quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Ciclistas revelam potencial do ecoturismo no Cerrado em aventura de 10 dias

Ciclistas revelam potencial do ecoturismo no Cerrado em aventura de 10 dias

18.10.2019Notícias
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O Cerrado brasileiro, a savana mais biodiversa do mundo, é o cenário de uma viagem que mistura aventura, ecoturismo e desenvolvimento sustentável. Protagonizada por três ciclistas, dois brasileiros e um norte-americano, o TranCerrado: pedalando pela preservação é um projeto que revela o potencial econômico do bioma, principalmente por meio do ecoturismo e da agropecuária sustentável.

A aventura, que teve início no último dia 15 de outubro, é conduzida por Paulo Moutinho, cientista sênior e cofundador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM); Paul Lefebvre, pesquisador associado do Woods Hole Research Center, nos EUA; e Márcio Bittencourt, técnico em Telecomunicações e especialista em navegação marítima.

O Cerrado é hoje o bioma mais ameaçado do Brasil. Presente em 11 estados – Bahia, Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí, Rondônia, São Paulo, Tocantins, além do Distrito Federal –, ocupa 24% de todo o território nacional, ou cerca de 80 milhões de hectares. No bioma vivem cerca de 25 milhões de pessoas, muitas delas indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e agricultores familiares.

Conhecido como o “berço das águas” ou a “caixa d’água do Brasil”, o Cerrado abriga oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras, abastece seis das oito grandes bacias hidrográficas do Brasil e guarda três dos principais aquíferos do país. Existem cerca de 10 mil espécies de plantas no Cerrado, das quais 44% são exclusivas do bioma.

Apesar de sua importância, o Cerrado tem apenas 8,7% da sua área protegida em unidades de conservação. Além disso, perdeu 29 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 34 anos. Atualmente, 56% da sua área está coberta por vegetação nativa e 40% são voltados para atividades agropecuárias.

É neste contexto que a aventura TransCerrado está. “Nós queremos dar mais visibilidade ao bioma, mostrar a importância da preservação da savana mais biodiversa do mundo e difundir o ecoturismo como potencial atividade econômica complementar à agricultura praticada na região”, explica Paulo Moutinho, do IPAM. “É possível incorporar boas práticas no campo, como recuperação de pastos e restauração florestal, incluindo a regularização fundiária, para melhorar a produção. Esse pensamento, aliado à valorização da paisagem, são fundamentais para se criar uma nova forma de desenvolvimento para o Cerrado.”

TransCerrado: pedalando pela preservação pode ser acompanhado pela internet em tempo real pela página oficial do projeto: https://ipam.org.br/transcerrado/ ou ainda pelo Instagram (@bike_transcerrado) e Twitter (@transcerrado). Diariamente são postados fotos e vídeos com os principais momentos da aventura. Na página, é possível acompanhar a rota já percorrida pelos ciclistas.

O projeto foi produzido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), com o apoio da GIZ (Agência Alemã de Cooperação Internacional).

Organizações alertam para fragilização das áreas protegidas brasileiras

Organizações alertam para fragilização das áreas protegidas brasileiras

21.10.2019Notícias
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Durante o III Congresso de Áreas Protegidas da América Latina e Caribe, que aconteceu na semana passada, a Coalizão Pró-UCs – coletivo que reúne dez organizações comprometidas com a valorização e defesa das unidades de conservação (UCs) da natureza –, com o apoio de 15 organizações brasileiras presentes no evento, denunciou a fragilização das áreas protegidas no Brasil.

A partir de análise sobre os primeiros dez meses de gestão federal e com base em dados produzidos por instituições oficias, o manifesto alerta que o governo brasileiro tem demonstrado uma falta de compreensão da relevância e potencial das UCs, terras indígenas e demais áreas protegidas do país. Nesse período não apresentou propostas e avanços significativos nessa agenda, apesar das inúmeras oportunidades e potencialidades existentes. Veja o documento na íntegra.

“Um patrimônio de todos os brasileiros, construído em décadas – com benefícios tão tangíveis como a oferta de energia e água e com papel relevante nas condições de vida na Terra – nunca esteve tão ameaçado como agora“, destaca um ponto do manifesto.

Segundo as organizações, o desmonte ambiental também ameaça o desenvolvimento econômico e social, e o bem-estar dos brasileiros e das futuras gerações em todo o planeta.

Dados que comprovam estas afirmações constam no estudo “Quanto vale o verde?”, que destaca a importância dessas áreas para atividades econômicas relevantes para o desenvolvimento do Brasil. Como exemplo, mais de quatro a cada 10 megawatts de energia gerada em usinas hidrelétricas, que respondem por 65% da eletricidade produzida no país dependem das áreas protegidas, além de, aproximadamente, um a cada quatro litros de água consumidos no Brasil.

A visitação nas UCs continua tendo grande destaque como elemento de dinamização econômica. Cerca de 17 milhões de visitantes foram registrados em 2016, com impacto sobre a economia estimado de até R$ 6 bilhões anuais. De acordo com estudo cada US$ 1 investido nas UCs pode gerar US$ 40 de retorno para a sociedade. Além dos benefícios ambientais, esses dados indicam a enorme contribuição econômica dessas áreas, reforçando a importância de que o Brasil garanta a efetividade das suas áreas protegidas e o cumprimento das políticas públicas associadas.

