quinta-feira, 23 de maio de 2019

Série de vídeos apresenta no Dia da Biodiversidade espécies marinhas ameaçadas

O Dia Internacional da Biodiversidade é celebrado em 22 de maio. No Brasil, projetos

socioambientais de diferentes regiões estão mobilizados numa ação coletiva de divulgação em prol da conservação de biomas e espécies de fauna e flora presentes no país, algumas ameaçadas de extinção. A ação “Juntos pela Biodiversidade” poderá ser conferida nas mídias sociais de 14 projetos: Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador, Ilhas do Rio, Mantas do Brasil, Meros do Brasil, Toninhas, Pinípedes do Sul, Ponta de Pirangi, Rebimar, Tamar, Uçá e Viva o Peixe-Boi Marinho, patrocinados pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.


Por meio de vídeos, cada projeto de conservação marinha lançará um convite para outro projeto falar sobre as espécies com as quais trabalha, abordando curiosidades, status de conservação, as principais ameaças e o que esperam para o futuro. Eles serão publicados a partir das 8h30 do dia 22 de maio nas redes sociais de cada projeto, acompanhados de #JuntospelaBiodiversidade.
Biodiversidade marinha da Costa do Descobrimento_creditoAthilaBertoncini
Na mesma data, o Projeto Coral Vivo irá veicular nas suas redes sociais, ao meio dia, o resultado do Concurso Cultural Biodiversidade Pra Pequenos. Participam crianças da Bahia e do Espírito Santo, com aproximadamente 6 anos, e que residem no entorno de seis projetos socioambientais: Apães Delicatessen, Baleia Jubarte, CO² Manguezal, Coral Vivo, Tamar e Uruçu Capixaba. Elas foram envolvidas por vídeos e curiosidades e, posteriormente, estimuladas a desenhar a experiência e a contar em vídeo. O ganhador na classificação geral irá ganhar um passeio para avistar baleia com um acompanhante, com todas as despesas pagas, e os cinco mais votados irão receber kit com brindes promocionais. O Coral Vivo desenvolveu a ação na Associação Filhos do Céu, em Arraial d’Ajuda (BA). Será usada nas redes sociais #BiodiversidadePraPequenos.

O termo “biodiversidade” é definido como um conjunto de todas as espécies de seres vivos existentes na biosfera. De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil detém a maior biodiversidade do planeta. O país possui mais de 20% do número total de espécies da Terra. São 8,5 milhões de quilômetros quadrados formados por diferentes biomas: Floresta Amazônica (maior floresta tropical úmida do mundo); Pantanal (maior planície inundável); cerrado de savanas e bosques; caatinga de florestas semiáridas; campos dos Pampas; e a floresta tropical pluvial da Mata Atlântica. Além disso, o Brasil possui uma costa marinha de 3,5 milhões km², que inclui ecossistemas como recifes de coral, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos. Esses biomas e ecossistemas abrigam as mais variadas espécies de flora e fauna, algumas ameaçadas de extinção, a exemplo do peixe-boi marinho, das toninhas, do albatroz, do peixe mero e de algumas espécies de corais.

Exposição apresenta Rede de Conservação Águas da Guanabara
Entre os participantes da ação conjunta #JuntospelaBiodiversidade, estão os projetos Coral Vivo, Ilhas do Rio, Meros e Uçá, que também integram a Redágua – Rede de Conservação Águas da Guanabara – juntos com o Projeto Guapiaçu Grande Vida. Por meio de exposição fotográfica no Parque das Águas, em Niterói (RJ), eles apresentam espécies e paisagens que fazem parte de suas pesquisas e ações educativas voltadas para a recuperação e preservação da Baía de Guanabara e entorno, no Rio de Janeiro. Ficará em cartaz até o dia 14 de junho, das 8h às 18h de segunda a sexta, e entre 8h e 17h aos sábados, domingos e feriados. O endereço é Rua Professor Valdemir Alves Machado S/N.

Sobre os projetos de conservação marinha da Redágua
Projeto Coral Vivo trabalha com pesquisa, educação, políticas públicas, comunicação e sensibilização para a conservação e sustentabilidade socioambiental dos ambientes coralíneos do Brasil. É realizado por 14 universidades e institutos de pesquisa e é o coordenador executivo do PAN Corais, que engloba 18 áreas do Maranhão a Santa Catarina e 52 espécies de peixes e invertebrados marinhos ameaçados de extinção. Tem base e centro de visitantes no Arraial d’Ajuda Eco Parque, em Porto Seguro (BA). O Coral Vivo integra a Rede Biomar, junto com os projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Golfinho Rotador e Tamar, patrocinados pela Petrobras.
Coral Vivo trabalha para a consercação e sustentabilidade socioambiental dos recifes de coral
_creditoAthilaBertoncini
Projeto Ilhas do Rio, criado em 2011 pela ONG Instituto Mar Adentro, possui três linhas de atuação: inventário da fauna e flora (marinha e terrestre), monitoramento ambiental (peixes, organismos bentônicos, aves, cetáceos, qualidade da água e capim-colonião) e educação ambiental através da divulgação de material audiovisual, palestras, exposições e coleção zoológica didático-científica. Além do MoNaCagarras (composto pelas ilhas de Palmas, Comprida, Cagarra e Redonda, bem como pelas ilhotas Filhote da Cagarra e Filhote da Redonda) estão sendo monitoradas as Ilhas Rasa, Tijucas, Maricás e, por fim, a Ilha Cotunduba, que acaba de ser incluída nesta nova fase do projeto. O projeto também iniciou uma pesquisa inédita na Lagoa Rodrigo de Freitas, para avaliar a conectividade genética entre os peixes da lagoa com os peixes das ilhas.

Projeto Meros do Brasil está presente em nove estados brasileiros: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Pernambuco e Pará, e conta com a parceria de mais de 50 instituições.Atualmente, os meros são tidos como um símbolo de conservação e proteção dos ambientes costeiros e marinhos.

