segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Ministro defende a revisão de todas as demarcações de terras indígenas no país


Ministro defende a revisão de todas as demarcações de terras indígenas no país



O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, defendeu a revisão de todas as demarcações de terras indígenas no país. Ele citou indícios de irregularidades em parte desses processos. O ministro deu a declaração na noite desta quinta-feira (29), ao lado do presidente Jair Bolsonaro, durante live semanal transmitida no Facebook.

“Essas demarcações, elas merecem ser todas revistas, uma vez que há provas, de dentro da própria Funai [Fundação Nacional do Índio], denúncias de demarcações fraudulentas para terras indígenas. São demarcações que foram forjadas, muito aumentadas na sua extensão, por gente interessada em lucrar com isso. Isso precisa ser muito bem estudado”, disse.

O ministro citou como exemplo a demarcação de Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, para argumentar a necessidade de revisão desses processos. “O próprio laudo de Raposa Serra do Sol foi colocado em dúvida e foi praticamente comprovado que foi um laudo fraudulento. Então, todas essas demarcações têm que ser objeto de revisão, para verificar o que realmente corresponde à verdade”.

O presidente Jair Bolsonaro disse que não deve autorizar novas demarcações e que a maioria dos governadores da Amazônia Legal, que se reuniram com ele esta semana, também concorda.
“Hoje em dia, 14% do território nacional já está demarcado como terra indígena. Se eu demarcar todas essas áreas que estão aí, passa para 20%. Simplesmente a agricultura e a pecuária vão ficar inviabilizadas no Brasil. E os governadores não querem mais.”


O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Augusto Heleno participam de live semanal - Reprodução do Facebook
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Augusto Heleno participam 
de live semanal – Reprodução do Facebook

Incêndios na Amazônia
Sobre o trabalho de combate aos incêndios na Amazônia, Augusto Heleno ressaltou a ação das Forças Armadas, nos últimos dias, que já conseguiu debelar a maior parte dos focos de queimada. “A ação das Forças Armadas foi imediata, pronta resposta, altamente competente, trabalhando em cima dos focos de incêndio e debelando a maioria deles”.

Ele ainda ressaltou que os incêndios na região são comuns em épocas de seca. “O que acontece na Amazônia, numa determinada época do ano, há focos de incêndio, mas não é a Amazônia em chamas. Isso é uma exagero que não é aceitável na cabeça de pessoas inteligentes. Isso é uma bobagem. São pontos da floresta onde surgem os núcleos de incêndio”, disse o ministro.

Tríplice fronteira
Jair Bolsonaro confirmou que se reunirá com os presidentes da Colômbia, Peru e Equador no dia 6 de setembro, na cidade colombiana de Letícia, que fica na Tríplice Fronteira com o Brasil e o Peru.
“No próximo dia 6, eu vou estar na cidade de Letícia, na Colômbia, juntamente com os presidentes do Equador, da Colômbia e do Peru também para gente conversar, discutir sobre esse assunto. Quem sabe um plano para que nós venhamos a usufruir dos bens da região amazônica, preservando o meio ambiente, se preocupando com a nossa soberania, que está ameaçada não é de hoje”, disse.

Reunião com Trump
Mais cedo, pelo Twitter, Bolsonaro confirmou que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, se reunirá nesta sexta-feira (30) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca, em Washington.

“Nunca Brasil e EUA estiveram tão alinhados. A coordenação com o Presidente americano foi essencial para a defesa da soberania brasileira na Amazônia, por ocasião do encontro do G-7, o que demonstra nossa relaçã

Por Pedro Rafael Vilela, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/08/2019
Ministro defende a revisão de todas as demarcações de terras indígenas no país, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/08/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/08/30/ministro-defende-a-revisao-de-todas-as-demarcacoes-de-terras-indigenas-no-pais/.