Entre as decisões e declarações do governo consideradas como ameaças estão a criação de um “grupo de trabalho” para a revisão geral dos limites e categorias das 334 áreas de proteção federais, em todo o país, feita sem justificativa técnica. Desde então, 67 alterações em UCs foram propostas;  o Fundo Amazônia, que não teve nenhum projeto aprovado em 2019, sendo que em 2018, R$ 191 milhões foram revertidos a 11 iniciativas. E, por fim, os valores alocados para as ações ambientais no Plano Plurianual 2020-2023, de apenas R$ 2,2 bilhões. O orçamento da pasta ambiental figura historicamente entre os mais baixos da Esplanada e, em 2019, foi de apenas R$ 2,8 bilhões.

Além da Coalizão Pró-UC assinam o Manifesto: Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Vitoria Amazônica, Instituto Curicaca, Instituto de Manejo e Certificação Florestal (Imaflora), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Instituto Mapinguari, Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Movimento Conservatio – Cultura de Áreas Protegidas, Rede Pró-UC, Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, The Nature Conservancy (TNC-Brasil)  e WWF-Brasil.


Sobre a Coalizão Pró-UC
A Coalizão Pró Unidades de Conservação da Natureza (Pró-UC) é uma rede de instituições da sociedade civil, que tem como objetivo promover, junto à sociedade, o que consideramos as melhores e mais eficientes formas de proteger e conservar o patrimônio natural brasileiro, para essa e as futuras gerações. Para tanto, promove a articulação entre os setores, o debate junto à sociedade e desenvolve estratégias para o fortalecimento das Unidades de Conservação (UCs) em todo o território nacional.


Integram a Coalizão, Conservação Internacional (CI-Brasil), Fundação Grupo Boticário para a Conservação da Natureza, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), Instituto Semeia, Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, The Nature Conservancy (TNC), União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN-Brasil) e WWF-Brasil.

Serviços ambientais da fauna na Amazônia

[EcoDebate] Claudio Ângelo afirma que a Fauna da Amazônia presta serviço ambiental de US$ 5 trilhões ao Brasil
Assim um serviço cujo valor é estimado em pelo menos US$ 5 trilhões, quase três vezes o PIB do Brasil, vai sendo literalmente abatido a tiros no norte do país. Trata-se do valor do carbono mantido na Amazônia por grandes animais, como o macaco-aranha e a anta, mortos por caçadores.
A estimativa foi publicada por um grupo de cientistas do Brasil, Estados Unidos e Reino Unido, liderados por um amazônida, o paraense Carlos Peres, professor da Universidade de East Anglia, na Inglaterra.
Estes animais de grande porte, afirma o grupo, guardam a chave para a fixação de parte expressiva do carbono da Floresta Amazônica, que, por sua vez, estoca sozinha metade do carbono das florestas tropicais do planeta. São os responsáveis por dispersar as sementes das árvores de madeira de lei, que têm o maior teor de carbono.
A caça de antas, macacos-aranha e macacos-barrigudos, cuja carne é apreciada nas zonas rurais da Amazônia, pode levar a perdas de 2,5% a 5,8% da biomassa da floresta, em média, chegando a quase 38% em alguns locais onde esses bichos foram extintos pelos caçadores.
Extrapolando esse valor para toda a área da Amazônia, e considerando um valor da tonelada de carbono de modestos US$ 5 no mercado internacional de emissões, Peres e colegas estimaram que estes animais prestam um serviço estimado entre US$ 5 trilhões a US$ 13 trilhões inteiramente de graça, apenas comendo frutos dessas árvores e defecando suas sementes.
Ao fazer isso, ajudam novas árvores de madeira densa a se espalhar pela floresta, retirando carbono do ar por fotossíntese e estocando-o em caule e galhos à medida que crescem.
A conta foi publicada nesta segunda-feira (25/11) no periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Antes que o Ministério da Fazenda resolva bolar um esquema para se apropriar desse valor para tampar o buraco fiscal brasileiro, os autores se apressam em dizer que trata-se de uma estimativa apenas para referência, já que nem todo o carbono da Amazônia é “monetizável”, ou passível de ser transacionado em mercados como crédito. Mesmo assim, afirma Peres, há um valor bem concreto em manter os animais vivos.
“O serviço de dispersão prestado por estes vertebrados florestais vale dinheiro”, disse ao Observatório do Clima.
“Poderia até se pensar num programa de pagamentos por serviços ambientais para subsidiar comunidades locais a manejar melhor seus estoques de caça num regime de manejo comunitário”, afirmou.
O que é urgente, porque ao irem para a grelha, para zoológicos particulares ou mesmo ao serem mortos por esporte, os grandes vertebrados da Amazônia causam perdas de valor e ainda ajudam a aquecer ainda mais o planeta.
Como os caçadores são, em geral, populações pobres ou índios em busca da proteína de cada dia, mas usando armas cada vez mais modernas e vivendo em aldeias cada vez mais sedentárias, o que agrava seu impacto sobre as zonas de caça, vale a pena pagar para que eles racionalizem essa caça.
Este procedimento é estimulado pelo “REDD” (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal).
No estudo, Peres e colegas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e da Universidade do Estado do Oregon, nos Estados Unidos, usaram computadores e dados de campo de 166 áreas de floresta com e sem pressão de caça para modelar o impacto que a caça na Amazônia brasileira poderia ter.
Depois, modelaram o impacto que a caça praticada por 1 milhão de residências rurais na Amazônia poderia ter, usando como base de dados 2.300 áreas de floresta previamente inventariadas onde a população de árvores era conhecida.
A conclusão dos pesquisadores foi que os grandes primatas comedores de frutas têm suas populações afetadas pela caça em 32% das áreas remanescentes de floresta na Amazônia, e podem sumir completamente de 7,5% da região.
Peres e seus colegas usaram no estudo uma abordagem relativamente nova. A discussão do mutualismo, a interdependência entre plantas e animais na agenda climática. O reconhecimento do papel da fauna na manutenção do carbono florestal foi totalmente ignorado na construção do chamado “REDD+”, o mecanismo de redução de emissões por desmatamento proposto no âmbito da Convenção do Clima e reconhecido no Acordo de Paris. O “REDD+”, por assim dizer, enxerga as árvores, mas não a floresta.
Estudos sobre a importância da fauna para a fixação de carbono e sobre o impacto da caça nas emissões vêm sendo feitos na África e na Ásia, mas até agora nenhum havia sido realizado para a Amazônia, que é justamente o lugar onde o “REDD+” está mais adiantado devido ao monitoramento regular que o Brasil faz do desmatamento.
Na Mata Atlântica, a primeira avaliação da chamada “defaunação” sobre o carbono foi publicado num estudo liderado por Mauro Galetti e Carolina Bello, da UNESP de Rio Claro, que tem Carlos Peres como co-autor. A conclusão é que extinções locais de grandes vertebrados causam perdas de até 3 toneladas de carbono por hectare, ao deixar a floresta mais “rala”.
“O nosso modelo é bem mais conservador, tendendo a uma sub-estimativa de perda de biomassa florestal e carbono”, disse Peres. “Ele leva em consideração somente um grupo morfológico muito mais restrito de plantas que dependem quase exclusivamente de dispersão de sementes por algumas espécies de frugívoros de grande porte que são altamente sensíveis a pressão de caça.”