Projeto UÇÁ é desenvolvido em quatro eixos temáticos: sustentabilidade, educação ambiental, pesquisa e democratização de informação. Atua em nove municípios: Maricá, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Magé, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Teresópolis e Rio de Janeiro. É integrante da Rede Nacional de Manguezais (RENAMAN) e possui uma base avançada em Florianópolis (SC). Tem foco nos manguezais e na relação do homem com esse ecossistema.
(#Envolverde)

Brasil não adere ao acordo internacional para o combate à poluição plástica

WWFBrasil não adere ao acordo internacional para o combate à poluição plástica



21 Maio 2019   |   0 Comments
 
Um acordo que ajuda a reduzir a poluição plástica foi assinado por 187 países na semana passada durante a COP-14. O Brasil, juntamente com o Estados Unidos e Argentina foram contrários à decisão. A COP-14, realizada em Genebra, na Suíça, foi um evento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reuniu representantes de mais de 190 países. Não por acaso, Brasil e Estados Unidos ocupam a posição de destaque no G7 do Plástico, os sete paíse que mais produzem plástico no mundo, segundo o estudo “Solucionar a Poluição Plástica: Transparência e Responsabilização” publicado recentemente pelo WWF.

Durante o evento, decidiu-se fortalecer as regras e aumentar a transparência sobre o comércio internacional de lixo plástico. A decisão foi tomada após propostas da Noruega, UE e China para listar os resíduos de plástico como um material que requer consideração especial para ser comercializado entre países. A decisão final exige que a maioria das misturas de resíduos de plástico contaminados tenham o consentimento prévio dos países receptores antes de serem comercializados, com as exceções notáveis de misturas de polietileno (PE), polipropileno (PP) e polietileno tereftalato (PET).

O acordo foi recebido com aplausos na sala do plenário e considerado um avanço histórico e inovador sobre um problema transfronteiriço, de proporções globais. O Brasil, apesar de ter anunciado o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, segue mais uma vez na contramão dos acordos globais para o meio ambiente a as mudanças climáticas ao votar contra o acordo internacional, mostrando incoerência entre o discurso e a prática.
A poluição por plásticos em ecossistemas marinhos é um problema global urgente, com impactos adversos na economia, saúde humana e no meio ambiente.

Os números são impressionantes: desde 2000, o mundo já produziu mais plástico do que todos os anos anteriores somados.--ou um aumento de 200 vezes desde 1950 (Geyer, et al, 2017). 75% de todo o plástico já produzido já foi desperdiçado (Silpa Kaza, et al, 2018). Cerca de oito milhões de toneladas de resíduos de plástico mal geridos chegam aos oceanos do mundo todos os anos (Jambeck, et al, 2015). A poluição plástica marinha tornou-se um dos maiores problemas ambientais do nosso tempo.

A decisão da COP-14 é um passo muito importante para corrigir o desequilíbrio entre o uso, o descarte e o reuso do plástico e restaurar uma medida de responsabilidade para o sistema global de gerenciamento de resíduos plásticos. No entanto, isso só faz parte do caminho. O que nós - e o planeta - precisamos é de um tratado abrangente para enfrentar a crise global do plástico. O comprometimento dos países através dos acordos globais é o primeiro passo para isso.

A Rede WWF está pedindo aos países que concordem urgentemente com um tratado global legalmente vinculante que abranja todas as etapas do ciclo de vida do plástico e assegure que os governos, as empresas e os indivíduos sejam totalmente responsabilizados pelo plástico que eles produzem, consomem e descartam. Mais de 460 mil pessoas em todo o mundo assinaram a petição. Faça parte da solução e assine também: plastico.wwf.org.br
 

Invertebrados, plantas... biodiversidade para que serve tudo isso?

 

 

Invertebrados, plantas... biodiversidade para que serve tudo isso?



22 Maio 2019   |   0 Comments
Por WWF-Brasil

Em 22 de maio é comemorado o Dia Internacional da Biodiversidade -- e queremos celebrar com você as muitas razões pelas quais devemos dar valor as plantas e animais que enriquecem nossas vidas.
A relação que temos com as plantas, invertebrados e animais é muito próxima, mais do que imaginamos. Ela está presente no nosso dia a dia em todos os sentidos. 

Se ficamos doentes, nós nos utilizamos das propriedades de plantas e substâncias que se encontram em alguns animais para a produção de medicamentos que vão nos curar.
A biodiversidade está presente em nossos alimentos de forma direta ou indireta. Sem a decomposição feita pelos invertebrados, por exemplo, não conseguiríamos os nutrientes necessários para cultivar os legumes e as frutas.

Muitas das plantas não existiriam sem os polinizadores e, sem elas, isso afetaria diretamente a nossa alimentação e o ar que respiramos.

 

Alimentação
Em casa consumimos alimentos que vêm diretamente da biodiversidade, como as castanhas, frutas, vegetais e o mel que gostamos tanto de colocar no nosso café de manhã.
Muitas plantas precisam dos invertebrados para fazer a polinização. Sem eles, não conseguiriam se reproduzir e nós não teríamos vários nutrientes importantes para a nossa saúde.

Os invertebrados ajudam também a deixar o solo mais fértil para as plantações. Até a maneira como cada espécie se movimenta no solo pode ajudar a distribuir os nutrientes para as plantas!

Medicamentos e remédios
Sabe aqueles medicamentos que nos ajudam a sarar quando ficamos doentes? Muitos deles vêm de plantas e de substâncias produzidas por invertebrados e outros animais.
É o caso da planta sete-sangrias (Cuphea spp.) que se encontra na Mata Atlântica e tem propriedades benéficas a nossa saúde. Foram realizados diversos  estudos que avaliaram seu potencial medicinal, como para combater a hipertensão arterial, a malária, as arritmias cardíacas, a tosse de cardíacos, a insônia, entre outros. 