MPF abre investigação para apurar regularidade do licenciamento ambiental de terminal portuário em Santarém (PA)


MPF abre investigação para apurar regularidade do licenciamento ambiental de terminal portuário em Santarém (PA)


Terminal portuário de uso privado da empresa Atem’s Distribuidora de Petróleo – Obras estão em andamento, mas não houve audiência pública e consulta prévia, livre e informada, aponta denúncia encaminhada ao MPF

Foto mostra terreno de terra batida às margens de lago. O terreno tem plataformas que entram alguns metros no lago.
Obras do porto da Atem’s: licenciamento será investigado (foto: arquivo MPF)
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou investigação nesta terça-feira (4) para apurar a regularidade do licenciamento ambiental do terminal portuário de uso privado da empresa Atem’s Distribuidora de Petróleo em instalação no Lago do Maicá, em Santarém, no oeste do Pará.
Também serão investigadas denúncia de inexistência da consulta prévia, livre e informada aos grupos potencialmente afetados, conforme determina a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e possível ato de improbidade administrativa da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) pela não realização da consulta.


Informações recebidas pela unidade do MPF em Santarém apontam que não foram observadas atividades de pesquisa na região do Lago do Maicá para confecção de estudo e relatório de impacto ambiental. Segundo a denúncia, também não houve audiência pública com a população e consulta prévia aos indígenas, quilombolas e pescadores artesanais que podem vir a ser impactados.


Obra vizinha a várias comunidades – Segundo mapa obtido pelo MPF, a obra está próxima a diversos territórios tradicionalmente ocupados por quilombolas, indígenas e pescadores artesanais. As comunidades quilombolas Pérola do Maicá, Arapemã e Saracura, por exemplo, estão distantes apenas de 1,7 km a 8,2 km da construção, distância inferior à estipulada pela portaria interministerial nº 60/2015 para fins de presunção de impactos de empreendimentos portuários.


Além dessas três comunidades e das comunidades quilombolas de Maria Valentina e Bom Jardim – distantes entre 12,2 km e 14,4 km das obras –, estão em fase de estudos e delimitação os territórios da comunidade quilombola de Murumurutuba e do povo indígena Munduruku do Planalto Santareno, com grupo de trabalho instituído para essa finalidade por meio da Portaria nº 1.387 de 24 de outubro de 2018, da Fundação Nacional do Índio (Funai).


“Importante registrar que o referido empreendimento está sendo instalado a cerca de 2,1 km a montante da ‘Boca do Maicá’ e de dezenas de outros importantes locais de pesca dos pescadores artesanais daquela região. Por se tratar de um empreendimento destinado à exportação de petróleo, qualquer acidente que ocorra na instalação portuária poderá impactar os locais de pesca e as comunidades localizadas a jusante”, registra o despacho de instauração da investigação, assinado pela procuradora da República Luisa Astarita Sangoi.
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Mapa recebido pelo MPF (clique aqui para ver em tamanho maior)
Ministério Público Federal no Pará

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/06/2019

MPF abre investigação para apurar regularidade do licenciamento ambiental de terminal portuário em Santarém (PA)

, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/06/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/06/10/mpf-abre-investigacao-para-apurar-regularidade-do-licenciamento-ambiental-de-terminal-portuario-em-santarem-pa/.

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Brasil perdeu 89 milhões de hectares de vegetação natural nos últimos 34 anos

Dados de mudanças na cobertura e uso de solo no País constam de série histórica analisada pelo projeto MapBiomas; Apenas a Amazônia perdeu 47 milhões de hectares no período



Entre os anos de 1985 e 2018, o Brasil perdeu 89 milhões de hectares de vegetação natural, uma área equivalente a quase o Estado de Mato Grosso, o terceiro maior do País em extensão.  Esses dados compõem a Coleção 4.0 do projeto MapBiomas e foram apresentados nesta quinta-feira (29/08), em Brasília, durante o 4º Seminário Anual do MapBiomas – Perdas e Ganhos das Mudanças de Cobertura e Uso do Solo no Brasil. A série histórica levantada pela Coleção 4.0 cobre um período de 34 anos com dados anuais de cobertura e uso do solo, desmatamento e regeneração nos biomas brasileiros.

