terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Índice de desenvolvimento humano é comprometido em municípios onde há mineração de carvão




Os reflexos do setor minerário de carvão em municípios brasileiros têm apontado que os efeitos no desenvolvimento destas cidades na realidade do dia a dia estão longe da ‘imagem próspera’ destacada quando os empreendimentos são instalados, ficam em operação e deixam um passivo socioambiental após sua vida útil.

O Índice de Desenvolvimento Humano municipal (IDH-M), que compara indicadores sobre a oportunidade de viver uma vida longa e saudável, de ter acesso ao conhecimento e um padrão de vida que garanta as necessidades básicas, representadas pela saúde, educação e renda, revela quadros desoladores quanto ao bem-estar destas populações. Pesquisas apontam que as desigualdades desde a distribuição de ganho a acesso à infraestrutura afloram e se acentuam ao longo e médio prazos.


O estado do Rio Grande do Sul, onde ficam concentradas 90% das minas de carvão mineral no país, traz exemplos destes desequilíbrios socioeconômicos. A exploração vem de longa data, desde 1792, como esclarece Caio dos Santos, pesquisador do Observatório dos Conflitos do Extremo Sul do Brasil, ligado à Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Segundo ele, entre os municípios carboníferos que refletem os efeitos deste processo minerário estão Butiá, cujo IDH é de 0689, que deixa o município em 357º no ranking do IDH-M no RS, e Arroio dos Ratos e Candiota, ambos, com 0698, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. O IDH brasileiro, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é de 0,761 (2018). Quanto mais próximo de zero, o IDH é mais baixo.


De acordo com Santos, Butiá recebeu a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) em 2018, na ordem de R$ 1,478 milhão; Arroio dos Ratos, R$ 1,242 milhão, e Candiota, de R$ 1,335 milhão. O pesquisador explica que esta arrecadação, no entanto, não os torna municípios mais desenvolvidos, no estrito senso da palavra.


Uma combinação de fatores compromete a qualidade de vida destas populações. Parte delas tem de conviver com os efeitos de detonações que abalam estruturas dos imóveis muitas vezes rudimentares, alagamentos, mau cheiro em localidades ainda sem infraestrutura de água e esgoto, viária e de moradia, como é o caso da Vila São José, região periférica de Butiá, na qual vivem 5 mil famílias.  Mais um ponto é a questão da flutuação de moradores, tendo em vista, os desempregos, após a finalização das plantas, que impactam na economia dos municípios.


Na área rural, o solo, ar e água contaminados por enxofre e outras dezenas de substâncias completam um quadro devastador, como descrito na reportagem “O Rastro da Miséria da Mineração no RS, de Gilson Camargo, do jornal Extra Classe, em julho deste ano.  Nesta região, atua a empresa Copelmi que anunciou que deverá encerrar as atividades da mina em janeiro de 2020. Entretanto, é importante frisar que o passivo socioambiental deverá ser acompanhado e monitorado por décadas.


Efeitos socioambientais
Historicamente no Brasil, por onde a mineração de diferentes matérias-primas passa, deixa cavas enormes e desestruturação do solo, devido à compactação de rejeitos e liquefação, e agride de tal forma a vegetação e recursos hídricos, que é difícil ter noção de como era aquela paisagem anteriormente.

Os biomas sofrem impactos sucessivos e a regeneração, por muitas vezes, é difícil. Isto, sem falar em desastres, como os que ocorreram com as usinas de rejeito de mineração da Samarco (controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton), em Bento Rodrigues, Mariana (2015) e Brumadinho (2019), da Vale, em MG, resultando em cerca de 300 pessoas mortas, além de animais, e centenas de famílias desalojadas e que aguardam indenizações. Estes fatos trouxeram, com mais rigor, este tema para a pauta da imprensa, com um agravante: os impactos psicológicos e emocionais que afetam a maioria dos atingidos é algo imensurável.


Consulta prévia a povos indígenas e tradicionais
Um outro aspecto importante se refere às comunidades do entorno, em especial indígenas e tradicionais, que também podem ser afetadas e precisam ser consultadas previamente, neste processo de prospecção de grandes empreendimentos. Por muitas vezes, isto não ocorre. Este é o caso atual do projeto da Mina Guaíba, também da empresa Copelmi, entre os municípios de Eldorado e Charqueadas, que se encontra em fase de análise do licenciamento prévio ambiental, na Fundação Estadual de Proteção Ambiental Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM), no RS.


No mês de outubro, foi dada entrada a duas Ações Civis Públicas pelo Instituto Internacional Arayara, pela Associação Indígena Poty Guarani e pela Colônia de Pescadores Z5 nas Justiças Federal e Federal, na Comarca de Porto Alegre, que pedem a suspensão imediata deste processo de licenciamento. A iniciativa tem o apoio da 350.org e do Observatório do Carvão Mineral.
Recentemente Pedro Nicolau Moura Sacco, procurador do Ministério Público Federal, deu um parecer favorável à suspensão imediata. Como principal argumento expõe o desrespeito à obrigatoriedade da consulta livre, prévia e informada a comunidades indígenas e tradicionais, de acordo com a Convenção Internacional do Trabalho (OIT) 169 ratificada no Brasil. Desde o início deste ano, este projeto da mina é objeto de um inquérito civil aberto, no Núcleo das Comunidades Indígenas, Minorias Étnicas e Educação da Procuradoria da República no estado do RS.


“O parecer do MPF reforça o que temos denunciado sobre a Mina Guaíba: A legislação não foi respeitada. Isso por si só já seria uma condicionante para anulação total do processo de licenciamento ambiental. Mas para além disso, o próprio EIA/RIMA que a empresa apresentou, contém inúmeras falhas e omissões graves, com isso, esperamos que a FEPAM que tem em seu quadro de analistas profissionais gabaritados, não conceda nenhuma licença à empresa. Até porque estas falhas e omissões estão sendo questionadas em outras Ações Civis Públicas, que em breve traremos a público”, afirma Renan Andrade Pereira, organizador do Programa Fé, Paz e Clima da 350.org, no Brasil.


Ele ainda destaca que já se deparou com inúmeros casos similares ao do RS, em sua carreira. “Nasci em Minas Gerais e tive a oportunidade de percorrer o Brasil acompanhando crimes ambientais e conhecendo comunidades atingidas por este setor.  Infelizmente estou acostumado a ver como funcionam as mineradoras. A história é sempre a mesma, eles prometem emprego, qualidade de vida, mas eles trabalham é com um tripé nada sustentável: violação dos direitos humanos; dos direitos ambientais e dos direitos trabalhistas. É desse jeito em Minas Gerais, em Santa Catarina, no Maranhão, no Espírito Santo ou no Piauí. No Rio Grande do Sul não poderia ser diferente, haja vista como a empresa quer licenciar o empreendimento, violando direitos antes mesmo de começar a operar”, diz Pereira.


Rejeição à mineração em plano diretor
Mas apesar da forte pressão da mineração de carvão no RS, alguns municípios têm rejeitado este setor econômico, por meio da legislação, como é o caso de São José do Norte, que em maio deste ano, em lei complementar municipal em seu plano diretor, definiu:


(…Ficam, também, proibidas atividades de mineração de porte médio, porte grande e porte excepcional para todos os tipos de mineração, em todas as zonas do Município. Ficam proibidos todos os portes para lavra de minério metálico (cobertura/ouro/chumbo/etc.) a céu aberto e com recuperação de área degradada (CODRAM 530,03). Conforme os portes estabelecidos pela Resolução 372/2018, do Conselho Estadual do Meio Ambiente -CONSEMA do Rio Grande do Sul…)

A pressão da sociedade foi importante neste caso, por meio do movimento popular “Não queremos mineração em São José do Norte”.


