semanas.

Em Chapada dos Guimarães, atrativos como as Cachoeiras Geladeira e Marimbondo foram fechados por conta do fogo. Na Várzea do rio Cuiabá, o Parque Serra Azul já perdeu 100 hectares de vegetação para as chamas. Os parques estaduais Serra de Ricardo Franco e Serra de Santa Bárbara, no sudoeste do estado, também acumulam dezenas de focos de incêndios.

Não há indicações de que a situação do Cerrado mato-grossense irá melhorar no curto prazo. A análise dos dados do DETER, sistema de alertas do Inpe desenvolvido para dar suporte rápido à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal, mostra tendência de aumento no ritmo das agressões ao bioma.

Desde agosto do ano passado, foram mais de 3 mil alertas de desmatamento no Cerrado, totalizando uma área de 1.086 km² de vegetação natural destruída. A maior parte do desmatamento – 54% – foi detectada em agosto de 2018 e nos meses de janeiro, abril e maio de 2019.

Ainda que a área total de desmatamento no bioma e a taxa de ilegalidade só sejam conhecidos no ano que vem, quando, normalmente, saem os dados do PRODES para o Cerrado brasileiro, o crescente número de alertas do DETER deveria fazer exatamente o que o nome do dado diz: soar um alerta para todos.

Alertas de desmatamento do DETER no Cerrado mato-grossense entre agosto de 2018 e julho de 2019

Quatro municípios – Paranatinga, Cocalinho, Ribeirão Cascalheira e Rosário Oeste – revezam posições no ranking dos 10 mais críticos em três diferentes análises. Dentro do bioma Cerrado, eles figuram entre os municípios que mais desmataram no ano passado, os com maior número de focos de calor este ano e com o maior número de alertas de desmatamento emitidos pelo DETER.

Isto confirma a tendência de que, neste bioma, o desmatamento é bastante concentrado – o que deveria facilitar o combate a frentes de ilegalidade. Neste Dia Nacional do Cerrado, data criada em 2003 com a intenção de estimular a criação de programas de proteção ao bioma, os motivos para comemorar parecem ter virado fumaça.
(#Envolverde)