Quer outro exemplo? Recentemente, pesquisadores brasileiros encontraram uma propriedade no sangue (hemolinfa) da aranha caranguejeira (Acanthoscurria gomesiana) que pode dar origem a um analgésico para o tratamento da dor neuropática (relacionada às doenças que atacam o Sistema Nervoso Central) e pode diminuir outros distúrbios associados, como a depressão, falhas cognitivas ou de memória e atenção.
Clima e Lazer
Você já percebeu como fica fresco embaixo de uma árvore? As plantas são as grandes responsáveis pela manutenção do clima, e não só no nosso quintal, mas de todo o planeta.
Estar em um ambiente natural nos traz uma sensação de bem-estar: sentir o cheiro das flores, fazer um piquenique embaixo da sombra de uma árvore, fazer uma caminhada em um parque. Já está comprovado: estar conectado com a natureza baixa os níveis de estresse e melhora a qualidade de vida. 
Por que preciso me preocupar com a perda da biodiversidade? 
O relatório da Plataforma Intergovernamental Político-Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), coordenada pelas Nações Unidas, está prevendo uma sexta extinção em massa. De acordo com o estudo, cerca de 500 mil animais e plantas serão extintos nas próximas décadas em todo o mundo.

No Brasil,  2.113 espécies da flora e  1.173 espécies da fauna já estão ameaçadas de extinção.
Cada espécie tem uma função no ciclo da natureza. Cada uma delas ajuda a manter tudo em equilíbrio, inclusive nossa existência. Por isso, precisamos mudar nossos hábitos, acabar com o desmatamento e promover o uso sustentável do solo. Se não ajudarmos a proteger o meio ambiente, nós também entraremos em extinção.

Brasileiros são contra a caça


Brasileiros são contra a caça



22 Maio 2019   |   0 Comments
 
 
Pesquisa Ibope a pedido do WWF-Brasil revela que 93% da população rejeitam a prática

Renata Andrada Peña

A grande maioria dos brasileiros, 93% da população, é contra a caça, revela pesquisa Ibope a pedido do WWF-Brasil, lançada hoje, Dia Internacional da Biodiversidade. O dado é um importante indicador na luta de coletivos da sociedade civil e de parlamentares contra uma série de projetos de lei de deputados ruralistas, em especial o de número 6268/2016, de autoria do deputado Valdir Colatto (MDB-SC), atualmente em tramitação. A opinião esmagadora da população é ainda importante subsidio contra o decreto 9785/2019 do presidente Jair Bolsonaro, que facilita o porte de armas e a compra de munição, o que é visto por especialistas como uma grande ameaça à fauna silvestre, por facilitar a caça amadora.

“A tentativa de desfiguração do Código Florestal, por meio da MP 867 que anistia o desmatamento, o decreto das armas do atual presidente e o projeto de lei da caça em tramitação não são atos isolados; estão todos conectados e são um perigo para a biodiversidade do Brasil. É um enorme retrocesso e todos fazem parte da mesma estratégia”, afirma Michel Santos, gerente de Políticas Públicas do WWF-Brasil. “Precisamos estabelecer um acordo pela natureza para garantir a sobrevivência das pessoas. E a população sabe disso: em todas as categorias da pesquisa – gênero, idade, escolaridade, região – o resultado sempre foi categórico, mais de 90% sempre contra a caça”, completa Santos.

A pesquisa Ibope foi lançada hoje na Câmara dos Deputados em evento promovido pela Frente Parlamentar Ambientalista, pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Animais, pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pela Subcomissão Permanente em Defesa dos Direitos dos Animais e pelo WWF-Brasil.

O deputado Fred Costa, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, vestindo a camisa do WWF-Brasil, parabenizou o trabalho realizado há décadas pela Organização na defesa do meio ambiente e repudiou o panorama ambiental atual, promovido pelo governo federal. “Não quero fazer uma crítica generalizada ao governo, mas sim uma muito específica sobre o tema que nos une aqui hoje. Estamos vivendo um retrocesso sem precedentes. É vergonhoso que em pleno século 21 ainda estejamos trabalhando contra a caça no Brasil. O Brasil poderá ser protagonista em breve de uma vergonha mundial: ser um país que libere a caça. Precisamos nos unir contra essa vergonha”, afirmou Costa, que durante o evento, levou um abaixo assinado com mais de 46 mil assinaturas contra a liberação da caça.

Alessandra Gali, do Centro Universitário de Curitiba foi veemente: "a Constituição Federal de 1988 prevê a função ecológica da fauna e proíbe qualquer submissão dos animais à crueldade. Portanto, qualquer projeto que libre a caça é inconstitucional. Além disso, deveríamos entender que no Brasil temos muito mais a ganhar economicamente com a proteção da fauna do que com a liberação da caça".

O biólogo e mestre em Ecologia, Roberto Cabral mostrou, durante o evento, uma série de fortes vídeos de caçadores em ação. “Os vídeos demonstram que os animais não morrem rapidamente. Eles sofrem muito e, na maioria das vezes são torturados pelos caçadores”, explicou Cabral. “Não é possível defender a caça sob o aspecto da tradição. Ela deve ser confrontada com a ética. Todos usamos cadeirinhas nos carros para levar as crianças atualmente. Não era assim há 40 anos, quando elas iam soltas. Já houve um tempo em que professores fumavam nas salas de aula. Hoje nenhum desses dois exemplos é possível porque avançamos eticamente. O mesmo deve ocorrer com a caça. Não podemos permitir um retrocesso”, argumentou o biólogo. “Além disso, os caçadores buscam o animal mais forte, o mais bonito, contrariando as leis da seleção natural das espécies”, disse Cabral.

Durante o evento também foi divulgado manifesto contra a caça assinado por mais de 700 organizações, parlamentares e personalidades. Um abaixo-assinado online já reúne quase 500 mil adesões. O WWF-Brasil levou o manifesto ao líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO).

O PL da caça em tramitação
Nilto Tatto (PT-SP), relator do projeto de lei que facilita a caça no Brasil presidiu o evento de hoje. O deputado, presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, afirmou que é necessário um grande esforço de toda a sociedade para barrar o avanço do projeto. “Temos dados que nos mostram que existem pelo menos 5 mil empresas ativas criando animais para caça amadora no Brasil. Nosso trabalho é árduo, mas vamos trabalhar para que o projeto não seja aprovado e seja arquivado”, disse. “Vivemos um momento global em que as espécies estão sendo extintas em ritmo acelerado. No Brasil, particularmente, estamos vivenciado retrocessos que podem ter consequências gravíssimas. Temos que nos unir, todas a pautas, direitos humanos, alimentação, meio ambiente. Todos juntos pelo planeta e por nosso futuro”. Afirmou.

