terça-feira, 3 de setembro de 2019

Pirenópolis ganha mais 5 reservas de Patrimônio Natural

 

Pirenópolis ganha mais 5 reservas de Patrimônio Natural




Município ecoturístico de Goiás, Pirenópolis acaba de ganhar mais cinco reservas particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Foram criadas a Segredos do Cerrado (área de 7,40 ha hectares), a Magia do Cerrado (área total de 18,74 hectares), a Caraívas Ecovilla (área de 7,91 hectares), a Caraívas Comunidade Vale da Dhyana (área de 10,18 hectares) e a Caraívas Chácara Vale da Dhyana (área de 4,51 hectares).


Na criação de tais reservas, os proprietários, sem perder a titularidade, dividem com o governo as responsabilidades de gestão da terra. Elas passam a ser consideradas Unidades de Conservação, ajudam a ampliar as áreas preservadas do país e o proprietário ganha alguns benefícios, entre eles a isenção do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) referente à área criada como RPPN.
Com autorização prévia, os donos da terra também podem criar atividades recreativas, turísticas, de educação e pesquisa no local.

Em algumas reservas particulares, também é testado um modelo de Pagamento por Serviços Ambientais, ou seja, os proprietários recebem apoio financeiro para manter e ampliar suas ações de conservação nas reservas.

Cidade exemplo

Já foram oficializadas sete RPPNs em Pirenópolis desde julho, incluindo as citadas acima. Mas, é Curitiba que chama atenção pelo número de Reservas Particulares do Patrimônio Natural no Brasil. A cidade soma 22 reservas, o que representa o maior número entre as capitais brasileiras.

Pirenópolis 

Ruas tombadas pelo IPHAN e casarões históricos dão charme a Pirenópolis, mas são os rios e as mais de 80 cachoeiras que atraem visitantes de todo o país. Para a cidade, que está no Cerrado, seguir como um destino relevante, não há alternativa: é preciso cuidar de sua beleza natural.

O desmatamento da Amazônia tem um impacto significativo no clima do Brasil


O desmatamento da Amazônia tem um impacto significativo no clima do Brasil


desmatamento na Amazônia

A perda de cobertura florestal na Amazônia tem um impacto significativo no clima local no Brasil, de acordo com um novo estudo.

University of Leeds*
O Programa Ambiental da ONU alertou que os incêndios na Amazônia ameaçam “… esse precioso recurso natural …” e que a floresta ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Informações sobre os efeitos do desmatamento na Amazônia – e a maneira como ele pode intensificar as mudanças climáticas, particularmente em nível local – foram publicadas em acesso aberto na revista Frontiers .

Usando dados de satélite, Jess Baker e o professor Dominick Spracklen, da Universidade de Leeds, avaliaram as consequências climáticas do desmatamento na Amazônia entre 2001 e 2013.
Eles descobriram que o desmatamento faz com que o clima local esquente – e que o aquecimento se intensificou à medida que a gravidade do desmatamento aumentava.

As florestas intactas da região, com menos de 5% de perda de dossel, tiveram a maior estabilidade climática nos últimos dez anos, mostrando apenas pequenos aumentos de temperatura.
As áreas com cobertura de árvores reduzidas para menos de 70% aqueceram 0,44 ° C a mais do que as florestas intactas vizinhas durante o período do estudo.

As diferenças entre florestas intactas e perturbadas foram mais pronunciadas durante a parte mais seca do ano, quando foram observados aumentos de temperatura de até 1,5 ° C em áreas afetadas por desmatamento severo. Esse aumento é adicional ao aumento da temperatura global impulsionado pelas mudanças climáticas.

A coautora do estudo Jess Baker, da Escola de Terra e Meio Ambiente de Leeds, disse: “Os incêndios na Amazônia nos lembraram todo o papel importante que as florestas desempenham em nossos sistemas globais. Mas não se pode ignorar que as florestas intactas da Amazônia também são de importância crucial. para o clima local do Brasil.