Desafios impostos pela pressão do setor mineral
Mas o problema desta agenda se torna cada vez mais complexo, já que no RS, há cerca de 170 projetos de novas plantas de mineração. A esperança do aquecimento com novos empregos novamente reacende no Sindicato de trabalhadores da categoria, mas o histórico demonstra que os processos têm desfechos inversos. O atual Plano Estadual de Mineração (PEM) do RS gera um alerta à sociedade: qual é o custo-benefício de se investir neste tipo de combustível fóssil? Como aponta Rualdo Menegat, professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Por onde passam estes empreendimentos minerários, promessas de mais geração de empregos e desenvolvimento econômico local são expostos, gerando expectativas. Mas o que se observa é que ao longo dos anos, o desemprego, problemas de saúde, desarranjos sociais começam a desenhar um quadro reverso. Estima-se que até os anos 90, havia na casa de 8 mil trabalhadores na mineração de Butiá e Arroio dos Ratos, entre outras localidades da região. Hoje seriam cerca de 400 na ativa, sendo que 280 da planta de Butiá deverão ser dispensados no ano que vem.


Pesquisas pelo Brasil 
A preocupação com este tema tem atraído pesquisas pelo Brasil. No artigo “A Questão Mineral e os Índices do IDH-M e desigualdade (GINI) nos estados do Pará e Minas Gerais: uma abordagem comparativa, a engenheira civil Loyslene de Freitas Mota e Tiago Soares Barcelos, Doutor em Geografia Humana, reforçam a constatação da desigualdade.

Segundo os pesquisadores, ao analisar dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Datasus, evidenciaram que mesmo o Estado do Pará arrecadando mais recursos da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), possui em termos absolutos piores índices que os municípios de Minas Gerais.

E relatam – ‘Percebe-se ao longo do trabalho que aos municípios que os IDHM mais elevados nem sempre são acompanhados por melhoras nos índices de desigualdade (GINI). Por fim, observou-se que a atividade minerária não vem apresentando melhoras significativas para as populações do seu entorno, apresentando alta externalidade negativa e criando uma economia de enclave que este setor apresenta nos municípios estudados. Torna-se assim, de fundamental importância um debate amplo sobre qual modelo mineral atende os anseios da sociedade brasileira´. A publicação foi veiculada na Gestão e Desenvolvimento em Revista, de julho-dezembro de 2018.

Heloísa Pinna Bernardo, doutora em Contabilidade e mestra em Controladoria e Contabilidade, também destaca em artigo, no ano de 2018, a contraposição quanto ao argumento que atesta que mineração facilita desenvolvimento local, em cidades de Minas Gerais.

Como base de dados, a pesquisadora utilizou além dos dados do IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, porte do município e o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que analisa municípios brasileiros, e do Departamento Nacional de Produção Mineral (CNPM) para a CFEMEntre as principais constatações, avaliou que a geração de subempregos, a má distribuição de renda e taxas de crescimento das regiões de base mineral são inferiores às das regiões nas quais a mineração é inexpressiva.

Sobre a 350.org  e o carvão

A 350.org é um movimento global de pessoas que trabalham para acabar com a era dos combustíveis fósseis e construir um mundo de energias renováveis e livres, lideradas pela comunidade e acessíveis a todos. Nossas ações vêm ao encontro de medidas que visem inibir a aceleração das mudanças climáticas pela ação humana, que incluem a manutenção das florestas.

Uma das campanhas que desenvolve com os parceiros Arayara e COESUS atualmente é contra a exploração minerária e utilização do carvão para geração de energia, no Rio Grande do Sul. Essa iniciativa é ampliada como ONG integrante do Observatório do Carvão Mineral , junto com Arayara, COESUS, ICS e Rede Guarani, além de representantes da sociedade civil.

As ações são multidisciplinares, já que ao mesmo tempo, a 350.org age em defesa de comunidades indígenas e de outras comunidades tradicionais, que são afetadas por estes empreendimentos carboníferos, por meio do Programa 350 Indígenas e vem reforçando seu posicionamento em defesa destas famílias por meio da campanha Defensores do Clima.  E do Programa Fé, Paz e Clima.
Sucena Shkrada Resk – jornalista ambiental, especialista em política internacional, e meio ambiente e sociedade, é digital organizer da 350.org, no Brasil


Médicos escoceses prescrevem doses de natureza a pacientes

Médicos escoceses prescrevem doses de natureza a pacientes 

 

Qualquer pessoa pouco ativa que faça check-up já ouviu de algum médico que é preciso se exercitar.

Agora, imagine entrar em um consultório e sair com a recomendação de que é necessário se reconectar à natureza? Pois é isso que uma rede de médicos na Escócia está fazendo. Entre as recomendações, estão caminhadas e quais rotas seguir para encontrar determinadas espécies de pássaros e plantas pelo percurso.

Incentivando passeios na natureza como parte da reabilitação de pacientes, o projeto é chamado “Nature Prescriptions” e é realizado por profissionais da NHS (National Health Service) – o sistema público de saúde do Reino Unido -, que atuam no arquipélago Shetland.

As prescrições foram pensadas em parceria com a organização de proteção aos pássaros Royal Society for Protection of Birds (RSPB) que, tendo como base a realidade local, produziu um panfleto e calendário de atividades sazonais. No verão, por exemplo, a sugestão pode ser fazer uma caminhada na praia pela manhã.

A ideia é oferecer uma gama de opções, que respeite qualquer que seja a condição de saúde do paciente e se a pessoa é mais sociável ou introvertida.

“O projeto fornece uma maneira estruturada para os pacientes acessarem a natureza como parte de uma abordagem não-medicamentosa para problemas de saúde. Os benefícios são que eles são gratuitos, de fácil acesso, permitem uma conexão maior com o entorno, que, esperamos, conduza à uma melhora na saúde física e mental dos indivíduos”, afirmou a Dra. Chloe Evans, do Centro de Saúde Scalloway, onde foi realizado o programa piloto.

A ideia não é substituir os médicos -, quando estes forem necessários. O ponto é que os passeios podem ser parte do tratamento, como um suplemento à medicina tradicional.

Benefícios

Os profissionais que integram o projeto partem de evidências de que pessoas com conexão mais forte com a natureza experimentam maior satisfação com a vida, afeto positivo e vitalidade. Além disso, o grupo reconhece os benefícios da natureza na redução da pressão arterial, redução da ansiedade e aumento da felicidade.

Somos parte da natureza

 

 Não é segredo de que há crescente desconexão entre os seres humanos e a natureza, sobre este fato o CicloVivo abordou no vídeo abaixo:

https://youtu.be/7paT1UwUiL8

 




Conheça outros médicos com abordagens alternativas:

 

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Jornalista aparelhada para gostar de passarinhos. Tem interesse por mais assuntos do que é capaz de acompanhar. Aqui escreve sobre infinitas possibilidades de tornar o mundo um pouquinho melhor.

Vídeo mostra canguru se refrescando em piscina após fugir de incêndio florestal na Austrália

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NOTÍCIAS
23/12/2019 15:41 -03

Vídeo mostra canguru se refrescando em piscina após fugir de incêndio florestal na Austrália

Uma família de Nova Gales do Sul filmou um canguru de 70 quilos dando um mergulho em sua piscina no final de semana, quando as temperaturas chegaram a 42 Celsius.