Dos 89 milhões de hectares perdidos nesse período, 82 milhões de hectares referem-se a florestas naturais e outros 7 milhões de hectares são de vegetação natural não florestal. No caso específico da Amazônia, a perda foi de 47 milhões de hectares em 34 anos, mais da metade do total registrado no Brasil. A agropecuária avançou de 174 milhões de hectares para 260 milhões, um aumento de 86 milhões de hectares.


TabelaMudanças na Área de Cobertura e Uso do Solo entre 1985 e 2018
Classe Área em Milhões de Hectares Perda / Ganho
1985 2018
Florestal Natural 587 505 – 82
Vegetação Nativa 71 64 – 7
Agropecuária 174 260 86
Áreas Não Vegetadas 5 5 0
Água 14 17 3
Total 851 851 – – –

Em 1985, as florestas naturais e a vegetação nativa representavam 77% de toda a cobertura e uso do solo no País, com mais 20% de ocupação pela agropecuária, 1% de áreas não vegetadas e 2% de água. Os dados de 2018 indicam que existem 66% de florestas naturais e vegetação nativa no território, 31% de áreas destinadas à agropecuária, 1% de áreas não vegetadas e 2% de água.

Segundo o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, os dados apresentados pela plataforma de monitoramento ajudam a compreender a evolução da ocupação do território e os impactos sobre os biomas no Brasil, sendo um importante subsidio para orientar os gestores públicos no desenvolvimento e a aplicação de políticas públicas para conservação e uso sustentável dos recursos naturais.

Ele ressalta que o impacto do desmatamento, que se encontra em alta, é preocupante por conta de fatores que se complementam e afetam diretamente o clima no Brasil e do planeta.
“O desmatamento somado as queimadas gera maior emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e, ao mesmo tempo, diminui a capacidade de ocorrer o fenômeno conhecido como sequestro de carbono, que é fundamental para reduzir a concentração destes gases na atmosfera sem o qual não será possível limitar o aquecimento global abaixo de 2oC”, diz o pesquisador. “Hoje, mais da metade das emissões brasileiras de gás carbônico provém de desmatamento”, completa.


Os dados apresentados pelo Coleção 4.0 MapBiomas traz mapas anuais de cobertura e uso do solo do Brasil com resolução de 30 metros (cada pixel representa uma área de 30 metros x 30 metros); estatísticas de cobertura e uso do solo e recortes territoriais de biomas, estados, municípios, terras indígenas, unidades de conservação, infraestrutura de transporte e energia e bacias hidrográficas; módulos de mapas e estatísticas de desmatamento/supressão e recuperação de florestas e vegetação nativa em todos os biomas do País; além de infográficos e mapa mural do Brasil e de cada bioma.

A ferramenta é pública e gratuita e pode ser acessada no https://mapbiomas.org/.


Sobre o Seminário Anual do MapBiomas

Seminário Anual do MapBiomas – Perdas e Ganhos das Mudanças de Cobertura e Uso do Solo no Brasil ainda contará com mesas sobre as novas tecnologias no monitoramento de cobertura e uso do solo e aplicações dos dados do MapBiomas. Na ocasião, também será lançado o edital da 2ª edição do Prêmio MapBiomas.

Queimadas são apenas a ponta do iceberg na devastação da Amazônia

Focos de calor destroem meios de sobrevivência de povos indígenas isolados, muitos dos quais ainda nem temos registros oficiais

A situação brasileira atual é muito preocupante. As queimadas na Amazônia, estampadas na imprensa internacional, foram previstas com antecedência pelas ONGs, pelos órgãos de pesquisa e pela comunidade acadêmica. A reação do governo de Jair Bolsonaro (PSL) foi demitir cientista, a exemplo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e insinuar que as ONGs estão por trás dos fatos. 
 
Essa situação revela algo maior que está acontecendo na América do Sul. Queimadas em larga proporção no Brasil, Bolívia, Paraguai e norte da Argentina apontam para políticas ambientais desastrosas. A lógica é a de sempre: primeiro as derrubadas (desflorestamento) e depois as queimadas.