A pesquisa Ibope em números
O Ibope ouviu 2002 pessoas em 142 municípios e apontou uma sólida regularidade nos resultados quando analisadas as respostas por grupos de gênero, escolaridade, situação econômica ou localização geográfica. Entre as mulheres, a rejeição à caça chega a 95%, enquanto que, para os homens, é de 90%. A condenação à prática aumenta na mesma proporção do nível de instrução. Chega a 94% para quem tem curso superior completo, a 93% para os que cursaram entre a 5ª e a 8ª série (93%) e a 90% entre os que têm até a quarta série do ensino fundamental. Os moradores de capitais e municípios de periferia apresentam índice de rejeição de (95%). Nas cidades do interior, esse número é de 91%.

Quando são comparadas as regiões geográficas, os altos índices de rejeição se mantêm. O menor aparece no Nordeste (91%) e o maior está no Sudeste (94%). Nas regiões Norte e Centro-Oeste, o índice é de 92%, enquanto que na região Sul chega a 93%. A rejeição também se mantém praticamente inalterada nas diferentes faixas de renda familiar: 91% nas famílias que ganham até 1 salário mínimo, 93% entre 1 e 5 salários mínimos e chega 90% nas famílias que ganham mais de 5 salários.

Todos contra a caça e as armas e em defesa das florestas!

Todos contra a caça e as armas e em defesa das florestas!



20 Maio 2019   |   0 Comments
Um ato contra a caça e as armas e em defesa das florestas está marcado para esta quarta-feira (22), às 8h30, no Auditório Freitas Nobre, no anexo IV da Câmara dos Deputados. O evento é aberto a todos os interessados. Não há necessidade de fazer inscrição prévia.

Na ocasião, o WWF-Brasil divulgará dados de pesquisa de opinião realizada pelo Ibope sobre o que pensa a população brasileira sobre a liberação da caça, assunto em discussão no Congresso Nacional.

O ato é promovido pela Frente Parlamentar Ambientalista, pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Animais, pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pela Subcomissão Permanente em Defesa dos Direitos dos Animais e pelo WWF-Brasil.

Durante o evento, será divulgado manifesto contra a caça e as armas assinado por cerca de 700 organizações, personalidades e parlamentares.  Um abaixo-assinado online já reúne quase 500 mil adesões contra a caça.

Participe!
Você também pode fazer parte divulgando o manifesto nas redes sociais com #TodosContraaCaça.


 

Alteração do Código Florestal é inconstitucional e trará prejuízos ao Brasil

Alteração do Código Florestal é inconstitucional e trará prejuízos ao Brasil



22 Maio 2019   |   0 Comments
 
Especialistas reafirmaram hoje posições contrárias ao texto atual, que pode ser votado a qualquer momento na Câmara dos Deputados

Renata Andrada Peña

A aprovação do relatório do deputado ruralista Sérgio Souza (MDB-PR) sobre a Medida Provisória 867/2018, que pode ser votada a qualquer momento na Câmara dos Deputados, além de retrocesso ambiental trará prejuízos legais e econômicos graves para o país. A posição unânime foi reafirmada hoje por juristas, ambientalistas e representantes do agronegócio em audiência pública organizada pelo deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.

O diretor de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Raul do Valle, presente no evento, defendeu que o texto atual da MP 867 não é uma mera interpretação da lei, mas sim uma mudança de regra antidemocrática. “Este parlamento aprovou o Código Florestal (CF) e o Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou. Eu não fiquei satisfeito na época e certamente não foi possível atender a todos, mas devemos cumprir a lei. Modificar o Código Florestal antes que ele seja efetivamente implementado significa que não há segurança jurídica neste país. Os acordos têm que prevalecer. Ainda mais acordos estabelecidos de forma democrática”, disse Valle. Para o representante do WWF-Brasil, os retrocessos ambientais não deveriam ocupar pauta, mas sim os avanços: “Deveríamos hoje em dia estar discutindo formas de incentivar os produtores, como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e não retrocessos”.

André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) – responsável por 60% da comercialização de grãos no Brasil e exportação de produtos industrializados de soja para Europa e China - também considera inconcebível a modificação do Código Florestal por meio do atual relatório da MP 867: “o Código Florestal precisa ser fortalecido. Não podemos reabrir discussões que o STF já fechou”. Para Nassar, o texto atual da MP 867 traz equívocos. “É um erro tirar o prazo do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Nós da indústria, por exemplo, podemos fazer o controle do desmatamento porque o CAR serve de base de dados para implementação de políticas de sustentabilidade. Tirar o prazo é uma sinalização muito ruim e gera uma reação em cadeia de enfraquecimento do Código Florestal”, disse o representante da Abiove.

Opinião dos juristas
O juiz do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, Gabriel de Jesus Tedesco, começou sua intervenção lembrando que o Brasil lidera o ranking de perda de perda de florestas primárias e já sofre com as mudanças climáticas por meio de secas, enchentes e deslizamentos. “É preciso entender que prejudicar o meio ambiente gera prejuízos e não lucros. Não podemos tolerar retrocessos porque o meio ambiente é um direito fundamental dos brasileiros, garantido pela Constituição Federal de 1988 e isso não é questão ideológica. É questão de bom censo”, disse o juiz.

Paulo Sergio Ferreira Filho, procurador da Procuradoria Geral da República (PGR) afirmou que abrir precedentes legais, é perder credibilidade. “Toda vez se muda um marco legal há um custo reputacional. O Estado brasileiro perde reputação e perde a credibilidade”, afirmou o procurador. “É necessário lutar pela revogação da MP 867 e aplicar efetivamente o Código Florestal, já aprovado democraticamente por este parlamento”, completou.