“Uma floresta amazônica intacta e saudável ajuda a regular o clima local e pode até agir como um amortecedor dos efeitos do aquecimento das mudanças climáticas, em comparação com as florestas perturbadas”.

O co-autor do estudo Dominick Spracklen, professor de interações biosfera-atmosfera em Leeds, disse: “O desmatamento diminui a quantidade de água emitida para a atmosfera da floresta através de um processo chamado evapotranspiração.

“A evapotranspiração pode ser vista como a ‘transpiração’ da floresta; quando a umidade emitida pelas florestas evapora, esfria o clima local. O desmatamento reduz a evapotranspiração, retirando essa função de resfriamento e causando o aumento da temperatura local.

“À medida que as temperaturas aumentam, isso aumenta o estresse causado pela seca e torna as florestas mais suscetíveis à queima”.
Referência:
Baker JCA and Spracklen DV (2019) Climate Benefits of Intact Amazon Forests and the Biophysical Consequences of Disturbance. Front. For. Glob. Change 2:47. doi: 10.3389/ffgc.2019.00047
https://doi.org/10.3389/ffgc.2019.00047

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 02/09/2019

O desmatamento da Amazônia tem um impacto significativo no clima do Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 2/09/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/09/02/o-desmatamento-da-amazonia-tem-um-impacto-significativo-no-clima-do-brasil/.

Clima sem saúde


Clima sem saúde, artigo de Paulo K. de Sá


crise ambiental

[EcoDebate] Em tempos de avanço no desmatamento da Amazônia, uma das áreas mais importantes do planeta para a regulação do clima, biodiversidade e sobrevivência de inúmeras espécies, inclusive a nossa, assistimos a uma voraz investida sobre um dos maiores patrimônios da humanidade. Como se não bastasse, a Mata Atlântica e, principalmente, o Cerrado são devastados em meio à nuvem de fumaça na Amazônia.

Sabemos que o modelo econômico dita as decisões políticas, e seria ingenuidade não entendermos que a virada conservadora na política nacional e internacional levaria a esse quadro. Em nome do consumo e do crescimento ininterrupto, as corporações não irão se deter no avanço sobre os ecossistemas, transformando tudo em commodities.


No entanto, a divulgação dos cientistas de que dispomos somente de 12 anos para reverter radicalmente o quadro atual, para viabilizar a sobrevivência da maioria da humanidade e das espécies até o final do século, colocou em xeque tudo o que fazemos e escolhemos.


Não precisa ser gênio para entender que a mudança na dinâmica dos principais ecossistemas terrestres e marinhos provoca e provocará, cada vez mais intensamente, ondas de calor e frio, gerando a deterioração nas condições de vida. Toda essa mudança provoca efeitos previsíveis e imprevisíveis.

Conhecemos pouco sobre os impactos que as mudanças causadas pela alteração nos ecossistemas poderão gerar, especialmente nos microrganismos, assim como na saúde de todos.
Para além da degradação ambiental e do desconforto que a alteração climática provoca, em uma escala mais frequente os danos se tornam economicamente desastrosos por um lado e oportunidade para gananciosos do outro.


A alteração dos ecossistemas não se dá pura e simplesmente pelo desmatamento, mas também pelo abusivo uso de defensivos agrícolas, alterando a flora e a fauna e com importantes consequências em nossa saúde. Desde o início do ano foram autorizados no Brasil o uso de inúmeros agrotóxicos condenados em vários países. Tudo em nome da escala econômica e ampliação da fronteira agrícola para enfrentar a fome do mundo, promessa essa que sempre esteve como máxima convincente, mas que nunca foi cumprida pela dita revolução verde.


Em meio à destruição existem vários oportunistas que ganham dinheiro. Para alguns, a destruição é ótima oportunidade para lucrar com a reconstrução, redução de danos e medidas posteriores de minimização dos efeitos deletérios ocasionados pelos eventos climáticos.