Um canguru foi visto se refrescando na piscina de um quintal de uma região da Austrália assolada por incêndios florestais, enquanto em outras partes bombeiros têm resgatado coalas de árvores ameaçadas pelas chamas.

A fauna do país vem sendo duramente afetada pelos fogos, que já destruíram mais de 3,7 milhões de hectares de áreas selvagens e mataram seis pessoas.

Como o calor abrasador e as condições favoráveis aos incêndios devem se agravar, santuários de animais e organizações de resgate têm que decidir se tentam esvaziar áreas em perigo ou se arriscam a permanecer na esperança de proteger os animais.

Algumas populações de coalas e de raposas-voadoras foram destruídas, e cangurus, coalas e equidnas foram vistos procurando abrigo em áreas urbanas.

Embora não sejam conhecidos por suas habilidades aquáticas, os cangurus de fato procuram concentrações de água no calor intenso, mas normalmente em ambientes selvagens.

Uma família do norte da região de Hunter, em Nova Gales do Sul, filmou um canguru de 70 quilos dando um mergulho em sua piscina no final de semana, quando as temperaturas chegaram a 42 Celsius.á no Estado de Vitória, o usuário de Twitter Bill Wallace publicou fotos de cacatuas que aparentemente morreram devido ao estresse do calor.
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“O termômetro na varanda dos fundos chegou a 48,9º C hoje, obviamente não é uma leitura oficial, mas bastou para matar essas cacatuas”, escreveu.

Uma equipe de bombeiros resgatou coalas de árvores gomíferas na rota do fogo enquanto protegia casas no sul da Austrália.

Ainda em Nova Gales do Sul, um grupo ambientalista estimou que mais de 2 mil coalas foram mortos, já que um terço de seu habitat pegou fogo.

Um santuário da vida selvagem do norte de Sydney retirou seus 300 animais devido à aproximação das chamas.

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“Decidimos esvaziar a área, e tivemos sorte de escapar dos incêndios”, disse Tassin Barnard, gerente de operação do Parque Selvagem Walkabout.

Embora não existem estatísticas oficiais, Barnard disse que provavelmente milhões de animais morreram.

“Outros santuários decidiram não retirar seus animais e só fazer o melhor para defendê-los, e entendo isso também porque é extremamente difícil fazê-lo.”


O canguru, flagrado com água na altura do peito, sacudia as orelhas e parecia intacto.Já no Estado de Vitória, o usuário de Twitter Bill Wallace publicou fotos de cacatuas que aparentemente morreram devido ao estresse do calor.

“O termômetro na varanda dos fundos chegou a 48,9º C hoje, obviamente não é uma leitura oficial, mas bastou para matar essas cacatuas”, escreveu.

Uma equipe de bombeiros resgatou coalas de árvores gomíferas na rota do fogo enquanto protegia casas no sul da Austrália.

Ainda em Nova Gales do Sul, um grupo ambientalista estimou que mais de 2 mil coalas foram mortos, já que um terço de seu habitat pegou fogo.

Um santuário da vida selvagem do norte de Sydney retirou seus 300 animais devido à aproximação das chamas.

“Decidimos esvaziar a área, e tivemos sorte de escapar dos incêndios”, disse Tassin Barnard, gerente de operação do Parque Selvagem Walkabout.

Embora não existem estatísticas oficiais, Barnard disse que provavelmente milhões de animais morreram.

“Outros santuários decidiram não retirar seus animais e só fazer o melhor para defendê-los, e entendo isso também porque é extremamente difícil fazê-lo.”

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Mais uma barragem se rompe!!A desculpa é que choveu....

Chuva pode ter sido causa de rompimento de barragem em cidade de Goiás

Uma barragem se rompeu no sábado (4), no município de Pontalina, no estado de Goiás

Chuva pode ter sido causa de rompimento de barragem em cidade de Goiás
Notícias ao Minuto Brasil
06/01/20 08:20 ‧ Há 2 Horas por Notícias Ao Minuto 

Brasil Tragédia
 
As equipes técnicas da força-tarefa instalada pelo governo do estado, que está no município de Pontalina, no estado de Goiás, onde uma barragem se rompeu no sábado (4), atingindo parte da cidade, farão uma avaliação detalhada nesta segunda-feira (6) para saber o que aconteceu. A barragem está localizada na Fazenda São Lourenço das Guarirobas, zona rural do município.

A suspeita é que o volume de chuvas na região tenha contribuído para o problema.Segundo a prefeitura de Pontalina, pelo menos quatro residências da rua Padre Primo foram condenadas e interditadas pelos bombeiros por risco de desabamento. “O levantamento final de todos os danos ainda está sendo feito pela equipe técnica responsável e em breve será divulgado oficialmente pelos órgãos competentes”.

Os técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), profissionais da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Companhia Saneamento de Goiás (Saneago), equipes do Corpo de Bombeiros, Comando de Policiamento Ambiental da Polícia Militar, Comando de Policiamento Rodoviário da PM e Defesa Civil estão no local desde que ocorreu o acidente na manhã de sábado.

De acordo com nota divulgada pela Semad, os técnicos fizeram um sobrevoo panorâmico na região para identificar possíveis danos causados pelas enchentes, na manhã de ontem (5). Eles vistoriaram também três outras barragens e, em uma delas, foi observado que as águas ainda passam por cima do barramento. O proprietário rural foi orientado sobre medidas a serem adotadas. Em outra propriedade, os profissionais observaram que a água continua passando pelo talude. Por isso, o local continua sendo monitorado.

O abastecimento de água que foi afetado em Pontalina. Por volta das 11h40 desse domingo, a Saneago informou sobre a retomada gradual do fornecimento.

Pela manhã, equipe da Goinfra realizou nova avaliação das duas pontes abalroadas pelas águas na rodovia GO-040, que foi interditada pela Defesa Civil. Embora não tenha havido nenhuma evolução, os técnicos seguem no monitoramento das estruturas e nova avaliação está programada para a manhã desta segunda-feira.. A GO-215, também na região, segue aberta ao tráfego.

A Semada, por meio de nota, informou que possui um cadastro online sobre as barragens no estado, em que todos os proprietários sáo obrigados a se cadastrar e informar os dados sobre a situação de segurança para fins de ficalização.

"A propósito da barragem que rompeu, situada na Fazenda São Lourenço  das  Guarirobas, zona  rural do município de Pontalina, estava regular quanto à outorga para o barramento e uso de água.

Também possuía licenciamento ambiental concedido pelo município de Pontalina, que tem competência para a emissão. A propriedade, contudo, estava irregular quanto ao cadastro de segurança da barragem, uma vez que o prazo para regularização expirou em 31 de dezembro de 2019 e o detentor não informou qualquer dado sobre o estado de conservação da estrutura".


Com informações da Agência Brasil

Greta e premiê da Austrália trocam críticas na web por incêndios no país

Greta e premiê da Austrália trocam críticas na web por incêndios no país

A Austrália tem sido criticada durante a onda de calor que passa pelo apoio de seu premiê, Scott Morrison, à indústria do carvão

Sydney – O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, e a ativista Greta Thunberg trocaram críticas sobre a suposta relação entre os grandes incêndios florestais no país e a crise causada pelo aquecimento global.

A disputa começou neste domingo (22), quando Greta postou imagens dos incêndios no Twitter, acompanhadas pelo comentário: “Mesmo desastres como este não parecem despertar ação política, como isso é possível?”