“É um consenso que há um retrocesso ambiental enorme”, disse Cristina Seixas Graças, presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa). Para a integrante do MP, a Constituição não está sendo cumprida: “não estamos cumprindo com o nosso compromisso com uma sociedade sustentável, com vegetação nativa e ambiente saudável não só para os homens, mas para todos os seres vivos. O Brasil deve assumir seus compromissos irrenunciáveis e o meio ambiente é um deles, garantido pela Constituição”. Sobre o texto atual da MP 867, disse que é um desestímulo à conservação ambiental. “É quase uma desobediência civil. Estamos destruindo o Código Florestal completamente e com o que ele propunha: conservar o solo, os recursos hídricos, a biodiversidade e as funções ecológicas”.

O texto da MP 867/2018
O texto original da MP, enviado ao Congresso pelo governo Michel Temer, apenas ampliava o prazo para a adesão dos produtores rurais aos Programas de Regularização Ambiental (PRAs) até dezembro de 2019. O relator, no entanto, acatou 30 emendas sem relação direta com o assunto - os chamados “jabutis”, vetados pelo STF, como por exemplo a anistia a quem desmatou na Reserva Legal (RL) do imóvel rural até 1989, no Cerrado, e até o ano 2000, na Caatinga, Pampa e Pantanal.  O relatório de Souza propõe ainda acabar com o próprio prazo para a entrada nos PRAs.  Esses programas foram criados pela Lei 12.651/2012 e preveem um conjunto de ações que todo produtor rural deve realizar para regularizar ambientalmente sua propriedade, como a recuperação de áreas desmatadas ilegalmente. Os programas devem ser regulados e administrados pelos Estados.

Brasil sai do protagonismo em decisões internacionais da área ambiental

Por Sucena Shkrada Resk* – 
 
A linha histórica dos esforços mais intensivos em cooperações multilaterais internacionais no campo ambiental já soma quase meio século, com a Declaração de Estocolmo (1972), mas desde a Segunda Guerra Mundial houve um impulso a este propósito, com a Declaração dos Direitos do Homem, de 1948. O que significa afinal cooperação internacional ambiental? Qualquer Estado-nação no mundo reflete de alguma forma em outras porque esta é a lógica que integra a organicidade da geopolítica. Portanto, a sua governança pode afetar, não só internamente, mas externamente o desenvolvimento no planeta.

Convenções, Tratados, Acordos e contratos, por meio da manutenção de conferências e de outros espaços de negociações, materializam estes objetivos em comum. No que tange ao meio ambiente, em especial, ao combate às mudanças climáticas e ao aquecimento global, como à conservação da biodiversidade, interferem, inclusive, em regras de boas práticas estabelecidas no campo das relações comerciais e de financiamento entre os países e blocos. Existe uma transdisciplinaridade, tudo está interligado.

O Brasil, no entanto, diplomaticamente tem se afastado aos poucos desse universo ao manifestar posicionamentos antagônicos em curto espaço de tempo, quanto ao consenso de decisões internacionais coletivas na agenda ambiental, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), neste ano; um distanciamento que gera incertezas quanto a cenários futuros. Afinal, o país está entre os dez países que mais emitem GEEs, representando o percentual de 2,48%.

Além da intensificação da fragilização no comando e controle em curso no Ministério do Meio Ambiente, o Ministério do Exterior anunciou que extinguiu a Subsecretaria-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia, que abrigava a Divisão da Mudança Climática. O ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, em sua posse, chegou a mencionar que o Brasil deve mudar sua atuação em fóruns globais, como a ONU. No Congresso Nacional também há uma corrente divergente significativa aos acordos internacionais ambientais.
Na contramão da cooperação internacional

Na esteira desse processo, um dos fatos marcantes neste ano é fato de o Congresso brasileiro não ter ratificado o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios Advindos de sua Utilização (ABS) (na área da diversidade biológica), que foi estabelecido há quatro anos. A decisão causou perplexidade de diversos segmentos no exterior e aqui no país, porque o Brasil foi protagonista no processo internacional desta pauta. Com isso, o país ficou com o papel somente de ouvinte quanto a esta agenda.

Neste mês, mais um capítulo deste complexo cenário foi escrito. O ministro Salles, antes de qualquer pronunciamento público do ministro Araújo, anunciou que o Brasil não iria mais sediar em agosto deste ano, o evento da ONU – Semana Climática (Climate Week) América Latina e Caribe -, em Salvador/BA, de preparação da Conferência das Partes da Convenção-Quadro da Mudança do Clima (COP-25), que ocorrerá no final do ano, no Chile. Vale destacar que o governo brasileiro já havia declinado de sediar a Conferência das Partes da COP-25. A estimativa do evento de agosto é de receber cerca de 3 mil pessoas, desde diplomatas a representantes do empresariado e terceiro setor e é organizado pela ONU.

Em entrevista exclusiva concedida ao Blog de Andreia Sadi, no G1, Salles havia dito: “Vou manter um encontro que vai preparar um outro, que não vai acontecer mais no Brasil, por quê? Não faz o menor sentido, vai para o Chile! Vou fazer uma reunião para a turma ter oportunidade de fazer turismo em Salvador? Comer acarajé?”.

No campo diplomático, esta fala chegou a provocar mal-estar e ainda desencadeou reação do prefeito de Salvador e líder do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto, que afirmou que o evento é importante à economia da cidade e para mostrar os avanços na agenda climática.  Ele pediu à sua secretaria de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência, para ser verificado com a ONU, se seria possível haver o encontro, sem o aval do governo federal. No campo da política interna também desencadeou um desgaste governamental.