Resta a pergunta: que tipo de humanos nos tornamos ao longo da história se o risco de desaparecimento como espécie for menos importante do que o controle mundial da economia e das oportunidades de ganho de capital? Parece que chegarmos ao final do século saudáveis ou não é menos relevante. O que interessa é como podemos ganhar dinheiro com o adoecimento e sofrimento em massa, em meio a ecossistemas deteriorados.


Paulo K. de Sá é médico e coordenador da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Fase), no RJ. E-mail: paulosa@fmpfase.edu.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 02/09/2019

Clima sem saúde, artigo de Paulo K. de Sá, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 2/09/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/09/02/clima-sem-saude-artigo-de-paulo-k-de-sa/.

A terra sem lei no Pará

Repórter conta como a promessa de progresso com Belo Monte piorou Altamira.
 

A repórter Débora Álvares conta como Altamira (PA) se transformou em uma das cidades com mais focos de incêndio e recordista de desmatamento na Amazônia.

O fogo é só um sintoma de problemas muito profundos e antigos como disputas fundiárias, ausência do Estado e altos índices de violência.

Tudo se agravou com as obras de Belo Monte, usina liberada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2010, no final do segundo mandato de Lula.

“Belo Monte trouxe mais gente, tornou a área mais atrativa, mais conhecida, e de mais fácil acesso. A pressão sobre as terras indígenas aumentou muito”, relata a procuradora da República em Altamira, Thais Santi.

Índios de tribos como os Xikrin já agiram por conta própria para defender o próprio território. São pelo menos 14 aldeias com grandes focos de tensão com grileiros.

O número de crimes ambientais disparou neste ano em Altamira — 157 inquéritos foram abertos até o dia 27 de agosto. No ano passado inteiro, foram 67 investigações.

“Houve uma sinalização [do governo] de que haveria mudanças na política ambiental. Isso contribuiu para que as pessoas acreditassem que seria de qualquer jeito e agora ‘pode tudo’. Mas têm que seguir o regramento legal”, analisa o delegado da Polícia Federal em Altamira, Mário Sérgio Nery. 

Aliás, na última sexta, garimpeiros atiraram em fiscais do Ibama, policiais rodoviários e até homens da Força Nacional de Segurança perto de área indígena em Altamira.

Ninguém ficou ferido, mas ninguém foi preso.

Qual regramento legal que vale numa terra sem lei?

Boa semana.

Diego Iraheta

Editor Chefe HuffPost Brasil

Carta aberta ao ICMBio e à Sociedade Brasileira.


Ofício SEI nº 10/2019-PFE

Brasília, 29 de agosto de 2019



Ao Senhor,
HOMERO DE GIORGE CERQUEIRA
Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
EQSW 103/104, Complexo Administrativo, Bloco C, 1º Andar - Setor Sudoeste
CEP: 70.670-350


Assunto: Carta aberta ao ICMBio e à Sociedade Brasileira. 

1. No dia 28 de agosto de 2019, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
ICMBio- completou 12 anos de dedicação a sua missão de proteger o patrimônio natural e promover o desenvolvimento socioambiental, por meio da gestão de 334 Unidades de Conservação Federais, que correspondem a quase 10% do território continental e 24% do marinho, essenciais à qualidade da vida humana, incluindo a manutenção da biodiversidade, dos serviços ecossistêmicos, dos benefícios
econômicos e do bem-estar social.