A resposta de Morrison veio nesta segunda-feira (23), também na rede social.

“Não me cabe fazer comentários sobre o que pessoas de fora da Austrália acham que a Austrália deve fazer. Na Austrália, faremos o que acreditamos que é apropriado para a Austrália, e esse tem sido sempre o princípio pelo qual me guio. Não estou aqui para tentar impressionar as pessoas de fora”, disse o político.

No domingo, o premiê se desculpou publicamente por ter viajado de férias para o Havaí com a família durante os incêndios florestais, agravados por uma onda de calor que elevou a temperatura média máxima para um novo recorde de 41,9 graus Celsius.

Apoiador da forte indústria do carvão australiana, Morrison enfrentou uma série de manifestações em protesto contra a falta de liderança durante os incêndios de medidas para reduzir as emissões de gases poluentes e para fazer a transição para o uso de energia limpa.

Cerca de 200 casas foram destruídas durante o fim de semana na Austrália pela onda de incêndios, que afetou grande parte do sudeste do país, onde mais de 100 focos permanecem ativos.

Primeiro-ministro australiano não abandonará a indústria do carvão apesar dos incêndios


Primeiro-ministro australiano não abandonará a indústria do carvão apesar dos incêndios



postado em 23/12/2019 06:55
O primeiro-ministro conservador australiano, Scott Morrison, acusado de não fazer o suficiente para combater a mudança climática, respondeu nesta segunda-feira (23), em plena crise dos incêndios florestais no país, que seri "irresponsável" dar as costas à indústria do carvão e seus milhares de empregos.

"ScoMo", como é conhecido na Austrália, foi muito criticado pela opinião pública na semana passada por viajar de férias com a família, para o Havaí, no momento em que a situação dos incêndios era cada vez mais grave.

Ele antecipou o retorno no fim de semana. No domingo, visitou os bombeiros que lutam contra as chamas, mas nesta segunda-feira se mostrou incisivo em questões econômicas e climáticas.

"Não vamos nos envolver nos objetivos irresponsáveis, que destroem empregos e que são economicamente prejudiciais que estão buscando", declarou em resposta aos pedidos de uma política mais respeitosa ao meio ambiente.

"Não vou eliminar o emprego de milhares de australianos com o afastamento das indústrias tradicionais", declarou o chefe de Governo de 51 anos.

O líder da centro-direita australiana, que venceu as eleições em maio, não nega a realidade do aquecimento global, mas questiona a ideia de que a luta contra este flagelo represente uma mudança econômica para o país.

Um terço das exportações mundiais de carvão, uma das fontes de energia que mais emite gases do efeito estufa, procede desta região e o setor gera muitos empregos para os australianos.
Morrison sempre defendeu esta indústria, o que rendeu muitas críticas no momento em que a Austrália se tornou vítima das chamas.

Os incêndios florestais acontecem todos os anos, mas a atual temporada começou mais cedo e de forma mais violenta, com a destruição de uma região com o tamanho equivalente ao da Bélgica e e fumaça tóxica em várias cidades da costa leste, sobretudo Sydney.



As condições melhoraram na segunda-feira, mas as autoridades informaram que quase 200 casas foram danificadas nos últimos dias somente nos estados da Austrália Meridional e Nova Gales do Sul.

A cidade de Balmoral, ao sudoeste de Sydney, foi devastada. Um morador, Steve Harrison, um artista de 67 anos, disse o canal ABC que escapou das chamas ao refugiar-se em seu forno artesanal.
Os cientistas explicam a gravidade dos incêndios florestais neste ano devido a uma combinação de fatores, incluindo chuvas escassas, temperaturas recordes e ventos fortes. Muitos acreditam que o aquecimento global contribui para estas condições.

Morrison afirmou que a Austrália cumprirá suas metas de emissões de gases estufa até 2030, mas o objetivo será alcançado em grande medida com os créditos anteriores, ao invés de reduções adicionais.

"Manterei o rumo de uma gestão responsável, abordando de forma responsável a mudança climática e velando de forma responsável para que possamos fazer nossa economia crescer em um clima muito difícil neste momento", declarou.

A Austrália se comprometeu na COP 21 em Paris em 2015 a reduzir suas emissões de 26% a 28% até 2030, na comparação com o nível de 2005.

As organizações de defesa do meio ambiente consideram o objetivo muito baixo para conter o aumento da temperatura.

As emissões nacionais de CO2 da Austrália são baixas em comparação com os principais países poluentes, mas "per capita" o balanço é péssimo. E suas exportações de combustíveis fósseis, principalmente carvão, representam quase 7% das emissões globais de carbono.

Incêndios na Austrália e as mudanças climáticas.

Incêndios na Austrália e as mudanças climáticas.

– Incêndios na Austrália e as mudanças climáticas –

Durante os primeiros dias de 2020 temos observado grandes incêndios na Austrália, Incêndios esses com consequências catastróficas na vida das pessoas e dos ecossistemas daquela região do mundo.

Apesar de serem parte do ciclo biológico das florestas, os Incêndios fazem parte de um equilíbrio frágil, e nos últimos anos  temos tido sinais algo preocupantes de que estes grandes incêndios estão a tornar-se mais frequentes.
Os incêndios florestais são úteis  para limpar as árvores mortas ou em mau estado de saúde, e algumas das sementes de alguns tipos de árvores são  até estimuladas pelo fogo, mas se os incêndios forem excessivos, há o risco de haver destruição exagerada de grandes áreas de floresta.
Isto pode por em causa os habitats locais e o equilíbrio dos ecossistemas das regiões afectadas.

No presente caso, esta grave crise de incêndios na Austrália está a ser causada pela persistência de um regime de circulação que promove o arrastamento de massas de ar extremamente quentes e secas para as áreas florestais do sudeste Australiano.

Isto leva a que as temperaturas sejam muito altas, com vento forte e humidades baixas. Para agravar, o calor extremo está a ajudar a que se formem trovoadas, num padrão similar ao que se passou em Pedrogão Grande, mas numa escala muitíssimo superior.
 
Uma vez um fogo surja nestas condições, inicia-se uma reacção em dominó que é quase impossível de travar.
Infelizmente, o atual regime de aquecimento global permite que haja mais dias de calor e tempo seco que favorecem os incêndios, alem de que também favorece a ocorrência de trovoadas que são a principal forma de ignição destes incêndios naturais.

No passado da história da terra temos centenas de exemplos que sustentam esta ideia de que as mudanças de clima, sejam naturais ou, neste caso, antrópicas, geram impactos notórios nos ecossistemas florestais.

Incêndios mais severos também geram grandes libertações de carbono para a atmosfera, o que atua de forma a agravar ainda mais o aquecimento da atmosfera, gerando aqui uma “pescada de rabo na boca”. São estes desequilíbrios que nos criam mais preocupação e que nos fazem acreditar que temos que investir em formas de diminuir a pegada ecológica humana.

As mudanças climáticas actuam principalmente em dois sentidos, por um lado estimamos que alguns padrões de circulação atmosférica se tornem mais bloqueados, o que vai levar a uma maior persistência de certos estados de tempo sobre determinadas regiões. Por outro, esperamos também uma maior severidade/intensidade desses estados do tempo.


No caso da Austrália, cujo clima é fortemente dominado pelos ciclos oceânicos do Indico e do Pacífico, esperam-se alterações que irão levar a sequências mais extremas de anos quer muito chuvosos quer muito secos, isto ocorrerá porque os ciclos oceânicos vão ficar “viciados” e em vez de evoluírem de forma mais ou menos regular como era normal, vão tomar um comportamento mais extremo, caótico e imprevisível.