Surpreendentemente o ministro, poucos dias, agora no dia 19 de maio, voltou atrás e o MMA emitiu uma nota oficial com o seguinte conteúdo:

O Ministério do Meio Ambiente, através de entendimentos mantidos nesses últimos dias com o Prefeito de Salvador, o Ministro das Relações Exteriores e o novo Secretário-Executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, decidiu formular proposta com ênfase na Agenda de Qualidade Ambiental Urbana e no Pagamento por Serviços Ambientais, através de instrumentos financeiros que visem dar efetividade econômica às atuais e futuras ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas no Brasil, a serem discutidas e apoiadas na Climate Week, em Salvador, bem como nos eventos subsequentes até a COP25, no Chile, os quais deverão contar com a participação deste Ministério do Meio Ambiente e do Ministério das Relações Exteriores”.


Neste contexto, há ações precedentes, que revelam uma desaceleração das políticas ambientais no país. O MMA bloqueou 95% dos R$ 11,8 milhões da dotação orçamentária destinada ao Programa de implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, como também extinguiu a Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas, transferindo a agenda climática a uma assessoria ligada ao ministro, com uma estrutura enxuta.

Mais uma retirada brasileira anunciada no espaço das negociações internacionais aconteceu recentemente. O governo brasileiro, como o norte-americano, não aderiu à inclusão das exportações de resíduos plásticos misturados, não recicláveis e contaminados no regime de controle da Convenção Internacional da Basileia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seus Depósitos, aprovada pelos cerca de 190 países signatários. O tratado internacional é de 1989 de cooperação internacional havia sido ratificado no país em 1993 e teve sua regulamentação no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), em 2012.

Contexto europeu
Este conjunto de posturas contrasta, de certa forma, com um exemplo protagonizado por líderes de oito países da União Europeia (França, Espanha, Holanda, Portugal, Dinamarca, Luxemburgo, Suécia e Bélgica). Eles anunciaram neste mês a assinatura de um documento, que prevê o aumento de 20 para 25% no orçamento (2021-2027) do bloco ao combate às mudanças climáticas, principalmente na produção de veículos movidos à energia limpa e em transporte público sustentável. Em 25 de abril, mais de 600 cientistas e 300 organizações indígenas, em carta publicada na Revista Science, já haviam pedido para a União Europeia pressionar o Brasil, por meio das negociações comerciais, a combater o desmatamento no país e conflitos pelo uso da terra, respeitando também os direitos indígenas.

O Brasil tem um histórico preocupante quanto à segurança de ativistas ambientais e figura como o país onde há maior número de assassinatos no mundo em anos consecutivos, segundo a ONG Global Witness. Em 2017, foram 57 mortes, que representaram 28% do total.

Economia de baixo carbono
O objetivo de grande parte das 200 nações do planeta na atualidade é o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, que reduza significativamente a emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEEs), como também estabelecer a segurança genética das espécies e a segurança alimentar às populações. Vale destacar que os mais poluidores são os mais industrializados. Para isso somente ações políticas que se revertam no chão são capazes de dar o salto qualitativo a esta meta. Minar ou não aderir a acordos e tratados globais, que são a representação de comprometimentos de curto a longo prazo, pode significar um ônus mais à frente. Hoje as notícias são no sentido de reforçar estes alertas.

António Guterrez, secretário-geral da ONU, fez uma fala no último dia 15 de maio, sobre o perigo das mudanças climáticas para a paz e segurança mundiais, pois a segurança alimentar e a saúde de milhares de pessoas estão em jogo. Só no ano de 2016, um número superior a 24 milhões de pessoas, de 118 países e territórios foram obrigados a abandonar suas casas por causa de eventos extremos. Este número é três vezes maior que os de deslocados por conflitos no mundo.

Na casa de um milhão de espécies animais e vegetais correm o risco de serem extintas, segundo relatório recente produzido pela Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), do sistema da ONU.

A 14ª edição do Índice global de Riscos Climáticos, publicado pela organização ambiental alemã Germanwatch, em 2018, expôs que o Brasil está na 79º colocação entre 168 países, mais impactado por eventos climáticos extremos acelerados pela ação humana. Mais um dado exposto no levantamento é que entre 1998 e 2017, mais de 145 mil pessoas morreram no no país devido a eventos climáticos. Em 20 anos, a média anual dos custos financeiros das catástrofes para o país ultrapassa US$ 1,7 milhão. No mundo, mais de 526 mil pessoas morreram em mais de 11,5 mil desastres naturais, entre 1998 a 2017.

Segundo o especialista sênior do Grupo de Mudanças Climáticas do Banco Mundial, Alexandre Kossoy, as mudanças climáticas podem levar à pobreza 100 milhões de pessoas em todo o mundo, pelos próximos dez anos, e o Brasil tem um papel fundamental no combate à mudança do clima.
Esta temática vai muito além do aspecto da diplomacia internacional, pois infere a combinação dos efeitos da política interna com a externa, para permitir que o ponto de equilíbrio resulte em credibilidade e mudanças reais no dia a dia, que afetem toda a sociedade globalmente.

Os fatos noticiados cotidianamente são a constatação da aceleração dos eventos extremos em todo o planeta que desestabilizam economias, como também economias predatórias que desestabilizam o equilíbrio ecossistêmico.

Não se atentar a esta relação intrínseca ao aceleramento das mudanças climáticas é negar o que a Ciência já reitera há anos. E não se dar conta de que vivemos um novo período de recessão econômica no mundo, em que todas estas relações estão interligadas, com o aumento de guerras, pobreza e subnutrição, também pode ter um custo muito alto à população mundial.

Soberania e cooperação internacional
O que se observa atualmente no Brasil, do ponto de vista desta agenda política internacional ambiental, é uma tendência a contrariar este consenso, partindo a um negacionismo de posturas históricas do país em tratados e acordos, desde a agenda da conservação da biodiversidade, das florestas ao clima (veja o artigo O cenário conturbado da gestão ambiental brasileira).

Um dos argumentos governamentais é que estas decisões estariam confrontando a soberania e autonomia nacional de desenvolvimento. Neste sentido, inclui, por exemplo, a prospecção de permitir, por meio de atualização legal, a introdução do agronegócio e da mineração no bioma amazônico, inclusive em terras indígenas e a diminuição de unidades de conservação.  Segundo especialistas e diferentes lideranças indígenas, um propósito que pode custar caro à sociedade.