Estados da Amazônia Legal que mais desmataram em 2019, em km2

Estados da Amazônia Legal campeões em queimadas, de 01/01/19 até 19/08/19

O desmatamento, até o mês de julho deste ano, na Amazônia Brasileira foi de 278% maior do que o registrado no mesmo período do ano de 2018, conforme os dados do INPE. Há também grandes incêndios florestais acontecendo com perda da fauna e flora. São 30 terras Indígenas no Brasil com foco de calor em seu interior. São 29 unidades de conservação no Brasil, 25 na Argentina, 27 na Bolívia, sete na Colômbia, nove no Paraguai, 12 no Peru, uma no Uruguai e cinco na Venezuela.
Esses dados mudam rapidamente, uma vez que novos focos de calor surgem. Lembremos que o período de estiagem na região amazônica se prolongará por meses. A cada dia novos levantamentos são apresentados. 


Informações sistematizadas pela geografa Ananda Santa Rosa, apresentadas nesta semana, relacionam 131 Terras Indígenas do Brasil com focos de calor, entre os dias 15 e 20 de agosto de 2019. Os dados utilizados pela pesquisadora foram obtidas no Fire Information for Resource Management System, da Nasa, agência espacial dos Estados Unidos.


Nos primeiros dias de seu governo, Bolsonaro iniciou um desmonte das políticas públicas estabelecidas na área sócio-ambiental, além de incentivar atividades de alto risco de degradação (a exemplo de mineração e ocupação ilegal de terras públicas, redução dos recursos para os órgãos de controle ambiental, etc.) e principalmente a tentativa de destruição da política indigenista. Associa-se a estes fatores um discurso oficial de ódio aos povos da floresta. 

ÁREA DE QUEIMADA EM PORTO VELHO, RONDÔNIA. FOTO: CARL DE SOUZA / AFP
Existe uma guerra ideológica: de um lado aqueles que defendem um planeta sustentável (com bases científicas rigorosas) e de outro aqueles que, em nome da “ordem e progresso” defendem a exploração desenfreada dos recursos naturais (finitos). Protagonizados pelo “agronegócio” com apoio no executivo e legislativo, impõem um modelo agro-extrativista exportador para abastecer o mercado internacional, tão sedento de commodities.

Esta política e discurso genocida afetam diretamente o meio ambiente, incluso neste os humanos, a flora e a fauna. Nós todos. 

Amparados no discurso de Bolsonaro, seis entre os nove governadores eleitos em 2018 na região da Amazônia brasileira colocam-se ao lado do agronegócio e fazem vista grossa para as ações ilícitas que contribuem para a degradação do bioma amazônico. Desmantelam as politicas de vigilância ambiental com a estratégia de redução de recursos para implementá-las. Fazem também vista grossa para os ilícitos ambientais.

Durante sua campanha presidencial na região Amazônica, Bolsonaro sinalizou para a expansão sobre a floresta e territórios indígenas e questionou as unidades de conservação. O ex-capital, que obteve ali votação expressiva do ruralismo, criou nesse público associado ao desmatamento o sinal de “vamos em frente, é a oportunidade”.

Para os povos da floresta, principalmente os indígenas, a situação torna-se dramática uma vez que dependem totalmente desse ambiente inteiro. O desmantelamento da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a nomeação de um ex-delegado da polícia federal aliado com o agronegócio para presidir o órgão acelera a intenção do governo de aprovar no Congresso medidas que possibilitam a exploração de minérios em terras indígenas e possibilitar o arrendamento desses territórios para o plantio de soja, milho e algodão. Atividades estas proibidas constitucionalmente.

A FUNAI hoje não tem capacidade e força política, e anda a reboque do discurso integracionista de Bolsonaro. Discurso esse que a Constituição de 1988 enterrou de vez. 

Diante desse caos, a situação mais dramática é a dos Povos Indígenas Isolados (PIA), ou Povos em Situação de Isolamento e de Contato Inicial.A maioria desses povos vive em constante fuga, ameaçados pelos impactos de grandes obras, agronegócio e atividades ilícitas. Hoje se deparam com a ameaça das queimadas.

Na América do Sul, são 185 registros de PIA (apenas 66 são confirmados). No Brasil, são 114 registros, dos quais 28 confirmados pela FUNAI. Quantos estão fugindo do fogo? Quantos sobreviverão? Que dizer dos 119 registros de PIA não confirmados? São povos que não são atingidos pelos dados oficiais. São povos que se “sumirem” nem ao menos saberemos, não entram nas estatísticas.