( FONTE https://www.nature.com/articles/nature13327.epdf?referrer_access_token=itAMWGOL57bZJ2lW-D1pE9RgN0jAjWel9jnR3ZoTv0NrpOhLWTf7NLQI2QflLTTFR_mqm6Uo-W2FUdc0hsw8_Zjvg7cBOGpMJWGoK_wfqdwV6R3MI4TT58MN-ZZjJs6nitlv1U9yGCi911iMfnphOnnO6zxaNyVV0F1ImT3eiCiNeN74Y_GHpfH3xZq9g69hvCaQ4oMMZPSdYqk7O0SvW6Ike-t0unuAWpHG_SOL_gX2uXxvi8-wNjB-iiSVIA66BAqoku8QvMJOXfCAF-U6VW7FjlUfadu_gxYOk7oziTKE1Da-h8ZgrCJom-ATuuQG&tracking_referrer=blogs.scientificamerican.com )

A informação cientifica actual aponta para que, uma vez quebrada a barreira dos 500ppm de CO2 na atmosfera, ou 2-3ºC de aquecimento, se possam gerar mudanças climáticas e ambientais que seriam capazes de gerar um maior risco para o bem estar da humanidade, e é nessa base que seria ideal aplicar medidas de corte nas emissões humanas de CO2.

Já existem até tecnologias que podem ser utilizadas para mitigar os efeitos nefastos das atividades humanas no sistema terrestre…

Não somos de todo catastrofistas, e acreditamos que há potencial e conhecimento na humanidade para melhorar a vida de todos e para evitar ou mitigar estes problemas ambientais, mas infelizmente parece que quem nos governa não têm formação nem visão para aplicar estes conhecimentos.

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Inúmeras espécies devem ser extintas após incêndios na Austrália

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Os incêndios florestais já consumiram cerca de 5,8 milhões de hectares do país e estima-se que tenham matado meio bilhão de animais.


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A Austrália hoje arde em chamas em uma temporada de incêndios florestais que, até agora, já consumiu cerca de 5,8 milhões de hectares de flora e fauna. Segundo ecologistas, os meses de incêndios sem precedentes podem levar várias espécies à extinção.

Cientistas climáticos alertam há muito tempo para a onda de extinções que o aumento dos gases do efeito estufa provocaria. Agora, ecologistas temem que os incêndios florestais representem o começo de um futuro sombrio para a flora e fauna nativas do país. Já se fala em perdas relativas à uma década de conservação e talvez não exista a possibilidade de recuperação para algumas espécies.

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Segundo uma reportagem ambiental investigativa do The Guardian (veja aqui), os incêndios florestais não apenas queimam animais até a morte, mas também os matam de fome. Os pássaros perdem suas árvores reprodutoras, frutos e invertebrados dos quais se alimentam. Os mamíferos que sobrevivem ficam em uma paisagem aberta e descampada, sem nenhum lugar para se esconderem, virando presas fáceis para gatos e raposas selvagens.

“Os incêndios são de tal magnitude e extensão que altas proporções de muitas espécies, incluindo espécies ameaçadas, serão eliminadas imediatamente” disse o professor John Woinarski, da Universidade Charles Darwin ao The Guardian.



“Sabemos que as espécies que não conseguem voar – como coalas e greater gliders – desaparecem em áreas queimadas. Os vombats podem sobreviver enquanto estão no subsolo, mas, mesmo que escapem da frente de incêndio imediata, basicamente não há comida para eles em uma paisagem queimada.”
Uma estimativa do número de animais afetados pelos incêndios veio do ecologista da Universidade de Sydney, Prof. Chris Dickman.

Usando pesquisas anteriores compiladas em 2007 sobre o impacto do desmatamento em Nova Gales do Sul, Dickman estimou que cerca de 480 milhões de mamíferos, aves e répteis tenham sido afetados – mas não necessariamente todos foram mortos. Sua estimativa não incluiu morcegos, que são suscetíveis a incêndios e também são críticos para movimentar sementes e polinização.

“Há um conjunto de pequenos animais que vivem no chão da floresta”, disse ele também ao Guardian. “Se a tampa for removida, as raposas e os gatos entram e usam as áreas queimadas como arenas de caça abertas”.
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Um fator importante, disse ele, foi o papel ecológico que muitos animais afetados tiveram. Bandicoots e poteroos ajudam a movimentar esporos de fungos após incêndios que promovem a rebrota. Se esses animais morrem, esse “serviço ecológico” também deixa de existir.

O professor Brendan Wintle, ecologista de conservação da Universidade de Melbourne, disse na entrevista que a escala e o momento dos incêndios são “aterrorizantes”.

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“Se é isso o que estamos vendo agora, é o início das mudanças devido às mudanças climáticas, então o que vamos olhar com 2ºC ou 4ºC? Acho que não conseguimos entender como isso poderia ser. Este não é o novo normal, mas é uma transição para algo que não experimentamos antes.”

Três quartos das espécies ameaçadas na Austrália são plantas, muitas das quais existem apenas em pequenos bolsões. Segundo Wintle, se o fogo estiver muito quente é possível que possam perder todas, inclusive o banco de sementes no solo.

Richard Kingsford, diretor do Centro de Ciência de Ecossistemas da Universidade de New South Wales, disse que os incêndios devem tirar a vida de muitas espécies de pássaros que se abrigavam e procriavam em árvores antigas. O fogo exterminou os insetos invertebrados com os quais as aves se alimentam, e essa fonte de alimento não deve retornar até que haja chuva significativa.

“Há muitas coisas que estão ecologicamente fora de escala”, disse ele.

“Não vemos esses animais menores sendo incinerados. Há uma morte silenciosa acontecendo.



O ano de 2019 foi o mais quente já registrado para a Austrália, com a temperatura atingindo 1,52 °C acima da média. O cenário deve se prolongar por pelo menos mais dois meses, quando acaba o verão australiano, tipicamente quente e seco.

Até o momento os incêndios tiraram a vida de 17 pessoas, consumiram pelo menos mil casas e forçaram mais de dez mil pessoas a abandonarem suas cidades para buscar segurança.

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Confira a reportagem completa no The Guardian.

Futuro da Índia: o país mais populoso do mundo e sem água potável,


Futuro da Índia: o país mais populoso do mundo e sem água potável, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

“Precisamos nos preocupar com a explosão populacional”
Narendra Modi, 15/08/2019

[EcoDebate] A população indiana era de 376 milhões de habitantes em 1950, representando 14,8% da população mundial de 2,5 bilhões de habitantes, ficando atrás apenas da população chinesa que era de 554 milhões de habitantes. No ano 2000, a China chegou a 1,29 bilhão de habitantes, e a Índia chegou a 1,1 bilhão, representando 17,2% da população mundial de 6,1 bilhões de habitantes. Na segunda metade do século XX, a população da Índia cresceu em ritmo superior ao ritmo de crescimento da população da China e da média mundial.