2. Tão nobre missão é desempenhada por apenas 1529 servidores permanentes da Carreira de
Especialista em Meio Ambiente, além de colaboradores e servidores cedidos, que se dedicam a inúmeras atividades que envolvem a gestão de unidades de conservação e de espécies ameaçadas, tais como:

demandas administrativas, 
atendimento ao público, 
educação ambiental,
implementação de instrumentos
participativos,
mediação de conflitos,

Nós, servidores de Estado e do principal órgão de gestão de áreas protegidas no Brasil (ICMBio),
diante da crise ambiental que assola o país e da responsabilidade legal de garantir a proteção do
patrimônio natural brasileiro, vimos manifestar nossa preocupação quanto aos rumos da política ambientalnacional corroborando a Carta Aberta dos servidores do IBAMA à sociedade brasileira com a qual concordamos integralmente, e acrescentamos aspectos que entendemos
sensíveis e carentes de atenção por parte do governo federal


a) Fortalecer os órgãos de controle, pesquisa, monitoramento e fiscalização federais
(IBAMA, ICMBio), com suporte orçamentário, restabelecimento do contingente de
pessoal, principalmente prevendo a realização de concursos públicos.


b) Suprimir quaisquer ingerências nas ações de fiscalização no que tange à aplicação de
medidas cautelares de competência discricionária dos fiscais.


c) Respeitar os procedimentos de planejamento da fiscalização de ilícitos ambientais e
combate a incêndios florestais, instituídos pelos órgãos ambientais, com base na
legislação pertinente, em informações verídicas e nos procedimentos técnicos.


d) Ampliar a utilização de recursos tecnológicos que possibilitem a rápida atuação
institucional em ações de monitoramento e fiscalização para que avancem cada vez mais
em sistemas de monitoramento, incluindo as iniciativas nacionais consolidadas e
reconhecidas internacionalmente (PRODES, DETER, PREPS).


e) Melhorar as condições de trabalho das unidades descentralizadas do IBAMA e do
ICMBio, viabilizando a segurança e o reforço das equipes de campo em ações planejadas
de fiscalização e monitoramento.) Nomear, preferencialmente, servidores do quadro funcional das instituições (IBAMA eICMBio) nos cargos de chefia, coordenação e direção, sobretudo respeitando critériostécnicos previstos em norma vigente, incluído a instalada pela Presidência da
República - Decreto nº 9.727, de 15 de Março de 2019.


f) Nomear, preferencialmente, servidores do quadro funcional das instituições (IBAMA e
ICMBio) nos cargos de chefia, coordenação e direção, sobretudo respeitando critérios
técnicos previstos em norma vigente, incluído a instalada pela Presidência da
República - Decreto nº 9.727, de 15 de Março de 2019


g) Atuar de forma integrada com organizações da sociedade civil e populações
tradicionais, indígenas e quilombolas, como parceiros e protagonistas no
desenvolvimento sustentável do país.


h) Retomar a unicidade da gestão ambiental federal, reintegrando o Serviço Florestal
Brasileiro (SFB), o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a Agência Nacional de Águas
(ANA) ao Ministério do Meio Ambiente, instrumentos indispensáveis para a gestão
territorial, o monitoramento e o controle de atividades humanas, além do
desenvolvimento sustentável das florestas e a promoção de políticas públicas



i) Pôr fim à política de assédio e intimidação de servidores, envolvendo, entre outras
estratégias, as remoções de cunho punitivo, o cerceamento à livre manifestação, além de
críticas e insultos às instituições e servidores por parte do alto escalão do governo
federal. Tais atitudes acabam por acarretar a desmotivação dos servidores,
descredibilidade dos órgãos junto à sociedade, bem como a promoção de ações reativas
por parte de grupos organizados com interesses na apropriação indevida do patrimônio
natural, decorrentes do empoderamento de infratores ambientais na certeza da
impunidade.


4. Além das medidas acima elencadas, solicitamos ao governo que paute suas ações com base nos dados científicos, nas boas práticas reconhecidas internacionalmente e nos princípios constitucionais daadministração pública, evitando o desmonte dos órgãos ambientais - fundamentais para a proteção do meioambiente - e a destruição dos recursos socioambientais brasileiros.


5. Há doze anos trabalhamos, silenciosamente, para proteger o patrimônio natural brasileiro em prol
de toda a humanide e continuaremos a fazê-lo até a última molécula de oxigênio se esvair de nossas florestas.
Respeitoramente
Servidores do ICMBIO