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

Referência:

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/10/2019
Serviços ambientais da fauna na Amazônia, artigo de Roberto Naime, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/10/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/10/22/servicos-ambientais-da-fauna-na-amazonia-artigo-de-roberto-naime/.

Defesa autoriza emprego de cerca 5 mil militares do Exército para conter óleo nas praias do Nordeste

Defesa autoriza emprego de cerca 5 mil militares do Exército para conter óleo nas praias do Nordeste

Publicado: Segunda, 21 de Outubro de 2019, 19h49
Brasília, 21/10/2019 - O Ministro da Defesa autorizou o reforço de cerca de 5.000 militares pertencentes à 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, sediada no Recife (PE), nas ações desenvolvidas na área atingida pelas manchas de óleo. Os militares ficarão à disposição do comando da operação e poderão atuar no monitoramento e limpeza do litoral do Nordeste. 
Além disso, o Ministro do Desenvolvimento Regional disponibilizará Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para o pessoal que atuará na limpeza das praias. A Força Aérea deslocou duas aeronaves hoje e deslocará mais uma amanhã para a capital pernambucana. 
Na tarde desta segunda-feira (21), ocorreu reunião no Ministério da Defesa (MD), que contou com as presenças do Presidente em exercício, Hamilton Mourão; do Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; de autoridades da pasta; e componentes da operação de monitoramento e limpeza das manchas de óleo no litoral do Nordeste, com o propósito de atualizar o Presidente em exercício das ações que se desenvolvem na região do aparecimento das manchas de óleo e divulgar o emprego de militares do Exército na operação.


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Participou ainda, por meio de videoconferência, a partir do Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), localizado no Comando do 2º Distrito Naval, em Salvador-BA, o Ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto.
Na ocasião, o Comandante de Operações Navais, Almirante Leonardo Puntel, disse que, de todo o litoral nordestino, ao longo dos 2.250 quilômetros, apenas a praia de Itapuama-PE estava contaminada ao final do dia de hoje.
Sendo assim, além dos mais de 1.500 militares da Marinha e da Força Aérea, a operação contará também com mais o efetivo do Exército Brasileiro. Além de servidores da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do IBAMA, do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), e da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. E representantes do Departamento de Polícia Federal e Petrobras.
Até o momento as aeronaves da FAB já realizaram mais de 60 horas de voo e já foram recolhidas em torno de 700 toneladas de resíduos, que serão destinados às cimenteiras situadas nos municípios que possuem esse tipo de indústria, sob a supervisão do IBAMA. Além disso, foram deslocadas hoje duas aeronaves da FAB para Recife.