Atualmente, a Índia está perto de se tornar o país mais populoso do mundo. Segundo as projeções médias da Divisão de População da ONU, a Índia deve ultrapassar a China em 2027, quando a primeira deve estar com 1,47 bilhão e a segunda com 1,46 bilhão de habitantes. A população da Índia representará 17,6% da população mundial de 8,3 bilhões de habitantes em 2027. No restante do século a população indiana continuará acima da população chinesa, mas deve crescer menos do que a média mundial. O pico da população indiana ocorrerá no ano de 2059, com 1,65 bilhão de habitantes. Em 2100, a China terá uma população de 1,06 bilhão e a Índia 1,45 bilhão de habitantes, representando 13,3% da população global de 10,9 bilhões de habitantes.

população da China e da Índia

Portanto, a Índia será o país mais populoso do mundo a partir de 2027 e, mesmo apresentando um decrescimento a partir de 2059, se manterá no topo da lista dos países com maior volume demográfico, devendo manter um montante populacional mais do que o dobro da população da América Latina e Caribe (ALC), na segunda metade do século XXI.

A economia da Índia é também uma das que mais crescem no mundo. Em 1980, o PIB indiano (em poder de paridade de compra) representava apenas 2,9% do PIB global. Mas em 2019 já representava 8,1% do PIB global. Apesar de ser um país de renda média baixa, a Índia tem conseguido reduzir a pobreza e a mortalidade infantil e tem aumentado a renda per capita e a esperança de vida.

Contudo, o crescimento demoeconômico tem ocorrido às custas do empobrecimento do meio ambiente. A Índia tem as cidades mais poluídas do mundo e os agricultores indianos sofrem com a degradação ecológica. A crise ambiental pode comprometer o futuro do país.

Um dos problemas mais sérios é a falta d’água e o estresse hídrico. Artigo de Saikat Datta, no site Asia Times (02/07/2019), mostra que a Índia está caminhando para um “apocalipse da água” e vislumbra um futuro sombrio. O autor mostra que a combinação de mudanças climáticas, más políticas e falta de governança está levando a Índia a uma crise catastrófica da água que ameaça a estabilidade no sul da Ásia.

Estudos recentes documentam que as geleiras que alimentam os rios do subcontinente indiano recuam rapidamente, enquanto o rápido esgotamento das águas subterrâneas representa um desafio existencial para a agricultura. As monções do sudoeste continuam sendo a maior fonte de água na região. As monções levam a uma combinação de fontes de água que sustentam a economia, incluindo geleiras, irrigação de superfície e água subterrânea. Mas a redundância e o excedente tem desaparecido deste sistema, outrora abundante. Em seu lugar, há escassez galopante.

Estudos científicos indicam que se a temperatura global subir 2,7º C, metade das geleiras do Himalaia desaparecerá. E se a atual taxa de aquecimento global continuar e as temperaturas subirem 6 graus centígrados, dois terços das geleiras derreterão. Isso tem implicações dramáticas para a Índia, China, Paquistão, Nepal e Bangladesh.

O artigo também mostra que se o derretimento das geleiras é uma má notícia, a perspectiva é pior quando se trata de águas subterrâneas que é a maior fonte de água no Sul da Ásia. No entanto, a maioria dos governos se recusa a aceitar isso como uma realidade. Como resultado, há uma sucessão de políticas ruins que pioraram as coisas. Estudos indicam que 21 grandes cidades indianas ficarão sem água nos próximos anos.

De fato, o estresse hídrico já está presente na realidade indiana. A Índia testemunhou inúmeras secas e dificuldades socioeconômicas nas últimas décadas, mas agora são agravadas pelas mudanças climáticas.

Matéria de Vinayak Bhat, no site The Print (06/07/2019) mostra que diversas cidades são vítimas da escassez de água, especialmente água potável. Os exemplos abaixo são realmente alarmantes:
Chennai, a capital de Tamil Nadu, a sexta maior cidade da Índia, vive momentos dramáticos. Imagens de satélite do mesmo dia com um ano de intervalo – 15 de junho de 2018 e 2019 – são a prova do problema. O nível da água no lago Puzhal, um reservatório alimentado pela chuva que contribui para o fornecimento de água potável à cidade, apresenta um forte contraste entre dois momentos no tempo.

Puzhal Lake

A cidade de Bhopal, no centro da Índia, situada no cinturão de ondas de calor, tem seus níveis de água se esgotando extraordinariamente rápido, agravado devido ao gerenciamento inadequado da água. O lago Bhojtal, conhecido como Upper Lake, é uma das principais fontes de água da cidade. O lago está espalhado por 2.400 hectares e pode armazenar mais de 360 bilhões de litros de água a uma profundidade média aproximada de 15m. Mas as imagens de satélite tiradas em maio de 2017 e junho de 2019 mostram a diferença alarmante nos níveis de água do lago que, agora, mal cobre 700 hectares.

Bhojtal

A cidade de Latur, que fica na região de Marathwada, em Maharashtra, está uma das regiões mais secas da Índia. As imagens do lago Kava (que é alimentado pela chuva), de junho de 2018 e 2019, , mostram o quão ruim a situação ficou com a crise hídrica. O lago, com 80 hectares, secou completamente, e a única opção para os cidadãos é a água fornecida pelos trens.

Kava Lake

O maior lago de Bengaluru, Bellandur, faz parte do sistema de drenagem da cidade. Imagens de satélite a partir de 2001 indicam como a invasão reduziu o tamanho do lago Bellandur. Ele costumava cobrir mais de 1.000 hectares, mas agora está reduzido para cerca de 40 hectares.

Bellandur Lake

Os climatologistas preveem um cenário mais dramático no futuro. No verão de 2019, a Índia foi atingida por uma onda de calor e as temperaturas ultrapassaram 50º C no norte do país. Pelo menos 100 pessoas morreram devido às temperaturas excessivas. Neste ritmo, várias partes do país podem ficar inabitáveis e sem água, pois está cada vez mais difícil conciliar o crescimento demoeconômico com a preservação do meio ambiente.

A Índia já é o terceiro maio emissor de gases de efeito estufa (GEE), atrás da China e dos Estados Unidos. Na próxima década emitirá mais do que todos os países juntos da União Europeia e pode ultrapassar os EUA. Na Cúpula da Ação Climática da ONU, ocorrida entre 21 e 23 de setembro de 2019, o país não se comprometeu com a emissão líquida zero de GEE até 2050, pois embora esteja investindo muito em energias renováveis, também continua investindo nas indústrias altamente poluidoras de carvão.

A Índia já teve uma das civilizações mais importantes da história. O país tenta voltar a ser protagonista no cenário internacional e tenta dar um salto no desenvolvimento, melhorando a qualidade de vida para os seus habitantes. Mas a crise hídrica e a degradação ambiental já estão impactando as taxas de crescimento econômico e podem inviabilizar o sonho de uma Índia prospera e sem pobreza no futuro.

José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382


Referências:

ALVES, JED. População da Índia: bônus demográfico e envelhecimento, Ecodebate, 12/07/2019
https://www.ecodebate.com.br/2019/07/12/populacao-da-india-bonus-demografico-e-envelhecimento-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
Saikat Datta. India staring at a water apocalypse, Asia Times, 02/07/2019
https://www.asiatimes.com/2019/07/article/india-staring-at-a-water-apocalypse/
Vinayak Bhat. It’s not just Chennai, India’s drying lakes crisis has spread far and wide, The Print, 06/07/2019
https://theprint.in/india/its-not-just-chennai-indias-drying-lakes-crisis-has-spread-far-and-wide/259494/

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 03/01/2020
Futuro da Índia: o país mais populoso do mundo e sem água potável, artigo de José Eustáquio Diniz Alves, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 3/01/2020, https://www.ecodebate.com.br/2020/01/03/futuro-da-india-o-pais-mais-populoso-do-mundo-e-sem-agua-potavel-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.