Levantamentos realizados por Fabrício Amorim, com os dados da geografa Ananda Santa Rosa, apontam 13 Terras indígenas com foco de calor nas quais incidem registros de PIA. 

Os PIA dependem exclusivamente da floresta em pé para sobreviverem. As queimadas destroem a fauna e a flora. É na floresta que encontram seus medicamentos, todo o material necessário para a produção de seus alimentos e medicamentos. A situação é gravíssima. Até o momento, a FUNAI não se pronunciou sobre o impacto das queimadas sobre os territórios e os povos indígenas. A que será que se destina? Quantos povos em situação de isolamento já foram atingidos? 



(#Envolverde)

Recuperação da vegetação nativa pode criar 2 milhões de empregos em dez anos

Estudo mostra os benefícios socioeconômicos e ambientais do planejamento integrado da paisagem que concilia produção agrícola, conservação e restauração; além de reverter a degradação, processo aumenta a resiliência climática, assegura a presença de polinizadores – incrementando a produtividade agrícola nacional em até 90% –, e ainda fornece produtos madeireiros, frutos e bioativos florestais  que diversificam o mercado e geram renda aos proprietários rurais

A Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e o Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) lançam hoje o sumário para tomadores de decisão do relatório temático “Restauração de Paisagens e Ecossistemas”. Elaborado por 45 pesquisadores de 25 instituições, o estudo reúne o conhecimento científico sobre iniciativas, práticas e políticas públicas que visam o uso mais sustentável do solo no Brasil, contribuindo diretamente para a mitigação das mudanças climáticas e o alcance de metas globais. O objetivo é informar governantes, empresários e demais gestores e lideranças, das esferas pública e privada, sobre o melhor caminho a ser seguido.


Diante da crescente alteração de ambientes naturais por atividades humanas, a restauração de paisagens e ecossistemas tem se tornado prioritária em âmbito internacional. Tanto é que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o período entre 2021 e 2030 como a Década sobre Restauração de Ecossistemas. E, em meio a uma conjuntura crítica para a agenda ambiental brasileira, o documento da BPBES e do IIS apresenta dados e propostas para demonstrar o benefício mútuo entre produção agrícola, conservação e restauração. O estudo está sendo lançado em um momento oportuno: duas semanas após o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, ter divulgado um relatório especial que aborda as relações entre o uso da terra e as mudanças do clima, alertando para a importância de se combater o desmatamento, proteger os ecossistemas naturais e promover a recuperação da vegetação nativa.

O Brasil perdeu 70 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 30 anos. Em sua maior parte, são terras abandonadas, mal utilizadas, em processo de erosão e que pouco agregam ao país. “Essas áreas não contribuem para a produção de alimentos, para qualquer outra atividade econômica e nem para os serviços ecossistêmicos. Sua restauração deveria ser uma prioridade nacional!”, pontua Bráulio Dias, professor da UnB e ex-secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU. O estudo observa que cada bioma e seu respectivo nível de degradação requerem métodos específicos de restauração ecológica para garantir melhor relação custo-eficiência, e detalha as técnicas mais indicadas para cada área, incluindo a condução da regeneração natural.


Sinergia e interdependência – Segundo o documento, a restauração de paisagens e ecossistemas não compete com atividades agrícolas; ao contrário, são ações sinérgicas. O coordenador do relatório, Renato Crouzeilles, professor do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFRJ e do Centro de Ciências da Conservação e Sustentabilidade do Rio na PUC-Rio e associado ao IIS, salienta que ciência e política andam juntas e se beneficiam. “O planejamento inteligente e o manejo integrado da paisagem levam a uma situação de ganha-ganha, onde ganha o meio ambiente, ganha a produção agrícola e ganha a sociedade”, explica.