Amazônia em questão
O Brasil tem dimensões continentais e detém mais de 20% das espécies do planeta. Uma riqueza ecossistêmica que sofre pressões constantemente nos biomas amazônico, atlântico, do cerrado, do pantanal, da caatinga e pampa, além do bioma costeiro marinho.

A importância da Amazônia para o mundo não é mera retórica. Seguem alguns dados relevantes: o seu maciço florestal é responsável por levar toda a umidade à América do Sul; cerca de um quinto das águas doces que seguem aos oceanos no mundo provém do rio Amazonas. Só a floresta amazônica representa 10% da biomassa existente no planeta. É uma região que armazena bilhões de toneladas métricas de carbono ajuda a estabilizar o clima no mundo. Trabalhos científicos respeitados, como do pesquisador Carlos Nobre, alertam para o perigo da savanização em curso.

Não é por acaso que o bioma chama a atenção do mundo. A Igreja Católica, seguindo os princípios da Encíclica Laudato Sí, de 2015, do papa Francisco, definiu que o tema do Sínodo deste ano será sobre a Amazônia e seus povos em toda Pan-Amazônia. O encontro será realizado no Vaticano, no mês de outubro. A escolha deste assunto causou reação do governo brasileiro, por meio de alguns pronunciamentos na imprensa, que alega que o evento estaria interferindo em assuntos internos brasileiros.

No âmbito internacional, a defesa da preservação da Amazônia como também da autonomia dos povos indígenas está sendo pauta em uma série de encontros, na Europa, com líderes mundiais, que está sendo feito pela liderança indígena Raoni Metuktire e outras, que defendem a proteção, em especial do Parque Indígena do Xingu. Um dos presidentes que já sinalizou apoio à iniciativa, foi o francês Emmanuel Macron. Ele disse que deverá falar com o presidente Jair Bolsonaro sobre o tema, durante a Cúpula do G20, em junho, no Japão. Em Bruxelas, os indígenas também aderiram à manifestação de jovens ativistas que foram às ruas e receberam apoio do governo do país.
Ao mesmo tempo, o Brasil declinou de participar na Conferência do Bom Crescimento, no Peru, promovida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que começou dia 13, que discute formas de barrar o desmatamento na Amazônia, por meio de agricultura sustentável e incentivo a pequenos produtores locais.

O ministro Salles também, em entrevista coletiva concedida no dia 17 de maio, afirmou que a pasta apurou indícios de irregularidades em contratos do Fundo Amazônia principalmente com organizações não governamentais. O fundo foi criado em 2008 e gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o combate ao desmatamento na região. A análise, segundo ele, teria sido feita de em um quarto dos contratos (26) e seria encaminhada ao banco, ao Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU). Segundo ele, teriam sido apurados casos de prestações de contas incompletas, índices altos de contratação sem licitação e gasto excessivo com folha de pagamentos.

O anúncio causou surpresa ao principal financiador do Fundo, que é a Noruega (além da Alemanha e Petrobras), como também críticas de organizações não governamentais, como o Observatório do Clima. A Embaixada, em nota, declarou que está “satisfeita com a robusta estrutura de governança do Fundo Amazônia e os significativos resultados que as entidades apoiadas pelo Fundo alcançaram nos últimos 10 anos e resultados auditados pelo TCU. Não recebemos nenhuma proposta das autoridades brasileiras para alterar a estrutura de governança ou os critérios de alocação de recursos do Fundo”. Um assunto que ainda deve ter mais capítulos.

Governança ambiental internacional
Do ponto de vista de historicidade, pode-se dizer que está se desenhando um retrocesso quanto ao protagonismo e cooperativismo brasileiros, que segue na contramão do documento “Governança Ambiental Internacional – realizações e encaminhamentos”, recentemente lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que tem como um dos principais objetivos fazer o balanço do que está sendo feito para a implementação do documento “O Futuro que queremos”, resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que o Brasil sediou em 2012.

Segundo o documento, hoje há necessidade de maior coerência, coordenação e eficácia do sistema institucional para a governança ambiental global, tanto através de reformas da governança, financiamento e funcionamento, como também por meio do aumento de sinergias nas operações dos vários acordos ambientais multilaterais. A maior parte dos acordos é baseada em dados científicos, como do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e da Convenção da Biodiversidade, entre outros.

No campo climático, a encruzilhada imposta na contemporaneidade é conseguir limitar o aquecimento global a 1,5 °C em relação ao Período pré-Industrial, por meio de mudanças de padrões e modelos econômicos de desenvolvimento. Cerca de 200 países assumiram esta meta, incluindo o Brasil, desde o Acordo de Paris, em 2015. Salles, em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, no Senado, no mês de março, disse que o país deve adotar novas medidas no Acordo, se for financeiramente compensado. Ele alega que o Brasil ter recebido R$ 1 bilhão de Fundo seria pouco diante do montante do mesmo previsto na casa de R$ 100 bi para países em desenvolvimento.

Comprometimentos brasileiros
Com o que o Brasil se comprometeu? Implementar ações até 2030, quanto à redução das emissões de GEEs em 43% em relação ao nível registrado em 2005. A fim de alcançar a meta, o Brasil se prontificou em adotar medidas como:

– Atingir, na Amazônia brasileira, zero desmatamento ilegal até 2030 e compensar as emissões de gases de efeito estufa da supressão legal de vegetação até 2030;

– Restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas;

– Restaurar mais 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030 e a melhoria de 5 milhões de hectares de sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta (ICLFS) até 2030.

– Aumentar a participação de fontes renováveis no mix de energia do país para 45%. Para isso, o país planeja aumentar a participação de fontes renováveis e não-hidráulicas (eólica e luz solar) em seu mix energético de 28 para 33%; aumentar a participação da bioenergia sustentável (biocombustíveis e biomassa) para 18%; e expandir o uso de combustíveis não-fósseis e de fontes de energia renováveis (excluindo a energia hídrica) para pelo menos 23% do mix energético do país;

– Aumentar a eficiência energética no setor elétrico em 10% e promover tecnologia limpa e eficiência energética nos setores industrial e de transporte.