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“Dia do Fogo” foi promovido por grupo no whatsapp chamado “SERTÃO”

“Dia do Fogo” foi promovido por grupo no whatsapp chamado “SERTÃO”

Sabrina Rodrigues
 
terça-feira, 27 agosto 2019 17:48

Fogo em Novo Progresso, no Pará. Foto: Victor Moriyama/Greenpeace.
O “Dia do Fogo”, que provocou queimadas nas região da BR 163, entre Novo Progresso e Altamira, saiu de um grupo do Whatsapp chamado “Jornal A Voz da Verdade”, segundo apuração da Revista Globo Rural. O grupo teria contratado motoqueiros e motosserras para desmatar e espalhar fogo até chegar na Floresta Nacional do Jamanxim, em Novo Progresso, no Pará, no dia 10 de agosto.
O “Jornal A Voz da Verdade” tinha um total de 246 membros, sendo que  70 deles estavam de acordo com os planos de promover um dia de queimadas, então formaram outro grupo chamado “SERTÃO”, criado pelo comerciante Ricardo de Nadai.  

Os motoqueiros contratados pelo grupo circularam pelos distritos que ficam às margens da BR-163 ateando fogo no capim seco dos acostamentos. Ainda segundo a reportagem da revista Globo Rural, tudo foi combinado com muita antecedência pelo grupo SERTÃO, peões foram trazidos de outras regiões da Amazônia e do Nordeste para o “serviço”. Pistas clandestinas de pouso foram construídas no meio da mata para desembarcar pessoas.

Governo foi avisado sobre “dia do fogo”

O promotor Gustavo de Queiroz Zenaide, do Ministério Público do Pará (MPF-PA), enviou um ofício ao Ibama alertando que produtores rurais planejavam realizar uma queimada no município de Novo Progresso no dia 10 de agosto. O ofício foi protocolado pelo Ibama de Santarém no dia 08 de agosto.
MPF avisa sobre “dia do fogo”
No dia 10 de agosto, quando as motosserras começaram a cantar na BR 163, e o fogo iniciado propositalmente na mata seca, servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) solicitaram apoio da Força Nacional de Segurança (FNS) para conter a manifestação de produtores rurais em Novo Progresso, mas que o apoio foi negado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro. 

“O Moro sabia. A gente sempre precisa de segurança nas operações de combate aos desmatamentos e queimadas”, disse um fiscal à agência Amazônia Real.

No programa Roda Viva da TV Cultura de segunda-feira (26), o ministro Ricardo Salles reconheceu que a Força Nacional foi avisada sobre o “Dia do Fogo”. 

“(…) Como é que você faz numa situação em que há um relato de um possível fato (se foi três dias antes), como faz para controlar isso em caráter preventivo? Fazendo o que o Ibama fez, comunicando as autoridades para que ficassem atentos e o próprio Ibama por outro lado atento também”, disse. 

Grupo Especializado de Fiscalização do Ibama não foi a campo

Ainda no Roda Viva, ao ser questionado pela jornalista Giovana Girardi, do jornal O Estado de São Paulo, do porquê do Grupo Especializado de Fiscalização do Ibama (GEF) não ter sido acionado, o ministro afirmou que o grupo é composto de apenas 13 pessoas, que além de suas atribuições no grupo especial, também atuava em outros estados. Mas, logo em seguida foi confrontado pela repórter de que o GEF não foi requisitado uma única vez este ano. Das 5 operações previstas para 2019, nenhuma ocorreu. Salles desconversou ao dizer que não trata diretamente de operações de fiscalização.

“O que eu posso te dizer sem erro é que não havia nenhuma determinação nossa, como de fato não há, para não fazer qualquer operação de fiscalização ou atenuar o rigor da lei. Não há nenhuma determinação neste sentido, nós não mudamos nenhum regramento, nenhuma norma, nada. Então, o que eu posso dizer é que da nossa parte não há nenhuma medida que possa ser imputada neste sentido”.

Retrospectiva: Aumento do desmatamento fez Amazônia pegar fogo em 2019

Retrospectiva: Aumento do desmatamento fez Amazônia pegar fogo em 2019

Sabrina Rodrigues
quinta-feira, 19 dezembro 2019 10:00
Desmatamento e queimadas andaram de mãos dadas em 2019. Foto: Imazon.

((o))eco inicia esta semana a publicação da retrospectiva 2019 temática. Neste texto, analisamos as queimadas na Amazônia.
*
O ano de 2019 não foi de seca extrema, nem estava sofrendo com o El Niño. Mesmo assim, em agosto, começou o pico das queimadas no bioma. O desmatamento expôs o solo. A mão do homem fez o resto. Com as folhas secas na área recém convertida em pasto, grandes áreas da Amazônia (mas não apenas lá) pegaram fogo, em quantidade não esperada para um ano não tão seco. 

O fator político teve seu papel. Querendo mostrar apoio para a política ambiental do presidente Bolsonaro, um grupo de ruralistas em Novo Progresso, no Pará, promoveu o “dia do fogo”, na região da BR 163.  

Relembre o assunto:

19 de agosto –  Durante à tarde, a cidade de São Paulo viu o céu em plena escuridão. Focos de incêndio de enormes proporções que ocorreram na tríplice fronteira do Brasil, Bolívia e Paraguai, nas últimas 72 horas, apareceu, em um primeiro momento, como culpada pelo escurecimento da maior cidade do país. Inicia a crise das queimadas na opinião pública. 

Chuva com fuligem, confirma-se as suspeitas de que o fenômeno que escureceu SP não foi apenas pela presença de uma frente fria que formou nuvens densas e pesadas.

21 de agosto – O presidente Jair Bolsonaro disse que ONGs podem estar por trás das queimadas na Amazônia por terem perdido recursos e com os incêndios atingir o seu governo.

“A questão da queimada na Amazônia, que no meu entender pode ter sido potencializada por ONGs, porque eles perderam grana, qual é a intenção? Trazer problemas para o Brasil”, disse o presidente.

22 de agosto Pesquisadores explicam que a escuridão que tomou o céu da capital paulista é uma junção de dois eventos: “a entrada de uma frente de ar frio, e a presença de uma nuvem de fumaça proveniente de queimadas originadas a centenas e até milhares de km de distância”, explicou Alberto Setzer, coordenador do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 

De forma resumida, segundo os pesquisadores, a escuridão em São Paulo foi uma combinação entre a chegada das plumas de fumaça proveniente das queimadas, que interagiram com o vapor d’água na atmosfera, e o fenômeno meteorológico da frente fria, que formou nuvens densas e baixas.
Também, no dia 22 de agosto, o presidente da França, Emmanuel Macron, se manifesta sobre as queimadas na Amazônia e escreveu em sua conta no twitter: “Nossa casa está queimando. 

Literalmente. A Floresta Amazônica – os pulmões que produzem 20% do oxigênio do nosso planeta – está em chamas. É uma crise internacional”, escreveu o presidente francês.

No mesmo dia, Bolsonaro reagiu às declarações de Macron: “Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos p/ ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até p/ fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema”. 

23 de agosto – O presidente Jair Bolsonaro autoriza o envio de militares das Forças Armadas para o combate às queimadas na Amazônia. A autorização veio através da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), onde os militares podem atuar em unidades de conservação, terras indígenas e em fronteiras.