Na mesma linha, Ricardo Rodrigues, professor da Esalq/USP, onde coordena o Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (Lerf), e também um dos coordenadores do estudo, argumenta que agricultura e meio ambiente não são concorrentes e, sim, interdependentes. Por isso, devem ser abordados de forma conjunta, sob a ótica da ‘adequação ambiental e agrícola de propriedades rurais’, conceito que pratica há mais de 20 anos no Lerf, obtendo como resultado benefícios ambientais e produtivos. Para tanto, ele defende que o conhecimento científico precisa se aproximar da sociedade e a sociedade deve se apropriar melhor desse conhecimento. “Temos que quebrar essa barreira. Não podemos continuar gerando conhecimento de qualidade para nós mesmos, discutindo entre pares.


Acredito que esse estudo é um instrumento interessante para essa aproximação”. Para Rodrigues, o diferencial da agricultura brasileira deveria ser a tecnologia de ponta, a alta produtividade e o baixo impacto ambiental, em um ambiente rico em biodiversidade e, portanto, com sustentabilidade ambiental e socioeconômica.


Para que isso aconteça, na opinião de Crouzeilles é fundamental a conscientização do governo sobre a sinergia entre meio ambiente e agricultura, que pode levar à melhor qualidade ambiental, econômica e social, vitais para o enfrentamento das mudanças climáticas. “Restauração é a solução baseada na natureza com maior potencial de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, os quais, se não forem combatidos agora e com intensidade, levarão à perda de produtividade agrícola, à maior inequidade social e econômica e à destruição dos recursos naturais”, avalia.


Bernardo Strassburg, professor da PUC-Rio, diretor executivo do IIS e também coordenador do documento, ressalta ainda o enorme potencial da restauração ecológica para contribuir para o atingimento de múltiplos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, de forma custo-efetiva. “Além dos Objetivos relacionados à conservação da biodiversidade e mitigação e adaptação às mudanças climáticas, a restauração pode apoiar significativamente os objetivos associados às seguranças alimentar, hídrica e energética, à redução da pobreza, geração de empregos e produção e consumo sustentáveis”.

De acordo com o relatório, a restauração de paisagens e ecossistemas assegura a presença de polinizadores, que aumentam a produtividade das culturas agrícolas brasileiras em até 90%. “Cerca de 40% das culturas agrícolas do país têm redução de produção de 40-100% na ausência de polinizadores e, em outros 45% das culturas, a diminuição está entre 1-40%”, diz o texto. Ainda segundo o estudo, se bem planejada e implementada na paisagem, a restauração pode aumentar em mais de 200% a conservação da biodiversidade.


Benefícios socioeconômicos – Além de reverter a degradação ambiental, devolvendo a funcionalidade dos ecossistemas, a recuperação da vegetação nativa também enseja oportunidades econômicas, de inclusão e redução das desigualdades sociais. “Estima-se a criação de 200 empregos diretos (por meio de coleta de sementes, produção de mudas, plantio e manutenção) a cada 1.000 hectares em restauração com intervenção humana. Dependendo do balanço entre recuperação com alta intervenção humana e condução da regeneração natural, projeta-se que entre 112 e 191 mil empregos sejam gerados anualmente até 2030 para o alcance da meta brasileira de recuperação de 12 milhões de hectares de vegetação nativa”, detalha o documento.


O texto segue explicando que as áreas restauradas, além de fornecerem polinizadores para as culturas agrícolas no seu entorno, ofertam ainda produtos madeireiros, frutos e bioativos da vegetação nativa em restauração, que diversificam os mercados locais e beneficiam toda a sociedade, mas são especialmente importantes para geração de renda aos proprietários rurais. “Se você restaura ecossistemas em áreas degradadas que não dão retorno econômico algum, a oferta de alimento vai aumentar, porque alimento não vem só da lavoura, vem também dos rios, por meio da pesca, e da floresta, onde você pode colher um fruto ou uma raiz. Isso vai melhorar a segurança alimentar”, assinala Bráulio Dias.


Engajamento e cidadania – Diversos movimentos, que reúnem atores sociais envolvidos com iniciativas de restauração, têm criado mecanismos de governança, comunicação e articulação, sistemas de monitoramento e estratégias para influenciar políticas públicas. Alguns dos principais exemplos no Brasil são o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, a Aliança pela Restauração da Amazônia e a Rede de Sementes do Xingu. Os autores ressaltam que esses coletivos têm dado atenção especial também à questão da diversidade de gênero e raça.