Uma das propostas principais da governança ambiental internacional, na qual, até então, o país também faz parte, é o cumprimento dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) até o ano de 2030. No caso brasileiro, um dos nossos principais compromissos é justamente quanto ao combate ao desmatamento, que significa o uso sustentável da água e do solo, como também investimentos em energia limpa e saneamento, entre outras áreas prioritárias de infraestrutura.

Aumento do desmatamento
Mas algumas notícias recentes revelam preocupação. Relatório da Global Forest Watch lançado em abril deste ano aponta que no Brasil foram destruídos 1,3 milhão de hectares de florestas primárias em 2018. Foi o país que mais perdeu árvores no ano passado, seguido de Congo, Indonésia, Colômbia, Bolívia e Malásia, entre outros.

Só o Brasil e Indonésia responderam por 46% do desmatamento de florestas tropicais no mundo em 2018. De acordo com o relatório, entre 2007 e 2015, houve um declínio de desmatamento no país de cerca de 70%. Já entre 2016 e 2017 principalmente por causa de incêndio, muitos de origem intencional reverteu significativamente esta curva descendente. Com um contexto histórico, dados apurados pelo Observatório do Clima, no SEEG fizeram um levantamento de emissões entre os anos de 1970 e 2017.

O ministro Ricardo Salles, em entrevistas concedidas à imprensa, alega que a agenda que defende é a ambiental urbana, de investimento em saneamento e combate a lixões. O que, em tese, é positivo, mas sem excluir o combate ao desmatamento na área florestal, que é o principal fator de emissões no país. Mas recentemente houve o anúncio de que a pasta também retirou 78,4% (R$ 6,4 milhões) dos R$ 8,1 milhões no orçamento destinados à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Algo que exige maior esclarecimento.

Apesar de os contingenciamentos de verbas estarem afetando várias pastas do governo federal, devido ao déficit público, a escolha dos bloqueios cabe aos seus gestores. E desde sua posse, o ministro declara que sua gestão tem a meta de conciliar interesses ruralistas com os ambientais, o que inclui a flexibilização de licenciamentos ambientais e revisão da implementação e atual estrutura das unidades de conservação federais. Postura que gera polêmica. Portanto, esta série de acontecimentos e decisões resulta em um sinal de alerta quanto à situação do Brasil neste cenário das relações internacionais na agenda, pois cooperação internacional geralmente é um processo de “ganha-ganha”.

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 27 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

Leia mais: https://cidadaosdomundo.webnode.com/news/brasil-sai-do-protagonismo-em-decisoes-internacionais-da-area-ambiental/
(#Envolverde)

Diga não ao projeto de lei que autoriza a caça de animais silvestres


 


Recentemente estamos vivendo no nosso país uma série de retrocessos que vão contra toda a luta pelos direitos dos animais até hoje. Proibida desde 1967, a caça de animais silvestres na verdade nunca deixou de existir no Brasil e esse é um dos principais fatores que levam à extinção de várias espécies ameaçadas. Mas um projeto tramita na Câmara dos Deputados prevê a regulamentação do exercício de caça no país. Trata-se do Projeto de Lei 6268/16 de autoria do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), membro da bancada ruralista. O projeto anula a Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197/67), que proíbe o exercício da caça profissional. Defensores do projeto de lei justificam que é preciso conter algumas espécies, pois são consideradas invasoras e oferecem perigos ao ecossistema.

O projeto de lei também retira da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) o agravamento até o triplo da pena de detenção de seis meses a um ano, e multa, por matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar animais sem licença se isso for feito durante caça profissional. Isso sem dúvida é um retrocesso enorme para o nosso país.

Hoje, a caça ao javali é permitida pelo IBAMA desde 2013, essa espécie não é nativa da fauna brasileira e por isso não existem predadores naturais no Brasil. Estes animais europeus foram introduzidos no Rio Grande do Sul na década de 90 e tiveram sua criação permitida por órgãos do governo, a princípio para servir como carne “exótica”. A carne do javali não foi bem recebida pelos brasileiros, e por isso, sem medidas preventivas de controle e fiscalização eficientes, os javalis eram soltos por antigos criadores ou fugiam e encontravam um ambiente favorável para reprodução, ao longo dos anos, a população de javalis cresceu massivamente. Agora a espécie é considerada uma “praga invasora” e como resultado, milhares de animais agora são injustamente submetidos à perseguição e a uma morte cruel como “solução” para um problema que foi causado e perpetuado pelo homem.

Reconhecemos que, ainda assim, este é um problema ambiental, sanitário e social crítico e que precisa ser atendido. No entanto, incentivar que a população pratique a caça é uma medida arriscada e imoral que vai contra os esforços do país para promover práticas de bem-estar animal. A crueldade da matança estende-se não só a esses animais, como também aos cães, que estão sendo criados para matar esse animais silvestres, muitos cães morrem durante a caçada ou são abandonados pelos caçadores, por não terem mais utilidade. Além de ser desumana, a matança de animais silvestres também prejudica outras espécies. O restante da fauna também está ameaçado pelas armadilhas, perseguição por cães e ferimentos de bala e muitas vezes, enfrentando horas de sofrimento antes de morrer. A arara azul, a onça pintada, o mico leão dourado, a capivara e tamanduá são alguns dos integrantes de uma lista com mais de 350 animais nativos estão ameaçados.

A caça na verdade serve para o gozo dos caçadores, uma verdadeira exteriorização do prazer pelo abate ou simplesmente para o tráfico de material biológico. A caça de animais silvestres nativos de nossa fauna deve ser repudiada, continuar sendo crime e fiscalizada, assim como também imploramos que a caça do javali europeu volte a ser proibida encontrando soluções éticas para o controle. Afinal, não é justo que os animais silvestres sejam responsabilizados e punidos por problemas causados pela nossa sociedade. Nossa fauna, já tão pressionada e devastada, deve ser protegida e não destruída. Imploramos que esse holocausto animal termine, por isso peço a sua ajuda nessa luta.

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