25 de agosto – A Revista Globo Rural publicou uma reportagem sobre o “dia do fogo”, manifestação convocada pelo WhatsApp que promoveu queimadas na região da BR 163, entre Novo Progresso e Altamira, em 10 de agosto. A pecuarista Nair Brizola, de Cachoeira da Serra, que aparece na reportagem acusando o ICMBio, já havia recebido uma multa, por supostamente, “destruir 70,93 hectares de floresta do bioma amazônico mediante uso do fogo” dentro da Reserva Biológica da Serra do Cachimbo, umas das unidades de conservação mais desmatadas do Pará. Além disso, Nair teve uma motosserra apreendida avaliada em 1 mil reais. 

Ainda sobre o “dia do fogo”, o “Jornal A Voz da Verdade”, do Pará, informou que um total de 246 membros, sendo que  70 deles estavam de acordo com os planos de promover um dia de queimadas, então formaram outro grupo chamado “SERTÃO”, criado pelo comerciante Ricardo de Nadai.  Essas pessoas seriam “sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros” e queriam “mostrar ao presidente Jair Bolsonaro que apoiam suas ideias de “afrouxar” a fiscalização do Ibama”.

O grupo teria contratado motoqueiros e motosserras para desmatar e espalhar fogo até chegar na Floresta Nacional do Jamanxim, em Novo Progresso, no Pará.

26 de agosto –  O ministro Ricardo Salles participa do programa Roda Viva da TV Cultura e reconhece que a Força Nacional foi avisada sobre o 
“Dia do Fogo”. A admissão do ministro tem a ver com o fato de que o promotor Gustavo de Queiroz Zenaide, do Ministério Público do Pará (MPF-PA), enviou um ofício ao Ibama alertando que produtores rurais planejavam realizar uma queimada no município de Novo Progresso no dia 10 de agosto. O ofício foi protocolado pelo Ibama de Santarém no dia 08 de agosto. 
Fogo em Novo Progresso no Pará Amazônia. Foto: Victor Moriyama.
 “(…) Como é que você faz numa situação em que há um relato de um possível fato (se foi três dias antes), como faz para controlar isso em caráter preventivo? Fazendo o que o Ibama fez, comunicando as autoridades para que ficassem atentos e o próprio Ibama por outro lado atento também”, disse Ricardo Salles no Roda Viva.

28 de agosto – Senadores protocolam requerimentos para criar duas Comissões Parlamentares de Inquérito: a CPI da Amazônia e das ONGs. O senador Plínio Valério (PSDB-AM) protocolou pedido para que se investigue a atuação de Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam na Amazônia. Segundo o parlamentar do PSDB, a intenção é investigar as organizações de fachada que recebem recursos sem trabalhar. Já a CPI da Amazônia foi protocolada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para instaurar uma CPI para investigar o aumento do desmatamento e queimadas na Amazônia.

2 de setembro – A polícia civil identificou o autor das ameaças ao jornalista Adécio Piran, que noticiou a intenção de produtores rurais, sindicalistas e grileiros de promoverem o “Dia do Fogo”, evento que ocorreu no dia 10 de agosto entre Altamira e Novo Progresso, cinco dias após a publicação da matéria. Segundo a polícia, o responsável pelas intimidações é Donizete Severino Duarte, administrador de um grupo no WhatsApp denominado “Direita Unida Renovada”. Ele foi indiciado por crimes contra a honra. 

5 de setembro – Em um acordo feito entre a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, além do advogado-geral da União, André Luiz de Almeida Mendonça, o procurador-geral da Fazenda Nacional, José Levi Mello do Amaral Jr e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ficou decidido que R$ 1,06 bilhão de recursos pagos pela Petrobras na Operação Lava jato iria para a proteção ao Meio Ambiente.

 O montante de R$ 1,06 bilhão será repassado da seguinte forma: R$ 430 milhões serão aplicados de forma descentralizada, sendo repassados para os estados da região amazônica, para prevenção, fiscalização e combate ao desmatamento.

Os R$ 630 milhões dizem respeito às ações da União, como a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e iniciativas do Ministério do Meio Ambiente e Ibama.
Incêndio em Alter do Chão em setembro. Foto: Eugênio Scannavino.
14 de setembro – Tem início um incêndio que atinge a região de Alter do Chão e Ponta de Pedras, em Santarém, no Pará. Com suspeitas de incêndio criminoso, a Polícia Civil do Pará tomou à frente das investigações, por meio da Delegacia de Conflitos Agrários de Santarém.

16 de setembro – Começa a ser controlado o incêndio em Alter do Chão. 

16 de setembro Peritos do Ministério Público Federal (MPF) do Projeto Amazônia Protege informa que um terço das áreas desmatadas ilegalmente e mapeadas pelo órgão este ano foi alvo de queimadas. Isto é, o fogo está sendo utilizado para consolidar ou expandir desmatamentos antigos. O laudo informa também que as áreas com focos de calor estão localizadas nos principais eixos de expansão de desmatamento na Amazônia Legal: BR -163, Sul do Amazonas, APA Triunfo do Xingu e Norte do Mato Grosso. 

7 de outubro – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, notificou o presidente Jair Bolsonaro a explicar as suas declarações de que Organizações Não-Governamentais (ONGs) poderiam estar por trás das queimadas na Amazônia. 

23 de outubro – Em resposta ao pedido de esclarecimento do Supremo Tribunal Federal sobre fala que vinculou ONGs a queimada, o presidente Jair Bolsonaro disse que “não teve objetivo de atingir ou ferir a honra de ninguém” e que o discurso proferido no dia 21 de agosto não passava de “mera opinião”. 

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Câmara dos Deputados (CMADS) aprovou relatório para investigar a atuação do ministro do Meio Ambiente diante das queimadas na Amazônia. Se os deputados considerarem que Salles foi negligente em relação à situação, poderão pedir o afastamento do ministro por crime de responsabilidade.

26 de novembroA Polícia Civil do Pará prende preventivamente quatro membros da Organização Não Governamental (ONG) Brigada Alter do Chão (PA) e a faz busca ostensiva na sede da ONG Projeto Saúde e Alegria

O inquérito é baseado na acusação de que os brigadistas causaram o incêndio para captar recursos de doação. Para a Polícia, o Projeto Saúde e Alegria e mais duas ONGs – Brigada Alter do Chão, Aquíferos Alter do Chão – serviram de laranjas para captação deste recurso. 
Coletiva da Polícia Civil sobre a prisão dos quatro brigadistas da ONG Brigada alter do Chão (PA). Foto: Secom /Pará.
27 de novembro – O juiz da 1ª Vara Criminal de Santarém, Alexandre Rizzi, negou a revogação da prisão preventiva dos brigadistas.

28 de novembro“Ninguém está acima da lei, mas também ninguém pode ser condenado antes de esclarecer os fatos. Continuarei acompanhando o caso!”, discursou o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), ao anunciar a troca do chefe da investigação sobre a autoria dos incêndios em Alter do Chão, em Santarém, no oeste paraense. O atual inquérito, que resultou na prisão preventiva de 4 brigadistas voluntários da Brigada de Alter do Chão, foi questionado por ONGs, deputados, instituições e Ministério Público Federal por não apresentar evidências de que os suspeitos cometeram o crime. 

28 de novembro O juiz Alexandre Rizzi, da 1ª Vara da Comarca de Santarém manda soltar Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de Almeida Fernandes e Marcelo Aron Cwerner.

3 de dezembro O Ministério Público Federal (MPF) enviou, nesta terça-feira (03), para o juiz Alexandre Rizzi, da 1ª Vara da Comarca Criminal de Santarém (PA), um pedido para que a competência sobre a investigação a respeito das queimadas em Alter do Chão e das prisões dos quatro brigadistas saia da esfera estadual e vá para a Justiça Federal. 
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