Na visão de Crouzeilles, sensibilização e engajamento são essenciais para uma sociedade consciente, com ações em todas as esferas de influência. “Para isso, governos, estados, pesquisadores, praticantes e coletivos de restauração devem disseminar conhecimento baseado em ciência para toda a sociedade, desde a população rural até a urbana. Independentemente das políticas públicas ambientais exercidas pelo governo, todos devem continuar fazendo a sua parte para que haja ganho ambiental e socioeconômico no país”, completa.


Rodrigues pontua que, na contramão da agenda política atual, a única forma de contornar os retrocessos é exercendo o papel cidadão e cobrando uma qualidade maior de nossos produtos agrícolas. Ele lembra que ainda não temos instrumentos que informem o consumidor sobre a origem desses produtos. “Não sabemos se ele respeita a legislação ambiental, se está conforme os princípios de igualdade salarial entre homens e mulheres e se combate o trabalho escravo, por exemplo. Se dermos preferência para produtos com certificação ambiental e socioeconômica, mudaremos o mercado à revelia do governo”, sugere.


Ganho de escala – Para Dias, um dos maiores desafios que o Brasil tem pela frente é ganhar escala nos esforços de restauração de ecossistemas. “O país tem capacidade técnica e acadêmica, especialistas no tema, manuais e experiência sobre o que funciona e o que não funciona. Nós temos agora que sair das iniciativas locais e passar a recuperar em escala nacional. Isso requer políticas públicas e de engajamento do setor privado e eu acredito que esse relatório é uma grande contribuição para convencer os tomadores de decisão”, avalia. Carlos Joly, coordenador da BPBES e professor da Unicamp, destaca que o país tem a oportunidade de desenvolver um programa de recuperação da vegetação nativa ímpar no mundo, com grande diversidade de espécies. “Temos conhecimento suficiente para utilizar um alto número de espécies nativas, principalmente na Mata Atlântica.


O estudo aponta que a restauração pode ser feita nas áreas com a melhor relação de custo versus diversidade de espécies e serviços ecossistêmicos. Além dos serviços de proteção e estabilidade de solo, com a redução da erosão superficial, e a proteção de recursos hídricos, graças à diminuição do assoreamento”, afirma.


O texto apresenta os oito pilares necessários para viabilizar a recuperação da vegetação nativa em larga escala e de forma custo-efetiva no Brasil, identificados durante o processo de elaboração do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, instrumento básico da Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa. E, por outro lado, os autores destacam ao menos 10 ações prioritárias para contrapor as lacunas que ainda dificultam um ganho de escala concreto em iniciativas de restauração associadas a uma produção agrícola sustentável e com alta produtividade, em abordagens de gestão integrada da paisagem.


“O Brasil e seus agricultores têm muito a ganhar sendo os protagonistas de uma transição para um uso da terra mais sustentável, com zero desmatamento ilegal, produção agrícola intensificada e tecnificada sustentavelmente e, ao mesmo tempo, associada à recuperação da vegetação nativa em larga escala”, diz o documento.


Protagonismo ambiental e contexto global – No cenário internacional – em especial na União Europeia – é crescente a demanda por importação de produtos agrícolas sustentáveis, que não degradem o meio ambiente nem comprometam a qualidade de vida da população. “O Brasil também deve seguir esse caminho, senão há uma grande chance de sofrer embargos internacionais de seus produtos agrícolas. O mundo está junto pela Década da Restauração e, se conseguirmos continuar com o protagonismo ambiental dos últimos anos, o Brasil tem tudo para se consolidar como um líder ambiental e com voz ativa ao longo dessa década. Isso trará ainda mais investimentos e reconhecimento para o país”, analisa Crouzeilles.


