Quando se fala em animais selvagens, a imagem que logo vem à cabeça é de bichos soltos adornados por uma imagem rústica, quer seja deserto ou selva. Não é diferente neste vídeo documentário, "My Africa", produzido pela ONG Conservação Internacional. O filme foi lançado na sexta-feira (4) e mostra paisagens do Quênia, país que abriga a família de protagonistas moradora da reserva Namunyak Wildlife Conservancy, na região de Samburu, ao Norte do país.

Mas, já nos primeiros minutos, o espectador percebe que a mensagem deste documentário será diferente e, talvez, rara quando o assunto é bichos selvagens. O filme, em realidade virtual, mostra que a convivência entre homens e animais que vivem na selva pode ser pacífica. E, como sempre, os bichos acabam ajudando os homens.

Narrado em primeira pessoa por Naltwasha Leripe, o documentáriomostra o dia a dia na comunidade onde ela vive com o marido. Conta a relação com as cabras, com as vacas, como elas precisam ser levadas para lugares onde os leões não chegam. Fala ainda que o elefante, animal aparentemente tão doce, consegue arrasar plantações se chega à noite, em manadas.

Como sempre, também, os bichos ficam à mercê de caçadores ilegais, esses seres humanos que não nos deixa com orgulho algum da raça. A câmera acompanha o salvamento de um filhote de elefante depois de a mãe dele ter sido morta por tais personagens.

No release que recebiconvidando para assistir ao filme seguido de debate, a melhor notícia é que o RioZoo vai ser modernizado. Sou absolutamente contra Zoológicos, mas se não dá mesmo para deixar de ter, é muito mais absurdo que se prenda os bichos em gaiolas, mesmo que sejam imensas. A nova fase do Zoológico do Rio, o mais antigo do Brasil, segundo as informações, vai derrubar as grades e tentar fazer ambientações que se assemelhem aos habitats de cada um dos animais. Antes assim. Embora, volto a dizer, o ideal seria deixá-los livres para buscar seu próprio habitat.

Neste sentido, mudando um pouco de assunto mas ainda no tema bichos selvagens, chegou outra boa notícia, publicada no site da People for the Ethical Treatment of Animals (Peta), ONG internacional que trata especificamente dos cuidados com os bichos. É que a cidade do México passou a proibir Golfinários, uma cruel forma de manter esses simpáticos mamíferos aquáticos em cativeiro, apenas para divertimento dos humanos. Os shows de Golfinhos, marca registrada de Miami, por exemplo, já tinham sido proibidos no México em 2014.

"Orcas e golfinhos selvagens vivem em grupos sociais grandes e complexos e nadam grandes distâncias todos os dias em mar aberto. Em cativeiro, esses animais só podem nadar em círculos sem fim em tanques que são equivalentes a banheiras, e lhes é negada a oportunidade de se envolver em praticamente qualquer comportamento natural. Eles são forçados a fazer truques sem sentido e, com frequência, são arrancados dos membros da família. A maioria morre muito longe de suas vidas naturais", diz o site da organização. Pelo menos no México eles estarão a salvo dessa perversidade.

Sigamos, então, na linha das notícias sobre a biodiversidade no mundo, agora  com as ameaças que os humanos andam espalhando contra santuários da vida selvagem na Grã Bretanha. Falamos de rouxinóis, pássaros lindos que podem desaparecer se os planos para a construção de milhares de casas num terreno protegido para abrigá-los forem levados adiante. O alerta é de ambientalistas e virou reportagem no jornal "The Telegraph".

Trata-se da solicitação de planejamento para construir cinco Il casas em Lodge Hill, uma antiga base militar na península de Hoo, que abriga uma das maiores colônias de rouxinóis do Reino Unido, quem sabe do mundo. A vantagem é que hoje já existem pessoas capazes de se unir contra esse tipo de barbaridade, e é o que está acontecendo nas terras britânicas.

Ainda bem que é assim. Jared Diamond, em "O Colapso", livro que fez muito sucesso assim que foi lançado, em 2005, conta a história da Ilha de Páscoa, cuja população foi tirando uma a uma as árvores do território, provocando um dano ambiental que impossibilitou a permanência dos pascoenses. E se pergunta por que as sociedades acabam se destruindo através de decisões desastrosas que vão, pouco a pouco, minando os recursos ambientais dos quais são dependentes.

"Um grupo pode não ser capaz de prever um problema antes que ele surja de fato. Ou, quando o problema surge, o grupo pode não conseguir identificá-lo. Então, após percebê-lo, pode nem mesmo tentar resolvê-lo. Finalmente, pode tentar resolvê-lo e não ser bem-sucedido. Talvez, se compreendermos as razões por que os grupos frequentemente tomam decisões erradas, possamos usar este conhecimento como guia para tomar decisões acertadas", escreve o professor de geografia que se tornou best-seller.

Podem parecer reflexões óbvias, mas não são. O envolvimento  dos cidadãos comuns com causas ambientais – que incluem desde a noção sobre o grau de importância que têm os animais selvagens para determinadas aldeias até o fato de rouxinóis terem ficado a ponto de perderem seu habitat – pode nortear políticas públicas capazes de salvaguardar o que nos resta ainda de bens naturais.

Se mais pessoas se indignassem, por exemplo, com o fato de pouquíssimas empresas realmente pagarem com multas os danos que fazem à natureza para obterem lucro (vide reportagem do jornal "O Globo" de domingo), é possível que os candidatos à próxima eleição passassem a se preocupar mais com agendas ambientais. A sociedade pode exercer pressão, fazer boicote às compras, manifestos em praças públicas. Para isso, precisa conhecer e se envolver com o tema. Informar é meu papel e pode ajudar um pouco nessa tomada de consciência.