Para que as oportunidades se tornem realidade, o relatório aponta que o país não pode retroceder em suas políticas ambientais de redução do desmatamento, conservação da biodiversidade e impulsionamento da recuperação da vegetação nativa em larga escala. O fim da obrigatoriedade da Reserva Legal, as reduções das alternativas de conversão de multas e a extinção dos fóruns de colaboração e coordenação entre atores governamentais e da sociedade seriam perdas irreparáveis para uma política de adequação ambiental. “O Brasil tem assumido o papel de líder em negociações ambientais internacionais e qualquer ruptura desse caminho, além de afastar oportunidades, irá afugentar mercados internacionais consumidores de produtos agrícolas. Isto porque, cada vez mais, estes se pautam pela produção e pelo consumo sustentáveis, incluindo políticas de não-consumo de produtos provenientes de áreas desmatadas, como é o caso da moratória da soja na Amazônia”, alerta o estudo.

Doença do Pombo não existe!!

Resultado de imagem para pombos com criancas imagensDoença do Pombo – Realidade ou Mito?

Revista Unimed

Preocupados com notícias distorcidas veiculadas pela imprensa e repetidas por autoridades mal informadas sobre doenças que seriam transmitidas por pombos ou seus dejetos;

Conscientes de que essas informações pseudo-científicas prejudicam a toda uma espécie, pois aterrorizam a população e induzem a preconceitos;

Gostaríamos de esclarecer que:
O pombo não é portador de nenhuma doença exclusiva, não existindo a famosa “Doença de Pombo“.
A toxoplasmose não é transmitida diretamente ao homem pelo pombo, pois neste o parasita não desenvolve totalmente seu ciclo vital e reprodutivo, condição indispensável para se tornar infeccioso ao ser humano. A principal fonte de toxoplasmose é a ingestão de verduras mal lavadas e carne contaminada mal cozida.

Doenças transmitidas por fungos que se desenvolvem em dejetos, como a histoplasmose e a criptococose, são originárias também das fezes humanas, de outros animais, solo orgânico e até de frutas podres. Esses fungos necessitam de condições especiais para sobreviver, não resistindo ao sol e às altas temperaturas do nosso clima (o histoplasma morre aos 40° C e a criptococus aos 44° C), portanto asfalto, praças abertas, areias ensolaradas e parapeitos não são ambientes favoráveis aos fungos. A histoplasmose é também conhecida como Doença das Cavernas, pois é em ambientes fechados e com grande acúmulo de matéria orgânica que o fungo encontra condições ideais de crescimento.

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A Ornitose, Psitacose ou Clamidiose atinge a muitas aves e mamíferos, inclusive o homem. No entanto, estudos indicam que não existe apenas um tipo de clamídia e que o ser humano é mais sensível ao grupo das clamídias transmitidas por psitacídeos (papagaios, periquitos, etc), sendo necessário, para que haja contaminação, um contato íntimo com a ave doente. Aves saudáveis não são transmissoras.

Pesquisas sobre a Salmonelose demonstram que o pombo não é um transmissor importante. A Salmonela é uma bactéria encontrada até num ovo de galinha e é praticamente sinônimo de comida estragada.

Quanto à Tuberculose Aviária, como o nome indica é diferente da tuberculose humana e da bovina, Comum a todas as aves, essa bactéria pode ser encontrada em muitos lugares: no solo, na serragem, em ostras, minhocas e até no leite fresco. Ratos e outros animais podem ser portadores eventuais. O sol destrói o bacilo em poucas horas, porém ele pode sobreviver muito tempo na água ou esgoto.

Apesar do homem ter forte resistência ao bacilo, suas principais fontes de contágio são a carne mal cozida e leite mal fervido.

O famoso Piolho de Pombo não é o “piolho humano”. São ácaros encontrados também em outras aves silvestres, específicos das penas, das quais se alimentam, sendo que alguns também sugam o sangue dos pássaros. Mesmo que eventualmente passem para pessoas que toquem em aves infestadas, não sobrevivem mais do que algumas horas.

Geralmente, as vítimas reais de doenças de aves são criadores que possuem grande quantidade de pássaros em ambientes fechados, escuros, sem padrões de higiene e sem controle veterinário, mantendo contato freqüente com pássaros doentes. O contágio apenas por proximidade ou convivência com aves é difícil ou improvável.

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